04.04.2017 Views

PAIXAO - 434 - Imperio da Paixao - Lucy Monroe

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Um escân<strong>da</strong>lo. Um<br />

contrato. Um segredo.<br />

Madison Archer estampou as manchetes<br />

de todos os jornais após ser difama<strong>da</strong> por<br />

um amigo amargurado. Casar com o<br />

malicioso Viktor Beck é o único jeito de<br />

salvar o que restou <strong>da</strong> sua reputação. Ele<br />

sempre sonhou em liderar a empresa do<br />

pai de Madison, e a atração que sentem<br />

torna a proposta ain<strong>da</strong> mais interessante.<br />

O coração de Viktor não bate por<br />

Madison, mas ele provará como a química<br />

entre os dois pode ser quente. O<br />

Entretanto, mesmo com to<strong>da</strong> a sua


sagaci<strong>da</strong>de, Viktor se surpreenderá ao<br />

descobrir o segredo de sua noiva!


Faz 10 anos que a Harlequin<br />

começou uma nova etapa em<br />

sua longa história editorial ao<br />

prestigiar a leitora brasileira<br />

com um escritório no Brasil,<br />

exclusivamente dedicado à<br />

publicação de suas séries e<br />

autoras de maior sucesso. Um<br />

mundo fantástico de amor,<br />

aventura, paixão, desejo,<br />

intrigas, escân<strong>da</strong>los e redenção<br />

passou a estar disponível nas<br />

bancas de jornal de to<strong>da</strong>s as<br />

regiões. Durante o percurso,<br />

fomos beneficiados com muitos<br />

aprendizados, quase sempre


vindos de leitoras fiéis cujas<br />

sugestões foram decisivas para<br />

o sucesso desse<br />

empreendimento. Hoje, depois<br />

de quase 3.000 edições, nos<br />

sentimos gratificados por<br />

comemorar essa primeira<br />

déca<strong>da</strong> com vocês!<br />

Boa leitura!<br />

Equipe Editorial Harlequin


Siga nossas redes sociais, conheça nossos<br />

lançamentos e participe de nossas promoções em<br />

tempo real!<br />

Twitter.com/harlequinbrasil<br />

Facebook.com/HarlequinBooksBrasil


O beijo de Vik a pegou de surpresa.<br />

Não deveria. Um beijo não era comum<br />

para selar um noivado?<br />

Mas o beijo a surpreendeu. E depois<br />

a dominou, os lábios dele exigindo uma<br />

reação que se irradiou por todo o corpo<br />

de Maddie. Apossaram-se dela, agora<br />

insistindo em duas coisas <strong>da</strong>s quais<br />

ain<strong>da</strong> naquela manhã Maddie alegara<br />

ser incapaz.<br />

Submissão e confiança.<br />

Contudo, como em tantas outras<br />

coisas em sua vi<strong>da</strong>, as regras não se<br />

aplicavam a Viktor Beck. Viu-se<br />

derretendo de encontro a ele, sem


qualquer pensamento sobre<br />

autopreservação.<br />

E ele aceitou a sua rendição com um<br />

intenso desejo masculino que negava<br />

qualquer alegação de falta de paixão<br />

entre os dois.<br />

Vik devorou-lhe a boca, seus braços<br />

envolvendo-a, as mãos puxando-lhe o<br />

corpo de encontro ao seu, uma <strong>da</strong>s<br />

coxas mergulha<strong>da</strong>s entre as de Maddie,<br />

o máximo que a saia permitia.<br />

As pernas de Maddie teriam<br />

bambeado, mas Vik a estava apertando<br />

de encontro ao corpo com força demais.<br />

Ela achara o beijo <strong>da</strong>quela manhã<br />

ardente, mas em na<strong>da</strong> se comparava a<br />

Viktor Beck reivindicando a mulher


que prometera desposá-lo e lhe<br />

conceder os seus sonhos.


Queri<strong>da</strong> leitora,<br />

Um belo dia, Madison Archer, uma<br />

rica herdeira, acordou e sua vi<strong>da</strong> estava<br />

de cabeça para baixo. Seu amigo havia<br />

<strong>da</strong>do uma entrevista bombástica,<br />

revelando detalhes sórdidos de sua vi<strong>da</strong><br />

íntima. Só tinha um problema: Maddie<br />

ain<strong>da</strong> era virgem! Para salvar sua<br />

reputação, ela aceita casar-se com o<br />

implacável Viktor Beck, o sucessor de<br />

seu pai no comando <strong>da</strong> empresa. Ain<strong>da</strong><br />

que fosse apenas um casamento de<br />

facha<strong>da</strong>, Viktor estava decidido a<br />

ensiná-la tudo o que sabe… entre os<br />

lençóis.


Boa leitura!<br />

Equipe Editorial Harlequin Books


<strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong><br />

IMPÉRIO DA<br />

PAIXÃO<br />

Tradução<br />

Maurício Araripe<br />

2015


CAPÍTULO 1<br />

COM O líquido quente transbor<strong>da</strong>ndo<br />

por sobre a bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> xícara, Madison<br />

Arc-her pousou o seu café matinal<br />

sobre a mesa e leu com crescente horror<br />

os seus alertas em seu celular.<br />

Madison “Doidivanas” Procurando<br />

Um Novo Mestre?<br />

Herdeira Archer Chega<strong>da</strong> A<br />

Esquisitices <strong>da</strong> Pesa<strong>da</strong>.


Mau Menino de São Francisco<br />

Dispensa Menina Muito Má.<br />

Os artigos faziam alegações sinistras<br />

sobre um estilo de vi<strong>da</strong>, além de uma<br />

relação entre Maddie e Perry Timwater.<br />

Uma relação completamente<br />

inexistente.<br />

O fato de Perry ter sido a fonte fez<br />

com que o café amargasse na boca de<br />

Maddie.<br />

A suposta revelação que ele fez sobre<br />

o relacionamento fictício dos dois<br />

alegava que ela era uma submissa com<br />

um grande fetiche por sentir dor, além<br />

<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de parceiros múltiplos.<br />

Ela cerrou os dentes para conter a


necessi<strong>da</strong>de de praguejar e leu que fora<br />

a sua incapaci<strong>da</strong>de de permanecer fiel<br />

que levara Perry a <strong>da</strong>r um fim às coisas<br />

entre eles.<br />

Maddie não se i-mportaria em <strong>da</strong>r<br />

um fim em Perry naquele exato<br />

instante. A traição a deixou sem fôlego.<br />

Como ele pôde fazer uma coisa<br />

dessas?<br />

Ele era amigo dela.<br />

Haviam se conhecido ain<strong>da</strong> como<br />

calouros na universi<strong>da</strong>de. Ele a fizera<br />

rir, quando Maddie achara que na<strong>da</strong><br />

poderia fazê-lo. Não após o seu fracasso<br />

épico em chamar a atenção de Viktor<br />

Beck. Ela começara na facul<strong>da</strong>de com o<br />

coração partido, e a amizade de Perry a


aju<strong>da</strong>ra a colar os cacos de volta no<br />

lugar.<br />

Ela o aju<strong>da</strong>ra a passar nos seus cursos<br />

de contabili<strong>da</strong>de. Ele bancara o<br />

acompanhante platônico para ela, e<br />

Maddie servira de porta de entra<strong>da</strong><br />

para ele para o mundo de Jeremy<br />

Archer, um patamar acima do dele.<br />

Contudo, jamais, nunca mesmo, a<br />

amizade deles tendera para algo mais<br />

pesado.<br />

Bati<strong>da</strong>s soaram na porta <strong>da</strong> frente.<br />

– Maddie! Sou eu, não fique<br />

alarma<strong>da</strong>. – Um segundo mais tarde, a<br />

porta destrancou-se e foi aberta.<br />

Trazendo sacolas de sua confeitaria<br />

preferi<strong>da</strong>, os cachos negros adornando


o rosto de fa<strong>da</strong>, Romi Grayson voltou a<br />

fechar a porta com o pé. – Vim<br />

trazendo um remédio para todos os<br />

males.<br />

– Acho que nem mesmo chocolates e<br />

doces poderão melhorar essa situação.<br />

Maddie largou-se de encontro ao<br />

encosto <strong>da</strong> poltrona.<br />

Olhos azuis tão vibrantes quanto os<br />

de Maddie reluziram de raiva.<br />

– Quer dizer que Perry enlouqueceu,<br />

não é?<br />

– Você viu os artigos?<br />

– Só depois que repórteres me<br />

acor<strong>da</strong>ram de um sono profundo<br />

exigindo minha opinião sobre as<br />

sombrias propensões sexuais de minha


melhor amiga. – A boca de Romi<br />

retorceu-se maliciosamente. –<br />

Propensões que tenho quase certeza de<br />

que você não teria, mesmo que ain<strong>da</strong><br />

não fosse virgem.<br />

– Ah, tem razão quanto a isso. Jamais<br />

fui capaz de confiar em qualquer<br />

homem o bastante para fazer sexo,<br />

quanto mais para ter parceiros<br />

múltiplos.<br />

Por mais ridículo que isso pudesse<br />

parecer aos 24 anos de i<strong>da</strong>de, também<br />

não era algo que fosse mu<strong>da</strong>r tão cedo.<br />

– Se quer saber, em minha opinião,<br />

tem menos a ver com confiança e mais<br />

a ver com o fato de que colocou Viktor


Beck na sua cabeça quando garota e<br />

jamais conseguiu esquecê-lo.<br />

– Romi!<br />

Maddie não estava com humor para<br />

falar de seus sentimentos não<br />

correspondidos pelo menino de ouro do<br />

seu pai, com seus cabelos e olhos<br />

escuros e um corpo de matar.<br />

– Estou apenas dizendo que...<br />

– Não está dizendo na<strong>da</strong> que já não<br />

tenha dito antes.<br />

Subitamente, Maddie sentiu-se ain<strong>da</strong><br />

mais enoja<strong>da</strong>.<br />

Junto com o restante do mundo, Vik<br />

veria os artigos, contudo ela não podia<br />

se <strong>da</strong>r ao luxo de pensar sobre isso<br />

agora.


– Meu pai vai me matar.<br />

Um novo escân<strong>da</strong>lo decerto abalaria<br />

até mesmo a reserva fria do magnata de<br />

São Francisco. E não do modo como<br />

Maddie sempre desejara.<br />

Ele a man<strong>da</strong>ra para estu<strong>da</strong>r em um<br />

internato meses após a morte <strong>da</strong> mãe, e<br />

Maddie cortejara as atenções <strong>da</strong> mídia<br />

na esperança de conseguir a dele.<br />

Funcionara com a sua mãe, Helene<br />

Archer, nasci<strong>da</strong> Helene Madison, a<br />

Madison “Doidivanas” original, mas<br />

Madison viera a reconhecer que, em se<br />

tratando de sua estratégia, o tiro saíra<br />

espetacularmente pela culatra.<br />

Nos nove anos desde a morte <strong>da</strong><br />

mãe, Jeremy desenvolvera o hábito de


pensar o pior <strong>da</strong> filha. Isso quando não<br />

estava ignorando por completo a<br />

existência dela.<br />

– Isso se ele não enfartar antes.<br />

Romi pousou um croissant recheado<br />

de chocolate diante de Maddie.<br />

– Não diga isso.<br />

A outra mulher fez uma careta.<br />

– Lamento. Saiu sem pensar. Sabe<br />

como eu sou. Contudo, seu pai é um<br />

bocado tenso.<br />

Bem, disso Maddie não podia<br />

discor<strong>da</strong>r.<br />

– De qualquer modo, acho que,<br />

dessa vez, a diarreia verbal de Perry<br />

levou a melhor sobre mim. – Romi deu


uma denta<strong>da</strong> no doce. – O que será que<br />

passou pela cabeça dele?<br />

– Que queria o dinheiro que o<br />

tabloide estava oferecendo pela<br />

história?<br />

Maddie jamais imaginara que recusar<br />

o seu pedido mais recente de um<br />

empréstimo resultaria na sua completa<br />

humilhação. Como poderia? Amigos<br />

não faziam esse tipo de coisa uns com<br />

os outros.<br />

– Cretino.<br />

Normalmente, Maddie bancava a<br />

apaziguadora entre os seus dois amigos<br />

mais chegados; contudo, dessa vez, não<br />

estava disposta a defender Perry.<br />

– O que eu vou fazer?


