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Plantas<br />

Aromáticas do<br />

Ver-o-Peso<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

Milton Guilherme da Costa Mota<br />

Carmen Célia da Costa Conceição<br />

Organizadores


GOVERNO DO BRASIL<br />

PRESIDENTE DA REPÚBLICA<br />

Dilma Vana Rousseff<br />

MINISTRO DA EDUCAÇÃO<br />

José Henrique Paim Fernandes<br />

MINISTRO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

Clélio Campolina Diniz<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA<br />

REITOR<br />

Sueo Numazawa<br />

VICE-REITOR<br />

Paulo de Jesus Santos<br />

EDITORA CHEFE<br />

Marly Maklouf dos Santos Sampaio<br />

COMISSÃO EDITORIAL<br />

Gracialda Costa Ferreira<br />

Israel Hidenburgo Aniceto Cintra<br />

Maria Cristina Manno<br />

Moacir Cerqueira da Silva<br />

Sergio Antônio Lopes de Gusmão<br />

EQUIPE EDITORIAL<br />

Inácia Libonati<br />

Ricardo Bezerra<br />

Priscila do Rosário Monteiro<br />

MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI<br />

DIRETOR<br />

Nilson Gabas Júnior<br />

COORDENADORA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO<br />

Marlúcia Bonifácio Martins<br />

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO<br />

Maria Emília da Cruz Sales<br />

NÚCLEO EDITORIAL DE LIVROS<br />

EDITORA EXECUTIVA<br />

Iraneide Silva<br />

EDITORAS ASSISTENTES<br />

Angela Botelho<br />

Tereza Lobão<br />

EDITORA DE ARTE<br />

Andréa Pinheiro


Universidade Federal Rural da Amazônia<br />

Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

Plantas<br />

Aromáticas do<br />

Ver-o-Peso<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

Milton Guilherme da Costa Mota<br />

Carmen Célia da Costa Conceição<br />

Organizadores<br />

Belém<br />

2014


PRODUÇÃO EDITORIAL<br />

Iraneide Silva<br />

Angela Botelho<br />

PROJETO GRÁFICO, CAPA, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE FINAL<br />

Andréa Pinheiro<br />

FOTOS DA CAPA<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

Antonio Elielson Sousa da Rocha<br />

Inocêncio de Sousa Gorayeb<br />

NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Marly Sampaio<br />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso / Maria das Graças Bichara Zoghbi, Milton Guilherme da Costa Mota, Carmen<br />

Célia da Costa Conceição (orgs). – Belém: UFRA/MPEG, 2014.<br />

332p.: il.<br />

ISBN (UFRA): 978-85-7295-092-3<br />

ISBN (MPEG): 978-85-61377-78-6<br />

1.Plantas Aromáticas-Amazônia-Pará. 2. Comercialização. I. Zoghbi, Maria das Graças Bichara. II. Mota,<br />

Milton Guilherme da Costa. III. Conceição, Carmen Célia da Costa. IV. Título.<br />

Direito de Cópia/copyright 2014 por/by<br />

Universidade Federal Rural da Amazônia<br />

Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

CDD 635.709811


Este livro é dedicado à Prof a . Dr a . Raimunda C. V. Potiguara<br />

(in memoriam), nossa querida colega Raimundinha, pela<br />

dedicação, entusiasmo e contribuição ao conhecimento das<br />

estruturas secretoras das plantas aromáticas amazônicas.


Apresentação<br />

A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)<br />

têm a satisfação de apresentar o livro Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso, organizado pelos<br />

pesquisadores Maria das Graças Bichara Zoghbi, Milton Guilherme da Costa Mota e Carmen<br />

Célia da Costa Conceição, que reúne valiosas contribuições de especialistas nos temas abordados.<br />

Além da sua importância científica e acadêmica, este livro se configura como uma obra pioneira<br />

sobre a flora aromática, e representa a solidez da cooperação entre instituições afins em vários<br />

campos de atuação, especialmente na área editorial.<br />

Desde a sua concepção, o livro reveste-se de relevância na literatura especializada ao reunir<br />

trabalhos sobre mais de 70 espécies da flora aromática regional comercializada no Complexo<br />

do Ver-o-Peso, um dos pontos turísticos mais visitados de Belém e um dos mais conhecidos<br />

mercados populares da América Latina, além de referência no comércio de ervas aromáticas e<br />

medicinais. Esses fatores despertaram o interesse de pesquisadores de ambas as instituições<br />

nas áreas de botânica, anatomia vegetal, palinologia, química e outras, tanto pelas propriedades<br />

das espécies estudadas quanto pelo seu potencial econômico e valor cultural para as populações<br />

amazônicas.<br />

As espécies abordadas nesta obra estão apresentadas pelos nomes populares usados no Vero-Peso,<br />

em ordem alfabética, identificadas por nomes científicos, de acordo com o Sistema de<br />

Classificação Filogenético das Angiospermas (APG III) e material te0stemunho registrado no<br />

Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG), além de estudos polínicos, anatômicos,<br />

químicos e, ainda, informações sobre os principais fornecedores dessas espécies. Uma das<br />

principais contribuições aqui reunidas é a identificação por nome científico, assegurando, desta<br />

forma, a utilização correta de cada planta.<br />

Esta coedição nasce do interesse comum em produzir a primeira obra reunindo estudos sobre<br />

as plantas aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso, e de disponibilizar esses conhecimentos<br />

a estudantes, professores, pesquisadores e à sociedade em geral. Esta parceria também marca<br />

momentos especiais para ambas as instituições, nas comemorações dos 63 anos da Universidade<br />

Federal Rural da Amazônia e os 148 anos do Museu Goeldi, oferecendo aos leitores um livro<br />

de excelente qualidade, resultante do esforço coletivo de pesquisa e de produção editorial.<br />

Sueo Numazawa<br />

Reitor<br />

Universidade Federal Rural da Amazônia<br />

Nilson Gabas Júnior<br />

Diretor<br />

Museu Paraense Emílio Goeldi


Agradecimentos<br />

Os autores agradecem ao Programa Norte de Pesquisa e Pós-Graduação<br />

(PNOPG) pelo apoio financeiro ao projeto “Aromáticas na Amazônia:<br />

Alternativa Econômica para Comunidades Rurais”- N o Proc. 550560/01-<br />

7, que permitiu a obtenção dos resultados aqui apresentados.<br />

À Universidade Federal Rural da Amazônia e ao Museu Paraense<br />

Emílio Goeldi pelo apoio financeiro e editoração.<br />

À equipe editorial da Universidade Federal Rural da Amazônia<br />

(UFRA), composta por Marly Sampaio, Inácia Libonati, Ricardo<br />

Bezerra e Priscila do Rosário Monteiro.<br />

À equipe editorial do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG),<br />

composta por Iraneide Silva, Andréa Pinheiro, Angela Botelho<br />

e Tereza Lobão.


Autores<br />

ALBA LÚCIA FERREIRA DE ALMEIDA LINS<br />

Bióloga, doutora em Botânica, pesquisadora do Museu<br />

Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA (lins@museu-goeldi.br)<br />

ANA CRISTINA ANDRADE DE AGUIAR DIAS<br />

Bióloga, doutora em Biologia Vegetal, professora da<br />

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Belém-PA<br />

(acaaguiar@yahoo.com.br)<br />

ANNA CHRISTINA RIO DIAS<br />

Bióloga, mestre em Botânica Tropical, bolsista do Programa de Capacitação Institucional (DD) do Museu<br />

Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA (diasacr@yahoo.com.br)<br />

ANTONIO ELIELSON SOUSA DA ROCHA<br />

Arte Educador, doutor em Ciências Agrárias, técnico em C & T do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA<br />

(elielson@museu-goeldi.br)<br />

BRAZ JOSÉ DE CASTRO FILHO<br />

Graduando em Engenharia Ambiental, bolsista de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi,<br />

Belém-PA (brazfilho1992@gmail.com)<br />

BRENO RICARDO SERRÃO DA SILVA<br />

Graduando do curso de Agronomia, bolsista de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-<br />

PA (brenorss@hotmail.com)<br />

CARMEN CÉLIA DA COSTA CONCEIÇÃO<br />

Engenheira Agrônoma, doutora em Ciências Agrárias, pesquisadora da Universidade Federal Rural da Amazônia,<br />

Belém- PA (carmen.conceicao@ufra.edu.br)<br />

DÂMARIS VIEIRA BUSMAN<br />

Farmacêutica, doutoranda em Biotecnologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do<br />

Pará, Belém-PA (dambusman@yahoo.com.br)<br />

ELOISA HELENA DE AGUIAR ANDRADE<br />

Farmacêutica, doutora em Química, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA.<br />

(eloisa@museu-goeldi.br)


EUNICE GONÇALVES MACEDO<br />

Bióloga, mestre em Botânica Tropical, professora da Universidade do Estado do Pará, Belém-PA<br />

(eunicemacedo@yahoo.com.br)<br />

FLÁVIA CRISTINA ARAÚJO LUCAS<br />

Bióloga, doutora em Botânica Tropical, professora da Universidade do Estado do Pará, Belém-PA<br />

(copaldoc@yahoo.com.br)<br />

HAIWRY DE JESUS FARIAS<br />

Graduanda do curso de Agronomia, bolsista de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-<br />

PA (haiwry_19@hotmail.com)<br />

JOANA PATRÍCIA PANTOJA SERRÃO FILGUEIRA<br />

Bióloga, Mestranda em Ciências Biológicas, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA (joanapfilgueira@gmail.com)<br />

JORGE OLIVEIRA<br />

Licenciado em História, mestre em Biologia Vegetal, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA<br />

(joliver@museu-goeldi.br)<br />

JOSÉ MARIA DEMETRIO GAIA<br />

Engenheiro Agrônomo, doutor em Ciências Agrárias, bolsista DCR da Universidade Federal Rural da Amazônia,<br />

Belém-PA (josegaia@globo.com).<br />

JÚLIO CÉZAR DE MORAIS CERQUEIRA<br />

Agrônomo, bolsista de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA<br />

(jcagronomia@hotmail.com).<br />

KÁTIA MARIA SENA DOS SANTOS<br />

Engenheira Agrônoma<br />

LÉA MARIA MEDEIROS CARREIRA<br />

Farmacêutica Bioquímica, doutora em Botânica Tropical, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-<br />

PA (lea@museu-goeldi.br)<br />

MANOEL EUCLIDES DO NASCIMENTO<br />

Biólogo, doutor em Agronomia, professor/pesquisador da Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém-PA<br />

(nascimento-15@hotmail.com)<br />

MARA JEANNETH DOS SANTOS CORRÊA<br />

Graduanda de Agronomia, bolsista de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA<br />

(aramjth@yahoo.com.br).


MARIA DAS GRAÇAS BICHARA ZOGHBI<br />

Química Industrial, doutora em Química Orgânica, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA<br />

(zoghbi@museu-goeldi.br)<br />

MARIA ISABEL DE SENA NERY<br />

Bióloga Biomédica, mestre em Ciências Biológicas, chefe de Divisão de Parques da Secretaria Municipal do<br />

Meio Ambiente (SEMMA), Belém-PA (bebelufpa@gmail.com)<br />

MILTON GUILHERME DA COSTA MOTA<br />

Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém-PA<br />

(milton.mota@ufra.edu.br)<br />

RAIMUNDA ALVES PEREIRA<br />

Farmacêutica Bioquímica, mestre em Botânica Tropical (rapraissa@yahoo.com.br)<br />

RAIMUNDA CONCEIÇÃO DE VILHENA-POTIGUARA (in memoriam)<br />

Farmacêutica Bioquímica, doutora em Ciências Biológicas, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi,<br />

Belém-PA.<br />

ROLF JUNIOR FERREIRA SILVA<br />

Farmacêutico Biologista, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Botânica do Instituto Nacional de<br />

Pesquisas da Amazônia, Manaus-AM (rolfjr@hotmail.com)<br />

SUEYLA MALCHER BEZERRA<br />

Graduanda do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém-PA.<br />

(sueyla.malcher@yahoo.com.br).<br />

THÁLIA DO SOCORRO SERRA GAMA<br />

Bióloga, mestranda do curso de Botânica Tropical da Universidade Federal Rural da Amazônia/Museu Paraense<br />

Emílio Goeldi, Belém-PA (thaliagama@gmail.com)<br />

TARCYMARA BARATA GARCIA<br />

Bióloga, mestre em Ciências Biológicas, bolsista do Programa de Capacitação Institucional (DD) do Museu<br />

Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA (tarcymara@gmail.com.br)<br />

TATIANI YURIKO SOUZA KIKUCHI<br />

Engenheira Agrônoma, mestre em Ciências Biológicas, bolsista SET/CNPq do Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

Belém-PA (typinheiro@yahoo.com.br)<br />

ZÉLIA VALENTE BRAGA<br />

Engenheira/Agrônoma, mestre em Ciências Biológicas, Secretaria Municipal de Agricultura de Barcarena-PA<br />

(zeliavb@gmail.com)


Sumário<br />

Apresentação<br />

Agradecimentos<br />

Autores<br />

Prefácio<br />

CAPÍTULO 1<br />

Sinopse das plantas aromáticas comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso ........................23<br />

Antônio Elielson Sousa da Rocha<br />

CAPÍTULO 2<br />

Aspectos morfopolínicos de plantas aromáticas ............................................................................... 107<br />

Léa Maria Medeiros Carreira<br />

Anna Christina Rio Dias<br />

Flávia Cristina Araújo Lucas<br />

Braz José de Castro Filho<br />

CAPÍTULO 3<br />

Estruturas secretoras nos morfotipos<br />

de Ayapana triplinervis (Vahl) R. M. King & H. Rob. (Asteraceae) ............................................... 125<br />

Maria Isabel de Sena Nery<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Tarcymara Barata Garcia<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Joana Patrícia Pantoja Serrão Filgueira<br />

CAPÍTULO 4<br />

Aspectos morfológicos e anatômicos de duas espécies aromáticas<br />

conhecidas por beliscão [Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob.]<br />

e pataqueira (Conobea scoparioides Benth.) – Plantaginaceae .................................................... 135<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara †<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Manoel Euclides do Nascimento<br />

Mara Jeanneth dos Santos Corrêa


CAPÍTULO 5<br />

Contribuição ao conhecimento anatômico dos órgãos vegetativos<br />

do patchuli [Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty] na Amazônia ............................................. 151<br />

Manoel Euclides do Nascimento<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

CAPÍTULO 6<br />

Anatomia foliar de Guatteria scandens Ducke (Annonaceae)....................................................... 165<br />

Thália do Socorro Serra Gama<br />

Tarcymara Barata Garcia<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar Dias<br />

CAPÍTULO 7<br />

Anatomia caulinar, foliar e quantificação sazonal das glândulas secretoras<br />

da lâmina foliar de duas espécies de Peperomia Ruiz & Pav. (Piperaceae):<br />

um estudo por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ......................................................... 173<br />

Rolf Junior Ferreira Silva<br />

CAPÍTULO 8<br />

Análise morfológica dos órgãos vegetativos e anatomia<br />

foliar de Piper alatipetiolatum Yuncker (Piperaceae) ...................................................................... 193<br />

Eunice Gonçalves Macedo<br />

Júlio Cézar de Morais Cerqueira<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

CAPÍTULO 9<br />

Caracterização morfológica e estrutural dos ramos e folhas<br />

de “Oriza” Pogostemon heyneanus Benth. (Lamiaceae)<br />

com ênfase nas estruturas secretoras ................................................................................................... 205<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Sueyla Malcher Bezerra<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar-Dias<br />

Haiwry de Jesus Farias<br />

Breno Ricardo Serrão da Silva


CAPÍTULO 10<br />

Caracterização anatômica das folhas de Unxia camphorata L. f. (Asteraceae) ....................... 223<br />

Dâmaris Vieira Busman<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Eunice Gonçalves Macedo<br />

CAPÍTULO 11<br />

Morfoanatomia dos órgãos vegetativos aéreos<br />

do alecrim-d’angola (Vitex agnus-castus L., Lamiaceae) ................................................................. 239<br />

Zélia Valente Braga<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar-Dias<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

CAPÍTULO 12<br />

Composição química dos óleos essenciais<br />

de plantas aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.................................................................... 253<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

Eloisa Helena de Aguiar Andrade<br />

CAPÍTULO 13<br />

Chrysopogon zizanioides: rendimento e composição química dos óleos essenciais<br />

obtidos de amostras cultivadas em sete municípios do estado do Pará................................... 301<br />

Eloisa Helena de Aguiar Andrade<br />

Raimunda Alves Pereira<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

CAPÍTULO 14<br />

Espécies aromáticas comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso............................................ 311<br />

Jorge Oliveira<br />

CAPÍTULO 15<br />

Vetiver [Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty] no estado do Pará ............................................ 323<br />

Milton Guilherme da Costa Mota<br />

Carmen Célia Costa da Conceição<br />

Kátia Maria Sena dos Santos<br />

José Maria Demétrio Gaia


Prefácio<br />

O Ver-o-Peso, a maior feira livre da América latina, existe desde<br />

a fundação da cidade de Belém em 1616, tendo como marco a edificação<br />

do Forte do Presépio (atualmente Forte do Castelo), às margens do igarapé<br />

do Piri, principal porto de atracação de barcos e navios que chegavam<br />

a recém criada cidade. A concessão oficial para cobrança de<br />

tributos do Ver-o-Peso ocorreu apenas em 1687, por<br />

iniciativa do governador Francisco Coelho de Carvalho,<br />

através de uma representação enviada ao rei de Portugal.<br />

Em 1688, uma Provisão-Régia criava o Ver-o-Peso “por<br />

ser conveniente ao serviço de V. Magte. para que se não<br />

embarquem sem despacho as drogas que saem daquella<br />

Conquista, e se concedeu aos Officiaes da Câmara da ditta Capitania o rendimento do dito Vero-Peso<br />

para os usos necessários della e bem público da Cidade”. Criado com objetivos fiscais,<br />

a partir de então o porto do Piri entrou para a “economia formal”, passando a se chamar o<br />

“lugar de ver o peso”, nome que a tradição oral há mais de 300 anos soube preservar.<br />

O Complexo do Ver-o-Peso abrange o espaço aterrado do igarapé do Piri, onde foram<br />

construídas a Praça do Relógio e a Avenida Portugal, até a Igreja e Convento das Mercês.<br />

Constitui-se no mais importante patrimônio edificado no centro histórico de Belém, datado<br />

dos séculos XVII, XVIII e XIX, uma síntese da conformação arquitetônica da cidade em vários<br />

estágios e estilos: edificação militar, barroco jesuítico, arquitetura civil colonial e pós-colonial,<br />

estilo neoclássico, eclético e arquitetura industrial. O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico<br />

Ver-o-Peso e áreas adjacentes, incluindo a Praça Pedro Segundo, o Boulevard Castilhos França,<br />

o Mercado de Carne e o Mercado de Peixe, é um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através do Decreto nº 25, de 30 de novembro de<br />

1937. Essa mesma área também é tombada pelo Município de Belém, sob a denominação de<br />

Centro Histórico de Belém. Os bens tombados individualmente são: 1) Mercado de Peixe ou<br />

Mercado de Ferro, 2) Mercado de Carne ou Mercado Bolonha, 3) Praça do Relógio, 4) Solar<br />

da Beira. No interior do Mercado de Ferro do Ver-o-Peso, inaugurado em 1901 por Antônio<br />

Lemos, existe atualmente 67 boxes, onde são comercializados peixes e camarões frescos, e<br />

na área externa há diferentes pontos comerciais e venda de caranguejos vivos. O Mercado de<br />

Carne ou Mercado Bolonha abriga lojistas e feirantes, que em sua maioria comercializam<br />

carnes e vísceras, mas também alguns que se dedicam ao comércio de refeições, polpas de


frutas e produtos religiosos. A Praça do Relógio (Praça Siqueira Campos), inaugurada em 5<br />

de outubro de 1931, ocupa o perímetro formado pela Avenida Portugal, Doca do Ver-o-Peso,<br />

Rua Pedro Rayol e Travessa Marquês de Pombal. O Solar da Beira, uma construção em estilo<br />

neoclássico, onde funcionava o antigo órgão responsável pela fiscalização municipal,<br />

atualmente é um espaço de múltiplos usos, abrigando, até recentemente, o Museu do Índio;<br />

hoje sedia a administração da Feira.<br />

Na feira do Ver-o-Peso há um diversificado e intenso comércio, onde os espaços estão divididos<br />

de acordo com os tipos de mercadorias comercializadas, sendo assim distribuídos: a partir da<br />

lateral da Doca, roupas, calçados e outros itens do vestuário, redes e utensílios de cozinha. No<br />

espaço ao lado, há a venda de frutas, farinhas, embutidos e camarão seco. Logo em seguida a<br />

venda de plantas cultivadas em paneiros, tendo ao lado uma elevação com cerca de três degraus<br />

onde são comercializadas refeições e bebidas, artesanato e outros produtos regionais. Em<br />

seguida, encontra-se o Solar da Beira, onde são comercializados artesanatos, ao lado se<br />

encontram as barracas contendo plantas medicinais e aromáticas, principalmente ervas e, em<br />

seguida, o Mercado de Peixe. Atrás do Mercado de Peixe são vendidos legumes, verduras e<br />

aves (galinha, pato, peru).<br />

As barracas de plantas medicinais e aromáticas (80 unidades) estão distribuídas em quatro<br />

fileiras, dispostas em paralelas e unidas lado a lado. Os comerciantes que atuam nestas<br />

barracas são conhecidos por “erveiros”ou “erveiras”, pessoas com grande conhecimento sobre<br />

a flora regional, adquirido geração após geração. Esse intenso comércio de plantas aromáticas<br />

motivou a elaboração de um projeto de pesquisas visando conhecer quais são as espécies<br />

comercializadas no Ver-o-Peso, os principais fornecedores, os municípios onde as mesmas<br />

são cultivadas, sua distribuição, origem, composição química dos seus óleos essenciais, além<br />

da elaboração de estudos anatômicos, palinológicos e agronômicos das referidas espécies.<br />

O estudo iniciou com a compra das amostras de espécies comercializadas no Ver-o-Peso,<br />

complementada por visitas aos locais de cultivo, culminando com os estudos científicos em<br />

laboratório. A riqueza de espécies aromáticas encontrada no Ver-o-Peso advém da expressiva<br />

flora do Pará, cujo principal representante é a Aniba rosaeodora Ducke, conhecida por paurosa,<br />

e que ao longo de décadas foi uma das mais importantes fontes de linalol para a<br />

perfumaria. Outros importantes produtos aromáticos locais são a resina do breu-branco<br />

(Protium spp.), sementes de cumaru (Dipteryx odorata(Aubl.) Willd.) e o óleo-de-copaíba<br />

(Copaifera spp.), todos explorados a partir de fontes silvestres.<br />

Apesar da grande biodiversidade vegetal nativa, a flora brasileira introduzida tem uma<br />

importante contribuição de outras regiões, desde o período colonial. Um dos trabalhos pioneiros


sobre o levantamento da flora aromática amazônica brasileira, incluindo as nativas e aclimatadas,<br />

foi realizado por Berg (1986) 1 , que registrou 352 espécies distribuídas em 63 famílias botânicas.<br />

Em 2009, Maia e Andrade 2 publicaram os dados de composição química dos óleos essenciais e<br />

extrativo de flores de 339 plantas aromáticas que ocorrem na Amazônia. Em 1984, Berg 3 realizou<br />

um levantamento etnobotânico no Ver-o-Peso, abrangendo as plantas usadas no artesanato local,<br />

medicinal, de “poder mágico”, frutíferas, ornamentais e várias aromáticas.<br />

A execução do projeto revelou que no Ver-o-Peso são comercializadas mais de uma centena de<br />

espécies aromáticas nativas, exóticas e aclimatadas. As plantas aromáticas, a maioria de porte<br />

herbáceo, são cultivadas em vários municípios do Pará, como Abaetetuba, Acará, Ananindeua,<br />

Barcarena, Distrito de Icoaraci, Igarapé-Miri, Marituba e na Ilha do Marajó. As amostras de cascas,<br />

resinas e óleo-resinas colhidas na floresta são transportadas para o Ver-o-Peso, local onde são<br />

comercializadas in natura ou em produtos artesanais preparados pelos próprios feirantes. Algumas<br />

dessas plantas aromáticas são utilizadas em produtos de perfumaria por empresas locais e<br />

nacionais, na forma de óleos essenciais ou extratos: arruda, breu-branco, casca-preciosa, catingade-mulata,<br />

cedro, chama, cumaru, oriza, mangerona, pataqueira, patchuli, priprioca e outras.<br />

Neste livro estão apresentados os resultados de pesquisas oriundos da execução do projeto<br />

“Plantas Aromáticas na Amazônia: Alternativa Econômica para Comunidades Rurais” (Proc. CNPq/<br />

PNOPG 550560/01-7), que teve a coordenação do Museu Paraense Emílio Goeldi e vicecoordenação<br />

da Universidade Federal Rural da Amazônia, em que constam a identificação e<br />

características botânicas, fotos da plantas, o que facilitará o reconhecimento das espécies, além<br />

da composição química dos seus óleos essenciais e os locais de cultivo e abastecimento dos<br />

erveiros(as). Para algumas espécies foram realizados estudos polínicos e anatomia, principalmente<br />

das estruturas secretoras, além da cadeia produtiva do patchuli no estado do Pará.<br />

Nesta obra não foram incluídos usos populares locais e nem os citados na literatura científica, e<br />

não houve acesso ao conhecimento tradicional associado às espécies estudadas. As amostras de<br />

plantas estudadas foram adquiridas, em sua maioria, no Ver-o-Peso e em hortas de agricultores<br />

locais, fornecedores de plantas aromáticas para o Ver-o-Peso. Os autores esperam que essa obra<br />

venha a contribuir para ampliar o conhecimento científico sobre as plantas aromáticas<br />

comercializadas no estado do Pará.<br />

Os organizadores<br />

1<br />

BERG, M. E. Van den. Plantas aromáticas da Amazônia. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1. Vol. 2. Flora e<br />

floresta. Belém: DDT/EMBRAPA. p. 95-108, 1986.<br />

2<br />

MAIA, J. G. S.; ANDRADE, E. H. A. Database of the aromatic plants and their essential oils. Quím. Nova, v. 32,<br />

n. 3, p. 595-622, 2009.<br />

3<br />

BERG, M. E. Van den. Ver-o-Peso: the ethnobotany of an Amazonian market. Adv. Econ. Bot., v. 1, p. 140-149, 1984.


Sinopse das plantas aromáticas<br />

comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso<br />

Antônio Elielson Sousa da Rocha<br />

INTRODUÇÃO<br />

O mercado do Ver-o-Peso, estabelecido no século XVII pelos portugueses, inicialmente tinha a<br />

função de ampliar o controle alfandegário na porta de entrada da região amazônica. Batizado<br />

de “Casa do Haver-o-peso”, o mercado servia de ponto de troca de mercadorias, uma vez que<br />

na região não havia moeda corrente (MEIRA FILHO, 1976).<br />

Somente no final do século XIX, impulsonado pelo fausto econômico do Ciclo da Borracha, foi<br />

construído o Mercado do Ver-o-Peso, em estrutura em ferro importada da Europa, no estilo art<br />

nouveau, e conservada até os dias de hoje, às margens da baía do Guajará. O atual Complexo<br />

do Ver-o-Peso engloba a Praça do Relógio, o Solar da Beira, os mercados de Peixe, de Carne, a<br />

Feira do Açaí e a Feira do Ver-o-Peso, onde estão instaladas as barracas do setor de ervas.<br />

Nestas barracas é comercializada uma grande diversidade de produtos, essencialmente vegetais,<br />

oriundos de diversas partes da Amazônia, o que tem tornando a Feira do Ver-o-Peso não só um<br />

ponto de aquisição de produtos naturais, mas também fonte de informações sobre a utilização<br />

da flora nativa e exótica na região.<br />

Entre os produtos mais procurados no setor de ervas destacam-se as plantas aromáticas,<br />

elementos de destaque na cultura cabocla amazônica. Tomar banho-de-cheiro com as plantas<br />

aromáticas vendidas no Ver-o-Peso faz parte da cultura paraense, especialmente na época das<br />

festas juninas e no final do ano.<br />

Diante da grande variedade de espécies e aromas associados a uma vasta diversidade de<br />

nomes vernaculares, objetivou-se com este trabalho realizar o levantamento das plantas<br />

aromáticas comercializadas nas barracas da Feira do Ver-o-Peso, fornecendo informações<br />

taxonômicas, morfológicas e sobre a origem das espécies.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras das espécies estudadas foram obtidas nas barracas de ervas da Feira do Ver-o-<br />

Peso e em hortas de agricultores locais, que são os principais fornecedores dessa matéria-


24 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

prima para as erveiras e erveiros. As amostras foram herborizadas, identificadas e incorporadas<br />

ao acervo do Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG). A identificação<br />

botânica foi feita através da utilização de chaves analíticas e por comparação com amostras do<br />

herbário MG, determinadas por especialistas. As espécies estão apresentadas em ordem<br />

alfabética do nome vernacular, seguindo-se do nome científico, descrições morfológicas sucintas,<br />

distribuição geográfica, material testemunho e fotografia.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A flora aromática levantada no Complexo do Ver-o-Peso é composta por um conjunto de 78<br />

espécies, incluídas em 59 gêneros pertencentes a 26 famílias, sendo 12 Monocotiledôneas<br />

(3 famílias) e 66 Dicotiledôneas (23 famílias). As famílias Lamiaceae (15 spp.), Asteraceae<br />

(9 spp.), Piperaceae (7 spp.) e Zingiberaceae (7 spp.) foram as mais diversas. Piper (5), Ocimum<br />

(4) e Mentha (4) foram os gêneros mais diversos.<br />

Quanto à origem, 47 espécies são nativas e 31 exóticas, provenientes de diversas partes do<br />

mundo, todas apresentando ampla distribuição geográfica. Quanto ao hábito, 48 espécies são<br />

ervas, 14 árvores, 12 arbustos e 4 cipós.<br />

CARACTERIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES<br />

1. Abre-caminho<br />

Justicia pectoralis Jacq. (Acanthaceae) – Figura 1<br />

Erva com 30 cm de altura, decumbente, ramos jovens subquadrangulares, pilosos. Folhas<br />

2-8 cm de comprimento, opostas, membranáceas, estreito-ovaladas. Inflorescência até 6 cm<br />

de comprimento, em espigas terminais; brácteas e bractéolas lanceoladas, glabras. Flores<br />

sésseis, brancas, lilases ou roxas, sendo a abertura frequentemente com manchas roxas. Frutos<br />

7-8 mm de comprimento, pilosos.<br />

Duas morfoespécies de Justicia recebem nomes vernaculares distintos no Ver-o-Peso: trevocumaru<br />

e abre-caminho. Por se encontrarem geralmente estéreis, são diferenciadas pelas<br />

dimensões da lâmina foliar, maior em trevo-cumaru. É possível que essas morfoespécies sejam<br />

categorias infraespecíficas de J. pectoralis ou uma simples variação das folhas.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento et al. CPA 179 (MG: 175.161); Zoghbi et al. CPA 001 (MG: 167.606).<br />

Justicia pectoralis ocorre do México ao Paraguai e Brasil e é frequente em ambientes úmidos.<br />

Espécie ruderal (HUNT, 2001).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 25<br />

2. Alecrim-de-angola<br />

Vitex agnus-castus L. (Lamiaceae) – Figura 2<br />

Arbusto de até 2 m de altura. Folhas opostas, digitadas, até 7 folíolos 5-8 cm de comprimento,<br />

linear-lanceolados. Inflorescência em panículas de racemos terminais, flores campanuladas,<br />

bilabiadas, violáceas.<br />

Na Grécia e Roma antigas, as damas que juravam castidade colocavam ramos desta planta em<br />

suas camas, acreditando que esta possuía poder antiafrodisíaco. Daí resultou o nome científico<br />

da espécie (PIO CORRÊA, 1984).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade ARFL 41 (MG: 104.859).<br />

Vitex agnus-castus é originária do Mediterrâneo, podendo ser encontrada nas regiões quentes<br />

dos continentes africano, asiático e americano (DAVIDSE et al., 2012).<br />

3. Alfavaca<br />

Ocimum campechianum Mill. (Lamiaceae) – Figura 3<br />

Erva de 15-60 cm de altura; ramos solitários, tricomas esparsos. Folhas 0,5-7,5 × 0,5-5 cm,<br />

ovadas a elípticas, mais ou menos glabras, glandulares. Cálice florífero 2-4 mm; cálice frutífero<br />

6,5-10 mm, lobo superior conspicuamente decurrente formando uma ala ereta, marcadamente<br />

côncava adaxialmente, garganta aberta, glabra. Estames posteriores sem apêndice.<br />

Difere das demais espécies de Ocimum levantadas no Ver-o-Peso por ser a única a não apresentar<br />

apêndices nos estames posteriores e cálice frutífero com margem decurrente do lábio superior,<br />

formando uma ala ereta conspícua (DAVIDSE et al., 2012).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Oliveira CPA 016 (MG: 167.603).<br />

Ocimum campechianum ocorre desde os EUA até a Argentina e Antilhas. Frequente em áreas<br />

antropizadas (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002; DAVIDSE et al., 2012).<br />

4. Alfavacão<br />

Ocimum gratissimum L. (Lamiaceae) – Figura 4<br />

Erva de 0,5-1 m de altura; ramos inferiores com tricomas esparsos e poucas glândulas sésseis;<br />

nós tomentosos. Folhas 4-12 x 1-6 cm, elípticas a ovadas, mais ou menos glabras, glandulares.<br />

Cálice florífero 2-3 mm de comprimento; cálice frutífero 5-6,5 mm de comprimento, lobo


26 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

superior curtamente decurrente, garganta fechada, glabra por dentro, lobos médios do lábio<br />

inferior adpressos contra o lábio superior. Estames posteriores com apêndice.<br />

Diferencia-se das demais espécies de Ocimum comercializadas no Ver-o-Peso por ser a única a<br />

apresentar a garganta do cálice frutífero fechada (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi CPA 015 (MG: 167.600).<br />

Ocimum gratissimum é originária da África, muito cultivada na América tropical. Naturaliza em<br />

todo o Brasil (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

5. Alfazema<br />

Aloysia oblanceolata Moldenke (Verbenaceae) – Figura 5<br />

Arbusto de 1-3 m de altura. Folhas 1-3 cm comprimento, em fascículos de 2-8 por nó, mais ou<br />

menos sésseis, espatuladas ou oblanceolatas. Inflorescência em espiga, pedúnculo 0,5-2 cm de<br />

comprimento, ráquis 2-5 cm de comprimento. Cálice tubular, 4-lobado, pétalas brancas a lilás,<br />

tubo 2,5-3,8 de mm de comprimento.<br />

Dentro do gênero, A. oblanceolata se destaca pela forma espatulada ou oblanceolata da lâmina<br />

foliar, característica que deu origem ao nome da espécie.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi CPA 141 (MG: 175.124).<br />

Siedo (2006) registra poucas populações de A. oblanceolata, apenas para o Paraguai e sul do<br />

Brasil. As plantas comercializadas no Ver-o-Peso são oriundas de cultivo.<br />

6. Anador<br />

Plectranthus barbatus Andrews (Lamiaceae) – Figura 6<br />

Arbusto ou subarbusto de 1-2 m de altura, ereto, piloso. Folhas simples ovais, piloso-aveludadas,<br />

margem crenada 5-7 cm de comprimento e 3-4 cm de largura. Inflorescência em racemos<br />

terminais. Flores verticiladas, sépalas verdes, pétalas lilás a roxa.<br />

Por apresentar folhas pilosas e grossas com bordas denteadas, P. barbatus pode ser confundida<br />

com P. amboinicus. A separação destas espécies, geralmente encontradas estéreis no Ver-o-<br />

Peso, é feita pela base da lâmina foliar, reta em P. amboinicus e cuneada em P. barbatus.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi s.n. (MG: 180.193).<br />

Plectranthus barbatus é, possivelmente, de origem africana (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).


Figura 1. Justicia pectoralis. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 27


28 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 2. Vitex agnus-castus. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 3. Ocimum campechianum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 29


30 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 4. Ocimum gratissimum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 5. Aloysia oblanceolata. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 6. Plectranthus barbatus. Foto: I. Gorayeb.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 31


32 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

7. Aniburana-cheirosa<br />

Amburana acreana (Ducke) A. C. Sm. (Fabaceae) – Figura 7<br />

Árvore de até 40m de altura. Folhas compostas, 17-25 folíolos, ovais ou avado-lanceolados,<br />

5-7 cm de comprimento, 3-4 cm de largura. Inflorescência em panícula. Flores brancas<br />

amareladas. Fruto uma vagem com 1 ou 2 sementes aladas.<br />

O gênero Amburana possui duas espécies: A. acreana e A. cearensis. Morfologicamente são<br />

semelhantes, chegando a serem tratadas como sinônimos por alguns autores, porém, de acordo<br />

com Killeen, Garcia e Beck (1993), A. acreana se diferencia por apresentar de 17 a 25 folíolos<br />

agudos, enquanto A. cearensis apresenta 10 a 15 foliolos emarginados. Apenas a semente<br />

desta espécie é comercializada no Ver-o-Peso.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Kainer 49 (IAC: 868.764).<br />

Amburana acreana ocorre especialmente no Brasil, nos estados de Mato Grosso, Rondônia e<br />

Acre, podendo ser encontrada até nas caatingas do Nordeste (PIO CORRÊA, 1984).<br />

8. Anjo-da-guarda<br />

Croton sacaquinha Croizat (Euphorbiaceae) – Figura 8<br />

Arbusto ou árvore pequena. Folhas de 4-6 cm de comprimento, 2-3 cm de largura, ovais a<br />

elíptico-lanceoladas. Inflorescência 2-4 cm comprimento, em racemo. Flores verde-claras.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 038 (MG: 167.619).<br />

Croton sacaquinha é possivelmente endêmica da Amazônia (AM, PA), sendo diferenciada de C.<br />

cajucara pelas folhas lanceoladas e pétalas da flor estaminada oblongo-lanceoladas (SECCO,<br />

2008).<br />

9. Arataciú<br />

Sagotia racemosa Baill. (Euphorbiaceae) – Figura 9<br />

Árvore de até 8 m de altura. Folha simples, alternas, Inflorescência em pequenos racemos terminais,<br />

com bractéolas caducas 1-3,5 mm de comprimento. Flores masculinas com pedicelo delgado no<br />

ápice e femininas com pedicelo espesso na base, pétalas ausentes, estames numerosos.<br />

O gênero possui duas espécies: S. racemosa e S. brachysepala, que se diferenciam pela ausência<br />

de pilosidade e sépalas linear-lanceoladas na primeira e presença de pilosidade e sépalas<br />

oblongas a obovadas na segunda (SECCO, 1990).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 33<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Cardoso s.n. (MG: 168.749)<br />

Sagotia racemosa ocorre em matas de terra firme, capoeiras, margens de rios e beiras de<br />

estrada no Brasil, Suriname, Venezuela, Colômbia, Guiana Francesa e Guiana (SECCO, 1990).<br />

10. Aroeira<br />

Schinus terebinthifolia Raddi (Anacardiaceae) – Figura 10<br />

Árvore de 2-6 m de altura, casca lisa e cinzenta. Folhas compostas, 5-14 cm de comprimento,<br />

5-9 folíolos, 1,5-7,5 cm de comprimento, lanceolados a elípticos. Inflorescência em panícula<br />

axilar a sub-terminal. Flores brancas. Frutos do tipo drupa, vermelhos.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 005 (MG: 167.585).<br />

Schinus terebinthifolia é nativa da América tropical, introduzida em vários países como<br />

ornamental onde se tornou invasora agressiva (MORTON, 1978).<br />

11. Arruda<br />

Ruta graveolens L. (Rutaceae) – Figura 11<br />

Erva a subarbusto de ramos e folhas verde-azulados, até 1m de altura. Folhas compostas, até<br />

10 cm de comprimento, carnosas, obovadas. Inflorescência em corimbo. Flores pequenas,<br />

amarelas. Fruto uma cápsula com 4-5 lóbulos, rugoso.<br />

Michelangelo e Leonardo da Vinci afirmaram que foram graças aos poderes metafísicos da arruda<br />

que ambos tiveram sensíveis melhoras em seus trabalhos de criatividade (TORIANI, 2006).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 012 (MG: 167.605).<br />

Ruta graveolens é nativa da Europa meridional, disseminada em todo o mundo. Na antiga<br />

Grécia e Roma utilizava-se arruda como amuleto medicinal e todo tipo de malefícios (PIO<br />

CORRÊA, 1984).<br />

12. Artemisia<br />

Ambrosia microcephala DC. (Asteraceae) – Figura 12<br />

Erva de cerca de 60 cm de altura. Folhas simples, alternas, membranáceas, 6-8 lobos, 6 x 3 cm,<br />

verde-acinzentadas. Inflorescência terminal em racemos de capítulos. Capítulos unissexuais,<br />

flores com pétalas 1-4, brancas.


34 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi CPA 144 (MG: 175.127).<br />

Ambrosia microcephala ocorre na Guiana Francesa, Suriname e Brasil, nos estados do Pará,<br />

Maranhão, Piauí e Pernambuco (MONDIN; NAKAJIMA, 2012).<br />

13. Bastão-do-imperador<br />

Etlingera elatior (Jack) R. M. Smith (Zingiberaceae) – Figura 13<br />

Erva com rizoma de até 3,5 m de altura. Folhas até 90 cm de comprimento, 20 cm de largura,<br />

oblongas. Inflorescência vistosa, em racemo, brácteas róseas em diferentes tons, flores vermelhas<br />

com margem amarela.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento et al. ARFL 076 (MG: 165.541).<br />

Etlingera elatior é nativa da Indonésia, atualmente distribuindo-se em toda a faixa tropical<br />

(LORENZI; HERMES, 2001).<br />

14. Beliscão<br />

Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob. (Plantaginaceae) – Figura 14<br />

Erva prostrada de 10-45 cm de altura; ramos pubescentes com tricomas brancos. Folhas<br />

2-3 cm de comprimento, 3-6 mm de largura, simples, opostas, oblongas, margem inteira,<br />

amplexicaule na base. Flores solitárias ou em fascículos de 2–5, bractéolas apicais no pedicelo,<br />

lobos exteriores do cálice ovados; pétalas brancas ou matizadas com azul. Cápsula 1-2 mm<br />

de comprimento, ovoide.<br />

Esta espécie está intimamente relacionada a B. axillaris (Benth.) Standl., porém se separa por<br />

apresentar segmentos do cálice menores e células glandulares nas bractéolas e lâminas foliares<br />

(SOUZA; GIULIETTI, 2009; HOLMGREN; VINCENT, 2005).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 007 (MG: 167.599).<br />

Bacopa monnierioides ocorre na América Central, Brasil e Bolívia (SOUZA; GIULIETTI, 2009).<br />

15. Borboleta<br />

Hedychium coronarium J. König (Zingiberaceae) – Figura 15<br />

Erva de 1-3 m de altura. Folhas 20-60 cm de comprimento, elípticas; pecíolo quase ausente.<br />

Inflorescência 4-20 cm de comprimento, em racemo terminal, brácteas triangulares, verdes,


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 35<br />

bractéolas tubulares; flores em grupos de 2-6, brancas com base amarela. Fruto até 20 mm de<br />

comprimento, cápsula subglobosa, alaranjado; sementes vermelhas.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CIP 016 (MG: 182.830).<br />

Hedychium coronarium é nativa da Indonésia e Himalaia, cultivada e naturalizada nos trópicos.<br />

Considerada espécie invasora, costuma invadir locais úmidos, tendo preferência por locais<br />

brejosos a pleno sol (LORENZI, 2008). Por este motivo, no restante do país é conhecida como<br />

lírio-do-brejo e mariazinha-do-brejo.<br />

16. Breu-branco<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand (Burseraceae) – Figura 16<br />

Árvore de cerca de 10 m de altura, casca vermelho-escura. Folhas opostas, imparipinadas,<br />

5-9 folíolos, 10-20 cm de comprimento, 07-12 cm de largura. Inflorescência em panícula<br />

terminal. Flores pequenas. Frutos vermelhos com 4 sementes brancas.<br />

Esta espécie exsuda uma resina oleosa e amorfa, comercializada no mercado do Ver-o-Peso.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. PPCE 20 (MG: 165.134).<br />

Protium heptaphyllum habita as matas de terra firme, em solo argiloso, na Venezuela, Colômbia,<br />

Paraguai, Suriname e Brasil – na região amazônica, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais e<br />

Goiás (CITÓ et al., 2006).<br />

17. Caapeba<br />

Piper peltatum L. (Piperaceae) – Figura 17<br />

Arbusto de 1-3 m de altura; ramos verdes, entrenós 6 -12 cm de comprimento. Folhas 15-<br />

30 cm de comprimento, peltadas, ovadas, quase orbiculares, ápice acuminado, base<br />

arredondada, palmatinervadas. Inflorescência 5-10 espigas axilares, brancas, tornando-se<br />

verdes. Frutos 0,4-0,5 mm de comprimento, obovoides, truncados.<br />

Piper peltatum é semelhante a P. umbellatum L.; difere desta por apresentar folha peltada<br />

(folhas cujo pecíolo parece estar inserido no meio da lâmina), enquanto P. umbellatum apresenta<br />

folha não peltada.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade et al. PA 021 (MG: 170.238).<br />

Ocorre na América Central, Antilhas e América do Sul. No Brasil, ocorre nos estados do Amazonas,<br />

Pará, Maranhão, Ceará e Mato Grosso (GUIMARÃES; GIORDANO, 2004).


36 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 7. Amburana acreana. Foto: www.arboreo.net.<br />

Figura 8. Croton sacaquinha. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Figura 9. Sagotia racemosa. Foto: Reinaldo Aguilar (http://www.flickr.com/photos).<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 37


38 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 10. Schinus terebinthifolia. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 39<br />

Figura 11. Ruta graveolens. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 12. Ambrosia microcephala. Foto: M. G. B. Zoghbi.


40 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 13. Etlingera elatior. Foto: A. E. S. Rocha.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 41<br />

Figura 14. Bacopa monnierioides. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 15. Hedychium coronarium. Foto: M. G. B. Zoghbi.


42 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 16. Protium sp. Foto: D. D. Amaral.<br />

Figura 17. Piper peltatum. Foto: A. E. S. Rocha.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 43<br />

18. Canela<br />

Cinnamomum verum J. Presl. (Lauraceae) – Figura 18<br />

Árvore de até 10 m de altura. Folhas 7-15 x 4-8 cm, simples, alternas, oval-lanceoladas.<br />

Inflorescência em panículas axilares. Flor esverdeada. Fruto verde-arroxeado, com uma única<br />

semente, cerca 1 cm de comprimento.<br />

No Brasil, foi introduzida pelos padres Jesuítas ainda na primeira metade do século XVIII. Em<br />

sua região de origem o valor comercial desta planta é determinado de acordo com a idade,<br />

cultivo, processo de extração, secagem, altitude e topografia do terreno onde foi cultivada (PIO<br />

CORRÊA, 1984).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 042 (MG: 167.623).<br />

Cinnamomum verum é nativa do Ceilão. Possivelmente o comércio de especiarias no mundo<br />

iniciou com esta espécie. Existem registros de C. verum em textos chineses datados do século<br />

IV a.C. (PURSEGLOVE; BROWN; GREEN, 1981).<br />

19. Capim-santo<br />

Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. (Poaceae) – Figura 19<br />

Erva de até 2 m de altura, em touceira. Folhas basais com lâmina até 70 cm de comprimento.<br />

Inflorescência 40 x 15 cm, ramos 1-1,5 cm de comprimento; espiguetas de 1-4 pares, sésseis<br />

4,5-5,3 mm de comprimento, lanceoladas.<br />

Por estar bem aclimatada e ser de fácil cultivo, C. citratus é amplamente distribuída no Brasil,<br />

onde recebeu inúmeros nomes vernaculares, dentre eles destacamos: capim-cidró, capim-limão,<br />

capim-cheiroso, erva cidreira e capim-cidreira (VIRNA et al., 2001).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 053 (MG: 167.632).<br />

Cymbopogon citratus é originária da Ásia tropical, cultivada em toda a América tropical<br />

(JUDZIEWICZ, 1991).<br />

20. Capitiú<br />

Siparuna guianensis Aubl. (Siparunaceae) – Figura 20<br />

Arbusto ou árvore 1,5-10 m de altura. Folhas 5-25 x 3-10 cm, simples, alternas, elípticas.<br />

Inflorescência unissexuada masculina ou com algumas flores femininas; flores masculinas<br />

obovoides, densamente estrelado-pubescentes; flores femininas ovoides, elipsoides ou<br />

obovoides. Receptáculo frutífero subglobosos, vermelho ou rosado, quando maduro, amarelo,<br />

abre-se expondo as minúsculas sementes.


44 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento et al. BPM 026 (MG: 177.936).<br />

Siparuna guianensis ocorre desde a Nicarágua ao Brasil e Peru. Frequente em capoeiras (W 3<br />

TROPICOS, 2012).<br />

21. Carrapatinho-da-laranjeira<br />

Peperomia rotundifolia (L.) Kunth (Piperaceae) – Figura 21<br />

Erva 15-30 cm de comprimento, epífita, entrenós 0,9-1,5 cm de comprimento. Folhas 0,5-<br />

0,9 cm de comprimento, simples no ápice dos ramos, orbiculares ou ovadas, 3 nervuras, com<br />

numerosas terciárias, peltadas. Inflorescência em espiga, terminal, verde ou amarelada. Fruto<br />

0,3 mm de diâmetro, globoso, amarelo.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Silva 05 (MG: 184.923).<br />

Peperomia rotundifolia ocorre no Suriname e Brasil, nos estados do Amazonas, Pará, Acre,<br />

Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina<br />

e Rio Grande do Sul (MEDEIROS, 2006).<br />

22. Casca-preciosa<br />

Aniba canelilla (Kunth) Mez (Lauraceae) – Figura 22<br />

Árvore de até 35 m de altura. Folhas 15 x 8 cm de comprimento, simples, alternas, lanceoladas,<br />

ápice agudo, base cuneada. Inflorescência em panículas axilares, pequenas; flores cremes.<br />

Informados que poderiam encontrar grandes quantidades de canela (Cinnamomum verum)<br />

nas Américas e romper o monopólio da venda desta especiaria, que na época encontrava-se<br />

nas mãos dos portugueses, os espanhóis subiram o Amazonas até próximo aos Andes, onde<br />

encontraram uma árvore com o mesmo cheiro, onde findaram a busca. Tratava-se de Aniba<br />

canelilla (GOTTLIEB; MAGALHÃES, 1960).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Valderi s.n. (MG: 174904).<br />

Aniba canelilla ocorre na Bolívia, Guianas, Peru, Brasil e Venezuela. Na Amazônia possui larga<br />

distribuição, porém não é frequente em parte alguma (CAMPOS PORTO, 1936).<br />

23. Catinga-de-mulata<br />

Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. (Lamiaceae) – Figura 23<br />

Erva de 20-30 cm de altura. Folhas 2-4 cm comprimento, 1-2cm de largura, simples, carnosas,<br />

opostas cruzadas, sésseis, oblongas a ovadas, base cordada. Inflorescência em espiga formando


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 45<br />

panícula aberta, 2-5cm comprimento, brácteas pequenas. Flores com cálice esverdeado e pétalas<br />

lilases.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Milton & Júnior 1290 (MG: 165.473).<br />

Aeollanthus suaveolens é de origem africana, sendo cultivada como planta medicinal no Brasil<br />

(ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

24. Cedro<br />

Cedrela odorata L. (Meliaceae) – Figura 24<br />

Árvore de até 30 m de altura, folhas até 50 cm de comprimento, compostas, paripinadas , 3-12<br />

pares de folíolos, 6-15 x 3-5 cm, opostos. Inflorescência em panícula terminal, flores creme,<br />

estames 5, unidos na base. Fruto cápsula obovoide, verde quando imaturo e castanho quando<br />

maduro, sempre revestido por lenticelas, abrindo-se em 5 valvas. Sementes aladas,<br />

avermelhadas.<br />

O grande número de sinônimos apresentados por C. odorata, cerca de 30, é decorrente da<br />

grande variação morfológica apresentada, principalmente na folhas (PENNINGTON; STYLES;<br />

TAYLOR, 1981).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CIP 26 (MG: 181.759).<br />

Cedrela odorata é originária da América tropical, distribui-se desde o México até o norte da<br />

Argentina, Paraguai, Peru, Venezuela e Brasil (PENNINGTON; STYLES; TAYLOR, 1981).<br />

25. Chama<br />

Mentha x piperita L. (Lamiaceae) – Figura 25<br />

Erva estolonífera, caule quadrangular. Folhas 3-4 cm de comprimento, 2 cm de largura, opostas<br />

cruzadas, oval-lanceoladas, pecioladas, pilosas, margem serrilhada. Inflorescência em espiga<br />

terminal, flores lilases.<br />

Trata-se de um híbrido estéril, produto do cruzamento entre M. spicata L. e M. aquatica L.<br />

(SATO et al., 1996). O nome (piperita = pimenta) está relacionado ao sabor apimentado de suas<br />

folhas. No Ver-o-Peso foram levantados dois morfotipos de Mentha x piperita, um de folhas<br />

pilosas e outro de folha glabra.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 089 (MG: 167.659).<br />

Mentha x piperita, que é originária da Ásia e Europa. Na região amazônica foi coletada amostra fértil.


46 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 18. Cinnamomum verum. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 47<br />

Figura 19. Cymbopogon citratus. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 20. Siparuna guianensis. Foto: A. E. S. Rocha.


48 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 21. Peperomia rotundifolia. Foto: I. Gorayeb.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 49<br />

Figura 22. Aniba canelilla. Foto: D. Sasaki (www.kew.org).<br />

Figura 23. Aeollanthus suaveolens. Foto: M. G. B. Zoghbi.


50 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 24. Cedrela odorata. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 25. Mentha x piperita. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 51<br />

26. Cibalena<br />

Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex Benth. (Lamiaceae) – Figura 26<br />

Erva de 0,3-1 m, ramos escassamente pilosos. Folhas 1,5-10 × 0,5-5 cm, ovadas, glabras, Flores<br />

com uma bráctea subjacente decídua, deixando uma cicatriz proeminente cupuliforme; cálice<br />

florífero 3-5 mm de comprimento; cálice frutífero 6-10 mm de comprimento, lobo superior<br />

decurrente, garganta aberta, glabra por dentro. Estames posteriores com apêndice.<br />

Diferencia-se das demais espécies de Ocimum levantadas por apresentar brácteas decíduas e<br />

uma glândula cupuliforme abaixo da inflorescência (cimas), sendo que por esta característica<br />

pode ser confundida com O. transamazonicum E. Pereira, separando-se desta por apresentar<br />

garganta do cálice frutífero aberta (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Oliveira CPA 122. (MG: 184.930).<br />

Ocimum carnosum ocorre no México, Mesoamérica, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil<br />

(DAVIDSE et al., 2012).<br />

27. Cipó-curimbó<br />

Bignonia nocturna (Barb. Rodr.) L. G. Lohmann (Bignoniaceae) – Figura 27<br />

Cipó. Folhas compostas, bifolioladas, folíolos 12-15 cm de comprimento, 7-10 cm de largura,<br />

ovais, arredondados a cordados, geralmente apresentando gavinha simples. Inflorescência em<br />

racemo terminal. Flores tubulosas, sépalas verdes e pétalas brancas. Fruto cerca de 10 cm de<br />

comprimento , cápsula ovoide-cilíndrica.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade et al. PPCE 400 (MG: 169.129).<br />

Bignonia nocturna ocorre no Panamá, Bolívia, Colômbia, Peru, Guiana Francesa, Suriname e<br />

Brasil (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

28. Cipó-d’alho<br />

Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry (Bignoniaceae) – Figura 28<br />

Cipó com forte odor de alho. Folhas compostas de dois folíolos, folíolos 3-20 cm de comprimento,<br />

elípticos; as vezes com 1 gavinha trífida. Inflorescência em racemos axilares ou terminais. Flores<br />

tubulares roxo-purpúreas; cálice verde, com mais de 13 cm de comprimento. Fruto cápsula<br />

oblongo-linear, comprimida, sem nervura principal aparente; sementes delgadas, 2-aladas,<br />

paleáceas.


52 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi CIP 082 (MG: 188.715).<br />

Mansoa standleyi ocorre desde a Guatemala até a Amazônia peruana e brasileira. Destaca-se<br />

pela gavinha trífida e cálice longo, mais de 13 cm de comprimento (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

29. Cipó-uíra<br />

Guatteria scandens Ducke (Annonaceae) – Figura 29<br />

Cipó escandente. Folhas simples, alternas, elípticas ou ovado-oblongas, 14-20 cm de<br />

comprimento, 6-8 cm de largura. Flores solitárias, esverdeadas. Fruto uma baga roxo-escura,<br />

cerca de 15 mm de comprimento.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira 526 (MG: 172.838).<br />

Guatteria scandens ocorre no Brasil e Guianas (CAMPOS PORTO, 1936). Esta é possivelmente<br />

uma das raras Guatteria cipó do Brasil.<br />

30. Cominho<br />

Pectis elongata Kunth (Asteraceae) – Figura 30<br />

Erva de até 1 m de altura, muito ramificada na metade superior. Folhas até 5 cm de comprimento,<br />

simples, lineares, agudas. Inflorescência em capítulos com bractéolas escamiformes dispersas.<br />

Flores amarelas. Frutos 2-2,5 mm de comprimento, com 3-10 cerdas delgadas, 2-5 mm de<br />

comprimento, com alguns espécimes apresentando poucas escamas mais curtas.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira et al. CPA 031 (MG: 167.579).<br />

Pectis elongata ocorre do México ao Brasil (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

31. Copaíba<br />

Copaifera spp. (Fabaceae) – Figura 31<br />

Árvores até 35 m de altura. Folhas 3-7 x 1,5-2 cm, compostas (6 a 8 pares de folíolos).<br />

Inflorescência terminal, racemosa ou panículas estreitas. Flores sésseis, cálice vermelhoferrugíneo,<br />

glabro externamente e branco denso piloso internamente. Frutos uniloculares<br />

cerca de 3 cm de diâmetro, tornando-se vermelhos quando maduros, sementes ovoides.<br />

Os óleos de três espécies de Copaifera são comercializados no mercado do Ver-o-Peso. O óleo<br />

de Copaifera reticulata é mais fino, de odor fraco e coloração amarelo-claro; o de C. duckei é


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 53<br />

mais viscoso, de odor forte e coloração vermelho intenso e o de C. martii é mais denso, de odor<br />

forte e coloração marrom (BARBOSA; SCUDELLER, 2009).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Nascimento BPM 232 (MG: 188.749).<br />

32. Cordão-de-são-francisco<br />

Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. (Lamiaceae) – Figura 32<br />

Erva de até 2 m de altura. Folhas 4-10 cm de comprimento, ovadas ou lanceoladas, margem<br />

crenada nos 2/3 apicais. Inflorescência 2-7 cm de comprimento, em glomérulos densos na<br />

axila de uma folha reduzida, bractéolas espinhosas. Numerosas flores tubulares, alaranjadas.<br />

Cálice frutífero 20-26 mm de comprimento.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 044 (MG: 167.625).<br />

Leonotis nepetifolia é nativa da África, naturalizada em toda região tropical. Comum em áreas<br />

alteradas (PIO CORRÊA, 1984). É uma planta daninha em todo o país (LORENZI, 2008).<br />

33. Cravo<br />

Tagetes erecta L. (Asteraceae) – Figura 33<br />

Erva com odor acre, de 0,3-1 m de altura. Folhas 3-4 cm de comprimento e 5-8 mm de largura,<br />

opostas na parte inferior, alternas na superior, raquis alada, folíolos imparipinados, lanceolados,<br />

agudos, margem serrilhada, os inferiores reduzidos. Inflorescência em capítulo solitário e<br />

terminal. Flores amarelas a alaranjadas, tubulares. Frutos com 4 ângulos, 6,5-9 mm de<br />

comprimento.<br />

A forma e cor das pétalas de T. erecta são extremamente variáveis. A gama de cores vai do<br />

branco ao creme, amarelo, dourado e laranja. Há muitos cultivares híbridos disponíveis para<br />

jardineiros. No Ver-o-Peso foram encontradas duas morfoespécies: amarela com pétalas<br />

estreitas e alaranjada com pétalas mais expandidas.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 045 (MG: 167.626).<br />

Tagetes erecta é provavelmente, nativa do México, onde é conhecida como “Flor de muerto”,<br />

sendo cultivada desde os tempos pré-coloniais (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

34. Cumaru<br />

Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.(Fabaceae) – Figura 34


54 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Árvore até 30 m de altura, tronco reto. Folhas 15-20 cm de comprimento, compostas,<br />

imparipinadas, alternas; incluindo o pecíolo; a raque se projeta sem folíolos na zona apical.<br />

Inflorescência 15-30 cm de comprimento, em panículas terminal, ferrugíneo-pubescente. Flores<br />

aromáticas, pequenas, rosadas. Fruto 5-6,5 cm de comprimento, do tipo legume drupáceo,<br />

ovalado, lenhoso.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento ARFR 121 (MG: 104.957).<br />

Dipteryx odorata é encontrada na Amazônia brasileira, do Acre até o Maranhão (LORENZI, 2002).<br />

35. Desatrapalha<br />

Cassytha filiformis L. (Lauraceae) – Figura 35<br />

Cipó herbáceo, parasita; ramos filiformes, alaranjados. Folhas minúsculas, cerca de 1 mm de<br />

comprimento. Inflorescência 1-2 cm de comprimento, em espiga com poucas flores; tépalas<br />

desiguais, persistentes, amareladas. Frutos envolvidos no tubo floral concrescido.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Nascimento BPM 144 (MG: 180.170).<br />

Cassytha filiformis possui distribuição cosmopolita. Dentre as 17 espécies do gênero, apenas<br />

esta ocorre na América tropical (WEBER, 1981). No estado do Pará ocorre preferencialmente<br />

em ambientes costeiros ou savanas.<br />

36. Desempata<br />

Sphagneticola trilobata (L.) Pruski (Asteraceae) – Figura 36<br />

Erva prostrada; ramos carnosos. Folhas 3-12 x 1-3,5 cm, simples, opostas, lanceoladas a elípticas<br />

ou obovadas, as maiores com 2 lobos laterais. Inflorescência em capítulo amarelo, solitário nas<br />

axilas superiores, pedúnculo 5-10 cm comprimento, densamente piloso. Aquênios, 4-5 mm<br />

comprimento, oblanceolados.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 002 (MG: 167.608).<br />

Sphagneticola trilobata ocorre na maior parte dos trópicos e subtrópicos, ausente na África.<br />

Nas Américas ocorre desde o México até o Brasil, onde é comum em toda a faixa litorânea,<br />

geralmente em ambiente úmido (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

37. Elixir-paregórico<br />

Piper callosum Ruiz & Pav. (Piperaceae) – Figura 37


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 55<br />

Arbusto de cerca de 3 m de altura. Folhas 10-15 cm de comprimento 5-7 cm de largura, simples,<br />

alternas, elípticas, ápice acuminado, base cuneada. Inflorescência 3-5 cm de comprimento, em<br />

espiga verde, opositifólia.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 054 (MG: 167.633).<br />

Piper callosum ocorre em toda a América Tropical, recentemente introduzida no sul dos Estados<br />

Unidos e Ásia. Possivelmente esta espécie seja a mais comum do gênero na América tropical<br />

(CALLEJAS, 2001).<br />

38. Erva-cidreira<br />

Lippia alba (Mill.) N. E. Br. (Verbenaceae) – Figura 38<br />

Arbusto de até 2 m de altura. Folhas 1,5-5,5 cm de comprimento, elípticas ou lanceoladas,<br />

margem serrilhada. Inflorescência 0,5-1 cm de comprimento, em espiga axilar, brácteas verdes;<br />

flores roxo-pálidas com centro amarelo.<br />

Diversas espécies aromáticas de várias famílias botânicas, no Brasil são denominadas vulgarmente<br />

como erva-cidreira. No Ver-o-Peso a erva cidreira é L. alba. Distingue-se das demais pelas folhas<br />

ásperas e grandes, inflorescência com até 8 flores linguladas externas em torno de um amplo<br />

conjunto de flores ainda fechadas (TAVARES; MOMENTÉ; NASCIMENTO, 2011).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 040 (MG: 167.621).<br />

Lippia alba ocorre desde os Estados Unidos até a Argentina. Comum em áreas alteradas (POOL;<br />

RUEDA, 2001).<br />

39. Erva-de-jabuti<br />

Peperomia pellucida (L.) Kunth (Piperaceae) – Figura 39<br />

Erva carnosa de 10-15 cm de altura, entrenós 2,5-4 cm de comprimento. Folhas 2-3 cm de<br />

comprimento e 1-2 cm de largura, simples, ovadas a deltoides, ápice acuminado, base cordada.<br />

Inflorescência em espiga terminal, axilar ou oposta, solitária, verde. Fruto 0,3-0,5 mm de<br />

comprimento, globoso-elipsoide, estriado.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Ferdinando PDB 165 (MG: 181.632).<br />

Peperomia pellucida ocorre na América do Norte, Central (Antilhas) e América do Sul, cultivada<br />

como erva medicinal. Comum em áreas úmidas, antropizadas (GUIMARÃES; GIORDANO, 2004).


56 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 26. Ocimum carnosum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 27. Bignonia nocturna. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 28. Mansoa standleyi. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 57


58 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 29. Guatteria scandens. Foto: http://www.flickr.com/photos/cetp/.<br />

Figura 30. Pectis elongata. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 31. Copaifera martii. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 59


60 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 32. Leonotis nepetifolia. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 33. Tagetes erecta. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 61


62 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 34. Dipteryx odorata. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 35. Cassytha filiformis. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 36. Sphagneticola trilobata. Foto: E. H. A. Andrade.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 63


64 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 37. Piper callosum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 38. Lippia alba. Foto: I. Gorayeb.


