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Manual de Direito Processual do Trabalho

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O Código <strong>de</strong> Processo Civil Brasileiro <strong>de</strong> 1973 a<strong>do</strong>tou a primeira teoria <strong>de</strong><br />

Liebman quanto às condições da ação. O Código <strong>de</strong> Processo Civil <strong>de</strong> 2015 excluiu<br />

a possibilida<strong>de</strong> jurídica <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> da categoria das condições da ação. Desse mo<strong>do</strong>,<br />

no <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil Brasileiro, as condições da ação são: legitimida<strong>de</strong> e<br />

interesse <strong>de</strong> agir.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 485, <strong>do</strong> CPC:<br />

“O juiz não resolverá o mérito quan<strong>do</strong>:<br />

(...) VI – verificar ausência <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> interesse processual.”<br />

A <strong>do</strong>utrina mo<strong>de</strong>rna tem <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> a aplicação da teoria da asserção quanto<br />

às condições da ação também na execução. Desse mo<strong>do</strong>, se, da simples análise da<br />

petição inicial (execução por título executivo extrajudicial) ou <strong>do</strong> requerimento<br />

<strong>de</strong> execução (título executivo judicial), estiverem presentes as condições da ação,<br />

<strong>de</strong>verá o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> prosseguir o procedimento executivo.<br />

No nosso sentir, embora se aplique a teoria da asserção quanto à aferição da<br />

legitimida<strong>de</strong> na fase <strong>de</strong> conhecimento, na execução, ela fica mitigada, pois somente<br />

po<strong>de</strong>m promover a execução as pessoas mencionadas no título executivo ou quem<br />

a lei atribua legitimida<strong>de</strong> ativa ou passiva. Portanto, não basta o exequente indicar<br />

que é cre<strong>do</strong>r e que a obrigação não foi adimplida pelo executa<strong>do</strong>, ele tem que juntar<br />

o título executivo que individualiza as partes cre<strong>do</strong>ra e <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>ra da obrigação.<br />

Na esfera processual, o interesse processual também é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> interesse <strong>de</strong><br />

agir ou interesse <strong>de</strong> exigir a atuação da jurisdição no caso concreto para solucionar<br />

o conflito.<br />

O interesse processual na execução, segun<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina clássica, surge com a<br />

exigibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> título em razão <strong>do</strong> inadimplemento da obrigação nele consagrada.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 786 <strong>do</strong> CPC:<br />

“A execução po<strong>de</strong> ser instaurada caso o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r não satisfaça a obrigação certa, líquida e<br />

exigível consubstanciada em título executivo. Parágrafo único. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simples<br />

operações aritméticas para apurar o crédito exequen<strong>do</strong> não retira a liqui<strong>de</strong>z da obrigação<br />

constante <strong>do</strong> título.”<br />

Conforme Marcelo Abelha (20) :<br />

“[...] a exigibilida<strong>de</strong> e o inadimplemento não repousam no mesmo lar.<br />

Enquanto a exigibilida<strong>de</strong> está atrelada aos elementos <strong>do</strong> ‘crédito’, o<br />

inadimplemento não faz parte <strong>de</strong>le. Mais que isso, a exigibilida<strong>de</strong> existe<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> inadimplemento, sen<strong>do</strong> lógica e cronologicamente<br />

anterior a ele. Dessarte o inadimplemento é uma situação <strong>de</strong> fato extrínseca<br />

ao título, não representada por ele, que consiste no não cumprimento<br />

<strong>do</strong> direito <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> no título.”<br />

A mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina, acertadamente, tem fixa<strong>do</strong> o entendimento <strong>de</strong> que não é<br />

o inadimplemento que torna exigível o título executivo, preenchen<strong>do</strong> o requisito <strong>do</strong><br />

(20) <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> execução civil. 3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 2008. p. 150.<br />

1078 Mauro Schiavi

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