– Poderia ameaçar processá-lo e<br />

exigir uma retratação.<br />

– Baseado na minha palavra contra a<br />

dele?<br />

Romi emitiu um som parecido com<br />

um rugido.<br />

– Vocês dois sequer deram um beijo<br />

de língua.<br />

– Mas já demos beijos para as<br />

câmeras.<br />

Perry sempre fizera brincadeiras no<br />

tocante a isso. Durante anos ele fora o<br />

acompanhante de plantão para Maddie,<br />

e mais de um artigo especulando sobre<br />

o relacionamento deles já fora<br />

publicado, em geral citando fontes


anônimas e sempre acompanhados <strong>da</strong>s<br />

fotos dos beijos de brincadeira.<br />

– Acha que ele já fez isso antes?<br />

– Vendeu detalhes confidenciais<br />

sobre a suposta relação de vocês dois? –<br />

perguntou Romi.<br />

– É.<br />

– Sabe muito bem o que eu acho.<br />

Maddie suspirou.<br />

– Que ele é um parasita.<br />

– Sempre foi.<br />

– Ele foi um bom amigo.<br />

Maddie não conseguiu se forçar a<br />

dizer que ele ain<strong>da</strong> era.<br />

Romi apenas lançou um olhar<br />

incrédulo para Maddie; palavras não<br />

eram necessárias.


Ignorando-o, Maddie disse:<br />

– Provavelmente não serei capaz de<br />

provar que jamais tivemos uma relação,<br />

mas posso mover um processo por<br />

difamação baseado nos detalhes.<br />

– A palavra dele contra a sua.<br />

– Mas ele está mentindo.<br />

– E desde quando isso é novi<strong>da</strong>de<br />

para os tabloides?<br />

Sentindo-se impotente, Maddie<br />

empurrou o croissant para longe.<br />

– Você poderia soltar os cães do seu<br />

pai em Perry. Aquele coordenador de<br />

mídia dele tem papel garantido na<br />

semana do tubarão.<br />

– Eu deveria mesmo.


Bem, isso se o pai dela se importasse<br />

o suficiente para desperdiçar o tempo<br />

precioso de seu coordenador de mídia<br />

para ajudá-la.<br />

Romi fez uma careta.<br />

– Mas não vai. Perry era seu amigo.<br />

Maddie abriu a boca, mas Romi<br />

ergueu a mão, contendo suas palavras.<br />

– Nem ouse dizer que ele ain<strong>da</strong> é.<br />

– Não – respondeu Maddie,<br />

tentando conter a emoção. – Acho que<br />

ficou bem claro que ele não é meu<br />

amigo. Talvez jamais tenha sido.<br />

– Ah, queri<strong>da</strong>.<br />

Romi deu a volta na mesa para<br />

abraçá-la.


– Eu pensei que ele fosse, de<br />

ver<strong>da</strong>de.<br />

– Em vez disso, ele provou ser apenas<br />

mais uma pessoa de plástico. Pura<br />

aparência e na<strong>da</strong> de substância.<br />

Maddie conteve uma risa<strong>da</strong> mórbi<strong>da</strong>.<br />

– É.<br />

O celular de Maddie apitou, e ela<br />

verificou as mensagens, sem se<br />

surpreender ao ver que havia dúzias<br />

delas. Apesar de verificar regularmente<br />

as mensagens no celular, ela apenas<br />

selecionara alertas para algumas<br />

pessoas: Romi, Perry, que seria retirado<br />

<strong>da</strong> lista hoje mesmo, o pai de Maddie e<br />

o braço direito dele. Viktor Beck.


Não que o futuro herdeiro dos<br />

negócios do pai dela fizesse contato com<br />

Maddie, hoje em dia. Ain<strong>da</strong> assim, se<br />

ele o fizesse... Ela receberia um alerta<br />

sonoro.<br />

Ignorando as numerosas mensagens<br />

de amigos, conhecidos e abutres <strong>da</strong><br />

mídia, Maddie clicou em uma <strong>da</strong><br />

assistente pessoal do pai.<br />

Reunião c/ Sr. Archer. 10:45 –<br />

Confirme.<br />

Senhor Archer. Não o seu pai. Isso<br />

teria sido pessoal demais.<br />

– Ele quer se encontrar comigo hoje<br />

de manhã.


Maddie mordeu o lábio inferior,<br />

pensando no que teria de mu<strong>da</strong>r para<br />

tornar a reunião possível.<br />

Romi assentiu.<br />

– Você vai?<br />

Maddie considerou adiar seus planos<br />

matinais para poder se encontrar com o<br />

pai.<br />

– Não.<br />

Sua pontuali<strong>da</strong>de não faria com que<br />

Jeremy ficasse menos zangado.<br />

Mandou uma mensagem rápi<strong>da</strong> para<br />

a assistente pessoal se oferecendo para<br />

comparecer a qualquer hora após meiodia<br />

e meia.<br />

Quinze minutos mais tarde, Romi já<br />

havendo ido embora, as primeiras notas


de Call me Irresponsible, de Michael<br />

Bublé, começaram a tocar no celular de<br />

Maddie.<br />

O pai estava ligando pessoalmente<br />

para ela. Não estava man<strong>da</strong>ndo<br />

nenhuma mensagem de texto.<br />

Em qualquer outra ocasião, ela teria<br />

ficado empolga<strong>da</strong>. Contudo, agora?<br />

Maddie levou o aparelho ao ouvido.<br />

– Olá, papai.<br />

– Dez e quarenta e cinco, Madison.<br />

Você não vai se atrasar.<br />

– Você sabe que eu já tinha<br />

compromisso marcado.<br />

Não que ele soubesse o que era.<br />

Maddie já tentara lhe contar certa<br />

vez, mas Jeremy zombara <strong>da</strong> simples


noção <strong>da</strong> filha frívola fazendo qualquer<br />

coisa que pudesse valer a pena. Pior<br />

ain<strong>da</strong>, ele deixara claro como achava<br />

inútil que ela desperdiçasse tempo<br />

fazendo serviço voluntário em uma<br />

escola pública de poucos recursos<br />

predominantemente frequenta<strong>da</strong> por<br />

crianças vin<strong>da</strong>s de famílias pobres.<br />

Desde então, Maddie mantivera as<br />

suas duas vi<strong>da</strong>s completamente<br />

separa<strong>da</strong>s. Maddie Grace, uma moça de<br />

vinte e poucos anos de aparência<br />

comum que adorava crianças e que<br />

doava boa parte do seu tempo para<br />

serviços voluntários, que na<strong>da</strong> tinha a<br />

ver, nem mesmo a cor dos olhos e do


cabelo, com Madison Archer, a notória<br />

socialite e herdeira.<br />

– Cancele.<br />

Sem concessões. Sem explicações.<br />

Apenas exigências.<br />

Típico.<br />

– É importante.<br />

– Não, não é.<br />

Seu tom de voz foi tão frio que ela<br />

chegou a ficar arrepia<strong>da</strong>.<br />

– Para mim, é. – Maddie apenas<br />

lamentou que o seu desagrado não o<br />

afetasse tanto quanto o do pai a afetava.<br />

– Por favor.<br />

– Dez e quarenta e cinco, Madison –<br />

falou ele antes de desligar.


USANDO A armadura de sua identi<strong>da</strong>de<br />

de Madison Archer, socialite, Maddie<br />

desceu do elevador no vigésimo nono<br />

an<strong>da</strong>r do prédio do pai no distrito<br />

financeiro de São Francisco.<br />

O nervosismo que estava se<br />

retorcendo no seu íntimo não<br />

transparecia no seu rosto impassível.<br />

Com maquiagem aplica<strong>da</strong> para<br />

ressaltar, e não para competir com o<br />

azul dos seus olhos e a gentil curvatura<br />

dos lábios, ela estilizara o cabelo ruivo à<br />

altura do queixo em perfeitas madeixas<br />

ao redor do rosto oval tão parecido com<br />

o <strong>da</strong> mãe.<br />

Seu conjunto Valentino preto e<br />

branco sequer fazia parte <strong>da</strong> coleção


<strong>da</strong>quele ano, mas era um dos seus<br />

favoritos, e era adequado para a<br />

imagem que ela queria passar. A bainha<br />

<strong>da</strong> saia preta e lisa ficava exatamente<br />

três dedos acima dos joelhos e a jaqueta<br />

no estilo Jaqueline Onassis era tudo<br />

menos vulgar.<br />

Optara por sapatilhas pretas e<br />

fecha<strong>da</strong>s de saltos baixos e uma simples<br />

bolsa de couro Chanel para completar o<br />

visual, sendo o relógio Cartier favorito<br />

<strong>da</strong> mãe e os brincos de diamantes os<br />

únicos acessórios que estava usando.<br />

Maddie em na<strong>da</strong> lembrava a mulher<br />

descrita por Perry na sua “entrevista de<br />

rompimento” com a imprensa.


Adentrou a sala de conferência 2 sem<br />

bater, <strong>da</strong>ndo uma para<strong>da</strong> estratégica na<br />

porta para permitir aos ocupantes um<br />

momento para admirá-la.<br />

Não ia se portar como um ratinho<br />

acanhado tentando evitar chamar a<br />

atenção do gato.<br />

O breve instante também serviu para<br />

permitir que ela mesma sentisse o<br />

ambiente.<br />

Sete pessoas estavam senta<strong>da</strong>s ao<br />

redor <strong>da</strong> mesa de conferência. Como<br />

era de se esperar, o seu pai estava<br />

ocupando uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des.<br />

Maddie ficou ao mesmo tempo alivia<strong>da</strong><br />

e preocupa<strong>da</strong> ao ver o coordenador de<br />

mídia dele ocupando a outra


extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesa, porém não ficou<br />

na<strong>da</strong> feliz de ver o homem que estava<br />

sentado à direita do pai.<br />

Romi tinha razão ao afirmar que<br />

Maddie tinha uma que<strong>da</strong> pelo lindo<br />

Viktor Beck desde que ele começara a<br />

trabalhar para Jeremy Archer, dez anos<br />

atrás. Os sentimentos não<br />

correspondidos haviam evoluído de<br />

uma paixão de colegial para algo muito<br />

maior, algo que tornava difícil para<br />

qualquer outro homem estar à altura de<br />

Vik.<br />

Durante aquele primeiro ano,<br />

Maddie ain<strong>da</strong> tivera a mãe, e Helene<br />

costumava provocá-la quando Maddie


enrubescia na presença do futuro<br />

magnata.<br />

Maddie aprendera a controlar seus<br />

rubores, mas não os sentimentos que o<br />

belo russo de terceira geração provocava<br />

nela.<br />

Tê-lo ali como testemunha de sua<br />

humilhação apertava o nó de tensão no<br />

seu íntimo, até ela não saber se um dia<br />

ele poderia ser desfeito.<br />

Menos compreensível, contudo,<br />

longe de ser tão perturbadora, era a<br />

presença de dois dos outros gerentes de<br />

alto escalão do seu pai, acomo<strong>da</strong>dos nas<br />

poltronas restantes <strong>da</strong>quele lado <strong>da</strong><br />

mesa. A assistente pessoal do pai estava


senta<strong>da</strong> à esquer<strong>da</strong> dele, com uma<br />

cadeira vazia ao seu lado.<br />

O último homem à mesa tinha uma<br />

presença impressionante e um rosto<br />

familiar; contudo, no seu atual estado<br />

de tensão conti<strong>da</strong>, Maddie não<br />

conseguiu identificá-lo.<br />

Todo mundo tinha uma pilha de<br />

papéis diante de si. Bastou uma rápi<strong>da</strong><br />

passa<strong>da</strong> de olhos para ver que se tratava<br />

de cópias impressas <strong>da</strong>s manchetes que<br />

Maddie havia visto antes na tela do seu<br />

celular. Debaixo de ca<strong>da</strong> pilha havia um<br />

exemplar do tabloide no qual as<br />

matérias originariamente haviam sido<br />

publica<strong>da</strong>s.


A pilha de Vik era diferente. Ela<br />

continha o que parecia ser um contrato<br />

no topo. Olhando ao redor <strong>da</strong> mesa,<br />

Maddie se deu conta de que todo<br />

mundo também tinha uma cópia disso<br />

no alto <strong>da</strong>s pilhas, o canto grampeado<br />

sendo a única parte que ela conseguia<br />

ver.<br />

Ela olhou para o pai, exibindo a<br />

expressão sardônica que há anos usava<br />

para disfarçar a sua vulnerabili<strong>da</strong>de.<br />

– Suponho que jamais tenha lhe<br />

ocorrido discutir isso em particular<br />

comigo, antes de trazer reforços.<br />

Ele sequer se deu ao trabalho de<br />

responder.<br />

– Sente-se, Madison.


