11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Trata-se <strong>de</strong> princípio inseri<strong>do</strong> como uma garantia fundamental processual a fim<br />

<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>cisão seja proferida em tempo razoável. Dizia Carnelluti que o tempo é<br />

um inimigo no processo, contra o qual o juiz <strong>de</strong>ve travar uma gran<strong>de</strong> batalha. Para<br />

Rui Barbosa, a justiça tardia é injustiça manifesta.<br />

Nelson Nery Junior (117) , ao comentar o presente princípio, ensina-nos:<br />

“Trata-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> ação (CF 5 o ,<br />

XXXV) que <strong>de</strong>finimos como garanti<strong>do</strong>r <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> obter-se a tutela<br />

jurisdicional a<strong>de</strong>quada. O Pacto <strong>de</strong> San José da Costa Rica (Convenção<br />

Interamericana <strong>de</strong> <strong>Direito</strong>s Humanos), <strong>de</strong> 22.11.1969, aprova<strong>do</strong> pelo<br />

Congresso Nacional por meio <strong>do</strong> Decreto Legislativo n. 27/92 e manda<strong>do</strong><br />

executar pelo Decreto n. 678/92, prevê a garantia <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem<br />

ser ouvi<strong>do</strong>s em prazo razoável, o que não significa automática a<strong>do</strong>ção<br />

<strong>do</strong> princípio da duração razoável <strong>do</strong> processo.”<br />

Prossegue o professor Nery (118) :<br />

“O prazo razoável é garanti<strong>do</strong> para que o processo se inicie e termine,<br />

incluída, portanto, a fase recursal, já que só se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r como termina<strong>do</strong><br />

o processo no momento em que ocorre o trânsito em julga<strong>do</strong>, isto é, quan<strong>do</strong><br />

não couber mais recurso contra a última <strong>de</strong>cisão proferida no processo. O<br />

tempo no processo assume importância vital nos dias <strong>de</strong> hoje, porquanto<br />

a aceleração das comunicações via web (internet, e-mail), fax, celulares,<br />

em conjunto com a globalização social, cultural e econômica, tem feito<br />

com que haja maior cobrança <strong>do</strong>s jurisdiciona<strong>do</strong>s e administra<strong>do</strong>s para<br />

que haja solução rápida <strong>do</strong>s processos judiciais e administrativos. Essa<br />

globalização <strong>de</strong>u mais visibilida<strong>de</strong> às vantangens e <strong>de</strong>svantagens, acertos<br />

e equívocos <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res públicos em virtu<strong>de</strong> da exposição a que eles estão<br />

sujeitos, situação que é <strong>de</strong>corrente da transparência que <strong>de</strong>ve existir<br />

no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito. Se, numa <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> retórica<br />

jurídica, se podia dizer que ‘no processo o tempo é algo mais que ouro:<br />

é justiça’, com muito maior razão se po<strong>de</strong> afirmar que a justiça tem <strong>de</strong><br />

ser feita <strong>de</strong> forma mais rápida possível, sempre observa<strong>do</strong>s os preceitos<br />

constitucionais que <strong>de</strong>vem ser agrega<strong>do</strong>s ao princípio da celerida<strong>de</strong> e<br />

razoável duração <strong>do</strong> processo, como o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, a isonomia, o<br />

contraditório e ampla <strong>de</strong>fesa, o juiz natural (administrativo e judicial), etc..”<br />

No nosso sentir, não se trata <strong>de</strong> regra apenas programática, mas sim <strong>de</strong> um<br />

princípio fundamental que <strong>de</strong>ve nortear toda a ativida<strong>de</strong> jurisdicional, seja na interpretação<br />

da legislação, seja para o próprio legisla<strong>do</strong>r ao editar normas. A eficácia<br />

<strong>de</strong>ste princípio é imediata nos termos <strong>do</strong> § 1 o <strong>do</strong> art. 5 o da CF, não necessitan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

lei regulamenta<strong>do</strong>ra.<br />

(117) NERY JUNIOR, Nelson. Princípios <strong>do</strong> processo na Constituição Fe<strong>de</strong>ral. 9. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 311.<br />

(118) Op. cit., p. 314-315.<br />

102 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!