Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Um escân<strong>da</strong>lo. Um<br />
contrato. Um segredo.<br />
Madison Archer estampou as manchetes<br />
de todos os jornais após ser difama<strong>da</strong> por<br />
um amigo amargurado. Casar com o<br />
malicioso Viktor Beck é o único jeito de<br />
salvar o que restou <strong>da</strong> sua reputação. Ele<br />
sempre sonhou em liderar a empresa do<br />
pai de Madison, e a atração que sentem<br />
torna a proposta ain<strong>da</strong> mais interessante.<br />
O coração de Viktor não bate por<br />
Madison, mas ele provará como a química<br />
entre os dois pode ser quente. O<br />
Entretanto, mesmo com to<strong>da</strong> a sua
sagaci<strong>da</strong>de, Viktor se surpreenderá ao<br />
descobrir o segredo de sua noiva!
Faz 10 anos que a Harlequin<br />
começou uma nova etapa em<br />
sua longa história editorial ao<br />
prestigiar a leitora brasileira<br />
com um escritório no Brasil,<br />
exclusivamente dedicado à<br />
publicação de suas séries e<br />
autoras de maior sucesso. Um<br />
mundo fantástico de amor,<br />
aventura, paixão, desejo,<br />
intrigas, escân<strong>da</strong>los e redenção<br />
passou a estar disponível nas<br />
bancas de jornal de to<strong>da</strong>s as<br />
regiões. Durante o percurso,<br />
fomos beneficiados com muitos<br />
aprendizados, quase sempre
vindos de leitoras fiéis cujas<br />
sugestões foram decisivas para<br />
o sucesso desse<br />
empreendimento. Hoje, depois<br />
de quase 3.000 edições, nos<br />
sentimos gratificados por<br />
comemorar essa primeira<br />
déca<strong>da</strong> com vocês!<br />
Boa leitura!<br />
Equipe Editorial Harlequin
Siga nossas redes sociais, conheça nossos<br />
lançamentos e participe de nossas promoções em<br />
tempo real!<br />
Twitter.com/harlequinbrasil<br />
Facebook.com/HarlequinBooksBrasil
O beijo de Vik a pegou de surpresa.<br />
Não deveria. Um beijo não era comum<br />
para selar um noivado?<br />
Mas o beijo a surpreendeu. E depois<br />
a dominou, os lábios dele exigindo uma<br />
reação que se irradiou por todo o corpo<br />
de Maddie. Apossaram-se dela, agora<br />
insistindo em duas coisas <strong>da</strong>s quais<br />
ain<strong>da</strong> naquela manhã Maddie alegara<br />
ser incapaz.<br />
Submissão e confiança.<br />
Contudo, como em tantas outras<br />
coisas em sua vi<strong>da</strong>, as regras não se<br />
aplicavam a Viktor Beck. Viu-se<br />
derretendo de encontro a ele, sem
qualquer pensamento sobre<br />
autopreservação.<br />
E ele aceitou a sua rendição com um<br />
intenso desejo masculino que negava<br />
qualquer alegação de falta de paixão<br />
entre os dois.<br />
Vik devorou-lhe a boca, seus braços<br />
envolvendo-a, as mãos puxando-lhe o<br />
corpo de encontro ao seu, uma <strong>da</strong>s<br />
coxas mergulha<strong>da</strong>s entre as de Maddie,<br />
o máximo que a saia permitia.<br />
As pernas de Maddie teriam<br />
bambeado, mas Vik a estava apertando<br />
de encontro ao corpo com força demais.<br />
Ela achara o beijo <strong>da</strong>quela manhã<br />
ardente, mas em na<strong>da</strong> se comparava a<br />
Viktor Beck reivindicando a mulher
que prometera desposá-lo e lhe<br />
conceder os seus sonhos.
Queri<strong>da</strong> leitora,<br />
Um belo dia, Madison Archer, uma<br />
rica herdeira, acordou e sua vi<strong>da</strong> estava<br />
de cabeça para baixo. Seu amigo havia<br />
<strong>da</strong>do uma entrevista bombástica,<br />
revelando detalhes sórdidos de sua vi<strong>da</strong><br />
íntima. Só tinha um problema: Maddie<br />
ain<strong>da</strong> era virgem! Para salvar sua<br />
reputação, ela aceita casar-se com o<br />
implacável Viktor Beck, o sucessor de<br />
seu pai no comando <strong>da</strong> empresa. Ain<strong>da</strong><br />
que fosse apenas um casamento de<br />
facha<strong>da</strong>, Viktor estava decidido a<br />
ensiná-la tudo o que sabe… entre os<br />
lençóis.
Boa leitura!<br />
Equipe Editorial Harlequin Books
<strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong><br />
IMPÉRIO DA<br />
PAIXÃO<br />
Tradução<br />
Maurício Araripe<br />
2015
CAPÍTULO 1<br />
COM O líquido quente transbor<strong>da</strong>ndo<br />
por sobre a bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> xícara, Madison<br />
Arc-her pousou o seu café matinal<br />
sobre a mesa e leu com crescente horror<br />
os seus alertas em seu celular.<br />
Madison “Doidivanas” Procurando<br />
Um Novo Mestre?<br />
Herdeira Archer Chega<strong>da</strong> A<br />
Esquisitices <strong>da</strong> Pesa<strong>da</strong>.
Mau Menino de São Francisco<br />
Dispensa Menina Muito Má.<br />
Os artigos faziam alegações sinistras<br />
sobre um estilo de vi<strong>da</strong>, além de uma<br />
relação entre Maddie e Perry Timwater.<br />
Uma relação completamente<br />
inexistente.<br />
O fato de Perry ter sido a fonte fez<br />
com que o café amargasse na boca de<br />
Maddie.<br />
A suposta revelação que ele fez sobre<br />
o relacionamento fictício dos dois<br />
alegava que ela era uma submissa com<br />
um grande fetiche por sentir dor, além<br />
<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de parceiros múltiplos.<br />
Ela cerrou os dentes para conter a
necessi<strong>da</strong>de de praguejar e leu que fora<br />
a sua incapaci<strong>da</strong>de de permanecer fiel<br />
que levara Perry a <strong>da</strong>r um fim às coisas<br />
entre eles.<br />
Maddie não se i-mportaria em <strong>da</strong>r<br />
um fim em Perry naquele exato<br />
instante. A traição a deixou sem fôlego.<br />
Como ele pôde fazer uma coisa<br />
dessas?<br />
Ele era amigo dela.<br />
Haviam se conhecido ain<strong>da</strong> como<br />
calouros na universi<strong>da</strong>de. Ele a fizera<br />
rir, quando Maddie achara que na<strong>da</strong><br />
poderia fazê-lo. Não após o seu fracasso<br />
épico em chamar a atenção de Viktor<br />
Beck. Ela começara na facul<strong>da</strong>de com o<br />
coração partido, e a amizade de Perry a
aju<strong>da</strong>ra a colar os cacos de volta no<br />
lugar.<br />
Ela o aju<strong>da</strong>ra a passar nos seus cursos<br />
de contabili<strong>da</strong>de. Ele bancara o<br />
acompanhante platônico para ela, e<br />
Maddie servira de porta de entra<strong>da</strong><br />
para ele para o mundo de Jeremy<br />
Archer, um patamar acima do dele.<br />
Contudo, jamais, nunca mesmo, a<br />
amizade deles tendera para algo mais<br />
pesado.<br />
Bati<strong>da</strong>s soaram na porta <strong>da</strong> frente.<br />
– Maddie! Sou eu, não fique<br />
alarma<strong>da</strong>. – Um segundo mais tarde, a<br />
porta destrancou-se e foi aberta.<br />
Trazendo sacolas de sua confeitaria<br />
preferi<strong>da</strong>, os cachos negros adornando
o rosto de fa<strong>da</strong>, Romi Grayson voltou a<br />
fechar a porta com o pé. – Vim<br />
trazendo um remédio para todos os<br />
males.<br />
– Acho que nem mesmo chocolates e<br />
doces poderão melhorar essa situação.<br />
Maddie largou-se de encontro ao<br />
encosto <strong>da</strong> poltrona.<br />
Olhos azuis tão vibrantes quanto os<br />
de Maddie reluziram de raiva.<br />
– Quer dizer que Perry enlouqueceu,<br />
não é?<br />
– Você viu os artigos?<br />
– Só depois que repórteres me<br />
acor<strong>da</strong>ram de um sono profundo<br />
exigindo minha opinião sobre as<br />
sombrias propensões sexuais de minha
melhor amiga. – A boca de Romi<br />
retorceu-se maliciosamente. –<br />
Propensões que tenho quase certeza de<br />
que você não teria, mesmo que ain<strong>da</strong><br />
não fosse virgem.<br />
– Ah, tem razão quanto a isso. Jamais<br />
fui capaz de confiar em qualquer<br />
homem o bastante para fazer sexo,<br />
quanto mais para ter parceiros<br />
múltiplos.<br />
Por mais ridículo que isso pudesse<br />
parecer aos 24 anos de i<strong>da</strong>de, também<br />
não era algo que fosse mu<strong>da</strong>r tão cedo.<br />
– Se quer saber, em minha opinião,<br />
tem menos a ver com confiança e mais<br />
a ver com o fato de que colocou Viktor
Beck na sua cabeça quando garota e<br />
jamais conseguiu esquecê-lo.<br />
– Romi!<br />
Maddie não estava com humor para<br />
falar de seus sentimentos não<br />
correspondidos pelo menino de ouro do<br />
seu pai, com seus cabelos e olhos<br />
escuros e um corpo de matar.<br />
– Estou apenas dizendo que...<br />
– Não está dizendo na<strong>da</strong> que já não<br />
tenha dito antes.<br />
Subitamente, Maddie sentiu-se ain<strong>da</strong><br />
mais enoja<strong>da</strong>.<br />
Junto com o restante do mundo, Vik<br />
veria os artigos, contudo ela não podia<br />
se <strong>da</strong>r ao luxo de pensar sobre isso<br />
agora.
– Meu pai vai me matar.<br />
Um novo escân<strong>da</strong>lo decerto abalaria<br />
até mesmo a reserva fria do magnata de<br />
São Francisco. E não do modo como<br />
Maddie sempre desejara.<br />
Ele a man<strong>da</strong>ra para estu<strong>da</strong>r em um<br />
internato meses após a morte <strong>da</strong> mãe, e<br />
Maddie cortejara as atenções <strong>da</strong> mídia<br />
na esperança de conseguir a dele.<br />
Funcionara com a sua mãe, Helene<br />
Archer, nasci<strong>da</strong> Helene Madison, a<br />
Madison “Doidivanas” original, mas<br />
Madison viera a reconhecer que, em se<br />
tratando de sua estratégia, o tiro saíra<br />
espetacularmente pela culatra.<br />
Nos nove anos desde a morte <strong>da</strong><br />
mãe, Jeremy desenvolvera o hábito de
pensar o pior <strong>da</strong> filha. Isso quando não<br />
estava ignorando por completo a<br />
existência dela.<br />
– Isso se ele não enfartar antes.<br />
Romi pousou um croissant recheado<br />
de chocolate diante de Maddie.<br />
– Não diga isso.<br />
A outra mulher fez uma careta.<br />
– Lamento. Saiu sem pensar. Sabe<br />
como eu sou. Contudo, seu pai é um<br />
bocado tenso.<br />
Bem, disso Maddie não podia<br />
discor<strong>da</strong>r.<br />
– De qualquer modo, acho que,<br />
dessa vez, a diarreia verbal de Perry<br />
levou a melhor sobre mim. – Romi deu
uma denta<strong>da</strong> no doce. – O que será que<br />
passou pela cabeça dele?<br />
– Que queria o dinheiro que o<br />
tabloide estava oferecendo pela<br />
história?<br />
Maddie jamais imaginara que recusar<br />
o seu pedido mais recente de um<br />
empréstimo resultaria na sua completa<br />
humilhação. Como poderia? Amigos<br />
não faziam esse tipo de coisa uns com<br />
os outros.<br />
– Cretino.<br />
Normalmente, Maddie bancava a<br />
apaziguadora entre os seus dois amigos<br />
mais chegados; contudo, dessa vez, não<br />
estava disposta a defender Perry.<br />
– O que eu vou fazer?
– Poderia ameaçar processá-lo e<br />
exigir uma retratação.<br />
– Baseado na minha palavra contra a<br />
dele?<br />
Romi emitiu um som parecido com<br />
um rugido.<br />
– Vocês dois sequer deram um beijo<br />
de língua.<br />
– Mas já demos beijos para as<br />
câmeras.<br />
Perry sempre fizera brincadeiras no<br />
tocante a isso. Durante anos ele fora o<br />
acompanhante de plantão para Maddie,<br />
e mais de um artigo especulando sobre<br />
o relacionamento deles já fora<br />
publicado, em geral citando fontes
anônimas e sempre acompanhados <strong>da</strong>s<br />
fotos dos beijos de brincadeira.<br />
– Acha que ele já fez isso antes?<br />
– Vendeu detalhes confidenciais<br />
sobre a suposta relação de vocês dois? –<br />
perguntou Romi.<br />
– É.<br />
– Sabe muito bem o que eu acho.<br />
Maddie suspirou.<br />
– Que ele é um parasita.<br />
– Sempre foi.<br />
– Ele foi um bom amigo.<br />
Maddie não conseguiu se forçar a<br />
dizer que ele ain<strong>da</strong> era.<br />
Romi apenas lançou um olhar<br />
incrédulo para Maddie; palavras não<br />
eram necessárias.
Ignorando-o, Maddie disse:<br />
– Provavelmente não serei capaz de<br />
provar que jamais tivemos uma relação,<br />
mas posso mover um processo por<br />
difamação baseado nos detalhes.<br />
– A palavra dele contra a sua.<br />
– Mas ele está mentindo.<br />
– E desde quando isso é novi<strong>da</strong>de<br />
para os tabloides?<br />
Sentindo-se impotente, Maddie<br />
empurrou o croissant para longe.<br />
– Você poderia soltar os cães do seu<br />
pai em Perry. Aquele coordenador de<br />
mídia dele tem papel garantido na<br />
semana do tubarão.<br />
– Eu deveria mesmo.
Bem, isso se o pai dela se importasse<br />
o suficiente para desperdiçar o tempo<br />
precioso de seu coordenador de mídia<br />
para ajudá-la.<br />
Romi fez uma careta.<br />
– Mas não vai. Perry era seu amigo.<br />
Maddie abriu a boca, mas Romi<br />
ergueu a mão, contendo suas palavras.<br />
– Nem ouse dizer que ele ain<strong>da</strong> é.<br />
– Não – respondeu Maddie,<br />
tentando conter a emoção. – Acho que<br />
ficou bem claro que ele não é meu<br />
amigo. Talvez jamais tenha sido.<br />
– Ah, queri<strong>da</strong>.<br />
Romi deu a volta na mesa para<br />
abraçá-la.
– Eu pensei que ele fosse, de<br />
ver<strong>da</strong>de.<br />
– Em vez disso, ele provou ser apenas<br />
mais uma pessoa de plástico. Pura<br />
aparência e na<strong>da</strong> de substância.<br />
Maddie conteve uma risa<strong>da</strong> mórbi<strong>da</strong>.<br />
– É.<br />
O celular de Maddie apitou, e ela<br />
verificou as mensagens, sem se<br />
surpreender ao ver que havia dúzias<br />
delas. Apesar de verificar regularmente<br />
as mensagens no celular, ela apenas<br />
selecionara alertas para algumas<br />
pessoas: Romi, Perry, que seria retirado<br />
<strong>da</strong> lista hoje mesmo, o pai de Maddie e<br />
o braço direito dele. Viktor Beck.
Não que o futuro herdeiro dos<br />
negócios do pai dela fizesse contato com<br />
Maddie, hoje em dia. Ain<strong>da</strong> assim, se<br />
ele o fizesse... Ela receberia um alerta<br />
sonoro.<br />
Ignorando as numerosas mensagens<br />
de amigos, conhecidos e abutres <strong>da</strong><br />
mídia, Maddie clicou em uma <strong>da</strong><br />
assistente pessoal do pai.<br />
Reunião c/ Sr. Archer. 10:45 –<br />
Confirme.<br />
Senhor Archer. Não o seu pai. Isso<br />
teria sido pessoal demais.<br />
– Ele quer se encontrar comigo hoje<br />
de manhã.
Maddie mordeu o lábio inferior,<br />
pensando no que teria de mu<strong>da</strong>r para<br />
tornar a reunião possível.<br />
Romi assentiu.<br />
– Você vai?<br />
Maddie considerou adiar seus planos<br />
matinais para poder se encontrar com o<br />
pai.<br />
– Não.<br />
Sua pontuali<strong>da</strong>de não faria com que<br />
Jeremy ficasse menos zangado.<br />
Mandou uma mensagem rápi<strong>da</strong> para<br />
a assistente pessoal se oferecendo para<br />
comparecer a qualquer hora após meiodia<br />
e meia.<br />
Quinze minutos mais tarde, Romi já<br />
havendo ido embora, as primeiras notas
de Call me Irresponsible, de Michael<br />
Bublé, começaram a tocar no celular de<br />
Maddie.<br />
O pai estava ligando pessoalmente<br />
para ela. Não estava man<strong>da</strong>ndo<br />
nenhuma mensagem de texto.<br />
Em qualquer outra ocasião, ela teria<br />
ficado empolga<strong>da</strong>. Contudo, agora?<br />
Maddie levou o aparelho ao ouvido.<br />
– Olá, papai.<br />
– Dez e quarenta e cinco, Madison.<br />
Você não vai se atrasar.<br />
– Você sabe que eu já tinha<br />
compromisso marcado.<br />
Não que ele soubesse o que era.<br />
Maddie já tentara lhe contar certa<br />
vez, mas Jeremy zombara <strong>da</strong> simples
noção <strong>da</strong> filha frívola fazendo qualquer<br />
coisa que pudesse valer a pena. Pior<br />
ain<strong>da</strong>, ele deixara claro como achava<br />
inútil que ela desperdiçasse tempo<br />
fazendo serviço voluntário em uma<br />
escola pública de poucos recursos<br />
predominantemente frequenta<strong>da</strong> por<br />
crianças vin<strong>da</strong>s de famílias pobres.<br />
Desde então, Maddie mantivera as<br />
suas duas vi<strong>da</strong>s completamente<br />
separa<strong>da</strong>s. Maddie Grace, uma moça de<br />
vinte e poucos anos de aparência<br />
comum que adorava crianças e que<br />
doava boa parte do seu tempo para<br />
serviços voluntários, que na<strong>da</strong> tinha a<br />
ver, nem mesmo a cor dos olhos e do
cabelo, com Madison Archer, a notória<br />
socialite e herdeira.<br />
– Cancele.<br />
Sem concessões. Sem explicações.<br />
Apenas exigências.<br />
Típico.<br />
– É importante.<br />
– Não, não é.<br />
Seu tom de voz foi tão frio que ela<br />
chegou a ficar arrepia<strong>da</strong>.<br />
– Para mim, é. – Maddie apenas<br />
lamentou que o seu desagrado não o<br />
afetasse tanto quanto o do pai a afetava.<br />
– Por favor.<br />
– Dez e quarenta e cinco, Madison –<br />
falou ele antes de desligar.
USANDO A armadura de sua identi<strong>da</strong>de<br />
de Madison Archer, socialite, Maddie<br />
desceu do elevador no vigésimo nono<br />
an<strong>da</strong>r do prédio do pai no distrito<br />
financeiro de São Francisco.<br />
O nervosismo que estava se<br />
retorcendo no seu íntimo não<br />
transparecia no seu rosto impassível.<br />
Com maquiagem aplica<strong>da</strong> para<br />
ressaltar, e não para competir com o<br />
azul dos seus olhos e a gentil curvatura<br />
dos lábios, ela estilizara o cabelo ruivo à<br />
altura do queixo em perfeitas madeixas<br />
ao redor do rosto oval tão parecido com<br />
o <strong>da</strong> mãe.<br />
Seu conjunto Valentino preto e<br />
branco sequer fazia parte <strong>da</strong> coleção
<strong>da</strong>quele ano, mas era um dos seus<br />
favoritos, e era adequado para a<br />
imagem que ela queria passar. A bainha<br />
<strong>da</strong> saia preta e lisa ficava exatamente<br />
três dedos acima dos joelhos e a jaqueta<br />
no estilo Jaqueline Onassis era tudo<br />
menos vulgar.<br />
Optara por sapatilhas pretas e<br />
fecha<strong>da</strong>s de saltos baixos e uma simples<br />
bolsa de couro Chanel para completar o<br />
visual, sendo o relógio Cartier favorito<br />
<strong>da</strong> mãe e os brincos de diamantes os<br />
únicos acessórios que estava usando.<br />
Maddie em na<strong>da</strong> lembrava a mulher<br />
descrita por Perry na sua “entrevista de<br />
rompimento” com a imprensa.
Adentrou a sala de conferência 2 sem<br />
bater, <strong>da</strong>ndo uma para<strong>da</strong> estratégica na<br />
porta para permitir aos ocupantes um<br />
momento para admirá-la.<br />
Não ia se portar como um ratinho<br />
acanhado tentando evitar chamar a<br />
atenção do gato.<br />
O breve instante também serviu para<br />
permitir que ela mesma sentisse o<br />
ambiente.<br />
Sete pessoas estavam senta<strong>da</strong>s ao<br />
redor <strong>da</strong> mesa de conferência. Como<br />
era de se esperar, o seu pai estava<br />
ocupando uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des.<br />
Maddie ficou ao mesmo tempo alivia<strong>da</strong><br />
e preocupa<strong>da</strong> ao ver o coordenador de<br />
mídia dele ocupando a outra
extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesa, porém não ficou<br />
na<strong>da</strong> feliz de ver o homem que estava<br />
sentado à direita do pai.<br />
Romi tinha razão ao afirmar que<br />
Maddie tinha uma que<strong>da</strong> pelo lindo<br />
Viktor Beck desde que ele começara a<br />
trabalhar para Jeremy Archer, dez anos<br />
atrás. Os sentimentos não<br />
correspondidos haviam evoluído de<br />
uma paixão de colegial para algo muito<br />
maior, algo que tornava difícil para<br />
qualquer outro homem estar à altura de<br />
Vik.<br />
Durante aquele primeiro ano,<br />
Maddie ain<strong>da</strong> tivera a mãe, e Helene<br />
costumava provocá-la quando Maddie
enrubescia na presença do futuro<br />
magnata.<br />
Maddie aprendera a controlar seus<br />
rubores, mas não os sentimentos que o<br />
belo russo de terceira geração provocava<br />
nela.<br />
Tê-lo ali como testemunha de sua<br />
humilhação apertava o nó de tensão no<br />
seu íntimo, até ela não saber se um dia<br />
ele poderia ser desfeito.<br />
Menos compreensível, contudo,<br />
longe de ser tão perturbadora, era a<br />
presença de dois dos outros gerentes de<br />
alto escalão do seu pai, acomo<strong>da</strong>dos nas<br />
poltronas restantes <strong>da</strong>quele lado <strong>da</strong><br />
mesa. A assistente pessoal do pai estava
senta<strong>da</strong> à esquer<strong>da</strong> dele, com uma<br />
cadeira vazia ao seu lado.<br />
O último homem à mesa tinha uma<br />
presença impressionante e um rosto<br />
familiar; contudo, no seu atual estado<br />
de tensão conti<strong>da</strong>, Maddie não<br />
conseguiu identificá-lo.<br />
Todo mundo tinha uma pilha de<br />
papéis diante de si. Bastou uma rápi<strong>da</strong><br />
passa<strong>da</strong> de olhos para ver que se tratava<br />
de cópias impressas <strong>da</strong>s manchetes que<br />
Maddie havia visto antes na tela do seu<br />
celular. Debaixo de ca<strong>da</strong> pilha havia um<br />
exemplar do tabloide no qual as<br />
matérias originariamente haviam sido<br />
publica<strong>da</strong>s.
A pilha de Vik era diferente. Ela<br />
continha o que parecia ser um contrato<br />
no topo. Olhando ao redor <strong>da</strong> mesa,<br />
Maddie se deu conta de que todo<br />
mundo também tinha uma cópia disso<br />
no alto <strong>da</strong>s pilhas, o canto grampeado<br />
sendo a única parte que ela conseguia<br />
ver.<br />
Ela olhou para o pai, exibindo a<br />
expressão sardônica que há anos usava<br />
para disfarçar a sua vulnerabili<strong>da</strong>de.<br />
– Suponho que jamais tenha lhe<br />
ocorrido discutir isso em particular<br />
comigo, antes de trazer reforços.<br />
Ele sequer se deu ao trabalho de<br />
responder.<br />
– Sente-se, Madison.
Ela contou até três antes de obedecer<br />
ao comando brusco, delibera<strong>da</strong>mente<br />
ignorando a pilha de papéis diante de<br />
si.<br />
– Presumo que já tenhamos<br />
elaborado uma carta exigindo uma<br />
retratação?<br />
Quando o pai não respondeu, ela<br />
fitou intensamente o coordenador de<br />
mídia.<br />
– Há alguma chance de o seu antigo<br />
amante voltar atrás em suas<br />
declarações?<br />
– Para começar, ele jamais foi meu<br />
amante. Em segundo lugar, ele não<br />
precisa abjurar suas mentiras para que
possamos processar o tabloide por<br />
calúnia e difamação.<br />
Mas a ver<strong>da</strong>de era que suas chances<br />
de vencer sem a sinceri<strong>da</strong>de de Perry<br />
não eram lá muito boas.<br />
– Não tenho o hábito de desperdiçar<br />
tempo e nem recursos em empreita<strong>da</strong>s<br />
inúteis – disse o pai.<br />
– A história já está circulando e isso<br />
não pode ser mu<strong>da</strong>do – concordou ela.<br />
– Mas isso não significa que não<br />
possamos contestar as mentiras de<br />
Perry.<br />
Os olhos do pai eram como lascas de<br />
gelo azul.<br />
– Se quiser contestar as mentiras do<br />
seu antigo amante, vá em frente, mas
não é isso que me preocupa.<br />
– Não acredita nas histórias? –<br />
perguntou ela com uma increduli<strong>da</strong>de<br />
sofri<strong>da</strong> quase impossível de ser<br />
disfarça<strong>da</strong>.<br />
– No que eu acredito ou deixo de<br />
acreditar não é a questão.<br />
– Para mim é.<br />
Só havia duas pessoas naquela sala<br />
cujas opiniões importavam para<br />
Maddie.<br />
As do seu pai e a de Viktor Beck,<br />
independentemente do quanto ela<br />
pudesse desejar não ser esse o caso.<br />
Seu olhar voltou-se para Vik,<br />
contudo na<strong>da</strong> no seu rosto impassível<br />
ou nas profundezas obscuras dos seus
olhos cor de café revelavam seus<br />
pensamentos.<br />
Houve o tempo em que ele teria<br />
tentado encorajá-la com um ligeiro<br />
sorriso ou até uma rápi<strong>da</strong> pisca<strong>da</strong> de<br />
olho, porém tais dias haviam ficado<br />
para trás. Desde sua primeira viagem de<br />
volta para casa após ir embora para a<br />
universi<strong>da</strong>de que a postura de Vik para<br />
com ela não se suavizava.<br />
E, apesar de isso provavelmente ser<br />
culpa dela, não significava que Maddie<br />
tinha de gostar.<br />
O seu pai pigarreou.<br />
– Tais histórias de mau gosto podem<br />
ter precipitado esta reunião, contudo o<br />
motivo dela é outro.
– Como assim? – perguntou Maddie,<br />
seu olhar retornando para a única<br />
família que lhe restava.<br />
– A questão que estamos aqui para<br />
discutir é a sua notorie<strong>da</strong>de inaceitável,<br />
Madison. Não ficarei aqui parado<br />
enquanto você tenta superar outras<br />
herdeiras em infâmia internacional.<br />
– Eu não tento.<br />
Mesmo quando Maddie tentara<br />
chamar a atenção do pai obtendo a <strong>da</strong><br />
mídia, ela não fora tão longe.<br />
Tudo bem, quer dizer que ela e Romi<br />
eram conheci<strong>da</strong>s por participar de<br />
passeatas políticas <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de liberal,<br />
o que incluía uma manifestação<br />
amplamente divulga<strong>da</strong> protestando
cortes no orçamento de escolas locais.<br />
Que Maddie houvesse ido ain<strong>da</strong> mais<br />
longe e feito bungee jumping <strong>da</strong> Golden<br />
Gate Bridge acompanha<strong>da</strong> de cinco<br />
outros e apresentado uma faixa<br />
gigantesca com os dizeres “Vá de<br />
Verde, Ou Vá Para Casa”, não vinha ao<br />
caso.<br />
Havia vídeos na internet nos quais<br />
ela praticava bungee jumping em<br />
circunstâncias um tanto ou quanto<br />
menos politicamente motiva<strong>da</strong>s e<br />
também um pouco mais arrisca<strong>da</strong>s.<br />
Seus tombos enquanto esquiava<br />
também haviam aparecido na mídia.<br />
Contudo, há mais de seis meses que<br />
ela não fazia na<strong>da</strong> para aparecer nos
jornais. Não desde que aparecera nas<br />
manchetes com a aventura noturna de<br />
pular de paraque<strong>da</strong>s que resultara na<br />
sua hospitalização com uma ligeira<br />
fratura na pelve.<br />
Seu pai não só ignorara a peripécia<br />
como também ignorara o ferimento de<br />
Maddie. E ele não só se recusara a<br />
atender as ligações <strong>da</strong> filha feitas do<br />
hospital, como também deixara<br />
totalmente claro, através <strong>da</strong> assistente<br />
pessoal, é claro, que ela não era bemvin<strong>da</strong><br />
na mansão <strong>da</strong> família para a sua<br />
recuperação.<br />
Ela se vira força<strong>da</strong> a contratar uma<br />
enfermeira para aju<strong>da</strong>r durante as suas<br />
semanas de mobili<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong>. Romi
se oferecera para ficar com ela, mas<br />
Maddie não quisera se aproveitar <strong>da</strong><br />
amiga.<br />
– Será que eu entendi direito? Você<br />
não explicou para Madison do que se<br />
trata esse contrato? – perguntou Vik,<br />
com a voz carrega<strong>da</strong> de inespera<strong>da</strong><br />
desaprovação. – Espera mesmo que ela<br />
concorde?<br />
– Ela concor<strong>da</strong>rá. – O pai lançou-lhe<br />
um olhar severo. – Ou eu a cortarei<br />
completamente <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>.<br />
As palavras já foram dolorosas de<br />
escutar, mas a convicção absoluta na<br />
voz do pai penetrou a facha<strong>da</strong><br />
cui<strong>da</strong>dosamente cultiva<strong>da</strong> de Maddie,
alcançando as emoções reais e por<br />
demais vulneráveis no seu âmago.<br />
– Por conta disso? – exigiu ela,<br />
gesticulando na direção dos artigos<br />
impressos. – Não é ver<strong>da</strong>de!<br />
– Você não continuará a arrastar o<br />
meu nome e o <strong>da</strong> minha empresa pela<br />
lama, Madison.<br />
– Eu não faço isso.<br />
Apesar de certo nível de notorie<strong>da</strong>de<br />
na mídia, jamais havia feito na<strong>da</strong> que<br />
sequer se assemelhasse às mentiras que<br />
Perry contara para os tabloides.<br />
Seu pai começou a ler as manchetes<br />
em voz alta, e débeis lágrimas arderam<br />
no fundo dos seus olhos. Maddie se<br />
recusou a entregar-se a elas, desejando
que pudesse ser tão desprovi<strong>da</strong> de<br />
emoções quanto o homem de cabelos<br />
grisalhos que a açoitava com as palavras<br />
de outros.<br />
– Eu já disse, ele mentiu.<br />
– E por que ele haveria de fazer isso?<br />
– in<strong>da</strong>gou o coordenador de mídia,<br />
com um interesse quase clínico na voz.<br />
– Por dinheiro. Por vingança. –<br />
Porque ela o rejeitara várias vezes e se<br />
recusara a emprestar dinheiro a ele<br />
mais uma vez. – Eu não sei, mas ele<br />
mentiu.<br />
Quantas vezes teria de repetir isso?<br />
– É chega<strong>da</strong> a hora de medi<strong>da</strong>s<br />
definitivas serem toma<strong>da</strong>s – falou
Jeremy, como se ela na<strong>da</strong> houvesse<br />
dito.<br />
– Quanto a isso, pelo menos, estamos<br />
de acordo, a começar pela exigência de<br />
uma retratação. Eu posso cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong><br />
minha própria entrevista.<br />
Embora odiasse esse tipo de contato<br />
direto com a mídia, ela considerou<br />
oferecer o sacrifício supremo de integrar<br />
a sua vi<strong>da</strong> de Maddie Grace com a <strong>da</strong><br />
socialite Madison Archer, no intuito de<br />
combater a imagem negativa que<br />
claramente preocupava o seu pai.<br />
Jeremy dispensou a sua oferta com<br />
um gesto brusco.<br />
– Acho que já deixei bem claro que o<br />
atual escân<strong>da</strong>lo não é a minha principal
preocupação.<br />
– E qual é a sua preocupação? –<br />
perguntou ela confusa.<br />
– Esse estilo de vi<strong>da</strong> caprichoso que<br />
resultou na sua reputação infame e<br />
intolerável.<br />
– Quer que eu venha trabalhar na<br />
AIH? – perguntou ela com zero de<br />
entusiasmo e ain<strong>da</strong> menos convicção.<br />
Da última vez em que a questão <strong>da</strong><br />
Archer International Holdings viera à<br />
tona, seu pai deixara bem claro não ter<br />
mais ilusões de que um dia ela pudesse<br />
assumir o seu lugar.<br />
Sua risa<strong>da</strong> áspera foi to<strong>da</strong> a resposta<br />
de que ela precisava.<br />
– De modo algum.
– Quer que eu obtenha um emprego<br />
em algum outro lugar?<br />
Podia fazer isso.<br />
Preferia usar a sua educação como<br />
professora assistente voluntária; porém,<br />
se fosse para aju<strong>da</strong>r na relação com o<br />
pai, arrumaria um emprego pago, que,<br />
com sorte, não entraria em conflito com<br />
a sua agen<strong>da</strong> de voluntária.<br />
Mais risa<strong>da</strong>s zombeteiras brotaram<br />
dos lábios de seu pai.<br />
– Acha mesmo que qualquer negócio<br />
que se dê ao respeito a contrataria<br />
agora?<br />
Ela sentiu o ardor subindo pelo seu<br />
pescoço, resultando em um raro rubor.<br />
Há muito se tornara perita em esconder
seus sentimentos, até mesmo rubores<br />
de constrangimento.<br />
Contudo, subitamente, deu-se conta<br />
de que, se realmente viesse a público<br />
que Madison Archer era Maddie Grace,<br />
a escola poderia ser leva<strong>da</strong> a dispensála.<br />
Tudo isso só porque um homem que<br />
acreditara ser seu amigo provara ser um<br />
oportunista mentiroso e manipulador.<br />
– Ele quer que você se case –<br />
informou Vik, e na<strong>da</strong> no seu tom de<br />
voz indicava que estivesse brincando.<br />
O pai também não falou na<strong>da</strong> para<br />
contradizê-lo.<br />
Pela primeira vez, ela olhou ao redor<br />
<strong>da</strong> sala para ver como os outros<br />
participantes <strong>da</strong> reunião estavam
eagindo. O coordenador de mídia e a<br />
assistente pessoal estavam ambos<br />
ocupados com seus tablets, ignorando a<br />
conversa ou fazendo um bom trabalho<br />
de fingir isso.<br />
Um dos gerentes estava fitando-a<br />
com o tipo de especulação que fazia<br />
Madison sentir-se suja, mas o fato de<br />
ele ter os artigos a seu respeito<br />
espalhados diante de si podia ter algo a<br />
ver com isso.<br />
O outro gerente estava examinando a<br />
papela<strong>da</strong>, e o homem que Maddie não<br />
conhecia estava olhando para seu pai<br />
com uma expressão ponderadora.<br />
A expressão de Vik era tão<br />
enigmática quanto de costume.
Ela fitou o pai nos olhos, onde<br />
encontrou apenas implacável<br />
determinação.<br />
– Quer que eu me case.<br />
– Quero.<br />
– Com quem? – perguntou, certa de<br />
que ele já deveria ter alguém em mente.<br />
– Um desses quatro homens. – O pai<br />
assentiu na direção de Vik, dos dois<br />
outros gerentes e do homem que ela<br />
não conhecia. – Já conhece Viktor, é<br />
claro, e estou certo de que se lembra de<br />
Steven Withley. – Jeremy assentiu na<br />
direção do gerente que ela tinha quase<br />
certeza de que já fora divorciado uma<br />
vez e que devia ter quase o dobro <strong>da</strong><br />
i<strong>da</strong>de dela.
Atordoa<strong>da</strong> com a situação tão<br />
bizarra, Maddie flagrou-se assentindo<br />
educa<strong>da</strong>mente para os dois homens.<br />
Jeremy indicou o gerente cujo olhar a<br />
deixara arrepia<strong>da</strong>.<br />
– Brian Jones.<br />
Sua expressão era gentil agora, quase<br />
compassiva.<br />
– Pensei que você estivesse noivo. –<br />
Ela mal conseguiu sussurrar.<br />
Maddie não conhecera a noiva dele<br />
na última festa de Natal?<br />
– E está? – perguntou o pai dela, a<br />
irritação evidente na voz. – Srta. Priest?<br />
A assistente pessoal ergueu o olhar<br />
do tablet e franziu a testa.<br />
– Sim, senhor?
– Jones está noivo.<br />
– Está? – A srta. Priest não parecia<br />
muito preocupa<strong>da</strong>. – Ele não é casado.<br />
– Mas serei. – Brian ficou de pé. –<br />
Acho que não serei necessário para o<br />
restante desta reunião. Se me der<br />
licença, senhor?<br />
– Você leu o contrato? – Jeremy<br />
exigiu saber.<br />
– Li.<br />
– E ain<strong>da</strong> assim vai querer ir embora?<br />
– Sim, senhor.<br />
Respeito brilhou nos olhos do pai de<br />
Maddie, que, amarrando a cara, disse:<br />
– Pode ir. – Ele assentiu para o<br />
desconhecido diante de Maddie, como<br />
se as apresentações não houvessem sido
interrompi<strong>da</strong>s pela deserção de um dos<br />
seus candi<strong>da</strong>tos. – Maxwell Black,<br />
presidente <strong>da</strong> BIT.<br />
Com um magnetismo capaz de<br />
rivalizar o de Vik, Maxwell sorriu para<br />
ela.<br />
– Olá, Madison. É bom revê-la.<br />
Ele não era gritantemente sexual,<br />
mas tinha algo que fez com que Maddie<br />
protetoramente abraçasse a si mesma.<br />
Como Vik, o homem irradiava<br />
autori<strong>da</strong>de, mas com um ar pre<strong>da</strong>dor<br />
que ela jamais sentira vindo do futuro<br />
sucessor de seu pai.<br />
Por outro lado, ela jamais fora seu<br />
rival nos negócios.
– Não creio que já tenhamos sido<br />
apresentados.<br />
Ela forçou-se a abaixar os braços.<br />
– Eu a vi no Red Ball, no ano<br />
passado.<br />
Ela se recor<strong>da</strong>va de ter ido ao evento<br />
de cari<strong>da</strong>de que levantara dinheiro para<br />
a pesquisa no campo de enfermi<strong>da</strong>des<br />
cardíacas, mas não se lembrava de tê-lo<br />
visto.<br />
– Eu teria me lembrado.<br />
– Fico feliz em escutá-la dizer isso. –<br />
Seu sorriso era tão branco que chegava<br />
quase a cegar. – Mas o que quis dizer<br />
foi que a vi no baile. Não fomos<br />
apresentados.<br />
– Ah.
Seu pai pigarreou em seu costumeiro<br />
modo desaprovador; contudo, se estava<br />
esperando que Maddie dissesse ser um<br />
prazer conhecer o homem, sob tais<br />
circunstâncias, não conhecia mesmo a<br />
filha que tinha.<br />
E esse fora justamente o problema<br />
dela durante boa parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não<br />
fora?
CAPÍTULO 2<br />
A MANHÃ havia seguido de acordo com<br />
os planos de Viktor até agora, mas o<br />
brilho de fúria nos reluzentes olhos<br />
azuis de Madison estava ameaçando<br />
colocar tudo a perder.<br />
Se Jeremy tivesse deixado<br />
transparecer uma fração que fosse <strong>da</strong><br />
preocupação que Viktor sabia que o<br />
homem mais velho sentia pela filha, ela<br />
estaria reagindo de maneira bem
diferente. Por outro lado, se pai e filha<br />
se dessem perfeitamente bem, ou<br />
mesmo muito bem que fosse, por<br />
necessi<strong>da</strong>de, os próprios planos de<br />
Viktor teriam sido muito diferentes.<br />
– Sabe, eu nunca tive a fantasia de<br />
que você houvesse ligado para me<br />
aju<strong>da</strong>r, para tomar o meu partido, para<br />
variar. Para me proteger porque eu sou<br />
importante para você.<br />
A lin<strong>da</strong> ruiva proferiu as palavras<br />
carrega<strong>da</strong>s de conteúdo emocional em<br />
um tom impassível que Viktor chegou<br />
quase a invejar.<br />
Ela <strong>da</strong>ria uma tremen<strong>da</strong> jogadora de<br />
pôquer.
Contudo, estava mentindo. Madison<br />
não teria aparecido se não achasse que<br />
o pai fosse ajudá-la.<br />
– Você nunca foi uma criança de se<br />
deixar levar por contos de fa<strong>da</strong>s –<br />
retrucou Jeremy.<br />
Viktor poderia ter contido a idiotice<br />
orgulhosa do homem mais velho, mas<br />
isso não colaboraria com os seus planos.<br />
Ain<strong>da</strong> assim, sentiu uma ligeira<br />
ponta<strong>da</strong> de culpa ante o<br />
estremecimento quase imperceptível de<br />
Madison e o reluzir de dor nas<br />
profundezas azuis dos seus olhos.<br />
Ela recuperou-se rapi<strong>da</strong>mente, sua<br />
expressão suave, quase entedia<strong>da</strong>.
– Não, esse sempre foi o<br />
departamento de mamãe. Ela viveu sob<br />
a falácia de que você se importava<br />
conosco. Eu sei a ver<strong>da</strong>de.<br />
Foi a vez de Jeremy estremecer, e<br />
não foi tão rápido em disfarçar quanto a<br />
filha; contudo, ele tinha de estar em<br />
choque. Madison não costumava atacar<br />
na jugular <strong>da</strong>quela maneira. Na<br />
reali<strong>da</strong>de, em to<strong>da</strong>s as discussões entre<br />
o magnata e a filha que Viktor<br />
testemunhara, ele jamais havia<br />
escutado Madison usar a memória <strong>da</strong><br />
mãe contra o pai.<br />
As feições de porcelana de Madison<br />
não deixaram transparecer qualquer<br />
triunfo ante a sangria emocional.
Em vez disso, a impressão que ela<br />
<strong>da</strong>va é de que na<strong>da</strong> a agra<strong>da</strong>ria mais do<br />
que levantar-se e ir embora. O fato de<br />
ter permanecido no lugar era prova de<br />
que a herdeira podia ser<br />
criminosamente escan<strong>da</strong>losa na sua<br />
vi<strong>da</strong> pessoal, mas não era burra.<br />
Conhecia o pai bem o suficiente para<br />
saber que o arsenal de ameaças de<br />
Jeremy não estava esgotado.<br />
– Você tem cinco minutos.<br />
As palavras de Madison<br />
comprovavam que se <strong>da</strong>va conta de que<br />
o pai tinha mais encorajamentos para<br />
lhe dirigir, mas também que ela tinha<br />
pouca paciência para ficar esperando<br />
para descobrir quais seriam.
O rosto de Jeremy ficou vermelho.<br />
– Como disse?<br />
– Ela está aguar<strong>da</strong>ndo o ataque dos<br />
dois outros dentes do forcado –<br />
informou Viktor.<br />
A careta de Jeremy deixou claro que<br />
entendera o que ela quisera dizer, mas<br />
que não gostava do ultimato sugerido<br />
de que iria se levantar e ir embora se ele<br />
não atendesse as limitações de tempo<br />
impostas por ela.<br />
– Forcado? – perguntou Black.<br />
Viktor poderia ter respondido, mas<br />
não o fez. Não estava nos seus planos<br />
oferecer qualquer informação a<br />
Maxwell Black hoje. Viktor ignorara a<br />
presença dos outros candi<strong>da</strong>tos ao
edor <strong>da</strong> mesa, considerando-os<br />
supérfluos, e, por ele, continuaria a<br />
fazê-lo.<br />
Madison não se mostrou tão<br />
relutante.<br />
– Jeremy jamais entra em uma luta<br />
que não esteja certo de poder vencer.<br />
Por conta disso, ele prefere marcar as<br />
cartas. Ele de cara tem sempre três<br />
cenários, nenhum dos quais vá me<br />
agra<strong>da</strong>r.<br />
– Você chama o seu pai pelo primeiro<br />
nome? – perguntou Black.<br />
Madison lançou um olhar sugestivo<br />
na direção do magnata.<br />
– Como ele mesmo já salientou, não<br />
sou eu na família a perder tempo com
fantasias sentimentais.<br />
O que ela não revelara é que, até<br />
aquela manhã, chamara Jeremy de<br />
papai e, às vezes, até de pai. O fato de<br />
não fazê-lo mais deixava claro o seu<br />
atual estado de espírito.<br />
Não havia dúvi<strong>da</strong>s de que o<br />
presidente <strong>da</strong> empresa drasticamente<br />
metera os pés pelas mãos na sua<br />
abor<strong>da</strong>gem com a filha.<br />
Viktor podia até ter sugerido a<br />
estratégia atual para proteger os<br />
interesses e o futuro <strong>da</strong> AIH, mas ele<br />
jamais teria emboscado Madison com<br />
isso durante uma reunião com<br />
desconhecidos.