Figura 39. Peperomia pellucida. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 65


66 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

40. Estoraque<br />

Ocimum americanum L. (Lamiaceae) – Figura 40<br />

Erva 0,15-0,5m; ramos solitários, com tricomas adpressos. Folhas 8-25 × 5-20 mm, ovadas a<br />

elípticas, mais ou menos glabras, glandulares, Cálice florífero 2-3,5 mm; cálice frutífero 3-5 mm,<br />

lobo superior levemente decurrente, garganta aberta com denso anel de tricomas. Estames<br />

posteriores com apêndice.<br />

Dentre as espécies do gênero levantadas no Ver-o-Peso, O. americanum apresenta o menor<br />

porte (cerca 30 cm) e lâmina foliar com as menores dimensões, entre 1-5 cm de comprimento.<br />

Ocimum americanum apresenta grande semelhança com O. basilicum e O. africanum;<br />

diferencia-se pelo cálice frutífero menor (3-4 cm), ramos mais pilosos, com tricomas longos e<br />

curtos (DAVIDSE et al., 2012). Destaca-se também a semelhança entre O. americanum, O.<br />

basilicum e O. minimum, diferenciando-as basicamente pelo porte da planta, dimensões da<br />

lâmina foliar e presença ou ausência de lenho (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Oliveira CPA 021 (MG: 167.588)<br />

Ocimum americanum é originária da África, cultivada na América tropical, naturalizada por<br />

todo o Brasil (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

41. Eucalipto<br />

Eucalyptus spp. (Myrtaceae) – Figura 41<br />

Árvore de 40-60 m de altura, casca branca, cinza ou verde, em longas e estreitas tiras. Folhas<br />

10-20 cm de comprimento, 2-4 cm de largura, alternas, lanceoladas. Inflorescência em umbela.<br />

Flores brancas com numerosos estames. Fruto cerca de 8 cm de comprimento, uma cápsula<br />

cônica.<br />

O gênero Eucalyptus possui cerca de 700 espécies, com dezenas delas introduzidas no Brasil. Pelo<br />

menos 8 espécies são recomendadas para o cultivo na Amazônia (FERREIRA; SILVA, 2004), com<br />

destaque para E. grandis e E. urophylla, certamente mais de uma delas podem ser comercializadas<br />

no Ver-o-Peso. A comercialização de amostras estéreis dificulta a identificação da espécie.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento MSP 083 (MG: 175187)<br />

42. Fedegoso<br />

Heliotropium indicum L. (Boraginaceae) – Figura 42


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 67<br />

Erva ou subarbusto de até 1 m de altura, ereto, ramos angulosos. Folhas 3-10 cm de<br />

comprimento, alternas e subopostas no mesmo indivíduo, membranácea, ovado-elíptica, ovadodeltoide.<br />

Inflorescência 4-28 cm de comprimento, fortemente escorpioide, axilar e terminal,<br />

congesta apenas no ápice. Flores brancas 3-5 mm de comprimento, tubo subcilíndrico.<br />

Fedegoso é facilmente reconhecida pela inflorescência com ápice curvado (escorpioide).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 047 (MG: 167.628).<br />

Heliotropium indicum se distribui em todas as regiões quentes do mundo, geralmente em<br />

margens de rios, matas ciliares, várzeas, pastagens e áreas sujeitas a inundações periódicas,<br />

em solos arenosos (MELO; SEMIR, 2008).<br />

43. Gengibre<br />

Zingiber officinale Roscoe (Zingiberaceae) – Figura 43<br />

Erva de até 2 m de altura. Folhas 5-30 x 1-3 cm, lineares, glabras; pecíolo ausente. Inflorescência<br />

3,5-7 cm de comprimento, em racemo basal, espiciforme, no ápice de ramo sem folhas, brácteas<br />

ovado-elípticas a obovadas, 2-3 cm de comprimento. Flores amarelo-esverdeadas; labelo roxo<br />

escuro, com manchas amarelo-creme. Cápsula subglobosa; sementes negras com arilo branco.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi MSP 101 (MG: 175.197).<br />

Zingiber officinale é originária da Ásia (Índia e China) (MAAS; MAAS, 2001). No Ver-o-Peso é<br />

vendido apenas o rizoma da planta, este internamente branco.<br />

44. Hortelã-de-panela<br />

Mentha spicata L. (Lamiaceae) – Figura 44<br />

Erva de cerca de 60 cm de altura. Folhas 2-3 cm de comprimento, 1-2 cm de largura, simples,<br />

opostas, oblongo-lanceoladas, margem serrilhada. Inflorescência cerca de 5 cm de comprimento,<br />

terminal, em racemo. Flores com cálice verde e pétalas brancas. Na região amazônica não foi<br />

coletada amostra fértil.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi MSP 107 (MG: 175.201).<br />

Mentha spicata é originária da Eurásia, disseminada em todo o mundo. Uma das espécies de<br />

hortelã mais cultivadas no Brasil (CHOUDHURY; KUMAR; GARG, 2006).<br />

45. Hortelã-da-folha-grande<br />

Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. (Lamiaceae) – Figura 45


68 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Erva ou subarbusto, atinge de 1-1,5 m de altura. Folhas 3-5 cm de comprimento, ovadooblongas,<br />

carnosas, ápice agudo, base reta, densamente pilosa, margem crenada. Inflorescência<br />

em racemo terminal, flores de coloração azulada.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. PPCE 20 (MG: 165.134).<br />

Plectranthus amboinicus é nativa do sul da Ásia oriental (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2002).<br />

46. Hortelã-pimenta<br />

Mentha pulegium L. (Lamiaceae) – Figura 46<br />

Erva perene, de cerca 15 cm de altura. Folhas 8-10 mm de comprimento, simples, opostas,<br />

ovadas a elípticas, glabra a pilosa, margem lisa a esparsamente denteada, base aguda, cálice<br />

tubular, levemente curvado, 2 lobos triangulares, tubo da corola piloso no interior da garganta,<br />

estames 4, fruto ovoide.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Rocha s.n. (material estéril, sem registro).<br />

Mentha pulegium é nativa da Europa e Ásia, cultivada nas Américas (BO HE SHU, 1994) e se<br />

caracteriza por seu cálice tubular. No restante do país esta espécie é conhecida por poejo.<br />

47. Japana<br />

Ayapana triplinervis (M.Vahl) R. M. King & H. Rob. (Asteraceae) – Figura 47<br />

Erva de cerca de 1 m de altura, ramos arroxeados. Folhas 5-9 cm de comprimento, opostas,<br />

ovadas ou ovado-lanceoladoas, base arredondada, trinervadas. Inflorescência em capítulos,<br />

com 20 a 30 flores violáceas.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento et al. CPA 158 (MG: 175.140)<br />

Ayapana triplinervis é nativa da América do Sul com registros para o Equador, Peru, Guianas,<br />

Guiana Francesa, Suriname, Porto Rico, Havaí, Índia, Vietnam, Inglaterra, Ilhas Mascarenhas e<br />

Bangladesh (GAUVIN-BIALECKI; MARODON, 2009).<br />

48. Jasmim-de-santo-antônio<br />

Jasminum officinale L. (Oleaceae) – Figura 48<br />

Cipó. Folha 8-12 cm de comprimento, composta, opostas, até 9 folíolos 1,5-2,5 cm comprimento,<br />

lanceolados. Inflorescência subumbelada terminal, flores brancas, longipediceladas, tubulares,<br />

lobos agudos, lineares; estames 2 no tubo da corola. Fruto do tipo baga, negra.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 69<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Rocha 1529 (MG 205.577).<br />

Jasminum officinale é originária da Ásia e África, hoje bastante difundida no Brasil. Destaca-se<br />

no gênero por apresentar lobos agudos lineares e inflorescência subumbelada (SHU, 1996).<br />

49. Jatobá<br />

Hymenaea courbaril L. (Fabaceae) – Figura 49a-b<br />

Árvore de até 20 m de altura, resinosa. Folhas 5-10 x 2-4 cm, 2-folioladas; folíolos falcados.<br />

Inflorescência em corimbo paniculada, terminal, Flor com cálice 4-lobado, coriáceo, tomentoso;<br />

pétalas 5, brancas ou purpúreas. Fruto 7-12 x 3.5-5 cm, lenhoso, áspero, marrom, indeiscente.<br />

Dentro da família, H. courbaril se destaca por apresentar folhas bifolioladas e fruto lenhoso indeiscente.<br />

Dentro do gênero se separa pelas folhas glabras e sépalas velutinas (LANGENHEIM et al., 1982).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Silva s.n. (MG: 199.729).<br />

Hymenaea courbaril ocorre do México até o Centro-Oeste do Brasil (LANGENHEIM et al., 1982).<br />

50. Lençol-de-santa-bárbara<br />

Piper marginatum Jacq. (Piperaceae) – Figura 50<br />

Arbusto de 1-4 m de altura. Folhas 10-20 x 10-15 cm, simples, alternas, simétricas, ovadas,<br />

ápice acuminado, base cordada, palmatinervias. Inflorescência ereta e curvada, brancoamareladas.<br />

Flores agrupadas na ráquis, sésseis; 4 estames. Frutos ovoides, marrom-escuros<br />

quando secos.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade et al. 736 (MG: 181.308).<br />

Piper marginatum ocorre na América Central, Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos estados<br />

do Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba e Pernambuco (GUIMARÃES; GIORDANO, 2004).<br />

51. Losna<br />

Artemisia vulgaris L. (Asteraceae) – Figura 51<br />

Erva de 05-1,5 m de altura. Folhas até 10 cm de comprimento e até 8 cm de largura, simples,<br />

terminais, oblogo-lanceoladas, com um a vários lóbulos. Inflorescência 6-8 cm de comprimento,<br />

em capítulos axilares. Flores com pétalas rosa e estames amarelos.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 008 (MG: 167.604).


70 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Artemisia vulgaris é uma erva daninha perene nativa das regiões de clima temperado (Ásia,<br />

Europa e América do Norte). Está disseminada em todo o mundo. Desde o antigo Egito esta<br />

planta é utilizada como medicinal (PIO CORRÊA, 1984).<br />

52. Macacaporanga<br />

Aniba parviflora (Meisn.) Mez (Lauraceae) – Figura 52<br />

Árvore de pequeno porte. Folhas 12-25 x 4-9 cm, cartáceas ou subcoriáceas, lanceoladas a<br />

elípticas. Panículas 4-8 cm de comprimento, axilares. Flores 2,5 mm de comprimento, sésseis;<br />

estames eretos, anteras glabras. Fruto 3,3 x 2,0 cm, elipsoide; cúpula verruculosa ou ligeiramente<br />

tuberculada.<br />

Aniba parviflora é semelhante a A. rosaeodora, porém distintas quimicamente. A. parviflora<br />

apresenta suas folhas moídas muito mais verdes, enquanto A. rosaeodora apresenta folhas<br />

moídas amarronzadas (BARCELOS; BARATA; MAGALHÃES, 2012).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Lima & Sandin s.n. (MG: 168.715).<br />

Espécie típica de floresta alta, distribuída no Suriname e Brasil (Amazônia) (KUBITZKI; RENNER,<br />

1982).<br />

53. Macela<br />

Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera (Asteraceae) – Figura 53<br />

Erva de até 1 m de altura; ramos alados pela decurrência das folhas. Folhas 5-10 x 1,5-4 cm,<br />

alternas, lanceoladas ou elíptico-lanceoladas, margem finamente serreada. Inflorescência cimoide<br />

com capítulos pedunculados. Flores marginais femininas, branca; flores centrais masculinas,<br />

vináceas. Papus 2,8-3 mm, cerdoso.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Lima & Maia s.n. (MG: 104.825).<br />

Pluchea sagittalis ocorre no Brasil Paraguai, Uruguai e Argentina. Planta daninha de pequena<br />

importância (LORENZI, 2008).<br />

54. Malva-rosa<br />

Pelargonium graveolens L’ Hér. (Geraniaceae) – Figura 54<br />

Erva ereta a decumbente, aromática. Folhas simples, lâmina inteira a palmada. Inflorescência<br />

em pseudo-umbelas com 1-20 flores cada. Flores brancas, rosa, rosa-roxo ou roxo, pétalas


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 71<br />

posteriores com roxo-escuro, vinho, vermelho ou vermelho-escuras, estames férteis 7, sendo<br />

4 maiores, 1 médio e dois 2 menores.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 039 (MG: 167.620).<br />

Pelargonium graveolens é originária da África do Sul, disseminada por toda a América<br />

(ARRIGONI-BLANK et al., 2011).<br />

55. Mangarataia<br />

Curcuma longa L. (Zingiberaceae) – Figura 55<br />

Erva rizomatosa de até 1 m de altura, rizoma amarelo ou alaranjado internamente. Bainha<br />

10-25 cm de comprimento, lígula membranosa, pecíolo 5-8 cm, lâmina elíptica ou lanceolada,<br />

glabra. Inflorescência 25-30 cm comprimento, terminal, brácteas oblongas a obovadas. Cálice<br />

tubular, ápice 3-lobado, corola tubular, estaminoides oblongos, amarelo pálido, ápice truncado<br />

ou arredondado, 3-lobado, lobo do meio emarginado.<br />

De acordo com Pickel (2008) duas plantas com o nome de gengibre são cultivadas em Pernambuco,<br />

a saber: gengibre branco (Z. officinale) o verdadeiro e o gengibre amarelo (Curcuma longa L.).<br />

No Ver-o-Peso é vendido apenas o rizoma (amarelo-alaranjado internamente).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Madson s.n. (MG 99.258).<br />

Curcuma longa é originária das florestas tropicais da Índia. No Brasil, onde foi introduzida<br />

ainda no período imperial, é frequentemente confundida com o açafrão (Crocus sativus L.),<br />

embora sejam taxonomicamente distintas (SIGRIST, 2009).<br />

56. Mangerona<br />

Lippia thymoides Martius & Schauer (Verbenaceae) – Figura 56<br />

Arbusto de 1,5 m de altura, ramos glabros, quadrangulares. Folhas 0,7-0,9 cm de comprimento,<br />

verticiladas, discolores, membranáceas, oblanceoladas a espatuladas, ápice arredondado,<br />

margem inteira. Inflorescência até 6 mm de comprimento, em cimeira helicoidal, axilar, brácteas<br />

2x3 mm de comprimento. Flores brancas a amarelo-alaranjadas, lobos arredondados,<br />

pubescentes externamente e glabros internamente.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira & Zoghbi 905 (MG: 190.450).<br />

Lippia thymoides ocorre apenas nos estados da Bahia e Minas Gerais (Caatinga). No Pará, esta<br />

espécie é cultivada (SALIMENA et al., 2012; W 3 TROPICOS, 2012).


72 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 40. Ocimum americanum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 41. Eucalyptus sp. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 73<br />

Figura 42. Heliotropium indicum. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 43. Zingiber officinale. Foto: A. E. S. Rocha.


74 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 44. Mentha spicata. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 45. Plectranthus amboinicus. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Figura 46. Mentha pulegium. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 75


76 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 47. Ayapana triplinervis. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 48. Jasminum officinale. Foto: M. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 77<br />

Foto 49a. Fruto de Hymenaea courbaril. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 49b. Hymenaea courbaril. Foto: M. G. B. Zoghbi.


78 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 50. Piper marginatum. Foto: E. H. A. Andrade.<br />

Figura 51. Artemisia vulgaris. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 79<br />

Figura 52. Aniba parviflora. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 53. Pluchea sagittalis. Foto: E. H. A. Andrade.


80 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 54. Pelargonium graveolens. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 55. Curcuma longa. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Figura 56. Lippia thymoides. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 81


82 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

57. Mastruz<br />

Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants (Amaranthaceae) – Figura 57<br />

Erva ereta, de até 1 m de altura. Folhas 1,7-7 cm de comprimento, lanceoladas a ovadas, margem<br />

denteada. Inflorescência densa, amplamente ramificada. Flores esverdeadas. Fruto envolvido<br />

pelo cálice; semente 0,7-0,9 mm, lisa, brilhante, negra.<br />

Espécie muito variável, utilizada nas Américas como planta medicinal desde os Maias e Astecas<br />

(PISO, 1948). A Organização Mundial da Saúde considera esta espécie como a mais utilizada<br />

entre os remédios tradicionais no mundo inteiro (LORENZI; MATOS, 2002).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. 2718 (MG: 184.805).<br />

Dysphania ambrosioides é originária da América tropical, possui distribuição cosmopolita,<br />

comum em áreas antropizadas (LORENZI; MATOS, 2002).<br />

58. Mucura-caá<br />

Petiveria alliacea L. (Phytolacaceae) – Figura 58<br />

Erva de até 1,5 m de altura. Folhas 12 cm de comprimento, 4 cm de largura, simples, elípticas a<br />

obovadas, ápice agudo, base obtusa. Inflorescência em racemo, 10-25 cm de comprimento,<br />

flores brancas com filamentos rosados. Fruto adpresso ao eixo da inflorescência, com 4 apículos<br />

reflexos no ápice.<br />

No Brasil Colônia, atribuía-se a esta planta um alto poder de intoxicação, levando a pessoa que<br />

a ingeria à afasia ou à morte. Cientificamente P. alliacea apresenta toxicidade moderada (MAIA<br />

et al., 2007).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento BPM 209 (MG: 182.860).<br />

Petiveria alliacea, a única espécie do gênero, é originária da África e América, onde ocorre<br />

desde o EUA até a Argentina e Antilhas (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

59. Oriza<br />

Pogostemon heyneanus Benth. (Lamiaceae) – Figura 59<br />

Erva de cerca de 1 m de altura. Folha 5-10 cm de comprimento, 4-5 cm de largura, simples,<br />

oposta cruzada, ovada, pecíolo margem denteada. Inflorescência em espigas terminal e axilar.<br />

Brácteas ovaladas ou lanceoladas, verdes. Flores com cálice campanulado tubular, ligeiramente<br />

bilabiado; 5 lobos; sépalas verdes e pétalas brancas.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 83<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Andrade CPA 041 (MG: 167.622)<br />

Pogostemon heyneanus, originária da Indo-Malásia, é conhecida no mercado do Ver-o-Peso<br />

como oriza. É abundante em Sumatra e Java, onde é bastante cultivada e conhecida como<br />

“patchouli” (HEMBROM et al., 2006).<br />

60. Pataqueira<br />

Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.) Benth. (Plantaginaceae) – Figura 60<br />

Erva de 15-30 cm de altura. Folhas 2,5-10 x 0,5-2 cm, simples, opostas, lanceoladas, base<br />

atenuada, ápice acuminado, margem crenado-serrilhada. Inflorescência racemosa. Flores 2 por<br />

nó, brancas ou róseas, axilares, bractéolas 0,5-2,5 mm de comprimento, pedicelos alongados,<br />

1-1,7 cm de comprimento; cálice soldado, lobos 5, acuminados; corola tubular, lobos 5,<br />

arredondados. Cápsula 2-4 mm de comprimento.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira CPA 031 (MG: 167.615).<br />

Conobea scoparioides ocorre em áreas alagáveis, desde o México até o Sul do Brasil (SOUZA;<br />

GIULIETTI, 2009).<br />

61. Patichuli<br />

Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty (Poaceae) – Figura 61<br />

Erva em touceira, de cerca de 2 m de altura. Folhas 50-100 cm x 0,3-1,5 cm, basais, lineares.<br />

Inflorescência em panícula terminal com numerosos ramos. Espiguetas escabrosas, cor de palha.<br />

Chrysopogon zizanioides usada como forrageira e para controle de erosão do solo (SHOULIANG;<br />

PHILLIPS, 2006).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. CPA 107 (MG: 168.787).<br />

Chrysopogon zizanioides é originária da Índia, introduzida no novo mundo, sendo cultivada<br />

para extração do óleo aromático de suas raízes (SHOULIANG; PHILLIPS, 2006).<br />

62. Pau-da-angola<br />

Piper alatipetiolatum Yunck. (Piperaceae) – Figura 62<br />

Arbusto de 1-3 m de altura. Ramos glabros. Folhas 10-20 x 6-10 cm, simples, alternas, pecíolo<br />

vaginado-sulcado, formando expansões aladas; base simétrica, cordada, ápice acuminado.<br />

Inflorescência 2-3 cm comprimento em espigas solitárias, axilares.


84 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade et al. 19 (MG: 181.788).<br />

Piper alatipetiolatum é endêmica do Brasil, ocorrendo na Mata Atlântica e Amazônia<br />

(GUIMARÃES et al., 2012).<br />

63. Pau-rosa<br />

Aniba rosaeodora Ducke (Lauraceae) – Figura 63<br />

Árvore de até 30 m de altura; casca pardo-amarelada, aromática. Folhas 25 cm de comprimento<br />

e 10 cm de largura, simples, coriáceas. Inflorescência 2,5 cm de comprimento, em panícula<br />

axilar e subterminal. Flores pequenas. Fruto do tipo baga, cúpula do fruto espessa, ferrugínea,<br />

25×19 cm, cor vinho-escuro quando maduro.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento et al. CPA 191 (MG: 175.173).<br />

O pau-rosa, típico de floresta pluvial não inundável, ocorre em toda região amazônica, com<br />

frequência muito baixa. Devido ao longo período de exploração que a espécie sofreu nas últimas<br />

décadas tornou ameaçada de extinção (SANTOS et al., 2007).<br />

64. Pimenta-longa<br />

Piper aduncum L. (Piperaceae) – Figura 64<br />

Arbusto ou árvore pequena de até 6 m de altura. Folhas 15-20 x 4-7 cm, simples, alternas,<br />

assimétricas, elíptico-ovadas a elíptico-lanceoladas, ápice acuminado, base cordada.<br />

Inflorescências curvadas, branco-amareladas, flores sésseis, agrupadas na ráquis, pétalas<br />

e sépalas ausentes, 4 estames. Frutos ovoides, arredondados, verde a marrom quando<br />

maduro.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Ferdinando PAD 022 (MG: 165.693).<br />

Piper aduncum ocorre na América Central, Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos estados do<br />

Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,<br />

São Paulo e Paraná (GUIMARÃES; GIORDANO, 2004).<br />

65. Pluma<br />

Tanacetum vulgare L. (Asteraceae) – Figura 65<br />

Erva de 60-100 cm de altura. Folhas 1-25 x 5-10 cm, compostas, alternas, 10-15 folíolos, margem<br />

profundamente denteada. Inflorescência em umbela de capítulos. Flores amarelo-dourado.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 85<br />

Tanacetum vulgare raramente floresce na Amazônia. No Ver-o-Peso, da planta exposta em<br />

vaso são vendidas as folhas separadamente.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Rocha 1528 (material estéril).<br />

Tanacetum vulgare ocorre na Europa; Canadá, Estados Unidos, México, Mesoamérica, Colômbia,<br />

Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Brasil, Chile, Argentina, Ásia, África e Austrália (W 3 TROPICOS,<br />

2012).<br />

66. Priprioca<br />

Cyperus articulatus L. (Cyperaceae) – Figura 66<br />

Erva de 30-250 cm, rizomatosa, com tubérculos avermelhados, caule cilíndrico a triangular,<br />

altura, geralmente septado quando seco. Folhas sem lâmina. Inflorescência 1-10 cm de<br />

comprimento, com 2-3 brácteas eretas, a inferior sendo continuidade do escapo; raios primários<br />

2-4, secundários ausentes, espigas ovoides.<br />

Duas variedades de C. articulatus são comercializadas no Ver-o-Peso: var. articulatus apresenta<br />

caule cilíndrico e brácteas até 5 cm de comprimento; var. nodosus apresenta caule triangular e<br />

brácteas até 10 cm de comprimento.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira CPA 058 (MG: 167.637).<br />

Cyperus articulatus ocorre nas Américas tropical e subtropical (ADAMS, 1994).<br />

67. Pripriocão<br />

Cyperus prolixus Kunth (Cyperaceae) – Figura 67<br />

Erva de até 3 m de altura, rizomatosa; caule triangular, 3-10 folhas. Lâminas até 120 cm<br />

comprimento. Inflorescência 20-35 cm comprimento, 6-10 brácteas ascendentes, 7-10 raios<br />

primários, 10-20 cm de comprimento; raios secundários até 6 cm de comprimento, espigas<br />

ovoides a subumbeladas.<br />

Cyperus prolixus assemelha-se a C. articulatus; diferencia-se por apresentar lâmina foliar e<br />

raios secundários.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Oliveira et al. CPA 055 (MG: 167.634).<br />

Cyperus prolixus ocorre desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina e Costa do Marfim<br />

(ADAMS, 1994).


86 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 57. Dysphania ambrosioides. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 58. Petiveria alliacea. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 87<br />

Figura 59. Pogostemon heyneanus. Foto: M. G. Zoghbi.<br />

Figura 60. Conobea scoparioides. Foto: A. L. F. A. Lins.


88 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 61. Chrysopogon zizanioides. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 89<br />

Figura 62. Piper alatipetiolatum. Foto: E. H. A. Andrade.<br />

Figura 63. Aniba rosaeodora. Foto: J. Simões.


90 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 64. Piper aduncum. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 65. Tanacetum vulgare. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 91<br />

Figura 66. Cyperus articulatus. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 67. Cyperus prolixus. Foto: M. G. B. Zoghbi.


92 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

68. Priprioquinha<br />

Cyperus rotundus L. (Cyperaceae) – Figura 68<br />

Erva de 40-60 cm de altura, rizomatosa; caule triangular, 2-4 folhas até 30 cm de comprimento.<br />

Inflorescência com 2-5 brácteas, horizontais a ascendentes, 3-7 raios primários eretos, até<br />

10 cm de comprimento e raio secundário ausente; espigas elípticas.<br />

Cyperus rotundus é uma das espécies vegetais com maior amplitude de distribuição no mundo<br />

(KISSMANN, 1993). No estado do Pará ocorre preferencialmente como ruderal em centros<br />

urbanos.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. CPA 104 (MG: 168.784).<br />

Cyperus rotundus provavelmente é de origem indiana, ocorre em toda a extensão territorial<br />

brasileira. É uma das espécies vegetais com maior amplitude de distribuição no mundo<br />

(KISSMANN, 1993).<br />

69. Sacaca<br />

Croton cajucara Benth. (Euphorbiaceae) – Figura 69<br />

Árvore de até 12 m de altura. Folhas 5-12 cm de comprimento, simples, alternas, elípticas.<br />

Inflorescência 9 cm de comprimento, em racemos, 7 flores femininas na base e 12 flores<br />

masculinas na porção média e terminal; cremes, cerca de 3mm de comprimento. Fruto 7-9 mm<br />

diâmetro, piloso.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento s.n. (MG: 168753).<br />

Croton cajucara é amplamente distribuída na Amazônia (AP, PA, MA, AM e RO), sendo<br />

diferenciada entre as espécies do gênero pela forma da flor pistilada (piriforme) e flor estaminada<br />

(pétalas espatuladas) (SECCO, 2008).<br />

70. Salva-do-marajó<br />

Hyptis crenata Pohl ex Benth. (Lamiaceae) – Figura 70<br />

Erva de cerca de 40 cm de altura, pilosa. Folhas 2,5 cm de comprimento, denteadas, ovadooblongas,<br />

base dilatada, densamente pilosa. Inflorescência em capítulo globoso, rodeado por<br />

um invólucro de brácteas. Flores lilases. Fruto com tubo reto ou ligeiramente curvado<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira et al. 2325 (MG: 164.401).<br />

Hyptis crenata ocorre na Bolívia e Brasil, nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia,<br />

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Piauí, Bahia e Minas Gerais (HARLEY, 2012).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 93<br />

71. São-joão-caá<br />

Unxia camphorata L.f. (Asteraceae) – Figura 71<br />

Erva ou subarbusto de cerca de 40 cm de altura. Folhas 4-5 cm de comprimento, 1-2 cm de largura,<br />

simples, opostas, oval-lanceoladas, pilosas, sésseis. Inflorescência em capítulo. Brácteas verdes e<br />

flores amarelas, hermafroditas unissexuais e estéries, corola tubulosa. Fruto aquênio, uniovular.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Ferdinando ARFL 221 (MG: 165.291).<br />

Unxia camphorata é encontrada do Panamá até as Guianas e Brasil (PIO CORRÊA, 1984),<br />

ocorrendo em áreas de savanas e áreas abertas antropizadas.<br />

72. Sombra-do-mundo<br />

Senna hirsuta (L.) H. S. Irwin & Barneby (Fabaceae) – Figura 72<br />

Erva de 0,5-2 m de altura, hirsuta ou pilosa com tricomas lustrosos. Folhas 10-30 cm<br />

comprimento, 3-5 pares de folíolos, ovados ou lanceolado-elípticos, 5-10 cm comprimento,<br />

estípulas linear-atenuadas, 3-12 mm comprimento. Inflorescência em tirsos com racemos eretos,<br />

de 2-8 flores; amarelas, zigomorfa. Fruto 15-30 x 0,25-0,45 cm, ascendente, arqueado, linear,<br />

comprimido-tetragonal quando maduro.<br />

Planta daninha infestando solos cultivados, frequente em áreas alteradas, ruderal em pastagem<br />

e terrenos baldios.<br />

Senna hirsuta se assemelha a S. occidentalis. Distingue-se por apresentar brácteas maiores<br />

(até 13 mm) e estípulas lineares, enquanto S. occidentalis apresenta brácteas menores (4 mm)<br />

e estípulas triangulares (IRWIN; BARNEBY, 1982).<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi & Oliveira CPA 91 (MG: 167.661).<br />

Senna hirsuta está amplamente distribuída na América, dos Estados Unidos até a Argentina e<br />

Brasil (IRWIN; BARNEBY, 1982).<br />

73. Vassourinha<br />

Scolparia dulcis L. (Plantaginaceae) – Figura 73<br />

Erva ereta, de 30-100 cm de altura. Folhas 1,5-4 cm de comprimento, linear-oblanceoladas a<br />

obovadas, margem denteada. Flores solitárias ou em fascículos 2 ou 3; cálice 4-lobado, pétala<br />

branca, às vezes purpúrea na garganta. Cápsula 2,5-4 mm de comprimento, ovoide-globosa,<br />

4-sulcada.


94 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Nascimento BPM 200 (MG: 182.859).<br />

Espécie pantropical, planta daninha amplamente distribuída em todo o Brasil (LORENZI, 2008).<br />

74. Vassourinha-de-botão<br />

Spermacoce verticillata L. (Rubiaceae) – Figura 74<br />

Erva a subarbusto de cerca de 1 m de altura; ramos tetragonais, glabros. Folhas 2-5 x 0,1-<br />

0,8 cm, verticiladas, lineares a elípticas; estípulas fimbriadas. Inflorescência terminais e<br />

axilares, subglobosas, multifloras. Flores brancas. Cápsulas elipsoides a oblongo-obovoides.<br />

Esta é a espécie mais frequente do gênero no Pará, sendo considerada, na região, invasora de<br />

cultivo.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Carreira & Cardoso 1561 (MG: 165.504).<br />

Spermacoce verticillata ocorre nos Estados Unidos, México, Mesoamérica, Venezuela, Guianas,<br />

Bolívia, Brasil, Paraguai e África tropical (W 3 TROPICOS, 2012).<br />

75. Vick<br />

Mentha arvensis L. (Lamiaceae) – Figura 75<br />

Erva estolonífera, caule quadrangular. Folhas 4-6 cm de comprimento, 1,5-2 cm de largura,<br />

opostas, lanceoladas, longo-pecioladas, glabras, margem serrilhada. Flores pediceladas,<br />

agrupadas nas axilas das folhas. Na região amazônica foram coletadas amostras férteis.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi MSP 121 (MG: 181.794).<br />

Mentha arvensis é originária do sul da China, sendo citada em todas as listas de ervas da<br />

antiguidade, inclusive na bíblia aparece como dízimo. Os árabes regavam as mesas para<br />

estimular o apetite (OKA; ROPERTO, 2007).<br />

76. Vindicá<br />

Alpinia zerumbet (Pers.) B. L. Burtt & R. M. Sm. (Zingiberaceae) –Figura 76<br />

Erva de até 3 m de altura. Folhas até 70 cm de comprimento, elípticas. Inflorescência em racemos<br />

pêndulos, 40 cm de comprimento, bractéolas ferrugíneas; flores em grupos de 3, brancas com<br />

ápice roxo e amarelo. Fruto uma cápsula globosa, cerca 2 cm de diâmetro.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Junior s.n. (MG: 165.577).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 95<br />

Alpinia zerumbet é amplamente cultivada no Brasil. Além de vindicá, A. zerumbet recebe os<br />

seguintes nomes vernaculares: colônia, paco-seroca, cuite-açu e pacova (ALMEIDA, 1993).<br />

77. Vindicá-levante<br />

Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum. (Zingiberaceae) – Figura 77<br />

Erva de cerca de 2 m de altura. Folhas 20-50 cm de comprimento, 4-15 cm de largura, elípticas.<br />

Inflorescência cerca 20 cm de comprimento, em espiga ereta, 1-5 flores agrupadas ao longo do<br />

eixo, brácteas obovadas, 3-5 cm de comprimento, rosa a avermelhada, bractéolas tubulares,<br />

20-40 mm de comprimento; corola e labelo brancos, estaminódios laterais petaloides. Cápsula<br />

30 mm de diâmetro, subglobosa.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Andrade ARFL 62 (MG: 104.868).<br />

Alpinia purpurata é originária da Indonésia e conhecida mundialmente no mercado de plantas<br />

ornamentais, amplamente distribuída no Brasil (SANGWANANGKUL; SARADHULDHAT; PAULI,<br />

2008).<br />

78. Vindicá-menino<br />

Renealmia monosperma Miq. (Zingiberaceae) – Figura 78<br />

Erva de cerca 1 m de altura. Folhas 20-30 cm de comprimento, 4-8 cm de largura, simples,<br />

alternas, dística, peciolada, oblongo-laceolada. Inflorescência nascendo em ramos diferenciados,<br />

basais, com folhas reduzidas. Flores vermelhas e labelo branco. Fruto vermelho.<br />

O gênero Renealmia se caracteriza pela corola mais comprida que o cálice e tricomas estrelados<br />

na lâmina foliar.<br />

MATERIAL TESTEMUNHO: Zoghbi et al. CPA 006 (MG: 167595).<br />

Renealmia monosperma é endêmica do norte da América do Sul. No Brasil ocorre nos estados<br />

do Amazonas, Pará e Roraima (MAAS; MAAS, 2012).


96 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 68. Cyperus rotundus. Foto: C. A. C. Favacho.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 97<br />

Figura 69. Croton cajucara. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 70. Hyptis crenata. Foto: E. H. A. Andrade.


98 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 71. Unxia camphorata. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Figura 72. Senna hirsuta. Foto: M. G. B. Zoghbi.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 99<br />

Figura 73. Scoparia dulcis. Foto: A. E. S. Rocha.<br />

Figura 74. Spermacoce verticillata. Foto: A. E. S. Rocha.


100 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 75. Mentha arvensis. Foto: A. E. S. Rocha.


Figura 76. Alpinia zerumbet. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 101


102 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 77. Alpinia purpurata. Foto: A. E. S. Rocha.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 103<br />

Figura 78. Renealmia monosperma. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

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Aspectos morfopolínicos de plantas aromáticas<br />

Léa Maria Medeiros Carreira<br />

Anna Christina Rio Dias<br />

Flávia Cristina Araújo Lucas<br />

Braz José de Castro Filho<br />

INTRODUÇÃO<br />

Na região amazônica as plantas aromáticas estão representadas por diversas espécies e<br />

variedades e são amplamente comercializadas em feiras livres e mercados. Fórmulas para<br />

banhos, perfumes e essências simbolizam a cultura das comunidades locais ou de grupos étnicos,<br />

e refletem tradições populares e práticas relacionadas ao uso dessas plantas.<br />

Inaugurada em 1625 (IPHAN, 1997), a feira livre Ver-o-Peso é considerada a maior da América<br />

Latina. Localizada às margens do rio Guamá, Belém-PA, constitui-se num complexo comercial<br />

e turístico, que tem entre as mercadorias expostas inúmeras espécies de plantas aromáticas,<br />

empregadas para diversos fins, nas mais variadas formas de uso. A partir de um levantamento<br />

prévio realizado no Ver-o-Peso pela nossa equipe, foram contabilizadas cerca de 80 espécies,<br />

que encerram óleos essenciais e, por conseguinte, são consideradas aromáticas.<br />

Poucos são os artigos científicos que enfocam a morfologia polínica de plantas aromáticas na<br />

Amazônia, sobretudo no estado do Pará. Dentre estes, as publicações de Carreira (1976), Carreira<br />

e Secco (1984), Carreira e Barth (1987, 2003), Carreira et al. (1996, 2008, 2009) e Lucas (2007)<br />

tratam do estudo polínico de algumas dessas espécies. À exceção do estado do Pará, Salgado-<br />

Labouriau (1973) ao analisar a morfologia do pólen da flora que caracteriza os cerrados<br />

brasileiros, refere-se a várias espécies consideradas aromáticas. Roubik e Moreno (1991)<br />

descreveram sucintamente o pólen de diversas espécies de plantas aromáticas que compõem<br />

a flora da Ilha de Barro-Colorado, no Panamá.<br />

A correta identificação taxonômica e palinológica dos caracteres macromorfológicos e<br />

micromorfológicos é pré-requisito para estudos que validam a eficácia de produtos oriundos<br />

de matéria-prima vegetal (GALVÃO et al., 2009). O estudo morfopolínico auxilia na identificação<br />

dos táxons mais importantes para as populações investigadas, favorecendo a padronização<br />

dos nomes das espécies e contribuindo para a conservação da diversidade biológica (BOTSARIS;<br />

MACHADO, 1999).<br />

Este estudo teve como objetivo caracterizar a morfologia polínica de plantas aromáticas<br />

comercializadas na feira livre Ver-o-Peso, contribuindo para a identificação correta e


108 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

conhecimento destas na região amazônica. Inicialmente foram analisados os grãos de pólen<br />

de 24 espécies referentes a 23 gêneros e 16 famílias.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Material botânico<br />

Foram utilizados botões florais adultos retirados dos herbários MG (Museu Paraense Emílio<br />

Goeldi, Belém-PA) e INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus-AM), cujas<br />

referências de herbário e de palinoteca estão relacionadas no Quadro 1.<br />

Métodos<br />

As lâminas foram preparadas segundo o método de acetólise de Erdtman (1952). Para a<br />

obtenção das medidas, foi utilizado um microscópio ZEISS, no qual foi adaptada uma ocular<br />

com escala micrometrada. As medidas dos eixos polar e equatorial, e dos diâmetros, foram<br />

feitas em 25 grãos de pólen, utilizando-se a objetiva de 40x. Com estes parâmetros, foram<br />

calculados a média, variância, desvio padrão e coeficiente de variação.<br />

As medidas da espessura da exina e dos diâmetros dos lumens foram feitas em 10 grãos de<br />

pólen, usando-se a objetiva de 100x e calculada somente a média aritmética.<br />

Nas descrições polínicas considerou-se a sequência padronizada de Erdtman (1969) e a<br />

nomenclatura de Barth e Melhem (1988) e de Punt et al. (2007).<br />

Nas descrições e nas legendas das figuras foram usadas as abreviaturas: D - diâmetro do grão de<br />

pólen, DL - diâmetro do lúmen, E - eixo equatorial, EM - eixo equatorial maior, NPC - número,<br />

posição e caráter das aberturas, P - eixo polar, P/E - relação entre as medidas dos eixos polar e<br />

equatorial, s/n - sem número, VE - vista equatorial, VG - vista geral, VL - vista lateral, VP - vista polar.<br />

RESULTADOS<br />

1. Descrições da morfologia dos grãos de pólen<br />

AMARANTHACEAE<br />

Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants (Figura 3a-b): pequenos, apolares, forma<br />

esferoidal pantoporados, de superfície psilada-baculada. D = 20,0 ± 0,5 (17,0-21,5) µm;<br />

NPC = 764. A exina mede ca. de 1,5 µm de espessura.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 109<br />

Quadro 1. Relação das espécies analisadas com suas respectivas referências de herbário e palinoteca.<br />

Família Espécie Coletor/nº de coleta Nome vulgar Herbário Palinoteca<br />

Amaranthaceae Dysphania ambrosioides (L.) R. Secco et al. 115 mastruz MG 85737 1848<br />

Mosyakin & Clemants<br />

Asteraceae Ayapana triplinervis (M. Vahl) F. Nascimento et al. s/n japana-branca MG 175140 1852<br />

R. M. King & H. Rob.<br />

Pectis elongata Kunth G. Zoghbi et al. s/n cominho MG 167597 1851<br />

Bignoniaceae Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry G. Zoghbi et al. s/n cipó-d’alho MG 188715 1853<br />

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand L. Carreira 3210 breu-branco MG 203877 1855<br />

Cyperaceae Cyperus rotundus L. L. Carreira et al. 2380 piprioquinha MG 168784 1765<br />

Euphorbiaceae Croton cajucara Benth. P. Cavalcante 2333 sacaca MG 37482 1849<br />

Croton sacaquinha Croizat P. Cavalcante 1951 anjo-da-guarda MG 35192 1854<br />

Sagotia racemosa Baill. R. S. Secco et al. 783 arataciú MG 150570 1832<br />

Fabaceae Amburana acreana (Ducke) A. C. Smith H. F. Paulino Fº & M. G. Silva s/n cumaru-de-cheiro INPA 116276 0934<br />

Copaifera martii Hayne L. Carreira et al. 1079 copaíba MG 131417 1351<br />

Lamiaceae Hyptis crenata Pohl ex Benth. L. Carreira et al. 2544 salva-do-marajó MG 174699 1775<br />

Ocimum × citriodorum Vis. L. Carreira 3268 manjericão MG 204481 1831<br />

Plectranthus barbatus Andrews L. Carreira 3270 anador MG 204909 1850<br />

Vitex agnus-castus L. P. Cavalcante 2917 alecrim-d’angola MG 45452 1844<br />

Meliaceae Cedrela odorata L. G. T. Prance et al. 24193 cedro MG 52550 157<br />

Myrtaceae Eucalyptus globulus Labill. F. Nascimento s/n eucalipto MG 175187 1833<br />

Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. F. Nascimento s/n mucuraca-á MG 104901 1834<br />

Piperaceae Peperomia pellucida (L.) Kunth L. Carreira et al. 2380 erva-de-jabuti MG 165528 1835<br />

Piper callosum Ruiz & Pav. T. Plowman et al. 8495 elixir-paregórico MG 79699 1836<br />

Plantaginaceae Conobea scoparioides A. Lins & D. Cunha 906 pataqueira MG 204704 1847<br />

(Cham. & Schltdl.) Benth.<br />

Poaceae Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty G. Zoghbi & O. Nascimento s/n patchuli MG 182833 1839<br />

Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. F. Nascimento & E. Andrade s/n capitiú MG 104830 1841<br />

Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. L. Carreira 3269 erva-cidreira MG 204499 1842


110 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

ASTERACEAE<br />

Ayapana triplinervis (M. Vahl) R. M. King & H. Rob. (Figura 1i-l): pequenos, isopolares, de simetria<br />

radial, forma oblata esferoidal, âmbito subtriangular, 3-colporados, de superfície espinhosa.<br />

P = 22,5 ± 0,6 (20,5-25,0) µm; E = 22,5 ± 0,6 (20,5-25,0) µm; P/E = 1,00; NPC = 345. A sexina<br />

com espinhos é columelada e mede ca. de 3,0 µm de espessura.<br />

Pectis elongata Kunth (Figura 2g-j): médios, isopolares, de simetria radial, forma oblata esferoidal,<br />

âmbito circular, 3-colporados, de superfície espinhosa. P = 37,0 ± 0,7 (34,0-39,5) µm; E = 38,5 ±<br />

0,6 (36,5-41,5) µm; P/E = 0,96; NPC = 345. A sexina com espinhos é columelada e mede ca. de<br />

4,5 µm de espessura.<br />

BIGNONIACEAE<br />

Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry (Figura 8a-b): médios, apolares, forma esferoidal,<br />

âmbito circular 6 (-7) (-8)-colpados, pantocolpados, sincolpados, de superfície reticulada. Os<br />

colpos são curtos, anastomosados, formando fendas contínuas. D = 45,5 ± 1,0 (38,5-1,5) µm;<br />

NPC = 663 (763) (863); DL = 2,50 µm. A sexina (2,5 µm) é mais espessa que a nexina (1,0 µm)<br />

ao nível dos mesocolpos. O teto é ondulado e os lumens são irregulares. Os muros são simples<br />

columelados, curvilíneos, às vezes descontínuos.<br />

BURSERACEAE<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand (Figura 1g-h): pequenos, isopolares, de simetria radial,<br />

forma prolata, âmbito triangular, 3-colporados, de superfície psilada. Os colpos são estreitos. A<br />

endoabertura é lalongada, muito bem delimitada devido a um forte espessamento da nexina.<br />

P = 17,5 ± 0,7 (15,5-20,5) µm; E = 13,0 ± 0,6 (11,0-15,0) µm; P/E = 1,34: NPC = 345. A sexina<br />

(1,1 µm) é um pouco mais espessa que a nexina (0,9 µm).<br />

CYPERACEAE<br />

Cyperus rotundus L. (Figura 4a-b): médios, heteropolares, com polo distal arredondado e polo<br />

proximal cônico, de simetria bilateral, 1-porados, 5 (-6)-poroidados, de superfície escabrada.<br />

As aberturas poróides são distintas nos grãos de pólen em VL, destacando-se o poro<br />

propriamente dito no polo distal. P = 42,0 ± (37,0 - 45,5) µm; EM = 36,0 ± (31,5 - 39,5) µm. A<br />

sexina (0,9 µm) é da mesma espessura que a nexina (0,9 µm).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 111<br />

EUPHORBIACEAE<br />

Croton cajucara Benth. (Figura 8c-d): grandes, apolares, forma esferoidal, atremados, de<br />

superfície clavada (padrão croton). D = 98,0 ± 1,9 (82,0-112,0) µm; NPC = 000. A exina mede<br />

ca. de 3,0 µm de espessura.<br />

Croton sacaquinha Croizat (Figura 8e-f): muito grandes, apolares, forma esferoidal, atremados,<br />

de superfície clavada (padrão croton). D = 123,0 ± 1,6 (115,0-137,0) µm; NPC = 000. A exina<br />

mede ca. de 3,5 µm de espessura.<br />

Obs: Os grãos de pólen apresentam-se frágeis e deformam-se quando submetidos à acetólise.<br />

Sagotia racemosa Baill. (Figura 5e-f): médios, apolares, assimétricos, forma esferoidal,<br />

atremados, de superfície reticulada. Os lumens são grandes, os muros estreitos e as columelas<br />

são salientes sobre os vértices dos lumens do retículo. D = 40,0 ± 0,4 (39,0-42,0) µm;<br />

NPC = 000; DL = 4,0 µm. A sexina (1,5 µm) é mais espessa que a nexina (0,9 µm).<br />

FABACEAE<br />

Amburana acreana (Ducke) A. C. Smith (Figura 2c-f): pequenos, isopolares, de simetria radial,<br />

âmbito triangular a circular, forma subprolata, 3-colporados, de superfície microrreticulada.<br />

P = 22,0 ± 0,4 (20,0-23,5) µm; E = 17,5 ± 0,3 (16,0-20,0); P/E = 1,25; NPC = 345; DL = 0,87 µm.<br />

A sexina (1,3 µm) é mais espessa que a nexina (1,0 µm).<br />

Copaifera martii Hayne (Figura 4e-f): médios, isopolares, de simetria radial, âmbito triangular,<br />

forma suboblata, 3-colporados, de superfície psilada. P = 25,0 ± 0,4 (22,0-26,0) µm; E = 30,0 ±<br />

0,4 (25,0-35,0) µm; P/E = 0,83; NPC = 345. A sexina (0,8 µm) é quase da mesma espessura que a<br />

nexina (0,6 µm).<br />

LAMIACEAE<br />

Hyptis crenata Pohl ex Benth. (Figura 5 g-j): médios, isopolares, de simetria radial, âmbito elíptico,<br />

forma prolata esferoidal, 6-colpados, de superfície estriada-reticulada. P = 36,0 ± 1,2 (33,0-<br />

8,0) µm; E = 33,5 ± 1,2 (31,5-35,5) µm; P/E = 1,07; NPC = 643. A sexina (1,9 µm) é bem mais<br />

espessa que a nexina (0,9 µm), sobretudo ao nível dos mesocolpos.<br />

Ocimum × citriodorum Vis. (Figura 8g-h): grandes, isopolares , de simetria radial, âmbito circular,<br />

6-colpados, de superfície largamente reticulada. Os colpos são estreitos e longos. D = 57,0 ±<br />

1,1 (52,0-63,0) µm; NPC = 643; DL = 3,5 µm. A sexina tectada-columelada (2,5 µm) é mais


112 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

espessa que a nexina (1,1 µm). Os lumens são grandes, irregulares e os muros são duplibaculados,<br />

curvilíneos.<br />

Plectranthus barbatus Andrews (Figura 3c-h): médios, isopolares, de simetria radial, âmbito<br />

circular, formas prolata esferoidal e subprolata, 6-colpados, de superfície microrreticulada no<br />

apocolpo e punctada nos mesocolpos. P = 28,0 ± 0,7 (27,0-32,0) µm; E = 27,0 ± 0,6 (25,0-30,0)<br />

µm; P/E = 1,04 e P = 31,0 ± 0,9 (29,0-34,0) µm; E = 25,0 ± 1,8 (23,0-30,0) µm; P/E = 1,24; DL =<br />

0,88 µm; NPC = 643. A sexina (2,0 µm) é mais espessa que a nexina (1,2 µm) nos mesocolpos.<br />

Vitex agnus-castus L. (Figura 5a-d): pequenos isopolares, de simetria radial, âmbito subcircular,<br />

forma prolata esferoidal, 3-colporados, superfície microrreticulada. P = 18,0 ± 0,5 (16,5-<br />

20,0) µm; E = 16,5 ± 0,4 (15,0-19,5) µm; P/E = 1,09; NPC = 345; DL = 0,80 µm. A sexina (1,2 µm)<br />

é mais espessa que a nexina (0,8 µm).<br />

MELIACEAE<br />

Cedrela odorata L. (Figura 4c-d): médios, isopolares, de simetria radial, forma prolata<br />

esferoidal, âmbito quadrangular com os vértices invaginados, 4-colporados, de superfície<br />

psilada. Os colpos são estreitos e longos. A endoabertura varia de circular a lalongada. P =<br />

37,0 ± 0,9 (32,0-42,0) µm. E = 35,0 ± 0,8 (30,0-40,0) µm; P/E = 1,05; NPC = 445. A sexina<br />

(1,3 µm) apresenta o teto psilado e é mais espessa que a nexina (1,1 µm) à medida que se<br />

aproxima dos colpos e da endoabertura.<br />

MYRTACEAE<br />

Eucalyptus globulus Labill. (Figura 4 g-h): médios, isopolares, de simetria radial, forma suboblata,<br />

âmbito triangular, 3-colporados, parassincolpados, de superfície psilada. Os colpos são curtos<br />

e invaginados. P = 25,0 ± 0,9 (22,0-27,5) µm; E = 31,5 ± 0,6 (29,5-34,0) µm; P/E = 0,79; NPC =<br />

345. A sexina (1,2 µm) é mais espessa que a nexina (0,9 µm).<br />

PHYTOLACCACEAE<br />

Petiveria alliacea L. (Figura 7a-f): médios, heteropolares, assimétricos, âmbito circular, forma<br />

esferoidal, 12 (-15) (-24)-porados, de superfície microrreticulada. Os diâmetros são muito<br />

variáveis como: D = 30,5 ± 1,1 (25,5-34,5) µm; D = 34,0 ± 0,7 (31,5-36,5) µm; D = 39,5 ± 1,0<br />

(34,0-42,5) µm; NPC = 754; DL = 0,81 µm. A sexina (1,5 µm) é columelada e mais espessa que<br />

a nexina (1,1 µm). Os muros do microrretículo são simplesbaculados e descontínuos.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 113<br />

PIPERACEAE<br />

Peperomia pellucida (L.) Kunth (Figura 1c-d): pequenos, apolares, assimétricos, âmbito circular,<br />

forma esferoidal, atremados, de superfície verrucosa, D = 14,5 ± 0,2 (13,0-15,5) µm; NPC = 000.<br />

A sexina (0,9 µm) é mais espessa que a nexina (0,4 µm).<br />

Piper callosum Ruiz & Pav. (Figura 1a-b): pequenos, heteropolares, de simetria bilateral, forma<br />

elíptica, 1-colpados, de superfície granulada. EM = 10,0 ± 0,4 (8,0-11,5) µm; NPC = 143.<br />

A sexina (0,8 µm) é da mesma espessura que a nexina (0,8 µm).<br />

PLANTAGINACEAE<br />

Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.) Benth. (Figura 2a-b): pequenos, isopolares, de simetria<br />

radial, âmbito subcircular, forma suboblata, 3-colporados, de superfície punctada. P = 11,0 ±<br />

0,4 (9,5-12,5) µm; E = 13,0 ± 0,5 (17,0-19,0) µm; P/E = 0,84; NPC = 345. A sexina (0,8 µm) é<br />

mais espessa que a nexina (0,5 µm).<br />

POACEAE<br />

Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty (Figura 6a-b): médios, heteropolares, âmbito circular,<br />

forma esferoidal, 1-porados, de superfície psilada. D = 27,0 ± 0,5 (25,5-29,0) µm; NPC = 134. A<br />

sexina (1,1 µm) é mais espessa que a nexina (0,8 µm).<br />

SIPARUNACEAE<br />

Siparuna guianensis Aubl. (Figura 1e-f): pequenos, apolares, âmbito circular, atremados, de<br />

superfície reticulada-columelada. D = 17,0 ± 0,6 (15,0-20,0) µm; NPC = 000. A sexina (0,7 µm)<br />

é um pouco mais espessa que nexina (0,6 µm).<br />

VERBENACEAE<br />

Lippia alba (Mill.) N. E. Br. (Figura 6 c-f): médios, isopolares, de simetria radial, âmbito triangular,<br />

forma subprolata, 3-colporados, de superfície psilada. A endoabertura é lalongada. P = 35,0 ±<br />

0,7 (33,0-37,0) µm; E = 28,5 ± 0,9 (25,0-31,5) µm; P/E = 1,23; NPC = 345. A sexina (1,0 µm) é<br />

mais espessa que a nexina (0,7 µm).


114 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

i<br />

j<br />

k<br />

l<br />

20µm<br />

Figura 1a-l. Piper callosum: a) VG, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina. Peperomia pellucida: c) VG, corte<br />

ótico; d) Idem, ornamentação da exina. Siparuna guianensis: e) VG, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina.<br />

Protium heptaphyllum: g) VP, corte ótico; h) VE,corte ótico. Ayapana triplinervis: i) VP, corte ótico; j) Idem,<br />

ornamentação da exina; k) VE, corte ótico; l) Idem, ornamentação da exina.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 115<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

i<br />

j<br />

20µm<br />

Figura 2a-j. Conobea scoparioides: a) VP, corte ótico; b) VE, corte ótico. Amburana acreana: c) VP, corte ótico;<br />

d) Idem, ornamentação da exina; e) VE, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina. Pectis elongata: g) VP, corte<br />

ótico; h) Idem, ornamentação da exina; i) VE, corte ótico; j) Idem, ornamentação da exina.


116 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

20µm<br />

Figura 3a-h. Dysphania ambrosioides:a) VG, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina. Plectranthus barbatus:<br />

c) VP, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina; e) VE, corte ótico, forma prolata esferoidal; f) Idem,<br />

ornamentação da exina; g) VE, corte ótico, forma subprolata; h) Idem, ornamentação da exina.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 117<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

20µm<br />

Figura 4a-h. Cyperus rotundus: a) VL, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina. Cedrela odorata: c) VP, corte<br />

ótico; d) Idem, aspectos dos colpos. Copaifera martii: e) VP, corte ótico; f) VE, corte ótico. Eucalyptus globulus:<br />

g) VP, corte ótico; h) Idem, aspecto do sincolpo.


118 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

i<br />

j<br />

20µm<br />

Figura 5a-j. Vitex agnus-castus: a) VP, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina; c) VE, corte ótico; d) Idem,<br />

ornamentação da exina. Sagotia racemosa: e) VG, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina. Hyptis crenata:<br />

g) VP, corte ótico; h) Idem, ornamentação da exina; i) VE corte ótico; j) Idem, ornamentação da exina.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 119<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

20µm<br />

Figura 6a-f. Chrysopogon zizanioides: a) VG, corte ótico; b) Idem, aspecto do poro. Lippia alba: c) VP, corte ótico;<br />

d) Idem, aspectos dos colpos; e) VE, corte ótico; f) Idem, aspecto da endoabertura.


120 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

20µm<br />

Figura 7a-f. Petiveria alliacea: a) VG, pólen 12-porados corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina e dos<br />

aspectos dos poros; c) VG, pólen 15-porados corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina e dos aspectos dos<br />

poros; e) VG, pólen 24-porados corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina e dos aspectos dos poros.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 121<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

50µm<br />

Figura 8a-h. Mansoa standleyi: a) VP, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina. Croton cajucara: c) VG, corte<br />

ótico; d) Idem, ornamentação exina. Croton sacaquinha: e) VG, corte ótico; f) Idem, ornamentação exina. Ocimum<br />

x citriodorum: g) VP, corte ótico; h) Idem, ornamentação da exina.


122 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

2. Chave polínica<br />

1. Grãos de pólen atremados.<br />

Croton cajucara (Euphorbiaceae)<br />

Croton sacaquinha (Euphorbiaceae)<br />

Sagotia racemosa (Euphorbiaceae)<br />

Siparuna guianensis (Siparunaceae)<br />

Peperomia pellucida (Piperaceae)<br />

2. Grãos de pólen 1-colpados.<br />

Piper callosum (Piperaceae)<br />

3. Grãos de pólen 1-porados.<br />

Chrysopogon zizanioides (Poaceae)<br />

4. Grãos de pólen 1-porados, 5 (-6)-poroidados.<br />

Cyperus rotundus (Cyperaceae)<br />

5. Grãos de pólen 3-colporados.<br />

Amburana acreana (Fabaceae)<br />

Ayapana triplinervis (Asteraceae)<br />

Copaifera martii (Fabaceae)<br />

Conobea scoparioides (Plantaginaceae)<br />

Eucalyptus globulus (Myrtaceae)<br />

Lippia alba (Verbenaceae)<br />

Pectis elongata (Asteraceae)<br />

Protium heptaphyllum (Burseraceae)<br />

Vitex agnus-castus (Lamiaceae)<br />

6. Grãos de pólen 4-colporados.<br />

Cedrela odorata (Meliaceae)<br />

7. Grãos de pólen 6-colpados.<br />

Hyptis crenata (Lamiaceae)<br />

Ocimum x citriodorum (Lamiaceae)<br />

Plectranthus barbatus (Lamiaceae)<br />

8. Grãos de pólen 6 (-7) (-8)-colpados.<br />

Mansoa standleyi (Bignoniaceae)<br />

9. Grãos de pólen 12 (-15) (-24)-porados.<br />

Petiveria alliacea (Phytolaccaceae)<br />

10. Grãos de pólen pantoporados.<br />

Dysphania ambrosioides (Amaranthaceae)


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 123<br />

CONCLUSÃO<br />

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que a morfologia polínica das<br />

espécies estudadas mostrou-se bastante diversificada, o que é justificado por pertencerem a<br />

diferentes gêneros e famílias.<br />

Quanto à ornamentação da exina foi observado que esta variou de psilada, punctada, escabrada,<br />

microrreticulada, reticulada, largamente reticulada, estriada, clavada (padrão croton), verrucosa,<br />

granulada a espinhosa.<br />

Considerando o caractere número de aberturas foi verificado nitidamente o grau de<br />

heterogeneidade polínico existente entre as espécies. Este variou de atremados, 1-colpados, 1-<br />

porados, 1-porados 5 (-6)-poroidados, 3-colporados, 4-colporados, 6 (-7) (-8)-colpados, 12<br />

(-15) (-24)-porados a pantoporados. Dentre estes, predominou o caractere 3-colporados,<br />

compreendendo as espécies Amburana acreana, Ayapana triplinervis, Copaifera martii,<br />

Conobea scoparioides, Eucalyptus globulus, Lippia alba, Pectis elongata, Protium heptaphyllum<br />

e Vitex agnus-castus.<br />

Vale ressaltar a ocorrência marcante de dimorfísmo polínico nas espécies Cyperus rotundus<br />

(Cyperaceae), Mansoa standleyi (Bignoniaceae) e Petiveria alliacea (Phytolaccaceae), cujos grãos<br />

de pólen apresentaram-se 5 (-6)-poroidados, 6 (-7) (-8)-colpados e 12 (-15) (-24)-porados,<br />

respectivamente. Este fenômeno ocorreu também quanto à VP dos grãos de pólen de<br />

Plectranthus barbatus (Lamiaceae), a qual apresentou formas prolata esferoidal e subprolata.<br />

Segundo Erdtman (1969), esta alteração em relação ao número de abertura e à forma na mesma<br />

espécie é resultante de hibridização.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BARTH, O. M.; MELHEM, T. S. Glossário ilustrado de palinologia. Campinas: Unicamp, 1988. 75p.<br />

BOTSARIS, A. S.; MACHADO, P. V. Memento terapêutico: fitoterápicos. Rio de Janeiro: Laboratório Flora Medicinal<br />

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conhecidas como Priprioca. In: POTIGUARA, R. C. V.; ZOGHBI, M. G. B. (Orgs.). Priprioca: um recurso aromático<br />

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124 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

CARREIRA, L. M. M.; BARTH, O. M. Morfologia polínica de plantas cultivadas no Parque do Museu Emílio Goeldi.<br />

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______; ______. Atlas de pólen da vegetação de canga da serra de Carajás, Pará, Brasil. Belém: Museu Paraense<br />

Emílio Goeldi, 2003. 112p. ( Coleção Adolpho Ducke)<br />

CARREIRA, L. M. M. et al. Caracterização morfopolínica de macrófitas aquáticas da Flona de Caxiuanã - I.<br />

Dicotiledôneas. In: LISBOA, P. L. B. (Org.). Caxiuanã: desafios para conservação de uma floresta na Amazônia.<br />

Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2009. p. 349-366. v.3<br />

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Goeldi. III. Meliaceae. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Sér. Bot., v. 1, n. 1/2, p. 5-22, 1984.<br />

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______. Handbook of palynology. New York: Hafner Puplishing Company, 1969. p. 1-486.<br />

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Dois Rios, Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ, Brasil. Acta Bot. Bras., v. 23, n. 1, p. 247-258, 2009.<br />

IPHAN-Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1997.<br />

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PUNT, W. et al. Glossary of pollen and spore terminology. Rev. Paleobot. Palynol., v. 143, n. 1-2, p. 1-81, 2007.<br />

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SALGADO-LABOURIAU, M. L. Contribuição à palinologia dos cerrados. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de<br />

Ciências, 1973, p. 170.


Estruturas secretoras nos morfotipos de Ayapana triplinervis<br />

(Vahl) R. M. King & H. Rob. (Asteraceae)<br />

Maria Isabel de Sena Nery<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Tarcymara Barata Garcia<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Joana Patrícia Pantoja Serrão Filgueira<br />

INTRODUÇÃO<br />

Muitas substâncias químicas naturais utilizadas pelo homem são produzidas pelo tecido secretor<br />

de plantas vasculares, o qual consiste em células individuais ou agrupadas que diferem quanto<br />

à estrutura, localização no órgão e natureza do material secretado (FAHN, 1988).<br />

Uma das famílias que possui grande utilização pelo homem é Asteraceae Bercht. & J. Presl., que<br />

apresenta na sua composição química uma evidência de alto grau de evolução, haja vista que<br />

em geral as espécies deste táxon contêm substâncias resultantes do metabolismo secundário,<br />

eliminadas através de tipos particulares de estruturas secretoras (METCALFE; CHALK, 1950;<br />

CRONQUIST, 1981; DI STASI et al., 2002), como idioblastos, ductos, cavidades, hidatódios,<br />

laticíferos, coléteres, nectários e diversos tipos de tricomas glandulares (RAGONESE, 1988;<br />

MEIRA, 1991; CLARO, 1994; CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997; APEZZATO-DA-GLÓRIA<br />

et al., 2008; CURY; APEZZATO-DA-GLÓRIA, 2009).<br />

Ayapana triplinervis (Vahl) R. M. King e H. Rob. é uma erva de Asteraceae com grande importância<br />

medicinal e aromática, a qual é caracterizada pelo caule ereto, folhas inteiras, ovadas ou ovadolanceoladas,<br />

opostas, acuminadas, triplinervadas, ápice agudo, capítulos brancacentos com 6 a<br />

12 mm de diâmetro e 20 a 30 flores (CORRÊA, 1984; ALBUQUERQUE, 1989; BERG, 2010).<br />

Segundo Nery et al. (2014), A. triplinervis apresenta dois morfotipos que diferem pela cor do<br />

caule e da nervura das folhas; base das folhas; distância dos entrenós (cerca de 2 cm maior no<br />

tipo roxa); ramificação e presença de brotos foliares que ocorrem em maior quantidade no tipo<br />

branca, o que reflete na densidade foliar. É nativa da Amazônia, porém não endêmica do Brasil.<br />

Na região Norte ocorre nos estados do Amapá, Pará e Amazonas (HATTORI, 2013).<br />

Com relação ao perfil químico de A. triplinervis, este é composto por terpenos e derivados<br />

aromáticos (MAIA et al., 1999; MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2000; BIALECKI; MARODON, 2009),


126 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

além de alcaloides, esterois, taninos, flavonoides e heterosídeos (FACKNATH; LALLJE, 2008).<br />

Contudo, Maia, Zoghbi e Andrade (2000), ao analisarem a composição química do óleo essencial<br />

extraído do caule e das folhas de A. triplinervis, observaram que a mesma apresenta divergência<br />

química, designando-a por “A” (japana-branca) e “B” (japana-roxa). Seu princípio ativo deve-se<br />

ao ácido salicílico, inulina, euparina, rinderina, eupatorina, suprinina, equinatina, felandreno e<br />

borneol (ALBUQUERQUE, 1989; VIEIRA, 1992).<br />

Outrossim, pesquisas realizadas com o óleo essencial e extrato de suas folhas comprovaram<br />

sua atividade antimicrobiana (JELAGER; GURIB-FAKIN; ADSERSEN, 1998; RAI; ACHARYA, 2000;<br />

GUPTA et al., 2002; RAI; SONI; ACHARYA, 2002; RAHMAN; JUNAID, 2008), função antioxidante<br />

e hepatoprotetora (BOSE et al., 2007) e atividade anticoagulante (RAJASEKARAN; KALAIVANI;<br />

ARIHARASIVAKUMAR, 2010), porém, os sítios de secreção e/ou armazenamento das substâncias<br />

químicas presentes nos morfotipos de A. triplinervis ainda são desconhecidos.<br />

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi identificar e caracterizar as estruturas secretoras<br />

no caule e folhas dos morfotipos “branca” e “roxa” de A. triplinervis.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Amostras de caules e folhas totalmente expandidas (terceiro ao sexto nó) de A. triplinervis<br />

foram coletadas de espécimes cultivados no Horto de Plantas Medicinais da Embrapa Amazônia<br />

Oriental (CPATU) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), ambos localizados no<br />

município de Belém, Pará (Figura 1a-c). Foram selecionados quatro espécimes de cada tipo<br />

(branca e roxa). O material testemunho foi depositado no Herbário João Murça Pires, com<br />

número de registro MG 197.930.<br />

Para o estudo anatômico, o material foi fixado em FAA (formaldeído, ácido acético glacial,<br />

álcool etílico 50%, 70%, 1:1:18 v/v) por 24 horas (JOHANSEN, 1940).<br />

A epiderme foi dissociada em ácido nítrico 10% (JOHANSEN, 1940) e os fragmentos obtidos<br />

foram corados com azul de astra e safranina 1% (GERLACH, 1969). Segmentos do caule e de<br />

folhas foram seccionados à mão, clarificados em hipoclorito de sódio comercial (1:1 v/v) e corados<br />

com azul de astra e safranina 1% ou azul de toluidina (O’BRIEN; FEDER; MCCULLY, 1965).<br />

Amostras desidratadas em série etílica-butílica-terciária foram incluídas em parafina e<br />

hidroxietilmetacrilato Leica® (GERRITS; SMID, 1983), respectivamente, e posteriormente<br />

seccionadas transversal e longitudinalmente em micrótomo rotativo. As seções do material<br />

incluído em parafina (12-16 µm) e historresina (5 µm), foram coradas com azul astra/safranina


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 127<br />

hidroalcoólica 2% e azul de toluidina, respectivamente, sendo as primeiras montadas em resina<br />

sintética Permount®.<br />

Para o exame ao microscópio eletrônico de varredura (modelo LEO 1450 VP), as amostras<br />

foram desidratadas em série etílica (JOHANSEN, 1940), secas em ponto crítico de CO 2<br />

(BOZZOLA;<br />

RUSSEL, 1991) e metalizadas com ouro. As fotomicrografias foram obtidas em fotomicroscópio<br />

Axiolab Zeiss e as demais imagens com câmera digital Cyber-shot Sony 7.0.<br />

RESULTADOS<br />

Em ambas as faces da lâmina foliar dos dois morfotipos de A. triplinervis, em vista frontal,<br />

foram encontrados tricomas glandulares (Figura 2a-c, e; Figura 3c) e não glandulares. Em seção<br />

transversal, os tricomas glandulares são de três tipos: perolado, formado por célula basal e<br />

uma cabeça globosa (Figura 2a-c), sendo este comumente observado em depressões da<br />

superfície epidérmica do mesofilo (Figura 2b-c); capitado curto formado por uma célula basal,<br />

e de uma a duas células pedunculares e uma cabeça (Figura 2e-f), e digitiforme, constituído por<br />

uma série de quatro células (Figura 3a-c).<br />

Ductos secretores foram observados apenas na lâmina foliar, e estão eventualmente dispersos<br />

pelo mesofilo (Figura 3d), nervura central (Figura 3e) e margem (Figura 3f), sobretudo adjacentes<br />

aos feixes vasculares destas regiões (Figura 3d-f). Estes exibem, em seção transversal, forma<br />

isodiamétrica e alongada longitudinalmente, com lume delimitado por camada unisseriada de<br />

células epiteliais (Figura 3d-h).<br />

No caule dos morfotipos analisados foi observado apenas o tricoma glandular do tipo capitado<br />

curto, semelhante ao descrito para a lâmina foliar (Figura 2d).<br />

DISCUSSÃO<br />

Estruturas secretoras são amplamente distribuídas em representantes de Asteraceae, ocorrendo<br />

em alguns ou todos os órgãos da planta e em diferentes posições (SOLEREDER, 1908; METCALFE;<br />

CHALK, 1950). As estruturas secretoras nos morfotipos (branca e roxa) de A. triplinervis foram<br />

localizadas e identificadas nas folhas e caules como tricomas glandulares, além de ductos<br />

secretores, apenas nas folhas dos indivíduos analisados.<br />

O tricoma glandular, localizado em depressões na superfície epidérmica dos indivíduos de A.<br />

triplinervis, foi designado por Solereder (1908) como glândula perolada, a qual é formada por


128 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

uma célula basal e uma célula apical esférica semelhante a uma pérola, ocorrendo apenas em<br />

órgãos aéreos em espécies de Piperaceae, dentre elas: Piper regnellii var. regnellii (SILVA;<br />

MACHADO, 1999) e Pothomorphe umbellata (MARINHO, 2008). Porém, ressalta-se também a<br />

existência desta estrutura em A. triplinervis, sendo este o primeiro registro de ocorrência para<br />

um representante de Asteraceae.<br />

A presença de tricomas do tipo capitado e digitiforme é um caráter conservativo, sendo<br />

encontrados em Eupatorium L. e Mikania Willd (CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997),<br />

Stevia Cav. (SMILJANIC, 2005) e Ayapana Spach., conferindo valor unificador para a tribo<br />

Eupatorieae. O valor unificador é expresso por caracteres conservativos que são aqueles que<br />

permanecem relativamente constantes, por longo período evolucionário, e tendem a variar<br />

pouco entre taxas relacionados (STACE, 1980) e aplicados na delimitação de taxas superiores<br />

(SMILJANIC, 2005).<br />

Com relação aos ductos, estes foram observados associados aos feixes vasculares apenas das<br />

folhas dos morfotipos de A. triplinervis. A presença de ductos neste órgão também foi<br />

mencionada para 39 espécies de Asteraceae (CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997),<br />

Mikania glomerata Spreng. (MILAN; HAYASHI; APPEZATTO-DA-GLÓRIA, 2006) e Ageratum<br />

conyzoides L. (MILLANI et al., 2010). Em Eupatorium inulaefolium H. B. K. (RAGONESE, 1988) e<br />

Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. Rob. (DUARTE; WOLF; PAULA, 2008), além das folhas,<br />

ductos também foram observados no caule.<br />

Tais estruturas secretoras variam quanto à forma e secretam diversas substâncias como óleos<br />

essenciais, alcaloides e substâncias fenólicas que podem ser usadas na defesa química da planta<br />

(FAHN, 1988; CASTRO; PEREIRA; PAIVA, 2009). Ademais, servem como caráter diagnóstico<br />

para a delimitação de espécies (THEOBALD; KRAHULIK; ROLLINS, 1979). Daí a importância de<br />

se conhecer as estruturas responsáveis pela produção dos compostos químicos presentes nos<br />

morfotipos branca e roxa de A. triplinervis. Além disso, testes histoquímicos em espécies de<br />

Asteraceae, revelaram a presença de compostos fenólicos e alcaloides em ductos e de compostos<br />

lipofílicos e fenólicos nos tricomas glandulares na mesma espécie (AGUILERA; MEIRA; FERREIRA,<br />

2004; FONSECA; MEIRA; CASALI, 2006), o que indica a complexidadede das secreções<br />

produzidas pelas estruturas secretoras.<br />

Contudo, as estruturas secretoras encontradas nos morfotipos de A. triplinervis neste estudo<br />

foram investigadas restritamente quanto à distribuição e anatomia, sendo necessárias futuras<br />

análises histoquímicas para o melhor conhecimento das principais classes de metabólitos que<br />

compõem o(s) exsudato(s) produzido(s) pelas mesmas.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 129<br />

a<br />

b<br />

c<br />

Figura 1a-c. Ayapana triplinervis. a) Vista geral do hábito (Branca); b-c) Ramos dos morfotipos branca e roxa,<br />

respectivamente. Escalas (a = 10 cm; b = 3,5 cm; c = 5,5 cm).


