11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nos últimos anos pela jurisprudência, ao examinar inúmeras situações<br />

novas criadas pelo merca<strong>do</strong> empresarial; nessas situações ocorriam mudanças<br />

significativas no âmbito da empresa, afetan<strong>do</strong> significativamente<br />

(ainda que <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> indireto) os contratos <strong>de</strong> trabalho, sem que tivesse se<br />

manti<strong>do</strong> a prestação laborativa e a própria existência <strong>de</strong> tais contratos.”<br />

A mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a existência da sucessão, mesmo na transferência<br />

parcial <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> produção empresarial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que afete <strong>de</strong> forma<br />

significativa os contratos <strong>de</strong> trabalho. Por exemplo, a transferência <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

da produção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> produto <strong>de</strong> uma empresa para outra.<br />

Nesse aspecto, Godinho Delga<strong>do</strong> (50) :<br />

“[...] também configura a situação própria à sucessão <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>res a<br />

alienação ou transferência <strong>de</strong> parte significativa <strong>do</strong>(s) estabelecimento(s)<br />

ou da empresa <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a afetar significativamente os contrato <strong>de</strong> trabalho.<br />

Ou seja, a mudança na empresa que afete a garantia original <strong>do</strong>s<br />

contratos empregatícios provoca a incidência <strong>do</strong> tipo legal <strong>do</strong>s arts. 10 e<br />

448 da CLT. Isso significa que a separação <strong>de</strong> bens, obrigações e relações<br />

jurídicas <strong>de</strong> um complexo empresarial, com o fito <strong>de</strong> se transferir parte<br />

relevante <strong>do</strong>s ativos saudáveis para outro titular (direitos, obrigações e<br />

relações jurídicas), preservan<strong>do</strong>-se o restante <strong>de</strong> bens, obrigações e relações<br />

jurídicas no antigo complexo — agora significativamente empobreci<strong>do</strong> —,<br />

afeta, sim, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> significativo, os contratos <strong>de</strong> trabalho, produzin<strong>do</strong> a<br />

sucessão trabalhista com respeito ao novo titular (arts. 10 e 448, da CLT).”<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staca-se a seguinte ementa:<br />

“Sucessão parcial — Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sucessor pelas obrigações trabalhistas a ela relativas.<br />

A alteração na estrutura jurídica da empresa, ainda que parcial, não afeta o direito<br />

<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res já <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s da parte <strong>do</strong> empreendimento por ela<br />

abrangida. A sucessão po<strong>de</strong> ser parcial, como ocorre na cisão, caso em que o sucessor<br />

respon<strong>de</strong> pelas obrigações trabalhistas que a ela dizem respeito, nos termos <strong>do</strong> art. 10 da<br />

CLT.” (TRT 12 a R. – 2 a T. – AG-PET n. 238.2003.009.12.00-8 – rel a Martha M. V. Fabre<br />

– DJSC 23.4.04 – p. 189) (RDT n. 5 – Maio <strong>de</strong> 2004)<br />

A sucessão não exige prova formal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>monstrada por indícios e<br />

presunções, tais como: a transferência <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> comércio, transferência <strong>do</strong> principal<br />

bem imaterial da ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros elementos. De outro la<strong>do</strong>, a simples transferência<br />

<strong>de</strong> maquinários ou compra <strong>do</strong> imóvel empresarial não configuram a sucessão.<br />

Nesse diapasão, <strong>de</strong>staca-se a seguinte ementa:<br />

“Sucessão <strong>de</strong> empresas. A sucessão se consubstancia quan<strong>do</strong> a nova pessoa jurídica ocupa<br />

o mesmo lugar, explora o mesmo ramo e se utiliza <strong>do</strong>s mesmos utensílios. Portanto, é<br />

caracterizada pelos elementos fáticos que conduziram a alteração na proprieda<strong>de</strong> sucedida,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma legal a<strong>do</strong>tada, sen<strong>do</strong> que o patrimônio que guarnece o estabelecimento<br />

se constitui na garantia para os créditos trabalhistas.” (TRT – 12 a R. – 1 a T. – Ac.<br />

n. 2550/2000 – rel. Juiz I<strong>de</strong>mar Antônio Martini – DJSC 21.03.2000 – p. 137)<br />

(50) Ibi<strong>de</strong>m, p. 412.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1101

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!