Ficara zangado ao se <strong>da</strong>r conta de<br />
que Jeremy sequer se dera ao trabalho<br />
de informar a filha sobre a pauta <strong>da</strong><br />
reunião antes de sua chega<strong>da</strong>. Ela podia<br />
ser fútil e tender a comportamentos<br />
arriscados e escan<strong>da</strong>losos, contudo<br />
merecia mais respeito do que isso.<br />
Viktor não tinha dúvi<strong>da</strong>s de que,<br />
mais cedo ou mais tarde, Jeremy<br />
conseguiria o que queria, muito até<br />
porque ele mesmo <strong>da</strong>ria um jeito para<br />
garantir que isso acontecesse.<br />
Contudo, tinha a crescente<br />
desconfiança de que o custo pessoal<br />
desse sucesso pudesse ser maior para<br />
Jeremy do que o presidente <strong>da</strong> Archer<br />
International Holding antecipava.
Madison lançou um olhar para o<br />
relógio Cartier no seu pulso.<br />
– Seu tempo começa a contar agora,<br />
Jeremy.<br />
– Escola Golden Chances Charter.<br />
– O que tem ela? – perguntou<br />
Madison cautelosamente, uma<br />
rachadura quase imperceptível enfim<br />
aparecendo na sua impassível facha<strong>da</strong>.<br />
– Ao longo dos últimos três anos,<br />
você doou dezenas de milhares de<br />
dólares <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do seu fundo<br />
fideicomisso para melhorias e projetos<br />
na escola.<br />
– Estou ciente disso.<br />
Mas Viktor não estava. Ele começou<br />
a se perguntar o que mais não sabia
sobre Madison.<br />
Os olhos de Jeremy, os únicos traços<br />
que ver<strong>da</strong>deiramente lembravam os <strong>da</strong><br />
filha, refletiram súbito triunfo.<br />
– O zoneamento <strong>da</strong> escola está sob<br />
escrutínio.<br />
– Não estava ontem.<br />
– As coisas mu<strong>da</strong>m.<br />
– Entendo.<br />
Madison voltou a olhar para o<br />
relógio.<br />
– Está fingindo que isso não importa<br />
para você?<br />
– Não. Ain<strong>da</strong> lhe restam dois<br />
minutos.<br />
Viktor estava impressionado.<br />
Madison teria feito um trabalho melhor
de negociar um recente acordo com um<br />
conglomerado japonês do que o gerente<br />
de projeto que haviam enviado para a<br />
Ásia.<br />
Jeremy franziu a testa.<br />
– Ramona Grayson.<br />
– O que tem ela?<br />
Viktor teria cruzado as pernas<br />
defensivamente, caso alguém houvesse<br />
lhe dirigido a palavra no mesmo tom, e<br />
acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong>quele mesmo olhar.<br />
– O pai dela é um bêbado – salientou<br />
Jeremy com evidente desdém ao se<br />
referir ao homem que Madison jamais<br />
fizera segredo de considerar um<br />
segundo pai.
– E o meu é um canalha sem<br />
consciência. Suponho que nós duas<br />
tenhamos saído perdendo na loteria<br />
paterna, embora, tendo a opção, eu<br />
tivesse escolhido Harry Grayson. As<br />
emoções dele podem ser marina<strong>da</strong>s em<br />
álcool, mas, pelo menos, ele as tem.<br />
Viktor já vira Madison zanga<strong>da</strong>. Ele<br />
já a vira magoa<strong>da</strong>, constrangi<strong>da</strong> e até<br />
mesmo seriamente desaponta<strong>da</strong>.<br />
Porém, jamais a havia visto tão<br />
friamente furiosa.<br />
A Madison que Viktor conhecia há<br />
dez anos de modo algum se refletia na<br />
mulher severamente repudiante diante<br />
deles.
Apesar do que as suas palavras<br />
sugeriam, ela amava o pai. No passado,<br />
jamais fora capaz de disfarçar a sua<br />
necessi<strong>da</strong>de de ter a atenção e a<br />
aprovação dele. Seu erro sempre fora a<br />
maneira que escolhera para obter isso.<br />
Ela seguira as pega<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mãe, sem<br />
se <strong>da</strong>r conta de que Jeremy Archer<br />
ficara traumatizado demais com a per<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> mulher para querer ver a sua<br />
natureza au<strong>da</strong>z refleti<strong>da</strong> na única filha<br />
do casal.<br />
– Acha que Ramona enxerga as<br />
coisas desse jeito? – perguntou Jeremy.<br />
– Ou, quem sabe, ela não preferiria um<br />
pai que não estivesse perdido em uma<br />
garrafa?
Madison deu de ombros.<br />
– Não é algo que tenhamos o<br />
costume discutir.<br />
– Ain<strong>da</strong> assim, a destruição do<br />
negócio do pai dela, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> falência<br />
e <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de tudo que ele tem, deve<br />
doer um bocado, não acha?<br />
Com um gesto de pouco caso que ia<br />
contrário à fúria azul no seu olhar,<br />
Madison retirou o celular <strong>da</strong> bolsa.<br />
– Você tem exatamente quinze<br />
segundos para retirar <strong>da</strong> mesa essa<br />
tática de coerção.<br />
– Ou o quê?<br />
– Dez.<br />
E, pela primeira vez na lembrança de<br />
Viktor, o infalível homem de negócios
Jeremy Archer cometeu um erro em<br />
uma negociação. Ele silenciosamente<br />
pagou para ver o blefe <strong>da</strong> filha.<br />
Ele presumira que, como ela não<br />
tinha interesse nos negócios, Madison<br />
não fosse capaz do mesmo nível de<br />
obstinação que ele.<br />
Viktor sabia por experiência própria<br />
que não era só porque pai e filho viviam<br />
vi<strong>da</strong>s distintas que eles não teriam<br />
traços de personali<strong>da</strong>de em comum.<br />
Madison levou o celular ao ouvido.<br />
– Não – falou Viktor.<br />
Madison apenas sacudiu a cabeça.<br />
– Sinto muito, Viktor.<br />
Só podia haver um motivo para ela<br />
lhe pedir desculpas. O que quer que
tivesse planejado teria um efeito<br />
depreciativo sobre a AIH, e, por tabela,<br />
sobre o trabalho e o ganha-pão de<br />
Viktor.<br />
As possíveis implicações ain<strong>da</strong><br />
estavam se formando no cérebro dele<br />
quando ela fez contato com o advogado<br />
responsável pelo Fundo Madison.<br />
– Olá, sr. Bellingham. Preciso que o<br />
senhor providencie alguns documentos<br />
para mim. Estou man<strong>da</strong>ndo agora<br />
mesmo as instruções por mensagem de<br />
texto.<br />
Segundos mais tarde, foi possível<br />
escutar a voz agita<strong>da</strong> do advogado ao<br />
telefone.
Madison escutou em silêncio por um<br />
instante, antes de responder:<br />
– É, ele sabe. Está sentado bem na<br />
minha frente. Na reali<strong>da</strong>de, foi ele<br />
quem colocou isso em movimento.<br />
O fato de o imperturbável sr.<br />
Bellingham continuar falando tão alto<br />
que Viktor quase podia lhe distinguir as<br />
palavras deu a entender a natureza <strong>da</strong>s<br />
instruções de Madison.<br />
– Tenho certeza absoluta. E, sr.<br />
Bellingham? Se a sua firma deseja<br />
manter o Fundo Madison como cliente<br />
em 65 dias, quando ele ficará sob o<br />
meu controle, sugiro que tenha os<br />
papéis prontos para eu assinar quando<br />
passar pelo seu escritório hoje à tarde.
A resposta desta vez foi mais<br />
tranquila.<br />
– Obriga<strong>da</strong>, sr. Billingham.<br />
Madison devolveu o celular à bolsa e<br />
encarou o pai, sua expressão<br />
desafiando-o a perguntar o que ela<br />
fizera.<br />
Jeremy permaneceu obstina<strong>da</strong>mente<br />
silencioso, ou talvez estivesse em<br />
choque. Ele tinha de saber o conteúdo<br />
provável <strong>da</strong>queles documentos, ou<br />
talvez não.<br />
Talvez Jeremy Archer erroneamente<br />
achasse que a Archer International<br />
Holdings fosse importante o bastante<br />
para a filha para que ela não fizesse o
que Viktor tinha quase certeza de que<br />
fizera.<br />
– O que dizem os documentos? –<br />
perguntou Viktor por fim, não<br />
querendo basear qualquer decisão em<br />
suposições.<br />
– Como sabe, por conta do acordo<br />
financeiro feito pelo vovô Madison com<br />
Jeremy quando ele se casou com minha<br />
mãe, o Fundo Madison detém vinte e<br />
cinco por cento <strong>da</strong>s ações particulares<br />
<strong>da</strong> AIH.<br />
– Essas ações são a sua herança –<br />
afirmou Jeremy.<br />
– Romi é minha amiga.<br />
– Quer dizer que lhe deu parte de<br />
suas ações? – perguntou Viktor, no
fundo sabendo que não seria tão<br />
simples.<br />
– Se a empresa do sr. Grayson estiver<br />
sendo ameaça<strong>da</strong> pela AIH ou qualquer<br />
outra empresa mesmo que<br />
remotamente afilia<strong>da</strong> a ela, um minuto<br />
após a meia-noite do meu vigésimo<br />
quinto aniversário to<strong>da</strong>s as ações serão<br />
passa<strong>da</strong>s para o nome de Harry<br />
Grayson pessoalmente. Não para o de<br />
sua empresa.<br />
– Não pode fazer isso.<br />
– Posso.<br />
Madison lembrou mais o pai naquele<br />
instante do que em qualquer outro.<br />
– E se a empresa dele não estiver sob<br />
ameaça? – perguntou Viktor,
suspeitando que tivesse sido a<br />
increduli<strong>da</strong>de de Jeremy ante a ameaça<br />
<strong>da</strong> filha que houvesse precipitado<br />
algum tipo de ação permanente <strong>da</strong><br />
parte dela.<br />
– Metade <strong>da</strong>s minhas ações será<br />
transferi<strong>da</strong> para Romi.<br />
Jeremy ficou de pé, seu rosto ficando<br />
vermelho, seus olhos estreitando de<br />
fúria.<br />
– Você não vai assinar tais<br />
documentos.<br />
– Vou. Teve a sua chance de tirar <strong>da</strong><br />
mesa como item de negociação a<br />
felici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> minha amiga, mas se<br />
recusou a fazê-lo.
– Isso é insani<strong>da</strong>de – afirmou Steven<br />
Whitley, pronunciando-se pela primeira<br />
vez desde que fora apresentado a<br />
Madison. – Mesmo metade de suas<br />
ações tem um valor estimado em<br />
dezenas de milhões.<br />
– Romi não terá de se preocupar com<br />
um pai bêbado arruinando a sua vi<strong>da</strong>,<br />
não é? – perguntou Madison para o pai,<br />
como se tivesse sido ele a tocar na<br />
questão do valor <strong>da</strong>s ações.<br />
Jeremy bateu na mesa com a mão<br />
espalma<strong>da</strong>.<br />
– Não estou arruinando a sua vi<strong>da</strong>,<br />
Madison. Você mesma já fez um<br />
excelente trabalho no tocante a isso.
– Não, não fiz. Mas não espero que<br />
acredite nisso.<br />
– Você não vai doar doze e meio por<br />
cento <strong>da</strong> minha empresa!<br />
Viktor não sabia dizer se Jeremy se<br />
dera conta de que, efetivamente,<br />
retirara <strong>da</strong> mesa a terceira ponta de<br />
suas ameaças. De modo algum ele iria<br />
permitir que Harry Grayson fosse o<br />
dono de vinte e cinco por cento <strong>da</strong><br />
AIH.<br />
Jeremy e Madison eram por demais<br />
parecidos. Ambos eram capazes de ir a<br />
extremos pelo que era importante para<br />
eles. O problema é que, enquanto<br />
Madison era muito importante para<br />
Jeremy, ela não acreditava nisso, e
Jeremy era delibera<strong>da</strong>mente cego para<br />
o que Madison precisava dele.<br />
Além disso, a AIH vinha em primeiro<br />
lugar para Jeremy, e as pessoas de quem<br />
Madison gostava vinham em primeiro<br />
lugar para ela. Naquele instante, as<br />
duas priori<strong>da</strong>des estavam em conflito<br />
direto.<br />
Se Viktor não assumisse o controle as<br />
coisas iriam de mal a pior.<br />
– Sente-se, Jeremy – instruiu Viktor<br />
ao homem mais velho em um tom de<br />
voz que era respeitoso, porém firme.<br />
Lançando um olhar fulminante para<br />
a filha, Jeremy voltou para a sua<br />
poltrona.
– Esta reunião saiu dos trilhos e acho<br />
que está na hora de reagruparmos.<br />
Jeremy assentiu.<br />
Viktor ficou de pé e ajeitou o paletó<br />
antes de <strong>da</strong>r a volta na mesa e estender<br />
a mão para Madison.<br />
– Venha comigo.<br />
– O que está fazendo, Viktor? –<br />
perguntou Jeremy.<br />
– Madison e eu temos algumas coisas<br />
a conversar.<br />
Steven amarrou a cara para ele.<br />
– Você sabe que não é o único<br />
candi<strong>da</strong>to. O contrato foi oferecido para<br />
nós quatro.<br />
– Sou o único que importa.
Um retorcer quase imperceptível do<br />
canto <strong>da</strong> boca do seu patrão deixou<br />
evidente que ele sabia que era ver<strong>da</strong>de,<br />
contudo Jeremy disse:<br />
– Acho que cabe a Madison decidir.<br />
A <strong>da</strong>ma em questão deixou escapar<br />
um som de desdém.<br />
– Certo. Se a decisão é minha,<br />
presumo que ela tenha de ser feita<br />
entre os homens que incluiu nesta<br />
reunião. Um deles já era noivo, outro<br />
tem i<strong>da</strong>de para ser o meu pai e com um<br />
histórico de casamentos fracassados, e o<br />
outro é um completo desconhecido. E<br />
não podemos esquecer Viktor.<br />
– Maxwell Black é um homem que<br />
vale a pena ser conhecido.
Apesar de isso poder ser ver<strong>da</strong>de,<br />
Viktor não apreciou que Jeremy o<br />
houvesse salientado. Dois garotos de<br />
origem russa, criados para apreciar uma<br />
cultura que não era totalmente<br />
americana, Maxwell e Viktor haviam<br />
crescido juntos, suas famílias chega<strong>da</strong>s,<br />
seus objetivos similares.<br />
Meio que amigos, contudo<br />
demasia<strong>da</strong>mente semelhantes, ambos<br />
os homens estavam determinados a<br />
deixar a sua marca no mundo, e chegar<br />
ao topo <strong>da</strong> cadeia alimentar.<br />
Devido aos caminhos diferentes que<br />
haviam tomado para alcançar posições<br />
dominantes do mundo dos negócios, os<br />
interesses de Viktor e Maxwell jamais
haviam entrado em conflito antes de<br />
hoje.<br />
Por sorte, as palavras do pai não<br />
pareceram impressionar Madison.<br />
Ela virou-se de modo a poder fitar<br />
nos olhos o presidente <strong>da</strong> BIT.<br />
– Sr. Black, não se deixe enganar pela<br />
ignorância delibera<strong>da</strong> de Jeremy. Os<br />
artigos não passam de mentiras<br />
inventa<strong>da</strong>s por um homem que pensei<br />
ser meu amigo. Perry e eu jamais<br />
tivemos um relacionamento, quanto<br />
mais um relacionamento<br />
sadomasoquista.<br />
A mágoa por trás <strong>da</strong>quelas palavras<br />
levou Viktor a fazer alguns planos no<br />
tocante a Perry Timwatter.
– Eu acredito.<br />
A afirmação de Maxwell provou que<br />
ele era tão inteligente quanto Viktor<br />
sempre soubera que fosse.<br />
Madison relaxou quase<br />
imperceptivelmente.<br />
– Ótimo.<br />
– Independentemente dos motivos<br />
para a nossa reunião, eu gostaria de vir<br />
a conhecê-la, srta. Archer. – Maxwell –<br />
maldito seja – sorriu simpaticamente<br />
para Madison. – Parece-me ser uma<br />
pessoa muito interessante.<br />
Ela inclinou a cabeça.<br />
– Obriga<strong>da</strong>, mas...<br />
– Não desconsidere de cara a<br />
possibili<strong>da</strong>de de sermos compatíveis. –
Maxwell a interrompeu, com outro de<br />
seus sorrisos letais. – Aposto que<br />
poderia ensiná-la a gostar de algumas<br />
<strong>da</strong>s coisas de que foi acusa<strong>da</strong> de<br />
precisar.<br />
A exclamação de surpresa de<br />
Madison deixou claro que ficara<br />
choca<strong>da</strong> com as palavras de Maxwell.<br />
Se foram as palavras em si, ou o local<br />
onde escolheu dizê-las, Viktor não<br />
saberia dizer, e não importava. Ele não<br />
ficara surpreso. Maxwell sabia usar o<br />
que tinha de forte a seu favor, e<br />
explorava as fraquezas dos outros.<br />
Transformar as manchetes sujas em<br />
algo proibido, porém potencialmente<br />
excitante, era uma boa tática para li<strong>da</strong>r
com a atual situação e com a<br />
humilhação que Madison tinha de estar<br />
sentindo, mesmo não deixando<br />
transparecer.<br />
Infelizmente para Maxwell, Viktor<br />
não iria permitir que o seu plano<br />
funcionasse.<br />
Na<strong>da</strong> se interporia entre Viktor e o<br />
controle <strong>da</strong> AIH. Nem mesmo a própria<br />
Madison. Porém, especialmente, não<br />
Maxwell Black.<br />
Claramente incomo<strong>da</strong>do com as<br />
palavras de Maxwell, Jeremy deixou<br />
escapar um som de protesto.<br />
Antes que o homem mais velho<br />
pudesse dizer qualquer coisa, Viktor
estava diante de Maxwell, colocando-se<br />
entre ele e Madison.<br />
– Isso não é algo que você vá discutir<br />
aqui, ou com Madison.<br />
– Acha mesmo que não? – desafiou<br />
Black.<br />
– Sei que não.<br />
– Não preciso <strong>da</strong> sua proteção, Viktor<br />
– falou Madison baixinho, atrás dele.<br />
Ele virou-se para ela, mas não saiu do<br />
lugar, de modo que, para fitá-la, Black<br />
teria de se levantar e <strong>da</strong>r um passo para<br />
o lado.<br />
– Ain<strong>da</strong> assim você a tem.<br />
Ela sacudiu a cabeça, e ele não<br />
saberia dizer se fora de frustração ou<br />
em negação.
– Não estou nem perto de aceitar a<br />
oferta dele. Estou certa de que mesmo a<br />
mais bran<strong>da</strong> desse tipo de relação exige<br />
confiança. Confiança que eu não tenho.<br />
Não nos homens, principalmente<br />
homens com as mesmas priori<strong>da</strong>des<br />
que Jeremy Archer. Homens de<br />
negócios.<br />
Ela fez a palavra parecer uma ofensa.<br />
Contudo, Viktor não acreditou nela.<br />
Madison confiava nele. Sempre<br />
confiara, mesmo que não se desse conta<br />
disso.<br />
Maxwell ficou de pé, sua postura um<br />
pouco relaxa<strong>da</strong> demais para o gosto de<br />
Viktor. Ele gostou menos ain<strong>da</strong> quando
o outro homem o contornou de modo a<br />
poder encarar Madison.<br />
– Entendo.<br />
– Ótimo.<br />
– Na<strong>da</strong> no contrato diz que<br />
precisamos dividir o mesmo quarto de<br />
dormir.<br />
Os olhos de Madison brilharam<br />
com... seria interesse?<br />
Viktor praguejou baixinho.<br />
– Para receberem as cotas<br />
estipula<strong>da</strong>s, Madison e o marido terão<br />
de providenciar um herdeiro para a<br />
Archer International Holdings.<br />
Toma<strong>da</strong> de fúria, Madison deixou<br />
escapar uma exclamação de surpresa.
Antes que ela pudesse dizer qualquer<br />
coisa, Maxwell deu de ombros.<br />
– Sempre há a opção de inseminação<br />
artificial.<br />
– Enquanto vivemos duas vi<strong>da</strong>s<br />
completamente separa<strong>da</strong>s? – perguntou<br />
Madison em um tom que Viktor<br />
reconheceu. Contudo, a julgar pela<br />
reação de Maxwell e Jeremy, eles não.<br />
Jeremy bufou de raiva, enquanto o<br />
outro russo-americano assentiu<br />
presunçosamente.<br />
– Seríamos casados apenas no nome?<br />
– perguntou ela, o nível de repulsa<br />
elevando-se tanto que os outros<br />
deveriam ter notado.<br />
Não notaram.
– Não.<br />
Viktor se cansara do jogo de palavras.<br />
Madison lançou-lhe um olhar, como<br />
se estivesse questionando o direito dele<br />
de fazer tal pronunciamento.<br />
– Esse tipo de relação seria incerto<br />
demais para a saúde <strong>da</strong> AIH – salientou<br />
Viktor.<br />
A decepção cruzou os olhos azuis de<br />
Madison, mas ela disfarçou a emoção<br />
quase instantaneamente. Viktor<br />
praguejou em silêncio.<br />
Seu pai, to<strong>da</strong>via, assentiu<br />
vigorosamente.<br />
– Isso mesmo.<br />
– Acho que sua filha já provou que é<br />
mais do que capaz de tomar as próprias
decisões.<br />
A admiração de Maxwell era<br />
irritantemente aparente.<br />
– Não assinarei o contrato – afirmou<br />
Jeremy implacavelmente.<br />
O presidente <strong>da</strong> BIT não pareceu<br />
preocupado.<br />
As feições de Madison voltaram a<br />
ficar impassíveis quando ela fitou o pai.<br />
– Acha mesmo que eu concor<strong>da</strong>ria<br />
com esse tipo de casamento?<br />
Jeremy pareceu ficar sem palavras,<br />
talvez enfim se <strong>da</strong>ndo conta de que<br />
Madison não teria interesse em um<br />
negócio tão frio e calculado.<br />
– Por outro lado, acreditou nas<br />
mentiras de Perry, não acreditou?
– Eu nunca disse isso.<br />
Deveria estar se <strong>da</strong>ndo conta de seu<br />
colossal erro de julgamento ao li<strong>da</strong>r<br />
com a filha; contudo, sendo quem era,<br />
o patrão de Viktor jamais recuaria.<br />
Madison puxou a sua cópia do<br />
contrato <strong>da</strong> pilha diante de si e ficou de<br />
pé.<br />
– Presumo que não fará na<strong>da</strong> no<br />
tocante às mentiras de Perry, certo?<br />
– Eu já fiz. Acha que este acordo diz<br />
respeito apenas à AIH? Isso é tão<br />
importante para você quanto a<br />
reputação <strong>da</strong> minha empresa. – Era<br />
evidente que Jeremy acreditava no que<br />
estava dizendo, contudo Viktor<br />
certificara-se de que o presidente <strong>da</strong>
empresa enxergasse as coisas<br />
exatamente do mesmo modo que ele. –<br />
Assim que estiver casa<strong>da</strong> com um<br />
homem poderoso com uma reputação<br />
impecável, poderá começar a deixar<br />
para trás os excessos de sua juventude.<br />
– Minha vi<strong>da</strong> na<strong>da</strong> tem a ver com a<br />
sua empresa.<br />
Viktor não estava disposto a permitir<br />
que aquela conversa continuasse se<br />
deteriorando, o que com certeza<br />
aconteceria se os dois continuassem<br />
falando.<br />
– Conrad liberará um comunicado à<br />
imprensa categoricamente negando as<br />
alegações de Timwater – informou
Viktor, antes que outra palavra pudesse<br />
ser dita.<br />
O coordenador de mídia ergueu os<br />
olhos do seu tablet.<br />
– Eu vou?<br />
Seriamente desapontado com a falta<br />
de dedicação que o homem tinha para<br />
com a filha do presidente <strong>da</strong> empresa,<br />
Viktor não escondeu isso de Conrad.<br />
– Vai fazer muito mais do que isso.<br />
Se tivesse feito o seu trabalho direito,<br />
para começo de conversa, essa situação<br />
to<strong>da</strong> não teria acontecido.<br />
– Proteger a srta. Archer de seu<br />
próprio comportamento exacerbado<br />
jamais foi <strong>da</strong> minha competência –<br />
alegou Conrad com irritação.
– Por acaso notou a que<strong>da</strong> na<br />
confiança nos produtos AIH na<br />
imprensa digital hoje de manhã? –<br />
perguntou Viktor. – Ou achou ter sido<br />
apenas coincidência que o fenômeno<br />
tivesse começado a ocorrer meia hora<br />
depois dos tabloides terem chegado às<br />
bancas?<br />
O coordenador de mídia engoliu em<br />
seco e sacudiu a cabeça.<br />
Jeremy também não parecia na<strong>da</strong><br />
satisfeito.<br />
– Seu trabalho é proteger a imagem<br />
desta empresa e qualquer um associado<br />
a ela capaz de impactar na nossa<br />
reputação na comuni<strong>da</strong>de financeira –<br />
salientou Viktor em tom duro.
– Sim, senhor.<br />
– A não ser que seja demais para<br />
você. Talvez prefira assumir uma<br />
posição de relações públicas em um<br />
asilo para idosos?<br />
A ameaça foi clara. O normalmente<br />
imperturbável coordenador de mídia<br />
empalideceu.<br />
– Eu cui<strong>da</strong>rei disso.<br />
– Deveria ter cui<strong>da</strong>do de tudo no<br />
instante em que os tabloides foram<br />
colocados à ven<strong>da</strong>.<br />
Conrad não discutiu. Fizera besteira.<br />
– Não sei o que você passou a<br />
reunião to<strong>da</strong> fazendo no seu tablet,<br />
mas, fosse o que fosse, não era tão
importante quanto estar cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />
situação to<strong>da</strong> com Madison.<br />
– Eu estava escrevendo o anúncio do<br />
noivado.<br />
– Entendo. Asilos são bons demais,<br />
então. Talvez devesse estar escrevendo<br />
publici<strong>da</strong>de para agências de<br />
relacionamento online – sugeriu Viktor.<br />
Risa<strong>da</strong>s ecoaram pela sala, e Jeremy<br />
deixou escapar um som de sarcástica<br />
aprovação, contudo foi <strong>da</strong> alegria<br />
genuína de Madison que Viktor mais<br />
gostou.<br />
– Vou precisar <strong>da</strong> sua assinatura em<br />
uma ação civil contra Perry Timwater –<br />
falou Conrad para Madison.<br />
– Não.
A resposta de Madison não<br />
surpreendeu Viktor, que tratou de se<br />
adiantar a qualquer argumento que o<br />
coordenador de mídia e Jeremy<br />
pudessem ter.<br />
– O homem era amigo dela. Madison<br />
não vai querer processá-lo.<br />
– Grande amigo – comentou Conrad.<br />
A reação ligeiramente ofendi<strong>da</strong> de<br />
Madison enfureceu Viktor.<br />
– Temos outros caminhos que<br />
podemos tomar para pressioná-lo.<br />
Quero uma retratação de Perry a tempo<br />
para o noticiário noturno. Faça parecer<br />
que foi uma pia<strong>da</strong> que um amigo fez<br />
com o outro.<br />
Viktor dirigiu-se para Madison.
– Para o ver<strong>da</strong>deiro controle de<br />
<strong>da</strong>nos, você vai ter de fazer uma<br />
entrevista pessoal em um dos grandes<br />
programas de notícias de celebri<strong>da</strong>des,<br />
e encontrar-se com um jornalista que<br />
tenha uma audiência maior do que a do<br />
artigo original.<br />
– O que eu puder fazer – respondeu<br />
ela, surpreendendo-o com sua<br />
convicção e aceitação.<br />
Viktor franziu pensativamente a<br />
testa. Algo no escân<strong>da</strong>lo preocupara<br />
Madison o suficiente para ela buscar a<br />
aju<strong>da</strong> do pai.<br />
Jeremy podia não enxergar, mas, ao<br />
contrário de seus outros escân<strong>da</strong>los,<br />
Madison queria aquele esclarecido, e a
ecusa do pai em levá-lo a sério a<br />
incomo<strong>da</strong>ra um bocado.<br />
Viktor precisava descobrir por que<br />
aquilo significava tanto para ela.<br />
Voltou a estender a mão.<br />
– Venha comigo. Conversaremos<br />
sobre o plano do seu pai, e tomaremos<br />
as decisões que forem necessárias.<br />
Ela parecia pronta para discutir.<br />
Ele sorriu para ela.<br />
– Será que é tanto assim para pedir?<br />
Já mandei Conrad fazer o que fosse<br />
necessário para consertar isso para você.<br />
– Vai mandá-lo parar se eu me<br />
recusar?<br />
– Não.
Era importante que Madison se desse<br />
conta de que podia confiar em Viktor<br />
para cui<strong>da</strong>r dela. Ele tinha de ser o<br />
único candi<strong>da</strong>to que ela considerasse<br />
seriamente para ser o seu noivo.<br />
Pois seu marido um dia assumiria a<br />
AIH, e Viktor tinha to<strong>da</strong> a intenção de<br />
que tal homem fosse ele.<br />
– Tudo bem – falou Madison,<br />
ajeitando a bolsa debaixo do braço.<br />
– Só um minuto – disse Jeremy.<br />
– Sei o que você quer – afirmou<br />
Viktor.<br />
– Mas...<br />
– Alguma vez deixei de cui<strong>da</strong>r dos<br />
seus interesses em uma negociação?
– Não. – No rosto de Jeremy<br />
estampou-se aquela expressão<br />
implacável pela qual ele era conhecido.<br />
– Apenas não se esqueça de que a<br />
cooperação de Madison não é a única<br />
coisa que está em jogo no momento.<br />
A ameaça não surpreendeu e nem<br />
incomodou Viktor.<br />
Passara dez anos trabalhando para<br />
aquele homem, e seu objetivo final<br />
enfim estava ao seu alcance. Viktor não<br />
ia deixá-lo escapar.
CAPÍTULO 3<br />
MADDIE ACOMPANHOU Vik até o Le<br />
Mason, não se surpreendendo nem um<br />
pouco quando o maître encontrou uma<br />
mesa para eles em um canto tranquilo<br />
do perpetuamente lotado restaurante.<br />
– Já tomou café <strong>da</strong> manhã?<br />
Ela sacudiu a cabeça. Ele pediu<br />
panquecas, especiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> casa, para<br />
ela e um café para si mesmo.
– Trouxe-me até aqui para me<br />
lembrar de dias melhores? – perguntou<br />
ela, certa de saber a resposta.<br />
– Eu a trouxe até aqui porque você<br />
costumava adorar as panquecas de<br />
banana <strong>da</strong>qui, e achei que poderia<br />
tentá-la a comer.<br />
Seu corpo de cerca de 1,90 m deveria<br />
parecer esquisito na cadeira média do<br />
restaurante, mas não parecia. Com o<br />
cabelo escuro penteado para trás, a<br />
barba benfeita e um corpo capaz de<br />
despertar a inveja <strong>da</strong> maioria dos atletas<br />
vestido em um terno italiano feito sob<br />
medi<strong>da</strong>, na<strong>da</strong> que dizia respeito a<br />
Viktor poderia ser chamado de<br />
esquisito.
Fazendo o possível para ignorar a sua<br />
pura perfeição masculina, Maddie<br />
ajeitou o guar<strong>da</strong>napo sobre o colo.<br />
– Como sabia que eu ain<strong>da</strong> não havia<br />
comido?<br />
– Adivinhei.<br />
– Eu costumava parar de comer<br />
quando estava estressa<strong>da</strong>.<br />
Ela se surpreendeu por ele se<br />
lembrar.<br />
– Está me dizendo que isso mudou?<br />
– Não.<br />
Muita coisa ain<strong>da</strong> era igual, mas não<br />
estava disposta a lhe dizer isso.<br />
Não podia se esquecer de que os<br />
interesses de Viktor ali estavam<br />
alinhados estritamente com os do pai
dela, não com os seus. Ele deixara isso<br />
bem claro seis anos atrás, e na<strong>da</strong><br />
mu<strong>da</strong>ra.<br />
Sim, Viktor conseguira que Conrad<br />
se concentrasse em conter o frenesi <strong>da</strong><br />
mídia no tocante à entrevista de Perry<br />
sobre o suposto rompimento, mas ele o<br />
fizera pelo bem <strong>da</strong> empresa.<br />
Novamente. Não por Maddie.<br />
Independentemente de quaisquer<br />
que fossem seus planos agora, tinha o<br />
bem-estar <strong>da</strong> AIH como objetivo, disso<br />
ela tinha certeza. E, se ela fosse leva<strong>da</strong><br />
junto com a maré, que assim fosse.<br />
– Dê-me uma visão geral do<br />
contrato.
Estava morbi<strong>da</strong>mente curiosa sobre o<br />
que o pai fizera para convencer um<br />
homem como Viktor Beck, ou até<br />
Maxwell Black, a desposá-la.<br />
As sobrancelhas escuras de Vik se<br />
ergueram.<br />
– Confia em mim para lhe contar<br />
tudo que seja importante?<br />
Responder com sinceri<strong>da</strong>de não<br />
apenas faria de suas palavras anteriores<br />
uma mentira, mas faria dela uma tola.<br />
– Eu lerei o documento mais tarde<br />
para me certificar.<br />
– Seu pai aceita que você não será a<br />
sua sucessora.<br />
– E qual foi a primeira dica que ele<br />
teve?
Ela se recusara a se formar em<br />
economia e recusara qualquer pedido,<br />
exigência e até mesmo súplica para que<br />
aceitasse um emprego na empresa.<br />
– Realmente precisa que eu as<br />
enumere?<br />
– Não.<br />
– Basta dizer que Jeremy enfim<br />
aceitou que você jamais será a<br />
presidente <strong>da</strong> Archer International<br />
Holdings.<br />
Parecia haver mais satisfação do que<br />
decepção no tom de voz de Vik ao<br />
declarar isso.<br />
– Certamente representaria um<br />
obstáculo no caminho <strong>da</strong> ascensão <strong>da</strong><br />
sua própria carreira, se eu fosse.
Os olhos cor de café de Vik<br />
rapi<strong>da</strong>mente reluziram de surpresa<br />
repremi<strong>da</strong>.<br />
Ela sorriu, satisfeita de que ele ain<strong>da</strong><br />
não houvesse se <strong>da</strong>do conta de que ela<br />
soubesse.<br />
– Acha mesmo que é segredo que<br />
você cobiça o cargo?<br />
– É uma empresa de família.<br />
– Que você pretende coman<strong>da</strong>r um<br />
dia, e, se Jeremy não se dá conta disso,<br />
é porque delibera<strong>da</strong>mente não quer<br />
enxergar.<br />
– É um dos seus maiores defeitos.<br />
– Acha mesmo?<br />
– Ele não a enxerga pelo que você é e<br />
nem pelo que precisa dele.
– Certa vez, tentou mostrar para ele.<br />
No ano anterior à sua desajeita<strong>da</strong><br />
tentativa de sedução.<br />
Achara que o fato de que Vik a<br />
defendera significava que ele gostava<br />
dela. Contudo, pensando melhor, teve<br />
de chegar à conclusão de que a amizade<br />
que ele oferecera fora uma ferramenta<br />
para alcançar seus próprios objetivos.<br />
Obter a total confiança de Jeremy<br />
Archer.<br />
Poderia ter informado Vik de que ser<br />
seu amigo não lhe traria nenhuma<br />
vantagem. Para isso acontecer o pai<br />
teria de se importar um pouquinho que<br />
fosse com ela. Ele não se importava.
A única coisa que importava para<br />
Jeremy Archer era a empresa. Ele<br />
desposara a sua mãe para obter a<br />
injeção de capital necessária para tornar<br />
a AIH uma <strong>da</strong>s líderes no mercado<br />
internacional. Seu único interesse em<br />
Madison sempre fora como uma<br />
sucessora em potencial.<br />
– Ele desistiu de mim porque sabe<br />
que jamais serei a herdeira dos seus<br />
negócios.<br />
Por mais que magoasse pensar assim,<br />
aju<strong>da</strong>va a entender a sua falta de<br />
preocupação ante o “Perrygate”.<br />
– A única coisa de que Jeremy<br />
desistiu é do plano de atraí-la para os<br />
negócios.
Não acreditando por um segundo<br />
que fosse nisso, Maddie sacudiu a<br />
cabeça.<br />
– Você o escutou. Até você se<br />
intrometer, ele não tinha qualquer<br />
intenção de man<strong>da</strong>r Conrad me aju<strong>da</strong>r.<br />
– Seu pai, às vezes, deixa de enxergar<br />
o quadro todo.<br />
– E tudo que ele consegue ver é o<br />
objetivo final.<br />
Ele sequer se dera conta de como o<br />
escân<strong>da</strong>lo afetara adversamente a<br />
reputação <strong>da</strong> AIH.<br />
– É.<br />
Maddie aguardou até que a<br />
garçonete houvesse colocado as<br />
panquecas sobre a mesa e ido embora.
– E que objetivo é esse?<br />
– Vê-la casa<strong>da</strong> com um homem<br />
capaz de ser preparado para ser o<br />
sucessor dele.<br />
– Se o meu pai não conseguir o que<br />
quer de mim, me usará para obtê-lo,<br />
não é isso?<br />
– É uma versão bem simplifica<strong>da</strong>, e<br />
não inteiramente ver<strong>da</strong>deira.<br />
Maddie não ia perder o seu tempo<br />
discutindo algo que ambos sabiam ser<br />
ver<strong>da</strong>de, mas que Vik era leal demais<br />
para admitir.<br />
– Jeremy quer que seu sucessor seja<br />
<strong>da</strong> família. Que tradicional.<br />
– Será uma maneira de garantir que<br />
os netos herdem o seu legado intacto.
– O que é importante.<br />
– Para ele, é.<br />
O cheiro <strong>da</strong>s panquecas, <strong>da</strong>s bananas<br />
frescas e <strong>da</strong> cobertura a estavam<br />
deixando com água na boca.<br />
– E quanto a você?<br />
– Precisa perguntar?<br />
– AIH é a sua vi<strong>da</strong>.<br />
Tanto quanto sempre fora a do pai<br />
dela.<br />
– Prefiro ver a AIH como o veículo<br />
para a realização de meus próprios<br />
sonhos.<br />
– Não sabia que homens como você<br />
sonhavam.<br />
– Sem visionários na direção,<br />
empresas como a AIH atrofiariam e
morreriam.<br />
– Então considera o meu pai um<br />
sonhador muito dedicado – comentou<br />
ela com sarcasmo, antes de,<br />
prazerosamente, colocar na boca uma<br />
garfa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s panquecas.<br />
Vik riu.<br />
– É uma maneira de ver as coisas.<br />
– E seus sonhos pessoais incluem um<br />
dia ser presidente <strong>da</strong> AIH.<br />
– Isso.<br />
De certa forma, a sinceri<strong>da</strong>de dele a<br />
surpreendeu e encantou.<br />
– Puxa, suponho que por trás dessa<br />
facha<strong>da</strong> de homem de negócio<br />
americano realmente bata um coração<br />
russo.
– Meus avós gostariam de achar que<br />
sim.<br />
Ela lhe ofereceu uma garfa<strong>da</strong> de<br />
panqueca com banana.<br />
– E quanto aos seus pais?<br />
Vik aceitou a garfa<strong>da</strong> e Maddie se<br />
viu atormenta<strong>da</strong> por lembranças de<br />
quando haviam sido amigos e todos os<br />
sonhos dela haviam sido centrados<br />
naquele homem.<br />
– Desde que me entendo por gente,<br />
minha mãe é carta fora do baralho.<br />
Meu pai é como um vírus de<br />
computador. Insiste em retornar.<br />
Ela sorriu.<br />
– Eu deveria dizer que sinto muito,<br />
mas ter um pai que o enlouquece o
torna mais humano.<br />
Vik deu de ombros, e Maddie não<br />
pôde deixar de se perguntar se ele não<br />
mencionara o pai para estabelecer<br />
algum tipo de vínculo com ela.<br />
Há muito Vik já superara o seu pai<br />
no departamento <strong>da</strong> manipulação.<br />
Afinal, Jeremy Archer achava que ain<strong>da</strong><br />
estava no comando <strong>da</strong> AIH. Contudo,<br />
qualquer um com um pouco de massa<br />
cinzenta e acesso à empresa poderia<br />
perceber que já fazia vários anos que o<br />
espetáculo era de Vik.<br />
– De quem foi a ideia de jogar Steven<br />
Whitley e Brian Jones aos leões?<br />
– Ora, vamos, não é como se fosse<br />
um grande sacrifício receber uma
oportuni<strong>da</strong>de dessas.<br />
– Casamento com a filha pródiga<br />
levando a uma eventual presidência <strong>da</strong><br />
empresa?<br />
Para um homem como Vik, poderia<br />
valer muito a pena.<br />
– Não diria que você se encaixa na<br />
descrição de pródiga.<br />
– Não?<br />
– Você não detonou a sua herança.<br />
Na ver<strong>da</strong>de, é surpreendentemente<br />
responsável no âmbito fiscal.<br />
– Obriga<strong>da</strong>, eu acho.<br />
– Não abandonou a sua família para<br />
conhecer o mundo.<br />
– Deixei a casa <strong>da</strong> família.<br />
Ele piscou para ela.
– Mas permaneceu na ci<strong>da</strong>de.<br />
– O que posso dizer? Adoro São<br />
Francisco.<br />
– E o seu pai.<br />
– Prefiro não falar sobre isso.<br />
– Entendido. – Seu sorriso<br />
incendiou-lhe as terminações nervosas.<br />
– Até mesmo a sua notorie<strong>da</strong>de com a<br />
mídia não é do tipo escan<strong>da</strong>losa.<br />
– Até o “Perrygate”.<br />
Vik fez um gesto de pouco caso ante<br />
a importância <strong>da</strong>s mentiras de Perry.<br />
– Isso pode ser contornado.<br />
– Mas, falando sério, Whitley e<br />
Jones? – perguntou ela, voltando ao<br />
âmago <strong>da</strong> questão.<br />
Vik deu de ombros.
– Dentro <strong>da</strong> empresa, são os mais<br />
indicados para realizar o serviço.<br />
– Casar-se comigo?<br />
– Tornar-se o próximo presidente.<br />
– Além de você.<br />
– Além de mim.<br />
– Você é o único candi<strong>da</strong>to de<br />
ver<strong>da</strong>de.<br />
– É assim que eu gosto de pensar.<br />
– E, então, temos Maxwell Black.<br />
Os olhos de Vik se estreitaram, suas<br />
profundezas cor de café tornando-se<br />
quase negras.<br />
– Seu pai jamais aprovará o tipo de<br />
casamento que Black sugeriu.<br />
– E se for o único tipo de casamento<br />
que eu estiver disposta a aceitar? –
provocou ela.<br />
– Jeremy contratará uma barriga de<br />
aluguel e terá seu próprio filho, na<br />
esperança de ter sucesso com ele onde<br />
falhou com você.<br />
Totalmente desprepara<strong>da</strong> para a<br />
resposta, vários segundos se passaram<br />
antes que ela pudesse respirar<br />
novamente.<br />
– Ele não é mais nenhum garoto.<br />
– Está com 57 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
– Ele não seria tão cruel.<br />
E Maddie não quis dizer com ela.<br />
Nenhuma criança merecia nascer para<br />
ser apenas uma peça no tabuleiro de<br />
xadrez. Ninguém sabia disso melhor do<br />
que ela.
Maddie se retirara do jogo, contudo<br />
tivera a lembrança <strong>da</strong> mãe para lhe <strong>da</strong>r<br />
forças e coragem.<br />
Essa criança teria apenas Jeremy<br />
Archer.<br />
Estremeceu ante a ideia.<br />
– Não vou ter um filho apenas para<br />
ele, ou para ser colocado na mesma<br />
posição que eu fui.<br />
– Você quer filhos.<br />
Não havia dúvi<strong>da</strong> na voz de Vik.<br />
– Um dia.<br />
– Independentemente de quando<br />
vier a tê-los, ou de com quem venha a<br />
tê-los, Jeremy vai querer deixar a<br />
empresa para eles.<br />
– Eu sei.
O papel do pai na sua vi<strong>da</strong> e o<br />
destino de qualquer filho que pudesse<br />
vir a ter já fora algo sobre o qual passara<br />
várias horas conversando com a sua<br />
analista, a dra. Mackenzie.<br />
– Isso não é ruim.<br />
Maddie já se dera conta disso.<br />
Apesar de seus sentimentos em relação<br />
à AIH serem antagônicos demais para<br />
jamais querer fazer parte <strong>da</strong> empresa,<br />
considerando que sempre a vira como a<br />
enti<strong>da</strong>de que mantinha o pai longe<br />
dela, isso não significava<br />
automaticamente que seus filhos fossem<br />
sentir o mesmo.<br />
– Falou algo sobre eu ter um filho ser<br />
necessário para o homem que eu
desposar assumir a AIH.<br />
– Assim que nosso primeiro filho<br />
nascer, minha sucessão à presidência<br />
será anuncia<strong>da</strong>. Seu pai assumirá um<br />
papel menos ativo como presidente do<br />
conselho administrativo no seu<br />
sexagésimo aniversário.<br />
– E se eu não tiver tido filhos até<br />
então?<br />
– Só me tornarei presidente quando<br />
tivermos tido o nosso primeiro filho.<br />
– E se não pudermos ter filhos?<br />
– Nós podemos.<br />
– Parece tão certo.<br />
– E estou.<br />
Lembrou-se do ultrassom que o<br />
médico pedira como parte do seu
último check-up solicitado pela<br />
empresa. Maddie achara esquisito, mas,<br />
como seu plano de saúde era pago pela<br />
AIH, não se recusou a fazê-lo.<br />
– Jeremy mandou fazer testes de<br />
fertili<strong>da</strong>de em mim.<br />
– Apenas preliminares, mas o<br />
suficiente para saber que, exceto por<br />
algo que fuja à regra, não deverá ter<br />
problemas para conceber.<br />
– Isso é tão intrusivo.<br />
Vik na<strong>da</strong> disse, e, para falar a<br />
ver<strong>da</strong>de, Maddie não sabia o que<br />
queria que ele dissesse. Não tinha<br />
certeza de que a ideia do teste houvesse<br />
sido to<strong>da</strong> do pai.<br />
– E o que mais?
– O contrato me concede cinco por<br />
cento <strong>da</strong> empresa no nosso quinto<br />
aniversário. Outros cinco por cento ao<br />
nascimento de ca<strong>da</strong> filho nosso, desde<br />
que não exce<strong>da</strong> dez por cento.<br />
– Quanta generosi<strong>da</strong>de me permitir<br />
ter dois filhos.<br />
Sempre sonhara em ter ou adotar<br />
pelo menos quatro, criando um lar<br />
repleto de amor e alegria.<br />
– O contrato não limita o número de<br />
filhos que você pode ter, apenas os<br />
incentivos em ações que receberei para<br />
tê-los.<br />
Ela ignorou o modo como Vik<br />
continuava a presumir que era a única<br />
opção.
