11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da prestação jurisdicional em prazo razoável as ‘situações em que o órgão<br />

jurisdicional não toma as medidas cabíveis [...] De nada adiantaria, contu<strong>do</strong>,<br />

prever-se a norma constitucional, <strong>de</strong> forma cogente, se não fossem<br />

fixadas as sanções pelo <strong>de</strong>scumprimento. Dessa forma, ultrapassa<strong>do</strong> o<br />

limite <strong>do</strong> razoável para a finalização <strong>do</strong> processo, abre-se oportunida<strong>de</strong><br />

para a caracterização da responsabilida<strong>de</strong> civil em relação aos danos que a<br />

<strong>de</strong>mora injustificada provocar. Sen<strong>do</strong> o agente causa<strong>do</strong>r a Administração<br />

ou o próprio órgão jurisdicional, por seus representantes, visualiza-se a<br />

responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que é objetiva, aliás.”<br />

No aspecto, relevante <strong>de</strong>stacar as palavras <strong>de</strong> Francisco Antonio <strong>de</strong> Oliveira (122) :<br />

“Entramos na era em que o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ce<strong>de</strong>r lugar ao formalismo<br />

exagera<strong>do</strong> e aos princípios teóricos, que muitas vezes se apresentam como<br />

verda<strong>de</strong>iras armadilhas ao jurisdiciona<strong>do</strong>. O Esta<strong>do</strong>-Juiz não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

<strong>do</strong> maior ou menor preparo <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> para que o processo an<strong>de</strong>.<br />

A prestação jurisdicional é <strong>de</strong>ver <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que se consubstancia como<br />

função <strong>do</strong>s órgãos jurisdicionais e como ativida<strong>de</strong> direta <strong>do</strong>s juízes, que nada<br />

mais são <strong>do</strong> que agentes públicos ou parcelas <strong>do</strong> próprio po<strong>de</strong>r-Esta<strong>do</strong>.<br />

Se a parte, por meio <strong>do</strong> seu advoga<strong>do</strong>, não consegue fazer o processo<br />

andar, dan<strong>do</strong> dinâmica ao procedimento, <strong>de</strong>ve o juiz, representante <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> que substitui a parte com o po<strong>de</strong>r jurisdicional, fazê-lo para que<br />

mais rapidamente se resolva a li<strong>de</strong> [...] O processo no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno<br />

<strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r às exigências <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> globalizada, on<strong>de</strong> as<br />

coisas acontecem e se <strong>de</strong>senvolvem com muita rapi<strong>de</strong>z. O Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno<br />

tem a obrigação <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a tais exigências agin<strong>do</strong> <strong>de</strong> ofício, sempre<br />

que isso se fizer necessário.”<br />

Por fim, cumpre <strong>de</strong>stacar a seguinte ementa:<br />

“PROCESSO DO TRABALHO — O FREUD DA CIÊNCIA PROCESSUAL — PROCESSO<br />

CIVIL — O LACAN DA CIÊNCIA PROCESSUAL — ANSIEDADE E FRUSTRAÇÃO —<br />

COMO LIDAR COM ESSES SENTIMENTOS? — EFICÁCIA MATERIAL QUE ‘UM MURO<br />

ALTO PROÍBE’ O QUE O(A) JUIZ(A) SOCIAL DO TRABALHO PODE E DEVE FAZER<br />

— O PROCESSO À FLOR DA PROVA. Quan<strong>do</strong> se fala em acesso à Justiça, não se preten<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>signar mais <strong>do</strong> que um serviço público coloca<strong>do</strong> à disposição <strong>do</strong> cidadão, que paga os<br />

seus impostos e que <strong>de</strong>seja um resulta<strong>do</strong> célere, eficaz e útil <strong>do</strong> processo, instrumento<br />

apto para a solução das controvérsias. No entanto, da mesma forma que se luta por um<br />

acesso digno à Justiça, <strong>de</strong>ve-se lutar também por uma saída digna, o que não significa<br />

necessariamente ganhar a <strong>de</strong>manda. A questão é outra: eficiência, em cujo hemisfério se<br />

inserem a Justiça, a celerida<strong>de</strong> e a economia. Certo, quem tem razão <strong>de</strong>ve obter êxito, embora,<br />

infelizmente, isso nem sempre aconteça. O processo é técnica jurídica, alicerça<strong>do</strong> em sólidas<br />

bases científicas, adstrita a solução <strong>do</strong> litígio a vários fatores, alguns <strong>de</strong>les alheios à vonta<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Neste contexto, solução digna <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada controvérsia significa, antes <strong>de</strong><br />

mais nada, a tramitação <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um prazo razoável, conforme<br />

previsão constitucional <strong>do</strong> art. 5 o , inciso LXXVIII. Sem essa qualida<strong>de</strong>, as <strong>de</strong>mais ficam<br />

(122) OLIVEIRA, Francisco Antonio <strong>de</strong>. Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. São Paulo: LTr, 2008. v. II, p. 1.517.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!