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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que cabe à União legislar sobre direito processual (art. 22 da<br />

CF), é discutível a constitucionalida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> recurso por meio <strong>de</strong> regimentos<br />

<strong>do</strong>s tribunais. Não obstante, no caso <strong>do</strong> Agravo Regimental, pensamos não ser<br />

inconstitucional sua previsão, uma vez que se <strong>de</strong>stina a concretizar no âmbito<br />

recursal os princípios <strong>do</strong> contraditório e da ampla <strong>de</strong>fesa e assegurar às partes o<br />

acesso ao órgão colegia<strong>do</strong>. Além disso, em muitas situações, o Agravo Regimental se<br />

<strong>de</strong>stina à impugnação <strong>de</strong> liminares concedidas pelo relator <strong>do</strong> recurso, suprin<strong>do</strong><br />

uma lacuna recursal <strong>do</strong> processo trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, já se pronunciou o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, in verbis:<br />

“É legítima a criação <strong>de</strong> competências para órgãos monocráticos no âmbito <strong>do</strong>s Tribunais,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja assegurada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reexame perante o colegia<strong>do</strong> competente.”<br />

(STF-AI-AgR-578479/SP, 2 a T., rel. Min. Eros Grau, DJ 12.5.2006, p. 23)<br />

Assevera o art. 709, § 1 o , da CLT: “Das <strong>de</strong>cisões proferidas pelo Correge<strong>do</strong>r,<br />

nos casos <strong>do</strong> artigo, caberá o agravo regimental, para o Tribunal Pleno.”<br />

A Lei n. 7.701/88, nos arts. 2 o , II, d e 3 o , III, c, prevê a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interposição<br />

<strong>de</strong> agravo regimental em face das <strong>de</strong>cisões <strong>do</strong>s presi<strong>de</strong>ntes das Turmas que<br />

<strong>de</strong>negam recurso diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão proferida em dissídio coletivo, e <strong>do</strong> recurso <strong>de</strong><br />

embargos para o TST.<br />

Alguns Tribunais Regionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> disciplinam o agravo regimental para<br />

impugnar as liminares concedidas pelo relator em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> tutela antecipada, em<br />

manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, e também para <strong>de</strong>cisões em que a lei não prevê recurso<br />

específico para impugnação.<br />

O Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> dispõe sobre o Agravo Regimental no art. 235<br />

<strong>do</strong> seu Regimento Interno, que assim dispõe: “Cabe agravo regimental, no prazo<br />

<strong>de</strong> oito dias, para o Órgão Especial, Seções Especializadas e Turmas, observada a<br />

competência <strong>do</strong>s respectivos órgãos, nas seguintes hipóteses: I – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho<br />

<strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal que <strong>de</strong>negar seguimento aos embargos infringentes;<br />

II – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal que suspen<strong>de</strong>r execução <strong>de</strong> liminares<br />

ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão concessiva <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança; III – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> Tribunal que conce<strong>de</strong>r ou negar suspensão da execução <strong>de</strong> liminar, antecipação<br />

<strong>de</strong> tutela ou da sentença em cautelar; IV – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal<br />

concessivo <strong>de</strong> liminar em manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança ou em ação cautelar; V – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho<br />

<strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal proferi<strong>do</strong> em pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> efeito suspensivo; VI – das <strong>de</strong>cisões<br />

e <strong>de</strong>spachos proferi<strong>do</strong>s pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>; VII – <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> relator que negar prosseguimento a recurso, ressalvada a hipótese <strong>do</strong><br />

art. 239; VIII – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> relator que in<strong>de</strong>ferir inicial <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> competência<br />

originária <strong>do</strong> Tribunal; e IX – <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho ou da <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal,<br />

<strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Turma, <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> ou relator que<br />

causar prejuízo ao direito da parte, ressalva<strong>do</strong>s aqueles contra os quais haja recursos<br />

próprios previstos na legislação ou neste Regimento.”<br />

1046 Mauro Schiavi

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