– O que mais?<br />
– Quando o seu pai falecer, se já<br />
estivermos casados há mais de dez anos,<br />
receberei mais cinco por cento <strong>da</strong><br />
empresa. Os cinquenta por cento<br />
restantes <strong>da</strong> empresa serão colocados<br />
em um fundo fideicomisso para os<br />
nossos filhos, com direito de voto<br />
estendendo-se apenas para os nossos<br />
filhos que estiverem ativamente<br />
envolvidos na administração <strong>da</strong><br />
empresa no núcleo executivo. Eu terei<br />
direito de veto sobre to<strong>da</strong>s as votações<br />
familiares.<br />
– Mas os outros filhos receberão a<br />
ren<strong>da</strong> vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ações?<br />
– Receberão.
– Parece complicado.<br />
Por outro lado, o pai dela estava<br />
longe de ser um homem simples.<br />
– Jeremy quer um legado, e você<br />
deixou claro que não quer fazer parte<br />
dele.<br />
– Sendo assim, ele me cortou do<br />
testamento.<br />
– Apenas no que diz respeito ao<br />
direito sobre a AIH.<br />
– Entendo.<br />
No fundo, ela não estava nem aí. O<br />
Fundo Madison providenciava to<strong>da</strong> a<br />
ren<strong>da</strong> de que ela precisava para<br />
sobreviver. Tal ren<strong>da</strong> seria reduzi<strong>da</strong><br />
assim que houvesse transferido para
Romi parte <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> empresa, mas<br />
Maddie não se importava.<br />
Sua maior despesa sempre fora para<br />
manter as aparências como Madison<br />
Archer, socialite. Por ela, tal parte de<br />
sua vi<strong>da</strong> poderia ir para o inferno. Se o<br />
pai quisesse que ela continuasse<br />
mantendo as aparências, ele que<br />
bancasse suas roupas de grifes e<br />
convites para eventos de cari<strong>da</strong>de.<br />
– Há mais alguma coisa que diga<br />
respeito a mim no contrato?<br />
– Seu pai gostaria que vivêssemos em<br />
Parean Hall.<br />
A mansão <strong>da</strong> família Madison, vazia<br />
desde a morte do avô de Maddie, de
infarto fulminante ao saber <strong>da</strong> morte<br />
acidental <strong>da</strong> filha, nove anos atrás.<br />
– Tenho planos para aquela casa.<br />
Estava incluí<strong>da</strong> no seu fundo e<br />
passaria para ela quando completasse<br />
25 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
– Que planos?<br />
– Não é <strong>da</strong> sua conta.<br />
– Satisfaça a minha curiosi<strong>da</strong>de.<br />
Sem responder, Maddie concentrouse<br />
em terminar as suas panquecas. Vik<br />
não insistiu.<br />
Por fim o seu silêncio paciente a<br />
convenceu a contar para ele.<br />
– Quero fun<strong>da</strong>r uma escola aberta<br />
aos alunos do sistema de adoção<br />
público.
– Um orfanato.<br />
– Não, uma escola para crianças<br />
superdota<strong>da</strong>s com circunstâncias<br />
familiares incomuns.<br />
Um lugar onde as crianças pudessem<br />
se desenvolver em segurança.<br />
Por vários instantes, Vik bebeu<br />
pensativamente o seu café.<br />
– E como iria financiar essa escola?<br />
– Uma grande parte <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do<br />
meu fundo iria para ela anualmente,<br />
contudo também pretendo arreca<strong>da</strong>r<br />
fundos em meio aos endinheirados<br />
desta ci<strong>da</strong>de. Aprendi um bocado sobre<br />
angariação de fundos desde o meu<br />
primeiro trabalho voluntário para a
campanha do prefeito quando era<br />
adolescente.<br />
– Seu pai não faz a menor ideia de<br />
como a sua vi<strong>da</strong> é cheia.<br />
– Não, não faz.<br />
E Vik também tinha uma ideia bem<br />
vaga. Ela parara de lhe contar sobre os<br />
seus planos e ativi<strong>da</strong>des quando ele a<br />
rejeitara tão sumariamente, seis anos<br />
atrás.<br />
Vik relaxou na poltrona.<br />
– A proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família Madison<br />
é uma casa grande, mesmo pelos<br />
padrões <strong>da</strong> elite de São Francisco, mas<br />
eu não diria que é o local ideal para<br />
uma escola. Tanto em se tratando <strong>da</strong>
arquitetura <strong>da</strong> construção quanto de<br />
localização.<br />
– Ah, não acha que o lugar de<br />
crianças pobres seja entre os ricos? –<br />
desafiou ela.<br />
A acusação não pareceu ofendê-lo.<br />
– Acho que a obtenção dos alvarás<br />
custará mais do que valerá a pena.<br />
– Originariamente, aquela seção <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de fora zonea<strong>da</strong> para ter uma<br />
escola, que jamais foi construí<strong>da</strong>.<br />
– E acha que as guias de zoneamento<br />
não serão mu<strong>da</strong><strong>da</strong>s assim que os seus<br />
vizinhos souberem de seus planos?<br />
– Não pretendo fazer alarde.<br />
– Terá de solicitar os alvarás,<br />
contratar funcionários... Não poderá
manter em segredo durante muito<br />
tempo.<br />
– Está dizendo que é então que a<br />
briga começará?<br />
– Estou.<br />
– Mas por que os residentes irão se<br />
importar de haver uma escola na<br />
vizinhança? Os planejadores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
claramente tinham a intenção de que<br />
houvesse uma.<br />
– E o fato de não haver uma deveria<br />
lhe dizer alguma coisa.<br />
– Mas...<br />
– Eu encontrarei um imóvel melhor<br />
para você.<br />
Maddie não queria ter de vender a<br />
casa do avô. Não que suas lembranças
de lá fossem as melhores. Vovô<br />
Madison fazia Jeremy Archer parecer<br />
afetuoso e caloroso, mas as histórias <strong>da</strong><br />
mãe de sua própria infância ali sempre<br />
foram muito alegres.<br />
Madison sempre lamentara não ter<br />
conhecido a avó, Grace Madison.<br />
– Eu terei de vender a mansão para<br />
financiar outra compra.<br />
Por mais que não quisesse fazê-lo. A<br />
escola era importante demais, e Vik<br />
tinha razão, como de costume. A<br />
oposição que encontraria a uma escola<br />
para os menos privilegiados na<br />
vizinhança seria feroz.<br />
Vik sacudiu a cabeça.<br />
– Eu comprarei o outro imóvel.
– Em troca do quê?<br />
– Considere o meu presente de<br />
casamento para você.<br />
– Quanta presunção.<br />
– Sou o único homem que permitirei<br />
que você considere.<br />
Olhos escuros fitaram os dela com<br />
inconfundível determinação.<br />
Ela tentou ignorar os arrepios que<br />
percorriam o seu corpo.<br />
– Está supondo que eu concor<strong>da</strong>rei<br />
em me casar.<br />
– Seu pai não se deu conta, mas eu<br />
sabia que tudo de que ele precisava era<br />
<strong>da</strong> primeira ameaça para convencê-la a<br />
concor<strong>da</strong>r com os planos dele.<br />
– Acha mesmo?
– Por acaso está em algum outro<br />
relacionamento?<br />
Maddie não viu por que mentir.<br />
– Não.<br />
– Está saindo com alguém?<br />
– Não. Por que está perguntando<br />
isso?<br />
– Porque, se estivesse em um<br />
relacionamento com alguém que fosse<br />
importante para você, seu pai poderia<br />
fazer a pressão que fosse, que não a<br />
convenceria a desposar outra pessoa.<br />
Nisso ele tinha razão.<br />
– Você acha que me conhece tão<br />
bem.<br />
– Sei que o seu pai significa mais para<br />
você do que quer que ele saiba.
– Não se trata do que eu quero.<br />
O pai achava que não importava para<br />
Maddie porque ela não era importante<br />
para ele. Não de um modo pessoal.<br />
– Jeremy não irá recuar no tocante a<br />
isso.<br />
– Por que agora?<br />
– Você precisa perguntar?<br />
– Preciso.<br />
Dera muita pouca bola para o<br />
escân<strong>da</strong>lo de Perry para ter sido isso a<br />
gota d’água a levá-lo a querer ver a filha<br />
casa<strong>da</strong>.<br />
– Já há algum tempo Jeremy tem<br />
estado preocupado com o que<br />
acontecerá quando você tiver acesso à<br />
maior parte do seu fundo.
– Agora, ele sabe.<br />
– Não acho que ele tinha previsto<br />
isso.<br />
– Não, jamais lhe passou pela cabeça<br />
que eu pudesse propositalmente colocar<br />
a AIH em risco.<br />
– Não.<br />
– Só que, aparentemente, a ideia de<br />
que eu pudesse me casar com alguém<br />
que fizesse isso já ocorrera a Jeremy.<br />
– É.<br />
Algo no jeito de Vik passou a<br />
impressão de que ele pudesse ter mais a<br />
ver com isso do que a paranoia do pai<br />
de Maddie.<br />
– Quer dizer que ele já estava<br />
considerando como faria para que eu
me casasse com o homem de sua<br />
escolha? E está usando o “Perrygate”<br />
apenas como desculpa.<br />
Vik fez sinal para que trouxessem a<br />
conta.<br />
– Acho que a reali<strong>da</strong>de é que ele tem<br />
muito medo que você acabe com o sr.<br />
Timwater. Seu pai faria qualquer coisa<br />
para evitar isso.<br />
– Para proteger a reputação e o<br />
futuro <strong>da</strong> empresa.<br />
Considerando a falta de sucesso de<br />
Perry em suas próprias empreita<strong>da</strong>s de<br />
negócios, era compreensível que o pai o<br />
quisesse longe de qualquer parte <strong>da</strong><br />
AIH.
– Às vezes acho que você é tão<br />
delibera<strong>da</strong>mente cega quanto o seu pai.<br />
– Vik sacudiu a cabeça. – Ele quer<br />
impedi-la de se casar com um homem<br />
capaz de ir a público com alegações<br />
como a que Perry fez na sua entrevista.<br />
– E Jeremy acredita que você seja<br />
uma escolha muito melhor.<br />
– E você não? – perguntou Viktor,<br />
seu tom um tanto sardônico.<br />
Maddie se recusou a responder.<br />
– Perry jamais esteve na corri<strong>da</strong>.<br />
– Várias matérias na mídia ao longo<br />
dos últimos seis anos sugeririam o<br />
contrário.<br />
– É, porque a mídia jamais erra.
– Você jamais negou, nem<br />
publicamente e nem para o seu pai.<br />
– É aí que você se engana. – E a<br />
ver<strong>da</strong>de não lhe trazia qualquer<br />
satisfação. – Falei para o meu pai que<br />
Perry não passava de um amigo, mas<br />
ele não acreditou. Sempre esteve mais<br />
interessado em suas próprias<br />
interpretações e as <strong>da</strong> mídia do que<br />
quer que eu pudesse ter a dizer.<br />
– Não acho que seja ver<strong>da</strong>de, mas ele<br />
é teimoso.<br />
– Você também é, no modo como<br />
sempre o defende.<br />
– Por acaso me respeitaria se eu não<br />
demonstrasse leal<strong>da</strong>de pelos meus<br />
amigos?
– Meu pai é seu amigo?<br />
– É.<br />
Não havia como duvi<strong>da</strong>r de sua<br />
sinceri<strong>da</strong>de. Ela também costumava<br />
achar que Vik fosse seu amigo.<br />
Aí as coisas mu<strong>da</strong>ram.<br />
Agora, estava encarando a reali<strong>da</strong>de,<br />
e ela não era simplesmente que o pai<br />
quisesse que se casasse com Vik, mas o<br />
próprio homem também queria. Ambos<br />
tinham os seus motivos; contudo,<br />
apesar de diferentes, tais motivos<br />
giravam em torno <strong>da</strong> AIH, e não de<br />
Maddie.<br />
Não fazia ideia de onde ela figurava<br />
nisso tudo, sé é que figurava como algo<br />
além de uma peça de menor
importância no tabuleiro de xadrez.<br />
Com certeza não se sentia como uma<br />
rainha.
CAPÍTULO 4<br />
– EU VOLTAREI às 15 horas para<br />
acompanhá-la até o escritório do<br />
advogado – informou Vik, quando<br />
Maddie destrancou a porta e entrou.<br />
– Tem certeza? Acho que existe aqui<br />
um conflito de interesse.<br />
– Prefere ir sozinha?<br />
– Não.<br />
Ain<strong>da</strong> mais após testemunhar o circo<br />
armado pela mídia diante do seu
prédio. Os paparazzi sempre a acharam<br />
interessante, mas jamais <strong>da</strong>quela<br />
maneira. E só tendia a ficar pior. Havia<br />
conseguido sair se esgueirando pelos<br />
fundos naquela manhã, mas agora<br />
havia parasitas <strong>da</strong> mídia ron<strong>da</strong>ndo<br />
todos os acessos ao prédio.<br />
Estava esperando que Vik fosse<br />
man<strong>da</strong>r o seu motorista deixá-la na<br />
garagem do prédio, mas só pôde ficar<br />
grata por ele ter insistido para saltar e<br />
acompanhá-la até a porta do<br />
apartamento.<br />
Ele mantivera o seu corpo<br />
protetoramente posicionado entre ela e<br />
os repórteres que haviam invadido a<br />
garagem.
– A segurança vai tratar de esvaziar a<br />
garagem – informou Vik após uma<br />
breve troca de mensagens de texto.<br />
Eles saíram do elevador para um<br />
corredor que, para o alívio de Maddie,<br />
estava vazio.<br />
Ain<strong>da</strong> assim, olhando para os dois<br />
lados, Vik a conduziu até a porta.<br />
– Você precisa de um esquema de<br />
segurança.<br />
Ela deu de ombros, preferindo não<br />
ter aquela discussão agora, tendo suas<br />
dúvi<strong>da</strong>s se a venceria.<br />
– Quando foi a última vez que trocou<br />
o segredo <strong>da</strong> fechadura? – perguntou<br />
ele, quando ela abriu a porta.
Olhou para ele, desejando que não se<br />
visse sem fôlego ca<strong>da</strong> vez que o fazia.<br />
– Por que eu haveria de trocá-lo?<br />
– Pelo menos, diga que mandou<br />
instalar fechaduras novas quando se<br />
mudou para cá.<br />
– Por que eu haveria de fazê-lo? –<br />
Ela voltou a perguntar. – Estou certa de<br />
que a administração do prédio se<br />
encarregou disso quando os inquilinos<br />
anteriores se mu<strong>da</strong>ram <strong>da</strong>qui.<br />
Sua expressão deixou clara que ele<br />
não compartilhava <strong>da</strong> confiança dela.<br />
– O apartamento não é próprio?<br />
– Não.<br />
Sempre estivera em seus planos<br />
mu<strong>da</strong>r-se para a mansão assim que
ecebesse a sua herança.<br />
– Além do inquilino anterior, quem<br />
tem a chave desta porta?<br />
– Romi. – Ela fez uma careta. – Perry,<br />
mas ele não vai <strong>da</strong>r as caras aqui.<br />
Sacudindo a cabeça, Vik sacou o<br />
celular e fez uma ligação.<br />
– Desative os cartões de acesso<br />
registrados para o apartamento de<br />
Madison Archer e providencie cartões<br />
novos para a própria, para Ramona<br />
Grayson e para mim. – Ele escutou em<br />
silêncio por um instante. – Sim, mande<br />
entregar o <strong>da</strong> srta. Grayson para ela, e<br />
os outros no meu escritório. Eu<br />
entregarei o <strong>da</strong> srta. Archer quando a<br />
vir, esta tarde. Enquanto estivermos
fora, quero um sistema de segurança<br />
instalado, junto com trancas de<br />
primeira.<br />
No dia anterior, a arrogância de Vik<br />
a teria enfurecido. Hoje? Parecia apenas<br />
que havia alguém cui<strong>da</strong>ndo dela.<br />
– Sabe, para um tubarão<br />
coorporativo, até que você é bom em<br />
bancar o cavaleiro branco.<br />
– Eu dou um bom aliado – retrucou<br />
Vik, guar<strong>da</strong>ndo o celular.<br />
– Mas um inimigo de <strong>da</strong>r medo, eu<br />
aposto.<br />
– Jamais terá de descobrir.<br />
– Mesmo se eu rejeitar o ultimato do<br />
meu pai?
Ela preferiu não mencionar que,<br />
mesmo que concor<strong>da</strong>sse, ain<strong>da</strong> poderia<br />
escolher desposar um homem diferente.<br />
Ambos sabiam que havia pouca<br />
chance de isso acontecer.<br />
Apesar de suas peripécias de<br />
juventude, não se casaria com um<br />
homem que acabara de conhecer e nem<br />
com um saído de vários divórcios.<br />
Vik estendeu a mão, levando-a à<br />
nuca de Maddie, e adiantou-se até que<br />
meros centímetros os separassem, o<br />
calor irradiado pelo seu corpo<br />
envolvendo-a como se fosse um casulo<br />
estranhamente protetor. Ele na<strong>da</strong> falou,<br />
apenas ficou a fitá-la com aqueles<br />
intensos olhos escuros.
– Viktor? – Ela conseguiu por fim<br />
sussurrar, suas terminações nervosas em<br />
chamas e seu coração em dispara<strong>da</strong>.<br />
– Você jamais será minha inimiga,<br />
Madison.<br />
– Está tão confiante assim que eu<br />
farei o que você quer?<br />
– Confio em você. É diferente.<br />
Ele não poderia ter dito algo mais<br />
garantido de persuadi-la. Pessoas que<br />
acreditavam em Maddie eram preciosas<br />
em sua vi<strong>da</strong>. E, desde aquela manhã,<br />
havia uma a menos.<br />
Os olhos cor de café continuavam a<br />
aprisioná-la com eficiência maior do<br />
que a mão na sua nuca.<br />
– Confia em mim?
– E eu tenho escolha? – in<strong>da</strong>gou ela,<br />
em uma tentativa de sarcasmo.<br />
– Não. – Em contraparti<strong>da</strong>, não havia<br />
humor na resposta dele. Inclinando a<br />
cabeça, ele se deteve apenas quando<br />
seus lábios estavam quase se tocando. –<br />
Não tem. E sabe por quê?<br />
– Por que não me diz? – falou ela<br />
sussurrando.<br />
– Você já escolheu.<br />
A boca de Vik cobriu a dela, e o<br />
coração de Maddie bateu ain<strong>da</strong> mais<br />
forte quando choques de prazer<br />
passaram dos seus lábios para os dela.<br />
Uma sensação que ela conhecera<br />
apenas uma vez antes, apesar do fato de<br />
ter tentado beijar outros homens. Seis
anos atrás, quando decidira que a<br />
melhor forma de celebrar ter se tornado<br />
adulta seria contar para o homem por<br />
quem estivera apaixona<strong>da</strong> há anos que<br />
o amava.<br />
Nem mesmo a lembrança <strong>da</strong> antiga<br />
humilhação era capaz de mitigar a<br />
sensação de êxtase que se apossava dela<br />
ante aquele vínculo primordial.<br />
O beijo não demorara muito, apenas<br />
alguns segundos, mas poderiam ter sido<br />
horas, a julgar pelo impacto que tivera<br />
nela. Quando Vik afastou-se e deu um<br />
passo para trás, Maddie teve de se<br />
impedir de ir atrás dele.<br />
– Três <strong>da</strong> tarde. Desligue o som do<br />
seu celular. Man<strong>da</strong>rei uma mensagem
de texto.<br />
Ela assentiu, atordoa<strong>da</strong> com um<br />
simples beijo. Não era um bom sinal no<br />
que dizia respeito ao seu equilíbrio<br />
emocional.<br />
Relutou em admitir que o magnata<br />
Viktor Beck poderia muito bem ser<br />
mais perigoso para a Maddie de quase<br />
25 anos de i<strong>da</strong>de do que o garoto de<br />
ouro de Archer fora para ela quando<br />
adolescente.<br />
– Entre e tranque a porta, Madison.<br />
Ela assentiu, contudo não se moveu<br />
enquanto tentava reconciliar o presente<br />
com o passado.<br />
Ele sacudiu a cabeça, um sorriso<br />
esboçando-se nos lábios.
– Você vai me <strong>da</strong>r trabalho.<br />
– É o que o meu pai costuma dizer.<br />
– Eu estava pensando em um tipo<br />
diferente de trabalho. – Vik passou o<br />
dedo pelo lábio inferior dela. – Pode<br />
acreditar.<br />
– Ah, é mesmo?<br />
O simples toque fazia os seus lábios<br />
formigarem, e um ardor que se<br />
equiparava ao <strong>da</strong> voz dele apossou-se<br />
do seu corpo.<br />
Seu sorriso alargou-se, e foi quase tão<br />
bom quanto o beijo.<br />
Não era ela quem <strong>da</strong>ria trabalho.<br />
– Até mais tarde. – Por fim,<br />
conseguiu dizer.
Fechar a porta atrás de si, quando<br />
voltou para dentro do apartamento, foi<br />
mais difícil do que deveria ter sido.<br />
Usando o celular pré-pago que<br />
comprara para a voluntária Maddie<br />
Grace usar como número de contato,<br />
ela ligou para a escola e avisou que não<br />
poderia ir trabalhar por alguns dias.<br />
Não podia correr o risco de ser flagra<strong>da</strong><br />
na sua identi<strong>da</strong>de de Maddie Grace e<br />
ver a melhor parte <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong><br />
arruina<strong>da</strong> pelo furor <strong>da</strong> mídia.<br />
A próxima ligação que fez foi para<br />
Romi, que começou a praguejar em<br />
francês quando Maddie lhe contou que<br />
Jeremy estava usando o “Perrygate”
para forçá-la a concor<strong>da</strong>r com um<br />
casamento que ele aprovasse.<br />
Maddie não contou para Romi a<br />
respeito <strong>da</strong> ameaça à empresa do pai<br />
dela, nem sobre a sua própria resposta a<br />
isso. Romi iria exigir que a amiga não<br />
assinasse os documentos.<br />
– O que você vai fazer? Vai se casar<br />
com o homem por quem está<br />
apaixona<strong>da</strong> há dez anos?<br />
– Aquilo não passou de uma paixão<br />
de colegial. Estou com 24 anos de i<strong>da</strong>de<br />
agora.<br />
– E ain<strong>da</strong> virgem. Ain<strong>da</strong> evitando<br />
relacionamentos.<br />
– Não sou a única.
O silêncio de Romi foi praticamente<br />
uma confirmação.<br />
– Além do mais, eu poderia me casar<br />
com um dos outros.<br />
– Pois sim.<br />
– Maxwell Black me ofereceu um<br />
casamento de conveniência com filhos<br />
por inseminação artificial.<br />
– Max era parte do acordo do seu pai?<br />
– Romi exigiu saber em um tom<br />
ligeiramente mais estridente do que o<br />
normal.<br />
– Você conhece Maxwell – constatou<br />
Maddie com serie<strong>da</strong>de.<br />
Silêncio.<br />
– Um pouco.
– Mais do que um pouco, se o chama<br />
de Max.<br />
– Nós saímos algumas vezes.<br />
– Você nunca me contou.<br />
– Não foi na<strong>da</strong> de mais.<br />
Contudo, não era o que dizia o tom<br />
carregado de vulnerabili<strong>da</strong>de de Romi.<br />
– Acho que ele achou intrigantes as<br />
alegações de Perry sobre a nossa<br />
suposta vi<strong>da</strong> sexual – alertou Maddie.<br />
– Eu sei.<br />
– Você o quê? Como sabe disso?<br />
– Eu tenho de soletrar para você?<br />
– Você ain<strong>da</strong> é virgem.<br />
Era o que Romi dissera, e, apesar de<br />
ser, para todos os efeitos, uma<br />
anarquista política, hiperativa e de se
vestir um tanto ecleticamente, ela<br />
nunca mentia.<br />
– Tecnicamente, é ver<strong>da</strong>de.<br />
– Tecnicamente?<br />
– Olha, Maddie, eu não quero falar<br />
sobre isso.<br />
Maddie não pôde ignorar a<br />
impotência e vulnerabili<strong>da</strong>de na voz de<br />
Romi.<br />
– Tudo bem, queri<strong>da</strong>. Mas sabe que<br />
estou aqui para o que você precisar, não<br />
sabe?<br />
– Sempre. IPE.<br />
– IPE.<br />
Irmãs por escolha.<br />
A mãe de Maddie se referira a elas<br />
desse jeito quando estava explicando
para o diretor <strong>da</strong> escola primária que as<br />
meninas se <strong>da</strong>riam melhor tendo a<br />
mesma professora no jardim de<br />
infância.<br />
Depois disso, elas jamais ficaram em<br />
turmas separa<strong>da</strong>s.<br />
Compartilharam tudo, inclusive a<br />
tristeza ante a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> única mãe que<br />
ambas as meninas haviam conhecido<br />
quando a lancha de Helene Archer<br />
chocou-se com as pedras invisíveis sob a<br />
luz de um céu sem lua.<br />
Não era à toa que Maddie tinha uma<br />
propensão para correr riscos.<br />
Ela entendia que o comportamento<br />
ca<strong>da</strong> vez mais excêntrico <strong>da</strong> mãe fora o<br />
jeito de Helene de pedir aju<strong>da</strong>. Uma
aju<strong>da</strong> de que nem Maddie e nem seu<br />
pai perceberam que Helene precisava.<br />
Era um fracasso que Maddie ain<strong>da</strong><br />
estava tentando aceitar.<br />
A MENSAGEM de texto de Vik chegou<br />
faltando dez minutos para as 15h.<br />
Estava em uma videoconferência que<br />
não podia ser adia<strong>da</strong>, mas dois guar<strong>da</strong>costas<br />
estariam na porta dela em alguns<br />
minutos. Ela não deveria abrir a porta<br />
até ver os conhecidos crachás de<br />
identificação <strong>da</strong> equipe de segurança <strong>da</strong><br />
AIH através do olho mágico.<br />
A limusine a estava aguar<strong>da</strong>ndo<br />
diante dos elevadores na garagem.<br />
Graças a Deus, não avistou nenhum
epórter de vigília. A equipe de<br />
segurança havia se certificado disso.<br />
Um dos guar<strong>da</strong>-costas abriu a porta do<br />
veículo e ela o adentrou, só então se<br />
<strong>da</strong>ndo conta de que Vik estava<br />
realizando a sua videoconferência no<br />
seu celular.<br />
Com ca<strong>da</strong> fio de seu cabelo escuro<br />
perfeitamente penteado e o seu terno<br />
feito sob medi<strong>da</strong> imaculado, ele<br />
assentiu para ela enquanto prosseguia<br />
com a sua conversa em japonês.<br />
Suas palavras sem hesitação, seu<br />
japonês impecável, e, no entanto,<br />
Maddie não pôde deixar de sentir que a<br />
sua atenção estava to<strong>da</strong> volta<strong>da</strong> para<br />
ela.
Como se ela importasse.<br />
Sucumbindo ao desejo de sentar-se<br />
ao lado dele, Maddie acomodou-se no<br />
assento de couro macio diante do<br />
coordenador de mídia <strong>da</strong> AIH. Alivia<strong>da</strong><br />
que os guar<strong>da</strong>-costas não tivessem<br />
instruções de se juntarem a eles na<br />
parte de trás <strong>da</strong> limusine, ficou feliz que<br />
pelo menos o outro ocupante lhe <strong>da</strong>va<br />
uma desculpa para ceder ao seu<br />
capricho irresistível.<br />
A necessi<strong>da</strong>de de estar perto de Vik<br />
estava fugindo ao controle, exatamente<br />
como acontecera seis anos atrás.<br />
Maddie queria colocar a culpa nas<br />
circunstâncias extraordinárias, mas não<br />
sabia se poderia fazer isso.
O especialista em relações públicas<br />
interrompeu a digitação enlouqueci<strong>da</strong><br />
no seu tablet para assentir para ela, com<br />
um sorriso que pareceu mais uma<br />
careta.<br />
A entrevista de Perry deflagrara um<br />
terrível frenesi de mídia, além de<br />
qualquer coisa que Maddie já houvesse<br />
experimentado. Havia até especulações<br />
agora de que algumas de suas<br />
empreita<strong>da</strong>s mais arrisca<strong>da</strong>s haviam<br />
sido por conta de ordens do seu mestre.<br />
E isso nem era o pior. Maddie não fazia<br />
ideia de como era possível que uma<br />
virgem fosse rotula<strong>da</strong> de vicia<strong>da</strong> em<br />
sexo com evidentes problemas de
intimi<strong>da</strong>de, mas ela parara de ler as<br />
mensagens após tal manchete.<br />
A limusine havia deixado a garagem<br />
do seu prédio quando Vik encerrou a<br />
sua ligação.<br />
– Tudo bem? – perguntou para<br />
Maddie.<br />
Sinceri<strong>da</strong>de revelaria um nível de<br />
vulnerabili<strong>da</strong>de que não estava<br />
confortável em compartilhar com Vik,<br />
muito menos com Conrad. Não fazia<br />
ideia de como a sua vi<strong>da</strong> escapara ao<br />
controle tão rapi<strong>da</strong>mente.<br />
E o “Perrygate” era apenas parte<br />
disso. O ultimato do pai e a certeza de<br />
que a relação dos dois jamais seria o<br />
que ela sempre desejara foram seguidos
<strong>da</strong> igualmente alarmante, embora por<br />
motivos diferentes, constatação de que,<br />
de fato, estava considerando casar-se<br />
com a sua paixão de quando garota.<br />
– Estou bem.<br />
– Ótimo – falou Conrad, como se<br />
houvesse sido ele a fazer a pergunta. –<br />
Conter esse banho de sangue <strong>da</strong> mídia<br />
vai exigir sério esforço, e você vai<br />
precisar estar na sua melhor forma.<br />
Ele não precisava lhe dizer isso.<br />
Maddie passara o tempo todo desde<br />
que Vik a deixara em casa se<br />
preocupando com o que aconteceria se<br />
não conseguisse recuperar a sua<br />
reputação.
A perspectiva real demais de perder<br />
os seus sonhos de abrir uma pequena<br />
escola apertou-se na garganta de<br />
Maddie, que apenas assentiu.<br />
Assim que a mídia começasse a<br />
examinar mais de perto a vi<strong>da</strong> de<br />
Maddie, seu alter ego invariavelmente<br />
viria à luz do dia, e era praticamente<br />
garantido que perderia o seu trabalho<br />
como voluntária.<br />
Apesar de gostar do anonimato de<br />
Maddie Grace, tomara apenas medi<strong>da</strong>s<br />
rudimentares para manter as suas duas<br />
vi<strong>da</strong>s separa<strong>da</strong>s. Afinal de contas, não<br />
era James Bond, mas apenas uma<br />
socialite que queria contribuir como<br />
uma pessoa normal.
A única razão pela qual ninguém até<br />
agora ter notado que Maddie Grace e<br />
Madison Archer eram a mesma pessoa<br />
é que a notícia simplesmente não era<br />
tão interessante assim. Ou, pelo menos,<br />
não fora até agora.<br />
Sua notorie<strong>da</strong>de como a Madison<br />
“Doidivanas” fora do tipo inocente, boa<br />
apenas para preencher buraco nas<br />
colunas sociais, mas não picante o<br />
bastante para afetar a circulação. Sendo<br />
assim, jamais fora interessante o<br />
bastante para ser alvo de ver<strong>da</strong>deiras<br />
investigações.<br />
Não tinha dúvi<strong>da</strong>s de que os<br />
repórteres estavam se preparando para
isso agora. O “Perrygate” fora um prato<br />
cheio para os mexeriqueiros.<br />
O mais doloroso nos apuros de<br />
Madison era que não se tratava apenas<br />
do sonho dela que estava em jogo.<br />
Romi também estava igualmente<br />
empolga<strong>da</strong> com a escola.<br />
Após enviar mais uma mensagem de<br />
texto, Vik guardou o celular no bolso.<br />
– Nossa falta de uma resposta<br />
imediata abriu a porta para outras<br />
alegações falsas de supostos ex-amantes.<br />
Vik lançou um olhar para Conrad<br />
que deixou bem claro quem ele o<br />
culpava por tal erro.<br />
Apesar de não sentir qualquer<br />
satisfação em ver o coordenador de
mídia levando a pior, Maddie não pôde<br />
deixar de sentir um ligeiro arrepio de<br />
prazer ao ver Vik tomar o seu partido.<br />
Desde o instante em que ele<br />
ordenara a cooperação de Conrad<br />
naquela manhã, Maddie soubera que<br />
não estava sozinha para enfrentar as<br />
dolorosas consequências <strong>da</strong> traição do<br />
homem que outrora fora seu amigo.<br />
Conrad afrouxou a gola <strong>da</strong> camisa.<br />
– Estamos trabalhando em<br />
retratações; contudo, a melhor<br />
estratégia para solidificar o ângulo <strong>da</strong><br />
brincadeira de mau gosto é oferecer<br />
outra história para os abutres <strong>da</strong> mídia.<br />
– Como assim? Como um bebê de<br />
duas cabeças vindo do espaço ou coisa
do gênero? – perguntou Maddie, seu<br />
telefone avisando que recebera uma<br />
mensagem de texto de seu grupo seleto.<br />
Achando ser de Romi, ela pegou o<br />
aparelho e verificou a mensagem. Não<br />
era de sua IPE. Era de Vik, e dizia:<br />
Você não está bem. Conversaremos<br />
mais tarde.<br />
Ela respondeu:<br />
Como quiser.<br />
Vik pegou o seu celular e respondeu<br />
a mensagem dela enquanto falava:<br />
– Ou coisa do gênero. Uma famosa<br />
revista de fofocas sobre celebri<strong>da</strong>des já<br />
ofereceu uma matéria de duas páginas<br />
anunciando o nosso noivado formal,<br />
em troca de fotos exclusivas de uma
luxuosa recepção cheia de convi<strong>da</strong>dos<br />
famosos.<br />
– Quer dizer que estamos noivos<br />
agora?<br />
Será que ela perdera alguma coisa?<br />
Vik não respondeu. Apenas<br />
aguardou em silêncio até que ela<br />
chegasse às suas próprias conclusões.<br />
– É a melhor maneira de impedirmos<br />
que mais neve suja caia nessa avalanche<br />
– afirmou Conrad.<br />
– Neve suja? É sério? – perguntou ela<br />
com sarcasmo.<br />
– Tem uma expressão melhor para<br />
usar?<br />
– “Perrygate”.
– Apropria<strong>da</strong>, mas não a use nas suas<br />
redes sociais – instruiu Conrad. –<br />
Sugere um distanciamento negativo<br />
com o sr. Timwater. Estamos tentando<br />
passar a coisa to<strong>da</strong> como uma pia<strong>da</strong> de<br />
mau gosto.<br />
– Nesse caso, podem tentar passar a<br />
coisa to<strong>da</strong> como uma pia<strong>da</strong> de mau<br />
gosto que destruiu uma amizade. Não<br />
vou bancar a boazinha com o Perry.<br />
Ela não conseguiria fazê-lo.<br />
Conrad franziu pensativamente a<br />
testa.<br />
– Acho que seria melhor para você<br />
ser vista como a amiga disposta a<br />
perdoar. Aguar<strong>da</strong>r alguns meses para
cortar o homem de sua vi<strong>da</strong> iria<br />
aumentar a sua populari<strong>da</strong>de.<br />
– Não importa.<br />
– Timwater não chegará perto de<br />
Madison, nem mesmo para se<br />
desculpar.<br />
A voz de Vik não <strong>da</strong>va margem para<br />
discussões.<br />
E Conrad provou ser um homem<br />
inteligente, pois não insistiu.<br />
– Tudo bem, tudo bem. – Ele<br />
começou a fazer anotações. – A Pia<strong>da</strong><br />
De Mau Gosto Que Deu Fim A Uma<br />
Amizade. Posso usar isso. Podemos até<br />
<strong>da</strong>r uma melhora<strong>da</strong>. A Pia<strong>da</strong> De Mau<br />
Gosto Que Quase Deu Fim A Um<br />
Noivado.
Maddie olhou para Vik.<br />
– Ele está falando sério?<br />
Parte dela sabia que era assim que<br />
tinha de ser, que Conrad estava apenas<br />
fazendo o seu trabalho, mas não era<br />
na<strong>da</strong> divertido ver a sua vi<strong>da</strong> reduzi<strong>da</strong> a<br />
jargões e a manchetes.<br />
– Vai <strong>da</strong>r tudo certo, Madison. – Ele<br />
tomou a mão dela na sua. – Confie em<br />
mim.<br />
Ele jamais hesitava em lhe invadir o<br />
espaço pessoal, nem em tocá-la, embora<br />
jamais o houvesse visto ser tão<br />
desinibido com outras pessoas. Fora um<br />
dos motivos de ela ter convencido o seu<br />
“eu” de 18 anos de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>
possibili<strong>da</strong>de de que Vik pudesse<br />
retribuir os seus sentimentos.<br />
Dera-se conta de que o contato<br />
provavelmente era resultado <strong>da</strong> criação<br />
que recebera dos avós russos. Maddie<br />
supusera jamais tê-lo visto agindo assim<br />
com outros por conta de Vik não ter<br />
muitas relações pessoais.<br />
Que ela soubesse, nenhuma além dos<br />
avós e do pai dela.<br />
Era outra coisa que ela e Vik tinham<br />
em comum.<br />
Um círculo de amizades bem restrito.<br />
Vik apertou-lhe os dedos.<br />
– Conrad é um dos melhores no<br />
ramo. Antes de hoje de manhã, eu teria<br />
dito o melhor.
Conrad estremeceu, provando que<br />
estava escutando enquanto digitava.<br />
– E nosso noivado é a única maneira<br />
de restaurar a minha reputação?<br />
Vik franziu a testa.<br />
– Lamento, Madison, mas na<strong>da</strong> fará<br />
essa história desaparecer por completo.<br />
– Por que não?<br />
Coordenadores de mídia faziam<br />
milagres. Não era o que todo mundo<br />
dizia? Se eles não dessem um jeito de<br />
consertar aquilo, seria o fim dos sonhos<br />
que ela e Romi tinham. De modo<br />
algum Maddie permitiria que isso<br />
acontecesse.<br />
Conrad ergueu os olhos do seu<br />
tablet.
– Algumas pessoas sempre<br />
acreditarão que onde há ou havia<br />
fumaça tinha de haver fogo.<br />
– Mas não há fogo algum.<br />
O retorcer dos lábios de Conrad<br />
mostrou que ele provavelmente era<br />
uma <strong>da</strong>quelas pessoas.<br />
A mão de Vik moveu-se para a coxa<br />
de Maddie, trazendo a sua atenção de<br />
volta para ele, e apenas para ele.<br />
– Acredito em você.<br />
– Independentemente do que a<br />
imprensa possa ter alegado, jamais<br />
sequer tive um namorado sério –<br />
admitiu ela dolorosamente. Algo<br />
brilhou nos olhos de Vik, que apenas<br />
assentiu.
– Esteve ocupa<strong>da</strong> demais se metendo<br />
em encrencas.<br />
– Não esse tipo de encrencas.<br />
– Eu sei.<br />
– E sequer o de praxe nos últimos<br />
seis meses.<br />
Conrad ergueu bruscamente a<br />
cabeça.<br />
– Isso é ver<strong>da</strong>de?<br />
– Não fiz nenhuma bobagem ou<br />
qualquer coisa digna de ser noticia<strong>da</strong><br />
desde que quebrei a pelve naquela<br />
aterrissagem de paraque<strong>da</strong>s malfa<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />
Os olhos de Conrad se estreitaram.<br />
– E quanto a festas? Ficou com<br />
alguém?
– Não escutou o que ela disse,<br />
Conrad? – perguntou Vik, seu tom de<br />
voz gelado abaixando a temperatura no<br />
interior do veículo. – Madison não fica<br />
com qualquer um.<br />
– Ela disse que há muito não tem um<br />
relacionamento sério, que os homens<br />
alegando terem tido relações<br />
sadomasoquistas com ela estão<br />
mentindo. A srta. Archer jamais alegou<br />
ser celibatária.<br />
Então Conrad estava mesmo<br />
escutando.<br />
Vik não recuou.<br />
– Pode incluir não fica com qualquer<br />
um nessa lista.
– Posso mesmo? – perguntou Conrad<br />
para Maddie, surpreendendo-a com sua<br />
insistência.<br />
– Pode – retrucou ela com firmeza. –<br />
Desde o acidente, só saí à noite para<br />
comparecer a eventos de cari<strong>da</strong>de.<br />
– Acompanha<strong>da</strong> por Perry? –<br />
perguntou Conrad, como se a<br />
possibili<strong>da</strong>de não o agra<strong>da</strong>sse.<br />
O que era compreensível, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />
circunstâncias.<br />
– Umas duas vezes.<br />
Vik cerrou os dentes.<br />
– Na maioria dos eventos, Romi e eu<br />
vamos juntas. Perry não está muito<br />
interessado em aju<strong>da</strong>r os outros.
Maddie sentia-se desleal admitindo a<br />
ver<strong>da</strong>de, contudo Romi sempre<br />
afirmara isso.<br />
O único interesse de Perry sempre<br />
fora nos contatos de negócios que<br />
poderia fazer em tais eventos, não nas<br />
causas.<br />
– Você mesmo estava na maioria<br />
deles – falou para Vik.<br />
Ele frequentemente representava a<br />
AIH nesse tipo de coisa. Maddie sabia<br />
que, em nome <strong>da</strong> empresa e<br />
pessoalmente, Vik apoiava as causas de<br />
maneira bem tangível.<br />
O lindo cavaleiro branco corporativo<br />
assentiu.
– Isso poderia trabalhar a nosso<br />
favor, a não ser que tenha sido<br />
fotografado com a sua acompanhante<br />
para a noite – falou Conrad. – Mesmo<br />
então, acho que podemos fazer isso<br />
funcionar.<br />
– Há mais de um ano que Vik não<br />
leva ninguém para um desses eventos.<br />
Uma informação que revelava o<br />
quanto Maddie prestava atenção em<br />
Vik.<br />
Um fato que ela fizera de tudo para<br />
esconder, até de si mesma, droga!<br />
A sobrancelha ergui<strong>da</strong> e o seu olhar<br />
sugestivo diziam que ele também se<br />
dera conta disso.
– Isso é bom. Podemos<br />
retroativamente construir um<br />
relacionamento nascente que vocês<br />
fizeram de tudo para manter longe dos<br />
holofotes <strong>da</strong> mídia. – Conrad<br />
continuou a fazer anotações no seu<br />
tablet. – Isso funciona.<br />
Maddie virou-se para Vik.<br />
– Vamos mesmo nos casar?<br />
– Você é quem sabe.<br />
– Não parece ser possível.<br />
Tudo desde aquela manhã parecia<br />
ser um sonho estranho, desagradável e<br />
quase inacreditável.<br />
– Pode acreditar – falou Vik, sem<br />
saber que estava respondendo aos<br />
pensamentos silenciosos dela.
Maddie estreitou os olhos, tentando<br />
entendê-lo.<br />
– Como pode aceitar isso tão<br />
calmamente?<br />
– E o que deveria me abalar?<br />
– Ontem era um homem livre. Hoje,<br />
está noivo.<br />
Será que isso não o abalava nem um<br />
pouquinho? Ou seria algo que Vik<br />
planejara o tempo todo? Ela não podia<br />
desconsiderar tal possibili<strong>da</strong>de.<br />
– Ain<strong>da</strong> não estamos noivos.<br />
– Mas...<br />
– Terminaremos esta discussão após<br />
você ter se encontrado com o seu<br />
advogado.
O que ele queria dizer com isso? Ele<br />
achava que estavam noivos ou não?<br />
Estavam noivos? Será que ela dissera<br />
sim? Tinha quase certeza de que não<br />
dissera.<br />
Ele retornou a sua atenção para o<br />
celular e enviou uma mensagem de<br />
texto.<br />
Dessa vez, Maddie não teve dúvi<strong>da</strong>s<br />
de que fora para ela.<br />
Dito e feito. Segundos mais tarde, o<br />
telefone dela apitou.<br />
Confie em mim.<br />
Certo. E ele achava que isso era fácil?<br />
– Não vai tentar me convencer a não<br />
assinar a documentação?
– Eu avisei para Jeremy que ameaçar<br />
Romi poderia sair pela culatra.<br />
– Ele não acreditou em você.<br />
– Ele tem dificul<strong>da</strong>des em recuar,<br />
uma vez que as coisas estejam em<br />
movimento.<br />
– Está me dizendo que ele já colocou<br />
em an<strong>da</strong>mento a destruição <strong>da</strong> empresa<br />
do sr. Grayson? Eles costumavam ser<br />
bons amigos.<br />
Vik deu de ombros.<br />
– Ele fez a pesquisa sobre como fazer<br />
isso acontecer.<br />
– E não quis desperdiçar os seus<br />
esforços?<br />
Seu pai podia ser tão frio. Contudo,<br />
isso não era nenhuma novi<strong>da</strong>de.
– Nós dois concor<strong>da</strong>mos que Jeremy<br />
não faz ideia de como isso pode vir a<br />
explodir na cara dele.<br />
– Mas você não está tentando me<br />
fazer mu<strong>da</strong>r de ideia.<br />
Conrad parou de digitar e escutou,<br />
como se ele também estivesse curioso<br />
no tocante ao que estava motivando o<br />
comportamento de Vik.<br />
Ignorando o outro homem, Vik<br />
concentrou to<strong>da</strong> a sua atenção em<br />
Maddie.<br />
– No final <strong>da</strong>s contas, aquelas ações<br />
lhe pertencem.<br />
– Meu pai não vê as coisas assim.<br />
– Jamais passou pela cabeça de<br />
Jeremy que qualquer filho seu pudesse
considerar a AIH um meio para um<br />
fim, em vez de o próprio fim.<br />
Baseado no que ela lhe contara<br />
naquela manhã, Vik não precisava ser<br />
um gênio para saber que Maddie<br />
sempre pretendera usar a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
ações para tocar a escola. O que ele não<br />
podia saber é que Romi pretendia fazer<br />
o mesmo. Ela queria tanto a escola<br />
quanto Maddie.<br />
O sonho de Vik era algo diferente;<br />
contudo, obviamente, de igual<br />
importância para ele.<br />
– Você quer a empresa.<br />
– Como o seu pai, quero deixar um<br />
legado para os meus filhos. – Os olhos<br />
castanhos de Vik arderam de certeza. –
A Archer International Holdings será<br />
tal legado.<br />
– Mas não estamos noivos.<br />
Ela não conseguiu evitar o ligeiro tom<br />
sarcástico.<br />
A falta de resposta de Vik não<br />
surpreendeu Maddie.