Ela contou até três antes de obedecer<br />

ao comando brusco, delibera<strong>da</strong>mente<br />

ignorando a pilha de papéis diante de<br />

si.<br />

– Presumo que já tenhamos<br />

elaborado uma carta exigindo uma<br />

retratação?<br />

Quando o pai não respondeu, ela<br />

fitou intensamente o coordenador de<br />

mídia.<br />

– Há alguma chance de o seu antigo<br />

amante voltar atrás em suas<br />

declarações?<br />

– Para começar, ele jamais foi meu<br />

amante. Em segundo lugar, ele não<br />

precisa abjurar suas mentiras para que


possamos processar o tabloide por<br />

calúnia e difamação.<br />

Mas a ver<strong>da</strong>de era que suas chances<br />

de vencer sem a sinceri<strong>da</strong>de de Perry<br />

não eram lá muito boas.<br />

– Não tenho o hábito de desperdiçar<br />

tempo e nem recursos em empreita<strong>da</strong>s<br />

inúteis – disse o pai.<br />

– A história já está circulando e isso<br />

não pode ser mu<strong>da</strong>do – concordou ela.<br />

– Mas isso não significa que não<br />

possamos contestar as mentiras de<br />

Perry.<br />

Os olhos do pai eram como lascas de<br />

gelo azul.<br />

– Se quiser contestar as mentiras do<br />

seu antigo amante, vá em frente, mas


não é isso que me preocupa.<br />

– Não acredita nas histórias? –<br />

perguntou ela com uma increduli<strong>da</strong>de<br />

sofri<strong>da</strong> quase impossível de ser<br />

disfarça<strong>da</strong>.<br />

– No que eu acredito ou deixo de<br />

acreditar não é a questão.<br />

– Para mim é.<br />

Só havia duas pessoas naquela sala<br />

cujas opiniões importavam para<br />

Maddie.<br />

As do seu pai e a de Viktor Beck,<br />

independentemente do quanto ela<br />

pudesse desejar não ser esse o caso.<br />

Seu olhar voltou-se para Vik,<br />

contudo na<strong>da</strong> no seu rosto impassível<br />

ou nas profundezas obscuras dos seus


olhos cor de café revelavam seus<br />

pensamentos.<br />

Houve o tempo em que ele teria<br />

tentado encorajá-la com um ligeiro<br />

sorriso ou até uma rápi<strong>da</strong> pisca<strong>da</strong> de<br />

olho, porém tais dias haviam ficado<br />

para trás. Desde sua primeira viagem de<br />

volta para casa após ir embora para a<br />

universi<strong>da</strong>de que a postura de Vik para<br />

com ela não se suavizava.<br />

E, apesar de isso provavelmente ser<br />

culpa dela, não significava que Maddie<br />

tinha de gostar.<br />

O seu pai pigarreou.<br />

– Tais histórias de mau gosto podem<br />

ter precipitado esta reunião, contudo o<br />

motivo dela é outro.


– Como assim? – perguntou Maddie,<br />

seu olhar retornando para a única<br />

família que lhe restava.<br />

– A questão que estamos aqui para<br />

discutir é a sua notorie<strong>da</strong>de inaceitável,<br />

Madison. Não ficarei aqui parado<br />

enquanto você tenta superar outras<br />

herdeiras em infâmia internacional.<br />

– Eu não tento.<br />

Mesmo quando Maddie tentara<br />

chamar a atenção do pai obtendo a <strong>da</strong><br />

mídia, ela não fora tão longe.<br />

Tudo bem, quer dizer que ela e Romi<br />

eram conheci<strong>da</strong>s por participar de<br />

passeatas políticas <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de liberal,<br />

o que incluía uma manifestação<br />

amplamente divulga<strong>da</strong> protestando


cortes no orçamento de escolas locais.<br />

Que Maddie houvesse ido ain<strong>da</strong> mais<br />

longe e feito bungee jumping <strong>da</strong> Golden<br />

Gate Bridge acompanha<strong>da</strong> de cinco<br />

outros e apresentado uma faixa<br />

gigantesca com os dizeres “Vá de<br />

Verde, Ou Vá Para Casa”, não vinha ao<br />

caso.<br />

Havia vídeos na internet nos quais<br />

ela praticava bungee jumping em<br />

circunstâncias um tanto ou quanto<br />

menos politicamente motiva<strong>da</strong>s e<br />

também um pouco mais arrisca<strong>da</strong>s.<br />

Seus tombos enquanto esquiava<br />

também haviam aparecido na mídia.<br />

Contudo, há mais de seis meses que<br />

ela não fazia na<strong>da</strong> para aparecer nos


jornais. Não desde que aparecera nas<br />

manchetes com a aventura noturna de<br />

pular de paraque<strong>da</strong>s que resultara na<br />

sua hospitalização com uma ligeira<br />

fratura na pelve.<br />

Seu pai não só ignorara a peripécia<br />

como também ignorara o ferimento de<br />

Maddie. E ele não só se recusara a<br />

atender as ligações <strong>da</strong> filha feitas do<br />

hospital, como também deixara<br />

totalmente claro, através <strong>da</strong> assistente<br />

pessoal, é claro, que ela não era bemvin<strong>da</strong><br />

na mansão <strong>da</strong> família para a sua<br />

recuperação.<br />

Ela se vira força<strong>da</strong> a contratar uma<br />

enfermeira para aju<strong>da</strong>r durante as suas<br />

semanas de mobili<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong>. Romi


se oferecera para ficar com ela, mas<br />

Maddie não quisera se aproveitar <strong>da</strong><br />

amiga.<br />

– Será que eu entendi direito? Você<br />

não explicou para Madison do que se<br />

trata esse contrato? – perguntou Vik,<br />

com a voz carrega<strong>da</strong> de inespera<strong>da</strong><br />

desaprovação. – Espera mesmo que ela<br />

concorde?<br />

– Ela concor<strong>da</strong>rá. – O pai lançou-lhe<br />

um olhar severo. – Ou eu a cortarei<br />

completamente <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>.<br />

As palavras já foram dolorosas de<br />

escutar, mas a convicção absoluta na<br />

voz do pai penetrou a facha<strong>da</strong><br />

cui<strong>da</strong>dosamente cultiva<strong>da</strong> de Maddie,


alcançando as emoções reais e por<br />

demais vulneráveis no seu âmago.<br />

– Por conta disso? – exigiu ela,<br />

gesticulando na direção dos artigos<br />

impressos. – Não é ver<strong>da</strong>de!<br />

– Você não continuará a arrastar o<br />

meu nome e o <strong>da</strong> minha empresa pela<br />

lama, Madison.<br />

– Eu não faço isso.<br />

Apesar de certo nível de notorie<strong>da</strong>de<br />

na mídia, jamais havia feito na<strong>da</strong> que<br />

sequer se assemelhasse às mentiras que<br />

Perry contara para os tabloides.<br />

Seu pai começou a ler as manchetes<br />

em voz alta, e débeis lágrimas arderam<br />

no fundo dos seus olhos. Maddie se<br />

recusou a entregar-se a elas, desejando


que pudesse ser tão desprovi<strong>da</strong> de<br />

emoções quanto o homem de cabelos<br />

grisalhos que a açoitava com as palavras<br />

de outros.<br />

– Eu já disse, ele mentiu.<br />

– E por que ele haveria de fazer isso?<br />

– in<strong>da</strong>gou o coordenador de mídia,<br />

com um interesse quase clínico na voz.<br />

– Por dinheiro. Por vingança. –<br />

Porque ela o rejeitara várias vezes e se<br />

recusara a emprestar dinheiro a ele<br />

mais uma vez. – Eu não sei, mas ele<br />

mentiu.<br />

Quantas vezes teria de repetir isso?<br />

– É chega<strong>da</strong> a hora de medi<strong>da</strong>s<br />

definitivas serem toma<strong>da</strong>s – falou


Jeremy, como se ela na<strong>da</strong> houvesse<br />

dito.<br />

– Quanto a isso, pelo menos, estamos<br />

de acordo, a começar pela exigência de<br />

uma retratação. Eu posso cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong><br />

minha própria entrevista.<br />

Embora odiasse esse tipo de contato<br />

direto com a mídia, ela considerou<br />

oferecer o sacrifício supremo de integrar<br />

a sua vi<strong>da</strong> de Maddie Grace com a <strong>da</strong><br />

socialite Madison Archer, no intuito de<br />

combater a imagem negativa que<br />

claramente preocupava o seu pai.<br />

Jeremy dispensou a sua oferta com<br />

um gesto brusco.<br />

– Acho que já deixei bem claro que o<br />

atual escân<strong>da</strong>lo não é a minha principal


preocupação.<br />

– E qual é a sua preocupação? –<br />

perguntou ela confusa.<br />

– Esse estilo de vi<strong>da</strong> caprichoso que<br />

resultou na sua reputação infame e<br />

intolerável.<br />

– Quer que eu venha trabalhar na<br />

AIH? – perguntou ela com zero de<br />

entusiasmo e ain<strong>da</strong> menos convicção.<br />

Da última vez em que a questão <strong>da</strong><br />

Archer International Holdings viera à<br />

tona, seu pai deixara bem claro não ter<br />

mais ilusões de que um dia ela pudesse<br />

assumir o seu lugar.<br />

Sua risa<strong>da</strong> áspera foi to<strong>da</strong> a resposta<br />

de que ela precisava.<br />

– De modo algum.


– Quer que eu obtenha um emprego<br />

em algum outro lugar?<br />

Podia fazer isso.<br />

Preferia usar a sua educação como<br />

professora assistente voluntária; porém,<br />

se fosse para aju<strong>da</strong>r na relação com o<br />

pai, arrumaria um emprego pago, que,<br />

com sorte, não entraria em conflito com<br />

a sua agen<strong>da</strong> de voluntária.<br />

Mais risa<strong>da</strong>s zombeteiras brotaram<br />

dos lábios de seu pai.<br />

– Acha mesmo que qualquer negócio<br />

que se dê ao respeito a contrataria<br />

agora?<br />

Ela sentiu o ardor subindo pelo seu<br />

pescoço, resultando em um raro rubor.<br />

Há muito se tornara perita em esconder


seus sentimentos, até mesmo rubores<br />

de constrangimento.<br />

Contudo, subitamente, deu-se conta<br />

de que, se realmente viesse a público<br />

que Madison Archer era Maddie Grace,<br />

a escola poderia ser leva<strong>da</strong> a dispensála.<br />

Tudo isso só porque um homem que<br />

acreditara ser seu amigo provara ser um<br />

oportunista mentiroso e manipulador.<br />

– Ele quer que você se case –<br />

informou Vik, e na<strong>da</strong> no seu tom de<br />

voz indicava que estivesse brincando.<br />

O pai também não falou na<strong>da</strong> para<br />

contradizê-lo.<br />

Pela primeira vez, ela olhou ao redor<br />

<strong>da</strong> sala para ver como os outros<br />

participantes <strong>da</strong> reunião estavam


eagindo. O coordenador de mídia e a<br />

assistente pessoal estavam ambos<br />

ocupados com seus tablets, ignorando a<br />

conversa ou fazendo um bom trabalho<br />

de fingir isso.<br />

Um dos gerentes estava fitando-a<br />

com o tipo de especulação que fazia<br />

Madison sentir-se suja, mas o fato de<br />

ele ter os artigos a seu respeito<br />

espalhados diante de si podia ter algo a<br />

ver com isso.<br />

O outro gerente estava examinando a<br />

papela<strong>da</strong>, e o homem que Maddie não<br />

conhecia estava olhando para seu pai<br />

com uma expressão ponderadora.<br />

A expressão de Vik era tão<br />

enigmática quanto de costume.


Ela fitou o pai nos olhos, onde<br />

encontrou apenas implacável<br />

determinação.<br />

– Quer que eu me case.<br />

– Quero.<br />

– Com quem? – perguntou, certa de<br />

que ele já deveria ter alguém em mente.<br />

– Um desses quatro homens. – O pai<br />

assentiu na direção de Vik, dos dois<br />

outros gerentes e do homem que ela<br />

não conhecia. – Já conhece Viktor, é<br />

claro, e estou certo de que se lembra de<br />

Steven Withley. – Jeremy assentiu na<br />

direção do gerente que ela tinha quase<br />

certeza de que já fora divorciado uma<br />

vez e que devia ter quase o dobro <strong>da</strong><br />

i<strong>da</strong>de dela.