130 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

Figura 2a-f. Lâmina foliar e caule de Ayapana triplinervis. Branca (a, b, d-f) e roxa (c): a-c) Tricomas perolados<br />

(setas) em vista frontal (a) e em seção transversal da lâmina foliar (b-c); d-f) Tricoma capitado no caule (d) em<br />

seção transversal (e-f). Escalas (a = 40 µm; b = 60 µm; c = 10 µm; d = 50 µm; e = 30 µm; f = 30 µm).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 131<br />

a<br />

g<br />

h<br />

b<br />

c<br />

d e f<br />

Figura 3a-h. Lâmina foliar de Ayapana triplinervis. Branca (a-d, f-g); Roxa (b, e, h): a-c) Tricoma glandular<br />

digitiforme na superfície epidérmica; d-g) Ductos secretores (setas) em seção transversal no mesofilo (d),<br />

nervura central (e), margem (f) e por menor (g); h) Ducto em seção longitudinal. Escalas (a = 50 µm; b = 20 µm;<br />

c = 20 µm; d = 60 µm; e = 200 µm; f = 50 µm; g = 20 µm; h = 50 µm).


132 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

CONCLUSÃO<br />

As estruturas secretoras presentes no caule e folhas dos morfotipos branca e roxa de<br />

A. triplinervis foram identificadas como tricomas digitiforme, capitado curto e perolado, além<br />

de ductos. Em ambos os morfotipos analisados tais estruturas apresentaram semelhanças<br />

quanto à distribuição e anatomia. A ocorrência do tipo perolado destaca-se como uma importante<br />

característica, sendo este um registro inédito para Ayapana Spach.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Laboratório de Anatomia Vegetal (LAVEG) do Museu Paraense Emílio Goeldi pela<br />

infraestrutura; e à CAPES, pela bolsa concedida à primeira autora.<br />

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Aspectos morfológicos e anatômicos<br />

de duas espécies aromáticas conhecidas por beliscão<br />

[Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob.] e pataqueira<br />

(Conobea scoparioides Benth.) – Plantaginaceae<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara †<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Manoel Euclides do Nascimento<br />

Mara Jeanneth dos Santos Corrêa<br />

INTRODUÇÃO<br />

Plantaginaceae Juss. é constituída por cerca de 70 gêneros e 1.500 espécies (SOUZA; LORENZI,<br />

2008a). No Brasil ocorrem dois gêneros nativos com aproximadamente 10 espécies, com<br />

importância ornamental e medicinal (SOUZA; GIULLIETTE, 2009), as quais habitam áreas abertas,<br />

campos sulinos e áreas periodicamente inundadas da caatinga (SOUZA; LORENZI, 2008b).<br />

Tradicionalmente, esta família era constituída por três gêneros, mas, recentes estudos<br />

filogenéticos incluíram um grande número de gêneros antes pertencentes à Scrophulariaceae<br />

Juss., entre esses Bacopa Aubl. e Conobea Aubl. (JUDD et al., 2009; SOUZA, 2012).<br />

Dentre as plantas aromáticas nativas da Amazônia comercializadas na feira do Ver-o-Peso<br />

encontram-se Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob., conhecida por beliscão, e Conobea<br />

scoparioides Benth., por pataqueira; ambas são plantas aquáticas de áreas inundáveis, que<br />

recebem classificação ecológica por formas biológicas, conforme sua maior ou menor relação<br />

com a água (IRGANG; PEDRALLI; WAECHETER, 1994). Caracterizam-se por apresentarem<br />

variações biométricas e fenotípicas, que algumas vezes não possibilitam o reconhecimento<br />

das mesmas.<br />

Estas espécies são utilizadas com a mesma finalidade em vários municípios paraenses, seja<br />

como componente do famoso “Cheiro do Pará” ou no uso medicinal.<br />

Quanto à composição química do óleo essencial, um estudo com a parte aérea da<br />

B. monnierioides [citada como B. axillaris (Benth.) Standl.] comercializada no Ver-o-Peso revelou<br />

que os principais componentes desta planta são cânfora e metileugenol (ZOGHBI; ANDRADE,<br />

2006); e timol, metiltimol, α-felandreno e p-cimeno em C. scoparioides (MAIA; ZOGHBI;<br />

ANDRADE, 2000; REBELO et al., 2009).


136 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Na Amazônia, trabalhos que abordem a anatomia de espécies aquáticas ainda são restritos,<br />

por isso a seleção das espécies B. monnierioides e C. scoparioides se deu em função da<br />

importância de sua utilização na tradição paraense através de seus banhos de cheiro realizados<br />

em épocas de festejos juninos e do próprio “Cheiro do Pará”. Portanto, esta pesquisa teve por<br />

objetivo caracterizar as estruturas morfológicas e anatômicas das espécies B. monnierioides e<br />

C. scoparioides, como contribuição à identificação e melhor conhecimento dessas plantas<br />

aromáticas que geralmente são encontradas e vendidas estéreis na feira do Ver-o-Peso.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Coleta de material botânico para análise morfológica e anatômica<br />

A coleta das amostras de B. monnierioides e C. scopariodes foram realizadas nos municípios<br />

de Acará, Magalhães Barata e Melgaço, estado do Pará. Porém, apenas os indivíduos coletados<br />

em Melgaço foram encontrados férteis, sendo o material testemunho incorporado no Herbário<br />

MG, sob os registros MG 204.904 e MG 204.903, respectivamente.<br />

Quanto à relação com a água, B. monnierioides encontrava-se em substrato argiloso saturado<br />

de água ou emersa; e C. scopariodes como flutuante em matupá (ilhas flutuantes), emersa e em<br />

substrato arenoso.<br />

A descrição morfológica foi realizada utilizando partes vegetativas de cinco indivíduos de cada<br />

espécie. Para o estudo anatômico foram utilizadas folhas e segmentos de entrenós da porção<br />

mediana (3º a 5º nós, a partir da porção apical), os quais foram fixados em FAA (formaldeído,<br />

ácido acético e etanol 70%) por 24 horas (JOHANSEN, 1940), sob vácuo, conservados em álcool<br />

etílico 70% GL, seccionados à mão, corados com azul de astra e fucsina básica (BRAGA, 1977)<br />

e montados em glicerina diluída (1:1 v/v).<br />

A dissociação da epiderme foi realizada em solução de peróxido de hidrogênio e ácido acético<br />

1:1 (v/v) (FRANKLIN, 1945; modificado). Para evidenciar lipídios totais nas estruturas secretoras<br />

aplicou-se o teste microquímico com Preto Sudão B (PEARSE, 1985).<br />

As fotomicrográfias foram realizadas com auxílio de câmera fotográfica digital Canon acoplada<br />

em microscópio Zeiss, modelo Axiolab e as demais imagens por meio de câmera digital Sony<br />

Cyber-shot 7.0 megapixel.<br />

Os termos morfológicos utilizados estão de acordo com Souza e Giulliette (2009) e os estruturais<br />

de acordo com Rocha et al. (2002).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 137<br />

RESULTADOS<br />

Aspectos morfológicos<br />

Bacopa monnierioides conhecida por beliscã, é uma erva anfíbia, semiprostrada, com 12 a<br />

30 cm de altura. Caule cilíndrico, ramificado ou não, espaçadamente piloso a densamente<br />

piloso, e entrenós com 4 a 6 cm de comprimento. Folhas opostas cruzadas, com 0,7 mm a<br />

2,7 cm de comprimento e 0,2 a 0,8 mm de largura, sésseis, oblongas, margens espaçadamente<br />

serrilhadas, lâmina foliar com numerosos pontos translúcidos em ambas as faces. Flores<br />

axilares, solitárias, pentâmera, gamopétala, pediceladas, lilases, com estames excertos na<br />

corola (Figura 1a-b; Figura 2a-b) (Tabela 1).<br />

Conobea scoparioides conhecida por conobeia é uma erva ereta, anfíbia, com cerca de 40 cm<br />

de altura. Caule quadrangular com arestas angulosas, glabro. Folhas opostas cruzadas com<br />

3-10 cm de comprimento e 0,3 -1,9 mm de largura, sésseis, com base decurrente, oblanceoladas,<br />

margens serrilhadas, superfície da lâmina foliar com numerosos pontos translúcidos,<br />

especialmente na face adaxial. Flores axilares, solitárias, pentâmera, gamopétala, pediceladas,<br />

lilases, com estames inclusos na corola (Figura 1c-e) (Tabela 1).<br />

Aspectos anatômicos<br />

FOLHA<br />

Lâmina foliar – a epiderme foliar, em vista frontal de B. monnierioides e C. scoparioides, apresenta<br />

tanto na face adaxial quanto na abaxial (Figura 3a-b), células de paredes anticlinais onduladas,<br />

cutícula estriada (Figura 3c), estômatos diacíticos (Figura 3d), anomocíticos (Figura 3e) e<br />

tetracíticos (Figura 3f), além de tricomas glandulares peltados com quatro células na cabeça<br />

glandular (Figura 3a-b).<br />

O mesofilo das espécies em estudo, em seção transversal, é dorsiventral (Figura 4a-b). As<br />

faces da superfície, adaxial e abaxial, exibem células de variados tamanhos e cobertas por<br />

uma cutícula delgada. Adjacente à superfície adaxial, ocorre uma camada de parênquima<br />

paliçádico e 5-6 camadas de parênquima esponjoso, ambos contendo inúmeras gotículas<br />

em B. monnierioides (Figura 4a-c) de natureza lipídica, conforme o teste com Preto Sudão<br />

B (Figura 4f).<br />

Conobea scoparioides apresenta o mesofilo com duas camadas de parênquima paliçádico e<br />

4-5 camadas de parênquima esponjoso (Figura 4b). As folhas são anfiestomáticas, em seção


138 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

transversal, os estômatos encontram-se dispostos no nível das demais células epidérmicas da<br />

face adaxial, porém na face abaxial de C. scoparioides estão elevados em relação às mesmas<br />

(Figura 4b). Os tricomas glandulares estão localizados em depressões na superfície de ambas<br />

as faces da lâmina foliar das espécies avaliadas (Figura 4a-b). Estas estruturas glandulares são<br />

constituídas por uma célula basal, uma célula peduncular curta e quatro células na cabeça<br />

glandular (Figura 4d-e), cujo conteúdo reagiu positivamente para lipídios (Figura 4g).<br />

Feixes vasculares colaterais de pequeno calibre encontram-se distribuídos ao logo do mesofilo<br />

e envolvidos por uma bainha parenquimática (Figura 4c).<br />

A nervura central, em seção transversal, apresenta-se levemente côncava na face adaxial de<br />

B. monnierioides (Figura 5a) e côncavo-convexo em C. scoparioides (Figura 5b). O tecido de<br />

revestimento exibe características semelhantes às descritas para o restante da folha.<br />

Subsequente a esta, observa-se a região cortical, a qual é formada por células de diferentes<br />

dimensões e espaços intercelulares conspícuos (Figura 5c). O feixe vascular é do tipo colateral<br />

concêntrico em B. monnierioides (Figura 5d) e arco em C. scoparioides (Figura 5e). A margem<br />

é plana em B. monnierioides (Figura 5f) e revoluta em C. scoparioides (Figura 5g).<br />

CAULE<br />

Em seção transversal, o caule apresenta forma circular em B. monnierioides (Figura 6a) e<br />

quadrangular em C. scoparioides (Figura 6b). Ambos são revestidos por uma epiderme<br />

unisseriada, cutícula estriada, paredes anticlinais onduladas, bem como tricomas glandulares<br />

pluricelulares peltados em depressões na superfície, semelhantes aos observados na lâmina<br />

foliar. Estes apêndices glandulares são constituídos por uma célula basal, uma célula peduncular<br />

e quatro células na cabeça, além de tricomas tectores pluricelulares, unisseriados com cutícula<br />

estriada apenas em B. monnierioides (Figura 6a).<br />

A região cortical de ambas as espécies é formada por apenas uma camada uniforme (unisseriada)<br />

de aerênquima em B. monnierioides (Figura 6a,c) e várias camadas (pluriestratificada) de<br />

tamanhos distintos em C. scoparioides (Figura 6b,d). As células que constituem os septos dos<br />

aerênquimas de ambas as espécies estudadas apresentam espessamento lignificado, que ocorre<br />

desde a camada subepidérmica até a camada adjacente à endoderme, em um arranjo linear<br />

em B. monnierioides (Figura 6c) e ramificado em C. scoparioides (Figura 6d), sendo este o<br />

primeiro registro de ocorrência para um representante de Conobea. Grãos de amido também<br />

ocorrem na região periférica e medular deste órgão, respectivamente.<br />

O cilindro vascular exibe crescimento secundário inicial nas duas espécies em estudo, com<br />

câmbio ativo produzindo floema para fora e xilema para dentro (Figura 6e-f), delimitando a


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 139<br />

região medular, que é constituída por células parenquimáticas circulares com espaços<br />

intercelulares conspícuos.<br />

Tabela 1. Características morfológicas e anatômicas diagnósticas de Bacopa monnierioides e Conobea scoparioides,<br />

nos municípios do Acará, Magalhães Barata e Melgaço, estado do Pará.<br />

Espécies B. monnierioides C. scoparioides<br />

CARACTERES MORFOLÓGICOS<br />

Caule cilíndrico quadrangular<br />

Indumento no caule piloso glabro<br />

Forma das folhas oblongas oblongo lanceoladas<br />

Pecíolo séssil séssil<br />

Margem foliar espaçadamente serrilhada serrilhadas<br />

Pontos translúcidos na lâmina foliar presente presente<br />

Posição dos estames na corola excertos inclusos<br />

CARACTERES ANATÔMICOS<br />

Mesofilo<br />

Camadas de parênquima paliçádico 1 2<br />

Camadas de parênquima esponjoso 5-6 4-5<br />

Gotículas de lipídeos presente ausente<br />

Tricoma glandular peltado presente presente<br />

Nervura central plana côncavo-convexa<br />

Margem plana revoluta<br />

Caule<br />

Tricomas tectores presente ausente<br />

Tricomas glandulares presentes presentes<br />

Aerênquima unisseriado pluriestratificado<br />

Espessamento em Fi nas células dos septos dos aerênquimas linear ramificado<br />

DISCUSSÃO<br />

As espécies B. monnierioides e C. scoparioides, conhecidas por beliscão e pataqueira, apresentaram<br />

características morfológicas conservativas à Bacopa Aubl. e Conobea Aubl., respectivamente<br />

(SOUZA; GIULLIETTE, 2009; CHRISTENHUSZ, 2011). Contudo, foram observados caracteres<br />

específicos para ambos os táxons, os quais foram discriminados na Tabela 1.<br />

As espécies avaliadas são plantas aquáticas de áreas inundáveis, comercializadas geralmente<br />

estéreis. Estas podem ser encontradas em solos saturados de água e como flutuantes em matupá<br />

(conjunto de plantas formando ilhas flutuantes), nas margens de rios e igarapés de águas pretas,<br />

brancas (barrenta) e cristalinas (SIOLI; KLINGER, 1962).


140 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

d<br />

c<br />

e<br />

Figura 1a-e. Caracteres morfológicos de espécies conhecidas por beliscão e pataqueira. Bacopa monnierioides<br />

(a,b) e Conobea scoparioides (c, d, e): a-b) Caule cilíndrico piloso (seta), folhas opostas cruzadas, evidenciando<br />

pontos translúcidos na face adaxial (a), margem espaçadamente denteada e flor axilar com estames excertos (b),<br />

notar mais de um botão floral na axila da folha (detalhe à esquerda); c) Caule quadrangular glabro;<br />

d) Detalhe da lâmina foliar evidenciando pontos translúcidos na face abaxial e margem serrilhada; e) Flor axilar,<br />

pedicelada com estames inclusos na corola. Barras: a = 6 cm, b = 3 cm , c = 25 cm, d = 5 cm, e = 2 cm.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 141<br />

a<br />

b<br />

Figura 2a-b. Aspecto morfológico de indivíduos emersos e estéreis de Bacopa monnierioides em diferentes<br />

tipos de água: a) Em água preta, evidenciando caule cilíndrico, não ramificado, entrenós curtos e densamente<br />

pilosos; b) Em água cristalina, evidenciando, caule cilíndrico, ramificado, entrenós longos e espaçadamente<br />

piloso. Barras: 1 cm.


142 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

Figura 3a-f. Superfície foliar de espécies conhecidas por beliscão e pataqueira. Bacopa monnierioides (a, d) e<br />

Conobea scoparioides (b, c, e, f): a-b) Superfície abaxial de B. monnierioides (a) e de C. scoparioides (b), notar<br />

tricomas glandulares peltados; c) Cutícula estriada; d) Estômato diacítico; e) Estômatos anomocíticos;<br />

f) Estômato tetracítico. tg: tricoma glandular. Barras: a-b= 40 µm, c-f= 20 µm.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 143<br />

a<br />

b<br />

c<br />

f<br />

d<br />

e<br />

g<br />

Figura 4a-g. Anatomia do mesofilo de espécies conhecidas por beliscão e pataqueira. Bacopa monnierioides (a,<br />

c, d, f) e Conobea scoparioides (b, e, g): a-b) Vista geral do mesofilo dorsiventral; notar tricomas glandulares<br />

(setas), gotículas (a) (seta) e estômato acima do nível epidérmico na face abaxial (b); c) Detalhe do feixe<br />

colateral e das gotículas no mesofilo (seta); d-e) Detalhe do tricoma glandular peltado; f-g) Reação positiva<br />

para lipídios totais nas gotículas (f) e no tricoma glandular peltado (g). bp: bainha parenquimática, cb: célula<br />

basal, cc: célula colar, cg: cabeça glandular, cs: câmara subestômática, eb: epiderme abaxial, ed: epiderme<br />

adaxial, fb: fibra, fl: floema, fv: feixe vascular, pp: parênquima paliçádico, pl: parênquima lacunoso, px; protoxilema:<br />

xilema. Barras: a-b = 150 µm; c-g = 20 µm.


144 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c d e<br />

f<br />

g<br />

Figura 5a-g. Anatomia da nervura central e margem de espécies conhecidas por beliscão e pataqueira. Bacopa<br />

monnierioides (a, d, f) e Conobea scoparioides (b, c, e, f): a-b) Aspecto geral da nervura central; c) Detalhe da<br />

região ventral da nervura central; d-e) Feixe vascular colateral concêntrico (d) e em arco (e); f-g) Margem reta<br />

(f), notar gotículas (seta) e revoluta (g), respectivamente. eb: epiderme abaxial, ed: epiderme adaxial,<br />

Ei: espaço intercelular, ep: epiderme, cx: córtex, pp: parênquima paliçádico, pl: parênquima lacunoso, fb: fibra,<br />

fl: floema, fv: feixe vascular, tg: tricoma glandular, xi: xilema. Barras: a-b = 150 µm; c-e= 50 µm; f-g = 20 µm.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 145<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

Figura 6a-f. Anatomia do caule das espécies conhecidas por beliscão e pataqueira. Bacopa monnierioides<br />

(a, c, e) e Conobea scoparioides (b, d, f), respectivamente: a-b) Aspecto geral; c-d) Detalhe da região periférica,<br />

evidenciando septos do aerênquima com espessamento em fi, em arranjo linear (c) e ramificado, evidenciado no<br />

detalhe superior à esquerda (d); e-f) Cilindro vascular exibindo crescimento secundário inicial (asterisco).<br />

Ae: aerênquima, en: endoderme, ep: epiderme, fi: espessamento em fi, cx: córtex, fl: floema, M: medula, sv:<br />

sistema vascular, tg: tricoma glandular, tc: tricoma tector, xi: xilema. Barras: a-b= 200 µm; c-d= 50 µm; e-f= 30 µm.


146 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

As variações biométricas e fenotípicas constatadas no beliscão (Figura 2a-b) são comuns em<br />

plantas aquáticas e provavelmente estão relacionadas a fatores ambientais, como diferentes<br />

níveis de inundação do substrato, tipos de substrato e de água e sombreamento. Esteves (1988)<br />

enfatizou que as plantas aquáticas sempre apresentaram grande dificuldade para os<br />

taxonomistas e, no passado, as variações biométricas eram o principal motivo para o grande<br />

número de sinonímias.<br />

Com relação aos caracteres anatômicos, estas espécies apresentaram pouca similaridade<br />

estrutural (Tabela 1). No entanto, B. monnierioides e C. scoparioides exibiram os mesmos tipos<br />

de estômatos na lâmina foliar: diácitico, anomocítico e teracítico. Segundo Meltcalfe e Chalk<br />

(1950), esses tipos de apêndices são comumente encontrados em representantes de<br />

Plantaginaceae. Contudo, Rocha et al. (2002) observaram apenas o anomocítico em Plantago<br />

major e P. australis (Plantaginaceae).<br />

Quanto aos tricomas, foram observados os tipos tector e glandular (peltado). Porém, os tricomas<br />

tectores foram observados apenas em B. monnierioides, enquanto os tricomas glandulares peltados<br />

ocorrem tanto na superfície caulinar quanto em ambas as faces da lâmina foliar das duas espécies<br />

estudadas, semelhante ao observado por Rocha et al. (2002) em espécies de Plantago L.<br />

Rocha et al. (2002), ao realizarem testes histoquímicos nos tricomas glandulares (capitados)<br />

presentes na lâmina foliar de Plantago major e P. australis constataram que essas glândulas<br />

possuem compostos mucilaginosos, fenólicos e lipídicos, que justificam a indicação<br />

terapêutica dessas espécies na fitoterapia popular como anti-inflamatórios e cicatrizantes.<br />

No entanto, para B. monnierioides e C. scoparioides, o que se sabe é que o conteúdo dos<br />

tricomas glandulares peltados encontrados nas folhas e caules é de natureza lipídica, conforme<br />

o teste com Preto Sudão B, incluindo as gotículas observadas no mesofilo de B. monnierioides.<br />

Ademais, essas estruturas são as responsáveis pelo armazenamento das substâncias<br />

aromáticas exaladas por essas espécies, as quais são largamente utilizadas em banhos de<br />

cheiro em época de festejos juninos.<br />

De acordo com Potiguara et al. (2012), a natureza química do material secretado, juntamente<br />

com a morfologia, poderão contribuir para a compreensão do exato papel dessas estruturas,<br />

bem como a função do produto secretado pela planta.<br />

O mesofilo do tipo isobilateral e dorsiventral, bem como homogêneo, são comumente<br />

observados em folhas de espécies de Plantaginaceae (SOLEREDER, 1908), sendo o tipo<br />

dorsiventral comum para as duas espécies em estudo.<br />

A ocorrência do espessamento em Fi, nas células dos septos que formam os aerênquimas do<br />

caule de B. monnierioides e C. scoparioides é um registro inédito para um representante de


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 147<br />

Conobea e para o caule de B. monnierioides. Entretanto, essa estrutura já foi observada nas<br />

raízes de Bacopa salzmannii e B. monnierioides (BONA; MORRETES, 2003) e em raízes de<br />

espécies de Araucariaceae Henkel & W. Hochst., Taxodiaceae Saporta, Cupressaceae Gray,<br />

Rosaceae Juss., Geraniaceae Juss., Berberidaceae Juss. e Sapindaceae Juss. (CASTRO; PEREIRA;<br />

PAIVA, 2009).<br />

O espessamento em Fi é uma denominação dada a um tipo de espessamento ou modificações<br />

que ocorrem nas paredes celulares (CASTRO; PEREIRA; PAIVA, 2009; MELO, 2011).<br />

Os resultados das pesquisas sobre o espessamento em Fi é bastante controverso, podendo atuar<br />

tanto como uma estrutura de suporte mecânico, contribuindo para integridade e funcionalidade<br />

das raízes, mesmo antes da diferenciação de outros tecidos que podem participar na sustentação<br />

mecânica, quanto ainda ter um papel fisiológico de seletividade em relação ao movimento<br />

apoplástico de íons na raiz (MELO, 2011). No entanto, para Castro, Pereira e Paiva (2009), a<br />

formação do espessamento em Fi em raízes é fortemente influenciada por fatores ambientais<br />

como solos compactados ou que impõem dificuldades de penetração, solos alcalinos, com muitos<br />

metais pesados, com muitos sais ou locais sujeitos a infecção por fungos micorrízicos.<br />

Neste estudo, o espaçamento em Fi observado nos caules de B. monnierioides e C. scoparioides<br />

reforça a função de sustentação mecânica, tendo em vista que ambas são plantas aquáticas<br />

emersas, as quais necessitam de um reforço estrutural, porém serão necessários estudos<br />

complementares para confirmar esta hipótese.<br />

Com relação aos feixes vasculares, Rocha et al. (2002) ao estudarem a anatomia de Plantago<br />

major e P. australis verificaram ao longo de toda a folha a ocorrência de fibras pericíclicas de<br />

paredes celulósicas associadas ao floema e ao xilema, além de uma endoderme conspícua<br />

circundando os vasos. Contudo, a presença de fibras pericíclicas não foi observada ao redor dos<br />

feixes vasculares das espécies em estudo, sendo evidente apenas uma bainha parenquimática<br />

que circunda o feixe vascular, além de poucas células esclerificadas sobre o floema.<br />

CONCLUSÃO<br />

As espécies conhecidas como besliscão e pataqueira, comercializadas estéreis na feira do<br />

Ver-o-Peso, podem ser identificadas morfologicamente pela forma e presença de indumentos<br />

no caule, forma e margem das folhas; e anatomicamente pelo número de camadas do<br />

parênquima paliçádico, estrutura da nervura central e margem foliar, número de camadas<br />

de aerênquima no caule, forma de deposição do espessamento em Fi e presença de tricomas<br />

tectores e gotículas lipídicas.


148 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Ressalta-se ainda a ocorrência do espessamento em Fi nos caules das espécies em estudo,<br />

como uma importante contribuição para a ampliação do entendimento do papel funcional em<br />

espécies aquáticas dos gêneros Bacopa e Conobea.<br />

A utilização do besliscão e da pataqueira nos banhos de cheiro deve-se à semelhança dos<br />

aromas exalados pelas substâncias lipídicas armazenadas nos tricomas glandulares peltados e<br />

pelas gotículas presentes apenas no beliscão.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As pesquisadoras bolsistas do MPEG, Denise Cunha e Darley Leal, pela coleta de material botânico<br />

fértil em Caxiuanã, Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn) e aos funcionários do Herbário<br />

MG, Luis Carlos B. Lobato, pelas coletas em vários municípios paraenses, e ao Dr. Elielson Rocha,<br />

pela identificação das espécies.<br />

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Res. v. 18, n. 2, p. 142-143, 2006.


Contribuição ao conhecimento anatômico dos órgãos vegetativos<br />

do patchuli [Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty] na Amazônia<br />

Manoel Euclides do Nascimento<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

INTRODUÇÃO<br />

Chrysopogom zizanioides (L.) Roberty (Poaceae), anteriormente denominada como Vetiveria<br />

zizanioides (L.) Nash ex Small, é popularmente conhecida no estado do Pará por patchuli. Outros<br />

nomes populares atribuídos à espécie são capim-vetiver, capim-de-cheiro, grama-cheirosa,<br />

grama-das-índias e raiz-de-cheiro. É uma planta com diversas indicações medicinais e<br />

cosméticas, e o óleo obtido da sua raiz é usado como fixador de perfumes devido à lenta<br />

evaporação do mesmo quando aplicado na pele (NRC, 1993). Os principais produtores do óleo<br />

são a Índia, Java e Haiti (NRC, 1993)<br />

Chrysopogon zizanioides é nativa do subcontinente indiano e ocorre no Paquistão, Sri Lanka,<br />

Indochina, Mianmar e Tailândia, sendo vastamente cultivada na Indonésia, Índias Ocidentais,<br />

África e Polinésia (USDA, 2004). É comum nas ilhas do arquipélago Malay, Ceilão, nas ilhas do<br />

oceano Índico, Antilhas, Jamaica e Nova Caledônia (PARRY, 1918). Introduzida no Brasil (RIZZINI;<br />

MORS, 1976), e conhecida por se adaptar a diversos tipos de solo e umidade (FONSECA, 1927),<br />

é encontrada desde o Amazonas até São Paulo (CRUZ; COSTA, 1938), sendo subespontânea<br />

nas praias da Ilha do Marajó (CORRÊA, 1984). No Brasil, sua produção vem aumentando, uma<br />

vez que essa espécie tem considerável valor econômico, com múltiplos usos comerciais e<br />

aplicações industriais, bem como na proteção ambiental, evitando a erosão do solo.<br />

Na Amazônia, nas últimas décadas, muitas pesquisas vêm sendo realizadas com espécies<br />

aromáticas, nativas e exóticas. Dentre essas, o patchuli é digno de destaque, por tratar-se de<br />

uma planta facilmente cultivada, cujas raízes são utilizadas após secagem, para aromatizarem<br />

ambientes; em infusão, juntamente com outras ervas, compõem o “Cheiro cheiroso do Pará”<br />

(OLIVEIRA et al., 1991), ou usado na forma de pó (sachets) para aromatizar armários, gavetas e<br />

afugentar os insetos (RODRIGUES, 1986).<br />

Essa espécie possui dois tipos: um selvagem, que ocorre no Norte da Índia, com raízes curtas e<br />

que floresce regularmente e produz sementes férteis e pode se tornar uma praga; o outro tipo<br />

ocorre no Sul da Índia, parecendo ser uma seleção do tipo selvagem que não floresce, não produz<br />

sementes férteis e é cultivado há séculos nos trópicos de forma vegetativa. O sistema de raízes é<br />

mais profundo e, como a planta não cria estolhos, não é uma planta invasiva e o seu cultivo


152 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

torna-se controlável. Por esse caráter, essa espécie tem sido muito utilizada na Índia para delimitar<br />

terrenos. Entretanto, em virtude de destacado crescimento vertical atingindo camadas profundas<br />

do solo, tem um importante papel ecológico, que justifica a preferência do seu uso para a contenção<br />

do solo, especialmente em áreas de praias e encostas (NRC, 1993).<br />

Por se tratar de uma espécie com grande importância econômica, muitos estudos já foram<br />

realizados, sobretudo em nível morfológico e de cultivo, porém ainda são muito incipientes os<br />

conhecimentos acerca da organização anatômica geral dos seus diferentes órgãos vegetativos,<br />

especialmente nos espécimes que ocorrem em ambientes de terra firme, sobretudo nas raízes<br />

adventícias, de onde se obtém o óleo essencial.<br />

Para contribuir com mais informações sobre o patchuli e auxiliar no desenvolvimento de<br />

outras técnicas de extração do óleo essencial, bem como subsidiar estudos posteriores em<br />

áreas afins, o objetivo deste trabalho foi descrever as estruturas anatômicas dos órgãos<br />

vegetativos e identificar nas raízes as estruturas secretoras, por ser o órgão produtor de<br />

aroma e de maior interesse comercial.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A amostra botânica de C. zizanioides foi coletada na Ilha de Mosqueiro-PA, na praia do Chapéu<br />

Virado, em substrato arenoso não inundável. Foram coletadas folhas do quinto nó, caule aéreo e<br />

subterrâneo e raízes adventícias com cerca de 50 cm de comprimento. O material para estudo<br />

anatômico foi processado sob duas formas: preservado em condições ambientais umedecidas<br />

(amostras frescas), e foi imediatamente levado ao laboratório de botânica da Universidade Federal<br />

Rural da Amazônia (UFRA) para a realização de testes histoquímicos. A outra parte foi fixada em<br />

FAA (formaldeído, ácido acético e álcool etílico 70% GL) por 24 horas, conservada em álcool<br />

etílico 70% GL, secionada à mão, clarificada no hipoclorito de sódio a 5% aquoso, por dez minutos,<br />

seguindo-se a coloração com azul de astra a 0,5% aquoso por dois minutos e safranina 1% aquosa<br />

por um minuto (JOHANSEN, 1940) e montada em glicerina diluída (1:3 v/v).<br />

A dissociação da epiderme foliar foi realizada com amostras da região mediana da nervura<br />

central em mistura de Jeffrey (JOHANSEN, 1940) com modificações durante 24 horas,<br />

(substituindo o ácido crômico pelo óxido crômico).<br />

Os testes histoquímicos foram realizados em seções a fresco nas células do mesofilo e do<br />

tecido parenquimático do caule e das raízes, com os reagentes sudam III e preto de Sudão B<br />

para lipídeos (PEARSE, 1985), lugol para amido e vermelho de ruthênio para pectinas; a presença<br />

de grãos de sílica sobre as faces epidérmicas foi detectada com azul de metileno e as células<br />

suberizadas com sudam III (JOHANSEN, 1940).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 153<br />

As fotomicrografias foram obtidas através de máquina fotográfica digital Canon acoplada em<br />

microscópio Zeiss, modelo Axiolab e as fotografias com máquina digital Sony modelo 1080.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Superfície foliar<br />

Na superfície epidérmica adaxial ocorrem tricomas secretores saculiformes ainda não citados<br />

para C. zizanioides. Estes tricomas são formados por duas células: uma basal de conteúdo mais<br />

denso e a outra apical mais dilatada (Figura 1a-b).<br />

As superfícies adaxial e abaxial são formadas por diferentes tipos celulares, como células<br />

suberizadas, células silicosas, células epidérmicas e seguindo o padrão comum da família<br />

Poaceae. Os estômatos são do tipo halteres, dispostos em fileiras no sentido longitudinal (Figura<br />

1a-d). As células epidérmicas da face adaxial são mais alongadas e com paredes fortemente<br />

onduladas, mais espessadas quando comparadas às células da face abaxial. As células contendo<br />

sílica e células suberizadas são comprimidas no sentido longitudinal e mais frequentes sobre<br />

as nervuras (Figura 1c-d).<br />

As superfícies epidérmicas adaxial e abaxial da folha apresentam em sua constituição células<br />

suberizadas, células silicosas e estômáticas, que seguem o padrão comum da família Poaceae.<br />

Os estômatos são do tipo halteres, dispostos em fileiras no sentido longitudinal (Figura 1a-d).<br />

As células epidérmicas da face adaxial são mais alongadas e com paredes onduladas fortemente<br />

espessadas quando comparadas às células da face abaxial. As células suberizadas e as que<br />

contêm sílica são comprimidas no sentido longitudinal e mais frequentes sobre as nervuras<br />

(Figura 1c-d).<br />

Na superfície epidérmica adaxial ocorrem tricomas secretores saculiformes ainda não citados<br />

para C. zizanioides. Estes tricomas são formados por duas células: uma basal de conteúdo mais<br />

denso e a outra apical mais dilatada (Figura 1a-b).<br />

Os estômatos da face abaxial são mais arredondados, apresentam eixo equatorial maior e são<br />

mais abundantes quando comparados à face adaxial, cujo formato é mais elipsoide. A folha é<br />

anfiestomática e em ambas as faces os estômatos estão distribuídos entre as nervuras (Figura<br />

1c-d). Esses dados confirmam os já existentes na literatura para o gênero Vetiveria (BERG,<br />

1984), bem como os estudos conduzidos por Metcalfe e Chalk (1950) e Bertea et al. (2001). A<br />

presença de tricomas na face adaxial e de estômatos em ambas as faces epidérmicas, observadas<br />

no presente trabalho, não são referenciadas por Bertea et al. (2001).


154 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

50µm 20µm<br />

c<br />

d<br />

20µm 20µm<br />

Figura 1a-d. Vista frontal da epiderme foliar de Chrysopogon zizanioides: a) Vista geral da face adaxial; b) Face<br />

adaxial com detalhe do tricoma tector – Tt, do tricoma secretor – Ts e do estômato – E; c) Detalhe da face<br />

adaxial destacando células suberizadas – Cs (setas), grãos de sílica – Gs (setas); d) Detalhe da face abaxial<br />

destacando grãos de sílica – Gs e estômatos – E.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 155<br />

Mesofilo<br />

A folha em corte transversal, ao nível da nervura central, revela o limbo foliar em formato<br />

de “V”, onde as duas faces do limbo foliar formam um ângulo de aproximadamente 30<br />

graus (Figura 2a). A face adaxial e abaxial da epiderme é uniestratificada e recoberta por<br />

uma cutícula que se invagina entre as paredes anticlinais das células epidérmicas e reforçam<br />

o referido órgão, provavelmente contra a evapotranspiração excessiva dos tecidos internos<br />

(Figura 2b). Na face adaxial os tricomas tectores de variados tamanhos e os secretores são<br />

abundantes e de ocorrência regular em todas as folhas observadas, e estão mais<br />

concentrados próximo à margem foliar (Figura 2b), caráter não descrito por Bertea et al.<br />

(2001) para a esta espécie.<br />

De acordo com Bertea et al. (2001) é possível diferenciar no mesofilo os parênquimas<br />

paliçádico e esponjoso, ambos subjacentes apenas à face abaxial. Porém, neste trabalho<br />

não foi observada tal diferenciação, uma vez que o mesofilo encontra-se constituído por<br />

um parênquima fundamental formado por células arredondadas heterodimensionais,<br />

dispostas em duas estreitas faixas de células subjacentes às duas faces epidérmicas e<br />

intercaladas por grandes aerênquimas (Figura 2c). Possivelmente os autores acima relataram<br />

tal diferenciação pela distinção de uma camada de células próxima aos feixes vasculares,<br />

destacada pela presença de cloroplastos no seu interior. Tais resultados, bem como a<br />

formação de grandes aerênquimas são comuns à família Poaceae e característicos de<br />

espécies hidromórficas (ESAU, 1974).<br />

A nervura central, em seção transversal, destaca-se pela presença de um feixe vascular,<br />

medianamente situado e adjacente à face abaxial da epiderme, além de ser maior, quando<br />

comparado aos demais feixes vasculares do mesofilo (Figura 2a). De acordo com Bertea et<br />

al. (2001), as células buliformes estão confinadas a superfície adaxial da nervura central,<br />

caráter não visualizado no material analisado (Figura 2a), possivelmente por se tratar de<br />

espécimes desenvolvidos em ambiente com bom suprimento hídrico. Entretanto, neste<br />

trabalho, na face adaxial verifica-se a presença de células epidérmicas, coradas mais<br />

intensamente no azul de astra, localizadas na direção de cada aerênquima, cuja presença é<br />

mais frequente à medida que se distancia da nervura central, possivelmente devem tratarse<br />

de células buliformes. Embora tais células estejam relacionadas à função motora devido<br />

à turgescência, promovendo o enrolamento e desenrolamento da lâmina foliar (ESAU, 1974),<br />

as mesmas não estão bem caracterizadas na espécie em estudo, possivelmente em função<br />

do ambiente ter bom suprimento hídrico (Figura 2a).


156 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Para cada lado da nervura central, as duas metades do limbo foliar são ligeiramente simétricas,<br />

caráter claramente evidenciado pela alternância dos aerênquimas com os feixes vasculares.<br />

Esses feixes estão posicionados no mesofilo adjacentes à face abaxial e são de diferentes<br />

tamanhos: os feixes menores se localizam na direção dos aerênquimas, já os maiores formam<br />

várias camadas de esclerênquima, caracterizando bainhas de extensão em direção à face<br />

abaxial e uma sobreposição de células parenquimáticas em direção à face adaxial, constituindo<br />

estruturas semelhantes a colunas, que são alternadas transversalmente por grandes<br />

aerênquimas (Figura 2a, c).<br />

O mesofilo é predominantemente ocupado por aerênquimas que, de acordo com Bertea et<br />

al. (2001), são de origem lisígena, formados pela lise de células do mesofilo, permanecendo<br />

apenas as células próximas aos feixes vasculares (Figura 2a, c). Vale ressaltar que nas margens<br />

foliares a formação dos aerênquimas deve-se a dois fatores: o afastamento das células e o<br />

subsequente rompimento de suas paredes, iniciando a formação dessas grandes cavidades<br />

aeríferas (Figura 2b).<br />

Os feixes vasculares do mesofilo são de diferentes tamanhos; os maiores são formados por<br />

um agrupamento de células do floema envolvidos por uma coroa de fibras que se estende<br />

até a face abaxial da folha. Em direção oposta ocorrem grandes elementos de vasos, formando<br />

o xilema, sendo todo esse feixe envolvido parcialmente por células contendo grãos de amido<br />

e cloroplastos, possivelmente envolvidos na atividade fotossintética (Figura 2d). Essa estrutura<br />

vascular envolvida por uma bainha amilífera caracteriza anatomicamente uma bainha Kranz,<br />

comuns nas Poaceae de ambiente xéricos, denominadas, dessa forma, plantas do tipo C4.<br />

Essa espécie também parece estar adaptada a diversas condições climáticas das regiões<br />

temperadas, por conservar altas atividades enzimáticas e baixo ponto de compensação de<br />

CO2 (BERTEA et al., 2001).<br />

Caule<br />

O caule apresenta uma porção aérea e outra rizomatosa. A parte aérea apresenta um padrão<br />

comum às monocotiledôneas com feixes vasculares atactostélicos. Porém, a parte subterrânea<br />

constitui-se por tecidos diferenciados, dando origem às raízes, destacando a presença de<br />

endoderme e aerênquimas bem evidentes.<br />

O caule é revestido por uma epiderme uniestratificada, formada por células levemente alongadas<br />

no sentido radial, com paredes anticlinais espessadas (Figura 3a-b). O tecido subjacente é formado<br />

por seis a oito camadas de células em fase inicial de esclerificação (Figura 3b). Anexo a este,


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 157<br />

verifica-se a presença de um tecido parenquimático constituído por células arredondadas e<br />

heterodimensionais, contendo grãos de amido (Figura 3b). Delimitando uma região central,<br />

ainda em vista transversal, os feixes vasculares com suas bainhas de esclerênquima estão<br />

dispostos de forma justapostas na parte mais periférica, e mais dispersos na parte central do<br />

caule, caráter muito peculiar à família Poaceae (Figura 3c). Os feixes vasculares encontramse<br />

envolvidos por uma a três camadas de células mais claras, constituindo possivelmente<br />

uma bainha pericíclica de onde se formam os elementos do xilema, do floema e as fibras<br />

pericícliclas (Figura 3d). Os feixes maiores encontram-se constituídos por um agrupamento<br />

de elementos do floema na parte central do feixe e contornando o protoxilema. O xilema<br />

dispõe-se em três polos no formato de “T”, com uma bainha bem volumosa de fibras<br />

contornando o floema em direção à parte externa, e formando uma a duas camadas em<br />

direção à parte central do órgão (Figura 3d).<br />

Na camada mais periférica do caule, em seção transversal, também observou-se a<br />

diferenciação da região meristemática do primórdio foliar (Figura 4a-b).<br />

A parte subterrânea do caule caracteriza-se por apresentar a emissão de raízes adventícias.<br />

Observa-se uma epiderme uniestratificada, com células levemente alongadas no sentido<br />

radial e de paredes lignificadas. Na região subepidérmica destaca-se um tecido esclerificado<br />

constituído por 8 a 12 camadas de células, conferindo uma conformação ondulada em<br />

determinados pontos desse tecido (Figura 5a-b). A região cortical é formada por células do<br />

parênquima fundamental, onde em determinadas regiões ocorre a lise dessas células,<br />

formando aerênquimas (Figura 5a-b). Esses são limitados externamente por um tecido<br />

esclerificado e internamente por uma endoderme com paredes internas mais espessadas, e<br />

esporadicamente intercaladas por células de passagem (Figura 5b, d).<br />

As raízes adventícias originadas do caule subterrâneo (Figura 5c), quando observadas em<br />

secção transversal, revelam uma epiderme uniestratificada, com pelos absorventes<br />

unicelulares muito alongados e abundantes, entre os quais podem ser visualizadas células<br />

mortas em descamação (Figura 6a-b). De acordo com a literatura a seguir, os autores Prat<br />

(1936), Kartusch e Kartusch (1978), Viano et al. (1991) e Bertea et al. (2001) não ilustram e<br />

nem fazem referência à presença desses pelos na raiz adventícia.<br />

A região cortical apresenta uma faixa formada por duas camadas de células parenquimáticas<br />

subepidérmicas, um anel contínuo de esclerênquima constituído por 3 a 4 camadas de células<br />

com paredes bem espessadas, ricas em lignina, seguido por uma larga faixa de células<br />

parenquimáticas, cujas células na parte mais central em muitos pontos sofrem lise e formam<br />

grandes e abundantes aerênquimas, que ficam separados por cordões de células


158 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

M<br />

A<br />

Tt<br />

Ts<br />

100µm<br />

100µm<br />

c<br />

d<br />

Fi<br />

Fv<br />

F<br />

A<br />

X<br />

Ba<br />

100µm<br />

20µm<br />

Figura 2 a-d. Seção transversal da folha de Chrysopogon zizanioides: a) Mesofilo foliar, aerênquimas – A;<br />

b) Detalhe da margem foliar, tricoma tector – Tt, tricoma secretor – Ts, margem esclerificada – M; c) Vista<br />

parcial do mesofilo, aerênquima – A, feixe vascular – FV; d) Detalhe do Feixe vascular, floema – F, xilema – X,<br />

fibras – Fi, bainha amilífera – Ba.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 159<br />

a<br />

b<br />

Ep<br />

Pei<br />

Fv<br />

Ga<br />

200µm<br />

20µm<br />

c<br />

d<br />

Pf<br />

Bf<br />

F<br />

Fv<br />

X<br />

Bf<br />

100µm<br />

100µm<br />

Figura 3a-d. Seção transversal do caule de Chrysopogon zizanioides: a) Vista geral do caule, destacando os<br />

feixes vasculares – Fv; b) Vista parcial da epiderme – Ep, parênquima esclerificado em estádio inicial – Pei,<br />

grãos de amido – Ga; c) Vista parcial da região cortical do caule, destacando o surgimento do primórdio<br />

foliar – Pf; d) Detalhe do feixe vascular, xilema – X, floema – F e bainha do feixe – Bf.


160 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

Fv<br />

b<br />

Pf<br />

100µm<br />

Ec<br />

100µm<br />

Figura 4a-b. Seção transversal do caule de Chrysopogon zizanioides: a) Vista parcial do caule e do meristema;<br />

b) Detalhe do primórdio foliar, protoderme foliar – Pf, epiderme caulinar – Ec.<br />

parenquimáticas, dentre as quais muitas reagiram positivamente ao teste para substância<br />

lipofílica, revelando a sua participação na produção do óleo aromático presente nessas raízes<br />

(Figura 6b), caráter não referenciado por Bertea et al. (2001) e demais autores citados acima.<br />

Os aerênquimas são limitados externamente por 3 a 4 camadas de células parenquimáticas<br />

que não sofreram lise celular, mantendo sua disposição regular, e internamente encontramse<br />

também limitados por apenas 1 a 2 camadas de células corticais à evidente endoderme.<br />

Nessas camadas também encontram-se os idioblastos oleíferos (Figura b-c), confirmando<br />

os resultados já descritos pelos autores mencionados.<br />

O cilindro central é revestido pelo periciclo formado por células com paredes bem espessadas,<br />

ratificando um padrão comum para as raízes de monocotiledôneas, especialmente as Poaceae<br />

(Figura 6d), confirmando resultados já referenciados por Bertea et al. (2001) e Alencar et al.<br />

(2005).<br />

O sistema condutor também segue o padrão de outras Poaceae com cordões de xilema, com<br />

protoxilema na parte mais periférica do cilindro central e o metaxilema mais interno, o floema<br />

dispõe-se em agrupamentos alternados com o xilema e intercalados radialmente por tecido<br />

esclerificado (Figura 6d). As células parênquimáticas da porção central são esféricas,<br />

heterodimensionais, com grande concentração de grãos de amido.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 161<br />

a<br />

b<br />

Ep<br />

A<br />

Pe<br />

Pe<br />

Rv<br />

Pa<br />

A<br />

Pa<br />

Fv<br />

100µm<br />

50µm<br />

c<br />

d<br />

X<br />

F<br />

Ra<br />

Fv<br />

Fv<br />

Fi<br />

Cp<br />

En<br />

200µm 20µm<br />

Figura 5a-d. Seção transversal do caule de Chrysopogon zizanioides: a) Vista parcial do caule em seção transversal,<br />

parênquima esclerificado – Pe, parênquima – Pa e região vascular – Rv; b) Vista parcial da epiderme – Ep,<br />

parênquima esclerificado – Pe, parênquima – Pa com aerênquima – A e feixe vascular – FV; c) Região de<br />

origem da raiz adventícia – Ra, feixe vascular – FV; c) Detalhe do Feixe vascular, floema - F, xilema – X, fibras –<br />

Fi, endoderme – En, com célula de passagem – Cp.


162 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

A<br />

Pr<br />

Ep<br />

Pr<br />

Fl<br />

A<br />

200µm 50µm<br />

c<br />

d<br />

IO<br />

IO<br />

En<br />

En<br />

F<br />

50µm<br />

X<br />

50µm<br />

Figura 6a-d. Seção transversal da raiz de Chrysopogon zizanioides: a) Vista geral da raiz; b) Detalhe da<br />

epiderme – Ep, pelo da raiz – Pr, fibras – Fi; c) Detalhe da região cortical destacando aerênquimas – A,<br />

idioblasto lipídico – Il, endoderme – En; d) Detalhe das regiões cortical e vascular destacando endoderme –<br />

Em, xilema – X, floema – F.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 163<br />

CONCLUSÃO<br />

Chrysopogon zizanioides apresenta caracteres anatômicos comuns à família Poaceae, porém<br />

observou-se especificidades como tricomas tectores e secretores (saculiformes) na mesma<br />

face epidérmica da folha. As estruturas secretoras presentes nas raízes adventícias foram<br />

identificadas como idioblastos lipídicos. Já na folha essas estruturas são representadas por<br />

tricomas secretores do tipo saculiformes, ainda não citados na literatura.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à Tatiani Yuriko Souza Kikuchi pela revisão do texto.<br />

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PEARSE, A. G. E. Histochemistry: theoretical and applied. 4. th ed. Edinburgh: C. Livingston, 1985. v. 2.<br />

PRAT, H. Caracteres anatomique et histologiques de quelques Andropogonées de l’Afrique occidentale. Ann.<br />

Mus. Col. Marseille, Ser. 5, n. 5, p. 25-28, 1936.<br />

RIZZINI, C. T.; MORS, W. B. Botânica econômica brasileira. São Paulo: EPU/EDUSP, 1976.<br />

RODRIGUES, R. M. A flora da Amazônia. Belém: CEJUP, 1986. 462p.<br />

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Internet]. Beltsville, Maryland: National Germplasm Resources Laboratory, 2004. Disponível em: . Acesso em: 29 out.2012.<br />

VIANO, J. et al. Ultraestrutura des de racinesVetiveriazizanioides (L.) Stapf (Gramineae). Bull. Mus. Natl. Hist.<br />

Nat., v. 13, p. 61-69, 1991.


Anatomia foliar de Guatteria scandens Ducke (Annonaceae)<br />

Thália do Socorro Serra Gama<br />

Tarcymara Barata Garcia<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar Dias<br />

INTRODUÇÃO<br />

Annonaceae (Juss.), essencialmente pantropical, compreende 2.500 espécies distribuídas em<br />

135 gêneros (APG II, 2003). Guatteria Ruiz & Pav. é o gênero mais numeroso desta família,<br />

contando com 180 espécies (FILARTIGA, 2008), distribuídas no Norte e Nordeste do Brasil.<br />

O gênero mostra uma ampla distribuição ecológica e pode ser encontrado nas florestas de<br />

terra firme, nas campinas e florestas inundadas da Amazônia (ERKENS et al., 2007). A maior<br />

diversidade de espécies de Guatteria é encontrada na bacia amazônica, considerada o centro<br />

de especiação do gênero (MORAWETZ; WAHA, 1985).<br />

Dentre essas espécies ocorrentes no domínio amazônico encontra-se Guatteria scandens Ducke,<br />

uma trepadeira lenhosa, cujo nome vernacular é cipó-ira ou cipó-uíra, que apresenta folhas<br />

simples, alternas e inteiras, com tricomas simples (OLIVEIRA, 2007).<br />

Na literatura são relatados apenas estudos fitoquímicos de Guatteria (HOCQUEMILLER;<br />

RASAMIZAFY; CAVÉ, 1983; COSTA et al., 2011; MONTENEGRO et al., 2003; MAIA et al., 2005),<br />

incluindo os referentes a alcaloides em G. scandens (HOCQUEMILLER; RASAMIZAFY; CAVÉ,<br />

1983). Até o momento, existem poucas informações da anatomia dos órgãos vegetativos da<br />

espécie citada, e este tipo de conhecimento pode ser útil às questões taxonômicas geradas pela<br />

variabilidade intraespecífica desses caracteres (LOBÃO; MELLO-SILVA, 2007).<br />

Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo investigar a anatomia foliar de G. scandens,<br />

como contribuição à identificação estrutural e taxonômica de plantas com potencial aromático<br />

e medicinal.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Folhas completamente expandidas foram coletadas na reserva do Mocambo (APEG) e no Parque<br />

Ecológico do Gunma, no período de agosto de 2009 a junho de 2010. O material testemunho foi<br />

herborizado e incorporado no Herbário João Murça Pires (MG) do Museu Paraense Emílio Goeldi.


166 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Foram estudados o pecíolo e as regiões apical, mediana e basal do limbo foliar. As amostras<br />

foram fixadas em FAA 70<br />

(formalina, ácido acético e álcool 70%) por 24 horas e em SFF (sulfato<br />

ferroso em formalina) por 42 horas, para preservação de substâncias hidrofílicas e fenólicas,<br />

respectivamente (JOHANSEN, 1940).<br />

Secções transversais e paradérmicas foram realizadas manualmente, com auxílio de lâmina de<br />

barbear. Em seguida, as secções foram clarificadas em solução aquosa de hipoclorito de sódio<br />

50%, coradas com azul de astra e safranina 1% (GERLACH, 1984), desidratadas em série etílica<br />

e aceto-butílica (KRAUS; ARDUIN, 1997) e montadas em bálsamo do Canadá.<br />

Amostras desidratadas em série de álcool butílico terciário foram incluídas em parafina<br />

(JOHANSEN, 1940) e seccionadas transversal e longitudinalmente em micrótomo rotativo. As<br />

secções, com 12-16 µm, foram coradas com safranina e azul de astra (GERLACH, 1984) e<br />

montadas em resina sintética Permount.<br />

O material fresco foi seccionado e submetido aos testes histoquímicos listados na Tabela 1.<br />

As fotomicrografias foram obtidas através de câmera digital Canon acoplada ao microscópio<br />

modelo Axiolab Zeiss.<br />

RESULTADOS<br />

A epiderme do limbo foliar, em vista frontal, consiste de células heterodimensionais, com paredes<br />

anticlinais sinuosas em ambas as faces (Figura 1a), exceto nas regiões das nervuras, nas quais<br />

as células epidérmicas são alongadas, com paredes anticlinais retas a levemente sinuosas.<br />

Numerosos idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio foram identificados na epiderme<br />

de ambas as faces do limbo.<br />

As folhas são hipoestomáticas, sendo os estômatos do tipo paracítico (Figura 1b), distribuídos<br />

aleatoriamente no limbo foliar. A cutícula é lisa, com depósitos de cera epicuticular laminar<br />

(Figura 1c). Tricomas tectores bicelulares de ápice afilado foram observados especialmente na<br />

região da nervura central (Figura 1d).<br />

O limbo foliar, em secção transversal, apresenta epiderme unisseriada, revestida por cutícula<br />

delgada. Os estômatos encontram-se no mesmo nível das demais células epidérmicas. O<br />

mesofilo é dorsiventral, constituído por um estrato de parênquima paliçádico com conteúdo<br />

fenólico e de quatro a seis estratos de células braciformes que formam o parênquima lacunoso.<br />

Entre esses dois parênquimas estão alguns idioblastos com conteúdo lipídico. Feixes vasculares


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 167<br />

colaterais envoltos por bainha esclerenquimática ocorrem ao longo do mesofilo (Figura 2a).<br />

Fibras filiformes e numerosos esclereídes encontram-se dispersos no mesofilo, ambos exibindo<br />

paredes espessas e lignificadas. Os esclereídes, ramificados e não ramificados, exibem diversas<br />

formas e tamanhos, muitas vezes chegando a alcançar ambas as faces da folha (Figura 2b).<br />

A margem foliar mostra formato terminal afunilado (Figura 2c). As células do parênquima<br />

fundamental da região marginal possuem contorno arredondado e conteúdo fenólico.<br />

Em secção transversal, a nervura central apresenta-se ligeiramente côncava convexa (Figura<br />

2d-e). O sistema vascular desta região é constituído por feixes colaterais organizados em forma<br />

de anel, envolto por uma bainha de fibras lignificadas. Idioblastos com conteúdo fenólico foram<br />

evidenciados no parênquima fundamental da nervura central.<br />

a<br />

b<br />

20µm 20µm<br />

c<br />

d<br />

15µm 45µm<br />

Figura 1a-d: Lâmina foliar de Guatteria scandens. a) Face adaxial: células epidérmicas de paredes sinuosas;<br />

b) Face abaxial: presença de estômatos paracíticos; c-d) (MEV): c) Face adaxial com cera epicuticular; d) Face<br />

abaxial e detalhe do estômato. Est = estômato, Tc = tricoma. Imagens: Thália Gama.


168 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

O pecíolo, em secção transversal, exibe contorno circular, epiderme unisseriada, parênquima<br />

fundamental e cinco feixes vasculares colaterais. Grãos de amido foram identificados em células<br />

parenquimáticas do córtex e da medula. Braquiesclereides e idioblastos contendo drusas de<br />

oxalato de cálcio foram observados em meio ao parênquima fundamental.<br />

A maceração das folhas permitiu o isolamento de fibras filiformes, traqueídes do tipo<br />

escalariforme com placas de perfuração simples, e esclereídes não ramificados e ramificados<br />

com terminações bifurcadas (Figura 2f). Em secção longitudinal, também foram observados<br />

traqueídes (Figura 2g-h).<br />

Os testes histoquímicos identificados confirmaram a presença de cristais de oxalato de cálcio na<br />

epiderme, bem como a presença de compostos fenólicos no parênquima paliçádico e córtex do<br />

pecíolo (Figura 3a-b), além de grãos de amido no córtex (Figura 3c). O floroglucinol identificou a<br />

presença de lignina, nos esclereides, fibras e xilema (Figura 3d). O teste para lipídios totais<br />

evidenciou a presença desse grupo de metabólitos secundários no mesofilo (Figura 3e-f).<br />

Tabela 1. Testes microquímicos utilizados na caracterização do sistema secretor da folha de Guatteria scandens.<br />

Grupos de metabólitos Teste Resultado<br />

Lipídios Lipídios totais Sudan Black B (PEARSE, 1985) +<br />

Compostos fenólicos Compostos fenólicos gerais SFF (JOHANSEN, 1940) +<br />

Lignina Floroglucinol (JOHANSEN, 1940) +<br />

Glicídios Amido Lugol (JOHANSEN, 1940) +<br />

Pectinas Vermelho de Rutênio (JOHANSEN, 1940) -<br />

Cristais Oxalato de cálcio Ácido clorídrico + Ácido acético<br />

(CHAMBERLAIN, 1938) +<br />

DISCUSSÃO<br />

A ocorrência de paredes sinuosas em G. scandens corrobora os resultados encontrados<br />

por Justos et al. (2005) para a espécie Xylopia brasiliensis Spreng., e Almeida et al. (2009)<br />

para X. benthamii R. E. Fr. Solereder (1908) cita que a sinuosidade das paredes anticlinais é<br />

um caráter taxonômico importante na separação das espécies de Annonaceae.<br />

A presença de cristais de oxalato de cálcio, especialmente sob a forma de drusas, é uma<br />

característica comumente encontrada na epiderme foliar de diversas espécies de Annonaceae<br />

(METCALFE; CHALK, 1950), como registrado em Polyalthia simiarum (Buch.-Ham. ex Hook. f. &<br />

Thomson) Benth. e Miliusa tomentosa (Roxb.) J. Sinclair (PATEL, 1971); Goniothalamus


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 169<br />

a<br />

b<br />

50µm<br />

50µm<br />

c<br />

d<br />

60µm<br />

200µm<br />

e<br />

f<br />

50µm 50µm<br />

g<br />

h<br />

150µm 150µm<br />

Figura 2a-h. Guatteria scandens. Em secção transversal (a-h): a) Vista geral do mesofilo; b) Detalhe dos esclereídes;<br />

c) Margem; d) Pecíolo, identificando braquiesclereídes e feixes vasculares; e) Pecíolo, identificando braquiesclereídes<br />

e drusas de oxalato de cálcio, detalhe das drusas; f) Maceração identificando o esclereíde ramificado. Em secção<br />

longitudinal (g-h): g) Emaranhado de esclereídes; h) Detalhe dos traqueídes. Imagens: Thália Gama.


170 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

50µm 60µm<br />

c<br />

d<br />

200µm<br />

200µm<br />

e<br />

f<br />

50µm<br />

20µm<br />

Figura 3a-f. Testes histoquímicos em Guatteria scandens. a-b) Compostos fenólicos na região da nervura central<br />

e margem; c) Grãos de amido na região do pecíolo; d) Nervura central identificando lignina; e) Idioblasto<br />

contendo lipídio na região do mesofilo; f) Detalhe do idioblasto. Imagens: Thália Gama.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 171<br />

macrophyllus Hook. f. & Thomson, G. andersonii J. Sinclair e G. malayanus Hook. f. & Thomson<br />

(BLUNDEN; AYE KYI; JEWERS, 1974). Estes cristais podem exercer diferentes funções, que em<br />

geral estão relacionadas à proteção contra herbivoria e regulação dos níveis de cálcio ou oxalato<br />

no metabolismo da planta.<br />

Metcalfe e Chalk (1950) citam que as fibras e células esclerenquimatosas se encontram em<br />

todas as regiões da folha, sendo que eles afirmam que na região do mesofilo as fibras estão<br />

dispostas paralelamente à epiderme da folha em alguns gêneros, dentre estes Guatteria. Estas<br />

características foram evidenciadas em G. scandens, entre as células epidérmicas e os<br />

parênquimas.<br />

Em relação aos esclereídes presentes neste trabalho, foram encontrados três tipos:<br />

braquiesclereídes, esclereídes não ramificados e ramificados. Apenas o ramificado foi citado<br />

por Metcalf e Chalk (1950) como células esclerenquimatosas ramificadas.<br />

CONCLUSÃO<br />

A anatomia de G. scandens contém caracteres comuns à família, entretanto apresenta<br />

peculiaridades específicas ao taxa, entre as quais citamos: presença de fibras, esclereídes<br />

ramificados, idioblastos cristalíferos de oxalato de cálcio e compostos fenólicos, respondendo<br />

assim os questionamentos propostos neste trabalho, além de fornecer informações inéditas<br />

sobre a organização estrutural e histoquímica da espécie.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALMEIDA, E. F.et al.Anatomia foliar de espécies de Xylopia L. (Annonaceae) ocorrentes no Parque Ecológico de<br />

Gunma, Santa Bárbara, Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Sér. Ciênc. Nat., v. 4,<br />

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BLUNDEN, G.; AYE KYI; JEWERS, K. The comparative stem and root anatomy of Goniothalamusandersonii, G.<br />

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172 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

ERKENS, R. H. J. et al. A rapid diversification of rainforest trees (Guatteria:Annonaceae) following dispersal from<br />

Central into South America. Mol. Phylogenet. Evol., v. 44, p. 399-411, 2007.<br />

FILARTIGA, A. L. DEL P. Anatomia foliar de Guatteria (Annonaceae) como subsídio para taxonomia. In: SEMINÁRIO<br />

PIBIC, 16, Rio de Janeiro, 2008. Resumos... Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de<br />

Janeiro, 2008. p. 11.<br />

GERLACH, D. Botanischemikrotechnik: eineeinführung. Stuttgart: Georg ThiemeVerlag, 1984.<br />

HOCQUEMILLER, R.; RASAMIZAFY, S.; CAVÉ, A. Alcaloïdes dês Annonacees XXXVII: alcaloides du Guatteria scandens.<br />

J. Nat. Prod., v. 46, p. 335-341, 1983.<br />

JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: McGraw Hill, 1940.<br />

JUSTOS, C. F. et al. Plasticidade anatômica das folhas de Xylopia brasiliensis Sprengel (Annonaceae). Acta Bot.<br />

Bras., v. 19, p. 111-123, 2005.<br />

KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: Universidade<br />

Federal Rural do Rio de Janeiro, 1997.<br />

LOBÃO, A. Q.; MELLO-SILVA, R. D. Guatteria (Annonaceae) do estado do Rio de Janeiro, Brasil, Rodriguésia, v.58,<br />

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MORAWETZ, W; WAHA, M. A newpollentype, C-banded and fluorochromecounterstained chromosomes, and<br />

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PATEL, R. J. Epidermal structure and development of stomata in some Annonaceae. Annals Bot., v. 35, p. 1205-<br />

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1985.<br />

SOLEREDER, H. Systematic anatomy of the dicotyledons. Oxford: Clarendon Press, 1908.