CAPÍTULO 5<br />
O TEMPO de Madison no escritório do<br />
advogado passou rapi<strong>da</strong>mente, embora<br />
o homem mais velho tivesse perguntado<br />
se ela tinha certeza a respeito do que<br />
estava fazendo.<br />
Maddie não tinha dúvi<strong>da</strong>s.<br />
Vik ficou de pé quando ela voltou<br />
para a antessala, sem <strong>da</strong>r qualquer sinal<br />
de que estivesse aborrecido com o que<br />
ela estava fazendo.
– Tudo acabado?<br />
– Tudo.<br />
– Tem planos para o restante do dia?<br />
– Não.<br />
Pousando a mão na sua lombar, ele a<br />
guiou para fora do escritório de<br />
advocacia.<br />
– Ótimo.<br />
– Por quê?<br />
– Temos uma sessão de fotos com o<br />
fotógrafo <strong>da</strong> revista no final <strong>da</strong> tarde.<br />
Ele nos acompanhará no jantar na<br />
mansão do seu pai. Meus avós estarão<br />
lá.<br />
– Bancando a família feliz? Isso é<br />
mesmo necessário?<br />
– É.
Ao chegarem à garagem, ele a<br />
conduziu até o seu carro. A limusine e a<br />
SUV, lota<strong>da</strong>s de guar<strong>da</strong>-costas não<br />
estavam em nenhum lugar que ela<br />
pudesse ver.<br />
– Conrad está na limusine com uma<br />
ruiva servindo de chamariz.<br />
Vik abriu a porta do carona do<br />
Jaguar XJL preto para Maddie.<br />
Ela acomodou-se no carro de luxo.<br />
– Antes ela do que eu. Eu teria sido<br />
uma péssima celebri<strong>da</strong>de.<br />
– Acha mesmo? Seu pai acha que<br />
você vem fazendo o possível para se<br />
tornar a próxima estrela de reality<br />
shows.
– Apenas Madison “Doidivanas”<br />
versão 2.0.<br />
A expressão de Vik tornou-se<br />
ponderadora.<br />
– De muitas maneiras, Helene<br />
Madison Archer foi uma mulher<br />
fantástica, e ela criou uma filha forte e<br />
impressionante, mas o modo como ela<br />
escolheu li<strong>da</strong>r com as coisas de que não<br />
gostava na vi<strong>da</strong> não foi saudável.<br />
Precisa enxergar isso.<br />
– Eu enxergo. – Fora necessário<br />
algum tempo, mas Maddie há muito já<br />
chegara a tal conclusão. Vinha fazendo<br />
o possível para apagar a parte<br />
“Doidivanas” do seu nome. – Acredite<br />
ou não, sempre tive muito cui<strong>da</strong>do no
tocante a que parte de minha vi<strong>da</strong> eu<br />
permito que a mídia tenha acesso.<br />
– Perry não se mostrou tão seleto.<br />
Com suas identi<strong>da</strong>des ocultas pelo<br />
vidro tingido do Jaguar, Vik estava ao<br />
volante, quando Maddie respondeu:<br />
– Perry é um idiota que contou com<br />
a nossa amizade para protegê-lo <strong>da</strong>s<br />
consequências de suas mentiras.<br />
Quando ele deixou o distrito<br />
financeiro e cruzou Chinatown na<br />
direção <strong>da</strong> Van Ness, Maddie dedicouse<br />
ao seu favorito passatempo secreto.<br />
Observar Viktor Beck.<br />
Lembranças do beijo recente não lhe<br />
saíam <strong>da</strong> cabeça, um filme mental que<br />
ela parecia ser incapaz de desligar e que
provocava uma resposta visceral no seu<br />
corpo. Uma reação que não tinha<br />
certeza se deveria tentar reprimir ou<br />
não.<br />
Se iam se casar, ter essa reação ao<br />
beijo dele era uma boa coisa, não era?<br />
Por sorte, não teria de responder à<br />
perturbadora questão de se desposaria<br />
Vik pelos seus sonhos caso não se<br />
sentisse atraí<strong>da</strong> por ele. Quanto <strong>da</strong><br />
desumani<strong>da</strong>de do pai Maddie tinha?<br />
Tinha certeza de que Jeremy Archer<br />
alegaria que os papéis que acabara de<br />
assinar respondiam essa pergunta, mas<br />
não era assim que ela enxergava as<br />
coisas.
Vik reduziu a marcha, seu carro<br />
ronronando ao subir as ruas íngremes<br />
de São Francisco.<br />
– Você se recusa a processar Perry, a<br />
despeito de ele ter lhe difamado o<br />
caráter.<br />
– Nossa amizade acabou.<br />
No final <strong>da</strong>s contas, isso custaria mais<br />
para Perry do que qualquer indenização<br />
que pudesse obter nos tribunais.<br />
– Acabou mesmo?<br />
– Acabou.<br />
– Parece ter to<strong>da</strong> a certeza.<br />
O mesmo não podia ser dito de Vik.<br />
– E tenho.<br />
Vik pegou a rodovia 101.<br />
– Ótimo.
– E o simples fato de que jamais<br />
obterá outro empréstimo de mim<br />
representa uma consequência muito<br />
séria para ele. – Uma que ela duvi<strong>da</strong>va<br />
que o homem houvesse previsto. Ele<br />
provavelmente contara com a leal<strong>da</strong>de<br />
dela, só que cometera o grave erro de<br />
não de lhe oferecer nenhuma. – Ele<br />
também jamais será capaz de me usar<br />
como acompanhante para conseguir<br />
entrar nos eventos de alta socie<strong>da</strong>de<br />
para os quais seus próprios contatos são<br />
insuficientes para obter acesso.<br />
– O que descreve parece ser uma<br />
amizade um tanto unilateral.<br />
– É o que Romi sempre dizia, mas<br />
não é ver<strong>da</strong>de.
– É mesmo?<br />
Vik parecia genuinamente curioso,<br />
embora parecesse ter suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />
– Não acho fácil deixar as pessoas<br />
entrarem.<br />
O magnata bonitão deixou escapar<br />
uma exclamação de increduli<strong>da</strong>de.<br />
– Você possui um amplo círculo de<br />
relações.<br />
– E um total de duas pessoas que<br />
considero minhas amigas, agora<br />
reduzido a uma.<br />
– Acho que ain<strong>da</strong> são duas. – Vik<br />
lançou-lhe um olhar sugestivo. –<br />
Apenas não as mesmas duas.<br />
Um ardor inesperado apossou-se de<br />
Maddie ante a alegação, que, ain<strong>da</strong>
assim, admitiu:<br />
– Fico feliz de saber disso.<br />
Ela torcia para que fosse ver<strong>da</strong>de. As<br />
chances eram boas. Vik Beck podia ser<br />
um canalha no mundo dos negócios,<br />
mas não era mentiroso.<br />
– Ele me fazia rir – admitiu ela,<br />
retornando ao hábito antigo de<br />
compartilhar os pensamentos com Vik<br />
sem qualquer censura.<br />
– Você tem uma risa<strong>da</strong> contagiosa –<br />
comentou Vik. – Eu senti sau<strong>da</strong>des<br />
dela.<br />
Era difícil imaginar Vik sentindo<br />
sau<strong>da</strong>des de qualquer coisa nela.<br />
– Foi você quem decidiu que a nossa<br />
amizade havia acabado.
– Acaba<strong>da</strong>, não. Apenas<br />
interrompi<strong>da</strong>.<br />
– Como queira.<br />
Talvez em mais seis anos ela pudesse<br />
compartilhar o ponto de vista dele.<br />
– Achei que seria melhor assim.<br />
E era inteiramente possível que<br />
houvesse sido mesmo,<br />
independentemente do quanto a<br />
rejeição e o afastamento subsequente<br />
houvessem doído. A per<strong>da</strong> em um<br />
curto espaço de tempo <strong>da</strong> mãe, do avô e<br />
<strong>da</strong> amizade de Vik, somados à pouca<br />
atenção que recebia do pai, haviam<br />
deixado Maddie com sérios problemas<br />
de intimi<strong>da</strong>de. Mas se ela e Vik
tivessem mantido a amizade estreita,<br />
jamais teria superado as per<strong>da</strong>s.<br />
Nem teria construído a sua própria<br />
vi<strong>da</strong>, correndo atrás de sonhos que<br />
na<strong>da</strong> tinham a ver com a AIH.<br />
– Pensando bem, foi surpreendente<br />
que eu tivesse deixado Perry chegar tão<br />
perto.<br />
Contudo, precisava de um substituto<br />
para Vik.<br />
– Emprestou dinheiro para ele.<br />
E isso levara a amizade dele a uma<br />
reali<strong>da</strong>de completamente diferente,<br />
uma reali<strong>da</strong>de na qual Perry via<br />
Maddie como um recurso em vez de<br />
como uma amiga.
– Para ser exata, foram mais<br />
presentes do que empréstimos.<br />
– E isso melhora alguma coisa?<br />
Ela deu de ombros, mas a atenção de<br />
Vik estava volta<strong>da</strong> para a estra<strong>da</strong><br />
quando pegaram a Golden Gate Bridge.<br />
– As empreita<strong>da</strong>s nos negócios de<br />
Perry pareciam jamais <strong>da</strong>r certo.<br />
– Vender essa história para os<br />
tabloides parece uma tremen<strong>da</strong><br />
estupidez como plano a longo prazo,<br />
considerando que você o estava<br />
bancando.<br />
– Eu não estava. Recusei <strong>da</strong> última<br />
vez em que ele veio pedir dinheiro. Eu<br />
chegara à conclusão de que havia<br />
lugares melhores no qual poderia
desperdiçar meu dinheiro do que em<br />
outra <strong>da</strong>s malfa<strong>da</strong><strong>da</strong>s empreita<strong>da</strong>s de<br />
Perry.<br />
– E então ele a traiu.<br />
– É. – Ela suspirou. – Não fazia ideia<br />
de que minha amizade valesse apenas<br />
alguns dólares.<br />
– Cinquenta mil.<br />
– Foi o quanto ele recebeu?<br />
Não a surpreendia que Vik soubesse.<br />
O homem tinha o hábito de saber de<br />
tudo que pudesse ser mesmo de<br />
interesse periférico para si. Maddie<br />
supunha que ele não demoraria muito<br />
para saber a respeito do trabalho<br />
voluntário anônimo dela e até de sua<br />
terapia.
A única coisa que a impedia de<br />
contar ela mesma era a incerteza acerca<br />
de qual seria a reação dele.<br />
– Pelo artigo inicial nos tabloides. Ele<br />
planejava conseguir mais algumas<br />
entrevistas pagas por conta do<br />
escân<strong>da</strong>lo, talvez até a publicação de<br />
um livro.<br />
A voz de Vik estava carrega<strong>da</strong> de<br />
desdém.<br />
– Isso é ridículo. Não é como se eu<br />
fosse exatamente uma celebri<strong>da</strong>de.<br />
– Não, mas você é a “Herdeira<br />
Doidivanas”.<br />
– Madison “Doidivanas”. É como<br />
chamavam a minha mãe.
Maddie se lembrava de como se<br />
sentira próxima <strong>da</strong> mãe <strong>da</strong> primeira vez<br />
em que vira o apelido nos tabloides<br />
para se referir a ela. Só quando<br />
amadureceu mais, e com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
terapia, é que Maddie viu como isso era<br />
uma maneira erra<strong>da</strong> de pensar.<br />
– Você compartilha <strong>da</strong> tendência<br />
dela de aparecer na imprensa. O livro<br />
de Perry não teria rendido um milhão<br />
de dólares, mas alguém teria lhe <strong>da</strong>do<br />
um bom adiantamento por ele.<br />
– Isso é uma idiotice.<br />
– Isso é a nossa socie<strong>da</strong>de obceca<strong>da</strong><br />
por celebri<strong>da</strong>des e reality shows.<br />
– Suponho que sim. Fala do livro<br />
como se fosse coisa do passado.
– E é.<br />
As duas palavras foram ditas com<br />
evidente satisfação.<br />
Maddie não deveria ter se<br />
surpreendido com a veloci<strong>da</strong>de com<br />
que Vik trabalhara, contudo não podia<br />
negar ter ficado impressiona<strong>da</strong>, e até<br />
um pouco apreensiva.<br />
– Quais foram os termos de Perry?<br />
– Acredite quando digo que<br />
Timwater não determinou os termos.<br />
– Com o que Conrad conseguiu que<br />
ele concor<strong>da</strong>sse?<br />
– Acha mesmo que, após o sapo que<br />
ele teve que engolir hoje de manhã, eu<br />
confiaria essa negociação a Conrad?
– Você encontrou-se com Perry? Um<br />
pouco demais, não acha?<br />
Colocar Vik e Perry na mesma sala<br />
seria como colocar um gato de rua<br />
contra o campeão dos pesos pesados.<br />
O gato poderia até ser matreiro e<br />
astuto, mas ain<strong>da</strong> seria pulverizado.<br />
E não tinha lá muita certeza quanto à<br />
astúcia de Perry.<br />
– De agora em diante, qualquer coisa<br />
que tenha a ver com você, passa<br />
diretamente por mim antes.<br />
Reduzindo a marcha, Vik deixou a<br />
autoestra<strong>da</strong>.<br />
– Não é assim que meu pai opera.<br />
Maddie reconhecia a rota. Estavam<br />
seguindo para Marin Headlands.
– Não sou o seu pai.<br />
– Mas vocês dois são muito<br />
parecidos.<br />
– Em como fazemos negócios? Sim.<br />
Mas você compartilha mais<br />
características de personali<strong>da</strong>de com o<br />
seu pai do que eu.<br />
– Está brincando.<br />
– Não.<br />
– Sei que somos os dois teimosos,<br />
mas...<br />
– Acredite quando digo que não para<br />
por aí.<br />
– Você que acha.<br />
Ela não era na<strong>da</strong> como o pai.<br />
– Acho mesmo.
Típico. Vik não via necessi<strong>da</strong>de de se<br />
explicar e nem de convencê-la, o que<br />
apenas a fazia querer mais escutar as<br />
justificativas. Contudo, não iria<br />
perguntar.<br />
Não agora.<br />
Naquele instante estava mais<br />
interessa<strong>da</strong> em saber o que estavam<br />
fazendo no estacionamento perto de<br />
Battery Spencer.<br />
– O fotógrafo <strong>da</strong> revista está aqui<br />
para tirar algumas fotos colori<strong>da</strong>s ou<br />
coisa pareci<strong>da</strong>?<br />
– Não.<br />
Vik estacionou o Jaguar e desligou o<br />
motor, mas não fez menção de descer
do carro. Desafivelando o cinto de<br />
segurança, virou-se para ela.<br />
– Ain<strong>da</strong> bem que a amizade está<br />
termina<strong>da</strong> do seu lado. Timwater<br />
assinou uma cláusula de sigilo que<br />
cobre todo e qualquer aspecto de seu<br />
relacionamento com você. As<br />
penali<strong>da</strong>des para o rompimento dessa<br />
cláusula são severas.<br />
Ela não queria ver o homem<br />
novamente, mas não sabia ao certo<br />
como se sentia de ver a amizade dos<br />
dois desaparecer como se jamais<br />
houvesse existido.<br />
– Não aju<strong>da</strong>rá muito no tocante ao<br />
que ele já fez.<br />
Os olhos de Vik fitaram os dela.
– Ele assinou uma retratação<br />
admitindo que tudo que contou para o<br />
tabloide era mentira.<br />
– Isso não o deixará vulnerável para<br />
que o processem?<br />
– Eles não obterão uma cópia <strong>da</strong><br />
confissão, a não ser que ele volte a fazer<br />
besteira.<br />
– E isso o protegerá?<br />
– Faz diferença para você?<br />
– Não deveria. – Você não seria você<br />
se não fizesse.<br />
– Não sou molenga.<br />
– Duvido que alguém que a tenha<br />
visto enfrentar o seu pai hoje de manhã<br />
pense que seja.<br />
– Certo.
Vik sorriu.<br />
– Você é uma mulher forte cuja força<br />
é tempera<strong>da</strong> pela compaixão. Minha<br />
avó Ana é uma mulher pareci<strong>da</strong> com<br />
você.<br />
– E você a ama.<br />
– Amo.<br />
Será que isso significava que um dia<br />
ele poderia vir a amar Maddie? Ela fez<br />
o possível para ignorar tal fantasia.<br />
Como dissera para o pai antes, ao<br />
contrário <strong>da</strong> mãe, não acreditava em<br />
conto de fa<strong>da</strong>s. Não tinha expectativas<br />
de se casar por amor eterno e paixão<br />
irresistível.<br />
De modo que não sabia de onde<br />
vinha essa minúscula faísca de
esperança que ardia no seu coração.<br />
Sem saber do conflito que se travava<br />
no íntimo de Maddie, Vik acrescentou:<br />
– Depois que o nosso noivado for<br />
anunciado, Timwater fará um pedido<br />
público de desculpas por sua pia<strong>da</strong> de<br />
mau gosto.<br />
Embora, de acordo com Vik, não<br />
estivessem noivos.<br />
Subitamente, desconfiou que não<br />
haviam ido até o mirante apenas em<br />
busca de um pouco de privaci<strong>da</strong>de para<br />
discutirem sobre Perry.<br />
Mesmo assim, ela precisava saber de<br />
uma coisa.<br />
– Quanto?
– Você quer saber o quanto nós<br />
pagamos para ele?<br />
– É.<br />
– Do modo como será o pedido de<br />
desculpas dele, Timwater ficará com os<br />
seus cinquenta mil do tabloide.<br />
O fato não parecia agra<strong>da</strong>r muito a<br />
Vik.<br />
– E...?<br />
– A única coisa que prometi para<br />
Timwater foi não destruir o nome dele<br />
no mundo dos negócios. A cláusula de<br />
sigilo garante que também não<br />
moveremos um processo civil contra<br />
ele, contanto que o sujeito cumpra a<br />
sua parte.<br />
– Você é implacável.
– Não é uma característica exclusiva<br />
dos Archer. Fazemos o que for preciso<br />
para obter o que é importante para nós.<br />
– Como se casar com a filha do dono<br />
de uma empresa milionária para<br />
assumir o controle dela.<br />
– É.<br />
– Obriga<strong>da</strong>.<br />
– Por?<br />
– Não tentar fingir que existe algo<br />
além disso.<br />
Independentemente do que o<br />
coração dela quisesse.<br />
– E o que exatamente acha que é<br />
isso?<br />
– Necessi<strong>da</strong>de.<br />
Ele assentiu.
– Sim, mas será um casamento em<br />
todos os sentidos <strong>da</strong> palavra. Entende<br />
isso?<br />
– Quer dizer...<br />
– Sexo. Não seremos praticantes do<br />
celibato.<br />
– Na<strong>da</strong> de casos extraconjugais?<br />
Não que estaria disposta a <strong>da</strong>r esse<br />
passo se achasse que ele era um<br />
mulherengo, nem se tivesse planos de<br />
ela mesma buscar esse tipo de<br />
companhia fora do casamento.<br />
– Na<strong>da</strong> de casos extraconjugais –<br />
repetiu ele, não fazendo qualquer<br />
tentativa de disfarçar como a noção era<br />
repulsiva para ele.<br />
Vik não era esse tipo de sujeito.
Era o neto de um homem russo<br />
muito tradicional. Jamais faria algo que<br />
pudesse desapontar o velho. Em sua<br />
opinião, como cansara de compartilhar<br />
quando ain<strong>da</strong> eram amigos, durante a<br />
adolescência dela, o pai já fizera o<br />
suficiente disso.<br />
Contudo, será que poderia contar<br />
com ele agora?<br />
– Tenha certeza de que entende o<br />
que estou dizendo aqui, Madison. – Vik<br />
levou a mão à sua nuca, em um gesto<br />
que já estava se tornando familiar. –<br />
Não sou Maxwell Black. Meus filhos<br />
não serão concebidos em um tubo de<br />
ensaio.<br />
– Claro que não.
Ele assentiu, como se isso houvesse<br />
deixado tudo claro entre eles. Maddie<br />
não sabia se estava de acordo, mas não<br />
hesitou em descer do carro com ele.<br />
Seguiram em silêncio para o mirante<br />
que <strong>da</strong>va vista para a famosa ponte e<br />
para a ci<strong>da</strong>de. Havia alguns turistas por<br />
perto, mas não o suficiente para escutar<br />
a conversa que ela e Vik poderiam ter.<br />
Ao chegarem ao mirante, Vik<br />
posicionou seu corpo de modo a<br />
protegê-la dos ventos que vinham <strong>da</strong><br />
baía.<br />
– Meu avô presenteou minha avó<br />
com a sua primeira vista de São<br />
Francisco deste exato ponto. – Vik falou<br />
após um instante de silenciosa
contemplação. – Ele prometeu para ela<br />
um futuro com comi<strong>da</strong> na mesa para a<br />
família deles. Um futuro sem opressão<br />
por suas crenças ortodoxas.<br />
– E ele manteve a promessa.<br />
– É. – Vik ficou em silêncio por<br />
vários segundos. – Vovô trouxe meu pai<br />
até aqui quando criança. Misha disse<br />
para Frank que ele poderia ser o que<br />
quisesse, um ver<strong>da</strong>deiro americano sem<br />
sotaque, seu nome parecido com o dos<br />
outros meninos.<br />
– Seu avô deu ao seu pai a liber<strong>da</strong>de<br />
para ser o que ele quisesse.<br />
– Até mesmo um fracasso.<br />
Ela não tinha como discutir com isso,<br />
não quando sabia que Frank Beck só
fazia fugir de suas responsabili<strong>da</strong>des. A<br />
não ser que algo houvesse mu<strong>da</strong>do nos<br />
últimos seis anos, Frank só procurava<br />
Vik quando queria alguma coisa.<br />
Normalmente dinheiro.<br />
Pousando a mão no antebraço dele,<br />
Maddie disse:<br />
– Ele não fracassou quando teve<br />
você.<br />
– Misha e Ana é que me criaram para<br />
ser quem eu sou.<br />
– Um sucesso inegável.<br />
Vik virou-se para ela.<br />
– Acredita mesmo nisso?<br />
– Acredito.<br />
– Que bom.<br />
Ela sorriu.
– De<strong>da</strong> também me trouxe aqui<br />
quando eu era menino. Frank não<br />
podia se <strong>da</strong>r ao trabalho, mas eu fiz<br />
promessas para mim mesmo, para os<br />
filhos que um dia eu teria. Promessas<br />
que eu manterei.<br />
– Não duvido.<br />
O olhar de Vik suavizou-se, sua<br />
expressão toma<strong>da</strong> de inconfundível<br />
determinação.<br />
– Meus avós não estavam<br />
apaixonados quando se casaram, mas o<br />
casamento deles é um dos mais fortes<br />
que eu já testemunhei.<br />
– Eles são dedicados um ao outro.<br />
Vik assentiu.
– E à família. Esse tipo de<br />
determinação corre em minhas veias,<br />
junto com a obstinação.<br />
– Eu sei.<br />
Vik pousou as mãos nos ombros dela.<br />
– Acredito que nossos filhos<br />
compartilharão de tais características.<br />
– Sem dúvi<strong>da</strong> – retrucou ela<br />
ofegantemente.<br />
Ele a estava tocando, e mesmo<br />
através do tecido do paletó do seu<br />
conjunto Valentino ela sentiu<br />
intimamente a conexão.<br />
– Considerando que virá do pai e <strong>da</strong><br />
mãe, acho que as crianças não terão<br />
muita escolha.<br />
– Eu não sou obstina<strong>da</strong>.
– Não é o que diz a documentação<br />
que assinou hoje.<br />
– Sabe que não é o modo como<br />
costumo fazer as coisas.<br />
Apenas se tornara... necessário.<br />
– Obstinação não precisa ser uma<br />
característica dominante na sua<br />
natureza para tê-la.<br />
– E isso não o incomo<strong>da</strong>?<br />
– Que você lutará por aqueles que<br />
merecem a sua leal<strong>da</strong>de, e até mesmo<br />
pelos que não merecem? Não.<br />
– Você espera merecer a minha<br />
leal<strong>da</strong>de.<br />
– Espero.<br />
– E eu terei a sua?
Pela expressão de Vik, a pergunta o<br />
pegou de surpresa.<br />
– Duvi<strong>da</strong> disso?<br />
– Seis anos atrás...<br />
– Você me beijou e eu a<br />
desencorajei.<br />
– É uma maneira simplifica<strong>da</strong> de ver<br />
a coisa e não é exatamente correta.<br />
– Não?<br />
– Não. Eu disse que o amava. Você<br />
disse que eu era nova demais, e não<br />
apenas me desencorajou. Você me<br />
expulsou por completo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />
Nossa amizade terminou com aquele<br />
simples beijo.<br />
– Era necessário.<br />
– Poderíamos ter continuado amigos.
– Não.<br />
– Por que não?<br />
– Você tinha 18 anos de i<strong>da</strong>de. Mal<br />
era mulher.<br />
– Mas eu era mulher.<br />
– Eu sei. – Na voz dele havia uma<br />
mensagem que ela não conseguia<br />
decifrar. – Também era a filha de um<br />
homem que eu admirava e que confiava<br />
em mim em se tratando de você.<br />
– Além de ser o seu patrão –<br />
salientou ela com certa malícia.<br />
– É, meu patrão. O presidente e dono<br />
<strong>da</strong> empresa que um dia eu pretendia<br />
administrar.<br />
– Uma relação comigo não teria<br />
atrapalhado tais planos.
– Seis anos atrás, teria sim.<br />
– Mas não agora.<br />
Não, agora era o oposto. Casamento<br />
com ela <strong>da</strong>ria a Vik exatamente o que<br />
ele queria.<br />
– Não, não agora.<br />
– Eu o amava. Sua rejeição me<br />
magoou.<br />
– Sinto muito.<br />
Mas ela sabia que, mesmo que Vik<br />
pudesse, ele não teria mu<strong>da</strong>do os seus<br />
atos passados.<br />
Ele sorriu maliciosamente.<br />
– Veja pelo lado bom. Vai ser fácil<br />
para você aprender a me amar<br />
novamente.
– Não é assim que as emoções<br />
funcionam.<br />
E, mesmo se casando com ele,<br />
Maddie tinha quase certeza de que não<br />
seria uma boa ideia apaixonar-se por<br />
aquele homem.<br />
– Não é? – Ele retirou uma<br />
pequenina caixa laquea<strong>da</strong> do bolso<br />
interno do paletó. – Minha avó trouxe<br />
esta miniatura Palekh <strong>da</strong> Rússia,<br />
quando ela e o meu avó fugiram<br />
durante a Guerra Fria.<br />
– É lin<strong>da</strong>.<br />
– É um lembrete.<br />
– Do quê?<br />
– Da beleza que deixaram para trás e<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que esperavam construir. De<strong>da</strong>
sempre disse que Babulya era a sua<br />
princesa sapo.<br />
O topo <strong>da</strong> caixa estava decorado com<br />
uma imagem do conto de fa<strong>da</strong>s russo,<br />
onde o príncipe Ivan acaba casado com<br />
uma encantadora princesa que outrora<br />
fora um sapo.<br />
Talvez agora Maddie entendesse por<br />
que a avó de Vik, Ana, contara tal<br />
história para Maddie logo que se<br />
conheceram.<br />
– Isso o torna o meu príncipe sapo? –<br />
perguntou ela zombeteiramente.<br />
– Talvez.<br />
– Sabe que não acredito em conto de<br />
fa<strong>da</strong>s.<br />
– Talvez devesse.
Aí estava uma coisa que o pai dela<br />
provavelmente jamais lhe diria.<br />
– As promessas do seu avô parecem<br />
desafiar o pessimismo russo.<br />
Contudo, jamais pensara em Misha<br />
como um pessimista. Um homem que<br />
mu<strong>da</strong>ra o seu sobrenome para refletir<br />
seu novo país e sua nova vi<strong>da</strong> era<br />
decidi<strong>da</strong>mente um visionário.<br />
Maddie encontrara os avós de Vik<br />
poucas vezes, mas gostava deles.<br />
Muito.<br />
Pareciam ser o tipo de família normal<br />
que ela sempre quisera ter. O tipo que<br />
não sabia se Vik estava oferecendo,<br />
junto com o que quer que estivesse na<br />
pequenina caixa laquea<strong>da</strong>.
– De<strong>da</strong> abriu mão de ser russo e<br />
adotou o modo de vi<strong>da</strong> do seu novo lar.<br />
– A ideologia americana tende<br />
mesmo a ser mais positiva.<br />
– Não se esqueça disso.<br />
– Acha que tenho de ser uma<br />
sonhadora por conta de onde nasci e fui<br />
cria<strong>da</strong>?<br />
– Não. Você tem os seus sonhos, eu<br />
tenho os meus. Não se trata de onde<br />
você nasceu, mas quem nasceu para ser.<br />
Quero que acredite em ambos os nossos<br />
sonhos.<br />
– Para isso, é necessário um pouco do<br />
idealismo pelo qual este país é<br />
conhecido.<br />
– É.
Vik queria que ela acreditasse nos<br />
seus sonhos.<br />
Independentemente do que os<br />
tivesse levado até ali, isso era bem mais<br />
do que um acordo de negócios.
CAPÍTULO 6<br />
– E ISSO? – Ela apontou para a Palekh<br />
que deveria ter pelo menos uns 50 anos<br />
de i<strong>da</strong>de. – É para ser um lembrete para<br />
mim, agora?<br />
– É.<br />
Comovi<strong>da</strong>, ela inspirou fundo.<br />
– Do legado de sucesso que<br />
prometeu para os seus filhos que ain<strong>da</strong><br />
estão para nascer?<br />
– Entre outras coisas.
– Esse tipo de sucesso é mais<br />
importante para você do que para mim.<br />
Maddie queria promessas de outras<br />
coisas.<br />
Não era ingênua. Não estava<br />
procurando amor eterno, apesar do<br />
estranho sentimento no fundo do seu<br />
coração que estava fazendo o possível<br />
para ignorar. Mas havia mais na vi<strong>da</strong> do<br />
que a construção de uma empresa que<br />
dominasse o mercado mundial.<br />
– É mesmo? – perguntou ele<br />
diverti<strong>da</strong>mente.<br />
Embora não soubesse por que,<br />
Maddie conseguiu apenas assentir.<br />
– Serão necessários resultados<br />
significativos desse tipo de sucesso para
tornar a sua escola uma reali<strong>da</strong>de.<br />
Isso ela não podia negar.<br />
– Você acha que o dinheiro significa<br />
pouco para você, contudo você jamais<br />
viveu sob o medo <strong>da</strong> miséria.<br />
Não havia o menor traço de<br />
condescendência no seu tom.<br />
– E você já?<br />
– Não como os meus avós, mas<br />
digamos que o ano em que minha mãe<br />
morreu e De<strong>da</strong> decidiu que eu viria<br />
morar com ele e Babulya não foi um<br />
pelo qual eu permitiria que meus filhos<br />
passassem.<br />
– Eu sinto muito.<br />
– A incapaci<strong>da</strong>de de Frank de<br />
colocar as necessi<strong>da</strong>des dos outros à
frente <strong>da</strong>s próprias, incluindo a<br />
necessi<strong>da</strong>de básica de comer do filho de<br />
6 anos de i<strong>da</strong>de, me ensinou muito no<br />
tocante a quem eu não queria ser, assim<br />
como De<strong>da</strong> me ensinou a respeito do<br />
homem que eu viria a me tornar.<br />
– Seu avô é um homem bom.<br />
– Ele e o Babulya me criaram<br />
ensinando a diferença entre trabalhar<br />
pelo sustento e se aproveitar dos outros.<br />
– Como o seu pai fazia.<br />
Vik fez uma careta.<br />
– Frank se aproveita dos outros como<br />
ninguém.<br />
– Quer que a sua vi<strong>da</strong> tenha<br />
importância.<br />
– Ela já tem.
Não havia como discutir com isso.<br />
– Também quero que a minha vi<strong>da</strong><br />
tenha importância, apenas temos<br />
opiniões diferentes no tocante a como<br />
conseguir isso.<br />
– É, temos mesmo.<br />
Isso não parecia incomodá-lo.<br />
Por que a incomo<strong>da</strong>va?<br />
Queria contar para ele sobre Maddie<br />
Grace, mas não tinha certeza sobre<br />
como se sentiria se Vik demonstrasse a<br />
mesma atitude no tocante aos seus<br />
esforços que Jeremy demonstrara.<br />
– Já prometi que a aju<strong>da</strong>ria a ver<br />
realizado o seu sonho sobre a escola –<br />
salientou Vik.
É, ele tinha, o que já colocava Vik em<br />
vantagem se comparado ao seu pai.<br />
Talvez as diferenças tornassem ambas<br />
as suas vi<strong>da</strong>s melhores, em vez de<br />
destruí-las.<br />
– Que tipo de promessas está fazendo<br />
com essa caixa, Vik? – perguntou ela,<br />
quase pronta para acreditar na<br />
possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família completa que<br />
jamais tivera.<br />
Os belos lábios repuxaram-se<br />
ligeiramente ante a menção do apelido<br />
que ela não usava há seis anos,<br />
reservando-o apenas para os próprios<br />
pensamentos.<br />
– Se aceitar o meu pedido, prometo<br />
fideli<strong>da</strong>de.
Ela assentiu.<br />
– E esperarei o mesmo – completou<br />
ele, como se houvesse qualquer chance<br />
de que ela não houvesse se <strong>da</strong>do conta<br />
disso.<br />
– Nem precisa dizer – retrucou ela.<br />
– Fico satisfeito em saber disso.<br />
Quando ele na<strong>da</strong> mais disse, mas<br />
olhou para ela com uma expressão que<br />
parecia enxergar até a sua alma,<br />
Maddie perguntou:<br />
– E?<br />
– Prometo fazer a AIH crescer,<br />
deixando para os nossos filhos um<br />
legado digno de ambas as nossas<br />
famílias.
Era uma promessa que significava<br />
mais para ele mesmo e para os seus<br />
futuros filhos, mas ela não deixou de<br />
conceder-lhe a devi<strong>da</strong> importância.<br />
– Para todos os nossos filhos?<br />
– Claro. – A testa dele franziu-se. –<br />
Por que eu haveria de fazer distinção?<br />
– Estou disposta a ter dois filhos com<br />
você, mas eu quero mais e eles serão<br />
adotados.<br />
Isso não era algo imprescindível para<br />
ela. Não se pudesse ter a sua escola.<br />
Contudo, era algo que<br />
desespera<strong>da</strong>mente queria. Trazer<br />
crianças para a sua vi<strong>da</strong>, para que<br />
pudessem lhes oferecer uma família, e
não apenas apoio, encorajamento e<br />
aju<strong>da</strong>.<br />
O cenho de Vik cerrou-se<br />
pensativamente.<br />
– Você quer adotar?<br />
– Quero.<br />
– Bebês ou crianças?<br />
– Faz diferença?<br />
– Não.<br />
Satisfeita com a resposta e a<br />
veloci<strong>da</strong>de com que foi <strong>da</strong><strong>da</strong>, ela disse:<br />
– Provavelmente crianças.<br />
– Tudo bem.<br />
– Você está de acordo?<br />
– Presumo que tomaremos juntos<br />
qualquer decisão no tocante a trazer
mais filhos para as nossas vi<strong>da</strong>s, tanto<br />
naturais quanto adotados.<br />
– É claro, mas está aberto à ideia?<br />
– Na<strong>da</strong> agra<strong>da</strong>rá mais Misha e Ana<br />
do que uma casa cheia de netos para<br />
mimar.<br />
– Não faltam quartos de dormir em<br />
Parean Hall.<br />
O que foi a aceitação <strong>da</strong> parte de<br />
Maddie de morarem lá quando<br />
casados.<br />
O sorriso de satisfação de Vik deixou<br />
claro que ele se dera conta disso.<br />
– Não pretendo preencher todos com<br />
filhos, mas não me oponho à nossa<br />
família ocupar metade deles.<br />
Era uma mansão de dez quartos.
Seria tão fácil assim?<br />
– Colocará isso no contrato prénupcial?<br />
– Se você insistir. Contudo, garanto<br />
não ser necessário. – Ele colocou a<br />
antigui<strong>da</strong>de russa na palma <strong>da</strong> mão<br />
dela. – Qualquer promessa que eu lhe<br />
fizer aqui não será quebra<strong>da</strong>.<br />
– Contanto que seja algo que esteja<br />
em seu poder realizar.<br />
– É.<br />
Seu tom de voz e a expressão no<br />
rosto indicavam que havia muito pouca<br />
coisa que ele considerava além do seu<br />
poder ou influência.<br />
– E será um pai para os nossos filhos,<br />
não apenas um homem com o título.
Ele não era o único com lembranças<br />
de negligência após a morte <strong>da</strong> mãe. Ela<br />
talvez não tivesse tido carências físicas,<br />
contudo Jeremy Archer permitira que<br />
Maddie minguasse emocionalmente.<br />
– Não posso prometer que<br />
comparecerei a ca<strong>da</strong> jogo dos nossos<br />
filhos ou a ca<strong>da</strong> protesto organizado<br />
pelas suas filhas, mas as crianças serão a<br />
minha priori<strong>da</strong>de.<br />
– Minhas filhas?<br />
– As minhas estarão ocupa<strong>da</strong>s<br />
demais tentando conquistar o mundo<br />
corporativo para se preocupar com<br />
ativismo social.<br />
Ela não conseguiu deixar de rir, mas<br />
não demorou a ficar séria.
– Não permitirei que filho meu, nem<br />
filha minha, seja forçado a dedicar sua<br />
vi<strong>da</strong> à AIH. Tal decisão terá de ser<br />
pessoal.<br />
– De acordo.<br />
Mas era evidente que Vik tinha<br />
dificul<strong>da</strong>des em imaginar que seus<br />
filhos não fossem tão dedicados à AIH<br />
quanto ele era.<br />
Quem sabe? Se tivesse uma relação<br />
diferente com o pai, a própria Maddie<br />
poderia ter querido uma carreira na<br />
AIH.<br />
– Acho que teremos de aceitar que<br />
nossos filhos serão influenciados por<br />
nós dois – falou para ele.<br />
– Consigo imaginar coisas piores.
– Que bom que pense assim.<br />
– Abra a caixa – ordenou ele.<br />
– Acabou de fazer as suas promessas?<br />
– Qualquer outro compromisso que<br />
eu possa fazer seria abrangido pelos três<br />
que já fiz.<br />
– Três?<br />
– Fideli<strong>da</strong>de. Dedicação. Família.<br />
Maddie sentiu-se toma<strong>da</strong> de<br />
inexplicável emoção, mas ele tinha<br />
razão. Viktor prometera as coisas que<br />
mais importavam para ela.<br />
Incapaz de conter o tremor dos<br />
dedos, ela abriu a tampa <strong>da</strong> caixa.<br />
No interior dela, em um ninho de<br />
se<strong>da</strong> preta, havia duas alianças. Uma<br />
ela reconheceu como uma tradicional
aliança de casamento russa de três<br />
filamentos. Ca<strong>da</strong> anel incrustado de<br />
diamantes estava preso aos outros com<br />
uma tonali<strong>da</strong>de diferente de ouro:<br />
amarela, branca e rosa<strong>da</strong>.<br />
Era lin<strong>da</strong>, contudo não era ostensiva.<br />
Perfeita para ela. Ao lado dela estava<br />
uma aliança de noivado de diamantes<br />
com armação de ouro rosado que se<br />
encaixaria perfeitamente na aliança de<br />
casamento quando Vik a colocasse no<br />
seu dedo.<br />
Ela não perguntou como ele sabia<br />
que a pigmentação rosa<strong>da</strong> que<br />
costumava ser conheci<strong>da</strong> como ouro<br />
russo era a sua favorita. Vik era<br />
assustador desse jeito.
Ele encontrara um modo de fundir as<br />
tradições de sua terá natal com as <strong>da</strong><br />
dos avós e levara em consideração as<br />
preferências <strong>da</strong> própria Maddie. Podia<br />
não estar mais apaixona<strong>da</strong> por ele, mas<br />
não era de se surpreender que jamais<br />
fora capaz de aceitar substitutos.<br />
– É lin<strong>da</strong> – sussurrou.<br />
– Assim como a mulher para a qual<br />
foi confecciona<strong>da</strong>.<br />
– Você não mandou fazer isto para<br />
mim.<br />
Aquilo não era trabalho de algumas<br />
horas.<br />
Ele tomou a sua mão na dele.<br />
– Terá de aceitar que meus planos<br />
para o futuro incluem você há muito
mais tempo do que os seus me incluem.<br />
– Eu duvido.<br />
Ele sacudiu a cabeça.<br />
– O que você teve foi uma paixão de<br />
colegial, mas há seis anos que não pensa<br />
em mim desse jeito.<br />
Quer dizer que Vik não era<br />
onisciente.<br />
– Isso mostra que você não sabe de<br />
na<strong>da</strong>. Romi sempre diz que vivo<br />
comparando os outros homens com<br />
você, e eles jamais estão à sua altura.<br />
– E o que você diz?<br />
– Eu sempre neguei.<br />
– Está vendo? Eu disse.<br />
– Começo a me <strong>da</strong>r conta de que ela<br />
pode ter tido razão.
Nenhum outro homem teve chance<br />
com Maddie. Nem Perry e nem<br />
ninguém.<br />
Pela expressão de Vik, ele<br />
considerava as suas palavras um<br />
exagero.<br />
– Jamais esqueci você.<br />
Ele se enraizara na sua mente, senão<br />
no seu coração.<br />
– Você me evitou como a peste.<br />
– Você também me evitou.<br />
– Por cerca de um ano – admitiu ele.<br />
– Senti falta <strong>da</strong> nossa amizade. Achei<br />
que tempo o suficiente houvesse<br />
passado para não ser mais<br />
constrangedor.
Ele se aproximara dela, e Maddie o<br />
rejeitara, esforçando-se ao máximo para<br />
jamais se ver novamente em uma<br />
situação em que tivessem de conversar<br />
novamente em particular. Só vinha para<br />
casa quando o pai exigia a sua presença,<br />
o que não acontecia com frequência.<br />
Por pelo menos dois anos, Maddie<br />
rejeitara qualquer convite que a<br />
colocasse no mesmo círculo social que<br />
Vik.<br />
– Eu não pensava assim.<br />
O que para ele fora constrangedor,<br />
para ela fora humilhante.<br />
– Deixou isso bem claro.<br />
– Estava zanga<strong>da</strong> com você.
Sentira-se traí<strong>da</strong>. A traição de Perry<br />
magoara. A rejeição de Vik acabara<br />
com ela.<br />
– E agora? – perguntou Vik.<br />
O que ele queria que ela dissesse?<br />
– Quando se tem 24 anos de i<strong>da</strong>de, o<br />
mundo parece um lugar diferente do<br />
que quando se tinha 18.<br />
Foi o melhor que ela conseguiu dizer.<br />
– Você me perdoa por tê-la<br />
magoado?<br />
Parecia ser importante para ele, de<br />
modo que Maddie resolveu contar a<br />
ver<strong>da</strong>de.<br />
– Eu o perdoei há muito tempo, Vik.<br />
– Não é o que pareceu.<br />
Ela o fitou nos olhos cor de café.
– Você me perdoa?<br />
– Por ter me beijado?<br />
– Por ter confundido a sua gentileza<br />
com algo mais, e por tornar a nossa<br />
amizade impossível.<br />
– Nunca a culpei por isso.<br />
– Você achou que deveria ter<br />
percebido que eu estava me<br />
apaixonando por você. – Maddie se deu<br />
conta disso.<br />
– Não é bem como eu colocaria, mas<br />
sim.<br />
Certo. Ele achara que o amor dela<br />
fosse uma paixão passageira. Contudo,<br />
uma simples paixão teria sido supera<strong>da</strong><br />
em questão de meses, não anos.<br />
– Você não é onisciente, Vik.
– Se eu tivesse prestado atenção,<br />
poderia tê-la dissuadido gentilmente.<br />
Ela não tinha tanta certeza de que<br />
isso fosse ver<strong>da</strong>de. Vik tinha razão<br />
quando dizia que ela e o pai tinham<br />
uma teimosia que resultava em uma<br />
determinação quase inabalável para<br />
alcançar seus objetivos.<br />
– Se tivéssemos permanecido amigos,<br />
Perry jamais teria exercido a influência<br />
que exerceu sobre você.<br />
– Acha que teria conseguido nos<br />
impedir de ser amigos?<br />
– Eu teria impedido que ele a usasse<br />
como o seu banco pessoal, e ele teria<br />
percebido que havia pessoas cui<strong>da</strong>ndo<br />
de você.
– Pessoas tão assustadoras que ele<br />
abandonaria seus planos escan<strong>da</strong>losos<br />
antes mesmo de falar com o primeiro<br />
repórter?<br />
– Acha que sou assustador?<br />
– Para homens como Perry? Sem<br />
dúvi<strong>da</strong>.<br />
– Mas não para você?<br />
– Não, Vik, você não me assusta.<br />
– Ótimo. – Ele franziu a testa. –<br />
Talvez você não tivesse corrido os riscos<br />
que correu no último ano se tivesse tido<br />
a estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> minha presença na<br />
sua vi<strong>da</strong>.<br />
– Muito arrogante <strong>da</strong> sua parte.<br />
– Vai negar?
– Na ver<strong>da</strong>de, vou. Meus atos não<br />
são sua culpa, nem sua<br />
responsabili<strong>da</strong>de.<br />
Ele deu de ombros, claramente<br />
discor<strong>da</strong>ndo.<br />
– Você tem um sério complexo de<br />
Deus.<br />
– Não, sei <strong>da</strong>s minhas<br />
responsabili<strong>da</strong>des.<br />
– E eu sou uma delas?<br />
O fato de considerar isso romântico<br />
em vez de arrogância a irritava.<br />
Seu sorriso a encheu de ardor,<br />
lembrando-a <strong>da</strong>quela história de falta<br />
de celibato que ele quisera deixar bem<br />
claro.<br />
– Muito mais do que isso, eu espero.
