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Manual de Direito Processual do Trabalho

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) a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> utiliza as regras <strong>de</strong> direito material previstas no Código<br />

<strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r e no Código Civil para fundamentar a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração<br />

da personsalida<strong>de</strong> jurídica, tanto direta quanto inversa;<br />

c) a observância <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, oportunizan<strong>do</strong> o contraditório<br />

prévio antes <strong>de</strong> invadir a esfera patrimonial <strong>do</strong> sócio, ou da pessoa jurídica<br />

(teoria inversa);<br />

d) a justiça e o equilíbrio <strong>do</strong> procedimento.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, sustenta Wolney <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> Cor<strong>de</strong>iro (57) :<br />

“Uma das gran<strong>de</strong>s inovações trazida pelo NCPC consiste na instituição<br />

<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica. O<br />

novo instituto teve por finalida<strong>de</strong> estabelecer regras claras para a inserção<br />

<strong>do</strong> sócio na relação processual, após ser procedida à <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da<br />

personalida<strong>de</strong> da pessoa jurídica. A iniciativa é louvável, na medida em<br />

que, até então, to<strong>do</strong> o tema da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração era trata<strong>do</strong> no plano <strong>do</strong><br />

direito material, sem qualquer disposição específica no plano processual.<br />

A ausência <strong>de</strong> uma norma processual específica sobre o tema trazia efeitos<br />

danosos, não só para as pessoas alvo da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração, como também<br />

para o próprio trâmite procedimental. Não vislumbro qualquer tipo <strong>de</strong><br />

incompatibilida<strong>de</strong> orgânica <strong>do</strong> instituto com o processo <strong>do</strong> trabalho. Os<br />

atributos da celerida<strong>de</strong> e da efetivida<strong>de</strong>, típicos da execução laboral, não<br />

po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> pretexto para solapar as garantias <strong>do</strong> contraditório e a<br />

ampla <strong>de</strong>fesa. Por outro la<strong>do</strong>, a falta <strong>de</strong> um regramento específico para<br />

a inserção <strong>do</strong> sócio no âmbito da tutela executiva, fazia emergir certo<br />

maniqueísmo no trato da responsabilização extraordinária, pressupon<strong>do</strong><br />

sempre inequívoca a vinculação <strong>do</strong> terceiro à relação executiva.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, se posiciona Bruno Freire e Silva (58) :<br />

“É patente que o motivo pelo qual a justiça <strong>do</strong> trabalho tem <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

a personalida<strong>de</strong> jurídica <strong>do</strong>s executa<strong>do</strong>s (simples fato <strong>de</strong> não ter<br />

localização <strong>do</strong>s bens) e a forma que tem aplica<strong>do</strong> ao instituto (sem a prévia<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o sócio se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r) viola claramente os princípios <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal e <strong>do</strong> contraditório. A<strong>de</strong>mais, viola também as regras<br />

<strong>de</strong> distribuição <strong>do</strong> ônus da prova. Para que seja possível resguardar não<br />

só os princípios <strong>do</strong> contraditório e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, mas também<br />

a distribuição <strong>do</strong> ônus da prova, é imperiosa a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecimento<br />

<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> conhecimento para a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica.”<br />

De nossa parte, o referi<strong>do</strong> inci<strong>de</strong>nte não será aplicável ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

na fase <strong>de</strong> execução, pois o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> promove a execução <strong>de</strong> ofício<br />

(57) Execução no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Salva<strong>do</strong>r: JusPodivm, 2015. p. 182-183.<br />

(58) O Novo CPC e o Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Parte Geral. Vol. I. São Paulo: LTr, 2015. p. 118.<br />

1112 Mauro Schiavi

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