Anatomia caulinar, foliar e quantificação sazonal das<br />

glândulas secretoras da lâmina foliar de duas espécies de<br />

Peperomia Ruiz & Pav. (Piperaceae): um estudo por<br />

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)<br />

Rolf Junior Ferreira Silva<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Amazônia é detentora de inúmeras espécies (nativas e aclimatadas) com potencial econômico,<br />

em especial as medicinais e aromáticas, e, mesmo assim, configura-se, ainda, como uma região<br />

em desigualdade científica, tecnológica e econômica em relação às demais, principalmente as<br />

regiões Sul e Sudeste do Brasil. Há a necessidade de segurança na identificação botânica das<br />

espécies, do controle de qualidade de produtos e insumos farmacêuticos delas oriundos, de<br />

identificar e inventariar estruturas secretoras que atuem como sítios de síntese de biocompostos<br />

farmacologicamente ativos, para o melhor aproveitamento biotecnológico das mesmas, bem<br />

como de assegurar a saúde de quem as utiliza, seja como medicamento, seja como alimento.<br />

Após amplo levantamento na Amazônia, Maia et al. (1987) constataram que das quase 280 espécies<br />

de plantas medicinais produtoras de óleos essenciais, 60% pertencem às Piperaceae que é<br />

considerada uma família de reputada importância econômica, cujos representantes são de interesse<br />

medicinal, culinário e ornamental (BARROSO, 1978; JOLY, 1984; PIO CORRÊA, 1984).<br />

Piperaceae atualmente encontra-se incluída na ordem Piperales, o clado mais basal entre as<br />

magnoliídeas (APG III, 2009). Compreende cerca de 2.500 espécies em cinco gêneros (Piper L.,<br />

Peperomia Ruiz & Pav., Sarcorhachis Trel., Zippelia Blume e Macropiper (Miq.) Dahlst.), com<br />

táxons amplamente distribuídos e outros endêmicos (TEBBS, 1989a; JARAMILLO; MANOS,<br />

2001). Sua distribuição é pantropical, com maior número de espécies ocorrendo na região<br />

neotropical, sendo as Américas Central e do Sul os principais centros de diversidade da família<br />

(YUNCKER, 1958; HEYWOOD, 1979; JARAMILLO; MANOS, 2001). No Brasil, estão representadas<br />

por cerca de 700 espécies, pertencentes a três gêneros (Piper, Peperomia e Sarcorhachis)<br />

amplamente distribuídas no território nacional (YUNCKER, 1972, 1973; TEBBS, 1989b).<br />

Peperomia corresponde ao gênero com a segunda maior representatividade em número de<br />

espécies, aproximadamente 600 (YUNCKER, 1974). Grande parte destas espécies possui valor<br />

econômico indiscutível como ornamentais e, principalmente, como medicinais, devido à


174 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

produção de óleos essenciais. Embora plantas deste gênero sejam relativamente bem estudadas<br />

sob os aspectos fitoquímicos e farmacológicos, trabalhos anatômicos e que relacionem a<br />

quantidade de estruturas secretoras com o período sazonal são ainda escassos.<br />

Do ponto de vista taxonômico, Peperomia está bem estudado no Brasil, destacando-se os<br />

trabalhos de Yuncker (1974), Guimarães, Ichaso e Costa (1984), Guimarães (1994a, 1994b,<br />

1997, 1999). Mesmo assim, a grande semelhança morfológica entre as espécies deste gênero<br />

contribui para problemas de identificação, troca e até mesmo falsificação quando as espécies<br />

coletadas são comercializadas como medicinais. Segundo Guimarães (comunicação pessoal),<br />

tal problema é bastante crítico em Piperaceae da Amazônia, dada a diversidade de ecotipos<br />

que apresentam entre e dentre os ecossistemas que compõem a região, a exemplo de P.<br />

circinnata Link, encontrada nos troncos e ramos da mangueira (Mangifera indica L.) e, por<br />

isso, chamada de “carrapatinho-da-mangueira”, e P. pellucida (L.) Kunth, vernaculamente<br />

denominada de “erva- ou comida-de-jabuti”, que são comercializadas em feiras livres e<br />

ervanários sob a forma de garrafadas, desidratados ou in natura para o uso medicinal e<br />

banhos aromáticos.<br />

Solereder (1908) e Metcalfe e Chalk (1950) relataram como relevantes para a diagnose dos<br />

órgãos vegetativos aéreos de Peperomia a ocorrência de tricomas tectores, glandulares e<br />

glândulas peroladas com conteúdo oleífero, cristais de oxalato de cálcio nas formas de drusas<br />

e prismas, vascularização colateral com feixes dispersos e folhas sempre hipoestomáticas com<br />

mesofilo dorsiventral. Todas as descrições dos autores foram baseadas em espécies da América<br />

do Norte e Europa, não havendo citações sobre espécies da Américas Central e do Sul,<br />

negligenciando, assim, outras possíveis características diagnósticas.<br />

Os princípios ativos encontrados nas plantas medicinais ocorrem em estruturas secretoras<br />

especializadas, cuja frequência e quantidade de substâncias produzidas podem estar<br />

relacionadas a fatores ambientais, que são úteis como no diagnóstico para confirmar ou não a<br />

autenticidade do material vegetal (CUTLER, 1978; FAHN, 1979; SVOBODA; HAMPSON; HUNTER,<br />

1998/1999; OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1998). Ademais, tais estruturas constituem os sítios de<br />

síntese e/ou acúmulo de princípios ativos largamente utilizados pelas indústrias química e<br />

farmacêutica (MAUSETH, 1988; EVERT, 2006).<br />

Pesquisas com plantas medicinais tornam-se cada vez mais necessárias e relevantes. Segundo<br />

a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial depende da medicina<br />

tradicional para atender às suas necessidades de cuidados primários à saúde, sendo o uso de<br />

plantas medicinais, drogas vegetais, extratos e princípios ativos delas obtidos a base desta<br />

medicina (WHO, 1992). Entretanto, como o uso indiscriminado de plantas medicinais sem<br />

qualquer suporte técnico/científico pode acarretar resultados desastrosos à saúde humana,


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 175<br />

torna-se imprescindível e estratégica a realização de pesquisas que garantam à população o<br />

acesso à matéria-prima vegetal (planta medicinal in natura, droga vegetal ou derivado de droga<br />

vegetal) e a medicamentos fitoterápicos de qualidade, seguros e eficazes.<br />

Peperomia circinnata e P. pellucida são espécies medicinais e aromáticas de valor econômico<br />

na região amazônica, pois possuem potencial terapêutico para tornarem-se medicamentos<br />

fitoterápicos. Como não há dados histológicos que auxiliem na identificação científica das<br />

mesmas, considerados um dos pré-requisitos básicos para obtenção de registro de produto<br />

fitoterápico (AGÊNCIA..., 2010), tornam-se imprescindíveis estudos anatômicos que visem<br />

contribuir não apenas com a identificação e controle de qualidade da matéria-prima vegetal<br />

oriunda destas espécies, como também com os processos de coleta. Neste contexto, este trabalho<br />

objetivou descrever a estrutura anatômica caulinar e foliar, e quantificar as glândulas secretoras<br />

da lâmina foliar de P. circinnata e P. pellucida nos períodos chuvoso e de estiagem.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O material botânico foi coletado na cidade de Belém, Pará, Brasil, em junho e julho de 2006<br />

(período de estiagem) e em dezembro de 2006 e janeiro de 2007 (período chuvoso).<br />

Foram estudados cinco indivíduos férteis e sadios de P. circinnata e de P. pellucida para ambos<br />

os períodos sazonais considerados. A identificação destes taxa foi realizada por comparação<br />

com exsicatas do Herbário João Murça Pires (MG), pertencente ao Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

(MPEG), e auxílio de literatura específica. O material testemunho foi incorporado ao acervo do<br />

Herbário MG, com números de registros: MG 184.923 (P. pellucida) e MG 184.924 (P. circinnata).<br />

Para o exame em microscópio eletrônico de varredura (MEV) e microanálises espectroscópicas<br />

de raios-X por dispersão de energia (EDS em sigla inglesa), amostras retiradas ao longo da lâmina<br />

(nervura central, margem e região entre nervura central e margem) e do pecíolo (regiões proximal,<br />

distal e mediana) de folhas adultas totalmente expandidas do 4º nó, assim como da região mediana<br />

de caules do 4º entrenó foram fixadas em F.A.A. 70<br />

(formaldeído PA, ácido acético PA e álcool<br />

etílico 70%, 1:1:18 v/v) por 24 horas (JOHANSEN, 1940), sob vácuo, lavadas e conservadas em<br />

álcool etílico 70%. Posteriormente, foram desidratadas em série etílica crescente, secas em aparelho<br />

de ponto crítico de CO 2<br />

, montadas em suportes metálicos (stubs) através de fita de carbono dupla<br />

face e metalizadas com camada de ouro de 20 nm de espessura, por 150 segundos em corrente<br />

de 25 mA. As eletromicrografias de varredura foram obtidas por captura em microscópio Leo<br />

(modelo 1450 VP), que opera com Software Leo, utilizando-se detector de elétrons secundários<br />

(ES), aceleração eletrônica de 25 kV, distância de trabalho de 15 mm e alto vácuo.


176 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Para as microanálises por EDS, amostras das regiões citadas acima foram posteriormente à<br />

lavagem com álcool etílico 70%, tratadas com ácido acético 5% por 24 horas para remover<br />

possíveis sais de fosfato e carbonato (LERSTEN; HORNER, 2011), seguindo-se os procedimentos<br />

já descritos nas observações em MEV. As microanálises, realizadas tanto nos cristais como em<br />

células sem inclusões minerais (controle) amostradas aleatoriamente, foram feitas com detector<br />

de raios-X Gresham de Si(Li) (modelo Sirius 10/7.5, com resolução de 133 eV e janela Be,<br />

processador de sinal digital Q-500 e software próprio IXRF) acoplado ao mesmo MEV e nas<br />

mesmas condições de operacionalidade para a captura das eletromicrografias. Foram<br />

considerados significativos os picos de absorbância (Pa), que indicavam concentração elementar<br />

relativa ≥ 0,5% e intervalo de erro 0-1.<br />

Para a quantificação das estruturas secretoras da lâmina foliar foram avaliadas cinco folhas<br />

adultas totalmente expandidas do 4º nó, por indivíduo de cada espécie e para os dois períodos<br />

sazonais. Foram analisados 10 campos foliares de 0,021 mm 2 , considerando-se as faces adaxial<br />

e abaxial das regiões da nervura central, margem e região entre nervura central e margem<br />

retiradas do ápice, meio e base da lâmina foliar, totalizando 180 campos observacionais por<br />

lâmina foliar. A contagem das estruturas secretoras foi feita no mesmo MEV, com aumento de<br />

695X estabelecido como padrão. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística. As<br />

diferenças entre as médias foram determinadas pelo teste t a 5% de probabilidade. O programa<br />

estatístico utilizado foi o SYSTAT versão 7.0.1 para Windows.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As faces adaxial e abaxial da superfície foliar da lâmina foliar das duas espécies de Peperomia<br />

estudadas encontram-se revestidas por cutícula ornamentada (Figura 1a-f). Em P. circinnata, a<br />

cutícula é espessa e possui estriações conspícuas que formam arranjo reticulado ao nível das<br />

paredes periclinais e dispõem-se paralelamente ao nível das paredes anticlinais. Sobre esta cutícula<br />

há um depósito contínuo de cera epicuticular em placa paralela à superfície (Figura 1a-e). Em<br />

P. pellucida, a cutícula é tênue e enrugada (Figura 1f).<br />

A morfologia da cera epicuticular constitui uma característica adicional útil ao diagnóstico<br />

taxonômico, pois permanece constante independente de mudanças da morfologia foliar<br />

(METCALFE; CHALK, 1979).<br />

Densas coberturas de cera, dentre outros fatores, conferem resistência à difusão do vapor d’água<br />

do mesofilo para o ambiente externo, atuando de forma efetiva no controle da transpiração<br />

exercida pela cutícula (GATES, 1968). Contrapondo o autor, Esau (1974) e Cutter (2002)


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 177<br />

a<br />

b<br />

20µm 10µm<br />

c<br />

d<br />

10µm 10µm<br />

e<br />

f<br />

15µm 50µm<br />

Figura 1a-f. Eletromicrografias de varredura da superfície da lâmina foliar de Peperomia Ruiz & Pav. (Piperaceae),<br />

evidenciando ornamentação cuticular. a-e): P. circinnata: a) Vista geral da face adaxial, mostrando cutícula<br />

estriada; b) Detalhe das estriações cuticulares, face adaxial; c) Vista geral da face abaxial, mostrando cutícula<br />

estriada; d) Detalhe das estriações cuticulares, face abaxial; e) Detalhe da cera epicuticular, face abaxial.<br />

f) P. pellucida, vista geral da face adaxial, mostrando cutícula enrugada. Cera epicuticular (Cep).


178 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

assinalaram que os depósitos de cera epicuticular parecem não desempenhar papel importante<br />

na redução da transpiração, mas afetam o grau de umidade da superfície. Para Rentschler (1974),<br />

coberturas de cera sobre os estômatos diminuem drasticamente a perda d’água pelas folhas.<br />

Desta maneira, a cera epicuticular verificada sobre a superfície foliar de P. circinnata pode estar<br />

relacionada com a resistência à transpiração e desidratação foliares.<br />

Metcalfe e Chalk (1979) verificaram que cutícula estriada ocorre na maioria das espécies de<br />

ambiente xérico ou em folhas de sol, e cutícula lisa ocorre nas espécies mesófitas, hidrófitas ou<br />

em folhas de sombra. No entanto, Vieira e Gomes (1995), ao estudarem a superfície foliar de<br />

quatro espécies de Psychotria L. (Rubiaceae), encontraram cutícula lisa e estriada em folhas de<br />

sombra; e Mantovani et al. (1995) observaram estriações na cutícula foliar de duas espécies de<br />

Rudgea Salisb. (Rubiaceae) provenientes de ambiente mesofítico. O exposto nos leva a inferir<br />

que os fatores ambientais podem ou não influenciar os padrões de ornamentação cuticular,<br />

considerados por Stace (1965) como de valor adicional à anatomia taxonômica.<br />

Os apêndices epidérmicos ocorrem em ambas as faces da lâmina foliar das duas espécies.<br />

A presença de glândulas secretoras e tricomas tectores foram restritos a P. circinnata (Figura<br />

2a-f). As glândulas são sésseis e unicelulares, situadas em nível subepidérmico e<br />

circunscritas por cinco a seis células dispostas em roseta (Figura 2a, d). Os tricomas são<br />

filiformes e pluricelulares, suspensos sobre a epiderme por uma célula basal globosa (Figura<br />

2b, c, e, f).<br />

Glândulas e tricomas tectores com morfologia semelhante aos aqui descritos foram citados<br />

por Takemori, Bona e Alquini (2003) e Souza, Moscheta e Oliveira (2004) para outras espécies<br />

de Peperomia e de Ottonia e Piper, respectivamente, e constituem características universais de<br />

Piperaceae (METCALFE; CHALK, 1950).<br />

Foram observados estômatos tetracítico e ciclocítico em P. circinnata (Figura 3a-b) e anomocítico<br />

em P. pellucida (Figura 3c). Takemori, Bona e Alquini (2003) comentaram que é difícil classificar<br />

os tipos de estômato em Peperomia com base apenas na morfologia, o que fica claro quando<br />

se analisam descrições anatômicas foliares deste gênero, que apenas citam o aspecto das células<br />

subsidiárias, e.g. Kaul (1977) e Sachs e Novoplansky (1993). Todavia, os tipos de estômato<br />

classificados aos taxa de Peperomia aqui analisados corroboram com as citações feitas por<br />

Metcalfe e Chalk (1979) para as Piperaceae.<br />

A epiderme em secção transversal das faces adaxial e abaxial da lâmina foliar de P. pellucida é<br />

uniestratificada (Figura 4a). Em P. circinnata, apenas a da face abaxial apresenta esta organização,<br />

pois na face adaxial é múltipla e disposta em colunas celulares perpendiculares à superfície<br />

(Figura 4c).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 179<br />

a<br />

b<br />

50µm 100µm<br />

c<br />

d<br />

30µm 20µm<br />

e<br />

f<br />

25µm 15µm<br />

Figura 2a-f. Eletromicrografias de varredura da superfície da lâmina foliar de Peperomia Ruiz & Pav. (Piperaceae),<br />

evidenciando apêndices epidérmicos. a) P. pellucida, vista geral da face abaxial. b-f) P. circinnata: b) Vista geral<br />

da face adaxial; c) Vista geral da face abaxial; d) Detalhe da glândula secretora, face abaxial. e-f) Tricoma<br />

tector, face adaxial: e) Em vista geral; f) Detalhe da região basal. Glândula secretora (seta).


180 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

A epiderme múltipla de Peperomia é comumente chamada de hipoderme em trabalhos<br />

clássicos de anatomia vegetal, e.g. Yuncker e Gray (1934), Metcalfe e Chalk (1950) e Gausman,<br />

Escobar e Knipling (1979). Segundo Fahn (1990), hipoderme é o tecido situado internamente<br />

à epiderme, sendo formada por um ou mais estratos celulares estruturalmente diferenciados<br />

da epiderme. Stricto sensu, refere-se a estratos de tecido que apresentam outra origem que<br />

não protodérmica. Como nas folhas de espécies de Peperomia o tecido em questão teve a<br />

origem protodérmica ontogeneticamente confirmada por Kaul (1977), a denominação de<br />

hipoderme é errônea, e grande parte dos autores atuais o chama de epiderme múltipla<br />

verdadeira, a citar: Esau (1985), Mauseth (1988), Gibeaut e Thomson (1989a, 1989b) e Raven,<br />

Evert e Eichhorn (2007).<br />

a<br />

b<br />

15µm<br />

10µm<br />

c<br />

15µm<br />

Figura 3a-c. Eletromicrografias de varredura da face abaxial da superfície da lâmina foliar de Peperomia Ruiz<br />

& Pav. (Piperaceae), destacando estômatos. a-b) P. circinnata: a) Estômato tetracítico; b) Estômato ciclocítico.<br />

c) P. pellucida, mostrando estômato anomocítico.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 181<br />

Takemori, Bona e Alquini (2003) citaram que a epiderme múltipla de Peperomia atua auxiliando<br />

a fotossíntese, pois proporciona água ao tecido fotossintético em períodos de seca, além de<br />

agir como filtro de luz, regulando a intensidade luminosa através de sua espessura.<br />

O mesofilo em secção transversal dos dois taxa analisados possui clorênquima indiferenciado<br />

em paliçádico e lacunoso (Figura 4a-b). O clorênquima ocupa toda extensão da lâmina foliar<br />

em P. pellucida e está restrito à face abaxial em P. circinnata (Figura 4a, c, d).<br />

Cutler (1978) citou que o mesofilo, independente da diferenciação, pode ser utilizado como<br />

um critério a mais na identificação de espécies, pois as variações ambientais não alteram os<br />

arranjos celulares por estarem rigidamente controlados pelo genoma. Sabe-se, entretanto, que<br />

a<br />

b<br />

40µm 150µm<br />

c<br />

d<br />

150µm 25µm<br />

Figura 4a-d. Eletromicrografias de varredura de secções transversais da lâmina foliar de Peperomia Ruiz & Pav.<br />

(Piperaceae). a-b) P. pellucida: a) Mesofilo em vista geral; b) Nervura central em vista geral. c-d) P. circinnata,<br />

mesofilo: c) Mesofilo em vista geral, notar epiderme múltipla; d) Detalhe do clorênquima. Amido (Am); Epiderme<br />

abaxial (Eab); Epiderme adaxial (Ead); Epiderme múltipla (Em); Mesofilo (Ms); Sistema vascular (Sv); Drusas de<br />

oxalato de cálcio (setas).


182 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a quantidade de tecido fundamental do mesofilo, a altura do parênquima paliçádico e a<br />

compactação do lacunoso não são úteis para fins de diagnóstico, uma vez que sofrem influências<br />

de fatores como intensidade luminosa, disponibilidade de água do solo, umidade atmosférica<br />

e posição da folha na planta (ESAU, 1974; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007).<br />

A nervura central em secção transversal de P. pellucida é côncava na face adaxial e retilineiforme<br />

na face abaxial, com sistema vascular inconspícuo (Figura 4b). Em P. circinnata, as regiões de<br />

nervura apresentam estrutura igual ao do mesofilo, pois as folhas são carnosas e possuem<br />

elevado grau de suculência.<br />

O pecíolo possui secção transversal elíptica em P. circinnata (Figura 5a) e semicircular ou<br />

arciforme com duas expansões voltadas à face abaxial em P. pellucida (Figura 5c). Nas duas<br />

espécies, o revestimento consiste de células epidérmicas heterodimensionais com aspecto<br />

variado e o preenchimento é unicamente parenquimático, no qual ocorrem três feixes vasculares<br />

colaterais envoltos por bainha parenquimática e dispostos em semicírculo (Figura 5b, d).<br />

Metcalfe e Chalk (1950) e Takemori (2002), ao estudarem P. langsdorfii Miq. e P. hispidula A.<br />

Dietr., P. emarginella (Sw.) C.DC., P. quadrifolia (L.) Kunth e P. rotundifolia (L.), respectivamente,<br />

descreveram vascularização peciolar com organização semelhante ao de P. circinnata e P.<br />

pellucida, sem citar a presença de bainha.<br />

A anatomia do pecíolo e nervura central representa um caractere útil à identificação e separação<br />

de taxa pertencentes ao mesmo gênero, conforme verificado em trabalhos de Mantovani et al.<br />

(1995), Bieras e Sajo (2004) e Silva e Potiguara (2008), ratificando a relevância destas estruturas<br />

ao diagnóstico das duas espécies analisadas de Peperomia.<br />

O caule possui secção transversal circular nas duas espécies de Peperomia, com ligeira<br />

sinuosidade em P. circinnata e duas expansões voltadas à face abaxial em P. pellucida (Figura<br />

6a, c). Em ambas as espécies, a epiderme é formada por células com aspecto elíptico, geralmente<br />

isodiamétricas e revestidas por delgada camada cuticular lisa em P. pellucida (Figura 6d), e<br />

heterodimensionais, revestidas por espessa camada cuticular lisa de lamelação conspícua, sobre<br />

a qual ocorre cera epicuticular em placa paralela e contínua ao tecido em P. circinnata (Figura<br />

6b). Segundo Esau (1974), a espessura cuticular depende das condições ambientais e a<br />

lamelação resulta do crescimento aposicional desta substância graxa.<br />

O preenchimento caulinar das duas espécies é predominantemente parenquimático, no qual<br />

ocorrem feixes vasculares colaterais envoltos por bainha parenquimática, não havendo distinção<br />

em regiões cortical e medular (Figura 6a, c; Figura 7c). Os feixes são em número de sete, sendo<br />

cinco dispostos circularmente e dois centrais em P. pellucida (Figura 7a) e em número de oito,<br />

dispersos principalmente no centro do caule em P. circinnata (Figura 7b).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 183<br />

a<br />

b<br />

150µm<br />

10µm<br />

c<br />

d<br />

230µm 25µm<br />

Figura 5a-d. Eletromicrografias de varredura de secções transversais do pecíolo de Peperomia Ruiz & Pav.<br />

(Piperaceae). a-b) P. circinnata: a) Estrutura em vista geral; b) Detalhe da epiderme. c-d) P. pellucida: c) Estrutura<br />

em vista geral; d) Detalhe da epiderme. Feixes vasculares colaterais (setas).<br />

O sistema vascular caulinar das Piperaceae tem despertado a atenção dos pesquisadores por apresentar<br />

organização semelhante ao das Monocotiledôneas, havendo a hipótese de que as Piperaceae<br />

representam um grupo de transição entre Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas, pois ambos os grupos<br />

originaram-se de um tronco comum (CRONQUIST, 1981; DAHLGREN; CLIFFORD, 1982). A organização<br />

vascular descrita acima para o caule de P. circinnata e P. pellucida reforça tal colocação.<br />

Amiloplastos e idioblastos cristalíferos foram observados (Figura 8a-d). Os amiloplasto possuem<br />

grãos de amido simples e ocorrem apenas no clorênquima mesofiliano de P. circinnata (Figura<br />

8a). Os idioblastos com drusas e prismas, isolados e conjugados, ocorrem, respectivamente, no<br />

clorênquima mesofiliano de P. circinnata (Figura 8b-c) e parênquima de preenchimento peciolar<br />

de P. pellucida (Figura 8d).


184 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

250µm 5µm<br />

c<br />

d<br />

450µm<br />

40µm<br />

Figura 6a-d. Eletromicrografias de varredura de secções transversais do caule de Peperomia Ruiz & Pav.<br />

(Piperaceae). a-b) P. circinnata: a) Órgão em vista geral; b) Detalhe da célula epidérmica, notar lamelação<br />

cuticular. c-d) P. pellucida: c) Órgão em vista geral; d) Detalhe da epiderme. Epiderme (Ep); Cera epicuticular<br />

(Cep); Cutícula (Ct).<br />

As microanálises por EDS revelaram elevados Pa de carbono (C), oxigênio (O) e cálcio (Ca)<br />

nos cristais, e apenas elevado Pa de C e baixo Pa de O nas células sem cristais (Figura 9a-c),<br />

confirmando que os Pa de Ca foram oriundos apenas dos cristais, e os Pa de C e O resultaram<br />

tanto dos cristais como de células sem cristais. Resultados semelhantes foram verificados<br />

por Lersten e Horner (2011) para espécies de Rubiaceae, e por He et al. (2012) para Acacia<br />

robeorum Maslin (Leguminosae: Mimosoideae), caracterizando o padrão espectral obtido<br />

como de oxalato de cálcio.<br />

Para Metcalfe e Chalk (1983), os tipos e padrão de distribuição dos cristais são suficientemente<br />

estáveis para fins de diagnóstico. Evidência que é reforçada pelas análises bromatológicas e


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 185<br />

a<br />

b<br />

220µm 100µm<br />

c<br />

25µm<br />

Figura 7a-c. Eletromicrografias de varredura de secções transversais do caule de Peperomia Ruiz & Pav.<br />

(Piperaceae), evidenciando a vascularização. a) P. pellucida, detalhe da disposição dos feixes vasculares no<br />

órgão. b-c) P. circinnata: b) Detalhe da disposição dos feixes vasculares no órgão; c) Detalhe do feixe vascular<br />

colateral. Bainha parenquimática (Bp); Floema (Fl); Xilema (Xl).<br />

farmacognósticas/farmacobotânicas que se valem das características cristalíferas para verificar<br />

a autenticidade de plantas medicinais, alimentícias e drogas vegetais.<br />

Franceschi e Nakata (2005) citaram inúmeras funções aos cristais em plantas, entre as principais<br />

estão o balanço iônico celular, defesa contra herbivoria, suporte mecânico e detoxificação do<br />

ácido oxálico, alumínio e metais pesados. Para Peperomia, Horner (2012) sugeriu a função de<br />

capitação e reflexão da luz em direção ao clorênquima foliar para otimizar a fotossíntese.


186 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

10µm 5µm<br />

c<br />

d<br />

5µm 5µm<br />

Figura 8a-d. Eletromicrografias de varredura de secções transversais foliares de Peperomia Ruiz & Pav.<br />

(Piperaceae), evidenciando inclusões celulares. a-c) P. circinnata, clorênquima mesofiliano: a) Amiloplastos com<br />

grãos de amido simples; b-c) Drusas em vista geral (b) e detalhe (c). d) P. pellucida, cristais prismáticos isolados<br />

e conjugados no parênquima de preenchimento peciolar.<br />

A análise estatística indicou diferenças significativas na quantidade de glândulas secretoras da lâmina<br />

foliar em P. circinnata e P. pellucida, para os dois períodos sazonais considerados (Tabela 1).<br />

Verificou-se que houve aumento no número de glândulas secretoras da lâmina foliar durante<br />

o período chuvoso em relação ao de estiagem, revelando significância ao nível de 5% de<br />

probabilidade pelo teste t.<br />

A quantidade de apêndices epidérmicos como tricomas, estômatos e estruturas secretoras é<br />

influenciada pelas condições ecofisiológicas em que o vegetal encontra-se (CUTLER, 1978).<br />

P. circinnata e P. pellucida, quando coletadas no período de estiagem, apresentavam folhas e caule


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 187<br />

a b c<br />

Figura 9a-c. Espectros das microanálises por EDS realizadas nas drusas (a), cristais prismáticos (b) e células<br />

sem inclusões cristalinas (c). a-b correspondem a espectros padrões para oxalato de cálcio.<br />

menos esverdeados em comparação com os do período chuvoso. Durante a estiagem, as espécies<br />

provavelmente reduziram o metabolismo a níveis basais e, por conseguinte, a produção de óleos<br />

essenciais, havendo assim a necessidade de menos glândulas para sintetizá-los e exsudá-los.<br />

Silva, Rocha Neto e Figueiredo (2001) e Bergo, Mendonça e Silva (2005) comentaram que o<br />

maior rendimento de óleo essencial de Piper hispidinervum C. DC., ocorrido durante o período<br />

chuvoso, foi devido ao aumento do número de glândulas oleíferas, o que pode ser verdadeiro<br />

para as duas espécies de Peperomia analisadas, não descartando a necessidade de estudos<br />

fitoquímicos posteriores que quantifiquem os óleos essenciais destas espécies nos mesmos<br />

períodos sazonais aqui considerados.<br />

Tabela 1. Análise de variância para avaliar a quantidade de glândulas secretoras da lâmina foliar em Peperomia<br />

circinnata Link e P. pellucida (L.) Kunth, nos períodos chuvoso e de estiagem.<br />

TRATAMENTOS Pc Pp<br />

P CH<br />

2,069 a 44,645 a<br />

P ES<br />

1,341 b 24,194 b<br />

Dunn-sidak Adjusted 0,002 0,000<br />

a e b significativo ao nível de 5 % pelo teste t<br />

P CH<br />

: período chuvoso; P : período de estiagem; Pc: P. circinnata; Pp: P. pellucida.<br />

ES


188 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

CONCLUSÕES<br />

O estudo da estrutura anatômica caulinar e foliar de P. circinnata e P. pellucida revelou a presença<br />

de características conservativas e distintivas entre as espécies. As características conservativas<br />

permitiram apenas a delimitação taxonômica geral das espécies e as distintivas foram relevantes<br />

ao diagnóstico preciso de cada táxon.<br />

No que diz respeito à quantificação das glândulas da lâmina foliar, sugere-se que a exploração<br />

comercial seja feita durante o período chuvoso, para que haja maior rendimento na obtenção<br />

do óleo essencial das duas espécies analisadas de Peperomia.<br />

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Análise morfológica dos órgãos vegetativos<br />

e anatomia foliar de Piper alatipetiolatum Yuncker<br />

(Piperaceae)<br />

Eunice Gonçalves Macedo<br />

Júlio Cézar de Morais Cerqueira<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

INTRODUÇÃO<br />

Piper alatipetiolatum Yuncker, conhecida no Pará pela denominação popular de pau-de-angola,<br />

pertence à família Piperaceae. Segundo Barroso (1978), essa família possui cerca de doze gêneros,<br />

com 1.400 espécies, dentre as quais 460 espécies são encontradas no Brasil, cuja distribuição<br />

geográfica, em sua maioria, ocorre nos trópicos.<br />

Segundo Joly (1966) e Barroso (1978), a ordem Piperales é compreendida por três famílias:<br />

Saururaceae, Piperaceae e Chloranthaceae, das quais apenas a duas encontram-se representadas<br />

no Brasil. De acordo com Barroso (1978), Saururaceae é mais primitiva porque apresenta xilema<br />

constituído de vasos com pontuações escalariformes ou intermediárias nas paredes laterais.<br />

Morfologicamente, a família Piperaceae é constituída de plantas herbáceas ou arbustivas, raramente<br />

arborescentes, com células oleíferas, estames variando em número de um a dez livres, folhas simples,<br />

inteiras, dispostas em espiral, raramente opostas, enquanto que a família Chloranthaceae apresenta<br />

as mesmas características vegetativas, mudando em relação ao número de estames, que varia de<br />

um a três, unidos entre si, folhas opostas, simples e estipuladas (SCHULTZ, 1963).<br />

Segundo Yuncker (1972), a família Piperaceae foi descrita no século XVIII por Linnaeus, que lhe<br />

atribuiu quatro gêneros, sendo o gênero Piper descrito em 1737. Este autor informa que no<br />

século XIX, De Candolle foi um dos cientistas que mais se dedicou ao estudo das Piperaceae,<br />

tornando-se especialista nesta família. Este mesmo autor também cita que o gênero Piper L.<br />

está distribuído no Brasil nos estados do Amazonas, Acre, Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia,<br />

Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.<br />

A família Piperaceae é representada por plantas de hábito herbáceo, trepador, arbustivo,<br />

raramente arbóreo. As folhas são simples, inteiras e alternas. As flores são aclamídeas,<br />

andrógenas ou unissexuadas, protegidas por bractéolas pediceladas ou sésseis, geralmente<br />

peltadas; androceu formado de 2-6 estames livres, com anteras bitecas ou unitecas, rimosas;<br />

ovário súpero, unilocular, uniovulado, formado de 1-5 carpelos, com 1-5 estigmas; óvulo basal,


194 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

ortótropo. O fruto é uma drupa indeiscente, carnosa, raramente com perisperma e endosperma<br />

escasso; o embrião é reduzido (LAWRENCE, 1920; SCHULTZ, 1963; CRONQUIST, 1968; JOLY,<br />

1975; BARROSO, 1978). O gênero Piper apresenta flores sésseis, com mais de um estigma em<br />

inflorescência opositifólia (BARROSO, 1978).<br />

Com relação aos aspectos químicos, trabalhos mais recentes registram para a família Piperaceae<br />

uma grande quantidade de espécies produtoras de óleo essencial, principalmente do gênero<br />

Piper, que ocorrem na Amazônia (ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009).<br />

A espécie Piper nigrum L. (pimenta-do-reino) tem grande importância econômica entre as<br />

demais espécies da família, sendo usada como condimento, feito com os frutos triturados.<br />

Espécies como P. betle L., P. methysticum Forst. e P. cubeba L. também são utilizadas como<br />

condimento ou mastigatórias (CRONQUIST, 1968), enquanto outras são usadas como<br />

medicinais. De acordo com Joly (1966), a pimenta-do-reino é uma trepadeira originária da<br />

Ásia tropical (Java, Sumatra), onde os seus frutos, quando maduros, produzem a pimenta<br />

branca, enquanto que os frutos colhidos verdes, secos, produzem a pimenta preta para o<br />

comércio.<br />

A maioria dos trabalhos sobre o gênero Piper concentra-se principalmente em P. nigrum, e são,<br />

predominantemente, sobre o seu cultivo e produção. Quanto à anatomia dos órgãos vegetativos,<br />

raros são os trabalhos para o gênero e para P. alatipetiolatum Yuncker. Nenhuma referência foi<br />

encontrada na literatura consultada.<br />

Este trabalho teve como objetivo estudar a morfologia geral os órgãos vegetativos e os aspectos<br />

da folha em microscopia ótica e em microscopia de transmissão de P. alatipetiolatum.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O material estudado foi coletado no município de Ananindeua, na região metropolitana de<br />

Belém e parte das amostras foram devidamente herborizadas e depositadas no Herbário João<br />

Murça Pires (MG) do Museu Paraense Emílio Goeldi, recebendo o registro MG: 174254.<br />

Para o estudo morfométrico e anatômico, foram analisados dois espécimes de P. alatipetiolatum.<br />

Para estudo anatômico, o material teve os órgãos vegetativos seccionados e fixados em F.A.A.<br />

70 por 24 horas. Em seguida, as secções foram mergulhadas em água até a retirada do excesso<br />

do fixador e conservadas em álcool 70%, para posteriormente serem submetidas às técnicas<br />

usuais em anatomia vegetal. Para os estudos morfométricos foram descritos e mensurados os<br />

órgãos raiz, caule e folha, utilizando-se paquímetro.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 195<br />

Para a dissociação das epidermes, a lâmina foliar foi seccionada nas regiões da base, meio,<br />

ápice e região entre a nervura e a margem. As regiões da nervura central e margem foram<br />

seccionadas apenas na região mediana. Para a dissociação das mesmas foi utilizada a mistura<br />

de ácido nítrico 10% aquosa, aquecido sem ferver, em chapa aquecedora; após a separação foi<br />

retirado o excesso de ácido em água. Foram coradas em astrablau e fucsina básica 1% (BRAGA,<br />

1977), e montadas entre lâmina e lamínula com glicerina (PURVIS et al. 1964 apud KRAUSS;<br />

ARDUIN, 1997) ou foram desidratadas em série alcoólica e acetoaldeido crescente, seguindose<br />

a montagem em bálsamo do Canadá.<br />

Para a visualização em Microscópia de Varredura, amostras da lâmina foliar foram submetidas<br />

à desidratação em uma série alcoólica crescente. Após esse protocolo, seguiu-se com ponto<br />

crítico, montagem em suportes metálicos, metalização em ouro e captura de imagens no<br />

microscópio eletrônico LEO modelo 1450 VP.<br />

A folha foi seccionada com o auxílio de lâmina de barbear e micrótomo rotativo. Para os cortes<br />

à mão, os mesmos foram despigmentados em solução de água destilada e hipoclorito de sódio<br />

2:1, realizando-se a montagem entre lâmina e lamínula em glicerina. Já para os cortes<br />

permanentes, seguindo-se os protocolos de Johansen (1940).<br />

RESULTADOS<br />

Descrição e medições morfométricas<br />

A espécie P. alatipetiolatum é um arbusto de aproximadamente 2 m de altura, com folhas<br />

simples inteiras (Figura 1a), peninérvea, de coloração verde-escura, dispostas alternamente no<br />

caule; o pecíolo é dilatado (Figura 1b), achatado na base e invaginante, côncavo no sentido<br />

adaxial e convexo no sentido abaxial, apresentando a base com 8-10 cm de largura e 18-20 cm<br />

de comprimento e o pecíolo com 1,5-2,5 cm de comprimento.<br />

A porção aérea é dividida em dois tipos de ramos: o primeiro vertical, apresentando nós e<br />

entrenós, denominado de ramo de crescimento ou ortotrópico, o segundo que origina as folhas<br />

e frutos, de ramo de frutificação ou plagiotrópico. O caule é cilíndrico, de coloração verde,<br />

áspero devido à presença de lenticelas; apresenta regiões de nós e entrenós proeminentes<br />

(Figura 1d-f). Dos nós do cale partem ramificações laterais que se diferenciam, pelos dados<br />

morfométricos obtidos (Tabela 1).


196 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

As raízes podem surgir dos nós ou das regiões dos entrenós do caule (Figura 1d, f). As<br />

secundárias possuem em torno de 18 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, e ocorrem<br />

também raízes escoras, que possuem 30 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro (Figura 1g).<br />

A inflorescência é do tipo espiga e encontra-se inserida alternadamente ao longo do ramo<br />

(Figura 1c, e), originando-se do mesmo nó que dá origem às folhas.<br />

Tabela 1. Dados morfométricos obtidos para o caule e ramos de Piper alatipetiolatum.<br />

Regiões Caule principal (cm) Ramificações secundárias (cm)<br />

Diâmetro Comprimento Diâmetro Comprimento<br />

Ápice 07 6,5-12


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 197<br />

a b c<br />

d<br />

g<br />

e<br />

f<br />

Figura 1a-g. Aspectos morfológicos de Piper alatipetiolatum. a) Hábito, ramo plagiotrópico com inflorescências<br />

e folhas; b) Detalhe da inserção da folha no caule; c) Detalhe da inflorescência; d) Detalhe das raízes escoras<br />

no caule; e-f) Origem das raízes a partir da região do nó; g) Vista geral das raízes. Barra= 2 cm.<br />

Em ambas as superfícies da lamina foliar, foram observados tricomas pluricelulares não glandular<br />

e glandular. Na superfície abaxial há maior ocorrência de tricomas pluricelulares nas regiões das<br />

nervuras e margem, já os glandulares, sua distribuição se restringe a apenas a superfície. Na superfície<br />

adaxial é mais frequente a ocorrência de tricomas não glandulares na margem. Quanto ao número<br />

de células, os não glandulares possuem de 2 a 5 células (Figura 3e) e os glandulares, incluindo-se a


198 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

célula que se encontra entre as células epidémicas, possui 3 (Figura 3g). Foi observada algumas<br />

vezes a base dos tricomas glandulares inseridos em depressões. Os tricomas são revestidos por<br />

cutícula e cera epicuticular, sendo que nos glandulares a cutícula é lisa e podem ser recobertos<br />

quase que totalmente pela cera epicuticular (Figura 3h), enquanto que os não glandulares apresentam<br />

cutícula estriada (Figura 3e-f). Os tricomas glandulares são totalmente adpressos, enquanto que os<br />

não glandulares apresentam uma leve inclinação em direção à superfície.<br />

A lâmina foliar, em corte transversal, apresenta uma epiderme adaxial formada de células<br />

maiores do que as células da epiderme abaxial (Figura 2c-d). Dependendo da altura do corte,<br />

pode-se encontrar anexa a esta de 1 a 4 camadas de células semelhantes a uma hipoderme<br />

sem conteúdo aparente, enquanto que na epiderme abaxial, geralmente 2 camadas, não foi<br />

observada com exatidão a sua origem. Na superfície onde encontramos estômatos na<br />

superfície abaxial, ocorre câmaras subestomáticas (Figura 2e). O mesofilo é dorsiventral,<br />

apresentando de 2 a 5 camadas de parênquima paliçádico, seguido de um lacunoso de 2 a 3<br />

camadas. No tecido das células anexas entre a epiderme e o mesofilo, podem-se observar<br />

idioblastos sem conteúdo característico, geralmente são maiores e visíveis (Figura 2c-d),<br />

aparentemente realizam movimentação do mesofilo a epiderme, pois na superfície observamse<br />

regiões rompidas ou formando contornos característicos dessas células (Figura 2c e Figura<br />

3i-k). Os feixes vasculares são colaterais e distribuídos por todo o mesofilo, com exceção na<br />

região da margem, onde são interrompidos, dando lugar ao parênquima fundamental (Figura<br />

2f). A margem é levemente involuta.<br />

Na região da nervura central, as células anexas geralmente seguem atravessando toda a nervura<br />

(Figura 2g-h), sendo apenas interrompidas na região mais central, por um agrupamento de células<br />

colenquimáticas (Figura 2h). Anexa à epiderme abaxial encontra-se o colênquima (Figura 2i). Na<br />

região central, observam-se três feixes vasculares do mesmo tipo encontrado no pecíolo e mesofilo.<br />

DISCUSSÃO<br />

Na folha, Metcalfe e Chalk (1950), Albiero et al. (2005, 2006) e Gogosz et al. (2012) citam<br />

para as espécies da família Piperaceae e do gênero Piper, algumas características anatômicas<br />

comuns como a dorsiventralidade, estômatos tetracítricos ou ciclocíticos, tricomas tectores e<br />

glandulares, entre outras, os mesmos observados neste trabalho.<br />

Foi observado que em P. alatipetiolatum dependendo da altura do corte, pode-se encontrar<br />

anexa ao tecido de revestimento de 1 a 4 camadas de células, indicadas como semelhantes a<br />

uma hipoderme. Takemori, Bona e Alquini (2003) estudando folhas do gênero Peperomia,


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 199<br />

a<br />

b<br />

300µm<br />

100µm<br />

c<br />

d<br />

50µm<br />

50µm<br />

e<br />

f<br />

50µm 50µm<br />

g h i<br />

400µm<br />

100µm<br />

100µm<br />

Figura 2a-i. Aspectos do corte transversal da folha de Piper alatipetiolatum em microscopia de luz. a) Vista<br />

geral do pecíolo; b) Detalhe da região abaxial do pecíolo; c-d) Detalhe do mesofilo; e) Detalhe do estômato e<br />

câmara subestomática; f) Detalhe da região da margem; g) Vista geral nervura central; h) Detalhe da região<br />

adaxial da nervura central; i) Detalhe da região abaxial da nervura central.


200 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c d e<br />

f g h<br />

i j k<br />

Figura 3a-k. Vista frontal da lamina foliar de Piper alatipetiolatum em eletromicrografias de varredura. a) Vista<br />

geral da superfície adaxial; b) Detalhe da região da nervura; c-d) Detalhe dos estômatos ciclocitícos; e) Tricoma<br />

não glandular; f) Detalhe da estriação da cutícula no tricoma não glandular; g) Detalhe da cutícula do tricoma<br />

glandular; h) Detalhe da cerra epicuticular recobrindo o tricoma glandular; i-j) Áreas demarcadas onde inicia<br />

o rompimento da cutícula; k) Áreas onde ocorreu o rompimento da cutícula.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 201<br />

denominaram essas células de tecido aquífero e verificaram que originam-se a partir de divisões<br />

periclinais das células epidérmicas. Neste estudo, preferiu-se não adotar o termo epiderme<br />

múltipla e recomendar estudos de ontogênese foliar para o gênero Piper.<br />

Em Saururus cernuus Plum. ex Linn. (Saururaceae, Piperales), citado por Tucker (1976), as<br />

células oleíferas apresentam caráter intrusivo, ou seja, formam-se no mesofilo e afloram na<br />

epiderme. Isto também foi observado em Virola Aublet (BRAGA, 1992). Embora não tenha<br />

sido investigada a ontogenia da célula oleífera, notou-se em P. alatipetiolatum, em Microscopia<br />

de luz e Microscópia Eletrônica de Varredura (MEV), que as células oleíferas aparentemente<br />

afloram na face adaxial da epiderme e rompem-se (Figura 3i-k), extravasando o seu conteúdo<br />

na superfície da folha.<br />

A distribuição das células oleíferas no mesofilo na folha adulta da espécie estudada é encontrada<br />

mais no parênquima lacunoso e parênquima paliçádico, enquanto que em outras espécies<br />

produtoras de óleos essenciais, como em Aniba parviflora (Meissn) Mez (Lauraceae), estudada<br />

por Vattimo (1968), cita que essas estruturas são mais frequentes na segunda camada do<br />

parênquima paliçádico, e menos frequente na primeira camada desse parênquima e na<br />

hipoderme.<br />

West (1969) afirma que 20 famílias lenhosas Ranalianas têm como caráter unificador as células<br />

de óleo. Este autor estudou e descreveu os membros de nove espécies, que são: Annonaceae,<br />

Canellaceae, Hernandiaceae, Illiaceae, lauraceae, Magnoliaceae, Myristicaceae e Piperaceae. A<br />

espécie estudada reforça este caráter para a família Piperaceae, pela grande abundância de<br />

células oleíferas.<br />

As células secretoras, segundo Metcalfe e Chalk (1950), ocorrem nas folhas de todos os gêneros<br />

da família Piperaceae, com exceção do gênero Symbrio. Segundo esses mesmos autores, as<br />

estruturas secretoras externas comuns no gênero Piper são os hidatódios, os tricomas<br />

glandulares e as glândulas reluzentes, sendo que na espécie enfatizada neste trabalho não<br />

foram encontrados os hidatódios e glândulas reluzentes. Entretanto, foi observado outro tipo<br />

de estrutura, que são as células oleíferas, que realizam movimentação até a superfície adaxial<br />

da folha, indicado em MEV o rompimento da cutícula nessas regiões.<br />

Hanberlandt (1965) relatou que a secreção de óleo protege a planta contra o ataque de<br />

animais, e que a volatilização do óleo atuava contra o aumento de temperatura interna e,<br />

consequentemente, contra o aumento de transpiração. Segundo Levin (1973), os tricomas<br />

têm um papel de defesa mecânica e química nas plantas através dos tricomas tectores e<br />

tricomas secretores são exudados terpenos, fenóis, alcaloides ou outras substâncias olfativas<br />

ou gustativas repelentes.


202 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Gogosz et al. (2012) realizou estudo anatômico de nove espécies de Piper, e indicou como<br />

características para diagnóstico taxonômico: epiderme múltipla, espessura da cutícula,<br />

sinuosidade da parede celular, número de camada dos parênquimas clorofilianos e tamanho<br />

dos tricomas. Essas características foram observadas na espécie estudada, mas não podemos<br />

indicá-las realmente como valor taxonômico, já que tamanho e espessamento de estruturas da<br />

lamina foliar variam de acordo com o ambiente que é encontrado as espécies (CUTTER, 1987;<br />

ESAU, 1974; FAHN, 1978; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996)<br />

CONCLUSÃO<br />

A espécie segue o padrão morfológico e anatômico geral para a família Piperaceae e gênero<br />

Piper. Mais estudos sobre a sua ontogenia tornam-se necessários para definir a origem do<br />

tecido anexo à epiderme, e verificar a movimentação dos idioblastos e a liberação do seu<br />

conteúdo na superfície da lâmina foliar.<br />

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Caracterização morfológica e estrutural dos ramos e folhas<br />

de “Oriza” Pogostemon heyneanus Benth. (Lamiaceae) com<br />

ênfase nas estruturas secretoras<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Sueyla Malcher Bezerra<br />

Alba Lúcia Ferreira de Almeida Lins<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar-Dias<br />

Haiwry de Jesus Farias<br />

Breno Ricardo Serrão da Silva<br />

INTRODUÇÃO<br />

Pogostemon Desf., é um gênero bem delimitado da família Lamiaceae, globalmente<br />

representado por 96 espécies (MABBERLEY, 2005), a maioria aromática (CANTINO, 1990),<br />

devido ao metabolismo dessas plantas ser capaz de produzir óleo essencial, que tem sido<br />

intensivamente utilizado na fabricação de produtos cosméticos e de higiene oral como<br />

perfumes, cremes dentais e aromatizantes, respectivamente (LU et al., 2009), além de ser<br />

usado também na medicina tradicional (COELHO-FERREIRA, 2008; LISBOA; SILVA, 2009).<br />

Pogostemon heyneanus Benth., popularmente conhecida no norte do Brasil como “oriza”, é<br />

originária da Índia, mas cultivada de forma intensiva na Indonésia e Malásia. Na América do<br />

Sul seu cultivo ocorre no Paraguai e no Brasil (SOUZA FILHO et al., 2009). Segundo Vasconcelos<br />

et al. (2011), no Brasil a planta foi introduzida e vem sendo cultivada no estado do Pará por<br />

agricultores, em pequenas roças e quintais (LISBOA; SILVA, 2009).<br />

O óleo essencial produzido por esta espécie é rico em sesquiterpenos (MURUGAN et al., 2010),<br />

exala odor forte e canforáceo, comumente utilizado na perfumaria (CORRÊA, 1984), além de<br />

também apresentar atividade alelopática (SOUZA FILHO et al., 2009). Estudos químicos levaram<br />

a identificação dos componentes presentes no óleo essencial de P. heyneanus, sendo os<br />

majoritários o álcool de patchouli, α-bulneseno, α-guaieno, seicheleno, α-patchouleno,<br />

aromadendreno, δ-guaieno, acetofenona, nerolidol e β-pineno (MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2000;<br />

MAIA; ANDRADE, 2009; MURUGAN et al., 2010).<br />

Geralmente os óleos essenciais em Lamiaceae estão armazenados em vários tipos de tricomas<br />

glandulares (ASCENSÃO; MARQUES; PAIS, 1995; TAHIR; KHANAM; HASAIN, 1995; ASCENSÃO;<br />

PAIS, 1998; NAVARRO; EL OUALIDI, 2000; GERSBACH, 2002; MARTINS; PASTORI, 2004), que


206 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

acumulam, em geral, uma mistura bastante complexa de hidrocarbonetos, álcoois e aromáticos,<br />

encontrados em tecidos de rizomas, cascas, folhas, flores e sementes (ARAÚJO, 1995). Em P.<br />

heyneanus são as folhas que exalam aroma mais intenso. Este fato corrobora o rendimento do<br />

óleo essencial em folhas e galhos finos, que alcançou 4,7%, enquanto que em galhos mais<br />

grossos foi de apenas 1,5% (VASCONCELOS et al., 2011). Contudo, trabalhos que abordam a<br />

anatomia das estruturas secretoras responsáveis pelo acúmulo do óleo essencial em espécies<br />

de Posgostemon são escassos (MAEDA; MIYAKE, 1997; MAEDA; MIYAKE; TOMARU, 1999;<br />

SANDES et al., 2012). Segundo Ascensão, Mota e Castro (1999), estudos anatômicos e<br />

ultraestruturais que descrevem cada tipo morfológico de tricomas glandulares em Lamiaceae<br />

podem ajudar na interpretação de suas funções.<br />

Diante do exposto e da importância de P. heyneanus como planta aromática e medicinal, este<br />

estudo teve por objetivo caracterizar a morfologia e estrutura dos ramos e folhas, assim como<br />

inventariar as estruturas envolvidas com a atividade secretora do óleo essencial de “oriza”,<br />

tendo em vista que esta espécie não apresenta registros na literatura quanto a esses dados.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Ramos e folhas foram coletados de espécimes de P. heyneanus cultivados no horto de plantas<br />

medicinais da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), em Belém, Pará.<br />

Para a descrição morfológica, as espécies foram observadas in loco e as mensurações das<br />

partes vegetativas realizadas com régua milimetrada. Para o estudo anatômico, amostras da<br />

região mediana foram retiradas dos mesmos e fixadas em FAA (formaldeído, ácido acético,<br />

álcool etílico 70%) por 24 horas, mantidas em vácuo e armazenadas em álcool etílico 70%.<br />

Posteriormente, foram desidratadas em série etílica (JOHANSEN, 1940) e incluídas em<br />

hidroxietilmetacrilato Leica (GERRITS; SMID, 1983).<br />

Seções seriadas transversais foram feitas à mão e em micrótomo rotativo de avanço automático<br />

(Leica RM 2245), com 4µm de espessura e coradas com azul de toluídina 0,05%.<br />

A dissociação de epiderme foi realizada com fragmentos da região mediana das folhas, os<br />

quais foram colocados em solução de peróxido de hidrogênio e ácido acético (FRANKLIN, 1945;<br />

modificado) por 24 horas. Após completa dissociação, as epidermes foram lavadas em água<br />

destilada, e em seguida coradas em azul de astra e fucsina básica 1% (BRAGA, 1999), e montadas<br />

entre lâminas e lamínulas com glicerina.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 207<br />

Testes microquímicos foram realizados nas estruturas secretoras para evidenciar as principais classes<br />

de compostos químicos que constituem a secreção: Preto Sudão B e Sudão IV (PEARSE, 1985), para<br />

lipídios totais e reagente de NADI (DAVID; CARDE, 1964), para óleos essências e óleo resinas.<br />

As fotomicrografias foram realizadas com auxílio de câmera fotográfica digital Canon<br />

PowerShot A660IS, acoplada ao microscópio Zeiss Axiostar plus. As demais ilustrações foram<br />

obtidas com câmera digital Sony Cyber-Shot 16.0 Megapixel. Os termos utilizados na descrição<br />

morfológica estão de acordo com Murugan e Livingstone (2010) e Ramasamy e Ramamoorthy<br />

(2012), enquanto que a terminologia adotada na descrição anatômica está de acordo com<br />

Ascensão, Mota e Castro (1999) e Sandes et al. (2012).<br />

RESULTADOS<br />

Caracterização morfológica<br />

Pogostemon heyneanus Benth. é uma erva ereta, com 25 a 60 cm de altura, tricomas abundantes<br />

e fortemente aromática. Caule obtuso 4-angular, marrom-avermelhado e ramificado. Folhas<br />

simples, macias, opostas cruzadas, ovaladas a deltoides, limbo de 7-14 x 4-9 cm quando<br />

totalmente expandidas, com tricomas abundantes, ápice obtuso, margem duplo-crenada; base<br />

obtusa ou acuneada, peciolada; pecíolo com 2-9 cm de comprimento, piloso; nervuras<br />

proeminentes na face abaxial, arroxeada; nervação camptódroma (Figura 1a-e).<br />

Caracterização anatômica<br />

RAMOS<br />

Os ramos, em seção transversal, apresentam forma quadrangular, com as arestas obtusas e<br />

três regiões distintas: epidérmica, cortical e vascular (Figura 2a). A epiderme é unisseriada,<br />

constituída por células isodiamétricas recobertas por cutícula delgada (Figura 2b). Ainda na<br />

superfície, ocorrem estômatos, tricomas tectores e glandulares (esses apêndices serão mais<br />

detalhados nos tópicos Folha e Estruturas Secretoras). Subsequente à superfície ocorrem quatro<br />

a cinco camadas de colênquima angular (Figura 2c), distribuídas uniformemente ao longo do<br />

órgão, seguidas por cinco camadas de células parenquimáticas de tamanhos variados. Idioblastos<br />

contendo cristais aciculares são frequentes na região do córtex (Figura 2b).<br />

O sistema vascular é colateral, apresentando câmbio ativo, produzindo floema para fora e xilema<br />

para dentro (Figura 2d). A região medular é formada por células parenquimáticas maiores que<br />

as demais regiões (Figura 2a).


208 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b<br />

c d e<br />

Figura 1a-e. Aspectos morfológicos de Pogostemon heyneanus: a) Hábito; b-c) Ramos (b), notar tricomas ao<br />

longo dos ramos axilares (c); d) Folha deltoide, evidenciando a face adaxial e abaxial; e) Margem crenada.<br />

Escalas: a, b = 15 cm; c, d = 8 cm; e = 4,5 cm.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 209<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

Figura 2a-d. Estrutura do caule de Pogostemon heyneanus, em seção transversal: a) Vista geral; b) Detalhe da<br />

epiderme, córtex e sistema vascular, notar idioblasto com conteúdo (cabeça de seta); c) Colênquima angular;<br />

d) Sistema vascular, notar câmbio (asterisco). Abreviaturas: ep = epiderme; Ca = colênquima angular; cx = córtex;<br />

fl = floema; m = medula; x = xilema. Escalas: a = 250µm; b, c = 50µm; d = 20µm.


210 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

FOLHA<br />

Pecíolo e nervura central<br />

O pecíolo, em seção transversal, apresenta contorno irregular (Figura 3a). A superfície é<br />

constituída por células de tamanhos variados, além de estômatos e tricomas tectores e<br />

glandulares. Adjacente à superfície ocorrem três camadas de colênquima angular (Figura 3b),<br />

distribuídas uniformemente nessa região, seguidas por seis camadas de células parenquimáticas,<br />

de paredes delgadas, repletos de cloroplastos e espaços intercelulares conspícuos. Idioblastos<br />

contendo cristais aciculares e prismáticos são comumente observados na região cortical. O<br />

sistema vascular é colateral, em forma de arco, além de dois traços foliares localizados nas<br />

extremidades da região dorsal (Figura 3c).<br />

A nervura central, em seção transversal, apresenta forma biconvexa (Figura 3d). A superfície é<br />

constituída por células heterodimencionais, com paredes periclinais onduladas, seguidas por<br />

um aglomerado de células colenquimáticas angulares na face adaxial (Figura 3e). Já na face<br />

abaxial, observa-se que estas se organizam em uma a duas camadas. Logo após ocorrem cinco<br />

camadas de células parenquimáticas com paredes delgadas e espaços intercelulares. O sistema<br />

vascular é semelhante ao descrito no pecíolo (Figura 3f).<br />

Lâmina foliar<br />

A superfície foliar, em vista frontal, apresenta células com paredes anticlinais sinuosas, recobertas<br />

por cutícula lisa em ambas as faces (Figura 4a). Estômatos diacíticos são frequentes na face<br />

abaxial, caracterizando-a como hipoestomática (Figura 4a-b). Tricomas tectores pluricelulares<br />

unisseriados ocorrem em ambas as faces. Estes possuem a base constituída por duas a quatro<br />

células abauladas, que se localizam acima do nível epidérmico, exibindo parede espessada,<br />

ornamentada, e ápice afilado (Figura 4c).<br />

O mesofilo, em seção transversal, é dorsiventral (Figura 4d). A camada epidérmica da face<br />

adaxial e abaxial é unisseriada, com paredes periclinais papilosas apenas na face adaxial. Os<br />

estômatos estão restritos à face abaxial e, em geral, encontram-se acima do nível epidérmico<br />

(Figura 4d). Adjacente a esta, observa-se apenas uma camada de células em paliçada; o<br />

parênquima esponjoso é constituído por seis camadas de células com grandes espaços<br />

intercelulares, ambos contendo abundantes cloroplastos, amiloplastos (Figura 4d) e cristais<br />

aciculares (Figura 4e). Feixes vasculares de pequeno e médio calibre estão dispersos nesta<br />

região. O sistema vascular é colateral e bidirecional.<br />

A margem foliar da espécie analisada, em seção transversal, exibe forma terminal suavemente<br />

revoluta (Figura 4f), com células epidérmicas heterodimencionais, cutícula delgada e tricomas<br />

glandulares localizados em depressões da epiderme.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 211<br />

a<br />

d<br />

b<br />

e<br />

c<br />

f<br />

Figura 3a-f. Estrutura do pecíolo e nervura central de Pogostemon heyneanus, em seção transversal. Pecíolo:<br />

a) Vista geral, notar traços foliares (setas); b) Colênquima angular; c) Feixe do traço foliar. Nervura ventral: d) Vista<br />

geral, notar tricoma glandular (seta); e) Detalhe do colênquima, notar tricoma glandular (seta); f) Sistema vascular<br />

em arco. Abreviaturas: Ca = colênquima angular; cx = córtex; fl = floema; fv = feixe vascular; Id = idioblasto;<br />

pp = parênquima paliçádico; x = xilema. Escalas: a, d = 250 µm; b, c = 20µm; e = 30µm; f = 50µm; ).


212 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Estruturas secretoras<br />

As estruturas secretoras observadas nos ramos e folhas de P. heyneanus são idioblastos<br />

(Figura 4g) e tricomas glandulares (Figura 5a-i).<br />

Os idioblastos localizam-se na região cortical do caule, pecíolo, nervura central e parênquima<br />

paliçádico do mesofilo das folhas, com conteúdo denso e amarelado in natura (Figura 4g).<br />

Os tricomas glandulares encontram-se distribuídos aleatoriamente na superfície epidérmica<br />

de todas as regiões analisadas. Estes apresentam citoplasma denso e amarelado e/ou inúmeros<br />

vacúolos, os quais foram classificados em três tipos estruturais: peltado, capitado e digitiforme.<br />

Em seção transversal, os tricomas peltados se encontram em depressões da superfície<br />

epidérmica e foram observados de duas formas: o primeiro formado por uma célula epidérmica<br />

basal, uma célula colar e uma cabeça glandular globoide contendo inúmeros vacúolos e coberta<br />

por uma cutícula espessa (Figura 5a-b). O segundo é constituído por célula epidérmica basal,<br />

pedicelo curto e cabeça glandular uni, bi, tri ou tetracelular (Figura 5c-e) coberta por cutícula<br />

delgada. Este tipo de tricoma glandular ocorre em abundância na lâmina foliar.<br />

Tricomas glandulares capitados podem ser curtos ou longos, ambos com parede celular<br />

cutinizada. Os capitados-curtos apresentam célula epidérmica basal, pedicelo unicelular, célula<br />

colar e cabeça glandular unicelular esférica (Figura 5f). Os capitados-longos são formados por<br />

uma célula epidérmica basal, pedicelo bi ou tricelular, célula colar e cabeça glandular unicelular<br />

esférica (Figura 5g-h).<br />

Os tricomas digitiformes foram observados principalmente no pecíolo das folhas. Esses são<br />

compostos por quatro células em linha, diâmetros semelhantes e comprimento quase igual,<br />

sendo assim constituídos: célula epidérmica basal, duas células no pedicelo e célula distal em<br />

forma de dedo ou espátula. Essas últimas células contêm citoplasma denso e amarelado<br />

(Figura 5i). Vale ressaltar que este tricoma glandular está sendo registrado pela primeira vez<br />

para um representante de Pogostemon.<br />

Testes microquímicos revelaram que as estruturas secretoras supracitadas apresentaram reação<br />

positiva para lipídios totais, evidenciada pela coloração preta com Preto Sudão B (Figura 6c-e;<br />

Figura 6i) e vermelho e laranja intenso quando corados com Sudan IV (Figura 6a, f, h), além<br />

desses, também foi constatada nos exsudatos uma mistura de óleos essenciais e ácidos resínicos<br />

(óleo-resina) evidenciados por diferentes tons, que vão de violeta a púrpura quando corados<br />

com o reagente de NADI (Figura 6b, g).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 213<br />

a b c<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

Figura 4a-g. Estrutura da lâmina foliar de Pogostemon heyneanus em seção transversal: a) Vista frontal da face<br />

abaxial; b) Estômato diacítico; c) Tricoma tector, notar células abauladas na base; d) Mesofilo dorsiventral,<br />

notar estômato acima do nível epidérmico (seta); e) Idioblasto contendo cristais aciculares; f) Detalhe da<br />

margem, notar idioblasto (seta); g) Detalhe do idioblasto no mesofilo com conteúdo in natura. Abreviaturas:<br />

Ed = epiderme adaxial; Eb = epiderme abaxial; pp = parênquima paliçádico; pe = parênquima esponjoso.<br />

Escalas: a = 250 µm; d, f = 50 µm; b, c, e, g = 20µm.


214 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a b c<br />

h<br />

d<br />

e<br />

f<br />

g<br />

i<br />

Figura 5a-i. Estrutura dos tricomas glandulares presentes nos ramos e folhas de Pogostemon heyneanus em<br />

seção transversal: a-b) Tricoma peltado, com secreção (a), notar cutícula enrolada (seta) (b); c-e) Tricomas<br />

peltados com cabeça glandular uni (c) e bicelular (d, e), evidenciando a cutícula rompida (seta); f) Tricoma<br />

capitado-curto, notar gotículas na cabeça glandular; g-h) Tricomas capitados-longos. i) Tricoma digitiforme.<br />

Escalas: a-h = 20µm.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 215<br />

a<br />

b<br />

c d e<br />

f g h i<br />

Figura 6a-i. Testes microquímicos mostrando reações positivas para os compostos químicos presentes nas<br />

estruturas secretoras de Pogostemon heyneanus: a-b) Idioblasto corado com Sudão IV (a) e reagente de NADI<br />

(b); c) Tricoma peltado corado com Preto Sudão B; d) Tricoma peltado com cabeça glandular bicelular corado<br />

com Sudão IV, notar cutícula rompida (seta). e-g) Tricomas capitados-curtos corados com Preto Sudão B, notar<br />

cutícula rompida, seta (e), Sudão IV (f) e reagente de NADI (g); h) Tricoma capitado-longo corado com Sudão IV<br />

(seta); i) Tricoma digitiforme corado com Preto Sudão B (seta). Escalas: a-i = 20µm.