– Amigos novamente?<br />
– Definitivamente.<br />
– Mas você quer mais.<br />
Talvez não de forma passional,<br />
embora estivesse começando a perceber<br />
que Vik de fato a desejava, e, para<br />
tornar seus sonhos reali<strong>da</strong>de, iria<br />
desposá-la.<br />
– Quero.<br />
– Tudo bem.<br />
– Para?<br />
– Para tudo.<br />
A expressão do olhar dele tornou-se<br />
mais ardente e pre<strong>da</strong>tória.<br />
– Cui<strong>da</strong>do com o que promete.<br />
– Este é um lugar especial. Promessas<br />
feitas aqui são para valer, não é?
– É.<br />
– Nesse caso, prometo me esforçar<br />
para tornar ambos os nossos sonhos<br />
reali<strong>da</strong>de.<br />
– Faço a mesma promessa.<br />
Era melhor do que ele prometendo<br />
transformar a AIH em uma potência<br />
mundial.<br />
– Obriga<strong>da</strong>.<br />
O beijo de Vik a pegou de surpresa.<br />
Não deveria. Um beijo não era comum<br />
para selar um noivado?<br />
Mas o beijo a surpreendeu. E, depois,<br />
a dominou, os lábios dele exigindo uma<br />
reação que se irradiou por todo o corpo<br />
dela. Eles se apossaram dela, agora<br />
insistindo em duas coisas <strong>da</strong>s quais
ain<strong>da</strong> naquela manhã Maddie alegara<br />
ser incapaz.<br />
Submissão e confiança.<br />
Contudo, como em tantas outras<br />
coisas em sua vi<strong>da</strong>, as regras não se<br />
aplicavam a Viktor Beck. Viu-se<br />
derretendo de encontro a ele, sem<br />
qualquer pensamento no tocante à<br />
autopreservação.<br />
E ele aceitou a sua rendição com um<br />
intenso desejo masculino que negava<br />
qualquer alegação de falta de paixão<br />
entre os dois.<br />
Vik devorou-lhe a boca, seus braços<br />
envolvendo-a, as mãos puxando-lhe o<br />
corpo de encontro ao seu, uma <strong>da</strong>s
coxas mergulha<strong>da</strong>s entre as coxas de<br />
Maddie, o máximo que a saia permitia.<br />
As pernas de Maddie teriam<br />
bambeado, mas Vik a estava apertando<br />
de encontro ao corpo com força demais.<br />
Ela achara o beijo <strong>da</strong>quela manhã<br />
ardente, mas em na<strong>da</strong> se comparava a<br />
Viktor Beck reivindicando a mulher<br />
que prometera desposá-lo e lhe<br />
conceder os seus sonhos.<br />
VIKTOR BATEU impacientemente na<br />
porta de Madison trinta minutos antes<br />
de precisarem estar na pomposa casa de<br />
Jeremy em Presidio Hights.<br />
Propositalmente não se concedera<br />
tempo para um drinque ou para jogar
conversa fora. Após o beijo no mirante,<br />
não queria colocar o autocontrole em<br />
risco antes do jantar.<br />
Senão pela presença dos avós no<br />
jantar, além do fotógrafo, ele jamais<br />
teria deixado Madison naquela tarde.<br />
Mas ela merecia chegar na hora ao<br />
próprio jantar de noivado, e sem<br />
parecer que passara as últimas horas na<br />
cama.<br />
Dissera a ver<strong>da</strong>de para ela. Seis anos<br />
atrás, mal a vira como uma mulher<br />
quando ela o beijara.<br />
Ficara chocado com a resposta do<br />
próprio corpo, <strong>da</strong>ndo-se conta de que<br />
ela era uma adulta, e não uma criança.
A princípio não dera muito crédito a<br />
tal revelação, mas após um ano<br />
evitando-a e envolvendo-se com mais<br />
mulheres do que o seu intenso regime<br />
de trabalho permitia, duas coisas<br />
tornaram-se óbvias. Sentia falta de<br />
Madison e ela era a única mulher com<br />
quem queria dividir a sua cama. Ela<br />
ain<strong>da</strong> era jovem demais, e os planos de<br />
Viktor não incluíam casamento por<br />
mais alguns anos.<br />
Qualquer outra coisa com a filha do<br />
dono e presidente <strong>da</strong> AIH estava fora<br />
de questão. E não só porque Viktor<br />
considerava o homem mais velho um<br />
amigo.
Não sabia dizer ao certo quando se<br />
dera conta de que suas ambições<br />
incluíam desposar Madison, contudo<br />
fora muito antes de ter abor<strong>da</strong>do a<br />
questão com Jeremy. A preocupação do<br />
homem ante o que aconteceria quando<br />
Madison her<strong>da</strong>sse o controle completo<br />
do fundo deu a Viktor a tração<br />
necessária para obter a aprovação de<br />
Jeremy para os seus próprios planos<br />
futuros.<br />
Man<strong>da</strong>ra confeccionar as alianças e<br />
tinha a intenção de <strong>da</strong>r início à<br />
conquista de Madison nas semanas<br />
seguintes, quando Timwater resolvera<br />
estragar tudo com a sua “entrevista de<br />
rompimento”.
Se Vitor tivesse começado a cortejar<br />
Madison antes, o oportunista não teria<br />
tido a chance de magoá-la com suas<br />
mentiras, o que o deixava furioso.<br />
Embora Viktor já tivesse todo o plano<br />
em mente, a situação intolerável o<br />
fizera agir antes do que pretendia. E<br />
isso o forçara a li<strong>da</strong>r com a reação<br />
radical de Jeremy ao infortúnio <strong>da</strong> filha.<br />
Apesar de isso ter acabado<br />
trabalhando a favor de Viktor, viera<br />
com adicional custo emocional para<br />
Madison.<br />
A porta abriu-se, interrompendo os<br />
pensamentos de Viktor.<br />
Os cachos cor de cobre de Madison<br />
lhe adornavam o rosto, onde os
vibrantes olhos azuis se destacavam e<br />
lábios por demais beijáveis se curvaram<br />
em um sorriso escarlate de boas-vin<strong>da</strong>s.<br />
– Oi, Vik. Quer entrar?<br />
O corpo tentador estava em um<br />
vestido curto azul-marinho inspirado na<br />
déca<strong>da</strong> de 1950, com a saia cheia, mas<br />
de cintura estreita e o corpete justo com<br />
o ligeiro decote, que ele achava mais<br />
sedutor do que qualquer outra mulher<br />
que já vira em vestidos muito mais<br />
reveladores.<br />
– Você... – Ele pigarreou. – Você está<br />
lin<strong>da</strong> – elogiou, só então percebendo<br />
que não respondera a pergunta.<br />
– Obriga<strong>da</strong>. – Ela corou, uma atual<br />
rari<strong>da</strong>de. Com um sorriso nervoso, ela
prosseguiu: – Eu queria que seus avós<br />
me vissem, e não a...<br />
Ela não precisou completar.<br />
– De<strong>da</strong> e Babulya estão ansiosos para<br />
vê-la e <strong>da</strong>r-lhe as boas-vin<strong>da</strong>s à família.<br />
– Sabem que estamos noivos? Eles<br />
viram os artigos?<br />
Ignorando as boas intenções,<br />
adentrou o apartamento, invadindo o<br />
espaço pessoal de Madison.<br />
Ela arregalou os olhos ao fitá-lo.<br />
– Vik? O quê?<br />
Ele passou a mão ao redor <strong>da</strong> cintura<br />
dela, deliciando-se com a sensação do<br />
tecido macio e ain<strong>da</strong> mais com o calor<br />
que emanava de seu corpo através dele.
– Sabem que estamos noivos e não<br />
poderiam estar mais felizes.<br />
– Ah.<br />
– Sabem a respeito <strong>da</strong>s histórias e<br />
estão furiosos com Timwater.<br />
– Disse para eles que era tudo<br />
mentira, não disse?<br />
– Disse, e eles não acreditaram<br />
mesmo nelas.<br />
– Obriga<strong>da</strong>.<br />
Inclinando a cabeça, ele plantou um<br />
suave beijo na lateral do pescoço dela,<br />
demorando-se para inalar a fragrância<br />
de madressilva com laranja e um traço<br />
de baunilha, além do próprio perfume<br />
natural de Madison.<br />
– Você está cheirando tão bem.
– É o meu perfume.<br />
– É você.<br />
Ela estremeceu, as mãos pousa<strong>da</strong>s no<br />
peito dele.<br />
– Vik.<br />
Foi tudo que ela disse. Apenas o<br />
nome dele. Mas ele preferiu não<br />
contemplar se era um apelo para ele<br />
recuar ou para fazer algo no tocante à<br />
eletrici<strong>da</strong>de que faiscava entre eles.<br />
Deu um passo para trás.<br />
– Precisamos ir. Está todo mundo<br />
esperando.<br />
Ele olhou ao redor e avistou o casaco<br />
dela nas costas de uma poltrona, que<br />
tratou de pegar e oferecer para ela.
– Você chegou em cima <strong>da</strong> hora –<br />
comentou Madison, enquanto permitia<br />
que ele a aju<strong>da</strong>sse a vestir a peça tão<br />
vermelha quanto os seus lábios.<br />
Ele não viu por que esconder a<br />
ver<strong>da</strong>de.<br />
– Estava apenas nos protegendo do<br />
quanto eu a desejo.<br />
– Do que está falando?<br />
– Deve ter percebido que a<br />
perspectiva de tê-la na minha cama<br />
elevou às alturas a minha libido.<br />
Contudo, na<strong>da</strong> dizia que tinha de<br />
reprimir por completo o desejo de tocála.<br />
Seguiram para o elevador com a mão<br />
dele ao redor <strong>da</strong> sua cintura.<br />
– Mas por quê?
Vik não via como ela poderia parecer<br />
mais inocente.<br />
– Você é uma mulher incrivelmente<br />
lin<strong>da</strong>.<br />
Mais importante ain<strong>da</strong>, era a única<br />
mulher capaz de lhe incendiar o desejo.<br />
– Não me queria antes.<br />
– Já discutimos isso antes. Você mal<br />
passava de uma criança.<br />
E, ain<strong>da</strong> assim, ele a desejara.<br />
– Tem razão – falou ela<br />
distrai<strong>da</strong>mente. – Mas...<br />
– Mas na<strong>da</strong>. Confie em mim. Eu<br />
quero você. Seis anos atrás, não era a<br />
hora certa, mas terei prazer em oferecer<br />
to<strong>da</strong> a prova que possa querer hoje à
noite, depois do jantar com as nossas<br />
respectivas famílias.<br />
– Quer voltar para o meu<br />
apartamento hoje à noite? – perguntou<br />
ela, encantando-o.<br />
– Não tem por que ficar nervosa –<br />
garantiu ele. – Não sou um animal na<br />
cama. – Mas a ver<strong>da</strong>de é que estava<br />
desejando-a com instintos primordiais<br />
que até agora jamais havia sentido.<br />
– Vik... – Ela o fitou com os lábios<br />
ligeiramente entreabertos. – Já disse<br />
que sou virgem.<br />
– O quê?<br />
O elevador chegou ao seu destino e<br />
as portas se abriram, mas, com o<br />
cérebro em curto, ele não desceu.
– Eu disse que...<br />
– Que há muito não tinha um<br />
relacionamento sério.<br />
Isso não excluía sexo. Essas coisas<br />
aconteciam. Ela tinha 24 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
Isso não era possível.<br />
– Na<strong>da</strong> de ficar com qualquer um.<br />
– Nunca? – perguntou ele, tomado<br />
de increduli<strong>da</strong>de.<br />
– Eu lhe disse que não tinha<br />
experiência.<br />
– Com sadomasoquismo.<br />
– Com na<strong>da</strong>.<br />
– Isso vai mu<strong>da</strong>r.<br />
Viktor estava disposto a fazer o que<br />
fosse preciso para garantir o futuro que
planejara, inclusive ser o primeiro<br />
amante de Madison.<br />
O fato de que a desejava mais do que<br />
qualquer outra mulher que já<br />
conhecera não vinha ao ponto.<br />
Ela desceu do elevador e saiu para a<br />
garagem.<br />
– Acho que ser sua noiva será<br />
completamente diferente do que eu<br />
havia imaginado.<br />
– Tem to<strong>da</strong> razão, se achou que seria<br />
sem intimi<strong>da</strong>des sexuais – falou ele,<br />
aju<strong>da</strong>ndo-a a afivelar o cinto de<br />
segurança no seu carro.<br />
Mal conseguindo conter o seu desejo,<br />
forçou-se a recuar.
Fechando a porta do carona, inspirou<br />
fundo várias vezes antes de <strong>da</strong>r a volta<br />
no carro e sentar-se atrás do volante.<br />
Com os olhos ardendo com chamas<br />
azuis, ela perguntou:<br />
– Não vamos esperar a noite de<br />
núpcias?<br />
– Trocamos nossos votos no mirante,<br />
hoje à tarde. Na<strong>da</strong> dito entre nós mais<br />
tarde poderá ser mais profundo.<br />
Viktor deu a parti<strong>da</strong> no motor, mas<br />
não engatou a ré, aguar<strong>da</strong>ndo a<br />
resposta dela com uma estranha<br />
sensação no peito.<br />
– Achei mesmo que tivesse sido...<br />
profundo.<br />
– E foi.
Ele engatou a marcha.<br />
– E então? Já nos considera casados?<br />
– Para todos os efeitos, sim.<br />
– Você faz as suas próprias regras,<br />
não faz?<br />
– Só agora está se <strong>da</strong>ndo conta disso?
CAPÍTULO 7<br />
O JANTAR de noivado foi muito mais<br />
agradável do que Maddie esperava.<br />
Ain<strong>da</strong> mais levando em conta que a<br />
lista de convi<strong>da</strong>dos crescera para incluir<br />
alguns primos em segundo grau dos<br />
Archer, uma tia-avó Madison, um dos<br />
sobrinhos de Misha com a esposa, e<br />
Romi.<br />
O pai de Maddie era só sorrisos,<br />
embora Maddie pudesse notar uma
certa reticência bem disfarça<strong>da</strong> nele.<br />
Era óbvio que ele não escapara<br />
incólume <strong>da</strong> discussão <strong>da</strong>quela manhã.<br />
Ligeiras estremeci<strong>da</strong>s indicavam que<br />
ele não gostava do novo hábito dela de<br />
chamá-lo pelo primeiro nome; contudo,<br />
se quisesse que ela parasse, teria de<br />
pedir. Gentilmente. E, de alguma<br />
maneira, comportar-se como um pai.<br />
Não começara a chamá-lo de Jeremy<br />
para magoá-lo, mas sim porque era<br />
doloroso demais para ela referir-se a<br />
um homem que a tratava igual a uma<br />
desconheci<strong>da</strong> como pai.<br />
Vik atuou como para-choque entre<br />
os dois, um papel com o qual já deveria<br />
estar acostumado, apesar de não ter
tido de desempenhá-lo com muita<br />
consistência nos últimos seis anos.<br />
Levando a coisa to<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> um<br />
pouco mais longe, Viktor chegou a<br />
colocar-se fisicamente entre ela e outros<br />
em inconsciente proteção, sempre que<br />
Maddie começava a se sentir pouco à<br />
vontade. Apesar de ninguém ter tido o<br />
mau gosto de mencionar os artigos<br />
originados pelas mentiras de Perry,<br />
família era capaz de ser intrometi<strong>da</strong><br />
com uma sutileza além do alcance de<br />
desconhecidos.<br />
Por sorte, Vik parecia ser capaz de<br />
identificar seus estados de humor, às<br />
vezes, antes mesmo dela, e conseguia<br />
desarmar qualquer situação antes que
se tornasse descara<strong>da</strong>mente<br />
inconveniente.<br />
Ninguém pareceu ter dificul<strong>da</strong>des<br />
em acreditar que há meses estavam em<br />
um relacionamento que vinham<br />
escondendo <strong>da</strong> mídia. Todos<br />
parabenizaram Maddie e Vik, o que<br />
ajudou a convencê-los de que isso, de<br />
fato, poderia <strong>da</strong>r certo.<br />
Independentemente do que<br />
precipitara o noivado, amigos e família<br />
pareciam concor<strong>da</strong>r que formavam um<br />
bom casal, e parte de Maddie<br />
concor<strong>da</strong>va.<br />
Só torcia para que não estivesse<br />
cometendo um grande erro. Para que<br />
Vik fosse o homem que ela estava
descobrindo. Mais o cavaleiro branco<br />
usando Armani do que o magnata<br />
insensível que seguia as pega<strong>da</strong>s do pai<br />
dela, como Maddie o enxergara pelos<br />
últimos seis anos.<br />
Como sempre, os avós de Vik foram<br />
maravilhosos.<br />
Misha era uma versão grisalha de<br />
Vik, exuberantemente caloroso quando<br />
o neto era tão reservado. Uma cientista<br />
aposenta<strong>da</strong>, Ana era por natureza<br />
altamente inteligente e afetuosa.<br />
O fotógrafo <strong>da</strong> revista provou ser<br />
especialmente bom em não ser notado,<br />
e Maddie se viu relaxando e<br />
aproveitando a sua primeira refeição em<br />
família desde a morte <strong>da</strong> mãe.
– SEUS AVÓS são pessoas tão agradáveis.<br />
Maddie permitiu que Vik removesse<br />
o seu casaco e o dele, antes de guardálos<br />
no armário do corredor.<br />
Uma coisa tão simples de fazer. Já o<br />
fizera centenas de vezes para outros<br />
convi<strong>da</strong>dos, contudo jamais com a<br />
mesma doce sensação de<br />
inevitabili<strong>da</strong>de ao fechar a porta.<br />
Vik iria passar a noite ali.<br />
E o coração de Maddie estava em<br />
dispara<strong>da</strong> no peito.<br />
Mas não de medo. Na<strong>da</strong> parecido,<br />
nem mesmo um pouco de ansie<strong>da</strong>de.<br />
Por mais surpresa que ficasse ao<br />
constatar isso, só sentia excitação.
Talvez fosse por que soubesse que, se<br />
pedisse, Vik iria embora. Só que não<br />
queria que ele fosse embora.<br />
Queria que ele cumprisse a promessa<br />
de paixão no beijo de antes. Além do<br />
mais, se não fossem compatíveis na<br />
cama, isso poderia ser um sério<br />
problema.<br />
Não é?<br />
Não havia muita chance de isso<br />
acontecer quando os beijos dele a<br />
viravam do avesso, pensou, com uma<br />
risadinha nervosa.<br />
– Acha engraçado que tenha gostado<br />
<strong>da</strong> minha família?<br />
As mãos de Vik pousaram-se nos<br />
ombros dela e a viraram para si.
Ante a expressão inquisitiva do belo<br />
rosto que a fitava, Maddie sorriu,<br />
sacudindo a cabeça.<br />
– Não, estava pensando nas coisas<br />
que dizemos para nós mesmos para<br />
justificar o que queremos fazer.<br />
O olhar de Vik prometia coisas que<br />
Maddie jamais experimentara, mas que<br />
tinha quase certeza de que queria.<br />
Ele sacudiu a cabeça.<br />
– Ain<strong>da</strong> estou um pouco surpreso de<br />
que jamais tenha feito tais coisas antes.<br />
– Patético, não é?<br />
– De que modo você foi patética? –<br />
perguntou Vik, em um tom que não era<br />
um bom sinal para quem quer que
pudesse ter usado essa palavra para<br />
descrevê-la.<br />
Incluindo ela mesma.<br />
Apesar de adorar a sua<br />
independência, Maddie não podia<br />
negar que gostava <strong>da</strong>s sensações de<br />
proteção instantânea que ele despertava<br />
nela.<br />
Sentindo-se um tanto esquisita, ela<br />
afastou-se dele e cruzou a sala.<br />
– Como chamaria uma virgem de 24<br />
anos de i<strong>da</strong>de? – perguntou, voltandose<br />
para ele.<br />
– Exigente.<br />
Seu sorriso a derreteu.<br />
– É uma maneira de ver a coisa –<br />
retrucou ela, rindo.
– Estava me esperando.<br />
Pelo tom dele, Maddie pôde perceber<br />
que ele achava estar brincando.<br />
Subitamente, deu-se conta de que<br />
Romi estivera certa o tempo todo.<br />
– Estava mesmo.<br />
Podia ter superado o seu primeiro<br />
amor, mas Maddie jamais deixara de<br />
achar que Viktor Beck seria o amante<br />
ideal. De modo que rejeitara todos os<br />
outros homens.<br />
Sim, confiança era um problema para<br />
ela; contudo, junto com a falta de<br />
confiança em outros homens, houvera a<br />
certeza primordial de com quem ela<br />
queria compartilhar o seu corpo.
Uma certeza sobre a qual, apesar de<br />
vir conscientemente negando, ela tivera<br />
pelos últimos seis anos.<br />
Olhos cor de café escureceram com<br />
inegável luxúria, deixando-a zonza. Ele<br />
a queria. Dissera que queria. Ele a<br />
beijara como se quisesse, mas aquele<br />
olhar! Tão pre<strong>da</strong>tório que a deixou to<strong>da</strong><br />
arrepia<strong>da</strong>.<br />
– Você foi feita para mim – falou ele,<br />
confirmando que não era imaginação<br />
dela.<br />
A atração entre eles era mútua.<br />
– Uma pena que não se deu conta<br />
disso seis anos atrás. – Arrependeu-se<br />
<strong>da</strong>s palavras assim que as disse, e
sacudiu a cabeça. – Esqueça que eu falei<br />
isso.<br />
Maddie entendia por que Vik a<br />
rejeitara antes. Querer que já tivessem<br />
<strong>da</strong>do aquele passo para que ela não<br />
tivesse de estar li<strong>da</strong>ndo agora com a<br />
humilhação pública era, ao mesmo<br />
tempo, fútil e ridículo. Pois, mesmo que<br />
tivessem ficado juntos na época, não<br />
havia garantias de que ain<strong>da</strong> estariam<br />
juntos agora.<br />
Cerrando os dentes, Vik avançou<br />
com determinação na direção dela.<br />
– Eu não estava pronto para o<br />
casamento, e você não estava pronta<br />
para mim.<br />
– Eu...
Ele levou o dedo em riste aos lábios<br />
dela, interrompendo o argumento.<br />
– Ambos ain<strong>da</strong> tínhamos que<br />
adquirir um pouco de vivência.<br />
– Estava mesmo pensando nisso, na<br />
época?<br />
– Estava.<br />
– Mas a 18 não o agra<strong>da</strong>va.<br />
– Você tinha 18 anos de i<strong>da</strong>de. Eu<br />
ain<strong>da</strong> estava acostumado a pensar em<br />
você como uma criança. Não me<br />
pareceu certo.<br />
– Eu era uma mulher adulta.<br />
Contudo, mesmo ao fazer a alegação,<br />
soube que compara<strong>da</strong> a Vik não<br />
passara mesmo de uma criança.
– Tinha i<strong>da</strong>de para votar, para se<br />
juntar às forças arma<strong>da</strong>s e até mesmo<br />
para contrair as suas próprias dívi<strong>da</strong>s.<br />
Não significava que estivesse pronta<br />
para um relacionamento com um<br />
homem como eu.<br />
– Um relacionamento, ou sexo?<br />
– Em se tratando de nós dois, é a<br />
mesma coisa.<br />
– É mesmo?<br />
– Entre nós, sempre foi casamento ou<br />
na<strong>da</strong>, Madison.<br />
Vik estendeu a mão e traçou o<br />
contorno do corpete dela, as pontas de<br />
seus dedos jamais abandonando o<br />
tecido azul-safira do vestido, e roçando<br />
na pele do busto dela.
Prendendo a respiração, Maddie não<br />
se moveu.<br />
– Por causa <strong>da</strong> AIH.<br />
– Porque meu avô me criou para ser<br />
um homem honrado.<br />
– Você pode ser um tubarão, Vik,<br />
mas pelo menos é um sincero.<br />
Ele sorriu, a ponta do dedo<br />
repousando exatamente onde o decote<br />
fazia um “V” entre os seios.<br />
– Planejava casar-se comigo antes<br />
mesmo de o “Perrygate” acontecer.<br />
– É.<br />
Vik olhou sugestivamente para a<br />
aliança feita sob encomen<strong>da</strong> no dedo<br />
dela, e Maddie notou. Não havia como<br />
negar a ver<strong>da</strong>de diante dos seus olhos.
– Mandou mesmo fazer as alianças<br />
para mim.<br />
– Eu não minto.<br />
– Não, mas...<br />
A importância do que ele estava lhe<br />
dizendo a deixou sem palavras.<br />
– Timwater me forçou a adiantar os<br />
meus planos, mas foram apenas<br />
algumas semanas.<br />
– Ia me pedir em casamento?<br />
– Primeiro pretendia namorá-la –<br />
retrucou ele jocosamente. –<br />
Precisávamos reconstruir o vínculo que<br />
já tivemos.<br />
– Reconheceu antes do meu pai que<br />
o único modo de ele ter um herdeiro
para cui<strong>da</strong>r dos seus negócios seria se<br />
eu me cassasse com você.<br />
– É.<br />
– Sendo assim, baseou os seus planos<br />
no desejo do meu pai de deixar o seu<br />
legado para a família. Foi brilhante. E<br />
manipulador.<br />
Mas ele já demonstrara que, por mais<br />
importantes que seus planos para a AIH<br />
fossem, não ignoraria a felici<strong>da</strong>de de<br />
Maddie. Afinal, oferecera-se para lhe<br />
comprar o imóvel dos sonhos como<br />
presente de casamento.<br />
Um gesto calculado? Talvez.<br />
Contudo, que a beneficiava, e não<br />
prejudicava.
O silêncio de Vik já era to<strong>da</strong> a<br />
resposta de que precisava. Ele não só<br />
traçara a sua estratégia como começara<br />
a trabalhar no convencimento do pai<br />
dela, e o pai não demorara a enxergar<br />
as coisas do seu jeito no tocante a salvar<br />
a filha e a reputação <strong>da</strong> empresa.<br />
– Não sei o que pensar a respeito<br />
disso – admitiu ela.<br />
Apesar de entender, ain<strong>da</strong> se sentia<br />
manipula<strong>da</strong>.<br />
O toque de Vik enfim deixou o<br />
vestido para chegar ao volume dos<br />
seios, desenhando a mesma trilha de<br />
antes, só que, dessa vez, ao longo de<br />
sua pele.
– Enquanto está decidindo, leve em<br />
consideração que, se você tivesse sido<br />
uma mulher diferente, meus planos<br />
teriam tomado um rumo diferente.<br />
Ela estremeceu, e outro pensamento<br />
lhe ocorreu.<br />
– Teria tirado a AIH do meu pai?<br />
Estava horroriza<strong>da</strong>, pois, por mais<br />
que não entendesse o pai, ela o amava,<br />
e tinha certeza de que Vik teria feito<br />
exatamente isso, em vez de permitir que<br />
um desconhecido viesse e tomasse o<br />
que considerava dele.<br />
Vik deu de ombros, sem confirmar e<br />
nem negar.<br />
– Não foi necessário.<br />
– Disse que Jeremy era seu amigo.
– E é.<br />
– Mas ain<strong>da</strong> assim tomaria a empresa<br />
dele.<br />
– Eu não o teria traído.<br />
Não. Não fazia o estilo de Vik.<br />
– Mas teria encontrado um meio.<br />
– Isso a aborrece?<br />
– Eu já havia dito que você é<br />
implacável.<br />
– Não é novi<strong>da</strong>de.<br />
Não, realmente não era.<br />
– Minha cabeça não funciona como a<br />
sua.<br />
– Não se engane. Ao seu modo, você<br />
também é implacável; contudo, se fosse<br />
demasia<strong>da</strong>mente igual a mim, não nos<br />
complementaríamos tão bem.
Ambas as suas mãos pousaram na<br />
cintura dela.<br />
A sensação dos polegares dele lhe<br />
acariciando a lateral do corpo distraiu<br />
Maddie.<br />
– Acha que nos complementamos?<br />
– Sei que nos complementamos.<br />
– Quer dizer que está dizendo que<br />
não quer apenas a empresa. Também<br />
me quer.<br />
Não apenas sexo com ela, mas<br />
Maddie como uma pessoa completa.<br />
Pelo menos a Maddie Archer sobre a<br />
qual ele sabia. O que Vik acharia de<br />
Maddie Grace?<br />
– Você apoiará os meus sonhos de<br />
uma maneira que uma mulher de
menos força não conseguiria fazer.<br />
– Seus planos teriam sido seriamente<br />
estragados se eu tivesse escolhido um<br />
dos outros candi<strong>da</strong>tos apresentados por<br />
Jeremy.<br />
Ela cedeu à irresistível vontade de<br />
cutucar a fera.<br />
A boca maravilhosa de Vik se<br />
retorceu de desdém.<br />
– Você jamais teria escolhido outro<br />
homem.<br />
– Acha que não?<br />
– Sei que não.<br />
– Outra palavra para excesso de<br />
confiança é arrogância.<br />
– Prefiro ser chamado de sincero.
Ela riu baixinho, antes de <strong>da</strong>r-se<br />
conta de algo.<br />
– Você manipulou a escolha dos<br />
candi<strong>da</strong>tos.<br />
– Eu não estava esperando Maxwell<br />
Black.<br />
– Nem eu. – E ela ain<strong>da</strong> queria saber<br />
o que o homem fizera com Romi. – Ele<br />
é intenso.<br />
– É um bom homem de negócios.<br />
– É honrado?<br />
– É.<br />
– Tão honrado quanto você?<br />
Vik considerou a sua resposta por um<br />
instante.<br />
– Eu faria negócios com ele apenas<br />
baseado em um aperto de mãos.
– Bom saber disso.<br />
– Por quê? Está considerando as suas<br />
opções?<br />
A possibili<strong>da</strong>de não parecia<br />
preocupá-lo tanto assim.<br />
– De acordo com você, não há outras<br />
opções.<br />
– Ver<strong>da</strong>de. – Viktor parecia estar<br />
considerando o que dizer em segui<strong>da</strong>. –<br />
Nós crescemos juntos.<br />
– O quê? Na mesma vizinhança?<br />
– Na mesma rua domina<strong>da</strong> por<br />
descendentes de russos, mesma escola,<br />
mesmas tardes passa<strong>da</strong>s em ativi<strong>da</strong>des<br />
patrocina<strong>da</strong>s pelo centro cultural russo.<br />
– Eram amigos?<br />
– Ain<strong>da</strong> somos... mais ou menos.
– São parecidos demais para ser<br />
muito chegados.<br />
– Disputamos o primeiro lugar na<br />
classe até irmos para universi<strong>da</strong>des<br />
diferentes.<br />
– Ninguém mais teve chance.<br />
– Não.<br />
Maddie mordeu o lábio inferior, por<br />
fim decidindo ser sincera no tocante às<br />
suas preocupações.<br />
– Romi o namorou.<br />
– Sei.<br />
– Ele é intenso – repetiu Maddie.<br />
– Ain<strong>da</strong> estão namorando?<br />
– Não.<br />
– Então...<br />
– Não preciso me preocupar?
– Ele é um bom homem.<br />
Maddie acreditava nele.<br />
– Realmente vai passar a noite aqui?<br />
– perguntou, voltando a atenção para o<br />
que mais lhe importava no momento.<br />
– Vou.<br />
– Já no primeiro dia?<br />
Um dia no qual haviam tomado a<br />
decisão de se casarem, levar a público<br />
tal decisão e negociaram um futuro que<br />
ambos podiam aceitar.<br />
Ele a puxou para si.<br />
– De certa maneira, esta noite é a<br />
culminação de dez anos.<br />
– Dos quais, seis nós passamos<br />
praticamente sem nos falar.
– Quando foi a última vez que Frank<br />
esteve na ci<strong>da</strong>de? – perguntou Vik,<br />
como se Maddie pudesse saber.<br />
Ela sabia.<br />
– Três meses atrás. Esteve em São<br />
Francisco para o Natal.<br />
O pai de Vik comparecera à festa de<br />
Jeremy na empresa de Misha e Ana.<br />
Vik assentiu.<br />
– Babulya ficou satisfeita.<br />
– Mas você não via a hora de ele ir<br />
embora.<br />
– Você foi a única pessoa que soube<br />
disso.<br />
– Só porque vi o seu pai na casa do<br />
meu pai e soube que ele estava na<br />
ci<strong>da</strong>de não significa nós dois tenhamos
tido nenhuma comunicação<br />
significativa.<br />
– Não tivemos?<br />
Tudo bem, então nos últimos anos<br />
eles haviam tido um variado número de<br />
conversas de diferentes níveis de<br />
profundi<strong>da</strong>de. Maddie se deu conta de<br />
que ela estivera apenas tentando ser<br />
adulta no tocante ao passado, mas Vik<br />
estivera trabalhando em restabelecer o<br />
vínculo com ela a respeito do qual<br />
falara antes.<br />
Maquiavel era fichinha perto dele em<br />
se tratando de planejamento a longo<br />
prazo.<br />
– Ain<strong>da</strong> assim – retrucou, sem ter o<br />
que mais dizer.
Aquele sorriso de tubarão esboçou-se<br />
no seu rosto.<br />
– Quando foi a última vez que eu<br />
levei uma acompanhante para algum<br />
evento?<br />
E <strong>da</strong>í que ela soubesse a resposta?<br />
– Isso não significa na<strong>da</strong>.<br />
– Não?<br />
– Vik...<br />
– Acho que o fato de eu não ter tido<br />
outra mulher ao meu lado em mais de<br />
um ano, e o fato de você saber disso, é<br />
muito significativo.<br />
– É mesmo?<br />
Apesar do sarcasmo, ela não podia<br />
deixar de se perguntar se ele não teria<br />
razão.
– Sei que você também não saiu com<br />
ninguém. Eu não tinha certeza quanto a<br />
Timwater, mas na<strong>da</strong> no modo como<br />
pareciam juntos <strong>da</strong>va a ideia de<br />
intimi<strong>da</strong>de sexual.<br />
– Espero mesmo que não.<br />
– Além do mais, ele estava dormindo<br />
com outras mulheres.<br />
Maddie desconfiava que sim, apesar<br />
de Perry sempre tentar passar a<br />
impressão de que não dormia com<br />
ninguém. Ela não sabia bem por quê.<br />
Não teria feito diferença alguma.<br />
Contudo, o fato de Vik saber<br />
significava que estivera prestando<br />
atenção.
– Tem um arquivo sobre ele, não<br />
tem?<br />
– Naturalmente.<br />
– E quanto a Romi?<br />
– Romi é sua amiga há mais tempo<br />
do que eu.<br />
– Está dizendo que não tem arquivo<br />
sobre ela?<br />
Inclinando-se, Vik sussurrou no pé<br />
do ouvido de Maddie.<br />
– Estou dizendo que não preciso de<br />
um.<br />
Não eram as palavras doces, mas a<br />
sensação <strong>da</strong> respiração gentilmente<br />
soprando no pé <strong>da</strong> orelha a deixou to<strong>da</strong><br />
arrepia<strong>da</strong>.
– Você também a conhece bem –<br />
falou Maddie, sem saber ao certo por<br />
que estava <strong>da</strong>ndo prosseguimento<br />
àquela conversa.<br />
– É.<br />
Curiosi<strong>da</strong>de e preocupação a levaram<br />
a perguntar:<br />
– Sabia que ela namorava Maxwell?<br />
– Não.<br />
– Ótimo. Não me sinto mais tão por<br />
fora.<br />
Vik endireitou-se, mas não recuou.<br />
– Estou certo de que, se você não<br />
sabia, é porque fizeram o possível para<br />
manter a coisa to<strong>da</strong> em particular.<br />
– Tem razão.
Apesar de ain<strong>da</strong> preocupa<strong>da</strong>, Maddie<br />
não se sentia mais uma péssima amiga.<br />
Ela se permitiu perder-se naqueles<br />
olhos cor de café, e relaxou-se mais de<br />
encontro ao corpo dele.<br />
– Quero beijar você.<br />
– E o que a está impedindo?<br />
Vik curvou-se, de modo que os lábios<br />
estavam a centímetros dos dela, e ela<br />
inclinou-se para ele, sussurrando de<br />
encontro aos seus lábios:<br />
– Na<strong>da</strong>.<br />
O primeiro roçar dos lábios de<br />
Maddie nos deles foi como um choque<br />
elétrico. Foi a mais breve <strong>da</strong>s carícias;<br />
contudo, quase insuportável na sua<br />
intimi<strong>da</strong>de.
Eram distintamente diferentes, um<br />
par de lábios masculinos e outro<br />
feminino, mas se encaixaram com a<br />
perfeição de moldes simultaneamente<br />
alinhados e fundidos.<br />
A resposta de Vik foi a de um<br />
ver<strong>da</strong>deiro macho alfa, aceitando-lhe a<br />
boca antes de <strong>da</strong>r a volta por cima e<br />
avançar com os próprios lábios sobre os<br />
dela, <strong>da</strong>ndo ao beijo uma intensi<strong>da</strong>de<br />
maior e mais intimi<strong>da</strong>de.<br />
Mordiscando gentilmente o lábio<br />
inferior dela, ele exigiu entrar. Sem<br />
pensar em mais na<strong>da</strong> alem de obedecer,<br />
ela permitiu que os lábios se<br />
entreabrissem.
A língua de Vik mergulhou na sua<br />
boca, e, no mesmo instante, Maddie se<br />
viu afogando em uma resposta sexual<br />
que apenas aquele homem fora capaz<br />
de despertar nela, pensamentos e<br />
emoções sobrepujados pelo ataque de<br />
uma devastadora sensuali<strong>da</strong>de.<br />
Vik puxou o corpo dela para si, suas<br />
enormes mãos deslizando por suas<br />
costas acima, até massagear-lhe o couro<br />
cabeludo.<br />
As próprias mãos dela deslizaram por<br />
conta própria até o peitoral dele,<br />
subindo para os ombros, e depois até a<br />
nuca, puxando o seu corpo de encontro<br />
ao dele até os seios estarem sendo<br />
esmagados contra o peito de Vik.
Intensas fagulhas de deliciosas<br />
sensações chegaram a provocar<br />
ponta<strong>da</strong>s quase dolorosas nos bicos dos<br />
seios dela.<br />
Mesmo ain<strong>da</strong> vestidos, era tão<br />
inacreditavelmente bom que Maddie<br />
sequer conseguia imaginar como seria<br />
quando fosse pele nua de encontro à<br />
pele nua.<br />
Vik deixou escapar um retumbante<br />
som de aprovação de sua garganta,<br />
antes de erguê-la do chão, nos seus<br />
braços.<br />
O homem era forte. Logo em segui<strong>da</strong><br />
a esse pensamento veio outro. Ia<br />
mesmo fazer aquilo.
Pela primeira vez, Maddie ficou feliz<br />
por ser uma virgem de 24 anos.<br />
Não queria nenhuma experiência<br />
passa<strong>da</strong> ofuscando aquele momento<br />
com ele. Nenhuma lembrança de mãos<br />
na sua carne, além <strong>da</strong>s dele.<br />
Vik a carregou direto para o quarto<br />
de dormir, abaixando-a até o chão e<br />
afastando a boca <strong>da</strong> dela. Maddie não<br />
queria que ele parasse e aproveitou as<br />
mãos ao redor do pescoço dele para<br />
alçar-se de volta, para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de<br />
ao beijo.<br />
Algo no gesto acionou um<br />
interruptor no íntimo de Vik, e o beijo<br />
passou a ser nuclear. Sua boca devorou
a dela enquanto apalpava-lhe as<br />
nádegas através <strong>da</strong> se<strong>da</strong> do vestido.<br />
Domina<strong>da</strong> pelas sensações, Maddie<br />
perdeu a conexão com tudo que não<br />
fosse o beijo. Não soube dizer quanto<br />
tempo as bocas passaram devorando<br />
uma a outra. Não conseguia registrar<br />
na<strong>da</strong> além <strong>da</strong>s centelhas de prazer de<br />
prazer incendiando-a, consumindo-a.<br />
Só se deu conta de que ele a moveu<br />
até a cama quando Vik desvencilhou-se<br />
dela, e Maddie não caiu no chão.<br />
Gemeu ante a necessi<strong>da</strong>de de<br />
conectar-se novamente com os lábios<br />
dele, um som que a teria constrangido,<br />
caso não estivesse entregue demais ao<br />
desejo para ligar.
– Vik! – suplicou, nenhuma outra<br />
palavra lhe vindo à cabeça.<br />
O sorriso dele era feroz e ardente.<br />
Mas a piscadela de olho foi ain<strong>da</strong> mais.<br />
– Roupas.
CAPÍTULO 8<br />
UMA ÚNICA palavra, mas era tudo de<br />
que Maddie precisava.<br />
Ela sentou-se e se pôs a abrir o zíper<br />
do vestido. Normalmente, já era difícil<br />
alcançar o fecho no meio <strong>da</strong>s costas.<br />
Com as mãos tremendo, tornou-se<br />
impossível. Tão frustra<strong>da</strong> que poderia<br />
até chorar, ela esforçou-se para abaixar<br />
o zíper.
O tempo todo, não conseguia tirar os<br />
olhos de Vik. Ele arrancara o suéter<br />
Armani e o jogara no chão, a camiseta<br />
preta que usava por baixo logo se<br />
juntando ao amontoado de caxemira.<br />
Em segui<strong>da</strong> vieram as calças, revelando<br />
o volume que se encontrava por baixo<br />
<strong>da</strong> cueca preta.<br />
– Seu corpo é lindo – sussurrou ela<br />
admira<strong>da</strong>.<br />
Ca<strong>da</strong> músculo <strong>da</strong>quele belo corpo de<br />
quase 1,90 m era trabalhado. Pelos<br />
escuros recobriam o peito, estreitandose<br />
em uma trilha que desaparecia sob a<br />
cintura <strong>da</strong> cueca.<br />
Ela não sabia se era por conta do<br />
tecido justo e preto ou devido às
próprias emoções supersensíveis, mas<br />
Vik parecia ser enorme.<br />
As coxas de Maddie se apertaram<br />
uma de encontro à outra e seus dedos<br />
estavam coçando para tocá-lo. E ela<br />
sequer havia visto o membro em si.<br />
Vik olhou para ela, sua própria<br />
expressão toma<strong>da</strong> pelo desejo.<br />
– Ain<strong>da</strong> está vesti<strong>da</strong> – acusou.<br />
– Eu sei – respondeu ela, toma<strong>da</strong> de<br />
frustração.<br />
– Precisa de aju<strong>da</strong>?<br />
– Preciso.<br />
Ele marchou na direção <strong>da</strong> cama<br />
como um enorme gato preto, subindo<br />
nela com a mesma graça. Estendeu os
dedos na direção do zíper nas costas de<br />
Maddie.<br />
– Este é o seu problema?<br />
– Não consigo alcançá-lo.<br />
– Como foi então que conseguiu<br />
vesti-lo?<br />
– Não havia na<strong>da</strong> me distraindo<br />
quando me vesti.<br />
– Como o quê?<br />
– O que você acha?<br />
– Eu?<br />
– O desejo – esclareceu Maddie.<br />
– Desejo por mim?<br />
– É – admitiu ela, não vendo razão<br />
para fingir o contrário; contudo, ao<br />
mesmo tempo, irrita<strong>da</strong> por ter de<br />
confirmar em voz alta.
– Ótimo. – Ele abaixou o zíper aos<br />
pouquinhos. – Gosto deste vestido.<br />
– Pois jamais vou usá-lo novamente.<br />
– Por favor, use.<br />
– Por quê?<br />
– Sempre gostei de desembrulhar os<br />
meus presentes. Pergunte só para os<br />
meus avós.<br />
– Não sou um presente de Natal.<br />
– Não, é algo muito mais valioso. –<br />
Ele beijou-lhe o canto <strong>da</strong> boca antes de<br />
levemente roçar os lábios nos dela. – É<br />
a mulher com quem compartilharei a<br />
minha vi<strong>da</strong>.<br />
– Para um tubarão coorporativo, você<br />
é muito bom no romance.
Ele não estava brincando no tocante<br />
a gostar do processo de desembrulhar.<br />
O tempo foi passando, marcado pelo<br />
aumento <strong>da</strong> paixão de Maddie,<br />
enquanto Vik, primeiro, retirou-lhe o<br />
vestido, centímetro a centímetro,<br />
lentamente lhe revelando o corpo. O<br />
seu olhar repleto de desejo a fez arder<br />
sob sua apreciação sensual.<br />
Em segui<strong>da</strong>, a anágua de se<strong>da</strong> foi o<br />
alvo de suas atenções, mas ele<br />
demorou-se ain<strong>da</strong> mais com elas do<br />
que com o tafetá azul, beijando trechos<br />
<strong>da</strong> pele dela à medi<strong>da</strong> que iam sendo<br />
revelados, sensibilizando o corpo de<br />
Maddie como ela jamais pensara ser<br />
possível.
Quando Vik terminou, ela estava<br />
nua, uma massa trêmula de desejo<br />
sexual.<br />
E ele ain<strong>da</strong> estava de cueca.<br />
Ela puxou o elástico <strong>da</strong> cintura dele,<br />
sua voz rouca de paixão ao conseguir<br />
forçar a passagem <strong>da</strong>s palavras pela<br />
garganta aperta<strong>da</strong>.<br />
– Pode tirar.<br />
– Ain<strong>da</strong> não.<br />
– Por quê?<br />
– Você é virgem.<br />
– E <strong>da</strong>í?<br />
Ele ia mu<strong>da</strong>r isso, não ia?<br />
– De modo que você precisa ser<br />
prepara<strong>da</strong>, e, no que diz respeito a você,<br />
estou por um triz.
– Vai ter de tirar a cueca para fazer<br />
amor comigo.<br />
Ele exibiu os dentes em um sorriso<br />
desprovido de humor.<br />
– E, antes que isso aconteça, preciso<br />
me certificar de que esteja pronta para<br />
mim.<br />
– Mas...<br />
– Terá de confiar em mim.<br />
– Eu quero você!<br />
– E me terá.<br />
Naquele instante, as mãos de Vik<br />
deslizaram entre as pernas dela, dedos<br />
mergulhando no ardor úmido que<br />
nenhum outro homem jamais tocara, e<br />
ela gritou. Ele a tocou de maneira que<br />
ela apenas sonhara em ser toca<strong>da</strong>,
acariciando-a até o seu primeiro clímax<br />
devastador, antes mesmo que Maddie<br />
se desse conta de para onde aquela<br />
sensação desespera<strong>da</strong> no seu íntimo a<br />
estava levando.<br />
Ela já se tocara antes, contudo jamais<br />
se sentira <strong>da</strong>quele jeito. Ain<strong>da</strong> estava<br />
tremendo de prazer quando um único<br />
dedo masculino comprido mergulhou<br />
no seu íntimo. Algo se apertou no seu<br />
coração ante a intrusão íntima.<br />
Ele não estava dentro dela, não do<br />
modo como ela sempre imaginara, mas<br />
estavam conectados em um nível que<br />
correspondia a um lugar na alma dela.<br />
Ele avançou, e Maddie estremeceu<br />
de dor.