Atordoa<strong>da</strong> com a situação tão<br />

bizarra, Maddie flagrou-se assentindo<br />

educa<strong>da</strong>mente para os dois homens.<br />

Jeremy indicou o gerente cujo olhar a<br />

deixara arrepia<strong>da</strong>.<br />

– Brian Jones.<br />

Sua expressão era gentil agora, quase<br />

compassiva.<br />

– Pensei que você estivesse noivo. –<br />

Ela mal conseguiu sussurrar.<br />

Maddie não conhecera a noiva dele<br />

na última festa de Natal?<br />

– E está? – perguntou o pai dela, a<br />

irritação evidente na voz. – Srta. Priest?<br />

A assistente pessoal ergueu o olhar<br />

do tablet e franziu a testa.<br />

– Sim, senhor?


– Jones está noivo.<br />

– Está? – A srta. Priest não parecia<br />

muito preocupa<strong>da</strong>. – Ele não é casado.<br />

– Mas serei. – Brian ficou de pé. –<br />

Acho que não serei necessário para o<br />

restante desta reunião. Se me der<br />

licença, senhor?<br />

– Você leu o contrato? – Jeremy<br />

exigiu saber.<br />

– Li.<br />

– E ain<strong>da</strong> assim vai querer ir embora?<br />

– Sim, senhor.<br />

Respeito brilhou nos olhos do pai de<br />

Maddie, que, amarrando a cara, disse:<br />

– Pode ir. – Ele assentiu para o<br />

desconhecido diante de Maddie, como<br />

se as apresentações não houvessem sido


interrompi<strong>da</strong>s pela deserção de um dos<br />

seus candi<strong>da</strong>tos. – Maxwell Black,<br />

presidente <strong>da</strong> BIT.<br />

Com um magnetismo capaz de<br />

rivalizar o de Vik, Maxwell sorriu para<br />

ela.<br />

– Olá, Madison. É bom revê-la.<br />

Ele não era gritantemente sexual,<br />

mas tinha algo que fez com que Maddie<br />

protetoramente abraçasse a si mesma.<br />

Como Vik, o homem irradiava<br />

autori<strong>da</strong>de, mas com um ar pre<strong>da</strong>dor<br />

que ela jamais sentira vindo do futuro<br />

sucessor de seu pai.<br />

Por outro lado, ela jamais fora seu<br />

rival nos negócios.


– Não creio que já tenhamos sido<br />

apresentados.<br />

Ela forçou-se a abaixar os braços.<br />

– Eu a vi no Red Ball, no ano<br />

passado.<br />

Ela se recor<strong>da</strong>va de ter ido ao evento<br />

de cari<strong>da</strong>de que levantara dinheiro para<br />

a pesquisa no campo de enfermi<strong>da</strong>des<br />

cardíacas, mas não se lembrava de tê-lo<br />

visto.<br />

– Eu teria me lembrado.<br />

– Fico feliz em escutá-la dizer isso. –<br />

Seu sorriso era tão branco que chegava<br />

quase a cegar. – Mas o que quis dizer<br />

foi que a vi no baile. Não fomos<br />

apresentados.<br />

– Ah.


Seu pai pigarreou em seu costumeiro<br />

modo desaprovador; contudo, se estava<br />

esperando que Maddie dissesse ser um<br />

prazer conhecer o homem, sob tais<br />

circunstâncias, não conhecia mesmo a<br />

filha que tinha.<br />

E esse fora justamente o problema<br />

dela durante boa parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não<br />

fora?


CAPÍTULO 2<br />

A MANHÃ havia seguido de acordo com<br />

os planos de Viktor até agora, mas o<br />

brilho de fúria nos reluzentes olhos<br />

azuis de Madison estava ameaçando<br />

colocar tudo a perder.<br />

Se Jeremy tivesse deixado<br />

transparecer uma fração que fosse <strong>da</strong><br />

preocupação que Viktor sabia que o<br />

homem mais velho sentia pela filha, ela<br />

estaria reagindo de maneira bem


diferente. Por outro lado, se pai e filha<br />

se dessem perfeitamente bem, ou<br />

mesmo muito bem que fosse, por<br />

necessi<strong>da</strong>de, os próprios planos de<br />

Viktor teriam sido muito diferentes.<br />

– Sabe, eu nunca tive a fantasia de<br />

que você houvesse ligado para me<br />

aju<strong>da</strong>r, para tomar o meu partido, para<br />

variar. Para me proteger porque eu sou<br />

importante para você.<br />

A lin<strong>da</strong> ruiva proferiu as palavras<br />

carrega<strong>da</strong>s de conteúdo emocional em<br />

um tom impassível que Viktor chegou<br />

quase a invejar.<br />

Ela <strong>da</strong>ria uma tremen<strong>da</strong> jogadora de<br />

pôquer.


Contudo, estava mentindo. Madison<br />

não teria aparecido se não achasse que<br />

o pai fosse ajudá-la.<br />

– Você nunca foi uma criança de se<br />

deixar levar por contos de fa<strong>da</strong>s –<br />

retrucou Jeremy.<br />

Viktor poderia ter contido a idiotice<br />

orgulhosa do homem mais velho, mas<br />

isso não colaboraria com os seus planos.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, sentiu uma ligeira<br />

ponta<strong>da</strong> de culpa ante o<br />

estremecimento quase imperceptível de<br />

Madison e o reluzir de dor nas<br />

profundezas azuis dos seus olhos.<br />

Ela recuperou-se rapi<strong>da</strong>mente, sua<br />

expressão suave, quase entedia<strong>da</strong>.


– Não, esse sempre foi o<br />

departamento de mamãe. Ela viveu sob<br />

a falácia de que você se importava<br />

conosco. Eu sei a ver<strong>da</strong>de.<br />

Foi a vez de Jeremy estremecer, e<br />

não foi tão rápido em disfarçar quanto a<br />

filha; contudo, ele tinha de estar em<br />

choque. Madison não costumava atacar<br />

na jugular <strong>da</strong>quela maneira. Na<br />

reali<strong>da</strong>de, em to<strong>da</strong>s as discussões entre<br />

o magnata e a filha que Viktor<br />

testemunhara, ele jamais havia<br />

escutado Madison usar a memória <strong>da</strong><br />

mãe contra o pai.<br />

As feições de porcelana de Madison<br />

não deixaram transparecer qualquer<br />

triunfo ante a sangria emocional.


Em vez disso, a impressão que ela<br />

<strong>da</strong>va é de que na<strong>da</strong> a agra<strong>da</strong>ria mais do<br />

que levantar-se e ir embora. O fato de<br />

ter permanecido no lugar era prova de<br />

que a herdeira podia ser<br />

criminosamente escan<strong>da</strong>losa na sua<br />

vi<strong>da</strong> pessoal, mas não era burra.<br />

Conhecia o pai bem o suficiente para<br />

saber que o arsenal de ameaças de<br />

Jeremy não estava esgotado.<br />

– Você tem cinco minutos.<br />

As palavras de Madison<br />

comprovavam que se <strong>da</strong>va conta de que<br />

o pai tinha mais encorajamentos para<br />

lhe dirigir, mas também que ela tinha<br />

pouca paciência para ficar esperando<br />

para descobrir quais seriam.


O rosto de Jeremy ficou vermelho.<br />

– Como disse?<br />

– Ela está aguar<strong>da</strong>ndo o ataque dos<br />

dois outros dentes do forcado –<br />

informou Viktor.<br />

A careta de Jeremy deixou claro que<br />

entendera o que ela quisera dizer, mas<br />

que não gostava do ultimato sugerido<br />

de que iria se levantar e ir embora se ele<br />

não atendesse as limitações de tempo<br />

impostas por ela.<br />

– Forcado? – perguntou Black.<br />

Viktor poderia ter respondido, mas<br />

não o fez. Não estava nos seus planos<br />

oferecer qualquer informação a<br />

Maxwell Black hoje. Viktor ignorara a<br />

presença dos outros candi<strong>da</strong>tos ao


edor <strong>da</strong> mesa, considerando-os<br />

supérfluos, e, por ele, continuaria a<br />

fazê-lo.<br />

Madison não se mostrou tão<br />

relutante.<br />

– Jeremy jamais entra em uma luta<br />

que não esteja certo de poder vencer.<br />

Por conta disso, ele prefere marcar as<br />

cartas. Ele de cara tem sempre três<br />

cenários, nenhum dos quais vá me<br />

agra<strong>da</strong>r.<br />

– Você chama o seu pai pelo primeiro<br />

nome? – perguntou Black.<br />

Madison lançou um olhar sugestivo<br />

na direção do magnata.<br />

– Como ele mesmo já salientou, não<br />

sou eu na família a perder tempo com


fantasias sentimentais.<br />

O que ela não revelara é que, até<br />

aquela manhã, chamara Jeremy de<br />

papai e, às vezes, até de pai. O fato de<br />

não fazê-lo mais deixava claro o seu<br />

atual estado de espírito.<br />

Não havia dúvi<strong>da</strong>s de que o<br />

presidente <strong>da</strong> empresa drasticamente<br />

metera os pés pelas mãos na sua<br />

abor<strong>da</strong>gem com a filha.<br />

Viktor podia até ter sugerido a<br />

estratégia atual para proteger os<br />

interesses e o futuro <strong>da</strong> AIH, mas ele<br />

jamais teria emboscado Madison com<br />

isso durante uma reunião com<br />

desconhecidos.


Ficara zangado ao se <strong>da</strong>r conta de<br />

que Jeremy sequer se dera ao trabalho<br />

de informar a filha sobre a pauta <strong>da</strong><br />

reunião antes de sua chega<strong>da</strong>. Ela podia<br />

ser fútil e tender a comportamentos<br />

arriscados e escan<strong>da</strong>losos, contudo<br />

merecia mais respeito do que isso.<br />

Viktor não tinha dúvi<strong>da</strong>s de que,<br />

mais cedo ou mais tarde, Jeremy<br />

conseguiria o que queria, muito até<br />

porque ele mesmo <strong>da</strong>ria um jeito para<br />

garantir que isso acontecesse.<br />

Contudo, tinha a crescente<br />

desconfiança de que o custo pessoal<br />

desse sucesso pudesse ser maior para<br />

Jeremy do que o presidente <strong>da</strong> Archer<br />

International Holding antecipava.


Madison lançou um olhar para o<br />

relógio Cartier no seu pulso.<br />

– Seu tempo começa a contar agora,<br />

Jeremy.<br />

– Escola Golden Chances Charter.<br />

– O que tem ela? – perguntou<br />

Madison cautelosamente, uma<br />

rachadura quase imperceptível enfim<br />

aparecendo na sua impassível facha<strong>da</strong>.<br />

– Ao longo dos últimos três anos,<br />

você doou dezenas de milhares de<br />

dólares <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do seu fundo<br />

fideicomisso para melhorias e projetos<br />

na escola.<br />

– Estou ciente disso.<br />

Mas Viktor não estava. Ele começou<br />

a se perguntar o que mais não sabia


sobre Madison.<br />

Os olhos de Jeremy, os únicos traços<br />

que ver<strong>da</strong>deiramente lembravam os <strong>da</strong><br />

filha, refletiram súbito triunfo.<br />

– O zoneamento <strong>da</strong> escola está sob<br />

escrutínio.<br />

– Não estava ontem.<br />

– As coisas mu<strong>da</strong>m.<br />

– Entendo.<br />

Madison voltou a olhar para o<br />

relógio.<br />

– Está fingindo que isso não importa<br />

para você?<br />

– Não. Ain<strong>da</strong> lhe restam dois<br />

minutos.<br />

Viktor estava impressionado.<br />

Madison teria feito um trabalho melhor


de negociar um recente acordo com um<br />

conglomerado japonês do que o gerente<br />

de projeto que haviam enviado para a<br />

Ásia.<br />

Jeremy franziu a testa.<br />

– Ramona Grayson.<br />

– O que tem ela?<br />

Viktor teria cruzado as pernas<br />

defensivamente, caso alguém houvesse<br />

lhe dirigido a palavra no mesmo tom, e<br />

acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong>quele mesmo olhar.<br />

– O pai dela é um bêbado – salientou<br />

Jeremy com evidente desdém ao se<br />

referir ao homem que Madison jamais<br />

fizera segredo de considerar um<br />

segundo pai.