216 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

DISCUSSÃO<br />

Os caracteres morfológicos atinentes ao hábito, forma e filotaxia das folhas de “oriza”<br />

(P. heyneanus) estão de acordo com o descrito para o gênero Pogostemon (BHATTI; INGROUILLE,<br />

1997). Contudo, foram observadas algumas peculiaridades à mesma. A espécie em estudo<br />

apresenta hábito herbáceo, mas pode alcançar o porte arbustivo com o tempo de cultivo. É<br />

relevante destacar que, quando tocada, a planta exala um forte aroma, provocado pelo<br />

rompimento das glândulas secretoras que recobrem a superfície.<br />

A análise anatômica revelou que o caule quadrangular de P. heyneanus apresenta superfície<br />

epidérmica unisseriada. Este carater é comumente observado em espécies de Lamiaceae, entre<br />

elas Leonurus sibiricus L. (DUARTE; LOPES, 2005), Plectranthus neochilus Schltr. (DUARTE; LOPES,<br />

2007), Hyptidendron canum (Pohl ex Benth.) Harley (FIUZA et al., 2010) e Vitex agnus-castus L.<br />

(VALENTE, 2010). O tecido colenquimático angular evidenciado na espécie estudada é semelhante<br />

ao encontrado em Hyptis pectinata (L.) Poit. e H. suaveolens (L.) Poit. (BASÍLIO et al., 2006) e<br />

Plectranthus neochilus Schltr. (DUARTE; LOPES, 2007). Entretanto, segundo Metcalfe e Chalk (1950),<br />

dependendo do arranjo que esse tecido forma no caule, pode apresentar valor diagnóstico.<br />

A nervura central e pecíolo apresentam características estruturais semelhantes, como epiderme<br />

unisseriada revestida por cutícula delgada, presença de estômatos, tricomas tectores e<br />

glandulares, e formato do sistema vascular colateral em arco. Estas características também<br />

foram constatadas em espécies de Lamiaceae (SOLEREDER, 1908; METCALFE; CHALK, 1950;<br />

TAHIR; KHANAM; HASAIN, 1995; MILANEZE-GUTIERRE et al., 2007; COSTA et al., 2012). A<br />

dorsiventralidade do mesofilo em P. heyneanus é outra característica comumente observada<br />

na família e descrita para Cunila microcephala Benth. (TOLEDO; ALQUINI; NAKASHIMA, 2004),<br />

Leonurus sibiricus L. (DUARTE; LOPES, 2005), Hyptis pectinata (L.) Poit. e H. suaveolens (L.) Poit.<br />

(BASÍLIO et al., 2006).<br />

Em Lamiaceae, a ocorrência de cristais não é frequente (METCALFE; CHALK, 1950). Apesar disso,<br />

cristais aciculares e prismáticos, provavelmente de oxalato de cálcio, foram observados no córtex<br />

do caule, pecíolo, nervura central e mesofilo das folhas da espécie em estudo. Duarte e Lopes<br />

(2005) também registraram cristais do tipo estiloide e prismático no caule de Leonurus siribicus L.<br />

Segundo Silva (2013), os cristais de cálcio, comumente oxalato e raramente carbonato ou malato,<br />

formam tanto prismas como acículas e mostram-se isolados, conjugados e agregados,<br />

originando os chamados ráfides, estiloides, drusas, dentre outros. Várias hipóteses foram<br />

levantadas para as possíveis funções desses cristais nos tecidos das plantas. De acordo com<br />

Paiva e Machado (2005), a localização de cristais próximos aos feixes vasculares está relacionada


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 217<br />

ao gradiente de concentração de cálcio dos elementos crivados para as células da bainha do<br />

feixe. Já Haberlandt (1925) e Paiva (2003) referiram que os cristais de oxalato de cálcio se<br />

formem devido à ausência de um sistema excretor especializado, enquanto Franceschi e Horner<br />

Jr. (1980) citaram que a função desses cristais está relacionada com o equilíbrio iônico, além de<br />

servirem como importantes marcadores taxonômicos (JANSEN et al., 2002).<br />

Quanto às estruturas secretoras produtoras de óleo essencial, Dickson (2000) reportou que<br />

essas substâncias, em geral, ocorrem em cavidades secretoras ou em tricomas glandulares,<br />

fornecendo o odor e o sabor distinto da parte da planta que os possuem.<br />

Idioblastos com conteúdo denso e amarelado foram observados na região cortical dos ramos,<br />

pecíolo, nervura central e mesofilo das folhas de P. heyneanus. Esta glândula foi pouco citada<br />

para o mesofilo de representantes de Lamiaceae, como Brazoria Engelm. & A. Gray e Physostegia<br />

Benth. (METCALFE; CHALCK, 1950) e Pogostemon cablin (Blanco) Benth. , o “patchouli” (SANDES<br />

et al., 2012). Estes últimos autores ainda ressaltaram que o maior tamanho dessas células<br />

secretoras, quando comparadas aos tricomas glandulares, é um excelente produtor de<br />

compostos aromáticos, uma vez que o tamanho das glândulas e a produção de compostos<br />

aromáticos estão intimamente relacionados, tendo um papel importante na produção<br />

quantitativa desses compostos (KAHRAMAN; CELEP; DOGAN, 2010).<br />

Tricomas tectores e glandulares em Lamiaceae apresentam-se de diversas formas, podendo<br />

ocorrer em ambas as faces da epiderme (METCALFE; CHALK, 1950). Os tricomas glandulares<br />

podem variar quanto à estrutura e secretar várias substâncias químicas, como óleos essenciais,<br />

alcaloides e compostos fenólicos (FAHN, 1979).<br />

Em P. heyneanus foram observados três tipos de tricomas glandulares, são eles: peltado, capitado<br />

e digitiforme. Segundo Ascensão, Mota e Castro (1999), os tricomas peltados in vivo assemelhamse<br />

com uma laranja, de cor acastanhada e forma arredondada, consistindo de uma célula basal<br />

na epiderme, uma célula pedicelar muito curta, com paredes cutinizadas, e uma cabeça redonda<br />

de oito células secretoras dispostas num único disco, estrutura semelhante ao observado na<br />

espécie em estudo. Essas autoras citaram, ainda, que em micrografias, as cabeças glandulares<br />

desse tipo de tricoma mostram uma superfície lisa ou rugosa, indicando que a ligação estreita da<br />

cutícula com as paredes das células secretoras superiores, revelando a presença de um grande<br />

espaço subcuticular, formado pela separação da cutícula, a secreção acumulada nesse espaço<br />

permanece presa, dando ao tricoma uma forma mais ou menos esférica.<br />

Com relação aos tricomas capitados, estes podem ser divididos em dois tipos: curtos e longos,<br />

de acordo com as dimensões da haste, a morfologia da cabeça glandular e o processo de<br />

secreção (ASCENSÃO; MOTA; CASTRO, 1999).


218 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Geralmente os tricomas capitados-curtos são formados por uma célula basal, uma célula<br />

peduncular curta com paredes laterais cutinizadas e uma cabeça globoide uni ou bicelular<br />

(ASCENSÃO; MOTA; CASTRO, 1999). Ainda segundo as autoras, o produto da secreção é<br />

acumulado no interior das células apicais, num espaço muito pequeno, subcuticular,<br />

provavelmente para ser exsudada pelos microporos da cutícula.<br />

Os tricomas capitados-longos também foram descritos por Ascensão, Mota e Castro (1999),<br />

exibindo uma célula basal, cabeça secretora unicelular suportada por um pescoço de células de<br />

diâmetro estreito e paredes laterais cutinizadas, desenvolvendo um espaço subcuticular esférico,<br />

onde a secreção é acumulada temporariamente.<br />

Tricomas capitados curtos e longos foram constatados ao longo dos ramos e folhas de<br />

P. heyneanus, mas não foram observados os processos de secreção supracitados.<br />

Martins e Pastori (2004) mencionaram que dentre as diferenças morfofuncionais existentes<br />

entre os tricomas peltados e capitados, citam-se a morfologia, o início e a duração da atividade<br />

secretora, o modo de secreção e o tipo de material secretado, por exemplo, nos tricomas<br />

glandulares capitados o material produzido é expelido para o exterior, enquanto nos tricomas<br />

peltados esse material permanece no espaço subcuticular.<br />

No que diz respeito ao tricoma glandular formado por uma célula epidérmica basal, duas células<br />

no pedicelo e uma célula secretora distal em forma de dedo ou espátula, este foi designado<br />

como tricoma glandular digitiforme, comumente registrado em órgãos aéreos de vários gêneros<br />

de Asteraceae: Aspilia Thouars, Bidens L., Calea L., Eupatorium L., Mikania Willd., Riencourtia<br />

Cass., Stevia Cav., Verbesina L., Viguiera Kunth, Wedelia Jacq. e Wulffia Neck. ex Cass. (CASTRO;<br />

LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997).<br />

É importante destacar a presença de tal estrutura nos órgãos vegetativos aéreos de P. heyneanus,<br />

tendo em vista que só há registro na literatura para Plectranthus ornatus (ASCENSÃO; MOTA;<br />

CASTRO, 1999). Segundo as autoras, esse tipo de tricoma não desenvolve espaço subcuticular.<br />

O resultados dos testes microquímicos indicaram que todas as glandulas secretoras observadas<br />

no caule e folhas de P. heyneanus possuem na composição química dos seus exsudatos<br />

substâncias lipídicas, evidenciadas pela coloração preta e laranja intenso, respectivamente, além<br />

de terpenos com uma mistura de óleos essencias e ácidos resínicos evidenciados por diferentes<br />

tons de violeta a púrpura. Esses dados são consistentes com outros representantes da família<br />

Lamiaceae, uma vez que Ascensão, Mota e Castro (1999), ao realizarem testes histoquímicos<br />

em tricomas glandulares peltados, capitados e digitiformes, localizados nas folhas e flores de<br />

Plectranthus ornatus, constataram que esses tipos estruturais de tricomas glandulares também<br />

são produtores de óleo-resina.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 219<br />

Quanto à função dos tricomas glandulares, alguns autores citam que as secreções produzidas<br />

por essas estruturas atuariam como recompensas orais aos polinizadores (ASCENSÃO; MOTA;<br />

CASTRO, 1999) ou estariam envolvidas com a defesa química de plantas (WAGNER; WANG;<br />

SHEPHERD, 2004). Assim, observações sobre o comportamento dos polinizadores e de outros<br />

visitantes de P. heyneanus são necessárias para testar tais hipóteses.<br />

CONCLUSÕES<br />

Apesar de terem sido observadas características morfoanatômicas comuns à Lamiaceae e ao<br />

gênero, os ramos e as fohas de P. heyneanus também apresentaram características<br />

peculiaridades ao táxon, tais como papilas na face adaxial da lâmina facial e cristais aciculares<br />

e prismáticos nas folhas e córtex, os quais contribuem para o conhecimento biológico estrutural<br />

desta espécie e fornecem informações úteis aos estudos taxonômicos e ecológicos, bem como<br />

para a Farmacognosia.<br />

As estruturas secretoras presentes nos órgãos analisados são idioblastos, tricomas glandulares<br />

peltados, tricomas glandulares capitados e tricomas glandulares digitiformes, cujos exsudados<br />

contêm uma mistura de óleo e resina.<br />

Ademais, o tricoma glandular digitiforme observado na espécie em estudo é um registro inédito<br />

para Pogostemon Desf.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao CNPq, pela bolsa SET concedida à primeira autora, ao Horto de Plantas Medicinais da<br />

Universidade Federal da Amazônia, pela coleta de amostras e ao Laboratório de Anatomia<br />

Vegetal da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi.<br />

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Caracterização anatômica das folhas<br />

de Unxia camphorata L. f. (Asteraceae)<br />

Dâmaris Vieira Busman<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Eunice Gonçalves Macedo<br />

INTRODUÇÃO<br />

A família Asteraceae é compreendida por cerca de 1.600 gêneros e 23.000 espécies, distribuídas<br />

em regiões tropicais, subtropicais e temperadas (BREMER, 1994). No Brasil, está representada<br />

por aproximadamente 180 gêneros e 1.900 espécies, distribuídas em diferentes formações<br />

vegetacionais (BARROSO et al., 1991; NAKAJIMA; SEMIR, 2001).<br />

Metcalfe e Chalk (1985) destacam importantes características estruturais para essa família,<br />

entre as quais cavidades e canais secretores, canais laticíferos, diferentes tipos de tricomas<br />

glandulares e não glandulares, espessamento secundário anômalo, feixes corticais e medulares,<br />

estômatos anomocíticos e cristais muito raros. Além disso, Monteiro et al. (2001) citam que os<br />

tricomas glandulares existentes nas Asteraceae apresentam conteúdo lipofílico.<br />

Quanto aos tipos de estruturas secretoras das espécies de Asteraceae, a literatura registra a<br />

presença de oito diferentes tipos: canais, cavidades, idioblastos, laticíferos, nectários extraflorais,<br />

tricomas e apêndices glandulares, que foram investigados quanto aos aspectos estruturais,<br />

ultraestruturais, histoquímicos e ecológicos. Das 72 espécies de Asteraceae estudadas, algumas<br />

apresentaram ductos (39 spp.), idioblastos secretores (23 spp.), hidatódios (65 spp.) e tricomas<br />

(17 spp.). Diferentemente das Lamiaceae, os óleos voláteis das Asteraceae podem ser produzidos<br />

tanto por tricomas glandulares quanto por estruturas internas – ductos, cavidades ou<br />

reservatórios secretores conforme a espécie, sendo que, estas estruturas podem inclusive<br />

coexistir na mesma espécie (CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997).<br />

Dentre as espécies do gênero Unxia L. f., destaca-se Unxia camphorata L. f., uma planta anual,<br />

de porte herbáceo, sublenhosa, bastante ramificada, pilosa, que apresenta a capacidade de se<br />

adaptar a diferentes condições climáticas, propagando-se preferentemente através de sementes<br />

(PIMENTEL, 1994). Na região Norte é conhecida principalmente pela denominação de trevosão-joão<br />

e são-joão-caá, além de outros nomes populares como incenso e macela-brava. Todas<br />

as partes dessa planta são aromáticas, apresentando forte odor de cânfora (CORRÊA, 1984).<br />

Unxia camphorata é uma espécie invasora de culturas, que cresce espontaneamente em campos


224 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

arenosos do norte do Brasil e nas Guianas, estendendo-se até o Panamá (CORRÊA, 1984), e<br />

frequentemente encontrada em abundância em campinas. Apesar de U. camphorata ser uma<br />

planta medicinal, as referências científicas sobre a morfologia e a anatomia da espécie são<br />

raras, bem como sobre os exsudatos liberados por suas estruturas secretoras.<br />

Este trabalho teve como objetivo estudar a anatomia das folhas de U. camphorata, a caracterização<br />

anatômica das estruturas responsáveis pelo processo secretor e a detecção por meio de testes<br />

histoquímicos das principais classes de substâncias químicas sintetizadas pela espécie.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras de U. camphorata foram coletadas na Reserva do Parque Ambiental de Belém,<br />

bairro do Utinga, município de Belém, Pará. As exsicatas encontram-se depositadas no Herbário<br />

João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG 167.718).<br />

O estudo foi realizado em indivíduos com o mesmo estágio de desenvolvimento. As amostras<br />

foram fixadas em FAA 70% (formaldeído, ácido acético glacial e álcool etílico 70%) (JOHANSEN,<br />

1940) e glutaraldeído 2,5% em tampão fosfato 0,1 M - pH 7,2 (GERLACH, 1977), sendo<br />

posteriormente conservadas em álcool 70%. Para a dissociação epidérmica, as folhas foram<br />

fervidas em uma solução de ácido nítrico a 5% durante cinco minutos (JOHANSEN, 1940).<br />

Após a separação total das epidermes, as mesmas foram lavadas em água destilada, coradas<br />

com azul de astra e fucsina básica (BRAGA, 1977), montadas entre lâmina e lamínula em glicerina<br />

diluída, untando-se as bordas da lamínula com esmalte incolor. Também foram preparadas<br />

lâminas permanentes montadas em resina sintética. Os cortes transversais das folhas foram<br />

feitos à mão livre, em seguida clarificados com hipoclorito de sódio diluído em água destilada<br />

(1:1), armazenados em álcool 70% ou corados com azul de astra e fucsina básica, com<br />

modificações (BRAGA, 1977), e montados entre lâmina e lamínula em glicerina diluída, untandose<br />

as bordas da lamínula com esmalte incolor. Além dos cortes à mão livre foram realizados<br />

cortes com auxílio de micrótomo. As folhas foram seccionadas em pequenos pedaços<br />

previamente fixados em FAA, posteriormente lavados, desidratados em série etanólicoacetobutílica,<br />

infiltrados e incluídos em parafina histológica (JOHANSEN, 1940). As fitas formadas<br />

foram colocadas em banho-maria a 40 ºC, com a finalidade de distender os cortes (GERLACH,<br />

1977). Os cortes transversais e longitudinais foram realizados com micrótomo rotativo (Reichert<br />

Jung modelo 1130), com espessura variando entre 12 e 16 µm. Os cortes foram tratados pela<br />

série acetobutílico-etanólica decrescente, corados com azul de astra e fucsina básica, com<br />

modificações (BRAGA, 1977), seguidos da série etanólico-acetobutílica crescente e montados<br />

entre lâmina e lamínula em resina sintética.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 225<br />

As lâminas foram fotomicrografadas com auxílio de câmera fotográfica acoplada ao microscópio<br />

de luz modelo Zeiss, nos Laboratórios de Ecologia e de Anatomia Vegetal do MPEG. Além da<br />

microscopia fotônica, também foi utilizada a microscopia eletrônica de varredura (MEV), na<br />

qual as folhas foram fixadas antecipadamente em solução de glutaraldeído 2,5% em tampão<br />

fosfato 0,1 M por 24 horas (MCDOWELL; TRUMP, 1976). Este material foi lavado três vezes na<br />

mesma solução tampão, desidratado em série etanólica crescente. Posteriormente, através da<br />

substituição do álcool por CO 2<br />

líquido (ponto crítico) (BOZZOLA; RUSSEL, 1991), foi montado<br />

em suporte e metalizado com ouro. As imagens foram obtidas no Laboratório Institucional de<br />

Microscopia Eletrônica de Varredura do Museu Paraense Emílio Goeldi, utilizando um<br />

microscópio eletrônico LEO, modelo 1450 VP.<br />

Para os testes histoquímicos, foram feitos cortes transversais das amostras a fresco, com auxílio<br />

de lâmina, sendo, em seguida, clarificados em uma solução de hipoclorito de sódio diluído em<br />

água destilada (1:1), lavados e armazenados em água, a fim de serem usados nas microrreações<br />

e adicionados aos seguintes corantes e reagentes: azul de astra (celulose), fucsina básica (cutina,<br />

suberina), lugol (amido), sudam III (óleos, ceras, resinas, essências), cloreto férrico (compostos<br />

fenólicos), azul de toluidina (polissacarídeos ácidos) e safranina (lignina, cutina, suberina).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A superfície foliar adaxial de U. camphorata, em vista frontal, apresentou epiderme unisseriada<br />

com células epidérmicas heterodimensionais, exibindo contornos poliédricos irregulares e<br />

paredes anticlinais sinuosas (Figura 1a). Segundo Esau (1972), a causa desta ondulação ainda<br />

é muito discutida, podendo estar relacionada com o desenvolvimento de tensões durante a<br />

diferenciação foliar ou com o endurecimento da cutícula durante a sua diferenciação.<br />

As células epidérmicas de U. camphorata, incluindo as das redes de nervuras, são revestidas<br />

por uma cutícula ornamentada com estriações paralelas umas às outras (Figura 1d). Nesta<br />

espécie, pode-se supor que estas estriações cuticulares sejam um caráter específico, uma vez<br />

que Fahn (1974) citou que as mesmas poderiam servir como um critério de identificação<br />

taxonômica. Testes histoquímicos revelaram impregnações de cutina na cutícula.<br />

Após estudar 226 dicotiledôneas, Dunn, Sharma e Campbel (1965) concluíram que as principais<br />

espécies xerófitas geralmente apresentam cutícula estriada, enquanto que as mesófitas e as<br />

aquáticas apresentam superfície lisa. As características acima citadas, quanto ao estriamento<br />

cuticular, permitem sugerir que U. camphorata, por ocorrer principalmente em ambientes<br />

higromórficos e estar sujeita à radiação solar intensa, possivelmente desenvolveu características<br />

de adaptação ecológica.


226 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Na face adaxial foram observados complexos estomáticos dispersos na lâmina foliar,<br />

localizados acima do nível das células epidérmicas, circundados por três e quatro células<br />

subsidiárias, caracterizando os tipos anisocítico e tetracítico, respectivamente (Figura 1e-d);<br />

estas características também foram observadas por Solereder (1908) e Metcalfe e Chalk (1950)<br />

para a família Asteraceae. Nos estômatos de U. camphorata foram encontradas várias<br />

substâncias químicas, detectadas histoquimicamente, como cutina (Figura 1f) e polissacarídeos<br />

ácidos (Figura 2a).<br />

Figura 1a-f. Unxia camphorata - Vista frontal da superfície foliar: a) Vista geral da epiderme adaxial (FO-126X);<br />

b) Estriamento cuticular (MEV); c) Células epidérmicas da nervura central (MEV); d) Estômatos anisocíticos<br />

(MEV); e) Estômatos tetracíticos (FO-320 X); f) Células guarda evidenciadas por sudan black (FO - 320X).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 227<br />

Na superfície foliar de U. camphorata foram encontrados tricomas tectores não glandulares,<br />

isolados, distribuídos uniformemente, concentrando-se particularmente sobre a rede de<br />

nervuras, organizados em tufos, presentes desde o ápice até a base da lâmina foliar e inclinados<br />

em direção ao ápice foliar, dando à folha um aspecto aveludado (Figura 2b-d).<br />

Estes apêndices exibiam cutícula com ornamentação lisa, sendo cônicos, unisseriados,<br />

pluricelulares, variando de 3 a 10 células, e divididos em três regiões: a região basal constituída<br />

por células esféricas, intumescidas, que se projetavam acima do nível epidérmico, formando<br />

uma espécie de roseta (Figura 2e), a região mediana com células retangulares, que vão<br />

afunilando-se em direção à região apical do tricoma. Tricomas semelhantes foram encontrados<br />

por Solereder (1908) nas espécies Taraxacum officinale Weber ex F. H. Wigg. e Chondrilla<br />

juncea L., pertencentes à família Asteraceae.<br />

Uma vez que a planta estudada foi encontrada em ambiente altamente exposto ao sol, poderia<br />

se sugerir, com base nas observações de Uphof (1962), que a presença dos tricomas tectores<br />

na superfície da planta protege a mesma da incidência direta dos raios solares, isolando o<br />

mesofilo do excesso de calor. Além disso, Volkens (1884) argumentou que durante o dia os<br />

tricomas de cobertura poderiam diminuir os efeitos prejudiciais da insolação e impedir a<br />

transpiração, enquanto que durante a noite eles poderiam facilitar a condensação de vapor<br />

de água na forma de orvalho, que eventualmente poderia ser absorvido pelo tricoma.<br />

Na superfície adaxial foi possível observar outro tipo morfológico de tricomas não glandulares,<br />

distribuídos aleatoriamente por toda a epiderme, concentrando-se particularmente sobre a<br />

rede de nervuras (Figura 3b), desde o ápice até a base da lâmina foliar. Estes apêndices<br />

apresentam paredes retas, espessamento celulósico, cutícula lisa, sendo unisseriados,<br />

pluricelulares, variando de 4 a 6 células, e inclinados em direção ao ápice foliar. Neste tricoma<br />

foram visualizadas três regiões distintas: a região basal, que apresentou uma célula inserida<br />

entre as células epidérmicas e sendo anatomicamente diferente das mesmas; a região mediana,<br />

com células quadradas e articuladas umas às outras (Figura 3c) e a região apical, formada por<br />

uma célula longa, de paredes muito delicadas, enrolada como um chicote ou um flagelo (Figura<br />

3c-d), daí a denominação, segundo Payne (1978), de flageliformes. Este tipo de tricoma foi<br />

observado na família Asteraceae por Solereder (1908). Netolitzky (1930) sugeriu que os tricomas<br />

flageliformes seriam importantes na absorção e condução de gases. Testes histoquímicos<br />

evidenciaram substâncias lipídicas e polissacarídicas ácidas presentes na cutícula deste tricoma<br />

(Figura 3a, e, f).


228 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Em vista frontal, tanto as células epidérmicas da face abaxial do limbo foliar quanto as que<br />

recobrem as redes de nervuras apresentaram características morfológicas semelhantes às da<br />

face adaxial (Figura 4a-b), enfatizando-se que nas células epidérmicas abaxiais as paredes<br />

celulares mostraram-se acentuadamente sinuosas (Figura 4c) e cobertas por uma cutícula<br />

impregnada de cutina.<br />

Figura 2a-f. Unxia camphorata - vista frontal da superfície adaxial: a) Células guarda evidenciadas por azul de<br />

metileno (FO - 320 X); b) Estômatos destacando estriações longitudinais das células guarda (MEV); c-d) Tricomas<br />

tectores (FO - 320 X/ MEV); e) Base em roseta do tricoma tector e estrias basais (MEV); f) Cutícula do tricoma<br />

tector evidenciada pos sudan black (FO - 800 X).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 229<br />

Figura 3a-f. Unxia camphorata - vista frontal da superfície adaxial: a) Cutícula do tricoma tector evidenciada por<br />

azul de toluidina (FO - 200 X); b) Tricoma flageliforme na nervura (MEV); c) Base do tricoma flageliforme<br />

(MEV); d) Célula apical do tricoma flageliforme semelhante a um chicote (MEV); e-f) Cutícula do tricoma<br />

flageliforme evidenciada por fucsina básica e sudam III respectivamente (FO - 800 X). (tt = tricoma tector;<br />

tf = tricoma flageliforme).<br />

Foram encontrados complexos estomáticos distribuídos uniformemente no limbo foliar em<br />

ambas as faces, caracterizando a folha de U. camphorata como anfiestomática, no entanto,<br />

muito mais abundantes na face abaxial, apresentando características estruturais e histoquímicas<br />

semelhantes aos da adaxial. Os tricomas não glandulares são semelhantes aos da superfície


230 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

adaxial. Conforme Uphof (1962), a presença de tricomas de cobertura na face abaxial da folha<br />

(onde pode predominar o maior número de estômatos) tanto poderia criar um ambiente propício<br />

às trocas gasosas quanto reduziria a perda de água pela transpiração. Apenas na superfície<br />

abaxial foram observados tricomas glandulares peltados, revestidos por uma cutícula delgada<br />

e lisa, uniformemente distribuídos na lâmina foliar e ausentes nas nervuras (Figura 4e-f). Em<br />

análise a fresco, apresentaram coloração marrom-avermelhada, possuindo forma de um balão.<br />

Características de coloração similares foram observadas respectivamente por Ascensão et al.<br />

(1998) e Melo (2002) nos tricomas glandulares peltados de Plectranthus madagascariensis<br />

(Pers.) Benth. e Plectranthus barbatus Andr., que apresentaram coloração de laranja a vermelha<br />

e às vezes castanha, e atribuíram essa coloração ao óleo essencial armazenado in vivo.<br />

Os tricomas glandulares de U. camphorata são bisseriados, multicelulares apresentando, em geral,<br />

um total de dez células, sendo três pares de células constituindo a cabeça secretora, assumindo a<br />

forma de um disco; um par de células pedunculares curtas de paredes laterais cutinizadas e um par<br />

de células basais (Figura 4e-f). Diferentes tipos de tricomas glandulares já foram descritos para a<br />

família Asteraceae, e os bisseriados são frequentes nas tribos Anthemideae, Astereae, Eupatorieae,<br />

Heliantheae, Inuleae, Mutisieae e Vernonieae (CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997). Os<br />

tricomas secretores encontrados em U. camphorata são muito similares àqueles observados em<br />

outros tricomas das Asteraceae, como, por exemplo, os de Artemisia campestris L. (ASCENSÃO,<br />

1987), Achillea millefolium L. ssp. millefolium (FIGUEIREDO; PAIS, 1994), Stevia rebaudiana (Bert.)<br />

Bert. (CASTRO; LEITÃO-FILHO; MONTEIRO, 1997), Artemisia annua L. (DUKE; PAUL, 1993).<br />

O material secretado pelos tricomas de U. camphorata encontrava-se acumulado tanto no<br />

interior das células secretoras como no diminuto espaço subcuticular formado acima das células<br />

apicais pela distensão da cutícula; esta secreção, que permanecia armazenada neste espaço,<br />

conferia ao tricoma a forma mais ou menos esférica; a secreção parecia permanecer intacta no<br />

espaço subcuticular, a menos que fatores externos como condições climáticas extremas ou<br />

injúrias mecânicas causassem sua ruptura. Além da espécie estudada, o acúmulo de óleos<br />

essenciais no espaço subcuticular dos tricomas glandulares foi descrito para Origanum vulgare<br />

L. (WERKER; PUTIEVSKY; RAVID, 1985), outras espécies de Origanum (BOSABALIDIS; TSEKOS,<br />

1984) e Satureja thymbra L. (BOSABALIDIS, 1990), todas pertencentes à família Lamiaceae.<br />

Segundo Bisio et al. (1999), a eliminação dos componentes voláteis de secreção contidos no<br />

espaço subcuticular poderia ocorrer por rompimento da cutícula ou através de poros observados<br />

na mesma, como é o caso dos tricomas peltados em Salvia blepharophyla Brandegee.<br />

A liberação dos componentes voláteis dos tricomas glandulares de U. camphorata, através do<br />

rompimento da cutícula, pode ser observada na Figura 5, que mostra várias etapas da ruptura


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 231<br />

da cutícula destes apêndices: inicialmente observou-se o tricoma totalmente cheio de conteúdo<br />

lipofílico (Figura 5a), em seguida houve um rompimento gradual da cutícula, através de uma<br />

pequena fenda que se tornou cada vez maior (Figura 5b-d). Essa ruptura segue uma linha<br />

horizontal de aparente fragilidade no plano equatorial da cabeça secretora; por fim, foi<br />

visualizada a abertura quase que total da cutícula, podendo ser observadas as células secretoras<br />

já sem conteúdo (Figura 5e-f).<br />

Figura 4a-f. Unxia camphorata - vista frontal da superfície foliar: a-b) Vista geral da epiderme abaxial (FO - 126 X/<br />

MEV); c) Detalhe da ondulação da parede (FO - 256 X); d) Estômatos apresentando espessamento da parede<br />

externa das células guarda (FO - 800 X); e-f) Tricoma glandular subséssil (FO - 800 X/ MEV).


232 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Tricomas glandulares que apresentavam este tipo de ruptura cuticular foram observados por<br />

Ascensão, Marques e Pais (1995) nos órgãos vegetativos e reprodutivos de Leonotis leonurus<br />

(L.) R. Br., apenas nos vegetativos de Plectranthus ornatus Codd (ASCENSÃO; MOTA; CASTRO,<br />

1999) ,ambas pertencentes à Lamiaceae, e nas folhas de Phillyrea latifolia L. (Oleaceae)<br />

(GRAVANO et al., 1998).<br />

Uma série de testes histoquímicos revelaram a natureza heterogênea da secreção dos tricomas<br />

glandulares, que submetidos aos corantes sudam III e sudan black, reagem positivamente à<br />

presença de óleos essenciais. Além disso, polissacarídeos não celulósicos também foram<br />

Figura 5a-f. Unxia camphorata - vista frontal da superfície foliar em MEV: a-f) Etapas da ruptura da cutícula do<br />

tricoma glandular para liberação de sua secreção lipídica.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 233<br />

detectados através do azul de toluidina. Entre outros trabalhos que se referiam à natureza<br />

química dessas estruturas secretoras, pode ser mencionado o de Monteiro et al. (2001), que<br />

identificaram cutina, outros materiais lipídicos e substâncias pécticas nos tricomas glandulares<br />

de Stevia rebaudiana (Bert.) Bert. (Asteraceae).<br />

Quanto a possíveis funções destas estruturas secretoras externas, Metcalfe e Chalk (1985)<br />

mencionaram que os tricomas glandulares secretores de terpenos, fenóis, alcaloides e outras<br />

substâncias, poderiam complementar a defesa química da planta contra o ataque de insetos<br />

fitófagos. De acordo com Uphof (1962), tricomas secretores são típicos das famílias Lamiaceae<br />

e Asteraceae, sendo o produto de secreção constituído por mucilagens, lipídios, taninos e<br />

principalmente por óleos voláteis. Além disso, sugeriu que os óleos essenciais secretados pelos<br />

tricomas glandulares também poderiam reduzir a transpiração foliar.<br />

Nas seções transversais da lâmina foliar de U. camphorata o mesofilo é dorsiventral, com<br />

epiderme uniestratificada em ambas as faces. As células epidérmicas adaxiais eram<br />

heterodimensionais, de formas variadas, sendo algumas esféricas e retangulares, cobertas por<br />

uma fina cutícula, possuindo paredes anticlinais e periclinais retas, com espessamento bem<br />

evidente, enquanto que as da face abaxial apresentaram-se, em geral, mais retangulares e<br />

menores que as adaxiais (Figura 6a-b). Algumas destas características foram registradas por<br />

Metcalfe e Chalk (1950) para a família Asteraceae.<br />

No mesofilo, o parênquima clorofiliano apresentou-se diferenciado em parênquima paliçádico<br />

e lacunoso. O parênquima paliçádico era biestratificado, formado por células colunares altas<br />

em paliçada, de paredes tenuamente sinuosas, apresentando inconspícuos espaços intercelulares<br />

(Figura 6b). O lacunoso era constituído de 3 a 4 camadas de células irregulares, com grandes<br />

espaços intercelulares, ocorrendo entre elas pequenos feixes vasculares, circundados por uma<br />

bainha parenquimática (Figura 6b).<br />

Em U. camphorata os feixes vasculares secundários e terciários estavam localizados entre os<br />

parênquimas paliçádico e lacunoso, ambos do tipo colateral aberto, e com floema voltado para<br />

a face abaxial e xilema para adaxial. Os elementos traqueais do xilema foram representados<br />

por traqueídes helicoidais (Figura 6c). Segundo Fahn (1974), a presença de células traqueais<br />

entre as células do paliçádico têm a função de armazenar água.<br />

Secções transversais e longitudinais do mesófilo evidenciaram a presença de canais secretores<br />

distribuídos irregularmente pelo parênquima clorofiliano e sempre próximo ao xilema (Figura<br />

6b). Castro, Leitão-Filho e Monteiro (1997), estudando as estruturas secretoras das Asteraceae,<br />

citam que os canais secretores localizados nas nervuras poderiam ocupar duas posições<br />

distintas: associados exclusivamente ao floema, como em espécies do gênero Baccharis L., em


234 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Inulopsis scaposa (Reny) O. Hoffm. e em Trixis verbasciformis Less., e associados ou próximos<br />

ao xilema e ao floema, ou exclusivamente ao xilema nos gêneros Aspilia Thouars, Bidens L.,<br />

Calea L., Eupatorium L., Mikania Willd., Riencourtia Cass., Stevia Cav., Verbesina L., Viguiera<br />

Kunth, Wedelia Jacq. e Wulffia Neck. ex Cass. Na fase secretora, as células epiteliais<br />

apresentavam-se protuberantes e liberavam o secretado no lúmen do canal.<br />

Os canais da espécie estudada possuem lúmen circundado por um epitélio uniestratificado, que<br />

visto em secção tranversal, tomava a forma de uma bainha epitelial. Segundo Castro, Leitão-<br />

Filho e Monteiro (1997), na fase secretora as células epiteliais apresentavam-se protuberantes e<br />

liberavam o exsudato no lúmen do canal. Canais secretores foram observados tanto por Solereder<br />

(1908) quanto por Metcalfe e Chalk (1950) para alguns gêneros da família Asteraceae, como<br />

Tagetes L., Porophyllum Guett., Bigelovia Sm., Baccharis L., Artemisia L., Anacyclus L., Carlina L.,<br />

Pulicaria Gaertn., Athanasia L., Liatris Gaertn. ex Schreb., Pectis L. e Inula L..<br />

Testes histoquímicos revelaram que o exsudato liberado pelas células epiteliais dos canais é<br />

semelhante à secreção dos tricomas glandulares subsésseis, contendo óleos essenciais e<br />

polissacarídeos não celulósicos (Figura 6d-e).<br />

Nas seções transversais da nervura principal, as células epidérmicas adaxiais são retangulares<br />

e maiores que as abaxiais, com paredes anticlinais e periclinais externas espessadas, sendo<br />

cobertas por uma delgada cutícula (Figura 7a).<br />

Adjacente a ambas as epidermes são encontradas de 1 a 3 camadas de células colenquimáticas<br />

com espessamento angular, sendo que as células colenquimáticas adaxiais são menores que<br />

as abaxiais (Figura 7a-b). O parênquima fundamental é formado por células heterodimensionais,<br />

esféricas, com espaços intercelulares.<br />

O feixe vascular é semicircular, e as células xilemáticas e floemáticas estão dispostas em fileiras<br />

longitudinais, estando o floema presente em toda a extensão do feixe não chegando, no entanto,<br />

a circundá-lo totalmente, caracterizando o feixe do tipo colateral aberto (Figura 7c). Na nervura<br />

central também foram observados canais secretores com posição diferente das do mesofilo,<br />

localizando-se próximos ao floema, circundados por uma bainha de células epiteliais secretoras<br />

(Figura 7c).<br />

CONCLUSÃO<br />

Entre as mais importantes características da anatomia foliar de Unxia camphorata há a ocorrência<br />

de cutícula ornamentada em ambas as superfícies foliares, tricomas não glandulares, tectores


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 235<br />

e flageliformes presentes nas folhas, tricomas glandulares peltados apenas na superfície abaxial<br />

da folha, feixes colaterais abertos e canais secretores de óleos essenciais. Serão necessários<br />

estudos ontogenéticos e de microscopia eletrônica de transmissão para que sejam determinadas<br />

a origem das estruturas secretoras e os locais de síntese de secreção da espécie.<br />

Figura 6a-e. Unxia camphorata - Mesofilo. Secção transversal da lâmina foliar: a) Visão geral do mesofilo<br />

(FO - 320 X); b) Mesofilo mostrando feixe vascular secundário e cavidade secretora (FO - 256 X); c) Traqueídes<br />

(FO - 320 X); e) Cavidade secretora (FO - 640 X); f) Cavidade secretora evidenciada por sudam III (FO - 800 X).<br />

(ead = epiderme adaxial; eab = epiderme abaxial; cs = cavidade secretora; traq = traqueíde; PP = parênquima<br />

paliçádico; pl = parênquima lacunoso; esp = espaço intercelular; fv = feixe vascular).


236 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 7a-c. Unxia camphorata - Nervura central em secção transversal: a) Nervura central (FO - 100 X);<br />

b) Detalhe do colênquima angular (FO - 500 X); c) Feixe vascular e cavidade secretora (FO - 126 X).<br />

(col = colênquima; cs = cavidade secretora; x = xilema; fl = floema; fv = feixe vascular).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 237<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi e à Universidade Federal Rural<br />

da Amazônia, pelo total apoio para a realização deste trabalho. À Dra. Raimunda C. V. Potiguara<br />

(in memoriam), à Dra. Maria das Graças B. Zoghbi e à MSc. Eunice G. Macedo, pela orientação<br />

e incentivo, e ao CNPq, pela bolsa concedida.<br />

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Morfoanatomia dos órgãos vegetativos aéreos do<br />

alecrim-d’angola (Vitex agnus-castus L., Lamiaceae)<br />

Zélia Valente Braga<br />

Ana Cristina Andrade de Aguiar-Dias<br />

Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara†<br />

Tatiani Yuriko Souza Kikuchi<br />

INTRODUÇÃO<br />

Vitex agnus-castus L. (Lamiaceae) é conhecida popularmente no norte do Brasil por alecrimd’angola<br />

(CAMARGO, 1998), e suas propriedades terapêuticas são relatadas desde a antiguidade<br />

(FONT QUER, 1978). Atualmente, estudos comprovaram sua eficácia no tratamento de distúrbios<br />

do sistema reprodutor feminino, como a síndrome pré-menstrual (SCHELLENBERG, 2001;<br />

ROEMHELD-HAMM, 2005; ZHONG et al., 2009) e mastalgia (CARMICHAEL, 2008). Essa eficácia<br />

esteve relacionada aos flavonoides, iridoides glicosídeos, diterpenos e óleos essenciais<br />

encontrados, sobretudo em suas folhas e frutos (ZOGBHI; ANDRADE; MAIA, 1999).<br />

No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n° 14, de 31/03/2010 (ANVISA,<br />

2010), determinou em seu artigo 10º, inciso I, que toda droga vegetal utilizada para o<br />

desenvolvimento de fitoterápicos necessita de laudo que comprove, entre outras, sua identificação<br />

macroscópica e microscópica. Isso porque essas características podem ser usadas como ferramenta,<br />

especialmente no que diz respeito à correta identificação e controle de qualidade dos vegetais<br />

comercializados. No entanto, apesar de estudos realizados com V. agnus-castus, como aqueles citados<br />

no parágrafo acima, pouco se conhece a respeito das características botânicas desta espécie.<br />

Diante disso, este estudo teve como objetivo inventariar as características morfológicas e<br />

anatômicas dos órgãos vegetativos aéreos de V. agnus-castus, a fim de ampliar esses<br />

conhecimentos, além de subsidiar trabalhos de ciências correlatas.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Ramos vegetativos foram coletados de indivíduos de V. agnus-castus ocorrentes no campus de<br />

pesquisa do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), Belém-PA (1°27’5, 69'’S/48°26’40,38’W).<br />

Amostras foram identificadas e o material testemunho depositado no Herbário João Murça<br />

Pires, com o número de registro MG 201.783.


240 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Folhas adultas completamente expandidas e caules herbáceos foram fixados em FAA 70<br />

(JOHANSEN, 1940) por 24 horas, ou em formalina neutra tamponada (FNT) por 48 horas (LILLIE,<br />

1965), mantidos sob vácuo e, posteriormente, preservados em etanol 70%.<br />

Para o estudo de microscopia eletrônica de varredura (MEV), as amostras da lâmina foliolar,<br />

pecíolo e caule herbáceo, fixados em FNT, foram desidratadas em série etílica.<br />

Subsequentemente, as peças foram secas pelo método do ponto crítico – MTECH K850, afixadas<br />

em “stubs” com fita adesiva dupla face e metalizadas com ouro – MTECH K550. As observações<br />

e captura das imagens foram realizadas em microscópio JEOL JSM 5000LV a 20 kV.<br />

Para o estudo anatômico, seções seriadas transversais e longitudinais (8-15 µm de espessura)<br />

da região mediana da lâmina foliolar, pecíolo, pulvino, peciólulo, pulvínulo e caule herbáceo<br />

foram coradas com safranina e azul de astra (GERLACH, 1969) e as lâminas montadas em<br />

resina sintética. As seções do lenho (10-18 µm de espessura), sob as mesmas orientações,<br />

foram coradas com safranina, desidratadas em série etílica, e as lâminas montadas em bálsamodo-canadá:<br />

acetato (1:3) (JOHANSEN, 1940). Para localização de amido, as seções foram<br />

submetidas a testes com solução de lugol (JOHANSEN, 1940).<br />

Para a observação dos elementos celulares dissociados, amostras de pecíolo, caule herbáceo e<br />

lenho foram submetidas a uma solução de peróxido de hidrogênio 20% e ácido acético glacial<br />

(1:1) a uma temperatura de 60 ºC (FRANKLIN, 1945), por 12 horas para as amostras herbáceas<br />

e 24 horas para as lenhosas.<br />

As terminologias usadas nas descrições morfológicas e anatômica da madeira estão de acordo<br />

com Agarez, Rizzini e Pereira (1994) e International Association of Wood Anatomists/IAWA<br />

(1989), respectivamente.<br />

As imagens fotográficas foram obtidas com auxílio de câmera digital Olympus de oito<br />

megapixels, e as fotomicrografias por meio de câmera fotográfica digital Cannon Power shop<br />

A640 acoplada ao microscópio de luz Zeiss, modelo Axiolab, em diferentes magnificações. A<br />

autoria do desenho ilustrativo é de Pedro Glécio Lima.<br />

RESULTADOS<br />

Análise morfológica<br />

Vitex agnus-castus possui folhas compostas, opostas cruzadas, digitadas, com pecíolo de 0,5 a<br />

15 cm de comprimento por 2 mm de diâmetro (Figura 1a) e inserção central (Figura 1b). Pulvino


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 241<br />

com média de 2,5 mm de diâmetro, gemas axilares triangulares e opostas (Figura 1c). Folhas<br />

com cerca de sete folíolos que variam de 0,5 a 10 cm de comprimento por 0,3 a 2 cm de<br />

largura, lanceolados, ápice agudo, base cuneada, margem inteira, consistência membranácea,<br />

superfície pilosa, peciólulo com média de 0,5 cm de comprimento por 0,5 mm de diâmetro<br />

(Figura 1a) e venação broquidródoma (Figura 1d). O caule herbáceo varia de 0,5 a 2 mm de<br />

diâmetro, possui superfície pilosa, coloração esverdeada e estrias dispostas longitudinalmente<br />

(Figura 1c). O caule lenhoso varia de 2 mm a 20 cm de diâmetro, com coloração marrom.<br />

Análise anatômica<br />

Em vista frontal, as faces epidérmicas são cobertas por tricomas tectores e glandulares. Esses<br />

últimos, nas variações capitada e peltada. Na face adaxial, percebe-se o predomínio de tectores<br />

unicelulares (Figura 2a); e na face abaxial, de tectores pluricelulares (Figura 2b). Ambas faces<br />

possuem células poligonais com paredes anticlinais e periclinais retas, levemente curvadas no<br />

ângulos (Figura 2c). O folíolo hipoestomático mostra estômatos anomocíticos acima das demais<br />

células epidérmicas (Figura 2).<br />

Em seção transversal, o folíolo mostra um limbo delgado em relação à nervura principal<br />

(Figura 2e); células ovais a tabulares (Figura 2f) seguidas de uma camada de células<br />

semelhantes às epidérmicas, podendo corresponder a uma provável hipoderme; 3-5<br />

camadas de parênquima paliçádico e 1-2 camadas de parênquima esponjoso, com poucos<br />

espaços intercelulares (Figura 2g). A nervura principal possui seção plano-convexo com<br />

projeção abaxial proeminente, córtex com células parenquimáticas, poligonais,<br />

heterodimensionais e feixe vascular bicolateral envolvido por bainha de fibras espessadas<br />

(Figura 2e, h). As nervuras secundárias mostram feixes colaterais envolvidos por células<br />

que se dispõem compactamente e ligam-se às epidermes constituindo a bainha do feixe<br />

(Figura 2i). A margem possui 2-3 camadas de colênquima angular/anelar; 2-3 camadas de<br />

parênquima paliçádico na face adaxial; 1-2 camadas de parênquima esponjoso na abaxial<br />

(Figura 2j) e um feixe vascular colateral localizado na porção central, envolto por bainha<br />

parenquimática (Figura 2k).<br />

O pecíolo mostra aspecto biconvexo (Figura 3a), o pulvino (Figura 3b) e pulvínulo (Figura 3c)<br />

aspecto circular e o peciólulo aspecto obtuso triangular (Figura 3d). Apresentam células<br />

epidérmicas ovais, espessadas, cobertas por tricomas tectores e glandulares, esses nas<br />

variações capitadas e peltadas; colênquima angular/anelar (Figura 3e-g); possuem três feixes<br />

vasculares, sendo um maior, situado na porção central e dois menores, localizados próximo<br />

à região medular, em disposição latero-lateral. O feixe maior é bicolateral no pecíolo, peciólulo


242 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a<br />

b c d<br />

Figura 1a-d. Aspectos morfológicos gerais de Vitex agnus-castus L.: a) Ramo evidenciando a filotaxia oposta<br />

cruzada, as folhas compostas, seus respectivos folíolos (fl) e pecíolo (pc); b) Folha com destaque para o<br />

peciólulo (pl); c) Detalhe do caule (ca) e gemas axilares (ga) inseridas acima do pulvino (pv); d) Face adaxial do<br />

limbo foliolar, mostrando a venação broquidródoma.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 243<br />

a<br />

b<br />

80µm 80µm<br />

c<br />

d<br />

20µm 15µm<br />

e f g<br />

270µm<br />

h<br />

i<br />

30µm<br />

100µm<br />

j<br />

k<br />

40µm<br />

40µm<br />

20µm<br />

Figura 2a-k. Eletro e fotomicrografias das seções histológicas do limbo foliolar de Vitex agnus-castus L.: a-d)<br />

Vista frontal: a) face adaxial; b) face abaxial; c) células epidérmicas; d) estômato. e-k) Seção transversal: e) vista<br />

geral do limbo; f) células epidérmicas; g) mesofilo constituído por parênquima paliçádico (pp) e parênquima<br />

esponjoso (pe); h) feixe vascular da nervura principal, mostrando a disposição do floema (fl), xilema (xl) e fibras<br />

(fb); i) feixe vascular da nervura secundária com bainha de extensão (bex); j-k) Margem: j) vista geral da margem,<br />

evidenciando colênquima (co), parênquima paliçádico (pp), parênquima esponjoso (pe) e feixe vascular (fv); k)<br />

Detalhe do feixe vascular da margem, com destaque para as fibras envolvendo o floema.


244 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

e pulvínulo (Figura 3a, c, d), porém no pulvino é concêntrico anficrival (Figura 3b). Os feixes<br />

menores são bicolaterais e interligados ao feixe maior no pecíolo (Figura 3h) e concêntricos<br />

anficrivais no pulvino (Figura 3k). No peciólulo e pulvínulo os feixes menores são traços<br />

pouco nítidos (Figura 3c-d).<br />

As fibras são espessas em todos os feixes do pecíolo e pulvino, e através da separação dos<br />

elementos celulares dos feixes vasculares se observa que essas fibras são filiformes (Figura 3j)<br />

e os elementos de vaso apresentam espessamento parietal helicoidal (Figura 3k) e pontoado<br />

(Figura 3l-m). O parênquima fundamental é constituído por células de paredes delgadas,<br />

poligonais e heterodimensionais (Figura 3n). No pecíolo, esse tecido é reduzido quando<br />

comparado às demais estruturas. Especificamente, nas células corticais mais internas do pulvino<br />

e pulvínulo são encontrados grãos de amido dispostos em grupos (Figura 3o).<br />

O caule herbáceo, em seção transversal, possui formato quadrangular no primeiro e segundo<br />

entrenós (Figura 4a-b) e circular no terceiro (Figura 4c). Assim como a epiderme das estruturas<br />

foliares, a epiderme caulinar mostra células ovais cobertas por tricomas tectores e glandulares;<br />

colênquima composto por duas a quatro camadas de células de espessamento angular/anelar.<br />

O felogênio instala-se a partir do segundo entrenó nas camadas de células abaixo da epiderme<br />

e dá origem à periderme, sendo essa constituída por células do felema (súber), que são alongadas<br />

e volumosas, dispostas em paliçada, no sentido anticlinal; o córtex e a medula são formados<br />

por células poligonais, ovais e heterodimensionais (Figura 4d). A bainha de fibras, que no segundo<br />

entrenó é contínua, no terceiro passa a ser fragmentada; o feixe vascular é do tipo sinfonostelo<br />

(Figura 4a-c) e os vasos xilemáticos são dispostos em fileiras radiais, com placa de perfuração<br />

simples (Figura 4e) e raramente reticulada (Figura 4f). O espessamento parietal varia de anelar<br />

a helicoidal (Figura 4g).<br />

O lenho mostra camadas de crescimento pouco distintas, individualizadas por zonas fibrosas<br />

transversais mais escuras; arranjo difuso; parênquima axial escasso; vasos solitários (77%),<br />

seguidos de múltiplos de dois (18%), com média de 31, 94 vasos/mm 2 , com diâmetro em torno<br />

de 90 µm e comprimento médio de 282,5 µm, placa de perfuração simples (Figura 4h);<br />

pontoações intervasculares alternas e pontoações radiovasculares semelhantes às<br />

intervasculares em forma e tamanho (Figura 4i). As fibras são espessas com células do tipo<br />

fusiforme, sem pontoações, não septadas, com comprimento médio de 928,6 µm, espessura<br />

da parede em média de 6,61 µm, espessura do lume em média 3,25 µm; os raios são<br />

predominantemente bisseriados (88%), ocorrendo também raios trisseriados (10%) e<br />

unisseriados (2%) (Figura 4j-k) constituídos por células exclusivamente procumbentes, com<br />

altura média de 170,8 µm, largura média 10,7 µm e frequência de aproximadamente<br />

25,68 raios/mm linear (Figura 4l-m).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 245<br />

a<br />

b<br />

e<br />

300µm<br />

30µm<br />

c<br />

d<br />

f<br />

6µm<br />

h<br />

i<br />

g<br />

30µm 30µm<br />

20µm<br />

j k l m<br />

n<br />

40µm<br />

o<br />

300µm<br />

20µm<br />

Figura 3a-o. Eletro e fotomicrografias das seções histológicas das estruturas foliares de Vitex agnus-castus L.<br />

a-d) Vista geral das seções transversais, evidenciando a região da medula (M), córtex (cx), feixes vasculares<br />

maior (fvM) e menores (fvm): a) pecíolo; b) pulvino; c) peciólulo; d) pulvínulo; e) detalhe das células epidérmicas<br />

(cep), tricoma tector (tt), tricoma glandular (tg) e colênquima (co). f) Detalhe de tricoma glandular capitado;<br />

g) Detalhe de tricoma glandular peltado; h-i) Feixes vasculares menores (fvm); j-m) Elementos celulares presentes<br />

nos feixes vasculares: j) fibra; k-m) elemento de vaso; k) espessamento parietal helicoidal; l-m) espessamento<br />

parietal pontoado; n) células parenquimáticas presentes na medula e no córtex; o) grãos de amido.


246 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

a b c<br />

300µm 300µm 300µm<br />

d e f g<br />

20µm<br />

80µm<br />

30µm<br />

h i j<br />

100µm 40µm<br />

100µm<br />

k l m<br />

40µm<br />

100µm<br />

40µm<br />

Figura 4a-m. Fotomicrografias das seções histológicas caulinares de Vitex agnus-castus L. (a-g) seções do<br />

caule herbáceo. (a-f) seções transversais. (a-c) vista geral, evidenciando o formato caulinar e a disposição do<br />

feixe vascular em torno da medula (M). (a) 1º entrenó. (b) 2º entrenó. (c) 3º entrenó. (d) detalhe do 2º entrenó<br />

com a presença de colênquima (co), periderme (pr), córtex (cx) e fibras (fb), envolvendo o floema (fl) e xilema<br />

(xl). (e) detalhe do 3º entrenó com grupos de fibras envolvendo o floema e xilema secundário bem desenvolvido.<br />

(f) detalhe da placa de perfuração escalariforme. (g) seção longitudinal dos elementos de vaso do xilema com<br />

espessamento parietal anelar a helicoidal. (h-m) seções do lenho. (h) seção transversal, evidenciando arranjo<br />

difuso dos vasos (V), camada de crescimento (cc) e raio (R). (i-k) seção longitudinal-tangencial. (i) detalhe das<br />

pontoações intervasculares alternas. (j) disposição alterna dos raios (R). (k) detalhe das células do raio (cr) e<br />

das fibras (fb). (l-m) seção longitudinal-radial. (l) detalhe do corpo do raio dispondo-se transversalmente aos<br />

vasos (V). (m) células procumbentes do raio.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 247<br />

DISCUSSÃO<br />

Vitex agnus-castus apresentou características morfoanatômicas que reforçam sua posição em<br />

Lamiaceae e outras que foram específicas à espécie. Comuns à família estão as folhas compostas<br />

e opostas mencionadas por Souza e Lorenzi (2008) para Vitex L., caracteres estes relatados em<br />

Vitex negundo L., V. cymosa Bertero ex Spreng. e V. scabra Wall. ex Schauer. (CHANTARANOTHAI;<br />

KOOMGRATOK; SIMPSON, 2004).<br />

A ocorrência de tricomas tectores e glandulares foi também considerada por Ascensão, Marques<br />

e Pais (1995) e Ascensão, Mota e Castro (1999) como outra importante referência à família. Embora<br />

estudos de Dogan e Kozuharova (2008) sobre V. agnus-castus relatarem apenas a ocorrência de<br />

tricomas tectores, essa pesquisa averiguou, além desses, tricomas glandulares nas variações<br />

capitadas e peltadas nos dois órgãos estudados. Considera-se uma das hipóteses que explicariam<br />

a lacuna nos estudos dos autores, o uso inadequado de fixador, uma vez que nesta investigação<br />

os tricomas glandulares foram melhor preservados em amostras fixadas em FNT, em relação ao<br />

FAA. Um possível equívoco na identificação do táxon pode ser considerado como outra causa<br />

provável para a ausência dos glandulares no estudo de Dogan e Kozuharova (2008).<br />

Ainda em relação aos apêndices epidérmicos, os estômatos anomocíticos localizados<br />

exclusivamente na face abaxial corroboram a afirmação feita por Metcalfe e Chalk (1950), de<br />

que a maioria das espécies de Lamiceae, sobretudo aquelas pertencentes ao gênero Vitex,<br />

posuem essa classificação estomática.<br />

Nesse estudo, a hipoderme foi tida como provável, por não terem sido realizados estudos<br />

ontogenéticos que comprovassem a origem das células. Porém, de acordo com Metcalfe e<br />

Chalk (1950), esse tecido é comum em Vitex, o que foi confirmado em V. agnus-castus por<br />

Dogan e Kozuharova (2008). A presença de colênquima angular/anelar, mesofilo dorsiventral<br />

com pouco parênquima lacunoso e nervuras secundárias com bainha de extensão são outros<br />

caracteres associados às espécies do gênero.<br />

As descrições de pulvino e pulvínulo são inéditas para V. agnus-castus e raras para outros<br />

representantes da família Lamiaceae. Sendo assim, os resultados encontrados serão comparados<br />

à estrutura do pecíolo e peciólulo. Diferenciando-se do pecíolo, o pulvino possui o córtex mais<br />

desenvolvido em relação à medula, característica comum para a estrutura, conforme Rodrigues<br />

e Machado (2006). De acordo com Rodrigues e Machado (2004), as fibras conferem uma maior<br />

rigidez ao feixe vascular. Assim, a pouca lignificação ou ausência de fibras em torno do feixe<br />

vascular do peciólulo e pulvínulo, respectivamente, provocam uma maior flexibilidade a essa<br />

região da folha. Esses mesmos autores revelaram que grãos de amido encontrados nas camadas


248 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

corticais indicam a função de reserva. Como característica comum, todas apresentam traços<br />

foliares à Lamiaceae e descritos por Azimi et al. (2006) em estudos peciolares de outras espécies<br />

do gênero Vitex, como V. negundo L. e V. trifolia L.<br />

De acordo com os padrões de Metcalfe e Chalk (1950), o formato quadrangular do caule<br />

herbáceo condiz com outras espécies de Lamiaceae. Esses autores alegaram que esse formato<br />

se deve a um considerável desenvolvimento de colênquima nas porções laterais do órgão.<br />

Adicionalmente, supõem-se que em V. agnus-castus o desenvolvimento do xilema iniciado<br />

nos ângulos contribui para o formato quadrangular do caule, tendo em vista que após o<br />

tecido condutor adquirir um desenvolvimento radialmente uniforme, o formato do caule<br />

passou a ser circular. No entanto, não se pode confirmar esta hipótese sem realizar o estudo<br />

ontogenético do mesmo.<br />

A periderme evidenciada a partir do segundo entrenó caracteriza o que Metcalfe e Chalk (1950)<br />

denominaram de periderme precoce. De acordo com a classificação desses mesmos autores, a<br />

periderme demonstrada em V. agnus-castus pode ser reconhecida como superficial/<br />

subepidérmica, pois o felogênio se instala abaixo das células derivadas externas, que se<br />

apresentam volumosas e alongadas no sentido anticlinal, as quais se diferenciam em felema<br />

(súber), semelhante ao observado no caule de Eugenia uniflora L., Myrtaceae (FIUZA et al.,<br />

2008).<br />

O feixe vascular condiz com as informações referentes à Lamiaceae, e foi igualmente relatado<br />

em Leonurus sibiricus L. (DUARTE; LOPES, 2005), Hedeoma multiflora Benth., Hyptis lappaceae<br />

Benth., Salvia pallida Benth., S. procurrens Benth. (NOVOA; MONTI; VIZCAÍNO, 2005),<br />

Plectranthus neochilus Schltr. (DUARTE; LOPES, 2007) e Hyptidendron canum (Pohl ex Benth.)<br />

Harley (FIUZA et al., 2010).<br />

A estrutura anatômica do lenho dos caules de V. agnus-castus concorda, em termos gerais,<br />

com a descrição prévia realizada para o gênero por Metcalfe e Chalk (1950). Porém, não foram<br />

encontradas referências na literatura que pudessem justificar valores diferenciais para tais<br />

características no lenho de outros representantes de Lamiaceae. Contudo, no lenho, o arranjo<br />

difuso dos vasos ratifica os relatos de Alves e Angyalossy-Alfonso (2000) sobre a habitual<br />

presença desse tipo de arranjo em angiospermas tropicais. Esses mesmos autores afirmaram<br />

que vasos solitários, como os encontrados nesse estudo, são frequentes em espécies<br />

pertencentes a ambientes homogêneos. Para Prata e Mendonça (2009), esse tipo de ambiente<br />

pode ser reconhecido quando em uma região não há oscilações climáticas, ou seja, as amplitudes<br />

térmicas e a umidade do ar não apresentam alterações bruscas ao longo do ano, como é o caso<br />

da região amazônica.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 249<br />

O parênquima axial escasso descrito em V. agnus-castus, contrapõe Alves e Angyalossy-Alfonso<br />

(2000), pois estes alegaram que o parênquima axial abundante é uma característica do xilema<br />

secundário de espécies pertencentes a regiões tropicais de baixas latitudes, como o Norte e o<br />

Nordeste do Brasil.<br />

Com relação à placa de perfuração, foram encontradas, neste estudo, placas simples e<br />

escalariformes, embora muito raramente no lenho dos caules de V. agnus-castus. Placas simples<br />

e múltiplas (escalariformes a reticuladas), também foram obsevadas por Goulart e Marcati<br />

(2008) no lenho de caules e raízes de Lippia salviifolia (Verbenaceae). Segundo Wheeler e Bass<br />

(1991), placas de perfuração múltiplas nos vasos do lenho podem ser importantes em ambientes<br />

sazonais, já que retêm bolhas de ar, evitando assim embolismos, e também favorecem a<br />

dissolução das bolhas que poderiam dificultar a condução hídrica nos períodos desfavoráveis.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os caracteres morfoanatômicos dos órgãos vegetativos aéreos descritos em Vitex agnus-castus<br />

contribuem para o conhecimento do táxon. Preenchem lacunas existentes nas descrições<br />

anatômicas da espécie, principalmente por constatar a existência de tricomas glandulares que<br />

não haviam sido mencionados em estudos anteriores. Além disso, oferecem dados inéditos<br />

como à descrição anatômica do pulvino, pulvínulo e lenho do caule.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem ao CNPq, pelo apoio financeiro, e ao Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

(MPEG), pelas instalações cedidas.<br />

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Composição química dos óleos essenciais de plantas<br />

aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

Eloisa Helena de Aguiar Andrade<br />

INTRODUÇÃO<br />

No estado do Pará existe uma expressiva flora aromática, com espécies importantes para a<br />

perfumaria, que já tiveram forte participação na pauta de exportações deste estado, tais como<br />

pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), cumaru [Dipetryx odorata (Aubl.) Willd.], breu-branco<br />

(Protium spp.) e copaíba (Copaifera spp.). Além das espécies nativas, algumas das espécies<br />

exóticas e aclimatadas que são cultivadas no Pará vêm sendo gradativamente incorporadas em<br />

perfumes e cosméticos, tais como o estoraque (Ocimum americanum L.), em cujo óleo essencial<br />

predomina o (E)-cinamato de metila; a catinga-de-mulata (Aeollanthus suaveolens Mart. ex<br />

Spreng.), que produz um óleo rico em linalol; a priprioca (Cyperus articulatus L.) e o jambu<br />

[Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen]. Na década de 1980, foram registradas 352 espécies<br />

aromáticas, distribuídas em 63 famílias botânicas, que ocorrem na forma silvestre ou que são<br />

cultivadas na Amazônia, incluindo as nativas e exóticas ou aclimatadas (BERG; SILVA; SILVA,<br />

1986). Após duas décadas, a composição química dos óleos de 339 espécies aromáticas que<br />

ocorrem na Amazônia foi caracterizada (MAIA; ANDRADE, 2009). Várias dessas espécies são<br />

comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso, local de convergência das plantas cultivadas por<br />

pequenos agricultores locais, assim como das amostras colhidas nas áreas de floresta próximas<br />

a Belém. Considerando que a composição química de alguns óleos essenciais produzidos pelas<br />

espécies comercializadas nesse local ainda não foi caracterizada e nem reunida em um só<br />

documento, e que a mesma pode variar em função do local de desenvolvimento da planta e<br />

outros fatores, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a composição química dos óleos<br />

essenciais das espécies comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso, Belém-PA.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Amostras botânicas<br />

As amostras botânicas foram adquiridas no Complexo do Ver-o-Peso e em hortas de agricultores<br />

locais, no período de 2002 a 2004. As exsicatas foram depositadas no Herbário MG, do Museu


254 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Paraense Emílio Goeldi (Tabela 1). As amostras para extração de óleo essencial foram secas por<br />

um período de sete dias, sobre telas de plástico, em sala equipada com ar-condicionado (T de<br />

aproximadamente 21 o C) e desumidificador, e moídas em moinho de facas.<br />

Extração dos óleos essenciais<br />

Os óleos foram obtidos por hidrodestilação durante 3 horas, em sistemas de vidro do tipo<br />

Clevenger, utilizando sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação em<br />

torno de 15 o C. Os óleos obtidos foram centrifugados a 3.000 r.p.m. durante 5 min,<br />

desidratados com Na 2<br />

SO 4<br />

anidro, e novamente centrifugados nas mesmas condições. As<br />

amostras para análise por cromatografia gasosa foram preparadas imediatamente após a<br />

segunda centrifugação, numa proporção de 2 µL do óleo/1 mL de hexano. O rendimento de<br />

óleo foi calculado em mL/100g de amostra seca.<br />

Análise da composição química<br />

A composição química foi obtida por cromatografia em fase gasosa/espectrometria de massas<br />

em sistema Shimadzu QP-2010 Plus e Finnigan Mat INCOS XL equipados com coluna capilar<br />

de sílica Rtx-5MS e DB-5MS (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme), respectivamente.<br />

Hélio foi utilizado como gás de arraste com fluxo de 1,2 mL/min; a programação de temperatura<br />

do forno foi 60-240 o C (3 o C/min). Para o sistema Shimadzu a injeção foi sem divisão de fluxo<br />

(1 µL de óleo da solução hexânica) e as temperaturas do injetor e da interface foram 250 o C.<br />

Para o sistema Finnigan a temperatura do injetor foi 220 o C. O espectrômetro de massas foi<br />

operado por impacto de elétrons a 70 eV e a temperatura da fonte de íons 200 o C. A identificação<br />

foi feita através da comparação dos espectros de massas e índices de retenção (IR) com os<br />

existentes na biblioteca NIST-05 do sistema e da literatura (ADIO, 2005; YAYLI et al., 2005;<br />

ADAMS, 2007; LAGO et al., 2007). Os IR foram obtidos utilizando a série homóloga dos<br />

n-alcanos C8–C26 (Fluka S.A.) nas mesmas condições cromtográficas e calculados através do<br />

software do sistema.<br />

RESULTADOS<br />

Na Tabela 1 encontram-se relacionados os principais nomes populares adotados pelos feirantes<br />

do Complexo do Ver-o-Peso, o nome científico e a família botânica, e o número do registro do<br />

herbário MG da amostra analisada.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 255<br />

Tabela 1. Nome popular, nome científico, família botânica, número de registro no Herbário MG, rendimento de óleo (%) e órgão da planta do<br />

qual foi extraído óleo essencial das espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso, no período de 2002 a 2004.<br />

Nome popular Nome científico Família MG % Órgão<br />

Abre-caminho Justicia pectoralis Jacq. Acanthaceae 167.606 < 0,05 PA<br />

Alecrim-de-angola Vitex agnus-castus L. Lamiaceae 167.596 0,57 FC<br />

Alfavaca Ocimum campechianum Mill. Lamiaceae 167.603 2,34 PA<br />

Alfavacão Ocimum gratissimum L. Lamiaceae 167.600 1,99 PA<br />

Alfazema Aloysia oblanceolata Moldenke Verbenaceae 175.124 1,32 PA<br />

Anador Plectranthus barbatus Andrews Lamiaceae 182.864 0,14 F<br />

Anjo-da-guarda Croton sacaquinha Croizat Euphorbiaceae 167.619 0,41 FC<br />

Arataciú Sagotia racemosa Baill. Euphorbiaceae s.r. 0,69 RA<br />

Aroeira Schinus terebinthifolia Raddi Anacardiaceae 167.585 0,21 FC<br />

Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae 167.605 1,03 PA<br />

Artemisia Ambrosia microcephala DC. Asteraceae 69.732 0,10 PA<br />

Bastão-do-imperador Etlingera elatior (Jack) R. M. Smith Zingiberaceae 165.541 0,90 FL<br />

Beliscão Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob. Plantaginaceae 167.599 0,58 PA<br />

Borboleta Hedychium coronarium J. König Zingiberaceae 175.144 0,37/0,20 RI/PA<br />

Breu-branco Protium sp. Burseraceae s.r. 4,65 RE<br />

Caapeba Piper peltatum L. Piperaceae s.r. 0,24 F<br />

Canela Cinnamomum verum J. Pressl Lauraceae 167.623 1,20 F/C<br />

Capim-santo Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. Poaceae 167.632 1,85 PA<br />

Carrapatinho Peperomia rotundifolia (L.) Kunth Piperaceae 167.629 1,11 PI<br />

Casca-preciosa Aniba canelilla (Kunth) Mez Lauraceae s.r. 1,50 C<br />

Catinga-de-mulata Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. Lamiaceae s.r. 1,39 PA<br />

Cedro Cedrela odorata L. Meliaceae s.r. 0,26 C<br />

Chama-lisa e chama-peluda Mentha x piperita L. Lamiaceae 167.601 e 167.659 1,52 PA<br />

Cibalena Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto Benth. Lamiaceae s.r. 3,40 F<br />

Cipó-curimbó Bignonia nocturna (Barb. Rodr.) L. G. Lohmann Bignoniaceae s.r. 0,08 M<br />

Cipó-de-alho Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry Bignoniaceae 188.706


256 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Tabela 1. Nome popular, nome científico, família botânica, número de registro no Herbário MG, rendimento de óleo (%) e órgão da planta do<br />

qual foi extraído óleo essencial das espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso, no período de 2002 a 2004.<br />