– Dói? – perguntou Vik.<br />
– Um pouquinho.<br />
– Vai arder.<br />
– Por quê?<br />
– Vou romper o seu hímen com o<br />
dedo. Tornará a penetração do meu<br />
sexo mais fácil para você.<br />
As palavras eram experientes,<br />
contudo sua expressão e a preocupação<br />
na voz dele não eram.<br />
Ele pensara bem naquilo, e isso a<br />
comoveu.<br />
Vik avançou um pouquinho mais.<br />
Uma ponta<strong>da</strong> de dor percorreu o<br />
corpo dela.<br />
– Não está só ardendo!<br />
– Sinto muito. Vai valer a pena.
Maddie não tinha tanta certeza no<br />
tocante a isso, mas confiava o bastante<br />
nele para lhe <strong>da</strong>r o benefício <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>.<br />
Tal confiança foi seriamente testa<strong>da</strong><br />
um instante mais tarde, quando a dor<br />
intensificou-se tanto que chegou a<br />
pensar que ele a estivesse invadindo<br />
com um ferro em brasa, e não com o<br />
dedo. Arquejando, ela tentou recuar, e<br />
ficou surpresa quando conseguiu<br />
desalojar-lhe a mão.<br />
Vik se sentou sobre as pernas, os<br />
ligeiros traços de sangue no seu dedo<br />
um testamento do seu sucesso.<br />
Satisfeita que a dor já estivesse se<br />
transformando em um ligeiro latejar,<br />
ela perguntou:
– Agora?<br />
– Ain<strong>da</strong> não. Há mais a ser feito.<br />
O mais incluía finalmente despir-se<br />
por completo. No banheiro, onde ele<br />
ligou a água quente <strong>da</strong> banheira.<br />
Ele parecia ain<strong>da</strong> maior se projetando<br />
para fora do corpo do que parecera com<br />
a ereção enfia<strong>da</strong> para dentro <strong>da</strong> malha<br />
de se<strong>da</strong> preta.<br />
Ele sorriu para ela com gentil humor.<br />
– Seus olhos estão arregalados.<br />
– Você é grande como um bastão de<br />
beisebol.<br />
Isso arrancou uma gargalha<strong>da</strong> dele.<br />
– Não chego nem perto de ser.<br />
Sem saber ao certo de onde viera, a<br />
irritação fez com que cruzasse o piso
ladrilhado e lhe deu a ousadia para<br />
cerrar a mão ao seu redor.<br />
– Meus dedos estão dormentes.<br />
O som que escapou dos lábios dele<br />
não foi uma palavra.<br />
Gotas viscosas se formaram na ponta<br />
do pe<strong>da</strong>ço de carne na mão de Maddie.<br />
Ela o tocou com a ponta do dedo e o<br />
trouxe à boca, lambendo-o<br />
cui<strong>da</strong>dosamente.<br />
Ficou surpresa ao perceber que<br />
chegava quase a ser doce, com apenas<br />
um vestígio do amargor salgado de que<br />
ela ouvira falar.<br />
– Gostei.<br />
Ele gemeu, recuando bruscamente<br />
com o corpo, fazendo com que a carne
dura lhe escapasse <strong>da</strong> mão.<br />
– Banho. Agora.<br />
– Por quê?<br />
– Não pode simplesmente confiar em<br />
mim?<br />
– Confio mais em você do que em<br />
qualquer outro homem do planeta.<br />
Talvez fosse o único homem no<br />
planeta em quem ela confiasse.<br />
– Será melhor para você assim –<br />
explicou ele.<br />
– Como é que você sabe? Já fez<br />
muito sexo com virgens?<br />
A possibili<strong>da</strong>de a incomo<strong>da</strong>va<br />
profun<strong>da</strong>mente.<br />
– Nenhuma. – Ele praticamente<br />
rosnou ao erguê-la e depositá-la na
anheira com movimentos<br />
surpreendentemente<br />
gentis,<br />
considerando a sua irritação aparente. –<br />
Eu li a respeito.<br />
– Porque é do tipo que planeja tudo.<br />
– É.<br />
Ele ain<strong>da</strong> parecia um homem<br />
disposto a arrancar a cabeça de alguém.<br />
– Por que está zangado?<br />
– Não estou zangado!<br />
– Está rosnando para mim.<br />
– Estou excitado.<br />
– Eu também. O banho foi ideia sua!<br />
– Para o seu benefício.<br />
Ah, caramba.<br />
– Desculpe. Isto não é fácil para você,<br />
não é?
– Esperar? – Ele adentrou a banheira<br />
atrás dela, sentando-a no seu colo, suas<br />
mãos pousando-se possessivamente em<br />
Maddie. – Não, minha ruivinha sexy,<br />
não é fácil, mas você vale a pena.<br />
Outro momento de cavaleiro branco.<br />
– Se não tomar cui<strong>da</strong>do, vai me levar<br />
a acreditar em contos de fa<strong>da</strong>s.<br />
Sua única resposta foi um sedutor<br />
toque na coxa dela. Tal carícia foi<br />
segui<strong>da</strong> de outra, e mais outra, por todo<br />
o corpo dela, e ca<strong>da</strong> toque era<br />
acompanhado <strong>da</strong> presença insistente <strong>da</strong><br />
ereção pressiona<strong>da</strong> à parte inferior <strong>da</strong>s<br />
costas.<br />
Quando as mãos interromperam os<br />
seus movimentos lentos, os mamilos já
estavam latejando e sensíveis, o clitóris,<br />
vibrando de prazer, e o corpo todo,<br />
derretido sobre o dele.<br />
Não restavam palavras no seu<br />
cérebro quando Vik esvaziou a<br />
banheira e a ergueu de volta para o<br />
chão ladrilhado. Secaram-se em<br />
silêncio, seus corpos ansiando um pelo<br />
outro.<br />
Sem na<strong>da</strong> falar, ela e Vik afastaram<br />
as cobertas <strong>da</strong> cama, e, juntos,<br />
deitaram-se no colchão coberto por um<br />
único lençol.<br />
Fazer amor foi tudo que ela sonhou<br />
que seria, seu sexo preenchendo-a tão<br />
profun<strong>da</strong>mente que, naquele instante,
Maddie sentiu como se houvessem se<br />
fundido em um único ser.<br />
Ain<strong>da</strong> houve um pouco de dor,<br />
contudo na<strong>da</strong> lancinante e nem<br />
excessivo, e o prazer sobrepujou<br />
qualquer desconforto.<br />
Dessa vez, quando chegou ao clímax,<br />
ela gritou até a garganta protestar. Vik<br />
ficou ain<strong>da</strong> mais impossivelmente duro<br />
dentro dela, antes de expressar o seu<br />
alívio na forma de uma única palavra<br />
grita<strong>da</strong>.<br />
– Minha.<br />
Maddie só foi se lembrar de métodos<br />
anticoncepcionais no dia seguinte.
VIKTOR ACORDOU no escuro, duas coisas<br />
proeminentes na sua cabeça. A mulher<br />
que desejara por anos estava agora nos<br />
seus braços, e não haviam usado<br />
proteção <strong>da</strong> primeira vez em que<br />
fizeram amor.<br />
A primeira coisa lhe trouxe<br />
satisfação. A segun<strong>da</strong>, uma ponta<strong>da</strong> de<br />
arrependimento. Em um mundo<br />
perfeito, teriam alguns anos de<br />
casamento para aproveitar a vi<strong>da</strong> de<br />
casal, para solidificar a relação.<br />
No mundo real, Maddie fora força<strong>da</strong><br />
a se casar pelas ações de um canalha<br />
que se dizia seu amigo, e os avós de<br />
Viktor não estavam ficando mais<br />
jovens. Se quisesse que os seus filhos
pudessem aproveitá-los como Viktor<br />
aproveitara, teria de providenciá-los o<br />
mais rápido possível.<br />
Para ele, família era tudo. E queria<br />
ser um provedor para a sua família<br />
como o pai jamais fora. Desde pequeno,<br />
Viktor decidira que jamais seria como o<br />
pai.<br />
Quando conhecera Jeremy Archer,<br />
Viktor pensara ter encontrado o mentor<br />
que procurava. E encontrara, mas<br />
também se dera conta de que,<br />
envolvido como era com a AIH, a visão<br />
de Jeremy era limita<strong>da</strong> demais.<br />
Tanto nos negócios como em se<br />
tratando <strong>da</strong> família.
Jeremy jamais entendera que todo o<br />
sucesso <strong>da</strong> AIH na<strong>da</strong> significava ante o<br />
seu fracasso espetacular com a filha.<br />
Madison combinava com Viktor de<br />
to<strong>da</strong>s as maneiras. Não eram apenas<br />
sexualmente compatíveis. Eram<br />
combustíveis. Exatamente como ele<br />
soubera que seriam. Mas, igualmente<br />
importante, eram amigos com objetivos<br />
compatíveis, embora muito diferentes<br />
para o futuro.<br />
A presença de Maxwell Black na<br />
reunião naquela manhã precipitara<br />
atitudes de Viktor que ele só planejara<br />
tomar mais tarde.<br />
Mas não podia se queixar do<br />
resultado.
De modo algum se arrependia de ter<br />
feito amor com Madison, e tinha to<strong>da</strong> a<br />
intenção de mostrar para ela que<br />
nenhum outro homem combinaria tão<br />
bem com ela quanto ele.<br />
Não era apenas o sucessor perfeito<br />
para a AIH. Era perfeito para Madison.<br />
Com isso em mente, deslizou a mão<br />
pelo lombo dela, inclinando-se para<br />
beijar-lhe a lateral do pescoço, e<br />
acordá-la para mais uma demonstração<br />
de como combinavam bem na cama.<br />
PELA PRIMEIRA vez na vi<strong>da</strong>, Madison<br />
acor<strong>da</strong>ra nos braços de outra pessoa.<br />
Permaneceu deita<strong>da</strong>, quente e<br />
segura, enquanto metade do corpo de
Viktor cobria o dela, sua respiração<br />
lenta e constante mesmo durante o<br />
sono.<br />
E ela pensou na possibili<strong>da</strong>de de<br />
bebês e de uma família. Será que ele o<br />
fizera de propósito? Ou estivera tão<br />
entregue à satisfação final de anos de<br />
desejo frustrado que a ideia de proteção<br />
sequer lhe passara pela cabeça?<br />
Antes de fazer amor com um homem<br />
que parecia jamais se saciar, ela não<br />
teria considerado a segun<strong>da</strong> opção<br />
possível.<br />
Mas Vik a acor<strong>da</strong>ra várias vezes<br />
durante a noite, para to<strong>da</strong>s as vezes<br />
testar os limites do prazer e do corpo<br />
dela, sua voraci<strong>da</strong>de por Maddie algo
que ela jamais voltaria a duvi<strong>da</strong>r. E,<br />
sempre que estavam dormindo, era pele<br />
cola<strong>da</strong> com pele.<br />
Mesmo agora, o seu sexo enorme...<br />
Não, Maddie não acreditava que<br />
Viktor Beck não fosse maior do que os<br />
outros homens. Já ouvira falar que a<br />
extensão em média <strong>da</strong> maioria dos<br />
homens era de cerca de 15 centímetros<br />
ereto. Bem, ela calculava que ele<br />
deveria ter quase o dobro disso.<br />
Mediano? Pouco provável.<br />
Naquele instante, a sua dureza não<br />
tão comum assim estava pressionando o<br />
quadril dela, informando-a de que,<br />
quando ele acor<strong>da</strong>sse, estaria pronto<br />
para mais intimi<strong>da</strong>des físicas. Apesar de
estar dolori<strong>da</strong> em músculos que sequer<br />
soubesse ter, de os mamilos latejarem<br />
ante o estímulo que receberam e de<br />
uma sensação se extrema sensibili<strong>da</strong>de<br />
entre as pernas, sabia que não hesitaria<br />
em responder.<br />
Só que não usaram qualquer forma<br />
de anticoncepcional na noite anterior.<br />
Nenhuma.<br />
– Posso escutá-la pensando. – A voz<br />
de Vik ecoou nos seus ouvidos.<br />
– Disse que tomaríamos juntos<br />
qualquer decisão no tocante a filhos.<br />
Sentiu o corpo dele se retesando, mas<br />
ele não recuou.<br />
– Sim?
– Não usamos qualquer proteção,<br />
ontem à noite.<br />
Estranhamente, ele relaxou.<br />
– Não, não usamos.<br />
– Vik – falou ela em tom de alerta.<br />
Ele sentou-se na cama, ajeitando os<br />
travesseiros de encontro à cabeceira,<br />
atrás de si, e puxando-a para o seu colo<br />
com o menor dos esforços.<br />
Inclinou-lhe a cabeça para cima, de<br />
modo a poder lhe fitar os olhos.<br />
– Tomamos tal decisão juntos.<br />
– Eu não tomei qualquer decisão.<br />
Sequer pensei.<br />
Ele ergueu as sobrancelhas.<br />
– Eu também não.
Ela tentou avaliar a sinceri<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
afirmação naqueles olhos cor de café,<br />
não enxergando neles o menor traço de<br />
falsi<strong>da</strong>de.<br />
– Não lhe passou pela cabeça que<br />
uma camisinha poderia ser uma boa<br />
ideia? – perguntou ela.<br />
Foi a vez dos olhos dele se<br />
estreitarem.<br />
– Acha que eu mentiria para você?<br />
– Não, mas é implacável o bastante<br />
para se aproveitar <strong>da</strong> situação.<br />
Ele concordou, a ver<strong>da</strong>de não<br />
parecendo constrangê-lo nem um<br />
pouco.<br />
– Sou, mas com que propósito eu<br />
ignoraria a proteção?
– Ganhará cinco por cento <strong>da</strong><br />
empresa quando eu der à luz nosso<br />
primeiro filho.<br />
– Planeja esperar para <strong>da</strong>r início a<br />
uma família?<br />
– Não.<br />
Sequer poderia alegar que jamais<br />
pensara nisso. Os sonhos de Maddie<br />
sempre incluíram ter uma família.<br />
– Achei que não.<br />
De modo que ele não teria por que se<br />
aproveitar <strong>da</strong>s circunstâncias.<br />
– Tudo bem.<br />
– Tudo bem o quê?<br />
– Acredito em você.<br />
Ele beijou-lhe a ponta do nariz.<br />
– E deveria mesmo.
– Pode ser antiquado, mas ain<strong>da</strong><br />
gostaria de esperar até que estivéssemos<br />
casados para conceber nosso primeiro<br />
filho.<br />
Embora, caso estivesse grávi<strong>da</strong>,<br />
aceitaria isso como a dádiva que<br />
acreditava ser.<br />
– De acordo.<br />
– De modo que, de agora em diante,<br />
proteção – insistiu.<br />
– De acordo.<br />
– Está sendo tão cor<strong>da</strong>to.<br />
– Quer saber a ver<strong>da</strong>de? Por mim<br />
aguar<strong>da</strong>ríamos alguns anos antes de<br />
termos filhos.<br />
– Ah.
Jamais lhe passara pela cabeça que<br />
ele não estivesse ansioso para começar<br />
logo uma família.<br />
– Contudo, meus avós já estão na<br />
casa dos sessenta – prosseguiu Vik. – Se<br />
quisermos que nossos filhos aproveitem<br />
a presença de De<strong>da</strong> e Babulya em suas<br />
vi<strong>da</strong>s, não podemos fazer a minha<br />
vontade.<br />
– Entendo.<br />
Mais uma vez ela era lembra<strong>da</strong> de<br />
que, apesar de Vik e ela terem<br />
esperanças diferentes para o futuro,<br />
ambos as tinham. E, para a sorte dela,<br />
por mais surpreendente que pudesse<br />
ser, elas eram compatíveis.
– Hesito em falar sobre isso – disse<br />
Vik. – Mas eu quero presentear meus<br />
avós com a próxima geração de nossa<br />
família.<br />
– O quê?<br />
Maddie não conseguia acreditar em<br />
como se sentia à vontade tendo essa<br />
discussão nua na cama.<br />
– Não será difícil começar a sua<br />
escola se tiver um bebê logo de cara?<br />
Ela fez uma careta de<br />
autorrecriminação para ele.<br />
– Por mais que eu diga que o<br />
dinheiro não importa para mim, a<br />
ver<strong>da</strong>de é que estou contando em<br />
poder “ter tudo”, como costumam<br />
dizer.
– Planeja ter uma babá?<br />
Ele pareceu quase chocado.<br />
– Provavelmente, mas não para criar<br />
nossos filhos. Contudo, se quisermos<br />
deixar a casa de vez em quando,<br />
precisaremos ter alguém além dos seus<br />
avós em que confiemos os nossos filhos.<br />
– É.<br />
– De modo que teremos uma babá<br />
que combine com a nossa família, uma<br />
matrona em i<strong>da</strong>de e aparência.<br />
De modo algum Maddie permitiria<br />
que uma lin<strong>da</strong> jovem vivesse sob o nariz<br />
de Vik, debaixo do teto dela.<br />
– O que quis dizer a respeito do<br />
dinheiro?
– Tenho to<strong>da</strong> a intenção de contratar<br />
uma equipe qualifica<strong>da</strong> que<br />
compartilhe <strong>da</strong> visão que eu e Romi<br />
temos para administrar a escola.<br />
Vik franziu a testa.<br />
– Mas mesmo assim vocês duas ain<strong>da</strong><br />
dedicarão um bocado de tempo para a<br />
escola? Terão de fazê-lo.<br />
– Sim, mas <strong>da</strong>remos um jeito. Romi e<br />
eu já discutimos como faremos no caso<br />
de uma de nós ou as duas termos<br />
família.<br />
– Não me surpreende.<br />
– Surpreenderia o meu pai.<br />
Ele sempre presumira que ela não<br />
tivesse qualquer tino para os negócios,
apenas porque Maddie jamais quisera<br />
fazer parte do negócio dele.<br />
– Jeremy consegue apenas enxergar<br />
parte do todo sempre que olha para<br />
você.<br />
– É só o que lhe interessa fazer.<br />
Mesmo antes <strong>da</strong> morte de Helene,<br />
Jeremy Archer jamais dedicara tempo<br />
para conhecê-la de ver<strong>da</strong>de.<br />
Sacudindo a cabeça, Vik achou<br />
melhor mu<strong>da</strong>r de assunto.<br />
– Precisará de um assistente pessoal<br />
muito eficiente.<br />
– Sem duvi<strong>da</strong>.<br />
Babá era uma conveniência, mas um<br />
bom assistente era uma necessi<strong>da</strong>de.
O celular de Vik tocou antes que<br />
pudessem <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de à conversa.<br />
Era Conrad informando anima<strong>da</strong>mente<br />
que conseguira uma entrevista para o<br />
casal de noivos em um programa<br />
noturno sobre celebri<strong>da</strong>des.<br />
E era assim que começava.<br />
AS SEMANAS seguintes passaram em um<br />
turbilhão de ativi<strong>da</strong>de. Entrevistas<br />
como casal. Entrevistas individuais. O<br />
furor de mídia ao redor do noivado de<br />
Vik e Maddie era ain<strong>da</strong> mais intenso do<br />
que o frenesi originado pelo<br />
“Perrygate”.<br />
Vik dormia to<strong>da</strong>s as noites no<br />
apartamento dela, enquanto
decoradores e empreiteiros trabalhavam<br />
sem parar para tornar Parean Hall<br />
habitável para eles.<br />
Maddie retornou ao seu serviço<br />
voluntário secreto usando a peruca e as<br />
lentes de contato castanhas. Ca<strong>da</strong><br />
minuto passado na companhia <strong>da</strong>s<br />
crianças reforçava a sua determinação<br />
de passar ain<strong>da</strong> mais tempo com elas.<br />
Também marcara uma consulta com<br />
a terapeuta que a atendera nos meses<br />
seguintes ao seu acidente de<br />
paraquedismo. A dra. MacKenzie fora<br />
veemente nos seus elogios no tocante<br />
ao quanto Maddie progredira em li<strong>da</strong>r<br />
tanto com a morte <strong>da</strong> mãe quanto a<br />
negligência emocional do pai.
Contudo, a terapeuta evidenciara<br />
preocupação a respeito <strong>da</strong> união com<br />
Vik, pois, apesar de ele afirmar que<br />
pretendia que o casamento fosse<br />
ver<strong>da</strong>deiro, tudo estava vinculado a um<br />
contrato muito lucrativo para ele. A<br />
doutora pediu para que Maddie<br />
considerasse cui<strong>da</strong>dosamente seus<br />
motivos para concor<strong>da</strong>r com o<br />
compromisso.<br />
E foi o que Maddie fez. Mais<br />
importante ain<strong>da</strong>, conversou a esse<br />
respeito com Vik.<br />
– Sim, o contrato que o seu pai<br />
ofereceu me beneficia, mas casar-se<br />
agora também é importante para você.
– Acha que concordei em me casar<br />
por causa <strong>da</strong> escola, não acha?<br />
Vik deu de ombros.<br />
– Mesmo que o escân<strong>da</strong>lo tivesse<br />
estourado, como poderia ter<br />
acontecido, você jamais desistiria <strong>da</strong><br />
escola. Romi teria sido o rosto público<br />
<strong>da</strong> instituição e você teria sido a sócia<br />
coman<strong>da</strong>tária, como eu serei, agora.<br />
Adorava a confiança que ele tinha<br />
nela. Mas demorou um pouco para se<br />
<strong>da</strong>r conta do significado total de suas<br />
palavras.<br />
– Será mesmo?<br />
Quando fora que Vik se oferecera<br />
para ser sócio dela e de Romi na escola?
– Prometemos fazer de tudo para ver<br />
os sonhos um do outro realizados.<br />
Casamento com você me <strong>da</strong>rá a AIH. Já<br />
disse que me certificarei de que<br />
também torne possível os seus sonhos.<br />
– Você realmente é o meu cavaleiro<br />
branco.<br />
– Pensei que não acreditasse em<br />
contos de fa<strong>da</strong>s.<br />
– Talvez apenas acredite em você.<br />
Vik sempre fora a exceção. O único<br />
homem em que confiava, mesmo<br />
quando achava que não tinha motivo<br />
para isso.<br />
– Claro que acredita.<br />
A arrogância deveria tê-la irritado,<br />
mas não irritou.
– Tão confiante.<br />
– Em você? Sim.<br />
No final <strong>da</strong>s contas, tudo sempre se<br />
resumia a essa simples ver<strong>da</strong>de.<br />
Confiava em Vik para manter as<br />
promessas que ele fizera no mirante de<br />
Marin Headlands.<br />
O fato de estar se apaixonando<br />
novamente por Viktor Beck? Bem, isso<br />
era algo que não discutia nem mesmo<br />
com Romi.<br />
Como poderia evitá-lo? O homem<br />
passava mais tempo fazendo papel de<br />
cavaleiro branco do que de magnata<br />
dos negócios.<br />
O casamento iria acontecer. E em<br />
breve.
Para a cerimônia em si, planejavam<br />
uma coisa bem íntima, mas a recepção<br />
seria enorme e compareci<strong>da</strong> pela nata<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, magnatas dos negócios e<br />
até algumas celebri<strong>da</strong>des.<br />
Quando a consulta seguinte de<br />
Maddie com a terapeuta entrou em<br />
conflito com uma reunião com os<br />
cerimonialistas que organizariam a<br />
recepção, ela disse para Vik que não<br />
queria remarcar a sua hora com a dra.<br />
MacKenzie.<br />
– Está vendo um terapeuta? –<br />
perguntou Vik. – Por que eu não sabia<br />
disso?<br />
A segun<strong>da</strong> parte evidentemente era a<br />
única coisa que o incomo<strong>da</strong>va quanto à
evelação.<br />
– Porque eu não lhe contei?<br />
Ele fez uma careta zombeteira.<br />
– Ninguém sabe, além de Romi.<br />
– Quando começou a vê-lo?<br />
– É ela. E logo após o acidente de<br />
paraque<strong>da</strong>s. – Maddie se dera conta de<br />
que estava seguindo pelo mesmo<br />
caminho autodestrutivo que a mãe, e se<br />
recusou a fazê-lo. – Eu a vi<br />
semanalmente por alguns meses e<br />
algumas vezes depois disso.<br />
– Estou impressionado.<br />
– Está?<br />
Achou que ele pudesse pensar que<br />
ela era fraca por precisar de alguém.
– Deu-se conta de que não poderia<br />
aju<strong>da</strong>r crianças se não resolvesse as suas<br />
próprias questões de infância.<br />
Exatamente.<br />
– Como é que me conhece tão bem?<br />
– perguntou, sentindo-se se apaixonar<br />
mais um pouco por ele.<br />
– Sabe a resposta para isso.<br />
– Você nunca deixa de saber tudo a<br />
respeito <strong>da</strong>s pessoas com quem<br />
pretende se associar, e dos negócios que<br />
pretende assumir.<br />
– Nossa parceria será mais<br />
importante do que to<strong>da</strong>s as outras. É<br />
claro que sei tudo a seu respeito.<br />
Era bom saber disso, embora não<br />
fosse exatamente ver<strong>da</strong>de.
– Mas não sabia sobre a dra.<br />
MacKenzie.<br />
– Não.<br />
Ele parecia contrariado.<br />
Maddie riu.<br />
– Mesmo você não é infalível, Vik.<br />
– A srta. Grayson sabia.<br />
– Ela é minha melhor amiga.<br />
– E o que eu sou?<br />
– O homem com quem vou me casar.<br />
O homem por quem estou me<br />
apaixonando novamente.<br />
Pronto, ela admitira.<br />
O que faria com tal conhecimento<br />
caberia a Vik decidir. Porém, de uma<br />
coisa ela tinha certeza: estava na hora<br />
de ele conhecer Maddie Grace.
O silêncio estendeu-se entre eles.<br />
– Vik?<br />
– Eu... sinto-me honrado.<br />
– Ótimo.<br />
Melhor do que achar que ela fosse<br />
uma idiota por acreditar na emoção.<br />
– Você... eu...<br />
Pela primeira vez na sua lembrança,<br />
Vik não parecia completamente no<br />
controle de si.<br />
– Não espero que diga o mesmo.<br />
– Ótimo.<br />
O alívio na sua voz não serviu de<br />
elogio, mas também não a surpreendeu.<br />
– Você jamais mentirá para mim –<br />
constatou Maddie.
Contudo, talvez pela primeira vez<br />
estivesse entendendo a extensão do<br />
compromisso de Vik com a total<br />
sinceri<strong>da</strong>de entre os dois.<br />
– Não, não mentirei.<br />
Isso incluía não dizer que a amava<br />
quando não a amava, mas também<br />
significava que, no que dizia respeito a<br />
Vik, suas promessas estavam grava<strong>da</strong>s<br />
na pedra.
CAPÍTULO 9<br />
MADDIE FICOU choca<strong>da</strong> quando o pai<br />
ligou para ela e a convidou para jantar<br />
com ele. Sozinha.<br />
Comeram na sala de jantar formal.<br />
Maddie sentou-se à esquer<strong>da</strong> do pai,<br />
girando a colher na sopa, fingindo<br />
comer.<br />
O pai parecia estar tão pouco à<br />
vontade quanto ela se sentia.
Por fim, Maddie não resistiu, e<br />
perguntou:<br />
– Por que estou aqui?<br />
– Já faz muito tempo desde a última<br />
vez em que tivemos um jantar em<br />
família.<br />
– Há uma grande reportagem de<br />
duas páginas provando o contrário.<br />
Ele sacudiu a cabeça, com uma<br />
expressão no rosto que Maddie não<br />
conseguiu decifrar.<br />
– Não é a mesma coisa.<br />
– Nesse caso, não sei o que você quer<br />
dizer.<br />
– Eu e você. Família.<br />
– Deixamos de ser uma família<br />
quando mamãe morreu.
Não havia raiva e nem acusação na<br />
sua voz ao fazer tal constatação. E<br />
Jeremy poderia agradecer à terapeuta<br />
cuja existência ele desconhecia por isso.<br />
– Jamais foi a minha intenção que<br />
isso acontecesse.<br />
Ela não foi capaz de conter uma<br />
ligeira bufa<strong>da</strong> zombeteira.<br />
– Você me enviou para o internato<br />
meses após a morte dela. Eu diria que<br />
suas intenções eram bem claras.<br />
– Foi um erro.<br />
Ela simplesmente deu de ombro. O<br />
que poderia dizer?<br />
Sim, fora um erro terrivelmente<br />
doloroso.
Contudo, concor<strong>da</strong>r não parecia ser a<br />
reação correta.<br />
– Não sabia o que fazer – admitiu ele<br />
com uma sinceri<strong>da</strong>de rara para Jeremy<br />
Archer. – Havia falhado para com a sua<br />
mãe e receava falhar para com você, de<br />
modo que a enviei embora torcendo<br />
para que na escola fossem capazes de<br />
fazer por você o que eu claramente não<br />
estava apto para fazer aqui em casa.<br />
Com emoções tempestuosas em<br />
conflito no seu íntimo, Maddie ficou a<br />
fitá-lo.<br />
– Quem é você, e o que fez com o<br />
meu pai?<br />
Era uma pia<strong>da</strong> antiga, contudo muito<br />
apropria<strong>da</strong>.
O pai deixou escapar uma<br />
gargalha<strong>da</strong>.<br />
– Eu falei para Viktor que isto não<br />
seria fácil.<br />
– Ele queria que falasse comigo?<br />
Por que não estava surpresa?<br />
– Sim. – Jeremy suspirou. – Viktor<br />
acha que a nossa relação tem salvação.<br />
– Ele é um otimista.<br />
– É.<br />
Desistindo de fingir comer, ela<br />
abaixou a colher.<br />
– Isso parece surpreendê-lo.<br />
– Não é um lado dele que eu já<br />
tenha notado antes.<br />
– Não acha que os planos dele de<br />
conquista do mundo dos negócios
exijam otimismo?<br />
O pai voltou a rir.<br />
– É, suponho que sim.<br />
– Suponho que, de certa forma, isso<br />
também faça de você um otimista.<br />
– O suficiente para acreditar que as<br />
coisas possam ser diferentes para você<br />
do que foram para Helene.<br />
Ele parecia sincero.<br />
– Todos temos os nossos demônios.<br />
Estou aprendendo a li<strong>da</strong>r com os meus<br />
sem saltar de aviões.<br />
O pai tomou um gole de vinho.<br />
– Eu costumava achar que Helene se<br />
metia em apuros apenas para chamar a<br />
minha atenção. Ela parecia sentir uma
satisfação perversa de aparecer na<br />
mídia.<br />
– Ela sentia.<br />
A concordância de Maddie pareceu<br />
surpreendê-lo.<br />
– Mas ela já gostava de correr riscos<br />
antes mesmo de nos conhecermos. Sabe<br />
disso, não sabe?<br />
– Ela costumava me contar histórias<br />
enquanto olhava o seu álbum de<br />
recortes.<br />
Parecera tudo tão empolgante para<br />
uma garotinha.<br />
Jeremy assentiu.<br />
– Era uma <strong>da</strong>s coisas que eu<br />
admirava nela.
– Você não foi o primeiro homem na<br />
vi<strong>da</strong> dela a ignorá-la.<br />
Foi uma <strong>da</strong>s coisas que Maddie veio<br />
a entender. Helene Madison quisera a<br />
atenção do próprio pai, e só a<br />
conseguira aprontando. Quando<br />
conhecera e se casara com Jeremy<br />
Archer, o comportamento de querer<br />
chamar atenção já estava estabelecido.<br />
– Está dizendo que Helene não era<br />
aventureira por natureza, mas sim<br />
porque suas peripécias chamavam a<br />
atenção do pai?<br />
– Ah, acho que mamãe<br />
definitivamente era aventureira. Ela<br />
apenas descobriu que entregar-se a essa
parte de sua personali<strong>da</strong>de a aju<strong>da</strong>va a<br />
obter algo que queria.<br />
– Ela sempre disse que entendia o<br />
tempo enorme que eu tinha de dedicar<br />
à empresa.<br />
– Por acaso teria escutado se ela<br />
tivesse dito que não entendia?<br />
– Provavelmente não – admitiu o pai,<br />
com mais sinceri<strong>da</strong>de do que ela<br />
esperava.<br />
– A morte dela não foi culpa sua.<br />
Uma ver<strong>da</strong>de que fora muito difícil<br />
para Maddie aceitar.<br />
– Não foi?<br />
– Não.<br />
Ele não parecia concor<strong>da</strong>r.
– Por acaso acha que mamãe saiu<br />
para correr porque não me amava o<br />
suficiente para estar por perto para me<br />
criar? – perguntou Maddie.<br />
O pai empalideceu de choque,<br />
ficando boquiaberto por um instante<br />
antes de quase esbravejar:<br />
– Não, claro que não. Ela a adorava,<br />
Madison. Precisa saber disso.<br />
– Mas ela foi correr de lancha,<br />
naquela noite.<br />
– Não por sua causa.<br />
– E não por sua causa, também.<br />
– Mas...<br />
– Mamãe era uma mulher adulta que<br />
abrira mão <strong>da</strong> cautela normal em favor
<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s de adrenalina que a faziam<br />
sentir-se viva.<br />
– Você parece uma psicóloga falando.<br />
– Um diploma em educação infantil<br />
oferece a sua dose de cursos de<br />
psicologia.<br />
Maddie não estava disposta a contar<br />
para Jeremy de suas sessões de terapia.<br />
Não que estivesse envergonha<strong>da</strong>, mas<br />
era uma parte particular <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que<br />
ain<strong>da</strong> não se sentia prepara<strong>da</strong> para<br />
compartilhar com ele. Nem mesmo este<br />
novo e melhorado Jeremy.<br />
Ela notou um brilho curioso nos<br />
olhos do pai, tão parecidos com os dela.<br />
– Falando na sua mãe – falou ele, em<br />
um tom mais familiar que não revelava
qualquer emoção.<br />
– Sim?<br />
– Você e Viktor escolheram o<br />
aniversário dela para o dia do seu<br />
casamento.<br />
– É.<br />
Um mês antes de Maddie completar<br />
25 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
– Viktor falou que você queria<br />
honrar a lembrança dela com a escolha<br />
<strong>da</strong> <strong>da</strong>ta.<br />
– Queremos.<br />
Será que isso fazia o pai sentir-se<br />
pouco à vontade?<br />
Não haviam considerado tal<br />
possibili<strong>da</strong>de.<br />
O pai sorriu.
– Estava torcendo para que<br />
concor<strong>da</strong>sse em homenagear a memória<br />
dela de outra maneira, também.<br />
– Como? – perguntou ela,<br />
desconfia<strong>da</strong>mente.<br />
– Não se preocupe, não pretendo<br />
usar a lembrança <strong>da</strong> sua mãe para<br />
chantageá-la a voltar atrás na sua<br />
doação <strong>da</strong>s ações para Ramona<br />
Grayson.<br />
Mas ele também não se esquecera<br />
disso.<br />
– De qualquer modo, não <strong>da</strong>ria<br />
certo. Mamãe adorava Romi, e eu<br />
jamais teria sobrevivido ao internato se<br />
o pai dela não a houvesse enviado para<br />
lá, também.
Jeremy assentiu.<br />
– Ele a enviou porque eu concordei<br />
em bancar a matrícula e as<br />
mensali<strong>da</strong>des.<br />
– Não!<br />
Por que o pai dela não lhe contara<br />
isso antes?<br />
– Sim. Ele me contou quando Romi<br />
veio procurá-lo suplicando para ir atrás<br />
de você. Ele não queria enviá-la, mas<br />
achei que as duas ficariam melhor na<br />
companhia uma <strong>da</strong> outra do que na dos<br />
respectivos pais.<br />
Ca<strong>da</strong> minuto que passava fazia o pai<br />
de Maddie parecer mais humano. Ela<br />
não sabia dizer ao certo como isso a
fazia sentir-se, mas achou que talvez<br />
ain<strong>da</strong> pudesse haver esperança.<br />
Contudo, sentiu-se compeli<strong>da</strong> a<br />
dizer:<br />
– O sr. Grayson sempre amou Romi.<br />
– Mas ele já estava bebendo<br />
excessivamente na época. Acha que ele<br />
se <strong>da</strong>va mais conta <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />
filha do que eu <strong>da</strong>s suas?<br />
Não, o homem que apagava de tão<br />
bêbado na maioria <strong>da</strong>s noites não fazia<br />
ideia do que Romi precisava.<br />
– Se ela não tivesse ido para o<br />
internato, teria acabado cui<strong>da</strong>ndo do<br />
pai – afirmou Jeremy. – Romi precisava<br />
ir embora e Gray precisava embebe<strong>da</strong>rse<br />
até dormir.
– Você costumava ser amigo dele.<br />
– E ain<strong>da</strong> sou, tanto quanto se pode<br />
ser amigo de um homem determinado<br />
beber até morrer e a levar o seu próprio<br />
negócio à falência.<br />
Maddie franziu o cenho de<br />
preocupação.<br />
– Não é tão ruim assim.<br />
– Ain<strong>da</strong> não. Mas vai ser.<br />
– Não finja que ameaçar tomar a<br />
empresa dele foi um favor que queria<br />
lhe fazer.<br />
– Não, não seria favor para Grayson,<br />
mas seria para Romi.<br />
– É o que você diz.<br />
– Realmente não confia em mim, não<br />
é? Talvez tenha razão em não confiar.
– Não é algo reconfortante de se<br />
dizer.<br />
Ele deu de ombros.<br />
– Prefere que eu minta?<br />
– Não, mas sei que o faria se achasse<br />
que isso o levaria a conseguir algo que<br />
quisesse.<br />
– É uma <strong>da</strong>s principais diferenças<br />
entre mim e Viktor. Nossos<br />
concorrentes nos negócios também<br />
sabem disso. Se quero que um<br />
presidente de outra firma saiba de<br />
alguma coisa, faço com que escute isso<br />
vindo de Viktor.<br />
– Ele já mentiu para você sem saber?<br />
Maddie não tinha certeza se queria<br />
saber a resposta.
– Não. Não que eu não tenha ficado<br />
tentado, mas, apesar de não sentir a<br />
mesma compulsão pela ver<strong>da</strong>de que o<br />
meu sucessor demonstra, sei que se eu<br />
fizesse isso, e Viktor descobrisse, ele<br />
encontraria outro veículo para a sua<br />
ambição que não fosse a AIH.<br />
– Acho que tem razão. Então, quanto<br />
à lembrança de mamãe... – falou<br />
Maddie, pronta para retornar à razão<br />
<strong>da</strong> sua presença ali.<br />
– Ela sempre disse que queria que<br />
você usasse o vestido de noiva dela no<br />
seu casamento.<br />
– Você ain<strong>da</strong> o tem?<br />
– Claro.
– Mas você se livrou de to<strong>da</strong>s as<br />
coisas dela.<br />
– Guardei o vestido de noiva e as<br />
joias dela para você.<br />
– Por que, se você se livrou de todo o<br />
resto?<br />
– O vestido faz parte <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />
família. Um estilista famoso o criou<br />
para a sua bisavó em 1957, um ano<br />
depois de ter feito um vestido<br />
semelhante para uma atriz em um de<br />
seus papéis mais famosos. – Jeremy<br />
pigarreou, como se falar sobre isso o<br />
deixasse emocionado. – Ca<strong>da</strong> geração<br />
na linhagem direta usou isso após ela.<br />
– Eu sei.
– Ah, pensei que houvesse<br />
esquecido. Não mencionou querer usálo.<br />
– Pensei que houvesse se livrado<br />
dele.<br />
– Não me livrei.<br />
– Fico feliz.<br />
Era um sonho que ela pensara ter<br />
morrido com a mãe.<br />
– Você é muito pareci<strong>da</strong> com a sua<br />
mãe. Duvido que sejam necessários<br />
muitos ajustes.<br />
O LINDO vestido cor de marfim sem<br />
alças com bor<strong>da</strong>dos de fios de se<strong>da</strong> cor<br />
de champanha ao redor <strong>da</strong> saia ro<strong>da</strong><strong>da</strong>
e no corpete não exigiu qualquer<br />
alteração.<br />
– Você está lin<strong>da</strong> – falou Romi, com<br />
os olhos brilhando.<br />
– Pareço a minha mãe.<br />
– Mas você tem os olhos do seu pai. –<br />
Romi retorceu comicamente a boca. –<br />
Não acredito que ele pagou para que eu<br />
estu<strong>da</strong>sse no internato com você.<br />
– Nem eu.<br />
Mas o sr. Grayson confirmara a<br />
alegação de Jeremy.<br />
– Ele a ama. Eu sempre disse isso.<br />
– Ao seu modo – concordou Maddie.<br />
– Apenas não do jeito que eu precisava.<br />
– Talvez ele não soubesse como. Pelo<br />
que você me contou, os Archer não
pareciam ser uma família muito<br />
calorosa.<br />
Maddie tinha poucas lembranças dos<br />
avós que morreram antes de ela<br />
completar 5 anos de i<strong>da</strong>de, mas<br />
nenhuma delas incluía um abraço, um<br />
beijo, ou qualquer outra demonstração<br />
de afeição.<br />
– Talvez tenha razão, mas Jeremy<br />
admitiu que mentiria se isso o aju<strong>da</strong>sse<br />
a conseguir o que queria.<br />
– Bem, você já sabia disso.<br />
– Sabia. Só foi estranho escutá-lo<br />
admitindo. Suponho que ele tenha a<br />
sua própria noção pessoal de<br />
sinceri<strong>da</strong>de.
– Suponho que sim. Mas prefiro a do<br />
Viktor.<br />
– Eu também. – Maddie não hesitou<br />
em admitir.<br />
Ambas as mulheres riram.<br />
Maddie estava para se casar com o<br />
homem que amava, e, mesmo que ele<br />
não a amasse, havia lhe prometido uma<br />
família de ver<strong>da</strong>de.<br />
E Vik não quebrava as suas<br />
promessas.<br />
VIKTOR DESCEU o corredor <strong>da</strong> escola<br />
atrás de uma auxiliar de escritório que<br />
concor<strong>da</strong>ra em acompanhá-lo até a sala<br />
de aula do primeiro ano <strong>da</strong> srta. Jewett.
Ao contrário de Maddie, Viktor e<br />
Maxwell haviam estu<strong>da</strong>do em escolas<br />
públicas, mas em uma região mais<br />
abasta<strong>da</strong> do que aquela. A mistura de<br />
crianças e professores ali refletia a<br />
população varia<strong>da</strong> de São Francisco de<br />
uma maneira que a cama<strong>da</strong> social seleta<br />
dos Archer não era capaz.<br />
Viktor não sabia ao certo por que<br />
Maddie pedira que ele se encontrasse<br />
com ela ali. Ela falara algo sobre querer<br />
falar com ele com a aju<strong>da</strong> de um<br />
recurso audiovisual.<br />
Não fazia a menor ideia do que ela<br />
queria dizer com aquilo.<br />
Notou duas coisas imediatamente<br />
após a auxiliar de escritório abrir a porta
<strong>da</strong> sala de aula. Madison totalmente<br />
diferente de como era e o silêncio<br />
absoluto que não costumava associar a<br />
uma sala de aula cheia de crianças.<br />
Usando uma recata<strong>da</strong> peruca<br />
castanha, lentes de contatos <strong>da</strong> mesma<br />
cor que escondiam o azul-mediterrâneo<br />
dos seus olhos e roupas claramente<br />
compra<strong>da</strong>s nas prateleiras de uma loja<br />
de departamentos, sua noiva estava<br />
senta<strong>da</strong> em uma pequena mesa cerca<strong>da</strong><br />
de seis alunos.<br />
Livros em mal estado de conservação<br />
com gravuras colori<strong>da</strong>s e poucas<br />
palavras estavam abertos diante dos<br />
estu<strong>da</strong>ntes. Madison tinha a sua própria
cópia, e um sorriso congelado no rosto<br />
ao fitá-lo.<br />
Vik permitiu que a sobrancelha se<br />
erguesse in<strong>da</strong>gadoramente.<br />
– Olá, Madison. Parece que você<br />
possui amigos que eu não conheço.<br />
Seu sorriso adquiriu uma quali<strong>da</strong>de<br />
mais genuína quando ela levantou-se<br />
bruscamente.<br />
– Chegou cedo.<br />
Ele não pôde deixar de notar que a<br />
blusa justa de algodão e o jeans<br />
salientavam-lhe as curvas de uma<br />
maneira que despertava tanto a libido<br />
dele quanto as costumeiras roupas de<br />
grife.
Contudo, não gostou muito <strong>da</strong><br />
peruca e nem <strong>da</strong>s lentes de contato.<br />
Com um <strong>da</strong>r de ombros, Vik ignorou<br />
o comentário sobre ter chegado cedo.<br />
– Apresente-me.<br />
– É claro.<br />
Não querendo intimi<strong>da</strong>r as crianças<br />
com o seu tamanho avantajado, Viktor<br />
ajoelhou-se e estendeu a mão para<br />
cumprimentar ca<strong>da</strong> criança que Maddie<br />
apresentou.<br />
Alguns retribuíram a sau<strong>da</strong>ção com<br />
encantadora polidez. Uma menininha,<br />
claramente a favorita de Maddie, pelo<br />
modo como se agarrava à perna <strong>da</strong> sua<br />
noiva, abaixou a cabeça, mas
movimentou os dedos em um tímido<br />
aceno.<br />
Viktor também conheceu a<br />
professora.<br />
– É um prazer conhecê-la – disse<br />
para a srta. Jewett.<br />
– O prazer é meu. – Ela sorriu, seus<br />
olhos iluminando-se calorosamente ao<br />
fitarem Madison. – Sua noiva é uma<br />
voluntária fantástica. É tão boa com as<br />
crianças que, com suas credenciais,<br />
poderia ser professora.<br />
– Sei disso.<br />
Apenas não soubera que ela era<br />
voluntária no sistema de escolas<br />
públicas.<br />
Será que o pai dela sabia?