– E o meu é um canalha sem<br />

consciência. Suponho que nós duas<br />

tenhamos saído perdendo na loteria<br />

paterna, embora, tendo a opção, eu<br />

tivesse escolhido Harry Grayson. As<br />

emoções dele podem ser marina<strong>da</strong>s em<br />

álcool, mas, pelo menos, ele as tem.<br />

Viktor já vira Madison zanga<strong>da</strong>. Ele<br />

já a vira magoa<strong>da</strong>, constrangi<strong>da</strong> e até<br />

mesmo seriamente desaponta<strong>da</strong>.<br />

Porém, jamais a havia visto tão<br />

friamente furiosa.<br />

A Madison que Viktor conhecia há<br />

dez anos de modo algum se refletia na<br />

mulher severamente repudiante diante<br />

deles.


Apesar do que as suas palavras<br />

sugeriam, ela amava o pai. No passado,<br />

jamais fora capaz de disfarçar a sua<br />

necessi<strong>da</strong>de de ter a atenção e a<br />

aprovação dele. Seu erro sempre fora a<br />

maneira que escolhera para obter isso.<br />

Ela seguira as pega<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mãe, sem<br />

se <strong>da</strong>r conta de que Jeremy Archer<br />

ficara traumatizado demais com a per<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> mulher para querer ver a sua<br />

natureza au<strong>da</strong>z refleti<strong>da</strong> na única filha<br />

do casal.<br />

– Acha que Ramona enxerga as<br />

coisas desse jeito? – perguntou Jeremy.<br />

– Ou, quem sabe, ela não preferiria um<br />

pai que não estivesse perdido em uma<br />

garrafa?


Madison deu de ombros.<br />

– Não é algo que tenhamos o<br />

costume discutir.<br />

– Ain<strong>da</strong> assim, a destruição do<br />

negócio do pai dela, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> falência<br />

e <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de tudo que ele tem, deve<br />

doer um bocado, não acha?<br />

Com um gesto de pouco caso que ia<br />

contrário à fúria azul no seu olhar,<br />

Madison retirou o celular <strong>da</strong> bolsa.<br />

– Você tem exatamente quinze<br />

segundos para retirar <strong>da</strong> mesa essa<br />

tática de coerção.<br />

– Ou o quê?<br />

– Dez.<br />

E, pela primeira vez na lembrança de<br />

Viktor, o infalível homem de negócios


Jeremy Archer cometeu um erro em<br />

uma negociação. Ele silenciosamente<br />

pagou para ver o blefe <strong>da</strong> filha.<br />

Ele presumira que, como ela não<br />

tinha interesse nos negócios, Madison<br />

não fosse capaz do mesmo nível de<br />

obstinação que ele.<br />

Viktor sabia por experiência própria<br />

que não era só porque pai e filho viviam<br />

vi<strong>da</strong>s distintas que eles não teriam<br />

traços de personali<strong>da</strong>de em comum.<br />

Madison levou o celular ao ouvido.<br />

– Não – falou Viktor.<br />

Madison apenas sacudiu a cabeça.<br />

– Sinto muito, Viktor.<br />

Só podia haver um motivo para ela<br />

lhe pedir desculpas. O que quer que


tivesse planejado teria um efeito<br />

depreciativo sobre a AIH, e, por tabela,<br />

sobre o trabalho e o ganha-pão de<br />

Viktor.<br />

As possíveis implicações ain<strong>da</strong><br />

estavam se formando no cérebro dele<br />

quando ela fez contato com o advogado<br />

responsável pelo Fundo Madison.<br />

– Olá, sr. Bellingham. Preciso que o<br />

senhor providencie alguns documentos<br />

para mim. Estou man<strong>da</strong>ndo agora<br />

mesmo as instruções por mensagem de<br />

texto.<br />

Segundos mais tarde, foi possível<br />

escutar a voz agita<strong>da</strong> do advogado ao<br />

telefone.


Madison escutou em silêncio por um<br />

instante, antes de responder:<br />

– É, ele sabe. Está sentado bem na<br />

minha frente. Na reali<strong>da</strong>de, foi ele<br />

quem colocou isso em movimento.<br />

O fato de o imperturbável sr.<br />

Bellingham continuar falando tão alto<br />

que Viktor quase podia lhe distinguir as<br />

palavras deu a entender a natureza <strong>da</strong>s<br />

instruções de Madison.<br />

– Tenho certeza absoluta. E, sr.<br />

Bellingham? Se a sua firma deseja<br />

manter o Fundo Madison como cliente<br />

em 65 dias, quando ele ficará sob o<br />

meu controle, sugiro que tenha os<br />

papéis prontos para eu assinar quando<br />

passar pelo seu escritório hoje à tarde.


A resposta desta vez foi mais<br />

tranquila.<br />

– Obriga<strong>da</strong>, sr. Billingham.<br />

Madison devolveu o celular à bolsa e<br />

encarou o pai, sua expressão<br />

desafiando-o a perguntar o que ela<br />

fizera.<br />

Jeremy permaneceu obstina<strong>da</strong>mente<br />

silencioso, ou talvez estivesse em<br />

choque. Ele tinha de saber o conteúdo<br />

provável <strong>da</strong>queles documentos, ou<br />

talvez não.<br />

Talvez Jeremy Archer erroneamente<br />

achasse que a Archer International<br />

Holdings fosse importante o bastante<br />

para a filha para que ela não fizesse o


que Viktor tinha quase certeza de que<br />

fizera.<br />

– O que dizem os documentos? –<br />

perguntou Viktor por fim, não<br />

querendo basear qualquer decisão em<br />

suposições.<br />

– Como sabe, por conta do acordo<br />

financeiro feito pelo vovô Madison com<br />

Jeremy quando ele se casou com minha<br />

mãe, o Fundo Madison detém vinte e<br />

cinco por cento <strong>da</strong>s ações particulares<br />

<strong>da</strong> AIH.<br />

– Essas ações são a sua herança –<br />

afirmou Jeremy.<br />

– Romi é minha amiga.<br />

– Quer dizer que lhe deu parte de<br />

suas ações? – perguntou Viktor, no


fundo sabendo que não seria tão<br />

simples.<br />

– Se a empresa do sr. Grayson estiver<br />

sendo ameaça<strong>da</strong> pela AIH ou qualquer<br />

outra empresa mesmo que<br />

remotamente afilia<strong>da</strong> a ela, um minuto<br />

após a meia-noite do meu vigésimo<br />

quinto aniversário to<strong>da</strong>s as ações serão<br />

passa<strong>da</strong>s para o nome de Harry<br />

Grayson pessoalmente. Não para o de<br />

sua empresa.<br />

– Não pode fazer isso.<br />

– Posso.<br />

Madison lembrou mais o pai naquele<br />

instante do que em qualquer outro.<br />

– E se a empresa dele não estiver sob<br />

ameaça? – perguntou Viktor,


suspeitando que tivesse sido a<br />

increduli<strong>da</strong>de de Jeremy ante a ameaça<br />

<strong>da</strong> filha que houvesse precipitado<br />

algum tipo de ação permanente <strong>da</strong><br />

parte dela.<br />

– Metade <strong>da</strong>s minhas ações será<br />

transferi<strong>da</strong> para Romi.<br />

Jeremy ficou de pé, seu rosto ficando<br />

vermelho, seus olhos estreitando de<br />

fúria.<br />

– Você não vai assinar tais<br />

documentos.<br />

– Vou. Teve a sua chance de tirar <strong>da</strong><br />

mesa como item de negociação a<br />

felici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> minha amiga, mas se<br />

recusou a fazê-lo.


– Isso é insani<strong>da</strong>de – afirmou Steven<br />

Whitley, pronunciando-se pela primeira<br />

vez desde que fora apresentado a<br />

Madison. – Mesmo metade de suas<br />

ações tem um valor estimado em<br />

dezenas de milhões.<br />

– Romi não terá de se preocupar com<br />

um pai bêbado arruinando a sua vi<strong>da</strong>,<br />

não é? – perguntou Madison para o pai,<br />

como se tivesse sido ele a tocar na<br />

questão do valor <strong>da</strong>s ações.<br />

Jeremy bateu na mesa com a mão<br />

espalma<strong>da</strong>.<br />

– Não estou arruinando a sua vi<strong>da</strong>,<br />

Madison. Você mesma já fez um<br />

excelente trabalho no tocante a isso.


– Não, não fiz. Mas não espero que<br />

acredite nisso.<br />

– Você não vai doar doze e meio por<br />

cento <strong>da</strong> minha empresa!<br />

Viktor não sabia dizer se Jeremy se<br />

dera conta de que, efetivamente,<br />

retirara <strong>da</strong> mesa a terceira ponta de<br />

suas ameaças. De modo algum ele iria<br />

permitir que Harry Grayson fosse o<br />

dono de vinte e cinco por cento <strong>da</strong><br />

AIH.<br />

Jeremy e Madison eram por demais<br />

parecidos. Ambos eram capazes de ir a<br />

extremos pelo que era importante para<br />

eles. O problema é que, enquanto<br />

Madison era muito importante para<br />

Jeremy, ela não acreditava nisso, e


Jeremy era delibera<strong>da</strong>mente cego para<br />

o que Madison precisava dele.<br />

Além disso, a AIH vinha em primeiro<br />

lugar para Jeremy, e as pessoas de quem<br />

Madison gostava vinham em primeiro<br />

lugar para ela. Naquele instante, as<br />

duas priori<strong>da</strong>des estavam em conflito<br />

direto.<br />

Se Viktor não assumisse o controle as<br />

coisas iriam de mal a pior.<br />

– Sente-se, Jeremy – instruiu Viktor<br />

ao homem mais velho em um tom de<br />

voz que era respeitoso, porém firme.<br />

Lançando um olhar fulminante para<br />

a filha, Jeremy voltou para a sua<br />

poltrona.


– Esta reunião saiu dos trilhos e acho<br />

que está na hora de reagruparmos.<br />

Jeremy assentiu.<br />

Viktor ficou de pé e ajeitou o paletó<br />

antes de <strong>da</strong>r a volta na mesa e estender<br />

a mão para Madison.<br />

– Venha comigo.<br />

– O que está fazendo, Viktor? –<br />

perguntou Jeremy.<br />

– Madison e eu temos algumas coisas<br />

a conversar.<br />

Steven amarrou a cara para ele.<br />

– Você sabe que não é o único<br />

candi<strong>da</strong>to. O contrato foi oferecido para<br />

nós quatro.<br />

– Sou o único que importa.


Um retorcer quase imperceptível do<br />

canto <strong>da</strong> boca do seu patrão deixou<br />

evidente que ele sabia que era ver<strong>da</strong>de,<br />

contudo Jeremy disse:<br />

– Acho que cabe a Madison decidir.<br />

A <strong>da</strong>ma em questão deixou escapar<br />

um som de desdém.<br />

– Certo. Se a decisão é minha,<br />

presumo que ela tenha de ser feita<br />

entre os homens que incluiu nesta<br />

reunião. Um deles já era noivo, outro<br />

tem i<strong>da</strong>de para ser o meu pai e com um<br />

histórico de casamentos fracassados, e o<br />

outro é um completo desconhecido. E<br />

não podemos esquecer Viktor.<br />

– Maxwell Black é um homem que<br />

vale a pena ser conhecido.


Apesar de isso poder ser ver<strong>da</strong>de,<br />

Viktor não apreciou que Jeremy o<br />

houvesse salientado. Dois garotos de<br />

origem russa, criados para apreciar uma<br />

cultura que não era totalmente<br />

americana, Maxwell e Viktor haviam<br />

crescido juntos, suas famílias chega<strong>da</strong>s,<br />

seus objetivos similares.<br />

Meio que amigos, contudo<br />

demasia<strong>da</strong>mente semelhantes, ambos<br />

os homens estavam determinados a<br />

deixar a sua marca no mundo, e chegar<br />

ao topo <strong>da</strong> cadeia alimentar.<br />

Devido aos caminhos diferentes que<br />

haviam tomado para alcançar posições<br />

dominantes do mundo dos negócios, os<br />

interesses de Viktor e Maxwell jamais


haviam entrado em conflito antes de<br />

hoje.<br />

Por sorte, as palavras do pai não<br />

pareceram impressionar Madison.<br />

Ela virou-se de modo a poder fitar<br />

nos olhos o presidente <strong>da</strong> BIT.<br />

– Sr. Black, não se deixe enganar pela<br />

ignorância delibera<strong>da</strong> de Jeremy. Os<br />

artigos não passam de mentiras<br />

inventa<strong>da</strong>s por um homem que pensei<br />

ser meu amigo. Perry e eu jamais<br />

tivemos um relacionamento, quanto<br />

mais um relacionamento<br />

sadomasoquista.<br />

A mágoa por trás <strong>da</strong>quelas palavras<br />

levou Viktor a fazer alguns planos no<br />

tocante a Perry Timwatter.