Nome popular Nome científico Família MG % Órgão<br />

Copaíba Copaifera spp. Fabaceae s.r. s.r. OR<br />

Cordão-de-frade Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. Lamiaceae 167.591 0,08 PI<br />

Cravo Tagetes erecta L. Asteraceae 167.626 0,45 PA<br />

Desatrapalha Cassytha filiformis L. Lauraceae 168.800 0,07 PI<br />

Desempata Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Asteraceae 167.608 0,54 PA<br />

Elixir-paregórico Piper callosum Ruiz & Pav. Piperaceae 167.633 3,18 FC<br />

Erva-cidreira Lippia alba (Mill.) N. E. Br. Verbenaceae 167.621 0,80 PA<br />

Erva-de-jabuti Peperomia pellucida (L.) Kunth Piperaceae s.r. 1,10 PI<br />

Estoraque Ocimum americanum L. Lamiaceae 167.638 1,30 PA<br />

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill. Myrtaceae 175.187 0,75 F<br />

Fedegoso Heliotropium indicum L. Boraginaceae 167.628 < 0,05 PI<br />

Gengibre Zingiber officinale Roscoe Zingiberaceae 175.197 0,34 RI<br />

Hortelã-de-panela Mentha spicata L. Lamiaceae 175-201 0,66 PA<br />

Hortelã-do-maranhão Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Lamiaceae 167.590 0,30 PA<br />

Hortelã-pimenta Mentha pulegium L. Lamiaceae s.r. 2,15 PA<br />

Japana Ayapana triplinervis (M.Vahl) R.M.King & H.Rob. Asteraceae 167.627 0,36 PA<br />

Jatobá Hymenaea courbaryl L. Fabaceae s.r. 2,97 RE<br />

Lençol-de-santa-bárbara Piper marginatum Jacq. Piperaceae 175.168 0,64 FC<br />

Losna Artemisia vulgaris L. Asteraceae 167.604 0,48 PA<br />

Macacaporanga Aniba parviflora (Meisn.) Mez Lauraceae 168.721 0,58 FC<br />

Macela Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera Asteraceae 175.150 0,28 PA<br />

Malva-rosa Pelargonium graveolens L’Hér. Geraniaceae 167.620 0,30 PA<br />

Mangarataia Curcuma longa L. Zingiberaceae s.r. 0,39 RI<br />

Manjericão Ocimum cf. x citriodorum Vis. Lamiaceae 167.657 3,30 F<br />

Manjericão-da-folha-miúda Ocimum minimum L. Lamiaceae 167.602 1,12 PA<br />

Manjerona Lippia thymoides Martius ex Schauer Verbenaceae 167.584 0,71 FC<br />

Mastruz Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants Amaranthaceae s.r. 1,88 PA<br />

Oriza Pogostemon heyneanus Benth. Lamiaceae 167.589 1,29 PA


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 257<br />

Tabela 1. Nome popular, nome científico, família botânica, número de registro no Herbário MG, rendimento de óleo (%) e órgão da planta do<br />

qual foi extraído óleo essencial, das espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso no período de 2002 a 2004.<br />

Nome popular Nome científico Família MG % Órgão<br />

Pacova-catinga Renealmia sp. Zingiberaceae 167.631 < 0,05 PA<br />

Pataqueira Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.) Benth. Plantaginaceae 167.582 1,46 PA<br />

Patchuli Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty Poaceae 175.154 0,83 RA<br />

Pau-de-angola Piper alatipetiolatum Yunck. Piperaceae 167.624 1,63 FC<br />

Pau-rosa Aniba rosaeodora Ducke Lauraceae 175.173 2,53/2,33 F/C<br />

Pimenta-longa Piper aduncum L. Piperaceae 177.971 0,50 FC<br />

Pluma Tanacetum vulgare L. Asteraceae s.r. 0,41 PA<br />

Priprioca Cyperus articulatus L. Cyperaceae 167.612 0,55 RI<br />

Pripriocão Cyperus prolixus Kunth Cyperaceae 167.611 0,68 RI<br />

Priprioquinha Cyperus rotundus L. Cyperaceae 168.784 0,35 RI<br />

Sacaca Croton cajucara Benth. Euphorbiaceae 177.964 0,22 FC<br />

Salva-do-marajó Hyptis crenata Pohl Lamiaceae 175.136 1,03 PA<br />

Trevo-são-joão Unxia camphorata L. f. Asteraceae 167.607 0,15-1,66 F,C,I,RA<br />

Vassourinha Scoparia dulcis L. Plantaginaceae 182.859 0,13 PA<br />

Vick Mentha arvensis L. Lamiaceae 104.929 0,06 PA<br />

Vindicá Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm. Zingiberaceae 165.577 0,68/0,20 F/C<br />

Vindicá-levante Alpinia purpurata (Viell.) K. Schum. Zingiberaceae 104.868 0,04/


258 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Foram obtidos óleos essenciais de amostras de folhas, raízes, partes aéreas, rizomas, caules ou<br />

resinas de 75 espécies aromáticas comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso. Os maiores<br />

rendimentos (≥ 1 %) foram obtidos da alfavaca, alfavacão, alfazema, arruda, breu-branco, canela,<br />

capim-santo, carrapatinho-da-laranjeira, catinga-de-mulata, chama, cominho, elixir-paregórico,<br />

erva-de-jabuti, estoraque, hortelã-pimenta, manjericão, manjericão-da-folha-miúda, oriza,<br />

pataqueira, pau-de-angola, salva-do-marajó e trevo-são-joão (Tabela 1). As famílias mais<br />

representativas em número de espécies foram Asteraceae (8 spp.), Lamiaceae (17 spp.),<br />

Zingiberaceae (8 spp.) e Lauraceae (5 spp.).<br />

Óleos da família Asteraceae: Ambrosia microcephala, Artemisia vulgaris, Ayapana triplinervis,<br />

Pectis elongata, Pluchea sagittalis, Sphagneticola trilobata, Tagetes erecta, Tanacetum vulgare,<br />

Unxia camphorata<br />

β-Bisaboleno (18,8%), β-himachaleno (13,0%) e acetato de bornila (12,8%) foram os<br />

constituintes predominantes no óleo da parte aérea da artemisia (Ambrosia microcephala).<br />

No óleo da parte aérea da losna (Artemisia vulgaris), os principais constituintes foram<br />

germacreno D (32,33%), cis-tujona (27,89%) e β-cariofileno (18,78%). De acordo com a<br />

literatura, ocorre grande variabilidade intraespecífica da composição química dos óleos dessa<br />

espécie, com predominância de acetato de crisantenila, trans-tujona e 1,8-cineol no norte da<br />

Lituânia (JUDZENTIENË; BUZELYTË, 2006), isobutirato de isobornila e β-pineno no Irã (TAJADOD<br />

et al., 2012), e cis-tujona na Turquia (BAYKAN EREL et al., 2012).<br />

No óleo da parte aérea da japana-branca (Ayapana triplinervis), o constituinte majoritário foi o<br />

2,5-dimetóxi-p-cimeno (34,63%), além de β-pineno (13,82%) e α-pineno (9,53%). 2,5-Dimetóxip-cimeno<br />

também foi o principal constituinte dos óleos de A. triplinervis (citada como<br />

Eupatorium triplinerve) do estado do Amapá (MAIA et al., 1999) e da Índia (GARG; NIGAM,<br />

1970). No óleo obtido de outra amostra da Índia foi identificado selina-4(15),7(11)-dien-8-ona<br />

e β-cariofileno como principais constituintes do óleo das folhas (GUPTA; CHARLES; GARG, 2004),<br />

e 2-tert-butil-1,4-metoxibenzeno, no óleo das partes aéreas de A. triplinervis (citada como<br />

Eupatorium triplinerve) de Bangladesh (Ásia) (BEGUM; BHUIYAN; TAZNIN, 2010).<br />

No óleo da parte aérea do cominho (Pectis elongata), o principal constituinte foi o perilaldeído<br />

(39,51%). Nos óleos obtidos de amostras de P. elongata da Martinica, os principais constituintes<br />

foram neral (15,65-27,4%), geranial (24,56-40,15%) e ácido gerânico (5,00-19,88%), cujos teores<br />

dependeram do estágio de maturidade da planta e do local de coleta (PRUDENT et al., 1995).<br />

Três amostras de P. elongata também obtidas no estado do Pará e uma no estado do Amapá<br />

forneceram óleos ricos em aldeído perílico (51,7/64, 6/81,8%) e limoneno nas duas primeiras<br />

(43,7 e 33,7%) (SILVA; ANDRADE; MAIA, 2005).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 259<br />

No óleo da macela (Pluchea sagitallis), germacreno D (25,59%), β-cariofileno (12,85%) e<br />

biciclogermacreno (10,89%) foram os componentes majoritários. No óleo de duas amostras<br />

de P. sagitallis (citada como P. quitoc) do Rio Grande do Sul, os principais constituintes foram<br />

acetato de lavandulila, sesquilavandulol e α-gurjuneno (SIMIONATTO et al., 2007a). Folhas<br />

frescas forneceram óleo rico em δ-cadineno e 1,8-cineol (ARRIAGA et al., 2006).<br />

No óleo da parte aérea da planta conhecida por desempata (Sphagneticola trilobata) foi<br />

detectado alto teor de α-pineno (72,90%), diferindo do óleo das folhas de um espécime do<br />

estado do Ceará, no qual os principais constituintes foram limoneno, γ-muuroleno e β-pineno<br />

(CRAVEIRO et al., 1993).<br />

Piperitona (36,33%) foi o componente majoritário do óleo da parte aérea do cravo (Tagetes<br />

erecta), além de terpinoleno (14,59%) e limoneno (12,44%). β-Cariofileno, terpinoleno, (E)-βocimeno<br />

e (Z)-β-ocimeno foram majoritários nos óleos das folhas, caule e flores de T. erecta do<br />

Irã (SEFIDKON et al., 2004).<br />

Quatro tipos químicos de Tanacetum vulgare foram identificados nos óleos essenciais coletados<br />

em Vilnius (Lituânia): Tipo I: cânfora/1,8-cineol, Tipo II: α-tujona/1,8-cineol, Tipo III: 1,8-cineol/<br />

cânfora e Tipo IV: artemisia cetona/cânfora (DANUTË; JUDZENTIENE, 2004). Uma amostra da<br />

parte aérea de uma amostra fértil de T. vulgare adquirida no Ver-o-Peso forneceu óleo dominado<br />

por β-tujona.<br />

No óleo das folhas do trevo-são-joão (Unxia camphorata), cânfora (39,97%) foi predominante.<br />

Na literatura há registro da ocorrência de dois tipos químicos para essa espécie (citada como<br />

Melampodium camphoratum Baker): o Tipo terpinoleno/limoneno/δ-3-careno (estado do<br />

Amazonas) e o Tipo α-felandreno/cânfora (estado do Pará) (MAIA et al., 1998a). No Pará, foi<br />

detectada uma variação do teor de cânfora de zero a 28,8% nos óleos de amostras de flores,<br />

folhas, caules e raízes coletadas em Belém (BUSMAN et al., 2005).<br />

Óleos da família Bignoniaceae: Bignonia nocturna, Mansoa standleyi<br />

Benzaldeído (57,82%) é o constituinte predominante do óleo essencial da madeira do tronco<br />

do cipó-curimbó (Bignonia nocturna). Nos óleos dessa espécie [citada como Tanaecium<br />

nocturnum (Barb. Rodr.) Bureau & K. Schum.] o teor de benzaldeído pode representar até 96%<br />

do total do óleo da madeira do tronco (GOTTLIEB et al., 1981; PIMENTEL et al., 2008).<br />

O óleo essencial das folhas de nove amostras do cipó-de-alho (Mansoa standleyi) coletadas no<br />

nordeste paraense (Ananindeua, Belém, Santo Antônio do Tauá, Acará) não diferiu<br />

significativamente quanto a sua composição química: os principais constituintes foram dissulfeto<br />

de dialila (42,15-65,25) e trissulfeto de dialila (7,47-42,18), além de 1-octen-3-ol (0,22-13,46) e


260 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

ditiaciclopenteno (zero-9,97) (ZOGHBI; PEREIRA; OLIVEIRA, 2012). Dissulfeto e trissulfeto de<br />

dialiala têm sido encontrados como componentes majoritários dos óleos de M. alliacea (Lam.)<br />

A. H. Gentry por diversos pesquisadores (APPA RAO et al., 1978; ZOGHBI et al., 1984; GANAPATY;<br />

BEKNAL, 2004; ABU-LAFI et al., 2004).<br />

Óleos da família Cyperaceae: Cyperus articulatus, Cyperus prolixus, Cyperus rotundus<br />

Nos óleos dos rizomas da priprioca (Cyperus articulatus var. articulatus), os principais constituintes<br />

foram α-pineno (5,7-12,3%), óxido de cariofileno (4,6-10,8%) e mustacona (9,8-14,5%);<br />

composição similar foi obtida para o óleo da variedade C. articulatus var. nodosus: α-pineno (4,7-<br />

11,9%), óxido de cariofileno (5,4-13,7%) e mustacona (6,6-14,5%) (ZOGHBI et al., 2008).<br />

Nos óleos do pripriocão (Cyperus prolixus), os principais constituintes foram óxido de cariofileno<br />

(6,9-26,8%), 14-hidróxi-9-epi-β-cariofileno (9,6-16,7%) e α-ciperona (13,5-20,6%) (ZOGHBI et<br />

al., 2008).<br />

Ciperotundona (12,1%) e α-ciperona (22,8%) foram predominantes no óleo da priprioquinha<br />

(Cyperus rotundus) (ZOGHBI et al., 2008). Nos óleos dos rizomas de dois tipos (vermelho e<br />

preto) de C. articulatus da Nigéria, os principais constituintes foram ciperotundona e piperitona<br />

(tipo vermelho) e cedrol e guaia-5-en-11-ol (OLAWORE et al., 2006).<br />

Óleos da família Euphorbiaceae: Croton cajucara, Croton sacaquinha, Sagotia racemosa<br />

O principal constituinte do óleo de sacaca (Croton cajucara) foi o linalol (38,21%). No óleo de<br />

uma amostra de C. cajucara coletada em Tucuruí-PA, além de linalol, também foi detectado<br />

germacreno D em teor elevado (MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2000).<br />

No óleo obtido da parte aérea da anjo-da-guarda (Croton sacaquinha) os principais constituintes<br />

foram germacreno D (18,33%), β-elemeno (11,30%) e biciclogermacreno (10,38%). β-Elemeno<br />

e germacreno D também foram os sesquiterpenos majoritáios presentes no óleo das folhas de<br />

um espécime do estado do Amazonas (LOPES et al., 2003).<br />

O óleo do arataciu (Sagotia racemosa) é uma mistura complexa e de difícil identificação, no<br />

qual não foram detectados constituintes em teor superior a 10%. Na literatura não foram<br />

encontrados dados referentes à composição química do óleo de S. racemosa.<br />

Óleos da família Fabaceae: Copaifera sp., Hymenaea courbaril<br />

No óleo de copaíba (Copaifera sp.) o β-cariofileno (60,37%) foi predominante. β-Cariofileno é<br />

o sesquiterpeno mais frequentemente encontrado nos óleos de copaíba, e o principal constituinte<br />

dos óleos de C. duckei, C. glycycarpa, C. multijuga, C. pubiflora e C. reticulata (CASCON; GILBERT,


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 261<br />

2000; LAMEIRA et at., 2009; SANT’ANNA et al., 2007; VEIGA-JUNIOR et al., 2007; ZOGHBI et al.,<br />

2009; SOUZA et al., 2010; HERRERO-JÁUREGUI et al., 2011).<br />

Germacreno D (31,9%) e β-cariofileno (27,1%) foram os principais constituintes do óleo da<br />

casca do fruto verde de H. courbaril, enquanto α-copaeno (11,1%) e espatulenol (10,1%) foram<br />

majoritários no óleo da casca do fruto maduro (AGUIAR et al., 2010).<br />

Óleos da família Lamiaceae: Aeollanthus suaveolens, Hyptis crenata, Leonotis nepetifolia,<br />

Mentha x piperita, M. pulegium, M. spicata, Ocimum americanum, O. campechianum, O.<br />

carnosum, O. x cf. citriodorum, O. gratissimum, O. minimum, Plectranthus amboinicus,<br />

Plectranthus barbatus, Pogostemon heyneanus, Vitex agnus-castus<br />

No óleo da parte aérea da catinga-de-mulata (Aeollanthus suaveolens), os principais constituintes<br />

foram linalol (25,58%), (E)-β-farneseno (15,58%) e 5,6-diidro-6-nonil-2H-piran-2-ona (12,10%).<br />

Linalol, (E)-β-farneseno e massoialactona foram os principais constituintes dos óleos de A.<br />

suaveolens previamente estudados (MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2003; TUCKER; MACIARELLO,<br />

2001; MONTEIRO et al., 2005; SIMIONATTO et al., 2007b). O teor dos principais constituintes do<br />

óleo dessa espécie varia em função do período de floração da planta: linalol (23,3-49,1%),<br />

(E)-β-farneseno (30,2-60,6%), massoialactona (1,78-18,2%), assim como a proporção de (-)-linalol/<br />

(+)-linalol (4:1-3:1) (MONTEIRO et al., 2005). Amostras de folhas e flores de A. suaveolens coletadas<br />

em São Vicente-RS forneceram óleos ricos em linalol [folha: (-)-linalol = 22,5%, (+)-linalol 12,0%];<br />

flor: (-)-linalol = 21,6%, (+)-linalol 14,3%], (E)-β-farneseno (folha: 25,4%; flor: 29,1%) e<br />

(-)-massoialactona (folha: 25,9%; flor: 17,0%) (SIMIONATTO et al., 2007b).<br />

Carvacrol (66,24%) foi o principal constituinte do óleo do anador (Plectranthus barbatus), além<br />

de β-cariofileno (10,44%) e γ-terpineno (10,36%). β-Cariofileno foi o principal constituinte<br />

identificado no óleo essencial das folhas de P. barbatus (citada como Coleus barbatus) obtidas<br />

no município de Melgaço-PA (ANDRADE et al., 2002).<br />

Os monoterpenos 1,8-cineol (16,99%), δ-3-careno (14,08%), α-pineno (12,73%) e β-pineno<br />

(10,66%) foram os principais constituintes do óleo da salva-do-marajó (Hyptis crenata).<br />

α-Pineno, cânfora e 1,8-cineol foram os principais constituintes identificados nos óleos de<br />

H. crenata coletada no estado de Mato Grosso do Sul (SCRAMIN et al., 2000). No óleo obtido<br />

das folhas e caules de Porto Nacional-TO e São Sebastião da Boa Vista-PA, o principal constituinte<br />

foi o terpinoleno (ZOGHBI et al., 2002); 1,8-cineol foi predominante no óleo das folhas de uma<br />

mostra adquirida no município de Melgaço-PA (ANDRADE et al., 2002).<br />

No óleo da parte aérea do cordão-de-frade (Leonotis nepetifolia), β-cariofileno (9,35%) foi o<br />

componente majoritário, seguido do α-humuleno (6,62%). β-Cariofileno e α-humuleno também


262 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

foram os constituintes principais do óleo das folhas de L. nepetifolia da Nigéria (OYEDEJI;<br />

EKUNDAYO; KÔNIG, 1999). Em uma amostra coletada na Índia, os principais constituintes foram<br />

acetato de eugenila, piperitona, piperitenona, metil isoeugenol, acetato de citronelila, óxido de<br />

piperitona e eugenol (THOPPIL; JOSE, 1995).<br />

Os óleos da chama (Mentha x piperita), um híbrido da M. piperita, foram caracterizados pela<br />

presença de linalol (chama-lisa: 18,93%; chama-peluda: 29,12%) e acetato de linalila (chamalisa:<br />

13,05%; chama-peluda: 12,05%).<br />

No óleo da hortelã-pimenta (Mentha pulegium), o constituinte predominante foi a pulegona<br />

(49,28%). Pulegona também foi o principal constituinte do óleo de M. pulegium da Índia<br />

(AGNIHOTRI et al., 2005) e do Uruguai (LORENZO et al., 2002). Entretanto, no óleo de uma<br />

amostra coletada na Áustria, o principal constituinte foi piperitona (ZWAVING; SMITH, 1971),<br />

indicando a existência de tipos químicos.<br />

No óleo da parte aérea da hortelãzinho (Mentha spicata), o óxido de piperitenona (26,24%) e<br />

limoneno (10,19%) foram os componentes majoritários. Óxido de piperitenona (52,3%) também<br />

foi detectado como majoritário no óleo de M. spicata de Cuba (PINO; ROSADO; SÁNCHEZ,<br />

1998). Outros tipos químicos de M. spicata foram encontrados na Índia e no Irã (Tipo carvona)<br />

(CHOWDHURY et al., 2007; CHAUHAN et al., 2009), e na Tunísia (Tipo mentona) (DHIFI et al.,<br />

2012).<br />

O óleo do estoraque (Ocimum americanum) foi caracterizado pela presença de (E)-cinamato<br />

de metila (34,60%) em alto teor. Folhas, caules, inflorescências e planta inteira de O. americanum<br />

(citado como O. micranthum Willd.) cultivado no Pará forneceram óleos com (E)-cinamato de<br />

metila variando de 34,6 a 56,7%, e rendimento de 4,3% de óleo nas folhas (ROSAS et al., 2005).<br />

No óleo da parte aérea da alfavaca (Ocimum campechianum), metileugenol (63,68%) e eugenol<br />

(23,09%) foram predominantes. Estudo prévio de quatro amostras de O. campechianum<br />

cultivadas no Pará levou à caracterização de três quimiotipos para a espécie: 1) Tipo elemicina,<br />

2) Tipo eugenol e 3) Tipo metileugenol (ZOGHBI et al., 2007). No óleo das folhas de uma amostra<br />

da Colômbia, o principal constituinte encontrado foi metileugenol (VIÑA; MURILLO, 2003).<br />

O óleo da cibalena (Ocimum carnosum) foi dominado por metilchavicol (57,13%). trans-Anetol<br />

e metilchavicol foram os principais constituintes do óleo de O. carnosum (citado como O. selloi)<br />

de Botucatu-SP (MORAES et al., 2002). O óleo de dois acessos da coleção de germoplasma da<br />

Universidade Federal de Viçosa-MG, levou à caracterização de dois tipos químicos: 1) Tipo<br />

estragol; e 2) Tipo metileugenol (MAIA et al., 2007). Metilchavicol também foi o constituinte<br />

majoritário dos óleos obtidos de cinco amostras das folhas de O. carnosum (citado como O.<br />

selloi) comercializado no Rio de Janeiro (MARTINI et al., 2011).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 263<br />

O óleo do manjericão (Ocimum cf. x citriodorum) foi rico em metilchavicol (55,79%), linalol<br />

(16,50%) e 1,8-cineol (11,32%). De acordo com Paton e Putievsky (1996), Ocimum x citriodorum<br />

é um híbrido natural de O. basilicum L. e O. minimum L. Essa espécie é cultivada principalmente<br />

no bairro do Curuçambá, em Ananindeua-PA.<br />

A espécie Ocimum gratissimum ocorre em duas variedades botânicas: O. gratissimum var.<br />

macrophyllum e O. gratissimum var. gratissimum. A variedade macrophyllum é comercializada<br />

no Ver-o-Peso, e cultivada em municípios próximos a Belém, tais como Ananindeua, Igarapé-<br />

Miri e Barcarena. No óleo do alfavacão (O. gratissimum var. macrophyllum), os principais<br />

componentes foram timol (44,44%), γ-terpineno (29,92%) e p-cimeno (12,82%). Essa espécie<br />

apresenta alta variabilidade na composição química dos seus óleos essenciais: timol (PINO;<br />

ROSADO; FUENTES, 1996); eugenol (SIMON et al., 1999), cinamato de etila (DUBEY et al., 2000),<br />

eugenol/metileugenol (VOSTROWSKY et al., 1990) e geraniol (VIEIRA et al., 2001). No Pará,<br />

foram caracterizados dois tipos químicos para a variedade macrophyllum: o tipo timol/γterpineno<br />

e o tipo 1,8-cineol/p-cimeno (ZOGHBI et al., 2007).<br />

No óleo do manjericão-da-folha-miúda (Ocimum minimum), o principal constituinte foi o<br />

metilchavicol (49,35%), além de linalol (15,24%), 1,8-cineol (13,87%) e limoneno (11,11). No<br />

óleo de um espécime da Turquia, acetato de geranila foi predominante (ÖZCAN; CHALCHAT,<br />

2002). Linalol foi o principal constituinte do óleo das folhas de amostras de O. minimum<br />

cultivadas por hidroponia (FERNANDES et al., 2004).<br />

Carvacrol (66,24%) foi o componente majoritário do óleo da hortelã-do-maranhão<br />

(Plectranthus amboinicus). Carvacrol e timol foram detectados em teor elevado no óleo das<br />

folhas de um espécime da Índia (SENTHILKUMAR; VENKATESALU, 2010; MANJAMALAI;<br />

ALEXANDER; BERLIN GRACE, 2012) e carvacrol e cânfora em um espécime da África (GURIB-<br />

FAKIM et al., 1995).<br />

Álcool de patchouli (21,35%) foi o componente majoritário do óleo das folhas e caules da oriza<br />

(Pogostemon heyneanus). O teor do álcool de patchouli pode variar em função de diversos<br />

fatores: nos óleos de duas amostras de P. heyneanus coletadas em Belém e Benfica-PA, ocorreu<br />

em 67,2% e 19,6%, respectivamente (MAIA et al., 2000), e 21,9% no óleo de amostra cultivada<br />

por produtores da região de Belém-PA (SOUZA-FILHO et al., 2009).<br />

1,8-Cineol (43,32%) foi o componente principal da parte aérea do alecrim-de-angola (Vitex<br />

agnus-castus). 1,8-Cineol também foi o componente majoritário do óleo de V. agnus-castus da<br />

Nigéria e da Itália (EKUNDAYO et al.; 1990; SENATORE; DELLA PORTA; REVERCHON, 1996;<br />

GALLETTI; RUSSO; BOCCHINI, 1996). Entretanto, no óleo das folhas de outro espécime da Nigéria,<br />

β-pineno foi o principal constituinte (HAMID et al., 2010). Sabineno, 1,8-cineol e (E)-β-ocimeno


264 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

foram os monoterpenos mais abundantes do óleo das folhas, flores e frutos de um espécime<br />

cultivado em Belém-PA, cujo teor variou em função do órgão da planta (ZOGHBI; ANDRADE;<br />

MAIA, 1999). Alta variação intraespecífica também foi observada por Sorensen e Katsiotis (1999)<br />

para sabineno, 1,8-cineol, (E)-β-farneseno e α-pineno em amostras coletadas em Creta (Grécia).<br />

Óleos da família Lauraceae: Aniba canelilla, Aniba parviflora, Aniba rosaeodora, Cassytha<br />

filiformis, Cinnamomum verum<br />

O óleo essencial da casca-preciosa (Aniba canelilla) contém principalmente 1-nitro-2-feniletano<br />

e metileugenol (GOTTLIEB; MAGALHÃES, 1959; MORAIS et al., 1972; OGER et al., 1994; TAVEIRA<br />

et al., 2003; LIMA et al., 2004), cujo teor depende do tipo de solo e do período de coleta (TAVEIRA<br />

et al., 2003).<br />

No óleo das folhas e caules da macaporanga (Aniba parviflora), o principal constituinte foi o<br />

linalol (53,60%), seguido do espatulenol (15,44%). No óleo das folhas e caule de A. parviflora<br />

(citada como Aniba fragrans) coletada em Curuá-Una, Santarém-PA, além de linalol (32,4%) e<br />

espatulenol (19,1), limoneno (14,5) também foi detectado como constituinte majoritário (MAIA;<br />

ZOGHBI; ANDRADE, 2000).<br />

O componente majoritário do óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora) é o linalol: no óleo do<br />

caule de uma amostra de Santarém-PA, o teor de linalol foi 89,93%, enquanto no óleo da folha<br />

foi de 51,75%. Linalol (79,0%) foi majoritário no óleo das folhas de um espécime coletado em<br />

Curuá-Una, no município de Santarém-PA (MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2000).<br />

No óleo da planta inteira da desatrapalha (Cassytha filiformis), safrol (33,31%) e espatulenol<br />

(16,49%) foram predominantes. Na literatura não foram encontrados dados referentes ao óleo<br />

essencial de C. filiformis.<br />

Os óleos essenciais das folhas e caules da canela-macho e da canela-fêmea (Cinnamomum<br />

verum) não diferiram muito: nos óleos das folhas, o principal constituinte foi o eugenol<br />

(63,96% e 56,43%, respectivamente) e nos óleos dos caules [(E)-cinamaldeído: 35,15%; (E)-<br />

acetato de cinamila (17,25%) e (E)-cinamaldeído: 20,23%; (E)-acetato de cinamila (31,52%,<br />

respectivamente)]. Os óleos essenciais de C. verum (citada como C. zeylanicum Blume)<br />

apresentam grande variabilidade química, sendo conhecidos pelo menos cinco quimiotipos:<br />

Tipo eugenol (SENANAYAKE; LEE; WILLS, 1978), Tipo (E)-cinamaldeído (SENANAYAKE et al,<br />

1978; BERNARD et al., 1989; MÖLLENBECK et al., 1997), Tipo benzoato de metila (RAO;<br />

PAUL; DUTRA, 1988), Tipo linalol (JIROVETZ et al., 2001) e Tipo cânfora (SENANAYAKE;<br />

LEE; WILLS, 1978).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 265<br />

Óleos da família Piperaceae: Peperomia pellucida, P. rotundifolia, Piper aduncum,<br />

P. alatipetiolatum, P. callosum, P. marginatum, P. peltatum<br />

No óleo da planta inteira da erva-de-jabuti (Peperomia pellucida), dilapiol (17,79%) e 3,4,5-<br />

trimetoxiestireno (10,787%) foram predominantes. Dilapiol também foi o constituinte<br />

majoritário do óleo de outro espécime do Pará e também da Nigéria (SILVA et al., 1999;<br />

OGUNWANDE et al., 2009).<br />

O carrapatinho-da-laranjeira (Peperomia rotundifolia) forneceu óleo rico em decanal (42,80%)<br />

e limoneno (39,83%). Nos óleos de amostras de P. rotundifolia coletadas no Pará, limoneno e<br />

decanal foram os constituintes majoritários (ZOGHBI et al., 2005).<br />

Dilapiol (70,45%) foi o componente majoritário do óleo da pimenta-longa, como é conhecida<br />

no Ver-o-Peso a espécie Piper aduncum. Essa espécie, conhecida principalmente por pimentade-macaco,<br />

produz óleos ricos em dilapiol, cujo teor pode variar significativamente (MAIA et<br />

al., 1998b; PINO et al., 2004; ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009).<br />

Um sesquiterpeno com massa igual a 218 (48,40) foi o principal constituinte do óleo do paude-angola<br />

(Piper alatipetiolatum); 3-isvarona e 3-isvarol foram detectados em teor menor do<br />

que 0,04%. Isvarona foi majoritário nos óleos de três espécimes de P. alatipetiolatum do nordeste<br />

do Pará e de Macapá (ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009).<br />

O componente majoritário do óleo do elixir-paregórico (Piper callosum) foi o safrol (75,59%). No<br />

Pará, o estudo dos constituintes químicos dos óleos das folhas e ramos finos de oito espécimes<br />

de P. callosum revelou a ocorrência de dois quimiotipos para a espécie: Tipo safrol e Tipo asarona/<br />

miristicina, com predominância do primeiro (ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009).<br />

Os principais constituintes do óleo do lençol-de-santa-bárbara (Piper marginatum) foram<br />

δ-3-careno (8,86%), safrol (7,07%) e croweacina (6,83%). Amostras de folhas e ramos finos de 26<br />

espécimes de P. marginatum coletadas no Pará, Amazonas, Tocantins, Amapá, Roraima e Mato<br />

Grosso forneceram 10 tipos químicos de óleos caracterizados pela presença de safrol/3,4-<br />

metilenodioxipropriofenona (Tipo I), 3,4-metilenodioxipropriofenona (Tipo II), β-cariofileno/3,4-<br />

metilenodioxipropriofenona (Tipo III), p-menta-1(7), 8-dieno/3,4-metilenodioxipropriofenona<br />

(Tipo IV), óxido de cariofileno/(E)-nerolidol (Tipo V), β-cariofileno/biciclogermacreno/asarona<br />

(Tipo VI), espatulenol/globulol (Tipo VII), osmorhizol/anetol (Tipo VIII), 2-metoxi-4,5-<br />

metilenodióxipropriofenona/isômero (Tipo IX), e o Tipo 10, cujo componente principal<br />

(M = 192) não foi identificado (ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009).<br />

Os principais constituintes do óleo da caapeba (Piper peltatum) foram β-cariofileno (16,21%) e<br />

germacreno D (10,41%). No óleo das folhas e caules de P. peltatum [citada como Pothomorphe


266 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

peltata (L.) Miq.] de Roraima, β-cariofileno foi o principal constituinte, correspondente a 73% do<br />

total do óleo (LUZ et al., 1999). No óleo de três espécimes do Pará e um de Roraima, o principal<br />

constituinte foi o β-cariofileno, enquanto no óleo de um espécime oriundo do Campus de Pesquisa<br />

do MPEG, em Belém-PA, foram encontrados safrol e biciclogermacreno como principais<br />

constituintes (ANDRADE; GUIMARÃES; MAIA, 2009). Óxido de cariofileno foi o componente<br />

majoritário do óleo das folhas de um espécime de Cuba (PINO et al., 2004).<br />

Óleos da família Plantaginaceae: Bacopa monnierioides, Conobea scoparioides, Scoparia dulcis<br />

Cânfora (30,7%) e metileugenol (28,3%) foram os principais constituintes do óleo do beliscão<br />

(Bacopa monnierioides) [citada como B. axillaris (Benth.) Standl.] comercializado no Ver-o-Peso<br />

(ZOGHBI; ANDRADE, 2006).<br />

Metiltimol (42,4-36,0%) e timol (17,9-52,0%) foram os principais constituintes dos óleos da<br />

pataqueira (Conobea scoparioides) do Pará e do Amapá, respectivamente (MAIA; ZOGHBI;<br />

ANDRADE, 2000; MAIA et al., 2001).<br />

β-Cariofileno (30,63%) foi o componente majoritário do óleo da vassourinha (Scoparia dulcis). trans-<br />

Fitol foi o principal constituinte do óleo das folhas de S. dulcis da Venezuela (ORDAZ et al., 2011).<br />

Óleos da família Poaceae: Chrysopogon zizanioides, Cymbopogon citratus<br />

Na composição química do óleo da raiz do patchuli (Chrysopogon zizanioides), o kusimol<br />

(15,54%) e o biciclovetivenol (9,30%) foram predominantes. Kusimol é o principal sesquiterpeno<br />

presente nos óleos de C. zizanioides de diferentes origens geográficas (DETHIER et al., 1997;<br />

WEYERSTAHL et al., 2000; ADAMS et al., 2008; LIMA et al., 2012).<br />

Geranial (41,75%) e neral (35,60%), cuja mistura é conhecida por citral, foram os principais<br />

constituintes da parte aérea do óleo do capim-santo (Cymbopogon citratus). Os óleos dessa<br />

espécie frequentemente contêm citral (40-90%) em alta porcentagem (MENUT et al., 2000;<br />

LECLERQ et al., 2000; PINO; ROSADO, 2000; ANDRADE; ZOGHBI; LIMA, 2009). No Congo, além<br />

do Tipo citral, também foi descrito o Tipo geraniol (OUAMBA et al., 1993). Li et al. (2005)<br />

identificaram no óleo dos rizomas os sesquiterpenos selina-6-en-4-ol e longifoleno como<br />

principais componentes.<br />

Óleos da família Verbenaceae: Aloysia oblanceolata, Lippia alba, Lippia thymoides<br />

O óleo das folhas e caules da alfazema (Aloysia oblanceolata) foi caracterizado pela presença<br />

de 1,8-cineol (36,33%) em alta porcentagem. Não foram encontrados dados na literatura<br />

referentes à composição química do óleo de A. oblanceolata.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 267<br />

A cidreira (Lippia alba) forneceu óleo rico em carvona (23,35%) e limoneno (21,76%). Também<br />

conhecida por carmelitana, a L. alba apresenta vários quimiotipos. No Pará, foram encontrados<br />

três tipos de óleos: 1) Tipo 1,8-cineol/limoneno; 2) Tipo limoneno/carvona; e 3) Tipo citral/<br />

germacreno D (ZOGHBI et al., 1998a). Outros tipos citados na literatura são citral (FUN;<br />

SVENDSEN, 1990), carvona (MATOS et al., 1996), γ-terpineno (GOMES et al., 1993) e cânfora/<br />

1,8-cineol (DELLACASSA et al., 1990).<br />

A parte aérea da manjerona (Lippia thymoides) forneceu óleo com alto teor de timol (62,67%).<br />

Óleos da família Zingiberaceae: Alpinia zerumbet, A. purpurata, Etlingera elatior, Curcuma<br />

longa, Hedychium coronarium, Renealmia sp., R. monosperma, Zingiber officinale<br />

As folhas e caules do vindicá (Alpinia zerumbet) forneceram óleos ricos em sabineno (folha:<br />

13,29%; caule: 21,64%), 1,8-cineol (folha: 16,65%; caule: 17,06%), γ-terpineneo (folha: 11,72%;<br />

caule: 12,76%) e terpinen-4-ol (folha: 14,42%; caule: 13,40%). Limoneno, terpinen-4-ol e γ-<br />

terpineno foram os principais constituintes das folhas de A. zerumbet (citada como A. speciosa<br />

K. Schum.), enquanto nas flores foram 1,8-cineol, terpinen-4-ol e sabineno (ZOGHBI; ANDRADE;<br />

MAIA, 1999).<br />

As folhas do cultivar vermelho do vindicá-levante (Alpinia purpurata) forneceu óleo com teor<br />

elevado de α-pineno (12,25%), β-pineno (36,68%) e α-selineneo (12,63%), enquanto no óleo<br />

obtido dos caules os principais constituintes foram apenas α-pineno (12,37%) e β-pineno<br />

(19,63%). Nas folhas do cultivar vermelho de A. purpurata foram detectados como constituintes<br />

majoritários 1,8-cineol, β-pineno e (E)-cinamato de metila; nas flores predominaram α-pineno<br />

e β-pineno (ZOGHBI; ANDRADE; MAIA, 1999). Nos óleos das inflorescências dos cultivares<br />

vermelho e rosa de A. purpurata comercializada no estado de Pernambuco, β-pineno e<br />

β-cariofileno foram predominantes (SANTOS et al., 2012).<br />

O rizoma da mangarataia (Curcuma longa) forneceu óleo contendo ar-turmerona (20,40%),<br />

1,8-cineol (10,50%) e curlona (10,36%) como principais constituintes. No óleo do rizoma de<br />

C. longa da Índia, ar-turmerona também foi o principal cosntituinte (GARG et al., 1999), enquanto<br />

no óleo das folhas α-felandreno (RAINA; SRIVASTAVA; SYAMSUNDAR, 2005) foi majoritário.<br />

Nos óleos das folhas de C. longa tipo ‘Roma’ foi encontrado terpinoleno em alto teor; e no óleo<br />

de C. longa tipo ‘Kasturi’, mirceno (BEHURA; SRIVASTAVA, 2004).<br />

Dodecanol (53,08%) e dodecanal (18,65%) foram os principais constituintes das flores do cultivar<br />

vermelho do bastão-do-imperador (Etlingera elatior). Os principais constituintes identificados<br />

no aroma obtido das flores de E. elatior cultivada no campus de pesquisas do MPEG (Belém-<br />

PA) foram α-pineno, dodecanal e dodecanol (ZOGHBI; ANDRADE, 2005).


268 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

O rizoma e parte aérea da borboleta (Hedychium coronarium) forneceram óleos diferentes<br />

quanto ao teor do 1,8-cineol [folhas: α-pineno (11,45%), β-pineno (28,94%), 1,8-cineol<br />

(37,45%); rizoma: α-pineno (15,94%), β-pineno (34,76%), 1,8-cineol (5,48%)]. No óleo das<br />

folhas de H. coronarium coletadas em Santarém Novo-PA, além de α-pineno e β-pineno, o<br />

teor de β-cariofileno também foi elevado, e 1,8-cineol no óleo da raiz e do rizoma (ZOGHBI;<br />

GUILHON, 2008). 1,8-Cineol também foi o principal de outro espécime coletado no Brasil<br />

(SANTOS et al., 2010).<br />

(E)-Cinamato de metila (37,99%) foi o principal constituinte da parte aérea do vindicá-menino<br />

(Renealmia monosperma).<br />

Canfeno (15,61%) foi o principal constituinte do rizoma do gengibre (Zingiber officinale).<br />

Monoterpenos também foram identificados no óleo do rizoma de Z. officinale na Índia, entre<br />

os quais 1,8-cineol foi majoritário (GUPTA et al., 2011).<br />

Óleos de outras famílias botânicas:<br />

Acanthaceae: Justicia pectoralis<br />

No óleo da parte aérea do abre-caminho (Justicia pectoralis), o principal componente foi o cisfitol<br />

(34,10%), seguido do álcool de patchouli (12,24%). Não foram encontrados na literatura<br />

dados referentes aos constituintes voláteis de J. pectoralis, entretanto, no óleo da J. pectoralis<br />

var. tipo, de Cuba, o nonanal foi o componente majoritário, além de 1-octen-3-ol e cumarina<br />

(PINO, 2011).<br />

Anacardiaceae: Schinus terebinthifolia<br />

δ-3-Careno (22,52%) e α-pineno (14,46%) foram os principais componentes do óleo da aroeira<br />

(Schinus terebinthifolia). Os óleos obtidos das folhas e frutos de S. terebinthifolia de Viçosa-<br />

MG apresentaram α-pineno, α-felandreno, δ−3-careno e β-felandreno como componentes<br />

majoritários (BARBOSA et al., 2007); no óleo das folhas de uma amostra coletada no sul da<br />

África, os principais monoterpenos foram α-pineno e sabineno (GUNDIDZA et al., 2009); α-<br />

felandreno e γ-cadineno foram os principais componentes do óleo dos frutos de uma amostra<br />

coletada na Tunísia (BENDAOUD et al., 2010), enquanto no óleo das folhas, biciclogermacreno<br />

e α-felandreno foram dominantes (ENNIGROU et al., 2011). Limoneno e α-fencheno, além de<br />

α-felandreno e isosilvestreno foram identificados como principais constituintes do óleo obtido<br />

dos frutos de S. terebinthifolia coletado na área da Companhia Vale do Rio Doce, no Pará<br />

(AFFONSO et al., 2012).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 269<br />

Amaranthaceae: Dysphania ambrosioides<br />

No óleo das partes aéreas de uma amostra de mastruz (Dysphania ambrosioides) comercializado<br />

no Ver-o-Peso foram identificados isoascaridol (34,28%) e α-terpineno (35,01%) como principais<br />

constituintes. No óleo de D. ambrosioides (citada como Chenopodium ambrosioides)<br />

comercializado em Madagascar, ascaridol foi o componente principal, seguido de isoascaridol<br />

(CAVALLI et al., 2004). No óleo das folhas de uma amostra da Índia, foram identificados α-terpineno,<br />

p-cimeno e cis-ascaridol como constituintes majoritários (SINGH et al., 2008). α-Terpineno e p-<br />

cimeno também foram majoritários no óleo das partes aéreas de D. ambrosioides (citada como<br />

Chenopodium ambrosioides) da Nigéria (OWOLABI et al., 2009) e de Camarões (TAPONDJOUA<br />

et al., 2002). O óleo das partes aéreas de uma amostra de Cuba apresentou acetato de α-terpinila<br />

como constituinte principal (PINO; MARBOT; REAL, 2003). Ascaridol e p-cimeno foram os principais<br />

componentes identificados no óleo das folhas de D. ambrosioides (citada como Chenopodium<br />

ambrosioides) do Togo (KOBA et al., 2009).<br />

Annonaceae: Guatteria scandens<br />

O óleo do cipó-uíra (Guatteria scandens) é bastante complexo, e não foi detectado nenhum<br />

componente predominante no mesmo, entretanto, espatulenol, β-bisabolol, α-bisabolol,<br />

(Z)-β-farneseno, cis-hidrato de sabineno, trans-α-bergamoteno e γ-curcumeno foram os<br />

majoritários, não ultrapassando 6%. Não foi encontrada nenhuma referência sobre os voláteis<br />

dessa espécie.<br />

Boraginaceae: Heliotropium indicum<br />

Cipereno (26,44%) e β-cariofileno (21,10%) foram os principais constituintes do óleo do<br />

fedegoso (Heliotropicum indicum). Fitol foi identificado como o principal constituinte dos óleos<br />

essenciais de H. indicum da Tailândia (MACHAN et al., 2006).<br />

Burseraceae: Protium sp.<br />

Entre as espécies pertencentes ao gênero Protium que recebem a denominação vernacular<br />

breu-branco, encontram-se P. heptaphyllum e P. pallidum. Uma amostra de resina de breubranco<br />

(Protium sp.) adquirida no Ver-o-Peso forneceu óleo com alto teor de silvestreno (24,86%)<br />

e α-pineno (21,89%).<br />

Geraniaceae: Pelargonium graveolens<br />

No óleo da parte aérea da malva-rosa (Pelargonium graveolens), citronelol (12,80%) e geraniol<br />

(7,54%) foram os constituintes com teor mais elevado. Esses constituintes também foram<br />

predominantes no óleo da parte aérea e das folhas de um espécime de P. graveolens da Índia<br />

(RANA; JUYAL; BLAZQUEZ, 2002; VERMA et al., 2010).


270 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Meliaceae: Cedrela odorata<br />

No óleo obtido da casca do tronco do cedro (Cedrela odorata), o constituinte em teor mais<br />

elevado foi o δ-cadineno (13,91%). A distribuição dos constituintes dessa amostra foi similar a<br />

do óleo da casca de C. odorata coletada no Campus de Pesquisa do MPEG. β-Elemeno,<br />

β-cariofileno, germacreno A e óxido de cariofileno foram os principais constituintes dos óleos<br />

de amostras de folhas e caule de C. odorata de Viçosa-MG: no óleo das folhas, β-elemeno e<br />

germacreno A foram predominantes, enquanto os teores de β-cariofileno e óxido de cariofileno<br />

foram maiores no óleo do caule (MAIA; ZOGHBI; ANDRADE, 2000).<br />

Myrtaceae: Eucalyptus globulus<br />

1,8-Cineol (35,26%) foi predominante no óleo das folhas do eucalipto (Eucalyptus globulus).<br />

1,8-Cineol também foi o componente predominante no óleo da parte aérea de E. globulus do<br />

Irã (MAHMOODI et al., 2012), das folhas e caules de um espécime da China (LIANGFEND et al.,<br />

1993) e das folhas de um espécime de Ruanda (CHALCHAT et al., 1997). Terpinen-4-ol foi<br />

encontrado como principal componente do óleo das folhas frescas de um espécime da Nigéria<br />

(AKOLADE et al., 2012).<br />

Rutaceae: Ruta graveolens<br />

Undecan-2-ona (42,96%) e nonan-2-ona (21,67%) foram majoritários no óleo obtido das partes<br />

aéreas da arruda (Ruta graveolens), enquanto no óleo de uma amostra de R. graveolens cultivada<br />

na China, undecan-2-ona, nonan-2-ona e acetato de 1-metil-octila foram os compostos<br />

majoritários (LIANGFEND et al., 1993). Undecan-2-ona e nonan-2-ona também foram<br />

predominantes nos óleos das folhas e caules de um espécime da Tunísia (FREDJ et al., 2007).<br />

Siparunaceae: Siparuna guianensis<br />

Curzerenona e derivados da curzerenona e germacrona foram identificados no óleo das folhas<br />

do capitiú (Siparuna guianensis) do Panamá (ANTONIO; WALLER; MUSSINAN, 1984). No Brasil,<br />

(E)-nerolidol foi o componente majoritário do óleo das folhas de um espécime do estado de<br />

Rondônia (MACHADO et al., 2001); epi-α-cadinol, terpinoleno e undecan-2-ona no óleo do<br />

estado do Amapá (VIANA et al., 2002). (E)-Nerolidol foi encontrado variando de 99,3% a zero,<br />

em função do estágio de frutificação da planta (MACHADO et al., 2001). Variação sazonal menos<br />

significativa de germacrona e atractilona foi observada para S. guianensis cultivada em Belém-<br />

PA (ANDRADE; ZOGHBI; MACHADO, 2004). Na Amazônia, foram caracterizados três quimiotipos:<br />

1) Tipo epi-α-bisabolol/espatulenol; 2) Tipo espatulenol/selin-11-en-4α-ol; e 3) Tipo atractilona/<br />

germacrona (ZOGHBI et al., 1998b). Nos óleos de folhas e frutos de S. guianensis do cerrado<br />

brasileiro, ácido decanóico, undecan-2-ona e α-pineno foram os constituintes majoritários<br />

(FISHER et al., 2005).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 271<br />

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS DE PLANTAS COMERCIALIZADAS NO VER-O-PESO<br />

A seguir apresentamos a composição química dos óleos essenciais obtidos das amostras de<br />

plantas aromáticas adquiridas, em sua maioria, no Complexo do Ver-o-Peso, e de algumas que<br />

foram adquiridas em hortas de agricultores locais, e que são os fornecedores de plantas<br />

aromáticas para o referido local.<br />

ABRE-CAMINHO (Justicia pectoralis Jacq. – Acanthaceae)<br />

Parte aérea (%): 1-octen-3-ol (traços), safranal (traços), safrol (0,86), β-patchouleno (0,13),<br />

β-elemeno (0,18), β-cariofileno (0,58), cumarina (traços), α-guaieno (2,13), seicheleno (1,40),<br />

geranil acetona (0,19), α-patchouleno (0,74), (E)-β-ionona (0,97), acifileno (0,36), α-bulneseno<br />

(3,63), δ-cadineno (0,23), dilapiol (0,90), pogostol (1,25), álcool de patchouli (12,24), α-bisabolol<br />

(0,48), heptadecano (0,58), octadecano (0,22), corimbolona (0,28), nonadecano (0,13), (5E,9E)-<br />

farnesil acetona (0,71), trans-fitol (0,70), octadecanol (0,71), cis-fitol (34,10).<br />

ALECRIM-DE-ANGOLA (Vitex agnus-castus L. - Lamiaceae)<br />

Folha-caule (%): α-pineno (11,27), sabineno (17,03), β-pineno (0,95), mirceno (1,95), 1,8-cineol<br />

(43,32), γ-terpineno (0,86), terpinen-4-ol (1,50), α-terpineol (1,38), acetato de α-terpinila (4,59),<br />

β-cariofileno (2,95), (E)-β-farneseno (7,58), biciclogermacreno (3,46), epi-α-cadinol (0,54).<br />

ALFAVACA (Ocimum campechianum Mill. - Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,04), β-pineno (0,07), 1,8-cineol (0,73), (Z)-β-ocimeno (0,81),<br />

(E)-β-ocimeno (0,04), linalol (0,09), eugenol (23,09), β-elemeno (2,07), metileugenol (63,68),<br />

β-cariofileno (4,73), α-humuleno (0,61), allo-aromadendreno (0,07), β-selineno (0,71),<br />

biciclogermacreno (2,50), α-selineno (0,42), germacreno B (0,12), espatulenol (0,06), óxido de<br />

cariofileno (0,05), globulol (0,05), selin-11-en-4α-ol (0,05).<br />

ALFAVACÃO (Ocimum gratissimum L. - Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (3,39), α-pineno (0,49), canfeno (0,04), sabineno (0,21), β-pineno<br />

(0,13), mirceno (1,88), α-felandreno (0,09), δ-3-careno (0,05), α-terpineno (2,51), p-cimeno<br />

(12,82), limoneno (0,45), (Z)-β-ocimeno (0,06), (E)-β-ocimeno (0,04), γ-terpineno (29,92),<br />

cis-hidrato de sabineno (0,07), terpinoleno (0,04), p-cimeneno (0,15), terpinen-4-ol (0,41),<br />

metiltimol (0,25), timol (44,44), carvacrol (0,19), β-cariofileno (0,99), cis-α-bergamoteno (0,10),<br />

α-humuleno (0,07), γ-muuroleno (0,14), germacreno D (0,04), β-selineno (0,71), α-selineno<br />

(0,20), δ-cadineno (0,07).<br />

ALFAZEMA (Aloysia oblanceolata Mold. – Verbenaceae)<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,15), α-pineno (3,49), canfeno (0,25), sabineno (7,75), mirceno (0,77),<br />

α-felandreno (0,15), α-terpineno (0,09), p-cimeno (0,24), 1,8-cineol (36,33), (Z)-β-ocimeno (0,10),


272 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

γ-terpineno (0,28), cis-hidrato de sabineno (1,78), terpinoleno (0,11), linalol (0,97), trans-p-menta-<br />

2,8-dien-1-ol (0,05), cis-p-menta-2,8-dien-1-ol (0,10), trans-pinocarveol (0,08), ipsdienol (0,16),<br />

trans-verbenol (0,20), sabina cetona (0,08), isoborneol (0,84), terpinen-4-ol (1,01), criptona (0,21),<br />

α-terpineol (2,40), verbenona (0,05), trans-piperitol (0,12), cis-carveol (0,04), carvona (0,14),<br />

p-cimen-7-ol (0,08), δ-elemeno (3,00), eugenol (0,04), α-copaeno (0,13), β-bourboneno (0,32),<br />

β-elemeno (1,36), metileugenol (0,06), β-cariofileno (2,20), β-copaeno (0,10), β-gurjuneno (0,08),<br />

γ-elemeno (4,51), α-humuleno (0,53), allo-aromadendreno (0,17), γ-muuroleno (0,11), germacreno<br />

D (2,41), biciclogermacreno (2,33), α-muuroleno (0,16), cubebol (0,42), δ-cadineno (0,31), elemol<br />

(1,07), germacreno B (0,30), (E)-nerolidol (0,31), espatulenol (1,86), óxido de cariofileno (0,81),<br />

globulol (0,11), guaiol (7,84), β-eudesmol (0,64), bulnesol (2,36).<br />

ANADOR (Plectranthus barbatus Andrews – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,40), α-pineno (15,70), canfeno (traços), sabineno (traços), β-pineno<br />

(traços), mirceno (9,16), α-felandreno (traços), p-cimeno (0,27), limoneno (0,74), (Z)-β-ocimeno<br />

(6,88), (E)-β-ocimeno (2,14), γ-terpineno (0,65), safrol (0,85), α-cubebeno (0,32), α-copaeno<br />

(10,44), β-cubebeno (1,82), β-cariofileno (27,11), α-humuleno (2,23), germacreno D (10,90),<br />

α-zingibereno (3,71), β-bisaboleno (1,97), δ-cadineno (2,21), óxido de cariofileno (1,70).<br />

ANJO-DA-GUARDA (Croton sacaquinha Croizat – Euphorbiaceae)<br />

Folha-caule (%): α-pineno (0,18), δ-3-careno (1,61), limoneno (0,38), terpinoleno (0,34), linalol<br />

(4,94), α-copaeno (0,78), β-elemeno (11,30), β-cariofileno (8,51), cis-tujopseno (5,17),<br />

β-gurjuneno (1,12), α-humuleno (1,91), γ-muuroleno (6,92), germacreno D (18,33),<br />

biciclogermacreno (10,38), germacreno A (4,33), α-alasqueno (2,03), δ-cadineno (3,35),<br />

(E)-γ-bisaboleno (4,73), trans-calameneno (1,06), germacreno B (0,33), (E)-nerolidol (0,36),<br />

espatulenol (0,66), óxido de cariofileno (0,20), guaiol (0,48), dilapiol (0,25), 1-epi-cubenol (0,21),<br />

cubenol (0,27), α-cadinol (2,17), bulnesol (0,15).<br />

ARATACIÚ (Sagotia racemosa Baill. – Euphorbiaceae)<br />

Raiz (%): safrol (0,05), α-cubebeno (0,02), α-copaeno (0,25), β-patchouleno (0,28), β-elemeno<br />

(1,90), cipereno (2,13), α-barbateno (0,19), β-cedreno (0,58), β-gurjuneno (0,15), α-guaieno<br />

(0,30), β-barbateno (0,58), allo-aromadendreno (0,33), 4,5-di-epi-aristolocheno (0,16),<br />

γ-gurjuneno (2,01), γ-muuroleno (0,63), α-amorfeno (0,63), valenceno (2,79), α-bulneseno (0,55),<br />

cubebol (0,65), δ-cadineno (0,46), epóxicipereno (1,75), patchoulenona (2,89), selin-3,11-dien-<br />

6α-ol (1,15), selin-11-en-4α-ol (3,25), ciperotundona (0,66), nootkatona (0,49).<br />

AROEIRA (Schinus terebinthifolia Raddi – Anacardiaceae)<br />

Folha-caule (%): α-pineno (14,46), β-pineno (3,17), mirceno (7,78), δ-3-careno (22,52),<br />

silvestreno (7,28), (E)-β-ocimeno (0,40), γ-terpineno (0,58), terpinoleno (3,63), linalol (0,59),


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 273<br />

allo-ocimeno (0,07), cânfora (0,25), p-menta-1,5-dien-8-ol (0,11), p-cimen-8-ol (0,25),<br />

α-terpineol (0,38), metilchavicol (0,36), piperitona (0,30), acetato de isobornila (0,02), timol<br />

(0,18), α-cubebeno (0,30), acetato de nerila (0,11), α-copaeno (4,59), (E)-cinamato de metila<br />

(0,47), β-elemeno (0,39), β-cariofileno (3,43), aromadendreno (1,43), α-humuleno (1,36),<br />

9-epi-β-cariofileno (0,34), γ-muuroleno (1,61), germacreno D (1,58), β-selineno (1,00),<br />

α-selineno (2,71), δ-amorfeno (0,47), γ-cadineno (0,72), δ-cadineno (2,60), α-cadineno (0,70),<br />

α-calacoreno (0,30), (E)-nerolidol (0,20), espatulenol (0,65), junenol (0,25), dilapiol (1,33),<br />

epi-α-muurolol (1,33), α-cadinol (1,25), eudesma-4(15),7-dien-1β-ol (0,10), pentadecanal<br />

(0,68), benzoato de benzila (2,10).<br />

ARRUDA (Ruta graveolens L. - Rutaceae)<br />

Parte aérea (%): octan-2-ona (1,26), o-metoxitolueno (0,26), limoneno (1,08), nonan-2-ona<br />

(21,67), nonan-2-ol (1,88), geigereno (3,37), decan-2-ona (9,37), metilchavicol (0,72), decanal<br />

(0,31), acetato de 1-metiloctila (tent.) (11,00), undecan-2-ona (42,96).<br />

ARTEMISIA (Ambrosia microcephala DC. – Asteraceae)<br />

Parte aérea (%) (ZOGHBI; MAIA; LUZ, 1997): α-pineno (0,4), canfeno (1,2), sabineno (0,2),<br />

β-pineno (0,8), mirceno (0,3), α-felandreno (0,3), limoneno (0,9), linalol (0,3), cânfora (6,2),<br />

borneol (1,5), terpinen-4-ol (0,1), metilchavicol (0,1), acetato de bornila (12,8), δ-elemeno (0,7),<br />

acetato de citronelila (0,3), α-copaeno (0,5), germacreno A (0,5), β-cubebeno (0,5), α-gurjuneno<br />

(0,4), β-cariofileno (0,9), trans-α-bergamoteno (0,3), α-humuleno (0,6), (Z)-β-farneseno (1,6),<br />

β-himachaleno (13,0), ar-curcumeno (4,6), biciclogermacreno (2,3), β-bisaboleno (18,8).<br />

BASTÃO-DO-IMPERADOR [Etlingera elatior (Jack) R. M. Smith – Zingiberaceae]<br />

Inflorescência (%): α-pineno (9,87), β-pineno (0,44), mirceno (0,11), limoneno (0,09), transverbenol<br />

(0,08), decanal (0,70), decanol (0,66), undecan-2-ona (0,28), undecanal (0,11), dodecanal<br />

(18,65), β-cariofileno (1,02), (E)-β-farneseno (0,77), dodecanol (53,08), tridecan-2-ona (0,37),<br />

óxido de cariofileno (0,26), tetradecanal (0,25), tetradecanol (5,93).<br />

BELISCÃO [Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob. – Plantaginaceae]<br />

Parte aérea (%) (ZOGHBI; ANDRADE, 2006): α-tujeno (0,1), α-pineno (1,0), canfeno (3,4),<br />

sabineno (1,9), 1-octen-3-ol (0,5), mirceno (0,6), octan-3-ol (0,1), α-felandreno (0,1), limoneno<br />

(6,9), γ-terpineno (0,2), terpinoleno (0,1), linalol (0,8), α-canfolenal (0,1), cânfora (30,7), borneol<br />

(6,2), terpinen-4-ol (0,1), α-terpineol (0,1), metilchavicol (0,3), nerol (0,3), metiltimol (0,1),<br />

timol (0,1), eugenol (1,6), 7-epi-sesquitujeno (0,2), metileugenol (28,3), β-cariofileno (4,3),<br />

trans-α-bergamoteno (0,4), α-humuleno (0,3), γ-curcumeno (0,2), ar-curcumeno (1,1),<br />

β-curcumeno (5,6), (E)-nerolidol (0,1), ar-turmerol (traços), óxido de cariofileno (0,9), epóxido<br />

de humuleno II (traços), cariofila-4(14),8(15)-dien-5-ol (0,1), α-bisabolol (0,7).