Madison claramente não queria ir<br />
embora logo, de modo que Vik ficou,<br />
aproveitando o tempo para auxiliar<br />
crianças de 6 anos de i<strong>da</strong>de com a sua<br />
leitura.<br />
Já estavam no Jaguar e seguindo para<br />
o outro lado <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, quando ela por<br />
fim removeu a peruca ofensiva,<br />
expondo os cachos ruivos.<br />
– É sempre um alívio tão grande<br />
remover esta coisa.<br />
– Por que a usa?<br />
– Porque Maddie Grace é uma<br />
mulher normal com um diploma e<br />
desejo de fazer trabalho voluntário com<br />
crianças. Ela não aparece nos tabloides<br />
e nem é segui<strong>da</strong> por paparazzi.
– Isso é tão importante assim para<br />
você?<br />
– Ser normal? Era quando comecei.<br />
Agora, apenas tornou-se mais fácil.<br />
Pode imaginar o que a mídia pensaria<br />
<strong>da</strong> herdeira bilionária como voluntária<br />
aju<strong>da</strong>nte de professora?<br />
– Tenho a impressão de que logo<br />
iremos descobrir.<br />
– Foi o que pensei. Com o nosso<br />
casamento e o vestígio do “Perrygate”,<br />
supus ser apenas uma questão de tempo<br />
antes que o meu segredo fosse exposto.<br />
– Um segredo e tanto. – Ela era<br />
ain<strong>da</strong> mais maravilhosa do que ele<br />
sempre soubera. – Há quanto tempo<br />
vem fazendo isso?
– Começou como uma aposta com<br />
Romi. Tentei participar de uma<br />
demonstração política sem ser<br />
reconheci<strong>da</strong>. Deu certo e tive a ideia de<br />
me disfarçar para servir comi<strong>da</strong> para os<br />
pobres em uma igreja.<br />
– Talvez seja melhor você revelar a<br />
ver<strong>da</strong>de antes que algum repórter<br />
enxerido o faça por você.<br />
– É, acho que sim – retrucou ela com<br />
pouco entusiasmo.<br />
– Por mais que goste de ser Maddie<br />
Grace, a influência de Madison Beck<br />
será capaz de efetuar mu<strong>da</strong>nças muito<br />
mais significativas.<br />
Viktor não se permitiu analisar a<br />
satisfação que tomou conta dele ao
ouvir o nome que Maddie passaria a<br />
ter, como sua esposa.<br />
– Mas será que ela conseguirá<br />
ensinar para crianças do primário a ler?<br />
– Não é disso que se trata a escola?<br />
– É.<br />
– E então, é Grace por conta de Romi<br />
Grayson?<br />
– Não, em homenagem à minha avó<br />
Madison.<br />
– Isso mesmo.<br />
Ele se esquecera.<br />
– Não se importa?<br />
Ele encostou o carro, preferindo ter<br />
aquela conversa cara a cara. Desligando<br />
o motor, virou-se para ela.
Olhos castanhos a fitaram, e Vik<br />
pediu:<br />
– Será que poderia tirar isso?<br />
– O quê? Ah...<br />
Entendendo, ela tirou um estojo de<br />
dentro <strong>da</strong> mochila e pôs-se a tirar e<br />
guar<strong>da</strong>r as lentes.<br />
– Essa identi<strong>da</strong>de é muito mais você<br />
do que o famoso vestido de noiva de<br />
grife, não é?<br />
– Às vezes. Às vezes eu simplesmente<br />
adoro o meu Chanel, sabe? A ver<strong>da</strong>de é<br />
que gosto <strong>da</strong>s duas coisas.<br />
Madison sorriu.<br />
Vik assentiu. Não porque<br />
entendesse. Mas porque ficava feliz que<br />
Madison Archer, em breve Madison
Beck, não era alguém que ela não<br />
queria ser.<br />
– A pergunta era se eu me importava,<br />
não é?<br />
Madison o fitou com os lindos olhos<br />
azuis.<br />
– É.<br />
– Se me importo que vou me casar<br />
com uma mulher que se importa tanto<br />
em aju<strong>da</strong>r os outros que criou um alter<br />
ego para que pudesse fazê-lo? Não,<br />
Madison, não me importo nem um<br />
pouco.<br />
Entregando-se à vontade que parecia<br />
ficar mais forte a ca<strong>da</strong> dia que passava,<br />
Vik inclinou-se e beijou Madison.<br />
Ele afastou a boca para dizer:
– Na ver<strong>da</strong>de, eu acho fantástico.<br />
Madison suspirou e entregou-se ao<br />
beijo, a alegria irradiando dela e se<br />
retorcendo ao redor do coração de<br />
Viktor.<br />
O DEDA e a Babulya de Viktor os<br />
receberam para jantar alguns dias mais<br />
tarde e soltaram uma bomba.<br />
Atordoado ante o pedido, Viktor só<br />
foi capaz de perguntar:<br />
– Quer que façamos o quê?<br />
– Quando nos mu<strong>da</strong>mos para cá,<br />
abrimos mão dos antigos costumes –<br />
disse Misha. – Mu<strong>da</strong>mos o sobrenome<br />
de Bezukladnikov para Beck. Até
mu<strong>da</strong>mos o nome do nosso bebê de<br />
Ivan para Frank. Bem americano.<br />
– Sabemos disso.<br />
Era uma história familiar que há<br />
muito ele compartilhara com Madison.<br />
Só não sabia por que o De<strong>da</strong> via<br />
necessi<strong>da</strong>de de trazer à tona novamente<br />
tais reali<strong>da</strong>des.<br />
– Não falávamos russo na nossa casa.<br />
Encorajamos o pequeno Ivan a se<br />
tornar completamente americano. – A<br />
voz de Babulya falhou ante o nome<br />
original do seu pai. – Frank, que falava<br />
sem sotaque, fez to<strong>da</strong>s as coisas que as<br />
outras crianças na escola faziam.<br />
– Queriam que ele aceitasse e fosse<br />
aceito pela nova terra natal – Madison
ofereceu, mostrando compreensão.<br />
A avó sorriu.<br />
– Exatamente, mas cedemos demais e<br />
ele acabou se tornando o homem que é<br />
hoje.<br />
– Um malandro. Pode falar, Babulya.<br />
Meu pai é um parasita.<br />
– Não fale do seu pai assim –<br />
censurou Misha, sem muita convicção.<br />
Viktor não discutiu.<br />
– Achamos que abrimos mão de<br />
muitas tradições e ele se sentiu perdido<br />
– prosseguiu Babulya com um brilho de<br />
tristeza no olhar.<br />
– Ah, tenha a... – Viktor cerrou os<br />
dentes, contendo as primeiras palavras<br />
que lhe vieram à mente. – Papai não se
tornou um trapaceiro só porque não<br />
teve um casamento russo tradicional. A<br />
única coisa que ele fez de certo na vi<strong>da</strong><br />
foi casar-se com minha mãe.<br />
– Não é ver<strong>da</strong>de – protestou Misha,<br />
com uma voz tão grave quanto a do<br />
próprio Viktor. – Ele teve você.<br />
Viktor abriu a boca e voltou a fechála,<br />
sem dizer uma palavra.<br />
Madison sorriu, um brilho<br />
presunçosos nos olhos azuis.<br />
– Eu lhe disse a mesma coisa.<br />
– Você combina muito bem com o<br />
nosso neto. – O sorriso largo <strong>da</strong> avó<br />
chegou a ser quase ofuscante. – Misha e<br />
eu ficamos muito satisfeitos que aprecie
tanto o nosso Viktor quanto nós<br />
apreciamos.<br />
– Ele é fácil de amar.<br />
Mais uma vez, Viktor não soube<br />
como responder a tais palavras, embora<br />
houvesse gostado muito de escutá-las.<br />
Contudo, amor jamais fora algo que<br />
considerara na equação do seu<br />
casamento com Madison, e na vi<strong>da</strong> que<br />
construiriam juntos. Era o bastante que<br />
ela sentisse a emoção, ou esperava que<br />
ele fosse um dia retribuí-la?<br />
Seria ele sequer capaz de retribuir?<br />
Jamais estivera apaixonado antes. A<br />
afeição entre os avós crescera com o<br />
tempo, contudo, na superfície, não
lembrava nem um pouco a paixão que<br />
ardia entre ele e Madison.<br />
O silêncio estava se estendendo.<br />
Deveria ser constrangedor, mas tratavase<br />
<strong>da</strong>s três pessoas mais importantes <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> de Viktor, observando-o com<br />
variados graus de compreensão.<br />
– Obrigado – disse ele por fim para<br />
Madison, torcendo para que mais uma<br />
vez fosse o suficiente.<br />
O avô estremeceu, mas, sem dizer<br />
na<strong>da</strong>, deu um tapinha no ombro de<br />
Viktor.<br />
O sorriso de Madison suavizou-se de<br />
uma maneira que Viktor não entendeu,<br />
mas mesmo assim gostou.<br />
A avó revirou os olhos.
– Viktor, meu querido neto. Você<br />
tem muito a aprender sobre romance.<br />
Viktor não tinha como negar isso.<br />
Mas ela não parecia estar esperando<br />
uma resposta.<br />
– Seria pedir tanto assim que seguisse<br />
algumas de nossas tradições familiares?<br />
– Não vou responder até que me diga<br />
de quais está falando.<br />
Sua cautela era necessária.<br />
Cerimônias de casamento russas<br />
podiam tornar-se extremamente<br />
complica<strong>da</strong>s.<br />
Mas os pedidos dos avós não eram<br />
absurdos, mesmo que significassem que<br />
Madison teria de passar a noite <strong>da</strong>
véspera do casamento na casa de<br />
Jeremy, em vez de na cama de Viktor.<br />
CINCO SEMANAS após a matéria de Perry,<br />
Madison estava aguar<strong>da</strong>ndo a manhã<br />
do seu casamento no gabinete <strong>da</strong><br />
mansão do seu pai.<br />
Estava usando o vestido que a sua<br />
mãe usara, e o que a mãe dela usara em<br />
1957. Seu comprido véu <strong>da</strong> era<br />
vitoriana era ain<strong>da</strong> mais antigo do que<br />
isso. Romi aparecera com ele uma<br />
semana atrás, e era do mesmo tom de<br />
marfim do que o vestido.<br />
Romi estava ajustando o véu ao redor<br />
do rosto de Maddie.<br />
– Está tão lin<strong>da</strong>.
Maddie não podia responder. Se<br />
tentasse falar, suas emoções levariam a<br />
melhor sobre ela.<br />
– Viktor chegará a qualquer minuto.<br />
Está pronta?<br />
Maddie gesticulou na direção de si<br />
mesma e tentou aparentar<br />
tranquili<strong>da</strong>de ao perguntar:<br />
– O que acha?<br />
– Eu já falei: lin<strong>da</strong>. Mas, queri<strong>da</strong>, não<br />
foi o que eu quis dizer. Você está<br />
pronta?<br />
– De acordo com Vik, nós nos<br />
casamos no dia em que fizemos<br />
promessas no mirante que <strong>da</strong>va vista<br />
para São Francisco.
– Ah. – Romi sacudiu a cabeça. –<br />
Homens.<br />
– As promessas foram votos.<br />
Disso Maddie tinha certeza.<br />
– Assim como serão as palavras que<br />
dirão hoje.<br />
Maddie assentiu.<br />
– Estou pronta.<br />
– Você o ama.<br />
– Amo.<br />
Não havia por que negar. Além do<br />
mais, Romi sempre sabia quando<br />
Maddie estava mentindo.<br />
– Sempre amou.<br />
Não podia afirmar isso; contudo,<br />
jamais se apaixonara por mais ninguém.<br />
– Perry não teve a menor chance.
– Ele não queria uma.<br />
A amizade dos dois jamais fora desse<br />
jeito.<br />
– Não tenho tanta certeza disso.<br />
– Não importa.<br />
– Não – concordou Romi. – Não<br />
importa mesmo.<br />
Maddie sorriu para a irmã por<br />
escolha.<br />
– Vou me casar hoje.<br />
– Vai mesmo.<br />
Romi sorriu de volta.<br />
Elas se abraçaram com força.<br />
Escutaram o som <strong>da</strong> campainha<br />
vindo do corredor de entra<strong>da</strong>. Depois a<br />
voz de Vik e a risa<strong>da</strong> de Misha.
Ah, aquilo era real. Estava<br />
acontecendo. Agora.<br />
Mais risa<strong>da</strong>s, antes de a porta do<br />
gabinete se abrir.<br />
O seu primo distante de um 1,80 m,<br />
James, usando um smoking<br />
distintamente masculino, cambaleou<br />
para dentro do aposento.<br />
– Ele descobriu que eu não era você,<br />
prima.<br />
Maddie se viu rindo, junto com os<br />
outros que entraram atrás dele. A<br />
primeira tradição fora respeita<strong>da</strong>. Seu<br />
pai fingira oferecer uma “noiva”<br />
alternativa, e Vik demonstrara sua<br />
determinação em casar-se apenas com<br />
ela.
Misha, também de smoking, e Ana,<br />
com um lindo conjunto cor-de-rosa,<br />
vieram logo atrás de James. O pai de<br />
Maddie estava usando uma tradicional<br />
casaca com plastrão, mas Vik estava de<br />
tirar o fôlego no seu Armani.<br />
Havia primos e tios de ambos os<br />
lados, o suficiente para satisfazer a<br />
necessi<strong>da</strong>de de Misha e Ana de que as<br />
tradições fossem respeita<strong>da</strong>s.<br />
Contudo, para Maddie, ninguém<br />
mais importava além de Vik, postado<br />
diante dela com aquela expressão voraz<br />
no rosto.<br />
– Ti takAya kraslvaya.<br />
Vik estendeu a mão na direção do<br />
seu rosto, detendo-a no ar, sem tocá-la.
– Ele está dizendo que você está<br />
lin<strong>da</strong> – informou Misha.<br />
Maddie assentiu, sem conseguir<br />
desviar o olhar dos intensos olhos cor<br />
de café de Vik.<br />
– Vim resgatar a minha noiva – falou<br />
ele em tons formais para o pai dela, sem<br />
jamais desviar o foco de sua atenção de<br />
Maddie.<br />
Vik ofereceu uma caixa <strong>da</strong> Tiffany<br />
aberta com um prendedor de gravata e<br />
abotoaduras de safiras repousando<br />
sobre o cetim branco.<br />
O pai a aceitou com o que pareceu<br />
ser genuína gratidão, mas logo sacudiu<br />
a cabeça.<br />
– Não é o bastante.
Ela sabia que aquilo fazia parte do<br />
ritual que Misha e Ana queriam ver<br />
respeitados.<br />
Com floreios, Misha argumentou os<br />
méritos dos adornos masculinos, mas<br />
Vik sequer sorriu. Sua atenção estava<br />
exclusivamente volta<strong>da</strong> para Maddie, e<br />
ela sentiu uma conexão espiritual com<br />
ele.<br />
Por fim, Misha ofereceu outra caixa<br />
<strong>da</strong> Tiffany, que continha um colar de<br />
pérolas de cinco fios e brincos fazendo o<br />
jogo.<br />
Seu olhar alternou-se entre as<br />
pérolas, Vik e Romi, pois a IPE de<br />
Maddie a havia convencido a ir sem<br />
colar.
– Você sabia.<br />
Sorrindo, Romi assentiu.<br />
Retirando os brincos de diamantes <strong>da</strong><br />
mãe, Maddie os passou para Romi, que<br />
os colocou nas orelhas que só agora<br />
Maddie notara estarem vazias. Era mais<br />
do que justo que Romi usasse algo de<br />
Helene no casamento de Maddie.<br />
Em um momento de extrema<br />
intimi<strong>da</strong>de, Vik ajudou Maddie a<br />
colocar os brincos e o colar. Quando<br />
terminou, ele curvou-se e plantou um<br />
beijo de leve nos seus lábios antes de<br />
devolver o véu para o seu devido lugar.<br />
– Agora, pode haver casamento –<br />
falou Misha, tomado de satisfação.
CAPÍTULO 10<br />
TOMARAM DUAS limusines até a igreja.<br />
Maddie não prestou atenção em mais<br />
na<strong>da</strong>. Tudo que sabia é que tinha Vik<br />
em um dos seus lados e Romi do outro.<br />
A Holy Virgin Chapel parecia ter sido<br />
transporta<strong>da</strong> diretamente <strong>da</strong> Rússia,<br />
com sua facha<strong>da</strong> branca e suas três<br />
torres encima<strong>da</strong> por cúpulas pontu<strong>da</strong>s.<br />
Ela se perdeu na beleza <strong>da</strong> cerimônia,<br />
mas na<strong>da</strong> foi tão comovente como
quando, no instante antes <strong>da</strong> cerimônia<br />
de coroação, Vik ignorou a tradição e<br />
ergueu o véu para beijá-la novamente, e<br />
sussurrar que, agora, até mesmo Deus<br />
sabia que ela era dele.<br />
As palavras poderiam ser<br />
considera<strong>da</strong>s irreverentes por alguns,<br />
mas elas acalmaram a alma de Maddie.<br />
Ele deixou o véu para trás, de modo<br />
que, quando a coroa foi pousa<strong>da</strong> na<br />
cabeça dela simbolizando o sacramento,<br />
Maddie sentiu-se ao mesmo tempo<br />
vincula<strong>da</strong> a ele e livre.<br />
Dispensaram a cerimônia civil que<br />
teria sido exigi<strong>da</strong> para tornar o<br />
casamento legal na Rússia, pois ela não<br />
era necessária na América. Sendo assim,
quebraram as taças de cristal na<br />
recepção, diante de centenas dos<br />
amigos do pai dela e de Vik. Todos<br />
aplaudiram.<br />
– Será uma união longa e abençoa<strong>da</strong><br />
– anunciou Misha.<br />
Comeram, cortaram o bolo, e brinde<br />
após brinde foi feito para o casal feliz.<br />
Foi tudo fantástico e até um pouco<br />
desnorteante. Na<strong>da</strong> sobre o casamento<br />
pareceu um acordo de negócios.<br />
Quando mencionou isso para Vik, ele<br />
sorriu.<br />
– Porque este casamento não é um<br />
acordo de negócios – afirmou ele.<br />
– Mas...
– É um casamento de sonhos, aceite<br />
isso.<br />
Mais feliz do que nunca, Maddie<br />
assentiu e fez justamente isso. Não<br />
ficou surpresa quando Romi pegou o<br />
seu buquê.<br />
Afinal, Maddie mirara nela.<br />
O que foi surpreendente, e até<br />
mesmo um pouco preocupante, foi que<br />
Maxwell Black pegou a liga. E o olhar<br />
que ele lançou para Romi a fez corar,<br />
embora Maddie houvesse notado certo<br />
interesse na amiga.<br />
Era algo no que pensar.<br />
Depois <strong>da</strong> lua de mel.<br />
Ela sorriu tanto durante a recepção<br />
que as faces estavam doendo quando o
Rolls-Royce chegou para levá-los<br />
embora.<br />
MADDIE SURPREENDEU-SE quando o carro<br />
estacionou diante do Ritz Carlton, em<br />
vez de Parean Hall.<br />
Ela virou-se para Vik.<br />
– Pensei que fôssemos para casa.<br />
– Gostei do som disso.<br />
– Ir para casa?<br />
– Casa. Nossa casa – enfatizou ele.<br />
Um ardor que ela não entendia<br />
apoderou-se do peito de Maddie.<br />
– Mas não estamos lá.<br />
– Não. Estamos aqui. E, no<br />
momento, as três únicas pessoas que
sabem onde estamos somos eu, você e o<br />
motorista.<br />
– E quanto aos seguranças?<br />
– Nem mesmo eles. Não hoje à noite.<br />
Na<strong>da</strong> de amigos. Na<strong>da</strong> de família. Na<strong>da</strong><br />
de segurança. Na<strong>da</strong> de imprensa.<br />
Ela sentiu-se toma<strong>da</strong> de satisfação.<br />
– A noite é nossa.<br />
– É. Gostei.<br />
– Ótimo.<br />
Com Maddie nos braços, ele cruzou<br />
o batente <strong>da</strong> porta <strong>da</strong> suíte 919, um dos<br />
apartamentos mais luxuosos do hotel,<br />
cuja beleza ela mal notou, sua atenção<br />
completamente volta<strong>da</strong> para Vik.<br />
– Champanha? – perguntou ele,<br />
depositando-a no chão.
Ela sacudiu a cabeça.<br />
– Algo para beliscar?<br />
Um sorriso esboçou-se nos seus<br />
lábios, e ela timi<strong>da</strong>mente disse:<br />
– Não, obriga<strong>da</strong>.<br />
Seus olhos escureceram com intenção<br />
primordial.<br />
– A cama, então?<br />
– Ah, sim.<br />
Ele assentiu, como se em séria<br />
contemplação.<br />
– Só consigo imaginar uma<br />
circunstância em que você poderia ficar<br />
mais estonteante.<br />
– Sim? – perguntou ela.<br />
– Deixe-me mostrar.<br />
– Tudo bem – sussurrou ela.
– Ele cui<strong>da</strong>dosamente retirou a coroa<br />
e o véu. Em segui<strong>da</strong> removeu as joias<br />
que aju<strong>da</strong>ra a colocar pouco antes.<br />
– Não sei se eu já disse. As pérolas<br />
são lin<strong>da</strong>s. Obriga<strong>da</strong>.<br />
– Até você usá-las, não passavam de<br />
pequeninas contas brancas.<br />
– Ah, puxa... Às vezes nem sei o que<br />
pensar de algumas <strong>da</strong>s coisas que você<br />
diz.<br />
– Considere-as a ver<strong>da</strong>de. Já<br />
estabelecemos que não minto para você.<br />
Ele roçou os lábios na nuca dela, que<br />
na<strong>da</strong> fez para disfarçar o arrepio<br />
provocado pelo toque suave.<br />
– Nem para ninguém, de acordo com<br />
Jeremy.
Vik deu a volta, postou-se diante<br />
dela e inclinou a boca na direção <strong>da</strong> de<br />
Maddie, colando-as por um instante.<br />
– Nem para ninguém.<br />
Ele trilhou beijos pescoço abaixo e ao<br />
longo do ombro exposto.<br />
Ca<strong>da</strong> carícia deixou para trás um<br />
rastro de arrepios, e, quando ele chegou<br />
às costas do vestido, ela já estava<br />
tremendo de desejo.<br />
Ele desabotoou o corpete, trilhando<br />
beijos ao longo <strong>da</strong> espinha enquanto o<br />
fazia.<br />
A se<strong>da</strong> do espartilho não serviu de<br />
barreira entre os lábios dele e a pele.<br />
Ajudou Maddie a sair do vestido, e se<br />
deu ao trabalho de cautelosamente
carregá-lo até a mesa <strong>da</strong> sala de jantar,<br />
onde o estendeu.<br />
Quando voltou para o quarto de<br />
dormir, ela disse:<br />
– Obriga<strong>da</strong>. Por cui<strong>da</strong>r do meu<br />
vestido.<br />
Ele deu de ombros, como se não<br />
fosse na<strong>da</strong> de mais.<br />
– É uma lembrança viva para a sua<br />
família.<br />
Maddie torcia para que jamais<br />
deixasse de apreciar as coisas grandes e<br />
pequenas que ele fazia para cui<strong>da</strong>r dela.<br />
– Então, é disso que estava falando?<br />
– perguntou Maddie, gesticulando na<br />
direção do próprio corpo, apenas de
espartilho, calcinha, meia-calça de se<strong>da</strong><br />
e sapatos de salto alto.<br />
Seu sorriso foi pre<strong>da</strong>tório, quando ele<br />
sacudiu a cabeça.<br />
– Quase, mais não exatamente.<br />
Ela descalçou os sapatos.<br />
– Mais perto.<br />
Sensuali<strong>da</strong>de pingava de sua voz.<br />
Ela engoliu em seco. Haviam feito<br />
amor to<strong>da</strong>s as noites durante as últimas<br />
cinco semanas, de modo que na<strong>da</strong> no<br />
tocante a isso deveria deixá-la nervosa.<br />
Contudo, a expressão possessiva no<br />
olhar de Vik era dez vezes mais intensa<br />
do que ela jamais vira anteriormente.<br />
Ela fez menção de soltar a meia do<br />
espartilho, mas ele a deteve.
– Permita-me.<br />
– Tudo bem.<br />
Endireitando-se, Maddie ficou<br />
aguar<strong>da</strong>ndo.<br />
Sem ligar para o caríssimo tecido do<br />
seu smoking, Vik ficou de joelhos<br />
diante dela. Em vez de desabotoar o<br />
botão que mantinha a meia-calça dela<br />
no lugar, ele pousou as mãos grandes<br />
nos quadris dela e inclinou-se para a<br />
frente para plantar um beijo entre os<br />
seus seios.<br />
Maddie prendeu a respiração, e suas<br />
pernas bambearam.<br />
– Vik, por favor.<br />
– Por favor o quê? – in<strong>da</strong>gou ele,<br />
com a voz carrega<strong>da</strong> de paixão. – Isto?
Ele roçou os lábios sobre os bicos dos<br />
seios dela, a língua escapulindo para<br />
provar-lhe a carne. Pequenas centelhas<br />
de prazer acompanharam a trilha<br />
desenha<strong>da</strong> por sua boca.<br />
As mãos deslizaram sobre as nádegas<br />
de Maddie, e as pontas dos dedos<br />
provocaram a pele exposta entre a<br />
calcinha e o topo <strong>da</strong> meia-calça.<br />
Ela só se deu conta de que ele a<br />
soltara quando a se<strong>da</strong> macia deslizou<br />
primeiro por uma <strong>da</strong>s pernas abaixo, e,<br />
depois, pela outra, com uma ajudinha<br />
de Vik.<br />
Até um mês atrás, jamais havia sido<br />
toca<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela maneira, contudo,<br />
agora, o seu corpo conhecia o prazer a
ser recebido. Sentia-se vazia no seu<br />
íntimo de uma maneira que jamais<br />
sentira antes de conhecer o que era<br />
estar preenchi<strong>da</strong>.<br />
Suas coxas tremeram ante o roçar <strong>da</strong>s<br />
pontas dos dedos dele, enquanto parte<br />
de si ansiava por mais. Um toque mais<br />
firme, carícias mais íntimas.<br />
Seus mamilos já estavam tesos em<br />
antecipação às atenções de Vik.<br />
Imagens do que ele fizera antes se<br />
confundiram com o presente,<br />
intensificando ca<strong>da</strong> roçar de pele com<br />
pele.<br />
Vik estendeu as mãos para as costas<br />
de Maddie, desabotoando o espartilho,
que em questão de segundos descolouse<br />
de sua pele ardente.<br />
– Hummmm... – sussurrou ele, sua<br />
expressão ao mesmo tempo satisfeita e<br />
pre<strong>da</strong>tória. – Quase lá.<br />
Não houve surpresa quando ele<br />
engatou os dedos no elástico <strong>da</strong> cintura<br />
<strong>da</strong> calcinha e a puxou para baixo.<br />
Apenas uma aflita sensação de<br />
expectativa.<br />
Com um último beijo em ca<strong>da</strong> um<br />
dos mamilos, ele ficou de pé.<br />
– Agora, essa é a visão mais bela que<br />
eu poderia imaginar.<br />
Ardor apossou-se do seu corpo.<br />
Perdera a capaci<strong>da</strong>de de reprimir seus<br />
rubores perto <strong>da</strong>quele homem.
Nenhum dos seus mecanismos de<br />
defesa funcionava mais quando Vik<br />
estava por perto.<br />
– Você ain<strong>da</strong> está vestido.<br />
Sua voz estava rouca.<br />
– Quer <strong>da</strong>r um jeito nisso? –<br />
perguntou ele, seu tom repleto de<br />
desafiadora sensuali<strong>da</strong>de.<br />
Em resposta, ela adiantou-se e<br />
desfez-lhe o nó <strong>da</strong> gravata.<br />
– Estou começando a entender como<br />
você se sente em relação a<br />
desembrulhar presentes – falou ela, ao<br />
puxar lentamente a gravata-borboleta<br />
para fora <strong>da</strong> gola engoma<strong>da</strong> de sua<br />
camisa.<br />
– É mesmo?
– Ah, é.<br />
Ela também não se apressou com os<br />
botões, inclinando-se para a frente de<br />
modo a inspirar o perfume masculino e<br />
roçar o nariz nos pelos do peito que não<br />
estavam cobertos pela camiseta de se<strong>da</strong><br />
branca.<br />
Maddie deliciou-se com ca<strong>da</strong><br />
centímetro <strong>da</strong> pele doura<strong>da</strong> que era<br />
revela<strong>da</strong>, não demonstrando pressa<br />
para tocar e beijar, assim como ele<br />
fizera.<br />
Era engraçado como ela não<br />
demorara a obter a confiança para fazer<br />
aquilo, contudo ele sempre respondera<br />
com pleno entusiasmo a qualquer
investi<strong>da</strong> sexual que ela fizesse, por<br />
menor que pudesse ser.<br />
Quando o deixou completamente nu,<br />
adiantou-se até os seus corpos quase se<br />
fundirem. Ele era muito maior do que<br />
ela, no entanto se encaixavam como se<br />
fossem peças adjacentes em um quebracabeça.<br />
Beijaram-se por vários minutos<br />
altamente satisfatórios, sem urgência,<br />
apenas prazer, enquanto se conectavam<br />
com intimi<strong>da</strong>de semelhante a quando<br />
ele estava dentro dela.<br />
Contudo, havia algo que ela queria<br />
fazer, algo que ain<strong>da</strong> não tentara, algo<br />
que, além de intrigá-la, também a<br />
intimi<strong>da</strong>va.
Que ocasião melhor para <strong>da</strong>r aquele<br />
salto do que na sua noite de núpcias?<br />
Maddie recuou para interromper o<br />
beijo, mas ele voltou a puxá-la para si.<br />
Isso aconteceu mais algumas vezes<br />
antes que ela por fim conseguisse<br />
separar seus corpos e lábios.<br />
– Quero prová-lo – falou para ele.<br />
Uma supernova acendeu-se nos<br />
olhos dele.<br />
– Não espere que eu vá dizer “não”<br />
para você.<br />
– Não achei que fosse.<br />
Ela ajoelhou-se diante dele.<br />
– Não ficaria mais confortável na<br />
cama?
Não precisando de mais provas de<br />
que ele se importava com ela, Maddie<br />
tomou a enorme ereção na mão e a<br />
acariciou para cima e para baixo.<br />
– Pode ser, mas ain<strong>da</strong> não.<br />
Maddie o acariciou uma segun<strong>da</strong><br />
vez.<br />
Gemendo, Vik oscilou nas bases.<br />
Ela adorava a maciez avelu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
pele dele ali, sabendo que aquele<br />
pequeno toque o afetava de maneira<br />
tão primordial.<br />
Inclinando-se para a frente, Maddie<br />
pela primeira vez provou de ver<strong>da</strong>de o<br />
sexo teso de Vik. A pele deveria ter o<br />
mesmo gosto de qualquer outra parte
do seu corpo, no entanto viciou ain<strong>da</strong><br />
mais as papilas gustativas dela.<br />
Gotas de sêmen antecedendo a<br />
ejaculação explodiram de sabor na<br />
língua dela, e ela pensou que seria a<br />
única a experimentar aquilo. Jamais<br />
outra mulher viria a conhecê-lo <strong>da</strong>quela<br />
maneira.<br />
Apenas Maddie. Vik era dela.<br />
Girou a língua ao redor <strong>da</strong> pele<br />
esponjosa <strong>da</strong> cabeça, e ele deixou<br />
escapar um som que era um misto de<br />
rosnado e gemido.<br />
– Por favor, milaya moya.<br />
Ele podia negar, mas o casamento<br />
fizera diferença para Vik. Antes de<br />
hoje, ele jamais falara russo com ela.
Estava trazendo-a para o seu santuário<br />
íntimo.<br />
E isso era tão sedutor quanto o<br />
homem nu diante dela.<br />
– O que isso significa? – perguntou,<br />
inclinando a cabeça para trás, de modo<br />
a poder fitar-lhe o rosto.<br />
Seus olhares se chocaram, os olhos<br />
escuros dele repletos de paixão.<br />
– Minha queri<strong>da</strong>.<br />
Como se tivessem vontade própria, os<br />
quadris dele saltaram para a frente, e a<br />
ponta <strong>da</strong> ereção roçou nos lábios dela.<br />
Maddie tomou-o na boca,<br />
arrancando outro som de profundo<br />
prazer de Vik. Maddie sugou, movendo
a boca para a frente e para trás, mas<br />
jamais o bastante para engasgar.<br />
As mãos dele pousaram-se<br />
gentilmente na cabeça dela, mas ele não<br />
fez qualquer esforço para mantê-la no<br />
lugar, nem para guiar-lhe os<br />
movimentos. Foi como se estivesse lhe<br />
<strong>da</strong>ndo a aprovação silenciosa, como se<br />
achasse que, talvez, seus sons de prazer<br />
não fossem o suficiente.<br />
Era maravilhoso, contudo seu queixo<br />
ficou dolorido mais rápido do que ela<br />
esperava, e Maddie teve de recuar.<br />
– Isso foi fantástico – falou Vik, com<br />
aparente sinceri<strong>da</strong>de.<br />
Ela sorriu para ele.<br />
– Breve, você quis dizer.
Ele riu.<br />
– Mais um pouco e eu teria chegado<br />
ao clímax.<br />
– Você é tão fácil.<br />
– Em se tratando de você? Pode<br />
apostar.<br />
Vik a ergueu do chão e a puxou para<br />
um beijo estonteante.<br />
Não apenas fácil, mas faminto.<br />
Maddie não fizera ideia de que<br />
perder uma simples noite de amor o<br />
deixaria tão impaciente, tão voraz por<br />
ela e pelo prazer que criavam juntos.<br />
Mas Vik não perdeu tempo em<br />
recuá-la até a cama. Com um único e<br />
vigoroso puxão, arrancou a colcha e as
cobertas, e manobrou-os até o centro<br />
do enorme colchão tamanho king.<br />
Afastou-lhe as pernas, e, curvando os<br />
joelhos, Maddie esperou pela<br />
penetração imediata. O que conseguiu<br />
foi a boca de Vik de encontro à sua<br />
carne mais íntima.<br />
Em questão de instantes, estava se<br />
contorcendo com a necessi<strong>da</strong>de de<br />
chegar ao clímax, mas um desejo ain<strong>da</strong><br />
maior de tê-lo dentro de si.<br />
– Por favor, Vik. Faça amor comigo,<br />
agora.<br />
Ele ergueu a cabeça, olhos quase<br />
negros de paixão encontrando os dela.<br />
– O que acha que estou fazendo?<br />
– Não desse jeito.
– Ah, sim, deste jeito.<br />
– Mas vou chegar ao clímax.<br />
Desespero falou mais alto que<br />
qualquer inibição.<br />
– Vai sim – prometeu ele com um<br />
rosnado sexy.<br />
– Mas...<br />
– Pelo menos uma vez.<br />
Em segui<strong>da</strong>, ele voltou a fazer o que<br />
estava fazendo, levando-a além do seu<br />
limite, os gritos de Maddie ecoando<br />
pelo luxuoso quarto. A língua a lambeu<br />
gentilmente durante os tremores que se<br />
sucederam, até o corpo dela desabar<br />
sem forças sobre o colchão.<br />
Após limpar a boca nos lençóis, ele<br />
posicionou-se sobre ela.
– Com ou sem preservativo? –<br />
perguntou.<br />
Tiveram sorte que a primeira vez sem<br />
preservativo não resultara em gravidez.<br />
Desde então, ele sempre tivera o<br />
cui<strong>da</strong>do de usá-lo.<br />
Mas estavam casados agora, e haviam<br />
concor<strong>da</strong>do em começar logo uma<br />
família. Além disso, Maddie não queria<br />
qualquer barreira na intimi<strong>da</strong>de entre<br />
eles.<br />
– Na<strong>da</strong> de proteção.<br />
Ele assentiu, sua expressão tornandose<br />
ain<strong>da</strong> mais feroz com o voraz desejo<br />
sexual. Ain<strong>da</strong> assim, conseguiu<br />
adentrá-la cui<strong>da</strong>dosamente, oferecendo<br />
à carne sensível uma chance de se
acostumar com a ereção dura como<br />
granito que a preenchia.<br />
Após o seu recente clímax explosivo,<br />
Maddie não estava prepara<strong>da</strong> para o<br />
modo como o corpo dela reagiu à<br />
união. O êxtase físico foi novamente<br />
deflagrado, como se jamais houvesse<br />
sido apagado, ardendo ain<strong>da</strong> mais<br />
intensamente com ca<strong>da</strong> movimento do<br />
corpo dele no dela. Prazer que deveria<br />
estar sacia<strong>da</strong> demais para sentir<br />
apossou-se dela, fazendo com que o<br />
ventre fosse dominado por espasmos e<br />
que os músculos ao redor <strong>da</strong> rigidez<br />
dele se contraíssem.<br />
Ele deu início a um ritmo lento,<br />
contudo dedica<strong>da</strong>mente penetrante,
que intensificou o êxtase no íntimo<br />
dela, até estar à beira de outro orgasmo<br />
inconcebível.<br />
Como se fosse capaz de ler os<br />
pensamentos dela, ou talvez fosse<br />
apenas as dicas que o corpo dela estava<br />
oferecendo, Vik acelerou os<br />
movimentos, martelando para dentro<br />
dela, descargas de prazer atravessandoa<br />
com ca<strong>da</strong> estoca<strong>da</strong>.<br />
Ele a fitou com o rosto contorcido de<br />
êxtase sexual, os olhos cor de café<br />
ardendo.<br />
– Chegue ao clímax agora, milaya<br />
moya.<br />
E ela obedeceu, gritando quando o<br />
clímax fez com que tremores capazes de
derrubar ci<strong>da</strong>des lhe percorressem o<br />
corpo.<br />
Ele ficou completamente rígido e se<br />
juntou a ela no prazer sexual supremo,<br />
seus olhares tão conectados e íntimos<br />
quanto o mais passional dos beijos.<br />
– Se isso não fez um bebê... –<br />
sussurrou ela ofegantemente.<br />
Ele a puxou para perto de si.<br />
– Teremos o maior prazer em<br />
continuar tentando.<br />
E foi o que fizeram pelo restante <strong>da</strong><br />
noite, enfim adormecendo exaustos<br />
quando os primeiros raios de sol<br />
iluminaram a neblina matinal.
AO MEIO-DIA, ele a acordou para tomar<br />
uma ducha. Juntos, é claro, e esse era<br />
apenas um dos recém-descobertos<br />
benefícios de intimi<strong>da</strong>de física com Vik.<br />
Ao saírem do banheiro, ela notou as<br />
malas no canto do quarto.<br />
– Quanto tempo vamos ficar aqui? –<br />
perguntou ao vestir o sutiã, antes de<br />
colocar uma blusa de se<strong>da</strong> preta.<br />
– Iremos embora em uma hora –<br />
respondeu ele, após lançar um olhar<br />
para as malas.<br />
– Para onde vamos?<br />
Não para casa.<br />
Tudo que tinham havia sido<br />
transportado para Parean Hall no dia
anterior ao casamento, de modo que<br />
não haveria necessi<strong>da</strong>de de malas.<br />
Ele vestiu a cueca e um jeans azulescuro.<br />
– Palm Springs.<br />
– Por quê?<br />
– Nossa lua de mel.<br />
– Pensei que não fôssemos ter uma<br />
lua de mel.<br />
– Eu não me lembro de ter<br />
concor<strong>da</strong>do com isso.<br />
– Nunca conversamos a respeito –<br />
salientou ela.<br />
Ele vestiu uma camisa polo Armani.<br />
– É a tradição.<br />
– Nosso casamento não é exatamente<br />
tradicional.
Ela vestiu o seu jeans favorito.<br />
– Eu discordo.<br />
Ela sacudiu a cabeça, sabendo que<br />
não o faria mu<strong>da</strong>r de ideia. Vik não via<br />
na<strong>da</strong> de mais em se casar com uma<br />
mulher que não amava para construir<br />
um legado para os filhos que, com to<strong>da</strong><br />
certeza, amaria.<br />
– Então, Palm Springs.<br />
Ele sorriu.<br />
– Descobri um ponto em um local<br />
exótico onde, provavelmente,<br />
passaremos a maior parte do tempo na<br />
cama.<br />
– Gosto de Palm Springs.<br />
Na reali<strong>da</strong>de, era um dos lugares<br />
preferidos de Maddie. Costumava
visitá-lo quase todo inverno com a mãe,<br />
e ela poderia apostar que Vik sabia<br />
disso.<br />
Ele sorriu.<br />
– Ain<strong>da</strong> bem que você é inteligente,<br />
ou todo o tempo de escola que perdeu<br />
viajando com a sua mãe poderia ter<br />
representado um sério problema.<br />
– Ela sempre trazia um tutor conosco.<br />
A expressão de Vik ficou ardente.<br />
– Esta semana, serei o único tutor de<br />
que você precisará.<br />
– Após a última semana, e, em<br />
especial ontem à noite, tenho quase<br />
certeza de que não há muito que possa<br />
me ensinar.<br />
– Ficará surpresa.
Não “ficaria”, mas sim “ficará”.<br />
Confiança é o que não faltava ao<br />
homem.<br />
E os oito dias seguintes provaram<br />
como essa confiança era justifica<strong>da</strong>.<br />
Fiel à sua palavra, passaram um<br />
bocado de tempo no quarto <strong>da</strong> suíte de<br />
um hotel paradisíaco nos arredores do<br />
balneário californiano. Contudo, Vik<br />
também insistiu em levá-la para jantar<br />
nos melhores restaurantes e fazer<br />
compras nas melhores lojas de grife.<br />
Retornaram para São Francisco para<br />
checar uma lista de possíveis imóveis<br />
para a escola que Vik pedira para o seu<br />
corretor separar.
Após uma semana de ausência, Vik<br />
tinha muito para resolver e não teve<br />
como acompanhar Maddie e Romi<br />
quando elas visitaram as proprie<strong>da</strong>des.<br />
Contudo, to<strong>da</strong>s as noites, pediu<br />
informações detalha<strong>da</strong>s para Maddie<br />
no tocante ao que ela vira, provando a<br />
sinceri<strong>da</strong>de de seu interesse no projeto.<br />
NA SEXTA de manhã, Maddie recebeu<br />
uma mensagem de texto <strong>da</strong> assistente<br />
do pai, requisitando a presença dela no<br />
escritório dele naquela tarde.<br />
Havia marcado para visitar<br />
novamente um imóvel que ela e Romi<br />
haviam praticamente decidido ser<br />
perfeito para a escola. Sentindo-se
magnânima para com o pai, Maddie<br />
ligou e remarcou a visita antes de<br />
responder para a assistente que<br />
compareceria à reunião.<br />
Maddie foi conduzi<strong>da</strong> ao escritório<br />
do pai pela secretária que,<br />
surpreendentemente, não ficou para<br />
tomar notas. Então era uma reunião<br />
pessoal...<br />
Mas por que no escritório dele?<br />
Seu pai ficou de pé e deu a volta na<br />
mesa.<br />
– Madison, gostaria que conhecesse o<br />
dr. Wilson, diretor do...<br />
Jeremy deu o nome de um instituto<br />
renomado por seus estudos<br />
psiquiátricos.
Foi só então que ela notou o outro<br />
homem na sala, de aparência distinta,<br />
grisalho e bem-vestido, sentado em<br />
uma <strong>da</strong>s poltronas de couro no canto<br />
do escritório do seu pai.<br />
Ele ficou de pé e adiantou-se,<br />
estendendo a mão.<br />
– Madison. É um prazer conhecê-la.<br />
– Obriga<strong>da</strong>. Espero poder dizer o<br />
mesmo.<br />
Não tinha um bom pressentimento<br />
no tocante a isso. Por que havia um<br />
psiquiatra no escritório do pai para a<br />
reunião?<br />
– Que tal nos sentarmos e ficarmos à<br />
vontade? – sugeriu o dr. Wilson,
indicando ser uma peça-chave no<br />
encontro.<br />
Maddie permaneceu de pé quando o<br />
pai se acomodou em uma <strong>da</strong>s<br />
extremi<strong>da</strong>des do sofá adjacente à<br />
poltrona de couro onde o psiquiatra<br />
estivera sentado, e para onde ele<br />
retornara.<br />
– Sente-se, Madison, para que<br />
possamos conversar como pessoas<br />
civiliza<strong>da</strong>s.<br />
– Que tal, primeiro, me dizer sobre o<br />
que conversaremos? – exigiu, em um<br />
tom de voz frio que, há semanas, não<br />
usava.<br />
O pai franziu a testa.<br />
– Está sendo rude.
– E você está sendo cauteloso.<br />
Em se tratando do pai dela, cauteloso<br />
era pior do que rude.<br />
– Está vendo o que eu digo? –<br />
perguntou Jeremy para o doutor. –<br />
Incompreensivelmente intratável.<br />
– Pediu que o dr. Wilson viesse aqui<br />
me avaliar?<br />
Surpreendentemente, seu pai<br />
estremeceu, mas assentiu.<br />
– Eu soube que você tem consultado<br />
uma terapeuta.<br />
– Por algumas semanas, consultei.<br />
Em algum ponto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, metade <strong>da</strong><br />
América já o fez.<br />
E a escolha dela em fazê-lo não era<br />
uma fraqueza.
– Isso é um pouco de exagero – disse<br />
o dr. Wilson, como se estivesse<br />
salientando a tendência de Maddie de<br />
aumentar a proporção <strong>da</strong>s coisas. – Eu<br />
diria que está mais para vinte por cento.<br />
– Quem lhe disse que eu estava<br />
vendo alguém? – perguntou para<br />
Jeremy, ignorando o psiquiatra.<br />
Vik não teria contado. Podia não<br />
amá-la, mas era o seu cavaleiro branco.<br />
Jamais a sacrificaria para o rei.<br />
– Vik sabe a respeito desta reunião? –<br />
Ela exigiu saber.<br />
– O que acha? – retrucou o pai<br />
impassivelmente.<br />
– Que não respondeu a minha<br />
pergunta.
Ela pegou o celular.<br />
– Para quem está ligando? –<br />
perguntou pacientemente o dr. Wilson.<br />
– Para o meu marido.<br />
– Está vendo? Traços de<br />
codependência e de paranoia – disse o<br />
pai.<br />
Maddie teve vontade de atirar o<br />
celular na cabeça dele, mas preferiu não<br />
descobrir o que o psiquiatra acharia<br />
disso. A ligação foi direto para a caixa<br />
postal de Vik.<br />
Ele deveria estar em alguma reunião.<br />
Ela deixou um recado.<br />
– Sou eu. Jeremy me chamou para<br />
uma reunião com um psiquiatra.