– Eu acredito.<br />

A afirmação de Maxwell provou que<br />

ele era tão inteligente quanto Viktor<br />

sempre soubera que fosse.<br />

Madison relaxou quase<br />

imperceptivelmente.<br />

– Ótimo.<br />

– Independentemente dos motivos<br />

para a nossa reunião, eu gostaria de vir<br />

a conhecê-la, srta. Archer. – Maxwell –<br />

maldito seja – sorriu simpaticamente<br />

para Madison. – Parece-me ser uma<br />

pessoa muito interessante.<br />

Ela inclinou a cabeça.<br />

– Obriga<strong>da</strong>, mas...<br />

– Não desconsidere de cara a<br />

possibili<strong>da</strong>de de sermos compatíveis. –


Maxwell a interrompeu, com outro de<br />

seus sorrisos letais. – Aposto que<br />

poderia ensiná-la a gostar de algumas<br />

<strong>da</strong>s coisas de que foi acusa<strong>da</strong> de<br />

precisar.<br />

A exclamação de surpresa de<br />

Madison deixou claro que ficara<br />

choca<strong>da</strong> com as palavras de Maxwell.<br />

Se foram as palavras em si, ou o local<br />

onde escolheu dizê-las, Viktor não<br />

saberia dizer, e não importava. Ele não<br />

ficara surpreso. Maxwell sabia usar o<br />

que tinha de forte a seu favor, e<br />

explorava as fraquezas dos outros.<br />

Transformar as manchetes sujas em<br />

algo proibido, porém potencialmente<br />

excitante, era uma boa tática para li<strong>da</strong>r


com a atual situação e com a<br />

humilhação que Madison tinha de estar<br />

sentindo, mesmo não deixando<br />

transparecer.<br />

Infelizmente para Maxwell, Viktor<br />

não iria permitir que o seu plano<br />

funcionasse.<br />

Na<strong>da</strong> se interporia entre Viktor e o<br />

controle <strong>da</strong> AIH. Nem mesmo a própria<br />

Madison. Porém, especialmente, não<br />

Maxwell Black.<br />

Claramente incomo<strong>da</strong>do com as<br />

palavras de Maxwell, Jeremy deixou<br />

escapar um som de protesto.<br />

Antes que o homem mais velho<br />

pudesse dizer qualquer coisa, Viktor


estava diante de Maxwell, colocando-se<br />

entre ele e Madison.<br />

– Isso não é algo que você vá discutir<br />

aqui, ou com Madison.<br />

– Acha mesmo que não? – desafiou<br />

Black.<br />

– Sei que não.<br />

– Não preciso <strong>da</strong> sua proteção, Viktor<br />

– falou Madison baixinho, atrás dele.<br />

Ele virou-se para ela, mas não saiu do<br />

lugar, de modo que, para fitá-la, Black<br />

teria de se levantar e <strong>da</strong>r um passo para<br />

o lado.<br />

– Ain<strong>da</strong> assim você a tem.<br />

Ela sacudiu a cabeça, e ele não<br />

saberia dizer se fora de frustração ou<br />

em negação.


– Não estou nem perto de aceitar a<br />

oferta dele. Estou certa de que mesmo a<br />

mais bran<strong>da</strong> desse tipo de relação exige<br />

confiança. Confiança que eu não tenho.<br />

Não nos homens, principalmente<br />

homens com as mesmas priori<strong>da</strong>des<br />

que Jeremy Archer. Homens de<br />

negócios.<br />

Ela fez a palavra parecer uma ofensa.<br />

Contudo, Viktor não acreditou nela.<br />

Madison confiava nele. Sempre<br />

confiara, mesmo que não se desse conta<br />

disso.<br />

Maxwell ficou de pé, sua postura um<br />

pouco relaxa<strong>da</strong> demais para o gosto de<br />

Viktor. Ele gostou menos ain<strong>da</strong> quando


o outro homem o contornou de modo a<br />

poder encarar Madison.<br />

– Entendo.<br />

– Ótimo.<br />

– Na<strong>da</strong> no contrato diz que<br />

precisamos dividir o mesmo quarto de<br />

dormir.<br />

Os olhos de Madison brilharam<br />

com... seria interesse?<br />

Viktor praguejou baixinho.<br />

– Para receberem as cotas<br />

estipula<strong>da</strong>s, Madison e o marido terão<br />

de providenciar um herdeiro para a<br />

Archer International Holdings.<br />

Toma<strong>da</strong> de fúria, Madison deixou<br />

escapar uma exclamação de surpresa.


Antes que ela pudesse dizer qualquer<br />

coisa, Maxwell deu de ombros.<br />

– Sempre há a opção de inseminação<br />

artificial.<br />

– Enquanto vivemos duas vi<strong>da</strong>s<br />

completamente separa<strong>da</strong>s? – perguntou<br />

Madison em um tom que Viktor<br />

reconheceu. Contudo, a julgar pela<br />

reação de Maxwell e Jeremy, eles não.<br />

Jeremy bufou de raiva, enquanto o<br />

outro russo-americano assentiu<br />

presunçosamente.<br />

– Seríamos casados apenas no nome?<br />

– perguntou ela, o nível de repulsa<br />

elevando-se tanto que os outros<br />

deveriam ter notado.<br />

Não notaram.


– Não.<br />

Viktor se cansara do jogo de palavras.<br />

Madison lançou-lhe um olhar, como<br />

se estivesse questionando o direito dele<br />

de fazer tal pronunciamento.<br />

– Esse tipo de relação seria incerto<br />

demais para a saúde <strong>da</strong> AIH – salientou<br />

Viktor.<br />

A decepção cruzou os olhos azuis de<br />

Madison, mas ela disfarçou a emoção<br />

quase instantaneamente. Viktor<br />

praguejou em silêncio.<br />

Seu pai, to<strong>da</strong>via, assentiu<br />

vigorosamente.<br />

– Isso mesmo.<br />

– Acho que sua filha já provou que é<br />

mais do que capaz de tomar as próprias


decisões.<br />

A admiração de Maxwell era<br />

irritantemente aparente.<br />

– Não assinarei o contrato – afirmou<br />

Jeremy implacavelmente.<br />

O presidente <strong>da</strong> BIT não pareceu<br />

preocupado.<br />

As feições de Madison voltaram a<br />

ficar impassíveis quando ela fitou o pai.<br />

– Acha mesmo que eu concor<strong>da</strong>ria<br />

com esse tipo de casamento?<br />

Jeremy pareceu ficar sem palavras,<br />

talvez enfim se <strong>da</strong>ndo conta de que<br />

Madison não teria interesse em um<br />

negócio tão frio e calculado.<br />

– Por outro lado, acreditou nas<br />

mentiras de Perry, não acreditou?


– Eu nunca disse isso.<br />

Deveria estar se <strong>da</strong>ndo conta de seu<br />

colossal erro de julgamento ao li<strong>da</strong>r<br />

com a filha; contudo, sendo quem era,<br />

o patrão de Viktor jamais recuaria.<br />

Madison puxou a sua cópia do<br />

contrato <strong>da</strong> pilha diante de si e ficou de<br />

pé.<br />

– Presumo que não fará na<strong>da</strong> no<br />

tocante às mentiras de Perry, certo?<br />

– Eu já fiz. Acha que este acordo diz<br />

respeito apenas à AIH? Isso é tão<br />

importante para você quanto a<br />

reputação <strong>da</strong> minha empresa. – Era<br />

evidente que Jeremy acreditava no que<br />

estava dizendo, contudo Viktor<br />

certificara-se de que o presidente <strong>da</strong>


empresa enxergasse as coisas<br />

exatamente do mesmo modo que ele. –<br />

Assim que estiver casa<strong>da</strong> com um<br />

homem poderoso com uma reputação<br />

impecável, poderá começar a deixar<br />

para trás os excessos de sua juventude.<br />

– Minha vi<strong>da</strong> na<strong>da</strong> tem a ver com a<br />

sua empresa.<br />

Viktor não estava disposto a permitir<br />

que aquela conversa continuasse se<br />

deteriorando, o que com certeza<br />

aconteceria se os dois continuassem<br />

falando.<br />

– Conrad liberará um comunicado à<br />

imprensa categoricamente negando as<br />

alegações de Timwater – informou


Viktor, antes que outra palavra pudesse<br />

ser dita.<br />

O coordenador de mídia ergueu os<br />

olhos do seu tablet.<br />

– Eu vou?<br />

Seriamente desapontado com a falta<br />

de dedicação que o homem tinha para<br />

com a filha do presidente <strong>da</strong> empresa,<br />

Viktor não escondeu isso de Conrad.<br />

– Vai fazer muito mais do que isso.<br />

Se tivesse feito o seu trabalho direito,<br />

para começo de conversa, essa situação<br />

to<strong>da</strong> não teria acontecido.<br />

– Proteger a srta. Archer de seu<br />

próprio comportamento exacerbado<br />

jamais foi <strong>da</strong> minha competência –<br />

alegou Conrad com irritação.


– Por acaso notou a que<strong>da</strong> na<br />

confiança nos produtos AIH na<br />

imprensa digital hoje de manhã? –<br />

perguntou Viktor. – Ou achou ter sido<br />

apenas coincidência que o fenômeno<br />

tivesse começado a ocorrer meia hora<br />

depois dos tabloides terem chegado às<br />

bancas?<br />

O coordenador de mídia engoliu em<br />

seco e sacudiu a cabeça.<br />

Jeremy também não parecia na<strong>da</strong><br />

satisfeito.<br />

– Seu trabalho é proteger a imagem<br />

desta empresa e qualquer um associado<br />

a ela capaz de impactar na nossa<br />

reputação na comuni<strong>da</strong>de financeira –<br />

salientou Viktor em tom duro.


– Sim, senhor.<br />

– A não ser que seja demais para<br />

você. Talvez prefira assumir uma<br />

posição de relações públicas em um<br />

asilo para idosos?<br />

A ameaça foi clara. O normalmente<br />

imperturbável coordenador de mídia<br />

empalideceu.<br />

– Eu cui<strong>da</strong>rei disso.<br />

– Deveria ter cui<strong>da</strong>do de tudo no<br />

instante em que os tabloides foram<br />

colocados à ven<strong>da</strong>.<br />

Conrad não discutiu. Fizera besteira.<br />

– Não sei o que você passou a<br />

reunião to<strong>da</strong> fazendo no seu tablet,<br />

mas, fosse o que fosse, não era tão


importante quanto estar cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />

situação to<strong>da</strong> com Madison.<br />

– Eu estava escrevendo o anúncio do<br />

noivado.<br />

– Entendo. Asilos são bons demais,<br />

então. Talvez devesse estar escrevendo<br />

publici<strong>da</strong>de para agências de<br />

relacionamento online – sugeriu Viktor.<br />

Risa<strong>da</strong>s ecoaram pela sala, e Jeremy<br />

deixou escapar um som de sarcástica<br />

aprovação, contudo foi <strong>da</strong> alegria<br />

genuína de Madison que Viktor mais<br />

gostou.<br />

– Vou precisar <strong>da</strong> sua assinatura em<br />

uma ação civil contra Perry Timwater –<br />

falou Conrad para Madison.<br />

– Não.


A resposta de Madison não<br />

surpreendeu Viktor, que tratou de se<br />

adiantar a qualquer argumento que o<br />

coordenador de mídia e Jeremy<br />

pudessem ter.<br />

– O homem era amigo dela. Madison<br />

não vai querer processá-lo.<br />

– Grande amigo – comentou Conrad.<br />

A reação ligeiramente ofendi<strong>da</strong> de<br />

Madison enfureceu Viktor.<br />

– Temos outros caminhos que<br />

podemos tomar para pressioná-lo.<br />

Quero uma retratação de Perry a tempo<br />

para o noticiário noturno. Faça parecer<br />

que foi uma pia<strong>da</strong> que um amigo fez<br />

com o outro.<br />

Viktor dirigiu-se para Madison.


