11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estatutos. Nesses casos, em regra, não há distribuição <strong>de</strong> lucros, bonificações ou concessão<br />

<strong>de</strong> vantagens a dirigentes, mantene<strong>do</strong>res ou associa<strong>do</strong>s em geral, razão pela qual<br />

a ativida<strong>de</strong> exercida não atrai o incremento patrimonial <strong>do</strong>s dirigentes e associa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> a justificar a persecução <strong>do</strong> patrimônio particular.” (TRT – 3 a R. – Turma Recursal<br />

<strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora – rel. Des. Marcelo Lamego Pertence – 2.12.09 – p. 180 – Processo AP n.<br />

336/2007.052.03.00-0) (RDT n. 01 – Janeiro <strong>de</strong> 2010)<br />

Atualmente, a mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina e a jurisprudência trabalhista encamparam a<br />

chamada teoria objetiva da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica que disciplina a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução <strong>do</strong>s bens <strong>do</strong> sócio, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> os atos <strong>de</strong>stes<br />

terem viola<strong>do</strong> ou não o contrato, ou <strong>de</strong> haver abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Basta a pessoa jurídica<br />

não possuir bens para ter início a execução aos bens <strong>do</strong> sócio.<br />

No processo <strong>do</strong> trabalho, o presente entendimento se justifica em razão da<br />

hipossuficiência <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, da dificulda<strong>de</strong> que apresenta o reclamante em<br />

<strong>de</strong>monstrar a má-fé <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r e <strong>do</strong> caráter alimentar <strong>do</strong> crédito trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos as seguintes ementas que refletem o entendimento<br />

pre<strong>do</strong>minante da jurisprudência trabalhista:<br />

“Execução – Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio. Em face da ausência <strong>de</strong> bens da socieda<strong>de</strong> para<br />

respon<strong>de</strong>r pela dívida trabalhista, respon<strong>de</strong>m os sócios com o patrimônio pessoal, conforme<br />

preconizam os arts. 592 e 596 <strong>do</strong> CPC c/c o inciso V <strong>do</strong> art. 4 o da Lei n. 6.830/80<br />

e inciso III <strong>do</strong> art. 135 <strong>do</strong> Código Tributário Nacional, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aplicação subsidiária no<br />

processo <strong>do</strong> trabalho.” (TRT – 15 a R. – 1 a T. – Ap. n. 26632/2003 – rel. Eduar<strong>do</strong> B. <strong>de</strong> O.<br />

Zanella – DJSP 12.9.03 – p. 19) (RDT n. 10 – Outubro <strong>de</strong> 2003)<br />

“Execução — Bens <strong>do</strong> ex-sócio — Desconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica da empresa.<br />

Em regra, os bens particulares <strong>do</strong> sócio não po<strong>de</strong>m ser objeto <strong>de</strong> constrição, a teor <strong>do</strong> art. 596<br />

<strong>do</strong> CPC. O Decreto n. 3.708/1919, que regulamenta o funcionamento das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> limitada, dispõe que o sócio somente respon<strong>de</strong>rá pelas dívidas da socieda<strong>de</strong>,<br />

em caso <strong>de</strong> falência, quan<strong>do</strong> não integraliza<strong>do</strong> o capital, diante <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> mandato<br />

<strong>do</strong> sócio-gerente ou quan<strong>do</strong> os sócios praticarem atos contrários à lei ou ao contrato. A<br />

jurisprudência trabalhista acresce a dissolução irregular da socieda<strong>de</strong>, sem o pagamento<br />

<strong>do</strong>s créditos trabalhistas. O Juízo <strong>de</strong> primeiro grau confirma que a empresa não vem honran<strong>do</strong><br />

seus compromissos trabalhistas, dificultan<strong>do</strong> o andamento <strong>de</strong> inúmeros feitos, pois<br />

não tem si<strong>do</strong> possível localizar bens disponíveis. Vale invocar a teoria <strong>do</strong> superamento<br />

da personalida<strong>de</strong> jurídica (disregard of legal entity), a qual permite seja <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada a<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capitais, para atingir a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sócios,<br />

visan<strong>do</strong> a impedir a consumação <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s e abusos <strong>de</strong> direito cometi<strong>do</strong>s através da socieda<strong>de</strong>.<br />

Aliás, aplicável, por analogia, a disposição contida no art. 28, § 5 o , <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, que autoriza a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica sempre<br />

que esta constituir obstáculo ao ressarcimento <strong>de</strong> prejuízos.” (TRT – 3 a R. – 2 a T. – Ap.<br />

n. 2.875/97 – rel a Alice <strong>de</strong> Barros – DJMG 24.4.98 – p. 5)<br />

“TERCEIRO EMBARGANTE — SÓCIO E EMPREGADO DA EMPRESA. RESPONSABI-<br />

LIDADE NA EXECUÇÃO. Não existe no or<strong>de</strong>namento jurídico qualquer impedimento<br />

quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pessoa ocupar na mesma empresa a posição <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong> e<br />

<strong>de</strong> sócio, concomitantemente. Pela aplicação da teoria da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong><br />

jurídica, possui o agravante legitimida<strong>de</strong> para respon<strong>de</strong>r pela execução que se processa,<br />

ressaltan<strong>do</strong>-se que a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> que trata o art. 50 <strong>do</strong> Código Civil restou caracterizada<br />

1106 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!