Preciso falar com você. Por favor, me<br />
ligue.<br />
O dr. Wilson a observava com uma<br />
expressão indecifrável. Os olhos do pai<br />
estavam estreitados, contudo não sabia<br />
dizer se era de preocupação ou<br />
irritação.<br />
– Quer dizer que soube que eu vi<br />
uma terapeuta e chamou o dr. Wilson<br />
aqui para me observar. Por quê?<br />
– Ninguém disse que eu estava aqui<br />
para observá-la – salientou o médico.<br />
– Ninguém disse que não estava.<br />
Nem o doutor e nem o pai<br />
responderam a isso.<br />
Por fim, Jeremy disse:
– Já contei para o dr. Wilson sobre a<br />
minha preocupação no tocante ao seu<br />
comportamento ca<strong>da</strong> vez mais<br />
excêntrico, ao longo dos anos.<br />
– E, apesar de aplaudir a sua<br />
iniciativa positiva em buscar aju<strong>da</strong>,<br />
devo concor<strong>da</strong>r com o seu pai que suas<br />
ações desde a morte de sua mãe<br />
indicam uma condição preocupante –<br />
disse o dr. Wilson, como se estivesse<br />
falando com uma criança.<br />
– Não tenho condição nenhuma. – O<br />
que ela tinha era um cérebro, e ele<br />
estava começando a funcionar. – Não<br />
vai conseguir me provar mentalmente<br />
incompetente para assinar os
documentos que dão para Romi metade<br />
<strong>da</strong>s minhas ações <strong>da</strong> AIH.<br />
A expressão do pai deixou claro que<br />
ele discor<strong>da</strong>va.<br />
O psiquiatra sacudiu a cabeça.<br />
– Assinar um documento como o seu<br />
pai descreveu para mim não é<br />
exatamente um ato racional.<br />
– Acha que não?<br />
– Você acha que é?<br />
– Sei que é, e também sei que o que<br />
faço com o meu dinheiro e com meus<br />
bens não é <strong>da</strong> sua conta, dr. Wilson.<br />
Nem <strong>da</strong> de Jeremy Archer.<br />
– Chama o seu pai pelo primeiro<br />
nome dele. Isso indica um nível de
dissociação para com aqueles mais<br />
chegados a você.<br />
– Sou mais chega<strong>da</strong> à minha<br />
faxineira do que ao meu pai.<br />
O psiquiatra lançou-lhe um olhar<br />
preocupado.<br />
– Sua falta de intimi<strong>da</strong>de emocional<br />
com o pai é algo que podemos explorar<br />
juntos.<br />
– Dr. Wilson, o senhor não é e nem<br />
jamais será meu médico. Agora, se me<br />
derem licença.<br />
– Madison! – O pai dela rugiu.<br />
Ela não se deteve. Ele poderia deixar<br />
qualquer ameaça que pretendesse fazer<br />
na caixa postal dela.
CAPÍTULO 11<br />
MADDIE ESTAVA na garagem quando o<br />
telefone tocou.<br />
Era Vik. Ela atendeu.<br />
– Meu pai descobriu que eu estava<br />
vendo uma terapeuta.<br />
– Eu não contei para ele.<br />
– Não achei que tivesse contado.<br />
– Ótimo.<br />
– Estou apenas... – Frustra<strong>da</strong>.<br />
Confusa. Aborreci<strong>da</strong>. – Ele quer me
provar incompetente para ter assinado<br />
os documentos que cedem para Romi<br />
metade <strong>da</strong>s minhas ações <strong>da</strong> AIH.<br />
– Eu não...<br />
– Tem uma coisa na qual aposto que<br />
ele não pensou.<br />
– O quê?<br />
– Se um juiz me julgar incompetente<br />
para assinar aqueles documentos, pode<br />
ser que eu também não seja competente<br />
para fazer os meus votos, e não sejamos<br />
casados. O que isso fará com os<br />
preciosos planos dele de me casar com o<br />
sucessor?<br />
– Isso não vai acontecer – rosnou<br />
Vik.
– Pensei que as coisas estivessem<br />
melhores com ele.<br />
– E estão.<br />
– Se alguém enlouqueceu foi ele.<br />
– Concordo.<br />
Ela assentiu.<br />
– Madison?<br />
– Você está do meu lado, não está?<br />
Vik não apoiaria o mentor e amigo<br />
nisso, apoiaria?<br />
– É claro. Você é minha esposa e é<br />
assim que vai permanecer.<br />
Porque ele queria o controle <strong>da</strong> AIH.<br />
Porque queria o futuro que planejara<br />
com ela. Naquele instante, Maddie<br />
desejava desespera<strong>da</strong>mente que<br />
houvesse outra razão mais
emocionalmente importante para Vik<br />
insistir que o casamento deles<br />
permanecesse válido.<br />
Amor.<br />
Ela precisava do amor do marido.<br />
Mais do que precisava <strong>da</strong> aceitação do<br />
pai. Muito mais.<br />
No fundo, não <strong>da</strong>va a mínima por<br />
Jeremy ter voltado aos hábitos antigos.<br />
Contudo, subitamente saber que o<br />
homem que amava mais do que a<br />
própria vi<strong>da</strong> entendia os seus<br />
sentimentos, mas não os compartilhava,<br />
doía mais do que era capaz de<br />
expressar.<br />
– Preciso de tempo para pensar.
– O quê? Madison, onde está você?<br />
Eu irei ao seu encontro.<br />
– Não. Eu só... Apenas me dê algum<br />
tempo, Vik.<br />
Ela encerrou a ligação e desligou o<br />
telefone.<br />
Não queria falar com ninguém. Nem<br />
mesmo com Romi.<br />
Entrando em seu carro, seguiu para a<br />
sua livraria/café favorita.<br />
Como poderia passar o resto <strong>da</strong> sua<br />
vi<strong>da</strong> apaixona<strong>da</strong> pelo marido, sabendo<br />
que os sentimentos não eram<br />
recíprocos?<br />
Pegou o seu pedido de costume e o<br />
levou para a sua mesa favorita, situa<strong>da</strong><br />
entre uma pilha de livros e a vitrine.
Como a vitrine era pinta<strong>da</strong>, a não ser<br />
que chegassem bem perto e olhassem<br />
para dentro <strong>da</strong> loja, ninguém a veria do<br />
lado de fora.<br />
Mais do que qualquer outro, um<br />
pensamento insistia em sobressair-se<br />
aos demais.<br />
Vik agia como um homem<br />
apaixonado.<br />
Ele não se saciava dela sexualmente.<br />
A felici<strong>da</strong>de de Maddie era muito<br />
importante para ele. Tendo a opção,<br />
sempre escolhia passar tempo com ela,<br />
em vez de longe dela. Queria que ela<br />
fosse a mãe dos seus filhos.<br />
Será que as palavras realmente eram<br />
importantes?
Estivera aguentando bem sem elas<br />
até agora. Mas a atitude implacável do<br />
pai sabotara o senso de segurança de<br />
Maddie.<br />
Realmente precisava que Vik<br />
admitisse o seu amor por ela para se<br />
sentir segura de sua felici<strong>da</strong>de com ele?<br />
Ain<strong>da</strong> não havia chegado a uma<br />
conclusão, quando escutou o próprio<br />
nome sendo dito em um tom masculino<br />
que jamais planejara escutar<br />
novamente.<br />
Erguendo o olhar, amarrou a cara.<br />
– Vá embora, Perry.<br />
– Você não atende minhas ligações,<br />
não responde as minhas mensagens de<br />
texto.
E ele estava surpreso?<br />
– Bloqueei o seu número.<br />
– Foi o que imaginei.<br />
– Você não deveria estar falando<br />
comigo.<br />
– Na<strong>da</strong> no acordo que aquele<br />
canalha com quem se casou me obrigou<br />
a assinar diz que eu não poderia falar<br />
com você, apenas sobre você.<br />
Isso parecia irritá-lo.<br />
– E o que esperava?<br />
Ele exibiu aquela expressão de<br />
ofendido que sempre mexera com ela<br />
no passado.<br />
– Não esperava que abrisse mão de<br />
seis anos de amizade por conta de um<br />
único errinho.
– Não foi a primeira vez que mentiu<br />
para a mídia sobre nós.<br />
E esse olhar triste não apertava mais<br />
o coração dela.<br />
Perry estremeceu, como se estivesse<br />
surpreso que ela houvesse se <strong>da</strong>do<br />
conta disso.<br />
– Foi tudo inofensivo. Eu precisava<br />
do dinheiro. Nem todos nós nascemos<br />
com a colher de prata <strong>da</strong> Archer<br />
International Holdings na boca.<br />
– Dizer para as pessoas que eu era<br />
uma vicia<strong>da</strong> em sexo e que não me<br />
satisfazia com um único parceiro não foi<br />
inofensivo. Você destruiu a minha<br />
reputação.
– Por exatamente 24 horas. Viktor<br />
Beck encarregou-se disso.<br />
– Conrad é bom no que faz.<br />
– O coordenador de mídia do seu<br />
pai? Ele é um gatinho comparado ao<br />
tubarão cruel com quem se casou.<br />
– Vik me protegeu quando você me<br />
jogou aos lobos. Não é bem ele que eu<br />
chamaria de cruel.<br />
– Sabe que eu não estava falando<br />
sério.<br />
O cretino parecia realmente esperar<br />
que ela acreditasse nisso. E pensar que<br />
o sujeito havia sido o melhor amigo<br />
dela por seis anos!<br />
– Eu sabia que estava mentindo. Não<br />
é o mesmo que saber que não estava
falando sério.<br />
– Eu precisava do dinheiro. Você<br />
sabe disso.<br />
– E eu me recusei a dá-lo. Resume-se<br />
a isso, não é?<br />
– Pedi um empréstimo. De uma<br />
amiga.<br />
– E quando é que você pagou de<br />
volta um único dólar de todo o<br />
dinheiro que pegou emprestado comigo,<br />
Perry?<br />
Não havia erro. Perry era o<br />
manipulador. O prevaricador.<br />
Vik era o seu cavaleiro branco.<br />
Talvez ele jamais dissesse as três<br />
palavrinhas que ela mais quisesse<br />
escutar, mas Maddie não passaria o
esto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> lamentando isso. Não<br />
quando ele lhe proporcionava tantas<br />
outras alegrias.<br />
– Não há como garantir<br />
investimentos nos negócios.<br />
– Quer dizer que eram investimentos<br />
de negócios. – Ela estreitou os olhos<br />
para Perry. – Onde estão os contratos<br />
que mostram a minha percentagem nos<br />
lucros em tais empreita<strong>da</strong>s?<br />
– Não é necessário contratos entre<br />
nós.<br />
– Aparentemente, precisamos sim.<br />
Não somos mais amigos, e jamais<br />
voltaremos a ser – deixou bem claro.<br />
– Trata-se de Romi, não é? Ela enfim<br />
a virou contra mim.
– Você me virou contra você, Perry.<br />
Mentiu a meu respeito e fez o possível<br />
para destruir a minha reputação.<br />
Ele esforçou-se para parecer<br />
ofendido.<br />
– Não.<br />
– Sim. E, se tivesse sido bemsucedido,<br />
teria <strong>da</strong>do cabo de meus<br />
sonhos de abrir uma escola.<br />
Perry deu de ombros.<br />
– São Francisco não precisa de outra<br />
escola.<br />
A capaci<strong>da</strong>de de Perry de tão<br />
facilmente fazer pouco caso do seu<br />
maior sonho a deixou sem fôlego.<br />
– Eu discordo.<br />
– Bem, não aconteceu.
– Não graças a você.<br />
– Eu, eu fui a público com um<br />
pedido de desculpas e uma confissão de<br />
que tudo não passou de uma pia<strong>da</strong>.<br />
E esperava que ela o agradecesse por<br />
isso?<br />
– Mas não foi uma pia<strong>da</strong>. Foi uma<br />
enorme e terrível mentira.<br />
– Ora, vamos, Maddie. Você tem de<br />
me perdoar.<br />
– É, para o meu próprio bem, preciso<br />
deixar isso para lá.<br />
Triunfo brilhou nos olhos azuis de<br />
Perry.<br />
– Podemos voltar a ser amigos e<br />
esquecer aquele acordo que Viktor me<br />
forçou a assinar.
– Não.<br />
– Mas...<br />
– Ninguém o forçou a assinar na<strong>da</strong>.<br />
Assinou o acordo de livre e espontânea<br />
vontade porque não queria ser<br />
processado, tanto pela AIH quanto pelo<br />
tabloide para quem vendeu a história.<br />
Maddie ergueu a cabeça ante a voz<br />
de Vik. O que ele estava fazendo ali?<br />
Como foi que a encontrara?<br />
Ele postou-se diante de Perry como<br />
um anjo vingador.<br />
– Você não é amigo <strong>da</strong> minha<br />
mulher.<br />
– Quem você pensa que é para...<br />
– Sou o homem que o arruinará se<br />
voltar a se aproximar <strong>da</strong> minha mulher.
Os olhos de Vik ardiam de fúria<br />
inconti<strong>da</strong>.<br />
Perry ergueu as mãos.<br />
– Sem problemas. Olha, só pensei<br />
que ain<strong>da</strong> pudéssemos ser amigos, mas<br />
vejo que não se sente à vontade com a<br />
ideia.<br />
– Eu não me sinto à vontade com a<br />
ideia – frisou Maddie. – Pare de culpar<br />
os outros pelas suas burra<strong>da</strong>s, Perry.<br />
Você destruiu a nossa amizade.<br />
– Mas, Maddie...<br />
Ela sacudiu a cabeça.<br />
– Não, está acabado. Se me vir em<br />
algum evento, siga na direção oposta,<br />
pois não quero voltar a falar com você.
– Não voltaremos a nos encontrar<br />
nos mesmo eventos – falou ele<br />
amargamente.<br />
Maddie não se deu ao trabalho de<br />
responder. Isso era problema de Perry,<br />
não dela.<br />
– Você vai embora, ou vou ser<br />
forçado a chamar a polícia para fazer<br />
valer a medi<strong>da</strong> cautelar que temos<br />
contra você?<br />
– Estou indo embora – falou Perry,<br />
rapi<strong>da</strong>mente recuando para fora <strong>da</strong><br />
loja.<br />
– Temos uma medi<strong>da</strong> cautelar? –<br />
Maddie perguntou para Vik.<br />
– Temos.<br />
Ela sacudiu a cabeça.
– Como foi que me encontrou?<br />
– Tem certeza de que quer saber?<br />
– Tenho.<br />
– Pelo seu celular.<br />
– Eu o desliguei.<br />
– Enquanto ain<strong>da</strong> houver carga na<br />
bateria, o GPS funciona.<br />
– Quer dizer que, se eu quiser um<br />
pouco de privaci<strong>da</strong>de, tenho de tirar a<br />
bateria? Bom saber.<br />
Para chegar tão rápido ao café, ele<br />
tinha de ter tido procurado o sinal do<br />
GPS quase que imediatamente. Mais<br />
evidências de que ela era importante<br />
para ele.<br />
O pai jamais teria deixado de lado a<br />
própria agen<strong>da</strong> para sair correndo atrás
<strong>da</strong> mãe dela, muito menos <strong>da</strong> própria<br />
Maddie.<br />
Vik inspirou fundo e hesitou, antes<br />
de dizer:<br />
– Eu preferiria que não fizesse isso.<br />
– Está bem. – Sabia que também<br />
havia a questão de segurança. – Veio<br />
atrás de mim.<br />
– É claro. Você estava triste. O que<br />
Jeremy fez com você...<br />
Ela riu ante a rara vulgari<strong>da</strong>de que<br />
deixou os lábios do marido.<br />
Vik pousou a mão sobre a dela.<br />
– Será que pode vir comigo agora?<br />
Maddie não hesitou.<br />
– Posso.
– Não quer saber para onde? –<br />
perguntou Vik, quando ela lhe deu a<br />
mão e o acompanhou para fora <strong>da</strong> loja.<br />
– Presumo que para algum lugar<br />
reservado.<br />
A expressão do rosto de Vik<br />
endureceu.<br />
– Na ver<strong>da</strong>de, vamos voltar para a<br />
AIH e confrontar o seu pai.<br />
– Juntos.<br />
– É.<br />
Isso sugeria que ela e Vik estariam de<br />
um dos lados, e Jeremy Archer, do<br />
outro. Ótimo. Se ela precisava de provas<br />
de que vinha em primeiro lugar para<br />
Vik, seu pai não poderia ter oferecido<br />
uma oportuni<strong>da</strong>de melhor.
O PAI estava no escritório quando<br />
chegaram. O dr. Wilson já havia ido<br />
embora. A assistente falou que Jeremy<br />
estava em uma reunião, Mas Vik foi<br />
entrando assim mesmo.<br />
Vik marchou até a mesa de Jeremy e<br />
desligou o telefone, fazendo com que o<br />
pai de Maddie se levantasse gaguejando<br />
irrita<strong>da</strong>mente.<br />
– Alguma vez já menti para você? –<br />
disparou Vik, assim que teve uma<br />
chance.<br />
Com a expressão desconfia<strong>da</strong>, Jeremy<br />
na mesma hora sacudiu a cabeça.<br />
– Por acaso eu blefo?<br />
– Não.
– Nesse caso, sabe que falo sério<br />
quando afirmo que, se voltar a tentar<br />
declarar Maddie incompetente para<br />
impedir que ela entregue metade <strong>da</strong>s<br />
suas ações para Romi Grayson, eu<br />
destruirei a Archer International<br />
Holdings.<br />
– Não pode estar falando sério.<br />
Nem no enterro <strong>da</strong> sua mãe Maddie<br />
vira o pai tão abalado.<br />
– Acho que acabamos de estabelecer<br />
que estou.<br />
Seu tom de voz não deixava dúvi<strong>da</strong>s<br />
quanto a isso. O pai disse alguma outra<br />
coisa, mas Maddie não estava<br />
escutando. Tudo em seu íntimo ficou
paralisado quando teve a segun<strong>da</strong><br />
grande revelação do dia.<br />
– Você realmente me ama – falou<br />
para Vik, ignorando por completo o pai.<br />
Aquele olhar sério fixou-se nela.<br />
– Você é minha e eu vou protegê-la.<br />
– E para amar.<br />
Toma<strong>da</strong> de estonteante felici<strong>da</strong>de,<br />
Maddie sorriu para o homem por quem<br />
tinha uma que<strong>da</strong> desde os 14 anos de<br />
i<strong>da</strong>de e por quem era apaixona<strong>da</strong> desde<br />
os 16.<br />
– Amo você também, mas você sabe<br />
disso.<br />
– Você ama? – perguntou Vik. –<br />
Mesmo agora?<br />
– Especialmente agora.
Ele sequer era remotamente<br />
responsável pelos atos do seu pai.<br />
– Eu estava falando sério no tocante<br />
ao que eu disse para o seu pai.<br />
– Eu sei.<br />
– Sou totalmente implacável e sem<br />
remorso.<br />
Ela poderia discor<strong>da</strong>r disso, mas<br />
entendia que era no que Vik acreditava.<br />
E tudo bem por ela.<br />
Mesmo que não se desse conta disso,<br />
ele usava os poderes para o bem.<br />
Maddie sorriu para ele, permitindo<br />
que o seu amor transparecesse no olhar.<br />
– Seu senso de honra é a faceta mais<br />
reluzente <strong>da</strong> sua natureza.<br />
– Não sou um bom sujeito.
– Acaba de ameaçar destruir a minha<br />
empresa – falou o pai dela, sentido. –<br />
Com certeza não é um bom sujeito.<br />
O sorriso de Maddie alargou-se.<br />
– Questão de perspectiva. Adoro que<br />
não se detenha diante de na<strong>da</strong> para<br />
matar os meus dragões.<br />
– Não sou um dragão. Sou o seu pai,<br />
droga!<br />
Ela lançou-lhe um olhar enojado.<br />
– Que ameaçou me declarar<br />
incompetente.<br />
– Não pode acreditar que eu queria<br />
que as coisas acontecessem desse modo,<br />
mas você está dilacerando a minha<br />
empresa.
– Não exagere – retrucou Maddie,<br />
fazendo pouco caso <strong>da</strong>s palavras<br />
carrega<strong>da</strong>s de arrependimento do pai. –<br />
Doze e meio por cento, com o direito<br />
de voto concedido para Vik, e qualquer<br />
sucessor por ele apontado.<br />
Vik estremeceu ao lado dela.<br />
– Eu não sabia disso.<br />
– Confio em você. Sabe disso.<br />
– Aparentemente, é diferente<br />
quando escuto vindo de você.<br />
O pai dela suspirou.<br />
– Sabe, eu e a sua mãe jamais<br />
sentimos a necessi<strong>da</strong>de de falar sem<br />
parar dos nossos sentimentos.<br />
Por fim, Maddie voltou a atenção<br />
para o pai.
– Quem sabe, se não tivessem, as<br />
coisas não teriam sido diferentes.<br />
– Não posso mu<strong>da</strong>r o passado – falou<br />
ele, com uma expressão senti<strong>da</strong>.<br />
– Você passa tanto tempo se<br />
metendo na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua filha no<br />
presente que o passado é a menor <strong>da</strong>s<br />
suas preocupações – falou Vik para o<br />
pai dela.<br />
– Sinto muito por emboscá-la com o<br />
dr. Wilson, Madison. – Jeremy a fitou<br />
com súplica. – Talvez não faça diferença<br />
para você, mas eu disse para o dr.<br />
Wilson que não precisaria mais dos<br />
serviços dele assim que você deixou o<br />
meu escritório.<br />
– É difícil de acreditar.
– Ele está falando a ver<strong>da</strong>de –<br />
afirmou Vik.<br />
Maddie olhou para o marido.<br />
– Como sabe?<br />
– Ele olha para a esquer<strong>da</strong> sempre<br />
que está mentindo sobre algo<br />
importante.<br />
– E isso é importante para ele –<br />
in<strong>da</strong>gou ela, desconfia<strong>da</strong>.<br />
– Envolve você e a empresa dele. Não<br />
há na<strong>da</strong> mais importante para Jeremy.<br />
Pelo menos na parte <strong>da</strong> empresa ela<br />
acreditava.<br />
– Por que mandou o dr. Wilson<br />
embora? – perguntou.<br />
Jeremy mexeu-se pouco à vontade na<br />
poltrona.
– Eu sabia que você jamais me<br />
perdoaria se eu levasse adiante o meu<br />
plano.<br />
– Tem certeza de que não foi porque<br />
se deu conta de que meu casamento<br />
com Vik seria invali<strong>da</strong>do se eu fosse<br />
considera<strong>da</strong> incompetente para tomar<br />
decisões legais?<br />
Os olhos do pai se arregalaram, e ele<br />
empalideceu. Jeremy não pensara nisso.<br />
– Não foi à toa que Vik pegou pesado<br />
– falou ele.<br />
– Ele quer continuar casado comigo<br />
mais do que quer ser presidente <strong>da</strong><br />
AIH.<br />
Apenas dizer tais palavras lhe<br />
proporcionou uma profun<strong>da</strong> satisfação
emocional.<br />
Jeremy assentiu.<br />
– Espero que tenha entendido que<br />
quero ser seu pai mais do que quero o<br />
controle <strong>da</strong>quelas ações.<br />
Foi a vez dela de assentir, embora,<br />
talvez, não com a mesma convicção.<br />
– Talvez fosse bom para vocês dois<br />
que o seu pai comparecesse a algumas<br />
<strong>da</strong>s suas sessões com a dra. MacKenzie<br />
– sugeriu Vik.<br />
Jeremy Archer abalou as estruturas<br />
de Maddie quando falou:<br />
– Eu adoraria. Está disposta,<br />
Madison?<br />
– Não sei.
E se o pai usasse as sessões para<br />
reunir mais munição contra ela?<br />
– Acredita que Vik destruirá a<br />
Archer International Holdings se eu<br />
tentar declará-la mentalmente<br />
incompetente?<br />
– Acredito.<br />
Não tinha a menor dúvi<strong>da</strong>.<br />
– Nesse caso, não tem o que temer –<br />
falou o pai, mostrando que interpretara<br />
corretamente a hesitação dela.<br />
– Falarei com a dra. Mackenzie. Se<br />
ela achar que é uma boa ideia,<br />
marcaremos as sessões.<br />
Seu pai a surpreendeu novamente ao<br />
ficar de pé e adiantar-se para beijá-la na<br />
face e apertar a mão de Vik.
– Obrigado por cui<strong>da</strong>r dela melhor<br />
do que eu jamais o fiz.<br />
– E sempre cui<strong>da</strong>rei.<br />
Outra promessa de Viktor Beck.<br />
– E eu cui<strong>da</strong>rei de Vik – afirmou ela.<br />
A começar por levá-lo para casa e lhe<br />
ensinar três palavrinhas muito<br />
importantes.<br />
– Acredito em você. Tem a leal<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> sua mãe e a minha teimosia. Ele não<br />
poderia estar em melhores mãos.<br />
Maddie surpreendeu-se ao aceitar o<br />
elogio.<br />
– Obriga<strong>da</strong>.<br />
Vik passou o braço ao redor <strong>da</strong><br />
cintura dela.
– Acho que está na hora de irmos<br />
para casa.<br />
– E as reuniões <strong>da</strong> tarde?<br />
– Cancelei tudo após o seu<br />
telefonema.<br />
– Porque na<strong>da</strong> é mais importante<br />
para você do que eu – falou ela, repleta<br />
de satisfação.<br />
Virando de costas para o pai dela,<br />
Vik levou as mãos trêmulas às faces de<br />
Maddie.<br />
– Exatamente.<br />
Ah, caramba. Ela iria derreter ali<br />
mesmo.<br />
– Leve-me para casa – sussurrou.<br />
Vik inclinou-se para beijá-la, sua<br />
boca apossando-se <strong>da</strong> dela com inegável
desejo, e Maddie se entregou à carícia<br />
sem hesitação.<br />
– Puxa, vocês dois precisam ir para<br />
casa. – A voz do pai dela, por fim,<br />
penetrou o torpor que se apossara dela.<br />
– Está nos expulsando? – perguntou<br />
Vik, sem qualquer vestígio de<br />
constrangimento ante o que estavam<br />
fazendo.<br />
Seu pai, por outro lado, estava<br />
ligeiramente ruborizado.<br />
– O que virá em segui<strong>da</strong> não vai<br />
acontecer no meu escritório.<br />
Ele tinha to<strong>da</strong> razão. Era hora de ir<br />
embora.<br />
Ao chegarem em casa, Vik a puxou<br />
para a sala de visitas, sentando-se no
sofá com ela.<br />
– Pensei que fôssemos subir.<br />
Para fazer amor.<br />
– Vamos conversar. – Vik<br />
estremeceu, como se as palavras fossem<br />
dolorosas. – Sobre coisas emocionais.<br />
– Não podemos fazer isso mais tarde?<br />
Saber que ele a amava a estava<br />
deixando desesperava por evidências<br />
físicas.<br />
– Não.<br />
– Por que não?<br />
– Porque as coisas teriam sido<br />
diferentes para Helene e Jeremy se eles<br />
tivessem conversado.<br />
– Não somos os meus pais.
– Não, não somos. – Vik inspirou<br />
fundo. – Eu amo você, Madison.<br />
Sabia como aquilo era difícil para o<br />
seu decidido magnata dos negócios.<br />
– Maddie.<br />
– O quê? – perguntou ele.<br />
– Você me ama. Eu amo você. Pode<br />
me chamar de Maddie como Romi faz.<br />
– Perry também.<br />
O que não parecia deixar Vik feliz.<br />
– Perry não tem o direito de me<br />
chamar de mais na<strong>da</strong>. Você cuidou<br />
disso.<br />
– A medi<strong>da</strong> cautelar dura dois anos.<br />
Mas nós a renovaremos.<br />
Ela sacudiu a cabeça.
– Não preciso de medi<strong>da</strong> cautelar.<br />
Você já é o bastante, Vik.<br />
– Ele a abordou.<br />
– Então deixarei de ir até o café.<br />
– Não será necessário. Eu o<br />
comprarei e man<strong>da</strong>rei que ele seja<br />
banido de lá.<br />
– Não está exagerando um pouco,<br />
Vik?<br />
– Na<strong>da</strong> é de mais para protegê-la.<br />
– Ah, caramba.<br />
Podia ver que passaria a vi<strong>da</strong><br />
contendo os impulsos de Vik para<br />
protegê-la e aos filhos de qualquer<br />
vestígio de perigo.<br />
Sinceramente? Era uma bela visão.
– Quer que eu deixe a AIH? –<br />
perguntou ele.<br />
– O quê? Não! – Foi a vez de Maddie<br />
de levar as mãos às faces dele e de fitálo<br />
nos olhos. – Não preciso que abra<br />
mão de seus sonhos para acreditar que<br />
me ama.<br />
– Eu amo. Eu amava seis anos atrás,<br />
mas...<br />
– Mas não reconheceu o sentimento.<br />
– Não. Eu jamais amei ninguém.<br />
– Que bom.<br />
A ideia de que poderia tê-lo perdido<br />
antes mesmo de conhecê-lo era<br />
assustadora.<br />
– Achei que não precisava de amor.<br />
– Todo mundo precisa de amor.
Vik franziu a testa.<br />
– Não sei se isso é ver<strong>da</strong>de.<br />
Ele parecia tão hesitante, tão<br />
diferente do homem que costumava<br />
ser. Mas não era perito no assunto.<br />
Emoções eram tão desconheci<strong>da</strong>s<br />
para Vik quanto eram para o pai dela.<br />
– Está tudo bem, Vik. Amamos um<br />
ao outro, e vamos ser muito felizes<br />
juntos.<br />
– Não somos felizes agora?<br />
Ela se jogou nos braços dele com<br />
uma gargalha<strong>da</strong>.<br />
– Sim, meu querido marido<br />
maravilhoso. Somos muito felizes.<br />
Ele a puxou para si, beijando-a com<br />
vontade.
Ah, sim, muito felizes.<br />
Fizeram amor ali mesmo no sofá, e<br />
praticaram falar um para o outro<br />
aquelas três palavrinhas.
EPÍLOGO<br />
VIK CONCORDOU com Maddie e Romi<br />
no tocante ao imóvel que elas haviam<br />
escolhido para a escola. Declarando ser<br />
a localização perfeita, ele insistiu em<br />
fazerem uma oferta imediata.<br />
Depois, saiu com as duas mulheres<br />
para comemorar com champanha.<br />
– Não é um pouco prematuro? –<br />
perguntou Romi quando brin<strong>da</strong>ram. –<br />
A oferta ain<strong>da</strong> não foi aceita.
– Nós conseguiremos o imóvel –<br />
falou Vik, como se simplesmente não<br />
houvesse outra opção.<br />
Maddie tinha quase certeza de que,<br />
com o seu magnata na joga<strong>da</strong>, não<br />
havia mesmo.<br />
Sorrindo, Romi ergueu o copo para<br />
Vik.<br />
– Um brinde aos negociadores<br />
tubarões e aos sonhos tonando-se<br />
reali<strong>da</strong>de.<br />
Não foram direto para casa, após a<br />
saí<strong>da</strong>. Vik levou Maddie de volta para o<br />
mirante em Marin Headlands. Ela não<br />
perguntou o que estavam fazendo ali.<br />
Maddie apenas deu a mão para ele<br />
enquanto cruzavam a trilha que levava
ao lugar considerado por muitos o<br />
melhor para admirar a vista de São<br />
Francisco.<br />
Ele se deteve no mesmo ponto onde<br />
a pedira em casamento.<br />
– Esquecemos algumas promessas<br />
quando estivemos aqui antes.<br />
– Esquecemos?<br />
Ele assentiu.<br />
– Você se esqueceu de prometer não<br />
deixar mais para trás a sua escolta de<br />
segurança.<br />
Não era bem o que ela estava<br />
esperando, mas condizia tanto com Vik<br />
e suas priori<strong>da</strong>des que ela teve de sorrir.<br />
– Entendido.<br />
– Prometa.
Ela levou a mão ao coração.<br />
– Prometo sempre manter a minha<br />
equipe de segurança comigo.<br />
– Seus dias de ser voluntária<br />
anônima estão acabados. – Ele inclinouse<br />
e a beijou. – Sinto muito.<br />
– Tudo bem. Apenas terá de me<br />
arrumar uma equipe que goste de<br />
crianças.<br />
– Acho que pode ser providenciado.<br />
Subitamente, ela se deu conta de por<br />
que estavam tratando <strong>da</strong>quilo agora.<br />
– Se a minha equipe estivesse comigo<br />
quando fui ao café, Perry não teria<br />
chegado perto de mim.<br />
– Isso mesmo. – Vik deu de ombros.<br />
– Acha que Romi concor<strong>da</strong>rá em
permitir que eu arrume uma escolta<br />
para ela também?<br />
– O quê? Por quê?<br />
– Ela é a sua irmã por escolha.<br />
– Não fazia ideia de que você<br />
soubesse disso.<br />
– Sua mãe a considerava outra filha.<br />
– É, considerava. – Maddie sorriu<br />
ante a lembrança. – Mas não sei bem se<br />
Romi precisa de uma equipe de<br />
segurança só porque a considero uma<br />
irmã.<br />
– Em algumas semanas, ela será dona<br />
de doze e meio por cento de uma<br />
empresa multibilionária.<br />
– Seremos os únicos a saber disso.
– Sabe muito bem que não será bem<br />
assim.<br />
Ela sabia.<br />
– Não sei se poderemos convencê-la.<br />
– Diga que a escolta vem com as<br />
ações.<br />
– Ela não vai gostar nem um pouco.<br />
Isso não pareceu preocupar muito<br />
Vik.<br />
– Ela faz parte <strong>da</strong> família, agora.<br />
Acabará se acostumando.<br />
Maddie não tinha certeza se<br />
concor<strong>da</strong>va, mas gostou do sentimento.<br />
Vik puxou Maddie para si, mas<br />
manteve o contato visual.<br />
– Amo você.
Não importava que ele já houvesse<br />
dito isso antes, que ela sabia ser<br />
ver<strong>da</strong>de... Dizer as palavras ali as<br />
tornava um juramento para Vik.<br />
Toma<strong>da</strong> de emoção, Maddie<br />
conseguiu apenas assentir.<br />
– Sempre a amarei – prometeu ele.<br />
Ela inspirou fundo, reunindo forças.<br />
– Eu também.<br />
– Nós diremos as coisas importantes.<br />
– Sim.<br />
– Frequentemente falaremos <strong>da</strong>s<br />
coisas emocionais.<br />
– Com os nossos filhos, também –<br />
jurou Maddie.<br />
Vik assentiu.
– Quando eu esquecer, você vai me<br />
lembrar.<br />
– Vou.<br />
Não que achasse que ele fosse<br />
esquecer as coisas importantes. Quando<br />
Vik colocava algo na cabeça, era bemsucedido.<br />
Olhou para ela como se tivesse algo a<br />
dizer, de modo que Maddie ficou<br />
esperando que ele o dissesse.<br />
– Seu pai...<br />
– O que tem ele?<br />
– Eu poderia ter sido ele.<br />
– Não. Você é diferente.<br />
– Sou, mas poderia ter me tornado<br />
como ele. Jeremy jamais entendeu que<br />
o amor e a família é que fazem o poder
e os negócios valerem a pena, e não o<br />
contrário.<br />
– Mas você entende.<br />
– Entendo.<br />
A convicção absoluta na voz de Vik a<br />
comoveu.<br />
– Perry realmente preparou o terreno<br />
para você, não é?<br />
Vik deu de ombros.<br />
– De um modo ou de outro, teríamos<br />
nos casado.<br />
– Porque você me ama e não<br />
consegue imaginar a sua vi<strong>da</strong> sem mim.<br />
O sorriso de Vik foi mais brilhante<br />
do que o sol no auge do verão.<br />
– Exatamente.<br />
– Digo o mesmo.
Suas risa<strong>da</strong>s flutuaram por sobre a<br />
baía enquanto seus corpos se colaram<br />
na forma <strong>da</strong> mais básica promessa de<br />
to<strong>da</strong>s.<br />
Amor compartilhado por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>.
MENTIRA INOCENTE<br />
Maisey Yates<br />
– Ou me explica isto ou pode juntar<br />
as suas coisas e ir embora.<br />
Paige Harper elevou a visão para os<br />
olhos negros e furiosos do seu chefe.<br />
Tê-lo ali no seu escritório bastava para<br />
deixá-la sem fôlego e sem fala. A<br />
distância, era muito a traente; de perto,<br />
era irresistível.
À muito custo ela desviou o olhar<br />
para o jornal que ele havia atirado em<br />
cima <strong>da</strong> mesa. Ao fazê-lo, sentiu<br />
formar-se um nó no estômago.<br />
– Hum... – murmurou, agarrando o<br />
jornal. – Bom...<br />
– Não tem na<strong>da</strong> a dizer?<br />
– Isto...<br />
– Pedi uma explicação, srta. Harper.<br />
E os seus murmúrios não estão<br />
explicando na<strong>da</strong> – cruzou os braços e<br />
Paige sentiu-se minúscula na cadeira.<br />
– Eu... – voltou a olhar para o jornal,<br />
aberto na coluna social, e leu o título<br />
Dante Romani fica noivo <strong>da</strong> sua<br />
funcionária; abaixo, havia duas<br />
fotografias, uma de Dante,
impecavelmente vestido com um terno<br />
feito sob medi<strong>da</strong>, e outra dela, numa<br />
escadinha, pendurando a decoração<br />
natalina na loja Colson’s. – Eu... –<br />
balbuciou novamente enquanto lia<br />
rapi<strong>da</strong>mente o artigo.<br />
Dante Romani, o bad boy do império<br />
comercial Colson, que na semana<br />
passa<strong>da</strong> escan<strong>da</strong>lizou a imprensa ao<br />
despedir um alto executivo e homem de<br />
família e substituí-lo por um jovem sem<br />
responsabili<strong>da</strong>des familiares, ficou<br />
noivo de uma <strong>da</strong>s suas funcionárias.<br />
Deve-se perguntar se o passatempo<br />
favorito deste infame empresário não<br />
será brincar com o seu pessoal. Ou os<br />
despede ou as desposa.
Paige sentiu um aperto no estômago.<br />
Não sabia como aquele rumor havia<br />
chegado à imprensa. Tinha contado<br />
uma mentira à assistente social, mas<br />
esperava ter algum tempo para desfazer<br />
o mal-entendido. Nunca, nem nos seus<br />
piores pesadelos, imaginou-se naquela<br />
situação.<br />
E, no entanto, ali estava, lendo a<br />
mentira do século.<br />
– Estou esperando – pressionou<br />
Dante.<br />
– Menti – confessou ela.<br />
Ele olhou ao redor e Paige seguiu o<br />
seu olhar para as pilhas de amostras de<br />
tecidos, caixas cheias de miçangas,<br />
tubos de sprays de tinta e
quinquilharias natalícias espalha<strong>da</strong>s por<br />
to<strong>da</strong> a parte.<br />
– Pensando bem – disse, olhando-a<br />
novamente –, é melhor não arrumar<br />
na<strong>da</strong> e ir embora neste preciso instante.<br />
Mando suas coisas pelo correio.<br />
– Espere! Não... – perder o seu<br />
emprego era impensável, tanto quanto<br />
o seu engano tornar-se público. A<br />
última coisa que precisava era que o<br />
Serviço Social descobrisse que tinha<br />
mentido a Rebecca Addler na entrevista<br />
de adoção. Continuou lendo o artigo.<br />
Custa acreditar que alguém capaz de<br />
despedir um funcionário por dedicar<br />
mais tempo à família do que ao<br />
trabalho possa sossegar a cabeça e
converter-se num homem de família. A<br />
questão é se conseguirá esta camponesa<br />
mu<strong>da</strong>r o executivo desumano ou se será<br />
mais uma na longa lista de vítimas que<br />
Dante Romani deixa à sua passagem.<br />
Uma camponesa... sim, era ela. Usou<br />
aquela mesma expressão ao mentir<br />
dizendo que estava noiva do<br />
multimilionário mais sensual <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de:<br />
apresentou-se como uma camponesa.<br />
Engoliu em seco e enfrentou a<br />
expressão ira<strong>da</strong> do seu chefe.<br />
– Não passa de um rumor <strong>da</strong><br />
imprensa marrom. Na<strong>da</strong> que possa ser<br />
levado a sério.<br />
– O que esperava conseguir com isto?<br />
– perguntou ele, duro. – É assim tão
ingênua que não pensou nas<br />
consequências? Ou fez tudo<br />
delibera<strong>da</strong>mente?<br />
Ela se levantou. Os joelhos mal a<br />
sustentavam.<br />
– Não, eu só...<br />
– Talvez não seja digna de aparecer<br />
na imprensa, srta. Harper, mas eu sou.<br />
– Sr. Romani! – chamou-o,<br />
desespera<strong>da</strong>. – Ouça-me, por favor –<br />
não se envergonhava de ter de suplicar.<br />
Estava disposta a ajoelhar-se, caso fosse<br />
preciso.<br />
– É inútil. Não me interessa na<strong>da</strong> do<br />
que tenha a dizer.<br />
– Porque não sei por onde começar.<br />
– Tente pelo começo.
Paige respirou fundo.<br />
– Rebecca Addler não gosta de mães<br />
solteiras. Bom, nenhuma assistente<br />
social gosta, mas ela perguntou por que<br />
Ana estaria melhor comigo do que com<br />
uma família completa, com um pai e<br />
uma mãe, e eu disse que teria um pai<br />
porque ia me casar. Então, seu nome<br />
me escapou porque... bom, porque<br />
trabalho para o senhor e o vejo todos os<br />
dias. Foi o primeiro nome que me<br />
passou pela cabeça.<br />
zzzz
435 – MENTIRA INOCENTE –<br />
MAISEY YATES<br />
Para poder adotar a filha de sua melhor<br />
amiga, Paige Harper tinha que fingir ser<br />
noiva de seu chefe, Dante Romani. Mas<br />
esse poderoso magnata só entrará no<br />
jogo se ela aceitar to<strong>da</strong>s as suas sensuais<br />
exigências.<br />
436 – AMOR POSSESSIVO – LUCY<br />
MONROE<br />
Quando a herdeira Romi Grayson<br />
recebe uma prova do poder de sedução
de Maxwell Black, sabe que precisa se<br />
afastar. Mas na<strong>da</strong> vai impedir esse<br />
implacável magnata de tê-la em seus<br />
braços e em sua cama.<br />
437 – PODER & ATRAÇÃO – MAYA<br />
BLAKE<br />
Durante um baile à fantasia, Tiffany<br />
Davis faz uma proposta para o poderoso<br />
Ryzard Vrbancic. Mas para ele só<br />
interessava conquistar a mulher com os<br />
olhos de fogo que estava detrás <strong>da</strong>quela<br />
máscara.<br />
Últimos lançamentos:
431 – IMAGEM REAL – LYNNE<br />
GRAHAM<br />
432 – UMA NOITE POR TODA A<br />
VIDA – MAISEY YATES<br />
433 – DESAFIANDO O DESTINO –<br />
LYNNE GRAHAM<br />
Próximos lançamentos:<br />
438 – UMA NOITE NO PALÁCIO –<br />
CAROLE MORTIMER<br />
439 – SEDUÇÃO TOTAL – DANI<br />
COLLINS<br />
440 – VOZ DO CORAÇÃO –<br />
CHANTELLE SHAW
441 – A IRA DOS DEUSES –<br />
VICTORIA PARKER
Edições mensais com duas<br />
histórias <strong>da</strong> mesma saga.<br />
HERDEIROS EM DISPUTA PELA<br />
LIDERANÇA DE UM IMPÉRIO SÃO<br />
ARREBATADOS POR PAIXÕES<br />
INUSITADAS!
LEIA O PRÓLOGO<br />
GRÁTIS!
Disponível gratuitamente em formato eBook<br />
até 01/06/2015 no endereço<br />
www.leiaharlequin.com
LEIA O PRÓLOGO<br />
GRÁTIS!
Disponível gratuitamente em formato eBook<br />
até 01/06/2015 no endereço<br />
www.leiaharlequin.com
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE<br />
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE<br />
LIVROS, RJ<br />
M183i<br />
<strong>Monroe</strong>, <strong>Lucy</strong><br />
Império <strong>da</strong> paixão [recurso eletrônico] /<br />
<strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong>; tradução Maurício Araripe. - 1.<br />
ed. - Rio de Janeiro: Harlequin, 2015.<br />
recurso digital<br />
Tradução de: An heiress for his empire<br />
Formato: ePub<br />
Requisitos do sistema: Adobe Digital<br />
Editions<br />
Modo de acesso: World Wide Web<br />
ISBN 978-85-398-0097-1 (recurso<br />
eletrônico)<br />
1. Romance americano. I. Araripe,<br />
Maurício. II. Título.
15-21165 CDD: 813<br />
CDU: 821.111(73)-3<br />
PUBLICADO MEDIANTE ACORDO COM<br />
HARLEQUIN BOOKS S.A.<br />
Todos os direitos reservados. Proibidos a<br />
reprodução, o armazenamento ou a<br />
transmissão, no todo ou em parte.<br />
Todos os personagens desta obra são fictícios.<br />
Qualquer semelhança com pessoas vivas ou<br />
mortas é mera coincidência.<br />
Título original: AN HEIRESS FOR HIS<br />
EMPIRE<br />
Copyright © 2014 by <strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong><br />
Originalmente publicado em 2014 por Mills &<br />
Boon Modern Romance<br />
Arte-final de capa:<br />
Isabelle Paiva
Produção do arquivo ePub: Ranna Studio<br />
Editora HR Lt<strong>da</strong>.<br />
Rua Argentina, 171, 4º an<strong>da</strong>r<br />
São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ — 20921-380<br />
Contato:<br />
virginia.rivera@harlequinbooks.com.br
Capa<br />
Texto de capa<br />
Harlequim 10 anos<br />
Teaser<br />
Queri<strong>da</strong> leitora<br />
Rosto<br />
Capítulo 1<br />
Capítulo 2<br />
Capítulo 3<br />
Capítulo 4<br />
Capítulo 5<br />
Capítulo 6<br />
Capítulo 7<br />
Capítulo 8<br />
Capítulo 9<br />
Capítulo 10<br />
Capítulo 11
Epílogo<br />
Próximos lançamentos<br />
Créditos