– Para o ver<strong>da</strong>deiro controle de<br />

<strong>da</strong>nos, você vai ter de fazer uma<br />

entrevista pessoal em um dos grandes<br />

programas de notícias de celebri<strong>da</strong>des,<br />

e encontrar-se com um jornalista que<br />

tenha uma audiência maior do que a do<br />

artigo original.<br />

– O que eu puder fazer – respondeu<br />

ela, surpreendendo-o com sua<br />

convicção e aceitação.<br />

Viktor franziu pensativamente a<br />

testa. Algo no escân<strong>da</strong>lo preocupara<br />

Madison o suficiente para ela buscar a<br />

aju<strong>da</strong> do pai.<br />

Jeremy podia não enxergar, mas, ao<br />

contrário de seus outros escân<strong>da</strong>los,<br />

Madison queria aquele esclarecido, e a


ecusa do pai em levá-lo a sério a<br />

incomo<strong>da</strong>ra um bocado.<br />

Viktor precisava descobrir por que<br />

aquilo significava tanto para ela.<br />

Voltou a estender a mão.<br />

– Venha comigo. Conversaremos<br />

sobre o plano do seu pai, e tomaremos<br />

as decisões que forem necessárias.<br />

Ela parecia pronta para discutir.<br />

Ele sorriu para ela.<br />

– Será que é tanto assim para pedir?<br />

Já mandei Conrad fazer o que fosse<br />

necessário para consertar isso para você.<br />

– Vai mandá-lo parar se eu me<br />

recusar?<br />

– Não.


Era importante que Madison se desse<br />

conta de que podia confiar em Viktor<br />

para cui<strong>da</strong>r dela. Ele tinha de ser o<br />

único candi<strong>da</strong>to que ela considerasse<br />

seriamente para ser o seu noivo.<br />

Pois seu marido um dia assumiria a<br />

AIH, e Viktor tinha to<strong>da</strong> a intenção de<br />

que tal homem fosse ele.<br />

– Tudo bem – falou Madison,<br />

ajeitando a bolsa debaixo do braço.<br />

– Só um minuto – disse Jeremy.<br />

– Sei o que você quer – afirmou<br />

Viktor.<br />

– Mas...<br />

– Alguma vez deixei de cui<strong>da</strong>r dos<br />

seus interesses em uma negociação?


– Não. – No rosto de Jeremy<br />

estampou-se aquela expressão<br />

implacável pela qual ele era conhecido.<br />

– Apenas não se esqueça de que a<br />

cooperação de Madison não é a única<br />

coisa que está em jogo no momento.<br />

A ameaça não surpreendeu e nem<br />

incomodou Viktor.<br />

Passara dez anos trabalhando para<br />

aquele homem, e seu objetivo final<br />

enfim estava ao seu alcance. Viktor não<br />

ia deixá-lo escapar.


CAPÍTULO 3<br />

MADDIE ACOMPANHOU Vik até o Le<br />

Mason, não se surpreendendo nem um<br />

pouco quando o maître encontrou uma<br />

mesa para eles em um canto tranquilo<br />

do perpetuamente lotado restaurante.<br />

– Já tomou café <strong>da</strong> manhã?<br />

Ela sacudiu a cabeça. Ele pediu<br />

panquecas, especiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> casa, para<br />

ela e um café para si mesmo.


– Trouxe-me até aqui para me<br />

lembrar de dias melhores? – perguntou<br />

ela, certa de saber a resposta.<br />

– Eu a trouxe até aqui porque você<br />

costumava adorar as panquecas de<br />

banana <strong>da</strong>qui, e achei que poderia<br />

tentá-la a comer.<br />

Seu corpo de cerca de 1,90 m deveria<br />

parecer esquisito na cadeira média do<br />

restaurante, mas não parecia. Com o<br />

cabelo escuro penteado para trás, a<br />

barba benfeita e um corpo capaz de<br />

despertar a inveja <strong>da</strong> maioria dos atletas<br />

vestido em um terno italiano feito sob<br />

medi<strong>da</strong>, na<strong>da</strong> que dizia respeito a<br />

Viktor poderia ser chamado de<br />

esquisito.


Fazendo o possível para ignorar a sua<br />

pura perfeição masculina, Maddie<br />

ajeitou o guar<strong>da</strong>napo sobre o colo.<br />

– Como sabia que eu ain<strong>da</strong> não havia<br />

comido?<br />

– Adivinhei.<br />

– Eu costumava parar de comer<br />

quando estava estressa<strong>da</strong>.<br />

Ela se surpreendeu por ele se<br />

lembrar.<br />

– Está me dizendo que isso mudou?<br />

– Não.<br />

Muita coisa ain<strong>da</strong> era igual, mas não<br />

estava disposta a lhe dizer isso.<br />

Não podia se esquecer de que os<br />

interesses de Viktor ali estavam<br />

alinhados estritamente com os do pai


dela, não com os seus. Ele deixara isso<br />

bem claro seis anos atrás, e na<strong>da</strong><br />

mu<strong>da</strong>ra.<br />

Sim, Viktor conseguira que Conrad<br />

se concentrasse em conter o frenesi <strong>da</strong><br />

mídia no tocante à entrevista de Perry<br />

sobre o suposto rompimento, mas ele o<br />

fizera pelo bem <strong>da</strong> empresa.<br />

Novamente. Não por Maddie.<br />

Independentemente de quaisquer<br />

que fossem seus planos agora, tinha o<br />

bem-estar <strong>da</strong> AIH como objetivo, disso<br />

ela tinha certeza. E, se ela fosse leva<strong>da</strong><br />

junto com a maré, que assim fosse.<br />

– Dê-me uma visão geral do<br />

contrato.


Estava morbi<strong>da</strong>mente curiosa sobre o<br />

que o pai fizera para convencer um<br />

homem como Viktor Beck, ou até<br />

Maxwell Black, a desposá-la.<br />

As sobrancelhas escuras de Vik se<br />

ergueram.<br />

– Confia em mim para lhe contar<br />

tudo que seja importante?<br />

Responder com sinceri<strong>da</strong>de não<br />

apenas faria de suas palavras anteriores<br />

uma mentira, mas faria dela uma tola.<br />

– Eu lerei o documento mais tarde<br />

para me certificar.<br />

– Seu pai aceita que você não será a<br />

sua sucessora.<br />

– E qual foi a primeira dica que ele<br />

teve?


Ela se recusara a se formar em<br />

economia e recusara qualquer pedido,<br />

exigência e até mesmo súplica para que<br />

aceitasse um emprego na empresa.<br />

– Realmente precisa que eu as<br />

enumere?<br />

– Não.<br />

– Basta dizer que Jeremy enfim<br />

aceitou que você jamais será a<br />

presidente <strong>da</strong> Archer International<br />

Holdings.<br />

Parecia haver mais satisfação do que<br />

decepção no tom de voz de Vik ao<br />

declarar isso.<br />

– Certamente representaria um<br />

obstáculo no caminho <strong>da</strong> ascensão <strong>da</strong><br />

sua própria carreira, se eu fosse.


Os olhos cor de café de Vik<br />

rapi<strong>da</strong>mente reluziram de surpresa<br />

repremi<strong>da</strong>.<br />

Ela sorriu, satisfeita de que ele ain<strong>da</strong><br />

não houvesse se <strong>da</strong>do conta de que ela<br />

soubesse.<br />

– Acha mesmo que é segredo que<br />

você cobiça o cargo?<br />

– É uma empresa de família.<br />

– Que você pretende coman<strong>da</strong>r um<br />

dia, e, se Jeremy não se dá conta disso,<br />

é porque delibera<strong>da</strong>mente não quer<br />

enxergar.<br />

– É um dos seus maiores defeitos.<br />

– Acha mesmo?<br />

– Ele não a enxerga pelo que você é e<br />

nem pelo que precisa dele.


– Certa vez, tentou mostrar para ele.<br />

No ano anterior à sua desajeita<strong>da</strong><br />

tentativa de sedução.<br />

Achara que o fato de que Vik a<br />

defendera significava que ele gostava<br />

dela. Contudo, pensando melhor, teve<br />

de chegar à conclusão de que a amizade<br />

que ele oferecera fora uma ferramenta<br />

para alcançar seus próprios objetivos.<br />

Obter a total confiança de Jeremy<br />

Archer.<br />

Poderia ter informado Vik de que ser<br />

seu amigo não lhe traria nenhuma<br />

vantagem. Para isso acontecer o pai<br />

teria de se importar um pouquinho que<br />

fosse com ela. Ele não se importava.


A única coisa que importava para<br />

Jeremy Archer era a empresa. Ele<br />

desposara a sua mãe para obter a<br />

injeção de capital necessária para tornar<br />

a AIH uma <strong>da</strong>s líderes no mercado<br />

internacional. Seu único interesse em<br />

Madison sempre fora como uma<br />

sucessora em potencial.<br />

– Ele desistiu de mim porque sabe<br />

que jamais serei a herdeira dos seus<br />

negócios.<br />

Por mais que magoasse pensar assim,<br />

aju<strong>da</strong>va a entender a sua falta de<br />

preocupação ante o “Perrygate”.<br />

– A única coisa de que Jeremy<br />

desistiu é do plano de atraí-la para os<br />

negócios.


Não acreditando por um segundo<br />

que fosse nisso, Maddie sacudiu a<br />

cabeça.<br />

– Você o escutou. Até você se<br />

intrometer, ele não tinha qualquer<br />

intenção de man<strong>da</strong>r Conrad me aju<strong>da</strong>r.<br />

– Seu pai, às vezes, deixa de enxergar<br />

o quadro todo.<br />

– E tudo que ele consegue ver é o<br />

objetivo final.<br />

Ele sequer se dera conta de como o<br />

escân<strong>da</strong>lo afetara adversamente a<br />

reputação <strong>da</strong> AIH.<br />

– É.<br />

Maddie aguardou até que a<br />

garçonete houvesse colocado as<br />

panquecas sobre a mesa e ido embora.


– E que objetivo é esse?<br />

– Vê-la casa<strong>da</strong> com um homem<br />

capaz de ser preparado para ser o<br />

sucessor dele.<br />

– Se o meu pai não conseguir o que<br />

quer de mim, me usará para obtê-lo,<br />

não é isso?<br />

– É uma versão bem simplifica<strong>da</strong>, e<br />

não inteiramente ver<strong>da</strong>deira.<br />

Maddie não ia perder o seu tempo<br />

discutindo algo que ambos sabiam ser<br />

ver<strong>da</strong>de, mas que Vik era leal demais<br />

para admitir.<br />

– Jeremy quer que seu sucessor seja<br />

<strong>da</strong> família. Que tradicional.<br />

– Será uma maneira de garantir que<br />

os netos herdem o seu legado intacto.


– O que é importante.<br />

– Para ele, é.<br />

O cheiro <strong>da</strong>s panquecas, <strong>da</strong>s bananas<br />

frescas e <strong>da</strong> cobertura a estavam<br />

deixando com água na boca.<br />

– E quanto a você?<br />

– Precisa perguntar?<br />

– AIH é a sua vi<strong>da</strong>.<br />

Tanto quanto sempre fora a do pai<br />

dela.<br />

– Prefiro ver a AIH como o veículo<br />

para a realização de meus próprios<br />

sonhos.<br />

– Não sabia que homens como você<br />

sonhavam.<br />

– Sem visionários na direção,<br />

empresas como a AIH atrofiariam e


morreriam.<br />

– Então considera o meu pai um<br />

sonhador muito dedicado – comentou<br />

ela com sarcasmo, antes de,<br />

prazerosamente, colocar na boca uma<br />

garfa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s panquecas.<br />

Vik riu.<br />

– É uma maneira de ver as coisas.<br />

– E seus sonhos pessoais incluem um<br />

dia ser presidente <strong>da</strong> AIH.<br />

– Isso.<br />

De certa forma, a sinceri<strong>da</strong>de dele a<br />

surpreendeu e encantou.<br />

– Puxa, suponho que por trás dessa<br />

facha<strong>da</strong> de homem de negócio<br />

americano realmente bata um coração<br />

russo.