274 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

BORBOLETA (Hedychium coronarium J. König - Zingiberaceae)<br />

Rizoma (%): α-tujeno (0,72), α-pineno (11,45), canfeno (0,82), sabineno (1,26), β-pineno (28,94),<br />

mirceno (1,50), α-felandreno (2,28), p-menta-1(7), 8-dieno (0,35), α-terpineno (0,57), p-cimeno<br />

(0,49), limoneno (3,32), 1,8-cineol (37,45), γ-terpineno (1,13), terpinoleno (0,41), linalol (0,91),<br />

borneol (0,79), terpinen-4-ol (2,12), α-terpineol (4,13), benzoato de benzila (0,32).<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,39), α-pineno (15,94), canfeno (0,34), sabineno (3,08), β-pineno<br />

(34,76), mirceno (0,70), α-felandreno (0,20), α-terpineno (0,35), p-cimeno (0,23), limoneno<br />

(1,91), 1,8-cineol (5,48), (E)-β-ocimeno (0,24), γ-terpineno (0,68), terpinoleno (0,21), transpinocarveol<br />

(0,36), trans-verbenol (0,36), pinocarvona (0,39), terpinen-4-ol (0,94), α-terpineol<br />

(1,61), β-cariofileno (13,21), α-humuleno (0,87), β-bisaboleno (0,22), (E)-nerolidol (0,49),<br />

espatulenol (1,08), óxido de cariofileno (5,30), epóxido de humuleno II (0,53), dilapiol (0,35),<br />

epi-α-cadinol (1,01), epi-α-muurolol (2,03), benzoato de benzila (0,20).<br />

BREU-BRANCO (Protium sp. - Burseraceae)<br />

Resina (%): α-pineno (21,89), β-pineno (8,44), p-ment-3-eno (2,96), α-felandreno (4,26),<br />

α-terpineno (2,45), p-cimeno (traços), silvestreno (24,80), γ-terpineno (7,37), terpinoleno (3,29),<br />

fenchol (0,08), cis-p-ment-2-en-1ol (0,12), trans-diidro-β-terpineol (0,16), trans-diidro-α-terpineol<br />

(3,55), isoborneol (0,13), borneol (0,46), terpinen-4-ol (1,01), α-terpineol (5,92), γ-terpineol (0,57),<br />

trans-piperitol (0,04), timol (0,04), safrol (0,26), carvacrol (0,03), α-cubebeno (0,10), ciclossativeno<br />

(0,45), α-ilangeno (1,79), α-copaeno (0,39), β-elemeno (0,07), cipereno (0,05), metileugenol (0,02),<br />

β-cariofileno (0,64), γ-elemeno (0,15), α-guaieno (0,34), guaia-6,9-dieno (0,21), α-humuleno (0,36),<br />

cis-cadina-1(6),4-dieno (0,16), γ-muuroleno (0,27), β-selineno (0,07), γ-amorfeno (0,21), valenceno<br />

(0,22), δ-amorfeno (1,96), γ-cadineno (1,00), δ-cadineno (0,35), (E)-γ-bisaboleno (0,47),<br />

α-cadineno (0,32), α-calacoreno (0,40), elemicina (0,05), β-calacoreno (0,15), óxido de cariofileno<br />

(0,04), epóxido de humuleno II (0,04), 1,10-di-epi-cubenol (0,41), α-corocaleno (0,08),<br />

1-epi-cubenol (0,05), pogostol (0,04), cadaleno (0,03), eudesm-7(11)-en-4-ol (0,04).<br />

CAAPEBA (Piper peltatum L. – Piperaceae)<br />

Folha (%): mirceno (0,26), limoneno (1,81), butanoato de (3Z)-hexenila (0,25), safrol (0,37),<br />

δ-elemeno (2,71), α-cubebeno (1,49), α-copaeno (2,75), β-cubebeno (2,25), α-gurjuneno (0,25),<br />

β-cariofileno (16,21), (E)-α-ionona (2,33), aromadendreno (0,93), cis-muurola-3,5-dieno (1,79),<br />

α-humuleno (4,68), cis-muurola-4(14),5-dieno (2,57), germacreno D (10,41), biciclogermacreno<br />

(6,63), δ-amorfeno (0,67), γ-cadineno (2,25), δ-cadineno (2,83), trans-cadina-1,4-dieno (1,02),<br />

α-cadineno (0,49), α-calacoreno (0,29), (E)-nerolidol (5,61), germacreno D-4-ol (0,61), óxido<br />

de cariofileno (4,61), rosifoliol (0,75), epóxido de humuleno II (0,93), 1,10-di-epi-cubenol (1,02),<br />

1-epi-cubenol (2,06), epi-α-muurolol (2,14), α-cadinol (3,34), α-bisabolol (0,69), (2Z,6Z)-farnesol<br />

(0,44), (2Z,6E)-farnesol (0,34), mint sulfide (0,32), cis-fitol (6,11).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 275<br />

CANELA (Cinnamomum verum J. Pressl – Lauraceae)<br />

Folha da canela-fêmea (%): α-pineno (0,96), canfeno (0,66), β-pineno (0,28), α-terpineno (0,18),<br />

β-felandreno (1,02), linalol (2,58), terpinen-4-ol (0,22), (Z)-cinamaldeído (0,30), chavicol (0,91),<br />

(E)-cinamaldeído (6,92), safrol (0,17), δ-elemeno (0,09), eugenol (63,96), α-copaeno (traços),<br />

metileugenol (0,06), β-cariofileno (3,28), (E)-acetato de cinamila (3,39), (E)-isoeugenol (0,23),<br />

α-humuleno (0,90), biciclogermacreno (0,27), acetato de eugenila (8,80), óxido de cariofileno<br />

(1,40), globulol (0,07), epóxido de humuleno II (0,19), cariofila-4(12),8(13)-dien-5-ol (0,17),<br />

cubenol (0,07), benzoato de benzila (1,54).<br />

Caule da canela-fêmea (%): α-pineno (3,58), canfeno (3,07), β-pineno (1,75), mirceno (0,62),<br />

α-felandreno (0,60), α-terpineno (1,28), p-cimeno (traços), β-felandreno (7,04), (E)-β-ocimeno<br />

(0,18), γ-terpineno (0,24), terpinoleno (0,16), linalol (8,37), cis-p-ment-2-en-1-ol (0,20), alloocimeno<br />

(0,08), borneol (1,37), terpinen-4-ol (0,98), α-terpineol (1,31), (Z)-cinamaldeído (1,51),<br />

(E)-cinamaldeído (35,15), (E)-álcool cinamílico (0,20), (2E,4E)-decadienal (0,09), eugenol (1,49),<br />

acetato de hidroxicinamila (0,47), α-copaeno (0,88), isovalerato de benzila (0,10), β-cariofileno<br />

(1,09), (E)-acetato de cinamila (17,25), γ-muuroleno (0,09), 3-metilbutirato de 2-feniletila<br />

(0,15), α-muuroleno (0,06), α-cadineno (0,06), δ-cadineno (0,25), o-metoxicinamaldeído<br />

(0,73), elemicina (0,35), óxido de cariofileno (2,59), epóxido de humuleno II (0,62), 1-epicubenol<br />

(0,35), cariofila-4(12),8(13)-dien-5-ol (0,94), cubenol (0,36), mustacona (0,20),<br />

benzoato de benzila (0,68).<br />

Folha da canela-macho (%): α-pineno (1,48), canfeno (0,95), β-pineno (0,61), mirceno (0,21),<br />

α-felandreno (0,34), α-terpineno (0,19), β-felandreno (1,44), (E)-β-ocimeno (0,75), linalol (1,73),<br />

borneol (0,21), terpinen-4-ol (0,15), (Z)-cinamaldeído (0,16), acetato de feniletila (1,03),<br />

(E)-cinamaldeído (5,20), safrol (0,09), δ-elemeno (0,92), eugenol (56,43), metileugenol (0,06),<br />

β-cariofileno (3,30), (E)-acetato de cinamila (6,57), α-humuleno (1,11), 9-epi-β-cariofileno<br />

(0,08), isovalerato de feniletila (0,15), biciclogermacreno (1,26), acetato de eugenila (12,40),<br />

espatulenol (0,43), óxido de cariofileno (0,74), globulol (0,21), epóxido de humuleno II (0,10),<br />

benzoato de benzila (0,49).<br />

Caule da canela-macho (%): α-pineno (3,58), canfeno (3,28), β-pineno (2,17), mirceno (0,77),<br />

α-felandreno (1,16), α-terpineno (0,91), p-cimeno (traços), β-felandreno (6,13), (E)-β-ocimeno<br />

(1,33), γ-terpineno (0,11), terpinoleno (0,20), linalol (4,72), cis-p-ment-2-en-1-ol (0,08), alloocimeno<br />

(0,11), borneol (1,62), α-terpineol (0,90), (Z)-cinamaldeido (0,85), acetato de feniletila<br />

(0,36), (E)-cinamaldeído (20,23), safrol (0,19), (E)-álcool cinamílico (0,24), (2E,4E)-decadienal<br />

(0,04), eugenol (0,93), acetato de hidroxicinamila (3,04), α-copaeno (0,17), isovalerato de benzila<br />

(0,20), β-cariofileno (1,01), (E)-acetato de cinamila (31,52), (E)-cinamato de etila (0,05),<br />

3-metilbutirato de 2-feniletila (0,33), biciclogermacreno (0,18), o-metoxicinamaldeído (0,42),


276 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

espatulenol (1,42), óxido de cariofileno (2,60), epóxido de humuleno II (0,63), cariofila-4(12),<br />

8(13)-dien-5-ol (1,06), benzoato de benzila (1,26).<br />

CAPIM-SANTO [Cymbopogon citratus (DC.) Stapf – Poaceae]<br />

Parte aérea (%): mirceno (15,23), limoneno (0,06), (Z)-β-ocimeno (0,16), linalol (0,41), óxido de<br />

β-pineno (0,82), neral (35,60), geranial (41,75), acetato de geranila (0,16), β-cariofileno (0,22),<br />

trans-α-bergamoteno (0,09), germacreno D (0,11), δ-cadineno (0,15), epi-α-muurolol (0,21),<br />

α-cadinol (0,36).<br />

CARRAPATINHO [Peperomia rotundifolia (L.) Kunth – Piperaceae]<br />

Planta inteira (%): α-pineno (0,93), sabineno (0,02), β-pineno (3,22), mirceno (0,54), limoneno<br />

(39,83), (E)-β-ocimeno (0,10), linalol (0,05), nonanal (0,05), decanal (42,80), α-copaeno (1,82),<br />

β-cariofileno (5,01), trans-α-bergamoteno (0,18), (Z)-β-farneseno (0,33), α-humuleno (0,18),<br />

biciclogermacreno (0,17), δ-cadineno (0,07), (E)-nerolidol (1,38), óxido de cariofileno (0,23).<br />

CASCA-PRECIOSA [Aniba canelilla (Kunth) Mez – Lauraceae]<br />

Casca (%): α-pineno (0,27), β-pineno (0,17), α-felandreno (0,23), limoneno (0,06), β-felandreno<br />

(0,07), fenilacetaldeído (0,32), safrol (0,40), 1-nitro-2-feniletano (52,90), α-cubebeno (0,14),<br />

eugenol (1,74), α-copaeno (0,17), β-elemeno (0,07), metileugenol (38,70), α-humuleno (0,16),<br />

β-chamigreno (0,07), β-selineno (0,36), α-selineno (0,38), δ-cadineno (0,29), trans-calameneno<br />

(0,10), 1,10-di-epi-cubenol (0,09), cubenol (0,06), selin-11-en-4α-ol (2,52).<br />

CATINGA-DE-MULATA (Aeollanthus suaveolens Matt. ex Spreng. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,65), canfeno (1,00), mirceno (2,57), (Z)-β-ocimeno (2,62), terpinoleno<br />

(0,59), linalol (25,58), allo-ocimeno (0,52), borneol (1,21), terpinen-4-ol (0,18),<br />

α-terpineol (4,76), mirtenol (0,05), nerol (1,23), acetato de linalila (5,87), geranial (0,12), formiato<br />

de nerila (0,17), acetato de bornila (0,81), formiato de geranila (0,38), eugenol (0,28), acetato de<br />

nerila (1,45), acetato de geranila (2,50), sesquitujeno (0,33), α-santaleno (4,10), transα-bergamoteno<br />

(2,11), (Z)-β-farneseno (0,30), (E)-β-farneseno (15,58), 5,6-diidro-6-nonil-2Hpiran-2-ona<br />

(tent.) (12,10), δ-decalactona (2,25), (E,E)-α-farneseno (0,32), δ-cadineno (0,65),<br />

(E)-nerolidol (0,63), palustrol (0,27), germacreno D-4-ol (0,13), β-oplopenona (0,45), epiα-muurolol<br />

(0,34), α-muurolol (0,23), α-cadinol (0,59), α-bisabolol (0,36), (2Z,6Z)-farnesol (0,12).<br />

CEDRO (Cedrela odorata L. – Meliaceae)<br />

Casca (%): safrol (0,14), geranato de metila (0,04), δ-elemeno (0,35), α-cubebeno (0,61),<br />

ciclossativeno (0,39), α-ilangeno (0,41), α-copaeno (6,17), β-elemeno (0,84), α-gurjuneno (0,35),<br />

cis-α-bergamoteno (0,18), β-cariofileno (1,74), β-copaeno (0,13), γ-elemeno (0,28), α-guaieno<br />

(0,43), guaia-6,9-dieno (1,38), α-humuleno (3,27), allo-aromadendreno (2,51), trans-cadina-1(6),<br />

4-dieno (2,73), γ-muuroleno (1,79), α-amorfeno (1,25), valenceno (1,78), viridifloreno (1,94), α-


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 277<br />

muuroleno (3,49), δ-amofeno (1,00), γ-cadineno (1,85), δ-cadineno (13,91), trans-cadina-1,4-dieno<br />

(2,13), α-cadineno (1,35), α-calacoreno (2,25), elemol (0,88), (E)-nerolidol (0,15),<br />

β-calacoreno (0,31), álcool cariofilenílico (1,46), gleenol (2,08), cubeban-11-ol (2,28), ledol (1,71),<br />

1,10-di-epi-cubenol (1,08), junenol (0,70), α-calacoreno (1,03), 1-epi-cubenol (7,18), γ-eudesmol<br />

(traços), cubenol (8,16), α-muurolol (3,57), α-cadinol (6,00), cadaleno (1,72), eudesm-7(11)-en-<br />

4-ol (1,09), 10-nor-calamenen-10-ona (0,08), ciclohexadecanolido (0,08), caureno (0,03).<br />

CHAMA-LISA (Mentha x piperita L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): β-pineno (0,48), mirceno (7,47), α-terpineno (0,26), limoneno (2,24),<br />

(Z)-β-ocimeno (3,93), (E)-β-ocimeno (5,29), γ-terpineno (0,80), terpinoleno (1,15), linalol (18,93),<br />

acetato de octen-1-ila (0,95), acetato de octan-3-ila (0,74), allo-ocimeno (1,85), neo-allo-ocimeno<br />

(0,10), cis-pinocanfona (0,56), α-terpineol (6,24), nerol (2,10), metilcarvacrol (0,16), acetato de<br />

linalila (13,05), geranial (0,07), safrol (0,17), carvacrol (0,18), acetato de nerila (3,51), α-copaeno<br />

(0,11), acetato de geranila (5,66), β-elemeno (0,90), β-cariofileno (3,97), β-copaeno (0,22),<br />

aromadendreno (0,28), (E)-β-farneseno (1,05), allo-aromadendreno (0,36), germacreno D (1,91),<br />

viridifloreno (0,94), cis-diidroagarofurano (0,66), elemol (4,90), óxido de cariofileno (0,12), globulol<br />

(4,00), γ-eudesmol (0,80), epi-α-muurolol (0,31), β-eudesmol (0,80), α-eudesmol (0,64).<br />

CHAMA-PELUDA (Mentha x piperita L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): β-pineno (1,62), mirceno (6,09), limoneno (3,07), (Z)-β-ocimeno (2,84),<br />

(E)-β-ocimeno (3,63), γ-terpineno (0,36), terpinoleno (0,60), linalol (29,12), allo-ocimeno (1,40),<br />

cis-pinocanfona (1,86), α-terpineol (5,30), nerol (1,59), acetato de linalila (12,05), geranial (0,14),<br />

carvacrol (0,12), acetato de nerila (2,87), acetato de geranila (4,87), β-elemeno (0,68), β-cariofileno<br />

(4,23), β-copaeno (0,15), (E)-β-farneseno (0,85), allo-aromadendreno (0,33), germacreno D (1,40),<br />

viridifloreno (0,76), cis-diidroagarofurano (0,57), elemol (4,93), óxido de cariofileno (0,30),<br />

viridiflorol (3,96), γ-eudesmol (0,63), β-eudesmol (0,51), α-eudesmol (0,52).<br />

CIBALENA [Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex Benth. – Lamiaceae]<br />

Parte aérea (%): metilchavicol (54,65), p-anisaldeído (5,63), álcool m-anisílico (0,05), (E)-anetol<br />

(0,29), safrol (0,31), butanoato de benzila (0,07), 4’-metoxiacetofenona (0,08), α-copaeno (0,57),<br />

β-bourboneno (0,41), β-elemeno (0,31), metileugenol (1,82), trans-α-bergamoteno (0,13),<br />

(E)-acetato de cinamila (0,17), α-humuleno (0,19), β-bisaboleno (1,26), γ-cadineno (0,05),<br />

elemicina (0,06), (E)-p-metoxicinamaldeído (7,95), espatulenol (2,33), óxido de cariofileno (3,31),<br />

epóxido de humuleno II (0,36), α-cadinol (0,22), eudesma-4 (15),7-dien-1β-ol (0,09).<br />

CIPÓ-CURIMBÓ [Bignonia nocturna (Barb. Rodr.) L.G.Lohmann – Bignoniaceae]<br />

Madeira (%): benzaldeído (57,82), 1-octen-3-ol (0,88), álcool benzílico (1,41), fenilacetaldeído<br />

(0,34), formiato de benzila (1,10), o-guaiacol (0,35), benzoato de metila (0,86), nonanal (0,29),<br />

álcool feniletílico (0,24), fenilacetonitrila (0,58), veratrol (0,25), acetato de benzila (0,27), benzoato


278 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

de etila (6,45), formato de 2-feniletila (0,22), salicilato de metila (1,69), safrol (0,35), eugenol<br />

(0,23), (2E)-undecenal (0,06), α-copaeno (0,53), 7-epi-sesquitujeno (0,17), trans-α-bergamoteno<br />

(0,52), (Z)-β-farneseno (0,19), ar-curcumeno (0,11), β-curcumeno (0,16), δ-cadineno (0,59),<br />

dilapiol (0,57), 1-epi-cubenol (0,08), epi-α-cadinol (0,30), epi-β-bisabolol (0,39), benzoato de<br />

benzila (12,39).<br />

CIPÓ-DE-ALHO [Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry – Bignoniaceae]<br />

Folha (%) (ZOGHBI; PEREIRA; OLIVEIRA, 2012): sulfeto de dialila (0,62-4,09), dissulfeto de metil<br />

alila (zero-0,60), ditiaciclopenteno (zero-9,97), 1-octen-3-ol (0,22-13,46), 3-octanona (zero-0,26),<br />

3-octanol (zero-1,18), dissulfeto de propil alila (zero-0,48), dissulfeto de dialila (42,15-65,25),<br />

dissulfeto de cis-dipropenila (zero-0,98), dissulfeto de cis-dipropenila (zero-0,31), trissulfeto<br />

de metil alila (zero-0,40), 3-vinil-1,2-diti-5-eno (0,22-0,44), salicilato de metila (zero-0,09),<br />

2-vinil-1,3-diti-5-eno (0,77-2,75), trissulfeto de propil propenila (zero-0,28), trissulfeto de dialila<br />

(7,47-42,18), tetrassulfeto de dialila (1,38-6,62), enxofre cicloatômico (zero-0,87).<br />

CIPÓ-UIRA (Guatteria scandens Ducke – Annonaceae)<br />

Caule (%): α-pineno (0,35), safrol (0,15), δ-elemeno (0,53), α-cubebeno (0,38), ciclossativeno<br />

(0,32), α-ilangeno (0,18), α-copaeno (1,43), 3-epi-α-funebreno (0,15), 7-epi-sesquitujeno (2,50),<br />

α-elemeno (1,25), cis-α-bergamoteno (0,52), α-cariofileno (0,48), trans-α-bergamoteno (3,92),<br />

(Z)-α-farneseno (4,38), (E)-α-farneseno (1,76), allo-aromadendreno (0,73), α-acoradieno (0,50),<br />

γ-curcumeno (3,81), epi-cubebol (2,65), α-muuroleno (1,24), α-bulneseno (1,72), α-curcumeno<br />

(2,04), γ-cadineno (1,46), δ-cadineno (2,19), (E)-γ-bisaboleno (0,97), cis-hidrato de sabineno<br />

(4,86), (E)-nerolidol (traços), α-calacoreno (1,26), espatulenol (6,49), óxido de cariofileno (3,02),<br />

viridiflorol (1,44), epóxido de humuleno II (1,46), 1,10-di-epi-cubenol (1,45), 1-epi-cubenol (2,48),<br />

α-acorenol (1,81), epi-α-cadinol (3,16), α-muurolol (1,61), α-cadinol (3,05), α-bisabolol (6,35),<br />

α-bisabolol (4,25), ciperenal (0,81), criptomeriona (0,96), (E,E)-geranillinalol (0,16).<br />

COMINHO (Pectis elongata Kunth – Asteraceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,07), sabineno (1,68), isossilvestreno (0,07), limoneno (10,31), cisfuranóxido<br />

de linalol (0,32), trans-furanóxido de linalol (0,63), linalol (0,25), cis-óxido de limoneno<br />

(6,24), trans-óxido de limoneno (5,05), trans-p-menta-1(7),8-dien-2-ol (0,48), β-ciclocitral (0,42),<br />

aldeído cumínico (1,21), aldeído perílico (25,29), álcool perílico (1,95), p-menta-1,4-dien-7-ol<br />

(0,12), 3-oxo-p-ment-1-en-7-al (0,08).<br />

COPAÍBA (Copaifera sp. - Fabaceae)<br />

Óleo-resina (%): δ-elemeno (0,45), α-cubebeno (0,08), α-copaeno (3,60), β-elemeno (1,11),<br />

α-gurjuneno (0,35), β-cariofileno (60,37), γ-elemeno (0,28), trans-α-bergamoteno (3,20),<br />

α-humuleno (8,33), allo-aromadendreno (0,26), γ-muuroleno (1,02), germacreno D (3,27),


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 279<br />

biciclogermacreno (0,38), δ-cadineno (1,60), cadina-1,4-dieno (0,39), 1,10-di-epi-cubenol (0,11),<br />

epi-α-muurolol (0,31), α-muurolol (0,28), α-cadinol (0,34).<br />

CORDÃO-DE-FRADE [Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. – Lamiaceae]<br />

Planta inteira (%): (Z)-β-ocimeno (0,56), linalol (1,85), allo-ocimeno (0,4), p-menta-1,5-dien-8-ol<br />

(0,27), trans-p-menta-1(7),8-dien-2-ol (0,30), acetato de linalila (0,49), α-copaeno (3,00),<br />

β-elemeno (8,63), metileugenol (0,48), β-cariofileno (9,35), β-copaeno (1,40), guaia-6,9-dieno<br />

(0,74), α-humuleno (6,62), γ-muuroleno (1,52), germacreno D (4,56), β-selineno (1,52),<br />

α-muuroleno (3,12), γ-cadineno (1,27), δ-cadineno (2,95), trans-cadina-1,4-dieno (0,21),<br />

α-calacoreno (0,45), elemol (1,21), β-calacoreno (0,34), espatulenol (2,00), óxido de cariofileno<br />

(5,00), viridiflorol (0,94), epóxido de humuleno II (4,36), dilapiol (4,76), epi-α-muurolol (1,86),<br />

α-cadinol (2,83), cis-calamenen-10-ol (1,04), eudesma-4(15),7-dien-1-ol (1,80), heneicosano<br />

(0,68), cis-fitol (2,99).<br />

CRAVO (Tagetes erecta L. - Asteraceae)<br />

Parte aérea (%): acetato de 2-metilbutila (0,21), α-pineno (0,56), canfeno (0,06), sabineno (0,68),<br />

mirceno (0,65), acetato de (3Z)-hexenila (0,10), α-terpineno (0,10), limoneno (12,44), silvestreno<br />

(7,69), γ-terpineno (0,24), cis-hidrato de sabineno (0,04), terpinoleno (14,59), linalol (0,62),<br />

1,3,8-p-mentatrieno (0,42), acetato de ocidentalol (2,00), (Z)-miróxido (1,37), p-menta-1,5-dien-8-ol<br />

(0,05), terpinen-4-ol (0,56), p-cimen-8-ol (0,57), α-terpineol (0,29), metiltimol (0,08), piperitona<br />

(36,33), (2E)-decenal (0,04), p-ment-1-en-7-al (0,04), acetato de isobornila (0,04), neo-iso-3-acetato<br />

de tujanol (0,66), indol (1,01), carvacrol (0,06), piperitenona (7,40), óxido de piperitenona (0,17),<br />

β-cariofileno (5,45), β-copaeno (0,04), trans-α-bergamoteno (0,07), (E)-nerolidol (0,23),<br />

espatulenol (0,04), óxido de cariofileno (0,17), dilapiol (0,38), (6S,7R)-bisabolona (0,19).<br />

DESATRAPALHA (Cassytha filiformis L. – Lauraceae)<br />

Planta inteira (%): α-pineno (6,10), 1-octen-3-ol (0,81), β-pineno (0,63), limoneno (2,59),<br />

terpinoleno (0,24), linalol (0,51), nonanal (0,36), safrol (33,31), α-copaeno (0,18), β-bourboneno<br />

(1,05), β-cariofileno (15,14), aromadendreno (1,01), α-humuleno (8,78), biciclogermacreno<br />

(0,85), espatulenol (16,49), óxido de cariofileno (8,09).<br />

DESEMPATA [Sphagneticola trilobata (L.) Pruski – Asteraceae]<br />

Parte aérea (%): α-pineno (72,90), canfeno (0,63), sabineno (0,20), β-pineno (5,06), mirceno<br />

(0,69), α-felandreno (5,84), p-cimeno (0,45), limoneno (6,35), trans-verbenol (0,10), β-cariofileno<br />

(0,40), α-humuleno (0,43), germacreno D (4,26), biciclogermacreno (0,66), δ-cadineno (0,20),<br />

espatulenol (0,69), óxido de cariofileno (0,37), carotol (0,16), epóxido de humuleno II (0,21),<br />

α-cadinol (0,25).


280 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

ELIXIR-PAREGÓRICO (Piper callosum Ruiz et Pav. - Piperaceae)<br />

Folha-caule (%): α-pineno (4,37), canfeno (0,08), sabineno (0,46), β-pineno (5,27), α-terpineno<br />

(0,21), 1,8-cineol (1,23), γ-terpineno (0,91), terpinoleno (0,11), safrol (75,59), α-copaeno (0,18),<br />

metileugenol (8,78), β-cariofileno (0,26), germacreno D (0,59), pentadecano (0,19), δ-cadineno<br />

(0,15), elemicina (1,50), germacreno D-4-ol (0,11).<br />

ERVA-CIDREIRA [Lippia alba (Mill.) N. E. Br. – Verbenaceae]<br />

Parte aérea (%): α-pineno (5,33), 1-octen-3-ol (1,56), mirceno (11,03), limoneno (21,76),<br />

(E)-β-ocimeno (2,12), linalol (1,40), trans-verbenol (1,22), mirtenal (1,62), trans-carveol (0,44),<br />

neo-isodiidrocarveol (0,22), carvona (23,35), piperitona (0,48), piperitenona (0,72), β-elemeno<br />

(0,53), β-cariofileno (1,01), β-copaeno (0,28), germacreno D (2,49), γ-amorfeno (traços),<br />

α-muuroleno (0,32), biciclogermacreno (traços), heneicosano (12,37).<br />

ERVA-DE-JABUTI [Peperomia pellucida (L.) Kunth – Piperaceae]<br />

Planta inteira (%): nonano (0,61), α-pineno (0,25), canfeno (0,03), propanoato de amila (0,07),<br />

β-pineno (0,20), mircemo (0,08), limoneno (1,23), (E)-β-ocimeno (2,86), butanoato de isoamila<br />

(0,03), octanol (0,19), fenchona (0,12), undecano (0,60), 2-metilbutanoato de isoamila (0,31),<br />

allo-ocimeno (0,14), cânfora (0,07), nonanol (0,05), butanoato de hexila (0,58), decanal (2,90),<br />

acetato de octila (3,23), β-ciclocitral (0,02), 2-metilbutanoato de hexila (0,12), hexanoato de<br />

isoamila (0,24), decanol (0,14), safrol (0,06), tridecano (0,05), propanoato de octila (0,08),<br />

undecanal (0,02), acetato de nonanila (0,02), δ-elemeno (3,31), isobutanoato de octila (0,01),<br />

α-copaeno (0,06), dauceno (0,43), β-bourboneno (1,10), butanoato de octila (0,69), β-elemeno<br />

(0,70), dodecanal (1,27), β-cariofileno (7,10), β-copaeno (1,06), trans-α-bergamoteno (0,19),<br />

aromadendreno (0,05), guaia-6,9-dieno (0,50), α-humuleno (1,62), isvarano (1,76), γ-muuroleno<br />

(4,46), biciclogermacreno (5,00), (E,E)-α-farneseno (1,94), (Z)-γ-bisaboleno (0,29), miristicina<br />

(1,41), dauca-4(11),8-dieno (0,11), 2,4,5-trimetoxiestireno (10,78), espatulenol (3,51), óxido de<br />

cariofileno (1,93), carotol (6,86), ledol (0,62), epóxido de humuleno II (0,33), dilapiol (17,79),<br />

α-cadinol (0,66), apiol (2,83), heptadecano (0,24), mint sulfide (0,07), 14-hidroxi-α-muuroleno<br />

(0,05), heneicosano (0,41), cis-fitol (0,06), docosano (0,08), tricosano (0,16), tetracosano (0,24).<br />

ESTORAQUE (Ocimum americanum L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,30), α-pineno (0,68), mirceno (0,76), mesitileno (0,21), octanal<br />

(0,17), limoneno (10,32), γ-terpineno (0,18), fenchona (2,14), linalol (9,37), acetato de 1-octen-<br />

3-ila (0,32), cânfora (0,15) terpinen-4-ol (0,39), α-terpineol (0,54), trans-carveol (0,57), ciscarveol<br />

(0,25), carvona (16,13), (Z)-cinamato de metila (6,58), (E)-cinamato de metila (34,60),<br />

β-cariofileno (5,56), trans-α-bergamoteno (1,94), (E)-β-farneseno (3,01), β-selineno (2,53),<br />

α-selineno (1,70), β-bisaboleno (0,44), 7-epi-α-selineno (0,13), óxido de cariofileno (0,09),<br />

β-eudesmol (0,13), 14-hidróxi-9-epi-β-cariofileno (0,13).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 281<br />

EUCALIPTO (Eucalyptus globulus Labill. – Myrtaceae)<br />

Folha (%): α-tujeno (0,24), α-pineno (3,16), mirceno (0,51), α-felandreno (8,39), α-terpineno<br />

(0,67), p-cimeno (2,01), limoneno (3,36), 1,8-cineol (35,26), (E)-β-ocimeno (0,13), γ-terpineno<br />

(8,18), terpinoleno (3,65), linalol (0,33), terpinen-4-ol (1,91), α-terpineol (0,64), piperitona (1,64),<br />

acetato de α-terpinila (10,47), α-copaeno (2,05), acetato de geranila (0,19), β-cariofileno (3,84),<br />

aromadendreno (0,64), α-humuleno (0,53), allo-aromadendreno (0,33), γ-muuroleno (0,66),<br />

α-selineno (0,59), biciclogermacreno (0,71), δ-cadineno (1,67), cadina-1,4-dieno (0,50), ledol<br />

(0,19), espatulenol (0,97), óxido de cariofileno (0,41), globulol (1,74), 1-epi-cubenol (1,20),<br />

α-muurolol (0,26), cubenol (0,60), α-cadinol (0,18).<br />

FEDEGOSO (Heliotropicum indicum L. – Boraginaceae)<br />

Planta inteira (%): α-pineno (0,07), 2-pentilfurano (0,53), α-felandreno (0,50), limoneno (1,86),<br />

terpinoleno (0,23), nonanal (6,21), decanol (0,87), safrol (3,47), α-copaeno (2,09), β-bourboneno<br />

(0,10), β-elemeno (1,79), cipereno (26,44), β-cariofileno (21,11), trans-α-bergamoteno (1,04),<br />

α-guaieno (0,24), α-humuleno (4,18), rotundeno (4,56), dodecanol (0,35), γ-muuroleno (0,45),<br />

germacreno D (5,38), (E)-β-ionona (0,62), biciclogermacreno (0,88), β-bisaboleno (3,65),<br />

δ-cadineno (3,28), (E)-γ-bisaboleno (1,05), germacreno B (1,52).<br />

GENGIBRE (Zingiber officinale Roscoe – Zingiberaceae)<br />

Rizoma (%): tricicleno (0,31), α-pineno (4,57), canfeno (15,61), β-pineno (0,75), mirceno (2,33),<br />

α-felandreno (0,34), limoneno (2,29), β-felandreno (4,45), 1,8-cineol (7,83), γ-terpineno (0,15),<br />

terpinoleno (0,48), linalol (1,21), cânfora (0,16), citronelal (0,19), borneol (1,48), terpinen-4-ol<br />

(0,31), α-terpineol (1,61), citronelol (1,11), neral (5,63), geraniol (3,64), geranial (15,42), acetato<br />

de bornila (0,15), ar-curcumeno (2,03), α-zingibereno (7,87), γ-muuroleno (1,16), β-bisaboleno<br />

(2,18), γ-cadineno (0,30), β-sesquifelandreno (3,35), (E)-nerolidol (1,05), β-eudesmol (1,41),<br />

β-bisabolol (0,36), α-bisabolol (0,42), (E,E)-α-farnesol (0,34).<br />

HORTELÃ-DE-PANELA (Mentha spicata L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (2,30), β-pineno (3,84), mirceno (5,42), α-terpineno (0,69), limoneno<br />

(10,19), (E)-β-ocimeno (0,53), γ-terpineno (0,90), cis-hidrato de sabineno (3,50), terpinoleno (0,77),<br />

trans-hidrato de sabineno (0,58), acetato de octan-3-ila (3,20), δ-terpineol (0,29), terpinen-4-ol (1,50),<br />

p-cimen-8-ol (0,64), α-terpineol (0,54), mirtenal (0,32), 2-metil-3-fenilpropanol (1,21),<br />

3-metilbutanoato de (3Z)-hexenila (0,22), carvona (0,14), trans-epóxido de piperitona (1,19), cisóxido<br />

de carvona (2,73), δ-elemeno (0,22), piperitenona (0,53), óxido de piperitenona (26,24),<br />

β-bourboneno (0,73), β-elemeno (0,94), α-gurjuneno (0,75), β-cariofileno (3,63), β-gurjuneno<br />

(0,69), trans-muurola-3,5-dieno (1,44), (E)-β-farneseno (2,32), cis-cadina-1(6), 4-dieno (1,73),<br />

germacreno D (3,57), epizonareno (0,88), γ-cadineno (0,41), trans-calameneno (1,82), trans-cadina-<br />

1,4-dieno (0,07), α-cadineno (0,39), óxido de cariofileno (0,31), ledol (0,07), 1,10-di-epi-cubenol<br />

(0,75), α-cadinol (0,86), 14-hidróxi-9-epi-β-cariofileno (0,15), pentadecanal (0,17).


282 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

HORTELÃ-DO-MARANHÃO [Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. – Lamiaceae]<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,12), mirceno (0,28), α-terpineno (0,77), p-cimeno (3,86), γ-terpineno<br />

(10,36), cis-hidrato de sabineno (0,15), carvacrol (66,24), β-cariofileno (10,44), transα-bergamoteno<br />

(4,90), α-humuleno (1,71), óxido de cariofileno (0,52), dilapiol (0,52).<br />

HORTELÃ-PIMENTA (Mentha pulegium L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (1,56), β-pineno (1,62), octan-3-ol (2,20), limoneno (2,56), mentona<br />

(4,72), iso-mentona (7,42), isopulegona (1,76), iso-mentol (1,44), coahuilensol metil éster (0,56),<br />

pulegona (49,28), piperitona (1,50), p-menta-1,8-dien-3-ona (0,11), acetato de neo-mentila<br />

(0,14), acetato de mentila (0,13), piperitenona (6,27), β-cariofileno (0,20), α-humuleno (0,28),<br />

6,10,14-trimetil-2-pentadecanona (0,14).<br />

JAPANA [Ayapana triplinervis (M. Vahl) R. M. King & H. Rob. – Asteraceae]<br />

Parte aérea (%): α-pineno (9,53), benzaldeído (1,72), β-pineno (13,82), α-felandreno (3,53),<br />

o-cimeno (1,30), silvestreno (1,29), γ-terpineno (0,15), α-terpineol (0,20), metilchavicol (0,25),<br />

metiltimol (2,09), metilcarvacrol (1,01), timol (0,52), carvacrol (0,22), δ-elemeno (0,19), β-elemeno<br />

(0,25), cipereno (3,07), β-cariofileno (0,44), 2,5-dimetóxi-p-cimeno (34,63), α-humuleno (3,49),<br />

9-epi-β-cariofileno (1,18), β-selineno (2,93), cis-β-guaieno (0,97), α-bulneseno (0,17), γ-cadineno<br />

(1,53), δ-cadineno (2,20), óxido de cariofileno (0,87), dilapiol (0,64), α-muurolol (0,26), α-cadinol<br />

(0,23), heneicosano (0,22), tetracosano (0,07).<br />

JATOBÁ (Hymenaea courbaryl L. - Fabaceae)<br />

Resina (%): β-cariofileno (69,53), trans-α-bergamoteno (17,06), α-humuleno (5,17),<br />

ar-curcumeno (0,17), β-bisaboleno (6,73), óxido de cariofileno (0,47).<br />

LENÇOL-DE-SANTA-BÁRBARA (Piper marginatum Jacq. – Piperaceae)<br />

Folha-caule (%): α-pineno (3,44), β-pineno (1,80), mirceno (1,42), δ-3-careno (8,86), silvestreno<br />

(1,07), (Z)-β-ocimeno (2,90), (E)-β-ocimeno (4,99), γ-terpineno (0,31), terpinoleno (0,78), linalol<br />

(1,03), allo-ocimeno (1,79), borneol (0,12), metilchavicol (0,66), safrol (7,07), δ-elemeno (1,65),<br />

α-copaeno (0,54), β-bourboneno (1,08), β-elemeno (1,52), metileugenol (3,61), β-cariofileno<br />

(3,34), β-gurjuneno (0,57), α-humuleno (1,30), croweacina (6,83), asaricina (2,17), miristicina<br />

(5,21), M = 192 (4,64), 3,4-metilenodioxipropriofenona (6,50), elemol (1,23), elemicina (5,45),<br />

isoelemicina (2,24), óxido de cariofileno (0,58), rosifoliol (0,16), 10-epi-γ-eudesmol (0,32),<br />

muurola-4,10(14), dien-1β-ol (1,22), 2-hidroxi-5,5-metilenodioxipropriofenona (5,83),<br />

α-eudesmol (0,90), α-cadinol (0,90), cis-fitol (0,35).<br />

LOSNA (Artemisia vulgaris L. – Asteraceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,13), sabineno (0,38), β-pineno (0,65), limoneno (0,31),1,8-cineol<br />

(1,73), cis-tujona (27,89), trans-tujona (2,61), trans-sabinol (0,25), borneol (0,56), terpinen-4-ol


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 283<br />

(0,17), acetato de lavandulila (0,44), β-elemeno (0,31), β-cariofileno (18,78), α-humuleno (6,71),<br />

2-metilpropanoato de geranila (0,52), germacreno D (32,33), (Z)-γ-bisaboleno (0,75),<br />

biciclogermacreno (1,17), δ-cadineno (0,55), (E)-nerolidol (0,34), espatulenol (0,48), óxido de<br />

cariofileno (0,52), 1-epi-cubenol (0,23), epi-α-muurolol (0,23), α-cadinol (0,62).<br />

MACACAPORANGA [Aniba parviflora (Meisn.) Mez – Lauraceae]<br />

Folha-caule (%): p-cimeno (2,42), limoneno (1,26), cis-óxido de linalol (0,91), trans-óxido de<br />

linalol (0,79), linalol (53,60), terpinen-4-ol (0,53), α-terpineol (2,00), β-cariofileno (1,58),<br />

aromadendreno (0,43), α-humuleno (0,28), β-selineno (1,75), α-selineno (0,34), elemol (0,60),<br />

(E)-nerolidol (0,62), espatulenol (15,44), óxido de cariofileno (4,12), guaiol (0,56), epóxido de<br />

humuleno II (1,13), γ-eudesmol (3,42), desmetoxiencecalina (0,25), β-eudesmol (1,37),<br />

α-eudesmol (1,24), bulnesol (0,45), benzoato de benzila (0,82).<br />

MACELA [Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera – Asteraceae]<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,07), α-pineno (0,26), sabineno (0,10), β-pineno (0,38), mirceno<br />

(0,52), limoneno (0,12), 1,8-cineol (0,07), (Z)-β-ocimeno (0,10), (E)-β-ocimeno (0,09), linalol<br />

(0,07), nonanal (0,05), decanal (0,07), safrol (0,17), 1-trideceno (0,17), (E,E)-2,4-decadienal<br />

(0,05), δ-elemeno (0,33), α-copaeno (3,87), β-bourboneno (5,42), β-elemeno (0,41),<br />

β-cariofileno (12,85), β-gurjuneno (0,78), α-humuleno (4,41), allo-aromadendreno (3,05),<br />

γ-gurjuneno (0,24), germacreno D (25,59), biciclogermacreno (10,89), (E,E)-α-farneseno (1,15),<br />

δ-cadineno (2,29), espatulenol (3,81), óxido de cariofileno (3,33), epóxido de humuleno II<br />

(0,30), epi-α-muurolol (0,62), α-cadinol (0,73), pentadecanol (0,67), ácido palmítico (0,67),<br />

ácido esteárico (0,14).<br />

MALVA-ROSA (Pelargonium graveolens L´Hér. – Geraniaceae)<br />

Parte aérea (%): mirceno (0,84), limoneno (0,33), (Z)-β-ocimeno (0,17), (E)-β-ocimeno (0,35),<br />

cis-furanóxido de linalol (0,44), trans-furanóxido de linalol (0,36), linalol (2,70), cis-óxido de<br />

rosa (0,51), trans-óxido de rosa (0,41), mentona (1,31), isomentona (6,15), isomentol (0,26),<br />

α-terpineol (0,10), citronelol (12,80), neral (1,28), geraniol (7,54), trans-mirtanol (0,53), geranial<br />

(2,24), formiato de citronelila (4,48), formiato de nerila (0,34), safrol (0,13), formiato de geranila<br />

(2,39), álcool perílico (0,11), ácido citronélico (0,28), acetato de citronelila (0,75), acetato de<br />

nerila (0,72), α-copaeno (0,51), β-bourboneno (1,25), β-elemeno (0,29), propanoato de<br />

citronelila (0,75), guaia-6,9-dieno (0,75), allo-aromadendreno (0,20), propanoato de geranila<br />

(1,39), β-selineno (0,46), α-muuroleno (0,26), γ-cadineno (0,73), trans-calameneno (1,65),<br />

furopelargona A (0,75), butanoato de geranila (2,32), tiglato de feniletila (6,09), viridiflorol<br />

(0,39), epóxido de humuleno II (0,98), dilapiol (1,77), epi-α-muurolol (0,70), (2E,6Z)-farnesol<br />

(1,26), (2E,6E)-farnesol (0,85), pentadecanol (1,09).


284 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

MANGARATAIA (Curcuma longa L. - Zingiberaceae)<br />

Rizoma (%): α-pineno (0,66), mirceno (0,40), α-felandreno (7,54), p-cimeno (1,39), 1,8-cineol<br />

(10,50), γ-terpineno (0,61), terpinoleno (2,76), mircenona (0,17), δ-terpineol (0,24), terpinen-4-ol<br />

(0,61), α-terpineol (0,99), safrol (0,70), β-cariofileno (0,41), sesquisabineno (0,27), ar-curcumeno<br />

(1,75), α-zingibereno (2,05), β-bisaboleno (0,42), β-curcumeno (0,21), β-sesquifelandreno (2,63),<br />

ar-turmerol (2,46), ar-turmerona (20,40), turmerona (3,53), curlona (10,36), curcufenol (0,74),<br />

(6S,7R)-bisabolona (1,23), (E)-α-atlantona (1,21).<br />

MANJERICÃO (Ocimum cf. x citriodorum Vis. – Lamiaceae)<br />

Folha (%): α-pineno (0,38), sabineno (0,13), β-pineno (0,38), mirceno (0,24), limoneno (8,09),<br />

1,8-cineol (11,32), (E)-β-ocimeno (0,57), γ-terpineno (0,12), cis-hidrato de sabineno (0,12), linalol<br />

(16,50), cânfora (0,36), terpinen-4-ol (0,86), metilchavicol (55,79), carvona (0,85), β-elemeno<br />

(0,13), β-cariofileno (0,55), trans-α-bergamoteno (0,06), γ-muuroleno (0,17), β-selineno (0,84),<br />

α-selineno (0,88), α-bulneseno (0,04), β-bisaboleno (0,05), γ-cadineno (0,12), 1,10-di-epicubenol<br />

(0,03), epi-α-cadinol (0,35).<br />

MANJERICÃO-DA-FOLHA-MIÚDA (Ocimum minimum L. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-tujeno (0,06), α-pineno (0,58), sabineno (0,12), β-pineno (0,45), mirceno (0,27),<br />

α-terpineno (0,08), limoneno (11,11), 1,8-cineol (13,87), (E)-β-ocimeno (0,56), γ-terpineno (0,31),<br />

terpinoleno (0,09), linalol (15,24), cânfora (0,35), terpinen-4-ol (2,30), metilchavicol (49,35), carvona<br />

(1,21), trans-acetato de carvila (0,02), eugenol (0,15), β-bourboneno (0,03), β-elemeno (0,19),<br />

β-cariofileno (0,52), trans-α-bergamoteno (0,04), α-guaieno (0,04), (Z)-β-farneseno (0,97),<br />

γ-muuroleno (0,12), β-selineno (0,67), α-selineno (0,63), α-bulneseno (0,08), γ-cadineno (0,09),<br />

1,10-di-epi-cubenol (0,03), epi-α-cadinol (0,23), β-eudesmol (0,04), selin-11-en-4α-ol (0,04).<br />

MANJERONA (Lippia thymoides Martius ex Schauer - Verbenaceae)<br />

Folha-caule (%): α-tujeno (1,21), α-pineno (0,09), canfeno (0,03), mirceno (1,96), δ-2-careno<br />

(0,04), δ-3-careno (0,03), α-terpineno (1,07), p-cimeno (12,10), (E)-limoneno (0,14), 1,8-cineol<br />

(0,51), (E)-β-ocimeno (0,03), γ-terpineno (12,37), terpinoleno (0,03), terpinen-4-ol (0,13),<br />

metiltimol (0,81), timol (62,67), carvacrol (0,05), acetato de timila (3,30), eugenol (0,01),<br />

α-copaeno (0,02), β-cariofileno (2,56), trans-α-bergamoteno (0,05), α-humuleno (0,20),<br />

germacreno D (0,08), δ-cadineno (0,07), germacreno B (0,02), óxido de cariofileno (0,13), epóxido<br />

de humuleno II (0,02), epi-α-muurolol (0,03).<br />

MASTRUZ [Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants – Amaranthaceae]<br />

Parte aérea (%): mirceno (0,47), α-terpineno (35,01), γ-terpineno (2,68), terpinoleno (0,78), 1,3,8-<br />

p-mentatrieno (0,25), ascaridol (1,30), cis-peróxido de piperitona (0,62), trans-peróxido de piperitona<br />

(7,85), iso-ascaridol (34,28), epóxido de ascaridol (tentativa) (0,35), acetato de citronelila (0,07).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 285<br />

ORIZA (Pogostemon heyneanus Benth. – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,29), β-pineno (0,68), limoneno (0,09), δ-elemeno (0,15),<br />

β-patchouleno (1,69), β-elemeno (1,41), ciclosseicheleno (1,02), β-cariofileno (2,33),<br />

aromadendreno (4,25), seicheleno (4,26), α-patchouleno (7,28), γ-patchouleno (0,88), acifileno<br />

(3,34), α-bulneseno (7,68), 7-epi-α-selineno (0,69), nor-patchoulenol (2,20), óxido de cariofileno<br />

(4,06), epóxido de humuleno II (1,46), pogostol (0,75), álcool de patchouli (21,35), isocorimbolona<br />

(1,36), corimbolona (1,25).<br />

PACOVA-CATINGA (Renealmia sp. – Zingiberaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (21,14), canfeno (1,98), β-pineno (66,31), limoneno (0,88),<br />

β-cariofileno (0,28), geranilacetona (0,85), β-selineno (0,60), valenceno (1,20), α-selineno (0,22),<br />

7-epi-α-selineno (3,89), dilapiol (0,52).<br />

PATAQUEIRA [Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.) Benth. – Plantaginaceae]<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,05), octan-3-ona (0,15), δ-3-careno (0,01), α-felandreno (20,26),<br />

p-cimeno (0,68), limoneno (0,03), β-felandreno (0,05), (E)-β-ocimeno (0,06), γ-terpineno (0,07),<br />

linalol (0,04), p-cimen-8-ol (0,02), metiltimol (37,45), timol (40,73), (E,E)-α-farneseno (0,17),<br />

dilapiol (0,13).<br />

PATCHULI [Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty – Poaceae]<br />

Raiz (%): prezizaeno (0,15), kusimeno (0,64), γ-muuroleno (0,20), δ-amorfeno (1,26), δ-cadineno<br />

(1,11), α-calacoreno (0,26), β-vetiveneno (2,61), kusimona (0,74), junenol (6,22), γ-eudesmol<br />

(1,13), 1-epi-cubenol (0,96), α-eudesmol (2,09), α-cadinol (7,22), epi-zizanona (2,46),<br />

vetiselinenol (2,88), kusimol (15,54), biciclovetivenol (9,30), β-vetivona (2,45), α-vetivona (2,96).<br />

PAU-DE-ANGOLA (Piper alatipetiolatum Yunck. - Piperaceae)<br />

Folha-caule (%): (E)-β-ocimeno (0,22), safrol (0,05), δ-elemeno (0,36), α-copaeno (0,06),<br />

β-elemeno (1,95), β-cariofileno (3,79), β-copaeno (0,39), trans-α-bergamoteno (0,27), selina-<br />

5,11-dieno (1,34), α-humuleno (1,85), isvarano (10,59), aristolocheno (1,78), valenceno (3,07),<br />

α-muuroleno (0,28), nootkateno (1,18), 7-epi-α-selineno (0,88), δ-cadineno (0,83), trans-cadina-<br />

1,4-dieno (0,04), elemol (0,25), elemicina (0,15), (Z)-isoelemicina (0,66), óxido de cariofileno<br />

(1,14), epóxido de humuleno II (0,55), (Z)-asarona (0,53), α-cadinol (0,69), (E)-asarona (2,57),<br />

M = 218 (48,40), 3-isvarol (traços), 3-isvarona (traços), nootkatol (0,12), nootkatona (0,63),<br />

cis-fitol (0,31).<br />

PAU-ROSA (Aniba rosaeodora Ducke – Lauraceae)<br />

Folha (%): α-pineno (0,34), β-pineno (0,26), mirceno (0,59), (E)-β-ocimeno (0,27), cis-furanóxido<br />

de linalol (3,55), trans-furanóxido de linalol (2,70), linalol (51,75), diidro-2,26-trimetil-6-vinil-<br />

2H-piran-3(4H)-ona (0,85), cis-piranóxido de linalol (0,08), trans-piranóxido de linalol (0,14),


286 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

α-terpineol (0,15), geraniol (0,12), α-copaeno (3,39), β-elemeno (0,41), β-cariofileno (0,53),<br />

α-guaieno (0,09), α-humuleno (0,11), 4,5-di-epi-aristolocheno (0,15), β-selineno (3,79), α-<br />

selineno (2,75), 7-epi-α-selineno (0,09), δ-cadineno (0,21), (E)-nerolidol (0,31), espatulenol (3,82),<br />

óxido de cariofileno (1,10), guaiol (0,51), epóxido de humuleno II (0,84), selina-3,11-dien-6α-ol<br />

(0,34), neo-intermedeol (1,76), (Z)-α-santalol (2,52), germacra-4(15),5,10(14)-trien-1α-ol (0,14),<br />

benzoato de benzila (1,47).<br />

Caule (%): α-pineno (0,29), β-pineno (0,21), limoneno (0,43), cis-furanóxido de linalol (0,69),<br />

trans-furanóxido de linalol (0,75), linalol (89,93), α-terpineol (0,44), α-copaeno (1,23), β-elemeno<br />

(0,38), β-cariofileno (0,26), β-selineno (0,52), α-selineno (0,49), óxido de cariofileno (0,47),<br />

benzoato de benzila (0,39).<br />

PIMENTA-LONGA (Piper aduncum L. – Piperaceae)<br />

Folha-caule (%): α-tujeno (0,05), α-pineno (1,17), canfeno (0,06), β-pineno (0,93), mirceno (0,21),<br />

α-felandreno (0,32), α-terpineno (0,29), p-cimeno (0,36), limoneno (0,49), δ-3-careno (0,36),<br />

(Z)-β-ocimeno (0,14), (E)-β-ocimeno (0,25), γ-terpineno (0,89), terpinoleno (0,38), linalol (0,04),<br />

cis-p-ment-2-en-1-ol (0,14), trans-p-ment-2-en-1-ol (0,11), terpinen-4-ol (1,27), α-terpineol<br />

(0,13), trans-piperitol (0,07), piperitona (6,07), α-copaeno (0,65), β-cariofileno (2,77),<br />

aromadendreno (0,04), α-humuleno (1,23), γ-muuroleno (0,11), germacreno D (0,59), β-selineno<br />

(0,25), δ-cadineno (0,09), miristicina (0,91), espatulenol (0,17), óxido de cariofileno (0,92),<br />

epóxido de humuleno II (0,60), dilapiol (70,45).<br />

PRIPRIOCA (Cyperus articulatus var. articulatus L. – Cyperaceae)<br />

Rizoma (%) (ZOGHBI et al., 2008): α-pineno (5,7-12,3), canfeno (zero-0,1), tuja-2,4(10)-dieno<br />

(0,7-0,9), sabineno (zero-0,1), β-pineno (4,2-6,6), p-cimeno (0,3-0,8), limoneno (0,7-1,3),<br />

1,8-cineol (zero-0,2), p-cimeneno (zero-0,4), α-canfolenal (0,4-0,7), trans-pinocarveol (5,5-6,0),<br />

trans-verbenol (1,6-2,7), cis-verbenol (0,4-1,0), pinocarvona (1,4-2,1), p-menta-1,5-dien-8-ol<br />

(1,2-2,8), terpinen-4-ol (0,1-0,2), p-cimen-8-ol (zero-0,6), mirtenal + mirtenol (5,8-6,3),<br />

verbenona (1,5-3,9), trans-carveol (0,5-0,6), cis-carveol (zero-0,1), carvona (0,2-0,5), p-cimen-<br />

7-ol (zero-0,1), cipera-2,4-dieno (zero-0,3), α-copaeno (2,2-3,3), β-elemeno (zero-0,1), cipereno<br />

(1,8-4,3), β-cariofileno (zero-0,1), α-guaieno (zero-0,2), α-humuleno (zero-0,2), rotundeno (0,5-<br />

0,8), germacreno D (zero-1,0), eudesma-2,4,11-trieno (zero-0,7), β-selineno (0,3-2,7), α-selineno<br />

(zero-1,2), α-bulneseno (0,6-2,1), δ-cadineno (0,4-1,0), trans-calameneno (0,5-0,8), α-calacoreno<br />

(0,8-1,4), óxido de cariofileno (4,6-10,8), ledol (3,2-4,6), β-copaen-4α-ol (zero-1,0), epóxido de<br />

humuleno II (1,3-2,4), dilapiol (1,0-1,4), patchoulenona (1,0-1,6), cariofila-4(14),8(15)-dien-5α-ol<br />

(zero-0,6), M = 218 (2,1-4,4), eudesma-3,11-dien-5-ol (zero-0,7), mustacona (9,8-14,5),<br />

ciperotundona (3,7-5,4), M = 218 (0,5-1,5), M = 220 (0,5-0,7), α-ciperona (1,4-5,9), aristolona<br />

(0,5-0,6).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 287<br />

PRIPRIOCA (Cyperus articulatus var. nodosus L. – Cyperaceae)<br />

Rizoma (%) (ZOGHBI et al., 2008): α-pineno (4,7-11,9), canfeno (zero-0,2), tuja-2,4(10)-dieno<br />

(0,1-0,9), sabineno (0,1-0,2), β-pineno (3,1-7,4), p-cimeno (0,1-0,6), limoneno (0,6-1,0),<br />

1,8-cineol (zero-0,8), p-cimeneno (0,3-0,6), α-canfolenal (zero-0,6), trans-pinocarveol (1,8-8,1),<br />

trans-verbenol (0,9-2,7), cis-verbenol (zero-0,9), pinocarvona (1,6-2,0), p-menta-1,5-dien-8-ol<br />

(zero-0,8), terpinen-4-ol (0,1-2,4), p-cimen-8-ol (zero-1,1), mirtenal + mirtenol (3,8-8,3),<br />

verbenona (0,1-3,0), trans-carveol (0,1-0,9), cis-carveol (zero-0,1), carvona (0,2-0,6), p-cimen-<br />

7-ol (zero-0,3), α-copaeno (2,1-7,3), β-elemeno (0,1-0,4), cipereno (0,6-8,9), β-cariofileno (zero-<br />

0,7), α-guaieno (0,3-1,5), α-humuleno (zero-1,5), rotundeno (0,4-1,4), germacreno D (zero-<br />

0,7), eudesma-2,4,11-trieno (0,9-1,4), β-selineno (zero-3,3), α-selineno (0,9-1,7), α-bulneseno<br />

(0,8-3,0), δ-cadineno (0,7-1,0), trans-calameneno (0,3-1,1), α-calacoreno (0,7-1,4), óxido de<br />

cariofileno (5,4-13,7), ledol (2,5-8,3), β-copaen-4α-ol (0,7-1,1), epóxido de humuleno II<br />

(1,5-11,2), dilapiol (zero-1,6), patchoulenona (0,4-2,4), cariofila-4(14),8(15)-dien-5α-ol (zero-<br />

0,9), M = 218 (0,7-4,0), eudesma-3,11-dien-5-ol (0,9-3,6), mustacona (6,6-14,5), ciperotundona<br />

(2,6-5,3), M = 218 (1,2-2,0), M = 220 (0,5-1,8), α-ciperona (1,4-4,6), aristolona (0,2-1,1).<br />

PRIPRIOCÃO (Cyperus prolixus Kunth - Cyperaceae)<br />

Rizoma (%) (ZOGHBI et al., 2008): α-pineno (1,0-1,3), tuja-2,4(10)-dieno (0,1-0,1), β-pineno<br />

(1,4-2,4), p-ment-3-eno (traços-0,1), p-cimeno (0,2-0,2), limoneno (0,4-1,0), 1,8-cineol (0,8-0,9),<br />

cis-óxido de limoneno (traços-0,1), α-canfolenal (traços-0,1), trans-pinocarveol (2,0-2,5), transverbenol<br />

(0,1-0,2), cis-verbenol (0,1-0,2), trans-β-terpineol (traços-0,1), pinocarvona (0,5-0,7),<br />

p-menta-1,5-dien-8-ol (0,2-0,3), cis-pinocanfona (0,1-0,5), terpinen-4-ol (0,2-0,3), p-cimen-8-<br />

ol (0,2-0,3), mirtenal + mirtenol (2,3-2,8), trans-diidrocarvona (0,1-0,1), verbenona (0,3-0,6),<br />

trans-carveol (0,2-0,3), carvona (0,2-0,4), p-cimen-7-ol (0,1-0,1), ciclossativeno (0,2-0,4), α-<br />

copaeno (1,4-2,1), β-elemeno (0,1-0,1), cipereno (0,1-0,1), β-cariofileno (0,1-0,4), tujopsadieno<br />

(0,9-1,2), eudesma-2,4,11-trieno (1,2-1,5), β-selineno (3,1-6,5), α-selineno (0,6-1,4), δ-cadineno<br />

(0,1-0,4), trans-calameneno (0,3-0,3), α-calacoreno (1,9-2,2), óxido de cariofileno (6,9-26,8),<br />

epóxido de humuleno II (4,4-4,9), cariofila-4(14),8(15)-dien-5α-ol (3,6-4,6), selina-3,11-dien-<br />

6α-ol (traços-1,0), eudesma-3,11-dien-5-ol (0,8-4,5), 14-hidróxi-9-epi-β-cariofileno (9,6-16,7),<br />

α-ciperona (13,5-20,6).<br />

PRIPRIOQUINHA (Cyperus rotundus L. - Cyperaceae)<br />

Rizoma (%) (ZOGHBI et al., 2008): α-pineno (0,6), sabineno (0,1), β-pineno (1,5), p-ment-3-eno<br />

(0,1), limoneno (0,2), 1,8-cineol (0,2), α-canfolenal (0,1), trans-pinocarveol (1,1), trans-verbenol<br />

(0,3), pinocarvona (0,7), p-menta-1,5-dien-8-ol (0,1), mirtenal + mirtenol (1,7), verbenona (0,2),<br />

trans-carveol (0,1), ciproteno (0,2), cipera-2,4-dieno (0,4), cipereno (3,9), rotundeno (0,7),<br />

eudesma-2,4,11-trieno (1,8), β-selineno (5,0), α-selineno (2,0), epi-cubebol (0,9), δ-cadineno


288 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

(0,6), trans-calameneno (0,2), epóxicipereno (1,3), óxido de cariofileno (6,9), epóxido de<br />

humuleno II (2,4), patchoulenona (4,3), eudesma-3,11-dien-5-ol (6,2), isociperol (6,7), ciperol<br />

(5,6), ciperotundona (12,1), rotundona (4,8), eudesma-11-en-4α,6α-diol (1,3), α-ciperona (22,8),<br />

eudesma-3,11-dien-2-ona (1,1).<br />

SACACA (Croton cajucara Benth. – Euphorbiaceae)<br />

Folha-caule (%): heptan-2-ol (0,35), α-pineno (0,23), p-cimeno (0,17), limoneno (0,97), acetato de<br />

hept-2-ila (1,09), terpinoleno (0,26), linalol (38,21), α-terpineol (0,48), acetato de linalila (0,22),<br />

limonen-10-ol (0,41), timol (0,14), p-ment-1-en-9-ol (0,11), δ-elemeno (0,70), α-ilangeno (0,07),<br />

α-copaeno (0,29), acetato de geranila (0,05), β-bourboneno (0,53), 7-epi-sesquitujeno (0,36),<br />

italiceno (0,15), sesquitujeno (0,09), β-cariofileno (5,10), β-copaeno (0,18), γ-elemeno (0,21), alloaromadendreno<br />

(0,19), geranilacetona (0,13), α-humuleno (0,85), sesquisabineno (7,21),<br />

γ-amorfeno (0,15), ar-curcumeno (2,06), α-zingibereno (2,08), α-muuroleno (0,14), β-bisaboleno<br />

(1,01), cubebol (0,42), β-sesquifelandreno (3,54), (E)-γ-bisaboleno (0,77), (E)-nerolidol (8,94),<br />

espatulenol (2,80), óxido de cariofileno (1,23), 1,3,5-bisabolatrien-7-ol (2,79), α-muurolol (2,61),<br />

α-cadinol (0,56), helifolenol B (0,15), α-bisabolol (0,25), (2Z,6E)-farnesol (0,50).<br />

SALVA-DO-MARAJÓ (Hyptis crenata Pohl – Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (12,73), β-pineno (10,66), δ-3-careno (14,08), 1,8-cineol (16,99),<br />

(E)-β-ocimeno (0,08), γ-terpineno (5,31), terpinoleno (3,53), linalol (0,54), endo-fenchol (0,16),<br />

cis-p-ment-2-en-1-ol (0,44), trans-p-ment-2-en-1-ol (0,18), hidrato de canfeno (0,72), borneol<br />

(5,08), terpinen-4-ol (2,42), α-terpineol (3,05), mirtenol (0,24), trans-piperitol (0,10), fragranol<br />

(0,10), timol (0,28), carvacrol (0,22), isoledeno (0,50), (E)-cinamato de metila (0,05), α-gurjuneno<br />

(0,60), aromadendreno (4,69), allo-aromadendreno (1,46), γ-gurjuneno (0,33), viridifloreno<br />

(2,76), α-bulneseno (0,23), γ-cadineno (0,11), δ-cadineno (0,35), globulol (5,92), rosifoliol (0,38),<br />

ledol (0,38), dilapiol (0,44), α-cadinol (0,08).<br />

TREVO-SÃO-JOÃO (Unxia camphotata L. f. – Asteraceae)<br />

Folha (%): α-tujeno (0,12), α-pineno (1,47), canfeno (10,92), β-pineno (1,38), α-felandreno<br />

(5,22), p-cimeno (0,24), limoneno (0,3), cânfora (39,97), borneol (5,58), β-cariofileno (6,41),<br />

trans-α-bergamoteno (0,40), epi-β-santaleno (0,39), α-humuleno (0,30), germacreno D (15,41),<br />

biciclogermacreno (0,54), δ-cadineno (0,33), (E)-γ-bisaboleno (7,98), óxido de cariofileno (0,08),<br />

junenol (2,44), epi-α-cadinol (0,18), α-cadinol (0,27), selin-11-en-4α-ol (0,06).<br />

Caule (%): canfeno (0,57), α-felandreno (50,74), p-cimeno (6,29), limoneno (0,52), cânfora (2,38),<br />

borneol (0,28), metiltimol (2,48), β-cariofileno (4,44), α-humuleno (0,31), germacreno D (14,42),<br />

β-selineno (1,17), α-muuroleno (0,14), γ-cadineno (0,24), δ-cadineno (1,26), (E)-γ-bisaboleno<br />

(3,76), junenol (9,84), epi-α-cadinol (0,19), epi-α-muurolol (0,13), α-cadinol (0,56).


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 289<br />

Inflorescência (%): α-pineno (0,64), canfeno (3,48), β-pineno (0,46), mirceno (0,22), α-felandreno<br />

(48,89), p-cimeno (5,86), limoneno (1,44), cânfora (9,95), borneol (1,81), β-cariofileno (3,01),<br />

trans-α-bergamoteno (0,21), epi-β-santaleno (0,16), α-humuleno (0,21), germacreno D (9,50),<br />

biciclogermacreno (0,91), δ-cadineno (0,66), (E)-γ-bisaboleno (3,87), óxido de cariofileno (0,28),<br />

junenol (5,28), γ-eudesmol (0,19), epi-α-cadinol (0,42), α-cadinol (1,06).<br />

Raiz (%): α-felandreno (34,41), p-cimeno (3,59), limoneno (0,19), cânfora (0,32), metiltimol<br />

(22,54), aldeído cumínico (0,37), β-cariofileno (3,38), β-gurjuneno (0,18), trans-α-bergamoteno<br />

(0,49), α-humuleno (0,91), germacreno D (8,68), biciclogermacreno (1,27), α-muuroleno (0,32),<br />

γ-cadineno (0,54), δ-cadineno (1,90), (E)-γ-bisaboleno (0,37), espatulenol (0,38), junenol (7,84),<br />

epi-α-cadinol (0,29), epi-α-muurolol (0,25), α-cadinol (1,03), androencecalinol (1,07).<br />

VASSOURINHA (Scoparia dulcis L. - Plantaginaceae)<br />

Parte aérea (%): tricicleno (4,28), α-pineno (0,86), canfeno (traços), β-pineno (2,81), 2-pentil<br />

furano (1,18), α-terpineno (traços), limoneno (traços), γ-terpineno (traços), terpinoleno (traços),<br />

safrol (2,47), α-cubebeno (4,73), α-copaeno (11,52), β-bourboneno (5,55), β-cariofileno (30,63),<br />

β-gurjuneno (0,84), α-humuleno (12,61), germacreno D (9,92), α-muuroleno (1,19), transcalameneno<br />

(7,02), trans-cadina-1,4-dieno (2,55).<br />

VICK (Menta arvensis L. - Lamiaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (0,07), sabineno (0,08), mirceno (0,06), 3-octanol (0,06),<br />

limoneno (0,13), mentona (0,19), isomentona (0,21), mentol (98,23), α-terpineol (0,06),<br />

piperitona (0,08), β-cariofileno (0,09), acetato de (3Z)-fenilhexenila (0,01).<br />

VINDICÁ [Alpinia zerumbet (Pers.) B. L.Burtt & R. M. Sm. – Zingiberaceae]<br />

Folha (%): α-tujeno (3,43), α-pineno (2,62), canfeno (0,51), sabineno (13,29), β-pineno (6,31),<br />

mirceno (1,36), α-felandreno (0,43), α-terpineno (3,68), p-cimeno (3,33), limoneno (2,06),<br />

1,8-cineol (16,65), γ-terpineno (11,72), trans-óxido de linalol (1,38), cis-óxido de linalol (1,70),<br />

linalol (2,47), trans-hidrato de sabineno (1,65), cis-p-ment-2-en-1-ol (0,46), trans-óxido de<br />

limoneno (0,34), terpinen-4-ol (14,42), α-terpineol (1,40), β-cubebeno (0,27), β-cariofileno (4,42),<br />

aromadendreno (0,32), α-humuleno (0,56), β-selineno (0,15), γ-cadineno (0,45), δ-cadineno<br />

(0,33), (E)-nerolidol (0,83), óxido de cariofileno (1,39), epóxido de humuleno II (0,15), epiα-cadinol<br />

(0,17), α-cadinol (0,64).<br />

Caule (%): α-tujeno (2,97), α-pineno (2,22), canfeno (0,49), sabineno (21,64), β-pineno (2,36),<br />

mirceno (1,68), α-felandreno (0,68), α-terpineno (6,17), p-cimeno (2,32), limoneno (2,32),<br />

1,8-cineol (17,06), γ-terpineno (12,76), cis-hidrato de sabineno (0,64), cis-óxido de linalol (2,57),<br />

linalol (1,76), trans-hidrato de sabineno (0,73), cis-p-ment-2-en-1-ol (0,64), trans-p-ment-2-<br />

en-1-ol (0,43), terpinen-4-ol (13,40), α-terpineol (1,36), trans-piperitol (0,27), β-cubebeno (0,33),


290 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

β-cariofileno (1,32), aromadendreno (0,24), α-humuleno (0,23), γ-cadineno (0,39), δ-cadineno<br />

(0,32), trans-calameneno (0,36), (E)-nerolidol (0,78), óxido de cariofileno (0,52), α-cadinol (0,51).<br />

VINDICÁ-LEVANTE (Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum – Zingiberaceae)<br />

Folha (%): α-pineno (12,25), canfeno (3,62), sabineno (0,32), β-pineno (36,68), mirceno (0,70),<br />

limoneno (2,65), terpinoleno (1,69), linalol (0,84), safrol (0,89), (Z)-cinamato de metila (0,39),<br />

β-cariofileno (1,36), α-humuleno (0,59), germacreno D (6,61), β-selineno (2,61), α-zingibereno (5,11),<br />

α-selineno (1,29), 7-epi-α-selineno (12,63), γ-eudesmol (0,81), α-cadinol (0,70), bulnesol (2,80).<br />

Caule (%): tricicleno (0,14), α-pineno (12,37), canfeno (8,25), sabineno (0,11), β-pineno (19,63),<br />

mirceno (0,62), limoneno (4,52), terpinoleno (0,84), linalol (0,33), cânfora (0,14), α-terpineol<br />

(0,19), β-cariofileno (3,01), α-humuleno (0,38), germacreno D (4,98), β-selineno (3,01),<br />

α-zingibereno (5,31), α-selineno (1,26), 7-epi-α-selineno (11,70), epóxido de humuleno II (0,28),<br />

α-cadinol (0,69), bulnesol (3,18), ni (10,11).<br />

VINDICÁ-MENINO (Renealmia monosperma Miq. – Zingiberaceae)<br />

Parte aérea (%): α-pineno (2,86), canfeno (1,98), β-pineno (13,27), mirceno (0,38), α-felandreno<br />

(0,17), (Z)-β-ocimeno (0,20), p-cimeno (0,23), limoneno (1,12), 1,8-cineol (6,55), terpinoleno<br />

(3,12), linalol (2,71), cânfora (2,61), borneol (0,41), α-terpineol (0,53), acetato de fenchila (2,62),<br />

dauceno (0,87), (E)-cinamato de metila (37,99), β-cariofileno (0,83), α-selineno (0,40),<br />

β-diidroagarofurano (0,73), δ-cadineno (2,40), trans-calameneno (2,09), (E)-nerolidol (0,82),<br />

óxido de cariofileno (0,61), carotol (2,97), epóxido de humuleno II (0,30), γ-eudesmol (0,48),<br />

1-epi-cubenol (0,29), γ-eudesmol (0,82), hinesol (0,66), epi-α-muurolol (0,84), α-cadinol (2,99).<br />

CONCLUSÃO<br />

A presença de substâncias odoríferas com reconhecido valor como insumo para a perfumaria<br />

(álcool de patchouli, (E)-cinamato de metila, decanal, e outras) e de comprovada atividade<br />

farmacológica (β-cariofileno, timol, e outras) presentes nos óleos essenciais das plantas<br />

aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso demonstra o grande potencial comercial da mesma.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem ao CNPq/PNOPG pelo financiamento da pesquisa, à Dra. Regina Martins<br />

da Silva, por ceder uma amostra de óleo de copaíba adquirida no Ver-o-Peso, e ao técnico<br />

botânico Osvaldo Cardoso, pelo apoio durante os trabalhos de campo, ao Dr. Antonio E. S.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 291<br />

Rocha, pelas identificações e/ou confirmações das identificações botânicas, e ao Dr. R. M. Harley<br />

pela identificação de Ocimum selloi (cibalena), O. cf. x citriodorum (manjericão), O.<br />

campechianum (alfavaca), O. gratissimum (alfavacão), O. americanum (estoraque) e Mentha x<br />

piperita (chama).<br />

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Chrysopogon zizanioides: rendimento e composição<br />

química dos óleos essenciais obtidos de amostras<br />

cultivadas em sete municípios do estado do Pará<br />

Eloisa Helena de Aguiar Andrade<br />

Raimunda Alves Pereira<br />

Maria das Graças Bichara Zoghbi<br />

INTRODUÇÃO<br />

Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty (patchuli), pertencente à família Poaceae, é nativa da<br />

Índia, e cultivada em pelo menos 70 países, com especial importância no controle da erosão<br />

(NRC, 1993). É também um importante insumo para a perfumaria de luxo devido à riqueza de<br />

notas olfativas do óleo essencial das suas raízes (WEYERSTAHL et al., 2000a), que, de acordo<br />

com Akhila e Rani (2002), era produzido tradicionalmente nas Ilhas de Java (Indonésia), Reunião<br />

(França) e Seychelles (África), mas que recentemente também vem sendo produzido no Haiti,<br />

Japão, Brasil e Índia. A composição química do óleo da raiz de C. zizanioides é uma complexa<br />

mistura de substâncias sesquiterpênicas, principalmente sesquiterpenos monocíclicos (grupos<br />

bisabolano e elemol), bicíclicos (grupos eudesmano, nootkatano, spirano, cadinano, norcadinano),<br />

tricíclicos (grupos cedrano, zizaano, prezizaano) e tetracíclicos (grupo<br />

ciclocopacanfano) (AKHILA; RANI, 2002). Mais de 170 constituintes já foram identificados em<br />

óleos das raízes de C. zizanioides do Havaí (WEYERSTAHL; MARSCHALL; SPLITTGERBER, 1996;<br />

WEYERSTAHL et al., 1997, 2000a,b,c). A composição química dos óleos de C. zizanioides de<br />

Burundi, na África (DETHIER et al., 1997), de Karnata e Malásia (ADAMS et al., 2008), Índia<br />

(MALLAVARAPU et al., 2012), Tailândia (PRIPDEEVECH; WONGPORNCHAI; PROMSIRI, 2006),<br />

Turquia (KIRICI et al., 2011), dos estados brasileiros do Pará (Ilha do Combu) (COSTA et al.,<br />

2006), São Paulo (TALANSIER et al., 2008) e Sergipe (LIMA et al., 2012), além de outros locais,<br />

foram previamente estudados. Alguns estudos apontaram a influência de diversos fatores na<br />

composição química e qualidade do óleo de C. zizanioides, tais como tipo e origem da planta,<br />

técnicas agronômicas, tipo de cultivo, além do processo de extração, dentre outros (DETHIER et<br />

al., 1997; PRIPDEEVECH; WONGPORNCHAI; PROMSIRI, 2006; ADAMS et al., 2008). Maior<br />

rendimento de óleo foi obtido por cultivo em solo normal com adição de micróbios, enquanto<br />

em cultivo semi-hidropônico, os quais não continham fertilizantes e micróbios, o rendimento<br />

obtido foi muito baixo (PRIPDEEVECH; WONGPORNCHAI; PROMSIRI, 2006). Adams et al. (2004),<br />

estudando a produção de óleo de C. zizanioides por cultura de tecidos e desenvolvimento em


302 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

solo estéril obtiveram rendimento de óleo mais baixo (0,02%) que os de amostras comuns e<br />

crescendo em solo não esterilizado (0,29 a 0,40%). De acordo com experimento hidropônico<br />

realizado por Rotkittikhun et al. (2010), o metal chumbo e adição de micróbios pode aumentar<br />

o rendimento de óleo de C. zizanioides (0,40 a 1,30%). Através de experimento hidropônico e<br />

enriquecimento do solo com NPK, Dethier et al. (1997) obtiveram rendimentos que variaram<br />

de 2,10 a 2,90% após 20 meses de cultivo, e sem variação da composição química. Entretanto,<br />

Adams et al. (2004) relataram que a composição química dos óleos obtidos por cultura de<br />

tecidos é muito diferente da oriunda de amostras comuns, principalmente quanto a presença<br />

de alcanos e alcanóis em óleos hidropônicos.<br />

Não foi encontrada na literatura a composição química do óleo de C. zizanioides cultivada no<br />

município do Acará, principal fornecedor de raiz de patchuli para o mercado paraense. O objetivo<br />

deste trabalho foi investigar a composição química e o rendimento de óleo essencial das raízes<br />

de C. zizanioides coletadas no município do Acará e em outros municípios das áreas costeira e<br />

fluvial do Pará, e investigar a variação do rendimento de óleo e teor dos principais sesquiterpenos,<br />

em função do tempo de secagem e de hidrodestilação.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Amostras botânicas<br />

As amostras foram coletadas no período de 2004 a 2006, em três municípios localizados em<br />

área fluvial (Amostra M1: município do Acará, Amostra M2: Barcarena, Amostra M3: Santarém<br />

Novo), e quatro em área litorânea (Amostra M4: Augusto Corrêa, Amostra M5: São Miguel do<br />

Guamá, Amostra M6: Maracanã, Amostra M7: Tracuateua) do estado do Pará. As exsicatas das<br />

Amostras M2, M4 e M7 foram depositadas no Herbário MG do Museu Paraense Emílio Goeldi<br />

(M2 = 175.154, M4 = 168.786, M7 = 181.753). As amostras foram secas sobre telas de plástico<br />

durante 30 dias, em sala climatizada com ar condicionado (22 o C) e equipada com<br />

desumidificador e moídas em moinho de facas. Para comparação do rendimento em função<br />

do tempo de secagem, a Amostra M5 foi seca durante 30, 60 e 120 dias.<br />

Extração dos óleos essenciais<br />

Os óleos foram obtidos por hidrodestilação durante 3 horas, em sistemas de vidro do tipo<br />

Clevenger, utilizando sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação em<br />

torno de 15 o C. Para avaliar o melhor tempo de hidrodestilação, as amostras M1 e M5 foram<br />

extraídas em intervalo de 3 h até completar 12 h de extração, e posteriormente em intervalos<br />

de 1 h, no melhor período observado no experimento anterior (de 3 em 3 h). A Amostra M5


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 303<br />

também foi utilizada para investigar o melhor tempo de secagem. Os óleos obtidos foram<br />

centrifugados a 3.000 r.p.m. durante 5 min, desidratados com Na 2<br />

SO 4<br />

anidro, e novamente<br />

centrifugados nas mesmas condições. As amostras para análise por cromatografia gasosa foram<br />

preparadas imediatamente após a segunda centrifugação numa proporção de 2 µL do óleo/<br />

1 mL de hexano. Para a investigação do melhor tempo de hidrodestilação, as Amostras M1 foi<br />

extraída de 6 a 12 h, e a Amostra M5 de 6 a 9 h. O rendimento de óleo foi calculado em mL/<br />

100g de amostra livre de umidade. O teor de umidade foi determinado através de destilação<br />

azeotrópica com tolueno durante 3 h, utilizando coletor de vidro Dean & Stark (WHO, 1998).<br />

Análise da composição química<br />

A composição química foi obtida por cromatografia em fase gasosa/espectrometria de massas<br />

em sistema Finnigan Mat INCOS XL equipado com coluna capilar de sílica DB-5MS (30 m x<br />

0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme). Hélio foi utilizado como gás de arraste em velocidade<br />

linear de 32 cm/s (medida a 100 o C); a programação de temperatura do forno foi 60-240 o C<br />

(3 o C/min). A injeção foi sem divisão de fluxo (2 µL de óleo da solução hexânica) e as<br />

temperaturas do injetor e do detector foram 250 o C. O espectrômetro de massas foi operado<br />

por impacto de elétrons a 70 eV e a temperatura da fonte de íons e interface 180 o C. A<br />

identificação foi feita através da comparação dos espectros de massas e índices de retenção<br />

(IR) com os existentes na biblioteca NIST-05 do sistema e da literatura (ADAMS, 2001, 2007).<br />

Os IR foram obtidos utilizando a série homóloga dos n-alcanos C8–C26 (Fluka S.A.) nas mesmas<br />

condições cromatográficas. A quantificação foi obtida utilizando um cromatógrafo HP 5890-II,<br />

equipado com detector de ionização de chamas acoplado a um integrador HP 3396-II, nas<br />

mesmas condições cromatográficas, exceto o gás de arraste, que foi o hidrogênio.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As amostras da raiz de C. zizanioides forneceram óleos por hidrodestilação, que variaram de<br />

0,19 a 1,04% quando extraídos durante 3 h: área fluvial (Amostras M1: 0,31%, M2: 0,44%, M3:<br />

0,62%), área litorânea (Amostras M4: 0,31%, M5: 1,04%, M6: 0,29%, M7: 0,36%).<br />

Na Tabela 1 encontram-se os dados referentes à extração do óleo essencial da raiz da Amostra<br />

M5 (coletada em São Miguel do Guamá), após secagem em sala climatizada durante 30, 60 e 120<br />

dias. Os resultados obtidos indicaram a ocorrência de grande variação do rendimento de acordo<br />

com o tempo de secagem da amostra e com o tempo de hidrodestilação. Os melhores resultados<br />

foram obtidos quando a amostra foi seca durante 120 dias e a hidrodestilação foi 8 h.


