11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nas hipóteses em que a empresa sucessora não apresenta patrimônio suficiente para<br />

solver o crédito trabalhista, ou para maior efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> recebimento <strong>de</strong>ste. A responsabilida<strong>de</strong><br />

subsidiária da empresa sucedida se justifica como medida inibi<strong>do</strong>ra<br />

<strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s e encontra suporte nos princípios constitucionais da livre-iniciativa,<br />

valores sociais <strong>do</strong> trabalho, dignida<strong>de</strong> da pessoa humana <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r (arts. 1 o e 170,<br />

da CF) e também da função social da empresa e da proprieda<strong>de</strong> (art. 5 o da CF).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, vale transcrever o Enuncia<strong>do</strong> n. 4 da 1 a Jornada Nacional <strong>de</strong><br />

Execução Trabalhista, realizada em novembro <strong>de</strong> 2010, in verbis:<br />

“SUCESSÃO TRABALHISTA. Aplicação subsidiária <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> Comum ao <strong>Direito</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> (Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> — CLT, art. 8 o , parágrafo único). Responsabilida<strong>de</strong><br />

solidária <strong>do</strong> sucedi<strong>do</strong> e <strong>do</strong> sucessor pelos créditos trabalhistas constituí<strong>do</strong>s<br />

antes <strong>do</strong> trespasse <strong>do</strong> estabelecimento (CLT, arts. 10 e 448, c/c Código Civil, art. 1.146).”<br />

13.2. Da responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio (<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica)<br />

A pessoa jurídica não se confun<strong>de</strong> com a <strong>do</strong> sócio (art. 20 <strong>do</strong> Código Civil <strong>de</strong><br />

1916), tampouco a socieda<strong>de</strong> comercial se confun<strong>de</strong> com a <strong>de</strong> seus administra<strong>do</strong>res<br />

ou acionistas. Não obstante, a lei atribui ao sócio a chamada responsabilida<strong>de</strong> patrimonial<br />

(arts. 789 e 790, II, <strong>do</strong> CPC). Desse mo<strong>do</strong>, os bens <strong>do</strong> sócio po<strong>de</strong>m vir a<br />

ser chama<strong>do</strong>s a respon<strong>de</strong>r pela execução, nos termos da lei, caso a socieda<strong>de</strong> não<br />

apresente bens que satisfaçam a execução.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ter figura<strong>do</strong> no polo passivo da reclamação trabalhista,<br />

os bens <strong>do</strong> sócio po<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r pela execução, pois a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio<br />

é patrimonial (econômica e <strong>de</strong> caráter processual). Nesse senti<strong>do</strong>, as ementas a<br />

seguir retratam com precisão esta situação:<br />

“Execução sobre os bens <strong>do</strong> sócio — Possibilida<strong>de</strong>. A execução po<strong>de</strong> ser processada contra<br />

os sócios, uma vez que respon<strong>de</strong>m com os bens particulares, mesmo que não tenham<br />

participa<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo na fase cognitiva. Na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, basta que a empresa<br />

não possua bens para a penhora para que incida a teoria da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong><br />

jurídica da socieda<strong>de</strong>. O crédito trabalhista é privilegia<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como base legal,<br />

<strong>de</strong> forma subsidiária, o art. 18 da Lei n. 8.884/94 e CTN, art. 135, caput e inciso III, c/c.<br />

o art. 889 da CLT.” (TRT 3 a R. – 2 a T. – AP n. 433/2004.098.03.00-7 – rel. João Bosco P.<br />

Lara – DJMG 9.9.04 – p. 11)<br />

“EXECUÇÃO. NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO NA FASE DE<br />

CONHECIMENTO. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDI-<br />

CA DO EMPREGADOR. RESPONSABILIDADE DE EX-SÓCIO. 1. Consoante leciona o<br />

ilustre jurista Mauro Schiavi, não obstante a pessoa jurídica não se confundir com a <strong>do</strong><br />

sócio, a lei atribui a este a chamada responsabilida<strong>de</strong> patrimonial, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que seus bens<br />

po<strong>de</strong>m vir a ser chama<strong>do</strong>s a respon<strong>de</strong>r pela execução, nos casos em que a socieda<strong>de</strong> não<br />

apresente bens que satisfaçam a execução. Nesse passo, a sujeição <strong>do</strong> sócio — responsável<br />

econômico — não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua participação no processo na fase <strong>de</strong> conhecimento. 2.<br />

Correta a constrição <strong>do</strong>s bens <strong>do</strong> ora agravante, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> sua condição <strong>de</strong> ex-sócio da<br />

executada durante a relação <strong>de</strong> emprego <strong>do</strong> autor, bem como a inexistência <strong>de</strong> patrimônio<br />

da empresa executada capaz <strong>de</strong> garantir a execução, conforme salienta<strong>do</strong> na <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1103

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!