304 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Tabela 1. Massa (M), umidade residual (U), tempo de extração (TE) e rendimento de óleo (RO) da raiz de<br />

Chrysopogon zizanioides coletada em São Miguel do Guamá (Amostra M5).<br />

Tempo de secagem M (g) U (%) TE(h) RO (%) RO alu<br />

(%)<br />

30 dias 27,0 11,0 6 0,93 1,04<br />

7 1,11 1,25<br />

8 1,48 1,66<br />

9 1,48 1,66<br />

60 dias 15,0 9,0 8 1,67 1,84<br />

120 dias 15,0 9,0 8 1,84 2,02<br />

RO alu<br />

= rendimento de óleo calculado com base na amostra livre de umidade.<br />

Na Tabela 2 encontram-se relacionados os rendimentos e os sesquiterpenos predominantes<br />

nos óleos das Amostras M1 (coletada no município do Acará) e M5, secas durante 30 dias e<br />

extraídas em intervalos de 3 h (Amostra M1) e 1 h (M5).<br />

Tabela 2. Rendimento de óleo e sesquiterpenos majoritários do óleo da raiz de Crysopogon zizanioides dos<br />

municípios de Acará (Amostra M1) e São Miguel do Guamá (Amostra M5), obtido em diferentes tempos de<br />

hidrodestilação.<br />

Sesquiterpenos (%) M1 M5<br />

3h 6h 9h 12h 6h 7h 8h 9h<br />

RO (%) 0,77 1,25 1,72 1,72 1,04 1,25 1,66 1,66<br />

kusinol 4,28 3,87 3,31 3,55 3,18 2,90 3,10 2,90<br />

kusimol 15,61 16,38 14,13 16,64 29,12 22,44 29,12 30,15<br />

biciclovetivenol 9,30 9,93 9,78 9,85 9,61 7,95 9,69 9,82<br />

(E)-isovalencenol 3,67 5,34 6,40 2,62 1.63 1,25 1,05 1,30<br />

β-vetivona 2,22 2,35 2,15 1,25 3,81 3,32 4,04 4,29<br />

α-vetivona 3,87 4,55 4,11 5,10 5,55 4,25 5,87 5,99<br />

Os dados apresentados na Tabela 2 indicam que os teores dos sesquiterpenos predominantes<br />

nos óleos de C. zizanioides não variaram consideravelmente em função do tempo de<br />

hidrodestilação, entretanto, o teor dos mesmos nas duas amostras foi muito diferente: o teor<br />

do kusimol (29,12-30,15%) foi maior na Amostra M5 (São Miguel do Guamá), enquanto o do<br />

(E)-isovalencenol (3,67-6,40%) foi maior na Amostra M1 (Acará).<br />

Na Tabela 3 encontram-se relacionados os constituintes predominantes nos óleos das raízes<br />

de C. zizanioides coletadas nos sete municípios do nordeste do Pará, secas durante 30 dias e<br />

submetidas a 3 h de hidrodestilação.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 305<br />

Tabela 3. Sesquiterpenos majoritários dos óleos das raízes de Chrysopogon zizanioides cultivadas em sete<br />

municípios do nordeste paraense (Amostras M1 a M7).<br />

Sesquiterpenos (%) M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7<br />

kusinol 4,28 1,54 4,29 4,31 2,72 4,16 3,92<br />

kusimol 15,61 18,33 13,68 17,87 23,91 6,95 13,36<br />

biciclovetivenol 9,30 8,76 10,96 8,47 7,89 9,07 8,56<br />

(E)-isovalencenol 3,67 1,14 1,67 1,19 1,14 1,66 3,19<br />

β-vetivona 2,22 4,48 4,16 3,04 12,02 13,85 17,99<br />

α-vetivona 3,87 3,19 3,77 2,90 5,12 5,61 2,55<br />

M1 = Acará, M2 = Barcarena, M3 = Santarém Novo, M4 = Augusto Corrêa, M5 = São Miguel do Guamá,<br />

M6 = Maracanã, M7 = Tracuateua.<br />

Os teores dos sesquiterpenos majoritários variaram considerávelmente: kusinol (1,54-4,31%),<br />

kusimol (6,95-23,91%), biciclovetivenol (7,89-10,96%), (E)-isovalencenol (1,14-3,67%),<br />

β-vetivona (2,22-12,02%), α-vetivona (2,25-5,61%) (Figura 1).<br />

Os constituintes identificados nos óleos de C. zizanioides adquiridos no Complexo do Ver-o-Peso<br />

(Belém) e no município do Acará encontram-se relacionados na Tabela 4, em ordem crescente<br />

dos seus índices de retenção. No óleo do município do Acará, onde as raízes foram colhidas ao<br />

completar 12 meses de cultivo orgânico, os principais constituintes foram kusimol (22,18%), um<br />

sesquiterpeno com massa igual a 220 (17,68%), biciclovetivenol (9,19%) e α-vetivona (7,51%).<br />

Figura 1. Variação no teor dos principais sesquiterpenos dos óleos de Chrysopogon zizanoides do nordeste paraense.


306 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Outros sesquiterpenos presentes em teor maior ou igual 3,00% foram α-cadinol, 2-epi-ziza-<br />

6(13)-en-3α-ol, kusinol, vetiselinenol e β-vetivona. O teor de kusimol encontrado no óleo do<br />

Acará (M1) e de São Miguel do Guamá (M5) foi similar ao detectado no óleo da Ilha do Combu<br />

(22,08-25,14%) por Costa et al. (2006), obtido por hidrodestilação, entretanto, o teor de<br />

biciclovetivenol foi inferior. No óleo do Combu, o teor de biciclovetivenol variou de 13,70 a 19,02%.<br />

O teor kusimol no óleo do Acará também foi similar ao de Sergipe, mas a diferença marcante foi<br />

o alto teor de (E)-isovalencenol (13,24%) quando comparado ao óleo do Acará (0,45%) (LIMA et<br />

al., 2012). Kusimol tem sido encontrado como o sesquiterpeno majoritário dos óleos de<br />

C. zizanioides: óleo procedente de Burundi (19,4%-29,5%) submetido a diferentes tratamentos<br />

agronômicos (DETHIER et al., 1997); de uma amostra cultivada em Sergipe (19,57%) (LIMA et al.,<br />

2012); no óleo do Havaí (14,70%) (WEYERSTAHL et al., 2000a). De acordo com Mallavarapu et al.<br />

(2012), que detectaram kusimol nos óleos de quatro localidades do sul da Índia variando de 16,1<br />

a 19,2%, e consideram que os sesquiterpenos kusimeno, δ-selineno, β-vetiveneno, ciclocopacanfan-<br />

12-ol (epímeros A e B), vetiselinenol, kusimol, isovalencenol, α-vetivona e β-vetivona contribuem<br />

para o odor característico do óleo do patchuli. Kusimol, isovalencenol e vetiselinenol são<br />

responsáveis pelo precioso odor de base (amadeirado) do óleo de C. zizanioides, enquanto<br />

kusimona e α-vetivona possuem forte odor frutal (WEYERSTAHL et al., 2000a).<br />

Tabela 4. Constituintes (%) identificados nos óleos das raízes de Chrysopogon zizanioides adquirida no Ver-o-<br />

Peso e no município do Acará em 2002.<br />

Constituintes IR c<br />

VP AC Constituintes IR c<br />

VP AC<br />

prezizaeno 1441 0,15<br />

kusimeno 1446 0,64 0,55<br />

γ-muuroleno 1463 0,20<br />

β-vetispireno 1484 0,82<br />

α-amorfeno 1485 1,46<br />

valenceno 1493 0,30<br />

δ-amorfeno 1511 1,26<br />

δ-cadineno 1520 1,11<br />

α-calacoreno 1535 0,26<br />

β-vetiveneno 1548 2,61 0,45<br />

kusimona 1604 0,74 0,47<br />

junenol 1615 6,22<br />

γ-eudesmol 1628 1,13<br />

1-epi-cubenol 1631 0,96<br />

epi-α-muurolol 1642 1,04<br />

α-eudesmol 1650 2,09<br />

α-cadinol 1655 7,22 5,81<br />

epi-zizanona 1663 2,46<br />

M = 220 1675 2,35 17,68<br />

2-epi-ziza-6(13)-en-3α-ol 1689 3,14<br />

eudesm-7(11)-en-4-ol 1700 2,59<br />

kusinol 1709 3,94<br />

vetiselinenol 1732 2,88 3,99<br />

kusimol 1750 15,54 22,18<br />

biciclovetivenol 1790 9,30<br />

(E)-isovalencenol 1807 0,45<br />

β-vetivona 1812 2,45 5,32<br />

α-vetivona 1836 2,96 7,51<br />

ácido prekusênico 1877 1,14


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 307<br />

A variação da composição química confere diferentes notas olfativas ao óleo de C. zizanioides<br />

cultivada no Pará, que ainda necessita de estudos específicos para essa área. O óleo da amostra<br />

oriunda de Santarém Novo (M3) apresentado neste trabalho foi submetido a teste olfativo por<br />

perfumista experiente, que o considerou de excelente qualidade.<br />

O perfil cromatográfico (Figura 2) dos óleos de C. zizanioides é mais ou menos constante, e é<br />

constituído por uma região contendo sesquiterpenos hidrocarbonetos (kusimeno, α-amorfeno,<br />

β-vetiveneno), uma intermediária contendo sesquiterpenos oxigenados (kusimona, α-cadinol,<br />

M = 220, vetiselinenol, kusimol) principalmente álcoois, e uma terceira também representada<br />

por sesquiterpenos oxigenados (biciclovetivenol, β-vetivona, α-vetivona e ácidos kusênico e/<br />

ou prekusêncio).<br />

A composição química dos óleos de C. zizanioides estudados, principalmente os teores dos<br />

principais constituintes são comparáveis aos obtidos por outros autores para espécimes<br />

cultivados em diferentes países (DETHIER et al., 1997; COSTA et al., 2006; DANH et al., 2010,<br />

LIMA et al., 2012). A composição química variou quantitativamente em função dos locais de<br />

coleta, porém não houve variação significativa quanto ao tempo de extração, o que também foi<br />

relatado por Costa et al. (2006).<br />

Figura 2. Cromatograma parcial do óleo da raiz de Chrysopogon zizanioides do município do Acará, 2002.


308 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

CONCLUSÃO<br />

As amostras de Chrysopogon zizanioides cultivadas no Pará apresentaram alto rendimento de<br />

óleo, e composição química contendo alto teor de vários sesquiterpenos responsáveis pelo<br />

odor característico do mesmo, o que leva a considerar a espécie uma promissora fonte para a<br />

produção industrial do óleo de patchuli (conhecido por vetiver oil no mercado internacional)<br />

no Pará.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Programa Norte de Pesquisa e Pós-Graduação (PNOPG) pelo financiamento da pesquisa,<br />

ao MCTI pela concessão da bolsa PCI Proc.381990/04-4 (Raimunda A. Pereira) e ao técnico<br />

botânico Osvaldo Cardoso do Nascimento, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), pelo<br />

apoio nas atividades de campo.<br />

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______. et al. New cis-eudesm-6-ene derivatives from vetiver oil. Liebigs Ann., p. 1783-1787, 1997.<br />

______. et al. Constituents of Haitian vetiver oil. Flavour Fragr. J., v. 15, p. 395-412, 2000a.<br />

______. et al. 1,7-Cyclogermacra-1(10), 4-dien-15-al, a sesquiterpene with a novel skeleton, and other<br />

sesquiterpenes from Haitian vetiver oil. Flavour Fragr. J., v. 15, p. 61-83, 2000b.<br />

______. et al. Analysis of the polar fraction of Haitian vetiver oil. Flavour Fragr. J., v. 15, p. 153-173, 2000c.<br />

WHO. Quality control methods for medicinal plant materials. Geneva: World Health Organization, 1998. p. 30-34.


Espécies aromáticas comercializadas<br />

no Complexo do Ver-o-Peso<br />

Jorge Oliveira<br />

INTRODUÇÃO<br />

O complexo do Ver-o-Peso, segundo Fleury e Ferreira (2011), compreende, além de duas praças,<br />

a Praça do Pescador e a Praça do Relógio, um mercado a céu aberto, constituído por duas<br />

feiras, a Feira do Açaí e a Feira do Ver-o-Peso; uma doca de embarcações – Doca do Ver-o-Peso;<br />

e os dois mercados – Mercado de Ferro (Mercado de Peixe) e o Mercado de Carne (antigo<br />

Mercado Municipal). Na Feira do Ver-o-Peso é onde se pratica o comércio dos mais<br />

diversificados produtos, como peças de vestuário, artesanato, frutas, verduras, comidas regionais,<br />

plantas ornamentais, medicinais, aromáticas e místicas (BERG, 1984; ZOGHBI; OLIVEIRA, 2011).<br />

É um espaço de convergência dos mais variados produtos oriundos dos municípios paraense.<br />

Dentro deste contexto, está situada uma área com inúmeras barracas destinadas à<br />

comercialização das espécies vegetais, na sua maioria in natura, que compreendem ramos,<br />

folhas, flores, óleos, resinas, seivas, frutos e perfumaria artesanal, além de algumas espécies<br />

desidratadas (cascas sementes e raízes) ou sob a forma conhecida como garrafada (tônicas e<br />

afrodisíacas).<br />

A comercialização de espécies vegetais é uma atividade praticada na maioria das cidades<br />

brasileiras em mercados municipais, feiras-livres e ervanários, onde os vendedores são<br />

conhecidos como erveiros ou raizeiros, principalmente os vendedores de plantas medicinais<br />

(AZEVEDO; SILVA, 2006). Esse tipo de atividade, além de proporcionar uma contribuição<br />

econômica para muitas famílias, tanto para produtores como para vendedores, também mantém<br />

viva a herança cultural deixada pelos ancestrais formadores do povo brasileiro, como os<br />

europeus, e principalmente pelos índios e pelos negros africanos, posto que muitas espécies<br />

vegetais, hoje cultivadas aqui, foram trazidas por esses povos.<br />

As plantas aromáticas, pela sua composição química, são fontes de óleos essenciais e são<br />

utilizadas como medicinais, em perfumaria, alimentícias, biocidas, farmacêuticas e outros usos<br />

(ZOGHBI; OLIVEIRA, 2011). No estado do Pará, tanto em Belém como nas sedes dos municípios,<br />

é comum encontrar nas feiras livres ou mercados municipais a venda de plantas, principalmente<br />

para uso medicinal.


312 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das espécies aromáticas<br />

comercializadas no complexo do Ver-o-Peso, dos produtores e dos locais de produção, traçando<br />

um perfil desse tipo de comércio secular nesse mercado.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As áreas objeto deste estudo foram o complexo do Ver-o-Peso, feiras livres, mercados municipais,<br />

bem como os locais de cultivo e distribuição das espécies comercializadas, que compreenderam<br />

os municípios de Acará, Ananindeua, Abaetetuba, Barcarena, Belém, Igarapé Miri e Marituba.<br />

Para este trabalho, as espécies vegetais foram adquiridas no setor de comercialização de plantas<br />

do complexo do Ver-o-Peso e nos locais de cultivo. Posteriormente, foram submetidas ao<br />

processo de herborização, que consistiu em prensagem, desidratação em estufa, identificação,<br />

montagem em cartolina padronizada, registradas e incorporadas ao acervo do herbário da<br />

Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (Herbário MG). A identificação da<br />

maioria das espécies foi efetuada pelo Dr. Antonio Elielson S. Rocha, pesquisador da<br />

Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi, através de comparações com<br />

diagnoses e descrições originais, de comparação com espécimes herborizados e análise com<br />

auxílio de estereomicroscópio (ROCHA, 2008).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Através do levantamento realizado no complexo do Ver-o-Peso, foi registrada a ocorrência de<br />

27 famílias, 70 gêneros e 86 espécies (Quadro 1). Zoghbi e Oliveira (2011) referem-se a mais<br />

de 100 espécies aromáticas comercializadas nesse mesmo local. Dentre as espécies levantadas,<br />

56 são cultivadas e 30 espontâneas, com predominância das ervas (54), seguida por árvores<br />

(20), arbustos (6) e cipós (6) (Figura 1).<br />

LOCAIS E MODOS DE PRODUÇÃO<br />

Os locais de produção das espécies comercializadas no Ver-o-Peso, identificados neste<br />

trabalho, foram os municípios de Belém (Distritos de Icoaraci e Mosqueiro, as Ilhas das Onças<br />

e Cotijuba), do Acará (Boa Vista, Genipaúba e Santa Rosa), de Abaetetuba, de Ananindeua<br />

(Curuçambá e Distrito Industrial), de Barcarena, de Igarapé Miri e de Marituba, num total de<br />

17 agricultores. A maioria dos agricultores que fornece essa matéria-prima para o complexo<br />

do Ver-o-Peso também abastece outras feiras livres de Belém, ervanários e indústria de


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 313<br />

Figura 1. Forma de vida das espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.<br />

perfumaria e cosméticos. Contudo, a maioria da produção é destinada ao abastecimento do<br />

complexo do Ver-o-Peso, algumas sob encomenda dos próprios feirantes, ou para<br />

atravessadores que fazem a distribuição para os feirantes.<br />

Em Icoaraci, os agricultores fornecem para um distribuidor local, que repassa as espécies<br />

vegetais para os vendedores de ervas de diversas partes de Belém, sendo que a quantidade de<br />

espécies cultivadas é insipiente, pois a maioria é proveniente do cultivo nos quintais, em vasos<br />

e paneiros. Para o fornecimento das plantas ao complexo do Ver-o-Peso, os atravessadores<br />

adquirem pequenas quantidades de vários produtores, inclusive de Ananindeua e Cotijuba. Os<br />

fornecedores de Icoaraci também vendem cascas de algumas espécies como jatobá (Hymenaea<br />

courbaril L. - Fabaceae), cedro (Cedrela odorata L. - Meliaceae), andiroba (Carapa guianensis<br />

Aublet. - Meliaceae) e raízes de arataciú (Sagotia racemosa Baill. - Euphorbiaceae) coletadas na<br />

vegetação adjacente.<br />

O município do Acará é um dos maiores produtores de espécies aromáticas, principalmente de<br />

ervas e arbustos oriundos das localidades de Boa Vista e Genipaúba, dentre as quais se destacam:<br />

abre-caminho (Justicia pectoralis var. stenophylla Leon - Acanthaceae), alfavaca (Ocimum<br />

campechianum Mill. - Lamiaceae), alecrim-d’angola (Vitex agnus-castus L. - Lamiaceae), alfavacão<br />

(Ocimum gratissimum L - Lamiaceae), pataqueira (Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.)<br />

Benth. - Plantaginaceae), pau-d’angola (Piper alatipetiolatum Yunck. - Piperaceae), chama<br />

(Mentha x piperita L. - Lamiaceae), catinga-de-mulata (Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. -<br />

Lamiaceae), mucura-caá (Petiveria alliacea L. - Phytolacaceae), erva-cidreira (Lippia alba (Mill.)<br />

N. E. Br. - Verbenaceae), oriza (Pogostemon heyneanus Benth. - Lamiaceae) e capim-santo<br />

(Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. - Poaceae). Além dessas espécies, o município é um grande<br />

produtor de patchuli [Chrysopogon zizanioides. (L.) Roberty - Poaceae] e de priprioca (Cyperus<br />

articulatus L.). Segundo Rocha (2008), na Amazônia são conhecidas sob a denominação de<br />

priprioca algumas espécies do gênero Cyperus. No Acará, pelo menos três espécies com essa


314 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

denominação são comercializadas: priprioquinha (Cyperus rotundus L.), priprioca (Cyperus<br />

articulatus L. var. nodosus) e pripriocão (Cyperus prolixus Kunth).<br />

A priprioca, a priprioquinha e o pripriocão são espécies da família Cyperaceae, cujas raízes são<br />

constituídas por tubérculos endurecidos, arredondados ou elipsoides, perfumados, e que depois<br />

de secos tornam-se amadeirados. Dentre as três espécies, a priprioca é a mais comercializada,<br />

por apresentar odor mais agradável, sendo utilizada nos banhos aromáticos, sachês e perfumes<br />

regionais. É comercializada em maços ou acondicionada em paneiro. O fornecimento dessa<br />

espécie é efetuado tanto para o complexo do Ver-o-Peso como para a indústria local de<br />

perfumaria e cosméticos, e para fabricantes de perfumes artesanais.<br />

O patchuli é uma espécie da família Poaceae, cujas raízes, que se apresentam finas, resistentes,<br />

reunidas em tufos, de coloração amarelo-esbranquiçada, e com perfume muito agradável e<br />

persistente. Para a comercialização do patchuli, o produtor embala as raízes em pacotes<br />

contendo 100 maços cada. No complexo do Ver-o-Peso e demais locais de comercialização, o<br />

patchuli é vendido em pequenos maços. No Acará, também são confeccionados com a raiz<br />

do patchuli alguns objetos artesanais usados na decoração, como árvores de Natal, anjos,<br />

renas, bonecas e cabides, que são fornecidas para o complexo do Ver-o-Peso e lojas de<br />

artesanato.<br />

Em Ananindeua, os bairros de Curuçambá e Distrito Industrial são locais de grande produção<br />

de verduras e hortaliças que abastecem as feiras livres e supermercados da região Metropolitana<br />

de Belém. Juntamente com as verduras e hortaliças são cultivadas as plantas aromáticas,<br />

principalmente catinga-de-mulata, chama, oriza, abre-caminho, estoraque (Ocimum<br />

americanum L. - Lamiaceae), cravo-de-defunto (Tagetes erecta L. - Asteraceae), cravo-miúdo<br />

(Tagetes minuta L. - Asteraceae), japana (Ayapana tripinervis (M. Vahl) R. M. King & H. Rob -<br />

Asteraceae), sombra-do-mundo (Senna hirsuta (L.) H. S. Irwin & Barneby - Fabaceae) e canela<br />

(Cinnamomum verum J. Presl. – Lauraceae).<br />

Os municípios de Barcarena e Igarapé Miri também fornecem plantas aromáticas para Belém,<br />

contudo o maior destaque são as cascas e sementes de várias espécies cultivadas (nativas ou<br />

exóticas) ou espontâneas. Em Marituba, a maior fornecedora de espécies aromáticas é a Sra.<br />

Didi, cuja produção é comercializada direto para o complexo do Ver-o-Peso, destacando-se<br />

cibalena (Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex Benth. - Lamiaceae), vassourinha (Scoparia<br />

dulcis L. - Plantaginaceae), cominho (Pectis elongata Kunth - Asteraceae), gengibre (Zingiber<br />

officinale Roscoe - Zingiberaceae), mangarataia (Curcuma longa L. - Zingiberaceae),<br />

carrapatinho-da-laranjeira (Peperomia rotundifolia (L.) Kunth - Piperaceae), anjo-de-guarda<br />

ou sacaquinha ou pega-não-me-larga (Croton sacaquinha Croizat – Euphorbiaceae), manjerona


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 315<br />

(Lippia thymoides Mart. & Schauer - Verbernaceae), vindicá-pajé ou vindicá-menino (Renealmia<br />

monosperma Miq. - Zingiberaceae), vindicá-grande (Alpinia zerumbet (Pers.) B. L. Burtt & R. M.<br />

Sm. - Zingiberaceae), alfazema (Aloysia oblanceolata Moldenke - Verbenaceae), manjericãoroxo<br />

(Ocimum basilicum L. – Lamiaceae), artemísia (Ambrosia microcephala DC. - Asteraceae)<br />

e hortelã-de-panela (Mentha spicata L. - Lamiaceae).<br />

FORMA DE CULTIVO<br />

Segundo Silva et al. (2008a), no Brasil, a produção de plantas medicinais e aromáticas ainda se<br />

encontra, na sua maioria, em cultivos de “quintal” ou exploração predatória. No Pará, mais<br />

precisamente no município de Ananindeua, o cultivo das espécies aromáticas e medicinais,<br />

principalmente as ervas, está consorciado com o cultivo de hortaliças (Figura 2). Essa prática é<br />

consequência do pouco espaço disponível para a agricultura.<br />

Em Marituba, as ervas e subarbustos são cultivados em leiras ou dentro de cercados. Em Icoaraci,<br />

o cultivo é insipiente, pois além de cultivarem um número reduzido de espécies, as mesmas<br />

são cultivadas nos quintais, jardins ou em recipientes como vasos e paneiros.<br />

Figura 2. Horta consorciada com espécies aromáticas e hortaliças em Ananindeua-PA. Foto: M. G. B. Zoghbi.


316 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

No Acará, a priprioca é cultivada na “coivara”, que é um espaço na lateral da roça, onde é<br />

depositado o material resultante da limpeza do roçado, ou seja, os restos de vegetação que não<br />

foram totalmente consumidos pelo fogo, e que posteriormente volta a ser queimada. A matéria<br />

orgânica resultante desse processo (cinza) é considerada excelente adubo para o cultivo da<br />

priprioca. Quanto ao patchuli, o mesmo é cultivado em leiras ou “reboleiras” (amontoado de<br />

terra afofada) para facilitar a retirada da planta para a coleta das raízes.<br />

Em Cotijuba e Santo Antonio do Tauá, a priprioca é cultivada em leiras de 50 m x 1,20 m com adubação<br />

orgânica (cama de aviário), constituída por palha de arroz e fezes de galinha (SILVA et al., 2008b).<br />

ESPÉCIES MAIS CULTIVADAS<br />

A maioria das espécies aromáticas comercializadas no complexo do Ver-o-Peso é constituída por<br />

herbáceas cultivadas em pequenas hortas, consorciadas com hortaliças, em áreas bem menores<br />

que as destinadas às hortaliças, levando à produção de pequena quantidade de espécies por<br />

agricultor, fazendo com que o abastecimento seja efetuado por muitos agricultores. Essa pequena<br />

produção é em decorrência da inexpressiva comercialização dessas ervas durante o ano, com exceção<br />

de algumas datas como o Ano Novo, com a utilização das plantas aromáticas que entram na<br />

composição do banho-da-felicidade; a Quadra Junina, com o banho-de-são-joão ou banho-cheiroso,<br />

período em que os agricultores multiplicam as áreas de cultivo dessas espécies. Outro fator que<br />

colabora na redução das espécies aromáticas são as datas referentes ao Dia de Finados, com o<br />

cultivo de plantas fornecedoras de flores como sorriso-de-maria (Aster tradescantii L. - Asteraceae),<br />

zínia (Zinnia elegans Jacq. - Asteraceae), cravo-de-defunto (Tagetes erecta L.) e cravo miúdo (Tegetes.<br />

minor L. - Asteraceae); e o Círio de Nazaré, com o cultivo do jambú (Acmella oleracea (L.) R. K.<br />

Jansen – Asteraceae), um dos componentes da culinária regional que é o pato-no-tucupi. Prevendo<br />

essa demanda, próximo a essas datas os agricultores passam a cultivar essas espécies com maior<br />

intensidade, dobrando ou triplicando as áreas de cultivo, em detrimento das outras espécies.<br />

Berg e Silva (1986) identificaram 47 espécies, na sua maioria aromáticas, que entram na<br />

composição do “banho-de-são-joão”, dentre as quais, destacam-se: abre-caminho, alecrimd’angola,<br />

catinga-de-mulata, chama, cipó-uíra, estoraque, manjericão, japana, patichuli, paud’angola,<br />

pataqueira, priprioca e vindicá.<br />

DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO<br />

As espécies comercializadas no complexo do Ver-o-Peso são transportadas pelos produtores<br />

ou por atravessadores ainda de madrugada, pelo menos uma vez por semana, através de carros<br />

e de embarcações. Estes se dirigem diretamente para a feira do Açaí, no Ver-o-Peso, ou Porto


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 317<br />

da Palha, onde são entregues diretamente para os proprietários das barracas ou para um<br />

intermediário encarregado da revenda e distribuição. Essas plantas são transportadas embaladas<br />

em pacotes contendo vários maços, acondicionados em paneiros fabricados com as talas de<br />

guarumã (Ischnosiphon arouma (Aubl.) Köern. – Marantaceae).<br />

Nas áreas de comercialização as espécies ficam arrumadas umas sobre as outras ao longo dos<br />

balcões das barracas. No final do expediente são guardadas dentro de paneiros forrados com<br />

jornal, para facilitar a aeração e conservação por mais tempo. Dependendo da espécie, a<br />

conservação das mesmas varia de três dias até uma semana. Algumas espécies são adquiridas<br />

pelos feirantes plantadas em paneiros, e que são comercializadas como planta inteira ou por<br />

“palmas”, como são conhecidas as folhas de algumas espécies como a da arruda, da pluma e da<br />

malva-rosa. Na Figura 3 está demonstrada a comercialização de arruda cultivada em paneiros,<br />

em um estabelecimento comercial do Distrito de Icoaraci.<br />

Figura 3. Comercialização de arruda (Ruta graveolens) em paneiros. Foto: M. G. B. Zoghbi.<br />

CONCLUSÃO<br />

As plantas aromáticas comercializadas no complexo do Ver-o-Peso constituem um aspecto<br />

sociocultural bastante representativo na cidade de Belém. Sob o ponto de vista econômico,<br />

oferece importante contribuição, pois o dinamismo do comércio oportuniza a compra e venda<br />

da diversidade de produtos de origem vegetal, além do que a parcela da população mais carente<br />

encontra nas ervas a forma mais imediata e barata para os seus problemas da saúde.


318 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

O complexo do Ver-o-Peso pode representar um ponto de partida para estudos de etnobiologia,<br />

ampliando e aprofundando o conhecimento sobre o uso das plantas aromáticas, com vistas a<br />

buscar informações que possam subsidiar políticas de geração de produtos, no que se refere à<br />

farmacologia, indústria de perfumes, cosméticos, biocidas, etc., além de projetos que incentivem<br />

o cultivo racional, evitando a exploração predatória de algumas espécies, principalmente aquelas<br />

fornecedoras de matérias-primas provenientes de cascas e madeiras do caule.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O autor agradece ao Dr. Antonio Elielson S. Rocha, pela colaboração na identificação das espécies<br />

vegetais, e à Dra. Maria das Graças B. Zoghbi, coordenadora do projeto “Aromáticas na Amazônia:<br />

Alternativa Econômica para Comunidades Rurais (PNOPG/CNP2002-2004), por parte dos<br />

resultados ora apresentados ser oriunda do referido projeto.<br />

REFERÊNCIAS<br />

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no Rio de Janeiro. RJ, Brasil. Acta Bot. Bras., v. 20, n. 1, p. 173-184, 2006.<br />

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Bot., v. 2, n. 2, p. 213-218, 1986.<br />

FLEURY, J. N.; FERREIRA, A. A. Ver-o-Peso da cidade: o mercado, a carne e a cidade no final do século XIX.<br />

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POTIGUARA, R. C. V.; ZOGHBI, M. G. B. (Org.). Priprioca: um recurso aromático do Pará. Belém: MPEG/ UEPA,<br />

2008a. p. 151-160.<br />

SILVA et al. Sistema de produção da Priprioca (Cyperus articulatus L. var. nodosus) desenvolvido por pequenos<br />

produtores no estado do Pará. In: POTIGUARA, R. C. V.; ZOGHBI, M. G. B. (Orgs.). Priprioca: um recurso aromático<br />

do Pará. Belém: MPEG/ UEPA, 2008b. p. 131-150.<br />

ZOGHBI, M. G. B.; OLIVEIRA, J. As ervas de cheiro do Ver-o-Peso. In: GORAYEB, I. S. (Coord.). Amazônia sustentável.<br />

Belém: RM Graph, 2011. 188p. il.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 319<br />

Quadro 1. Nome vulgar (NV), família botânica(FB), nome científico (NC), local de cultivo (LC), forma de vida (FV) e parte utilizada (PU) das<br />

espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.<br />

NV FB NC LC FV PU<br />

abre-caminho Acanthaceae Justicia pectoralis var. stenophylla Leon Acará, Icoaraci, Ananindeua Erva Ramos<br />

alecrim-d’angola Lamiaceae Vitex agnus-castus L Icoaraci, Marituba Arbusto Ramos<br />

alfavaca Lamiaceae Ocimum campechianum Mill. Ananindeua, Icoaraci, Erva Folhas<br />

Marituba<br />

alfavacão Lamiaceae Ocimum gratissimum L Acará, Icoaraci, Arbusto Folhas<br />

alfazema Verbenaceae Aloysia oblanceolata Moldenke. Marituba Erva Folhas<br />

amburana-cheirosa Fabaceae Amburana acreana (Ducke) A. C. Smith Árvore Folhas<br />

anador, boldo-do-reino Lamiaceae Plectranthus barbatus Andr. Ananindeua, Icoaraci Erva Folhas<br />

andiroba Meliaceae Carapa guianensis Aubl. Marituba, Igapé Miri Árvore Casca/óleo<br />

anjo-da-guarda, sacaquinha, Euphorbiaceae Croton sacaquinha Croizat Ananindeua, Icoaraci, Árvore Folhas<br />

pega-e-não-me-larga Marituba<br />

aroeira Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Marituba Árvore Folhas<br />

arataciú Euphorbiaceae Sagotia racemosa Baill. Acará Árvore Raiz<br />

arruda Rutaceae Ruta graveolens L. Acará, Ananindeua Erva Folhas<br />

artemísia Asteraceae Ambrosia microcephala DC. Marituba Erva Folas<br />

bastão-do-imperador Plantaginaceae Etlingera elatior (Jack) R. M. Smith Erva Folhas<br />

beliscão, colônia Lamiaceae Bacopa monnierioides (Cham.) B. L. Rob. Acará Erva Ramos<br />

borboleta Zingiberaceae Hedychium coronarium J. Koenig. Acará, Icoaraci Erva Folhas<br />

breu-branco Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Barcarena, Igarapé Miri Árvore Resina<br />

caapeba Piperaceae Piper peltatum L. Acará, Icoaraci Erva Folhas<br />

canela Lauraceae Cinnamomum verum J. Presl. Ananindeua, Icoaraci Árvore Folhas/casca<br />

capim-marinho Poaceae Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. Acará, Ananindeua, Erva Folhas<br />

Icoaraci, Igarapé Miri<br />

capitiú Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl Acará, Icoaraci Arbusto Folhas<br />

carrapatinho-da-laranjeira Piperaceae Peperomia rotundifolia (L.) Kunth Marituba Erva Folhas<br />

casca-preciosa Lauraceae Aniba canelilla (Kunth) Mez Barcarena Arvore Casca<br />

catinga-de- mulata Lamiaceae Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. Acará, Ananindeua, Icoaraci, Erva Ramos<br />

Igarapé Miri, Marituba<br />

cedro Meliaceae Cedrela odorata L. Icoaraci, Barcarena Árvore Casca


320 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Quadro 1. (cont.) Nome vulgar (NV), família botânica(FB), nome científico (NC), local de cultivo (LC), forma de vida (FV) e parte utilizada (PU) das<br />

espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.<br />

NV FB NC LC FV PU<br />

chama Lamiaceae Mentha x piperita L. Acará, Ananindeua, Icoaraci Erva Ramos<br />

cibalena Lamiaceae Ocimum carnosum (Spreng.) Marituba Erva Ramos<br />

Link & Otto ex Benth.<br />

cipó-catinga Asteraceae Mikania sp. Igarapé Miri Cipó Folhas/caule<br />

cipó-curimbó Bignoniaceae Bignonia nocturna (Barb. Rodr.) Igarapé Miri Cipó Caule<br />

L. G. Lohmann<br />

cipó-d’alho Bignoniaceae Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry Icoaraci Cipó Folhas/caule<br />

cipó-iuíra Annonaceae Guatteria scandens Ducke Barcarena, Cipó Caule<br />

cominho Asteraceae Pectis elongata Kunth Marituba Erva Ramos/frutos<br />

copaíba Fabaceae Copaifera spp. Árvore Óleo<br />

cordão-de-frade Lamiaceae Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. Igarapé Miri Erva Ramos<br />

cravo-de-defunto Asteraceae Tagetes erecta L. Ananindeua, Icoaraci Erva Folhas/flor<br />

cravo-miúdo Asteraceae Tagetes minuta L. Ananindeua Erva Folhas/flor<br />

cumaru Fabaceae Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Barcarena Arvore Casca<br />

desatrapalha Lauraceae Cassytha filiformis L. Icoaraci Cipó Caule<br />

desempata Asteraceae Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Acará Erva Ramos<br />

elixir-paregórico Piperaceae Piper callosum Ruiz & Pav. Acará, Ananindeua Árvore Folhas<br />

erva-cidreira Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N. E. Br. Acará, Ananindeua, Icoaraci Árvore Ramos<br />

erva-de-jabuti Piperaceae Peperomia pellucida (L.) Kunth Acará, Icoaraci Erva Ramos<br />

erva-doce Apiaceae Pimpinella anisum L. Marituba Erva Ramos<br />

estoraque Lamiaceae Ocimum americanum L. Acará, Ananindeua, Erva Ramos<br />

Igarapé Miri<br />

eucalipto Myrtaceae Eucalyptus globulus Labil. Icoaraci Árvore Folhas<br />

eucalipto Myrtaceae Eucalyptus grandis Hill ex Maiden Icoaraci Árvore Folhas<br />

fedegoso Boraginaceae Heliotropium indicum Linn. Icoaraci, Acará Erva Folhas<br />

gengibre Zingiberaceae Zingiber officinale Rosc. Acará, Ananindeua Erva Bulbo<br />

hortelãzinho, Lamiaceae Mentha spicata L. Igarapé Miri Erva Ramos<br />

hortelã-de-panela<br />

hortelã-do-maranhão Lamiaceae Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Acará, Ananindeua Erva Folhas


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 321<br />

Quadro 1. (cont.) Nome vulgar (NV), família botânica(FB), nome científico (NC), local de cultivo (LC), forma de vida (FV) e parte utilizada (PU) das<br />

espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.<br />

NV FB NC LC FV PU<br />

hortelã-pimenta Lamiaceae Mentha pulegium L. Acará, Ananindeua Erva Ramos<br />

japana Asteraceae Ayapana triplinervis (M. Vahl) Acará, Ananindeua Erva Ramos<br />

R. M. King & H. Rob.<br />

jasmim-de-santo-antônio Oleaceae Jasminum officinale L. Icoaraci Cipó Flor<br />

jatobá Fabaceae Hymenaea courbaril L. Igarapé Miri, Barcarena Árvore Casca-/resina<br />

lençol-de-santa-bárbara Piperaceae Piper marginatum Jacq. Marituba Arbusto Folhas<br />

losna, absinto Asteraceae Artemisia vulgaris L. Marituba Erva Folhas<br />

macacaporanga Lauraceae Aniba parviflora (Meisn.) Mez Barcarena Árvore Casca<br />

macela Lamiaceae Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera Igarapé Mirim Erva Ramo/flor<br />

malva-rosa Geraniaceae Pelargonium graveolens L’ Hér. Marituba Erva Folhas<br />

mangarataia Zingiberaceae Curcuma longa L. Marituba Erva Bulbos<br />

manjericão-roxo Lamiaceae Ocimum basilicum L. Acará, Ananindeua, Erva Ramos<br />

Igarapé Miri<br />

manjericão-folha-miúda Lamiaceae Ocimum minimum L. Acará, Ananindeua Erva Ramos<br />

manjerona, Lamiaceae Lippia thymoides Mart. & Schauer Acará, Marituba Arbusto Folhas<br />

manjerona-d’angola<br />

mastruz Amaranthaceae Dysphania ambrosioides (L.) Ananindeua, Igarapé Miri Erva Folhas<br />

Mosyakin & Clemants<br />

mucura-caá, quine Phytolacaceae Petiveria alliacea L. Ananindeua, Icoaraci Erva Folhas<br />

oriza Lamiaceae Pogostemon heyneanus Benth. Ananindeua, Icoaraci Erva Folhas<br />

pataqueira Plantaginaceae Conobea scoparioides Acará, Icoaraci Erva Ramos<br />

(Cham. & Schltdl.) Benth.<br />

patchuli Poaceae Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty Acará Erva Raiz<br />

pau-d’angola Piperaceae Piper alatipetiolatum Yunck. Ananindeua, Icoaraci Erva Folhas<br />

pau- rosa Lauraceae Aniba rosaeodora Ducke Santarém Árvore Casca<br />

pimenta-longa Piperaceae Piper aduncum L. Acará, Ananindeua Arbusto Folhas<br />

pluma Lamiaceae Tanacetum vulgare L. Abaetetuba, Marituba Erva Folhas<br />

priprioca Cyperaceae Cyperus articulatus L. Acará, Icoaraci Erva Rizomas<br />

pripriocão Cyperaceae Cyperus prolixus Kunth Acará Erva Rizomas


322 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Quadro 1. (cont.) Nome vulgar (NV), família botânica(FB), nome científico (NC), local de cultivo (LC), forma de vida (FV) e parte utilizada (PU) das<br />

espécies aromáticas comercializadas no Ver-o-Peso.<br />

NV FB NC LC FV PU<br />

pripioquinha Cyperaceae Cyperus rotundus L. Acará Erva Rizomas<br />

sacaca Euphorbiaceae Croton cajucara Benth. Marituba Árvore Folhas<br />

salva-do-marajó Lamiaceae Hyptis crenata Pohl ex Benth. Igarapé Miri Erva Folhas<br />

são joão-caá, Asteraceae Uxuria camphorata L.f. Acará Erva Ramos<br />

erva de-são-joão<br />

sombra-do-mundo Fabaceae Senna hirsuta (L.) H. S. Irwin & Barneby Ananindeua, Icoaraci Árvore Folhas<br />

trevo-cumarú Acanthaceae Justicia pectoralis Jacq. Ananindeua, Acará, Icoaraci Erva Ramos<br />

vassoura-de-botão Rubiaceae Spermacoce verticillata L. Icoaraci Erva Ramos<br />

vassourinha Plantaginaceae Scoparia dulcis L. Acará, Erva Ramos<br />

vick Lamiaceae Mentha arvensis L. Marituba Erva Folhas<br />

vindicá Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) Acará, Ananindeua, Marituba Erva Folhas<br />

B. L. Burtt. & R. M. Sm.<br />

vindicá-levante Zingiberaceae Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum. Ananindeua, Erva Folhas<br />

vindicá-pajé, vindicá-menino Zingiberaceae Renealmia monosperma Miq. Acará, Ananindeua, Erva Folhas<br />

Icoaraci, Marituba


Vetiver [Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty]<br />

no estado do Pará<br />

Milton Guilherme da Costa Mota<br />

Carmen Célia Costa da Conceição<br />

Kátia Maria Sena dos Santos<br />

José Maria Demétrio Gaia<br />

INTRODUÇÃO<br />

O vetiver é conhecido no estado do Pará pela denominação popular depatchuli, sendo cultivado<br />

principalmente para a produção de raízes muito aromáticas, utilizado como matéria-prima<br />

para a confecção de artesanato local, como leques, bolsas, bonecas, sachês, enfeites natalinos,<br />

entre outros, e obtenção de óleo essencial usado na composição de perfumes caseiros (BERG<br />

et al., 1986).<br />

O óleo de vetiver é muito valorizado no mercado nacional e internacional por suas propriedades<br />

aromáticas, sendo utilizado na aromaterapia, perfumaria e cosméticos, por ser excelente fixador<br />

de outras fragrâncias, atingindo cotações em torno de 40 a 60 dólares o quilo no mercado<br />

internacional, dependendo da qualidade do mesmo (ROBBINS, 1982).<br />

O óleo de vetiver é produzido principalmente no Haiti, Indonésia (Java) e nas Ilhas Reunião,<br />

com quantidades menores provenientes da China, Brasil, e esporadicamente de outros países.<br />

Tradicionalmente, o melhor óleo de vetiver produzido no mundo é o das Ilhas Reunião, devido<br />

ao seu odor e à concentração de vetiverol estar frequentemente acima de 60%, conferindo-lhe<br />

a denominação “Bourbon”. A maior produção, no entanto, é realizada no Haiti e Indonésia,<br />

sendo a qualidade do óleo haitiano muito superior ao indonésio, porém bem inferior ao óleo<br />

Bourbon das Ilhas Reunião. O teor de vetiverol do óleo de vetiver produzido no Haiti está em<br />

torno de 53-54% e o da Indonésia abaixo de 47-48% (ROBBINS, 1982).<br />

O preço do óleo no mercado internacional (ROBBINS, 1982) tem variado pouco, porém existe<br />

uma clara diferença entre os preços pagos, dependendo da origem (qualidade do produto). O<br />

óleo Bourbon das Ilhas Reunião tem sido o mais caro em relação ao óleo haitiano e indonésio.<br />

Enquanto o óleo Bourbon variou no período de 1975 a 1981 de cerca de US$ 70,00 a US$ 140,00<br />

f.o.b. por quilograma, o óleo haitiano variou de US$ 50 a US$ 70,00 e o indonésio de US$ 20,00<br />

a US$ 40,00. De acordo com Arízio (2002), o valor das importações europeias no período de<br />

1989 a 1998 teve uma taxa de crescimento menor que 1,1%, o que reflete a estabilidade de


324 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

preços e produção ao longo dos anos. As flutuações existentes são típicas dos movimentos cíclicos<br />

de preços e produção que se aplicam a muitos produtos naturais.<br />

Em relação aos preços do acetato de vetiver, algumas vezes cotados na imprensa comercial,<br />

são geralmente cerca de US$ 25,00 por quilograma, mais caro que o preço do óleo do qual se<br />

originou (ROBBINS, 1982). Conforme este autor, o custo de produção do acetato de vetiver é<br />

cerca de US$ 20,00 a US$ 25,00 por quilograma.<br />

A cultura do vetiver desponta para um mercado pouco explorado no estado do Pará, sendo<br />

ideal para pequenos produtores interessados neste tipo de produção, em função de sua<br />

rusticidade, boa adaptação e produção com baixo nível de insumos.<br />

Este trabalho teve como objetivo descrever e analisar a produção do vetiver no estado do Pará,<br />

com destaque para o cultivo e o mercado atual e potencial, indicando as limitações, seus<br />

componentes e as necessidades de conhecimento e pesquisa, que poderão reduzir as limitações<br />

existentes.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A pesquisa teve como base a aplicação de questionários aos produtores de matéria-prima,<br />

vendedores de ervas, vendedores de artesanato e indústria de perfumaria local, no período de<br />

07/02/2002 a 05/11/2002. Foram aplicados questionários aos produtores no estabelecimento<br />

agrícola (localidades de São Benedito e Bom Jesus – rio Genipaúba, município de Acará), aos<br />

vendedores de ervas e artesanato nas feiras livres de Belém. Em cada segmento foi aplicado um<br />

questionário diferente, que versava sobre o indivíduo, propriedade ou empresa, atividades de<br />

produção, mercado e comercialização, todas desenvolvidas com vetiver e seus produtos.<br />

O sistema de produção foi avaliado por meio de amostragem, tomando-se uma área de 25 m 2<br />

(5m x 5m), onde foram obtidos o tempo de colheita e beneficiamento das raízes, o peso úmido<br />

e peso seco de raízes após 2 h de secagem ao sol.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Configuração da cadeia produtiva<br />

A Figura 1 apresenta esquematicamente a definição e a delimitação da cadeia produtiva do<br />

vetiver no estado do Pará, incluindo-se os principais segmentos, os agentes envolvidos e


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 325<br />

suas relações. Para a produção do vetiver no estado do Pará, não é utilizado fertilizante químico<br />

ou orgânico, porém, em raras exceções, são utilizados defensivos agrícolas. No<br />

estabelecimento do cultivo, as primeiras mudas são compradas, nos cultivos posteriores são<br />

obtidas no próprio sistema, após a colheita das raízes.<br />

A importação de óleo essencial, a exportação de produtos artesanais e raízes, bem como a<br />

venda de raízes no mercado varejista local, são significativas para a cadeia. A extração do óleo<br />

essencial ocorre geralmente fora do estado do Pará; em caso contrário, trata-se de extração<br />

artesanal. As iniciativas neste sentido ainda são incipientes. A importação de óleo essencial<br />

dessa espécie aromática é realizada principalmente por atacadistas, varejistas e indústria de<br />

perfumaria. A exportação de artesanatos e raízes é feita por atacadistas, varejistas e pelos próprios<br />

produtores.<br />

A comercialização das raízes está condicionada, principalmente, ao mercado consumidor local.<br />

A partir deste segmento da cadeia produtiva, a maior parte do consumo não se refere<br />

especificamente ao produto óleo essencial e raízes, mas sim aos subprodutos artesanais, tendo<br />

INSUMOS<br />

MUDAS<br />

EQUIPAMENTOS<br />

MATÉRIA<br />

PRIMA<br />

PRODUÇÃO<br />

AGRÍCOLA<br />

(RAIZ)<br />

EXPORTAÇÃO<br />

PRODUÇÃO<br />

DE PRODUTOS<br />

ARTESANAIS<br />

INTERMEDIÁRIO<br />

E<br />

ATACADISTA<br />

EXTRAÇÃO<br />

ARTESANAL<br />

DO ÓLEO<br />

ESSENCIAL<br />

IMPORTAÇÃO<br />

DO ÓLEO<br />

ESSENCIAL<br />

VAREJO<br />

INDUSTRIAIS<br />

CONSUMIDOR<br />

FINAL<br />

INÚSTRIA<br />

DE PERFUMES<br />

Figura 1. Delimitação da cadeia produtiva do vetiver no município de Acará, estado do Pará, 2002.


326 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

como clientela o turista. Pequenas varas de madeira extraídas da capoeira entram como elemento<br />

secundário na confecção do artesanato.<br />

Convém destacar que as atividades que poderiam apoiar a cadeia produtiva de vetiver, tais<br />

como sistema financeiro, sistema de pesquisa e desenvolvimento, serviços de extensão rural e<br />

de vigilância sanitária, e outros, têm pouca importância na cadeia, não determinando a dinâmica<br />

de funcionamento da cadeia ou estabelecendo padrões de qualidade, tampouco influenciando<br />

decisivamente na competitividade.<br />

SISTEMA DE PRODUÇÃO<br />

Os cultivos são geralmente realizados por pequenos produtores no município de Acará,<br />

principalmente nas localidades de São Benedito e Bom Jesus, no rio Genipaúba, e em outros<br />

municípios como Barcarena, Cametá e Ananindeua.<br />

No município de Acará, alguns produtores vivem exclusivamente do monocultivo dessa cultura.<br />

Outros produtores realizam o cultivo consorciado com plantas aromáticas e ou medicinais ou,<br />

ainda, com espécies frutíferas, utilizando mão de obra familiar. Em algumas exceções, contratam<br />

mão de obra externa para ajudar na colheita, pagando a diária numa jornada de trabalho que é<br />

de 5h30 às 9h00.<br />

Para o preparo da área é feita a broca, derruba, queima, coivara e destocamento manual<br />

(dependendo da necessidade da área). Depois da área limpa, em alguns casos, faz-se o<br />

afofamento ou leiras, para o posterior plantio. As mudas são adquiridas no local, originárias de<br />

colheitas anteriores. Normalmente são plantadas num sistema de amontoa, sem o uso de leiras,<br />

pois os produtores acreditam que desta maneira há maior produção de raízes e as plantas<br />

amadurecem em um menor período de tempo (7 a 8 meses), enquanto que no sistema em<br />

leiras levaria em torno de 10 a 12 meses para a colheita (Figura 2).<br />

Depois do plantio e capina, a área é ateada por fogo para acelerar a rebrota das touceiras. Na<br />

Tabela 1 são apresentadas estimativas de produção e alguns coeficientes técnicos obtidos<br />

nas áreas de produção, consoante informações colhidas nas localidades de São Benedito e<br />

Bom Jesus. Considerando a densidade de plantio recomendada para a cultura, de<br />

aproximadamente 37.000 plantas/ha (SANTOS, 2002), e a densidade verificada no sistema<br />

de produção de 18.400 plantas/ha, existe a possibilidade de dobrar a produção de 4,5 t/ha<br />

obtida nesta pesquisa. Santos (2002), citando trabalhos realizados no IAC, indicou um<br />

aumento de 30% na produção de raízes pelo uso da densidade de plantio recomendada.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 327<br />

Figura 2. Mudas de vetiver plantadas após a colheita das raízes, município de Acará-PA. Foto: C. C. C. Conceição.<br />

Tabela 1. Estimativas de produção e coeficientes técnicos obtidos com produtores de São Benedito e Bom<br />

Jesus, município de Acará-PA.<br />

Padrões analisados 25m 2 10.000 m 2<br />

Número de touceiras 46 18.400<br />

Número de pessoas na colheita 04 04<br />

Tempo de colheita 2:10 horas 840 horas<br />

Tempo para beneficiamento (lavagem) 40 minutos 266,6 horas<br />

Peso úmido 38 kg 15.200 kg<br />

Peso seco 11,4 kg 4.560 kg<br />

Redução 70% 70%<br />

No Pará, a colheita das raízes é realizada quando as plantas atingirem a idade de 7 a 8 meses<br />

após o plantio. Por não existir plantio em larga escala e os produtores não possuírem<br />

equipamentos motorizados, o processo de colheita das raízes é feito manualmente, com auxílio


328 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

de terçado, estaca e tora, ambos de madeira resistente. O terçado é empregado para cortar a<br />

parte aérea das plantas que vão ser colhidas. Após o corte, coloca-se a tora de madeira próximo<br />

à raiz, para dar sustentação a uma alavanca (estaca pontiaguda) vincada no solo, junto à raiz,<br />

com o objetivo de desatrelá-la do solo. Quando a touceira já não está mais aderida ao solo, é<br />

retirada e sacolejada para retirar o excesso de terra que vem aderente à raiz; em seguida, as<br />

raízes são separadas da parte aérea, e posteriormente transportadas até um igarapé mais<br />

próximo para serem lavadas e expostas ao sol para retirar o excesso de umidade. Ao final, são<br />

destinadas à fabricação do artesanato e ao uso em perfumes (Figura 3).<br />

Além de ferramentas e mudas, nenhum outro insumo entra no sistema de produção. As mudas<br />

raramente são compradas, sendo obtidas diretamente do cultivo após a colheita. Geralmente<br />

utilizam as áreas de cultivos anteriores para novos plantios, sem que, para isso, haja pousio ou<br />

aplicação de fertilizantes. O plantio das touceiras com a parte aérea rebaixada é realizado sem<br />

fazer demarcação da área, num espaçamento variando em torno de 50 cm entre as plantas.<br />

Dependendo da área a ser plantada e da disponibilidade de mudas, são utilizadas touceiras<br />

inteiras ou subdivididas.<br />

Figura 3. Secagem das raízes de vetiver a pleno sol no município de Acará-PA. Foto: C. C. C. Conceição.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 329<br />

CONSUMO<br />

Quanto ao mercado internacional de óleo de vetiver, verificou-se que a nível mundial, até a<br />

década de 1980 existia um equilíbrio entre consumo e produção de matéria-prima (ROBBINS,<br />

1982), situação que provavelmente não se modificou, considerando-se as informações do<br />

Mercado Comum Europeu (ARIZIO, 2002). Entretanto, a crescente demanda mundial por<br />

produtos naturais (SUDAM, 2000) deve incentivar o uso de óleo vetiver nas indústrias de<br />

perfumes e cosméticos, e aromaterapia, principalmente no Brasil, cujo o potencial de expansão<br />

de mercado é considerado bom (BRASIL, 2000), com reflexos positivos nas indústrias de<br />

perfumes e cosméticos, e na produção de matéria-prima no estado do Pará. Até então, o uso<br />

local tem sido para a produção de artesanato, sachês, rituais e indústria de perfumes e cométicos.<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

A distribuição no estado do Pará é feita pelos próprios produtores rurais, atacadistas e varejistas.<br />

Os principais consumidores são clientes industriais, lojas de artesanato, turistas e a população<br />

local. Entre os clientes destacam-se as indústrias de perfumes e cosméticos em nível local,<br />

representadas pela Fluídos da Amazônia (Chamma) e a Perfumaria Orion. A perfumaria Orion<br />

compra o óleo essencial do Rio Grande do Norte e fabrica perfumes e colônias. Ambas as<br />

empresas ilustram que o diferencial competitivo de produzir na Amazônia é o de utilizar produtos<br />

naturais, e recorrer a um marketing que reflita o artesanato local (BRASIL, 2000).<br />

As lojas de artesanato são importantes pontos de distribuição, cujos clientes são a própria<br />

população local e turistas. Não foi possível identificar lojas de artesanato fora do estado que<br />

comercializem artigos à base de vetiver produzidos no Pará. Os principais vendedores de artesanato<br />

na feira do Ver-o-Peso são originários dos municipios de Acará e Barcarena, sendo que um<br />

vendedor do Acará é produtor de vetiver e artesão. Os demais adquirem a raiz de vetiver para<br />

fazer o artesanato ou compram o óleo essencial para produzir perfumes e colônias de forma<br />

artesanal. Os produtos artesanais de vetiver comercializados na feira do Ver-o-Peso são: perfume,<br />

colônia, boneca, rena, elefante, ventarola, leque, árvore de natal, anjo, estrela, urso, coelho, cavalo,<br />

bola e outros (Figura 4). Os preços dos produtos variam, sendo o maço de raízes com pacotes de<br />

100 unidades o de menor preço, e a rena de maior tamanho a de maior preço. Todos os vendedores<br />

de artesanato vendem outros produtos além dos derivados do vetiver.<br />

O mercado varejista praticado na feira do Ver-o-Peso comercializa raízes em pequenos<br />

maços, tendo como clientes a população local e os turistas. Entre os comerciantes<br />

entrevistados na feira do Ver-o-Peso, 69% comercializavam outras ervas aromáticas e<br />

perfumes caseiros, além do vetiver.


330 • Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso<br />

Figura 4. Alguns artesanatos preparados com as raízes secas do vetiver no município de Acará, estado do<br />

Pará. Foto: C. C. C. Conceição.<br />

PROCESSAMENTO E TRANSFORMAÇÃO<br />

O processo de transformação da matéria-prima de vetiver no estado do Pará,é feito pela utilização<br />

de tecnologias empíricas, de forma artesanal, sobressaindo-se a produção de artesanato. As<br />

indústrias extratoras do óleo essencial não trabalham com vetiver, sendo o óleo adquirido através<br />

de importações feitas das indústrias sediadas em outros estados, como o Rio Grande do Norte.<br />

Para as atividades da cadeia, há oferta de matéria-prima o ano todo.<br />

CONCLUSÕES<br />

O estado do Pará posssui boas condições climáticas, solo e tradição para o desenvolvimento da<br />

cultura do vetiver, em nada devendo às melhores áreas de produção do mundo. O processo de<br />

cultivo é completamente manual, exigindo emprego elevado de mão de obra, o que reduz a<br />

capacidade de aumento de produção e produtividade e, consequentemente, maiores<br />

rendimentos. O processo de cultivo é livre de agrotóxicos e fertilizantes químicos, e grande<br />

parte da produção ainda é comercializada na forma de raiz. Apesar da simplicidade do sistema<br />

de produção, há um bom retorno financeiro aos produtores, principalmente àqueles envolvidos<br />

também no processo de produção de artesanato e comercialização dos produtos.


Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso • 331<br />

REFERÊNCIAS<br />

ARIZIO, O. Análisis de las importaciones de aceites esenciales del mercado europeo en los finales del siglo XX.<br />

Acta Horticulture, v. 569, p. 141-147, feb. 2002.<br />

BERG, M. E. Van den; SILVA, M. H. L.; SILVA, M. G. S. Plantas aromáticas da Amazônia. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO<br />

ÚMIDO, I. 1986, Belém. Anais… Belém: EMBRAPA-CPATU, 1986. 6 v. (EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36).<br />

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacinal de Vigilância Sanitária. RDC n. 79, de 28 de agosto de 2000.<br />

Normas e Procedimentos para Registro de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Disponível<br />

em: . Acesso em: 7 set. 2012.<br />

SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA. Estudo de mercado de matéria-prima: corantes<br />

naturais (cosméticos, indústria de alimentos), conservantes e aromatizantes, bioinseticidas e óleos vegetais e<br />

essenciais (cosméticos e oleoquímica). Belém: SUDAM-GENAMAZ/PNUD, 2000. 207p. (Relatório final do projeto<br />

executivo da rede Genamaz).<br />

ROBBINS, S. R. J. Selected markets for the essential oils of patchouli and vetiver. London: Tropical Products<br />

Institute, 1982. 56p. (Series G, G167).<br />

SANTOS, K. M. S. Cadeia produtiva do patichuli (Vetiveria zizanioides Stapf.) no estado do Pará. 2002. 29f.<br />

Monografia (Especialização) – Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Belém, 2002.


Publicação impressa pela gráfica GTR. Miolo na fonte<br />

Segoe UI, impresso em papel couchê fosco 115g/m 2 e<br />

capa dura revestida em papel couchê fosco 150g/m 2 .

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