– Meus avós gostariam de achar que<br />

sim.<br />

Ela lhe ofereceu uma garfa<strong>da</strong> de<br />

panqueca com banana.<br />

– E quanto aos seus pais?<br />

Vik aceitou a garfa<strong>da</strong> e Maddie se<br />

viu atormenta<strong>da</strong> por lembranças de<br />

quando haviam sido amigos e todos os<br />

sonhos dela haviam sido centrados<br />

naquele homem.<br />

– Desde que me entendo por gente,<br />

minha mãe é carta fora do baralho.<br />

Meu pai é como um vírus de<br />

computador. Insiste em retornar.<br />

Ela sorriu.<br />

– Eu deveria dizer que sinto muito,<br />

mas ter um pai que o enlouquece o


torna mais humano.<br />

Vik deu de ombros, e Maddie não<br />

pôde deixar de se perguntar se ele não<br />

mencionara o pai para estabelecer<br />

algum tipo de vínculo com ela.<br />

Há muito Vik já superara o seu pai<br />

no departamento <strong>da</strong> manipulação.<br />

Afinal, Jeremy Archer achava que ain<strong>da</strong><br />

estava no comando <strong>da</strong> AIH. Contudo,<br />

qualquer um com um pouco de massa<br />

cinzenta e acesso à empresa poderia<br />

perceber que já fazia vários anos que o<br />

espetáculo era de Vik.<br />

– De quem foi a ideia de jogar Steven<br />

Whitley e Brian Jones aos leões?<br />

– Ora, vamos, não é como se fosse<br />

um grande sacrifício receber uma


oportuni<strong>da</strong>de dessas.<br />

– Casamento com a filha pródiga<br />

levando a uma eventual presidência <strong>da</strong><br />

empresa?<br />

Para um homem como Vik, poderia<br />

valer muito a pena.<br />

– Não diria que você se encaixa na<br />

descrição de pródiga.<br />

– Não?<br />

– Você não detonou a sua herança.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, é surpreendentemente<br />

responsável no âmbito fiscal.<br />

– Obriga<strong>da</strong>, eu acho.<br />

– Não abandonou a sua família para<br />

conhecer o mundo.<br />

– Deixei a casa <strong>da</strong> família.<br />

Ele piscou para ela.


– Mas permaneceu na ci<strong>da</strong>de.<br />

– O que posso dizer? Adoro São<br />

Francisco.<br />

– E o seu pai.<br />

– Prefiro não falar sobre isso.<br />

– Entendido. – Seu sorriso<br />

incendiou-lhe as terminações nervosas.<br />

– Até mesmo a sua notorie<strong>da</strong>de com a<br />

mídia não é do tipo escan<strong>da</strong>losa.<br />

– Até o “Perrygate”.<br />

Vik fez um gesto de pouco caso ante<br />

a importância <strong>da</strong>s mentiras de Perry.<br />

– Isso pode ser contornado.<br />

– Mas, falando sério, Whitley e<br />

Jones? – perguntou ela, voltando ao<br />

âmago <strong>da</strong> questão.<br />

Vik deu de ombros.


– Dentro <strong>da</strong> empresa, são os mais<br />

indicados para realizar o serviço.<br />

– Casar-se comigo?<br />

– Tornar-se o próximo presidente.<br />

– Além de você.<br />

– Além de mim.<br />

– Você é o único candi<strong>da</strong>to de<br />

ver<strong>da</strong>de.<br />

– É assim que eu gosto de pensar.<br />

– E, então, temos Maxwell Black.<br />

Os olhos de Vik se estreitaram, suas<br />

profundezas cor de café tornando-se<br />

quase negras.<br />

– Seu pai jamais aprovará o tipo de<br />

casamento que Black sugeriu.<br />

– E se for o único tipo de casamento<br />

que eu estiver disposta a aceitar? –


provocou ela.<br />

– Jeremy contratará uma barriga de<br />

aluguel e terá seu próprio filho, na<br />

esperança de ter sucesso com ele onde<br />

falhou com você.<br />

Totalmente desprepara<strong>da</strong> para a<br />

resposta, vários segundos se passaram<br />

antes que ela pudesse respirar<br />

novamente.<br />

– Ele não é mais nenhum garoto.<br />

– Está com 57 anos de i<strong>da</strong>de.<br />

– Ele não seria tão cruel.<br />

E Maddie não quis dizer com ela.<br />

Nenhuma criança merecia nascer para<br />

ser apenas uma peça no tabuleiro de<br />

xadrez. Ninguém sabia disso melhor do<br />

que ela.


Maddie se retirara do jogo, contudo<br />

tivera a lembrança <strong>da</strong> mãe para lhe <strong>da</strong>r<br />

forças e coragem.<br />

Essa criança teria apenas Jeremy<br />

Archer.<br />

Estremeceu ante a ideia.<br />

– Não vou ter um filho apenas para<br />

ele, ou para ser colocado na mesma<br />

posição que eu fui.<br />

– Você quer filhos.<br />

Não havia dúvi<strong>da</strong> na voz de Vik.<br />

– Um dia.<br />

– Independentemente de quando<br />

vier a tê-los, ou de com quem venha a<br />

tê-los, Jeremy vai querer deixar a<br />

empresa para eles.<br />

– Eu sei.


O papel do pai na sua vi<strong>da</strong> e o<br />

destino de qualquer filho que pudesse<br />

vir a ter já fora algo sobre o qual passara<br />

várias horas conversando com a sua<br />

analista, a dra. Mackenzie.<br />

– Isso não é ruim.<br />

Maddie já se dera conta disso.<br />

Apesar de seus sentimentos em relação<br />

à AIH serem antagônicos demais para<br />

jamais querer fazer parte <strong>da</strong> empresa,<br />

considerando que sempre a vira como a<br />

enti<strong>da</strong>de que mantinha o pai longe<br />

dela, isso não significava<br />

automaticamente que seus filhos fossem<br />

sentir o mesmo.<br />

– Falou algo sobre eu ter um filho ser<br />

necessário para o homem que eu


desposar assumir a AIH.<br />

– Assim que nosso primeiro filho<br />

nascer, minha sucessão à presidência<br />

será anuncia<strong>da</strong>. Seu pai assumirá um<br />

papel menos ativo como presidente do<br />

conselho administrativo no seu<br />

sexagésimo aniversário.<br />

– E se eu não tiver tido filhos até<br />

então?<br />

– Só me tornarei presidente quando<br />

tivermos tido o nosso primeiro filho.<br />

– E se não pudermos ter filhos?<br />

– Nós podemos.<br />

– Parece tão certo.<br />

– E estou.<br />

Lembrou-se do ultrassom que o<br />

médico pedira como parte do seu


último check-up solicitado pela<br />

empresa. Maddie achara esquisito, mas,<br />

como seu plano de saúde era pago pela<br />

AIH, não se recusou a fazê-lo.<br />

– Jeremy mandou fazer testes de<br />

fertili<strong>da</strong>de em mim.<br />

– Apenas preliminares, mas o<br />

suficiente para saber que, exceto por<br />

algo que fuja à regra, não deverá ter<br />

problemas para conceber.<br />

– Isso é tão intrusivo.<br />

Vik na<strong>da</strong> disse, e, para falar a<br />

ver<strong>da</strong>de, Maddie não sabia o que<br />

queria que ele dissesse. Não tinha<br />

certeza de que a ideia do teste houvesse<br />

sido to<strong>da</strong> do pai.<br />

– E o que mais?


– O contrato me concede cinco por<br />

cento <strong>da</strong> empresa no nosso quinto<br />

aniversário. Outros cinco por cento ao<br />

nascimento de ca<strong>da</strong> filho nosso, desde<br />

que não exce<strong>da</strong> dez por cento.<br />

– Quanta generosi<strong>da</strong>de me permitir<br />

ter dois filhos.<br />

Sempre sonhara em ter ou adotar<br />

pelo menos quatro, criando um lar<br />

repleto de amor e alegria.<br />

– O contrato não limita o número de<br />

filhos que você pode ter, apenas os<br />

incentivos em ações que receberei para<br />

tê-los.<br />

Ela ignorou o modo como Vik<br />

continuava a presumir que era a única<br />

opção.


– O que mais?<br />

– Quando o seu pai falecer, se já<br />

estivermos casados há mais de dez anos,<br />

receberei mais cinco por cento <strong>da</strong><br />

empresa. Os cinquenta por cento<br />

restantes <strong>da</strong> empresa serão colocados<br />

em um fundo fideicomisso para os<br />

nossos filhos, com direito de voto<br />

estendendo-se apenas para os nossos<br />

filhos que estiverem ativamente<br />

envolvidos na administração <strong>da</strong><br />

empresa no núcleo executivo. Eu terei<br />

direito de veto sobre to<strong>da</strong>s as votações<br />

familiares.<br />

– Mas os outros filhos receberão a<br />

ren<strong>da</strong> vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ações?<br />

– Receberão.


– Parece complicado.<br />

Por outro lado, o pai dela estava<br />

longe de ser um homem simples.<br />

– Jeremy quer um legado, e você<br />

deixou claro que não quer fazer parte<br />

dele.<br />

– Sendo assim, ele me cortou do<br />

testamento.<br />

– Apenas no que diz respeito ao<br />

direito sobre a AIH.<br />

– Entendo.<br />

No fundo, ela não estava nem aí. O<br />

Fundo Madison providenciava to<strong>da</strong> a<br />

ren<strong>da</strong> de que ela precisava para<br />

sobreviver. Tal ren<strong>da</strong> seria reduzi<strong>da</strong><br />

assim que houvesse transferido para


Romi parte <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> empresa, mas<br />

Maddie não se importava.<br />

Sua maior despesa sempre fora para<br />

manter as aparências como Madison<br />

Archer, socialite. Por ela, tal parte de<br />

sua vi<strong>da</strong> poderia ir para o inferno. Se o<br />

pai quisesse que ela continuasse<br />

mantendo as aparências, ele que<br />

bancasse suas roupas de grifes e<br />

convites para eventos de cari<strong>da</strong>de.<br />

– Há mais alguma coisa que diga<br />

respeito a mim no contrato?<br />

– Seu pai gostaria que vivêssemos em<br />

Parean Hall.<br />

A mansão <strong>da</strong> família Madison, vazia<br />

desde a morte do avô de Maddie, de


infarto fulminante ao saber <strong>da</strong> morte<br />

acidental <strong>da</strong> filha, nove anos atrás.<br />

– Tenho planos para aquela casa.<br />

Estava incluí<strong>da</strong> no seu fundo e<br />

passaria para ela quando completasse<br />

25 anos de i<strong>da</strong>de.<br />

– Que planos?<br />

– Não é <strong>da</strong> sua conta.<br />

– Satisfaça a minha curiosi<strong>da</strong>de.<br />

Sem responder, Maddie concentrouse<br />

em terminar as suas panquecas. Vik<br />

não insistiu.<br />

Por fim o seu silêncio paciente a<br />

convenceu a contar para ele.<br />

– Quero fun<strong>da</strong>r uma escola aberta<br />

aos alunos do sistema de adoção<br />

público.


– Um orfanato.<br />

– Não, uma escola para crianças<br />

superdota<strong>da</strong>s com circunstâncias<br />

familiares incomuns.<br />

Um lugar onde as crianças pudessem<br />

se desenvolver em segurança.<br />

Por vários instantes, Vik bebeu<br />

pensativamente o seu café.<br />

– E como iria financiar essa escola?<br />

– Uma grande parte <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do<br />

meu fundo iria para ela anualmente,<br />

contudo também pretendo arreca<strong>da</strong>r<br />

fundos em meio aos endinheirados<br />

desta ci<strong>da</strong>de. Aprendi um bocado sobre<br />

angariação de fundos desde o meu<br />

primeiro trabalho voluntário para a


campanha do prefeito quando era<br />

adolescente.<br />

– Seu pai não faz a menor ideia de<br />

como a sua vi<strong>da</strong> é cheia.<br />

– Não, não faz.<br />

E Vik também tinha uma ideia bem<br />

vaga. Ela parara de lhe contar sobre os<br />

seus planos e ativi<strong>da</strong>des quando ele a<br />

rejeitara tão sumariamente, seis anos<br />

atrás.<br />

Vik relaxou na poltrona.<br />

– A proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família Madison<br />

é uma casa grande, mesmo pelos<br />

padrões <strong>da</strong> elite de São Francisco, mas<br />

eu não diria que é o local ideal para<br />

uma escola. Tanto em se tratando <strong>da</strong>


arquitetura <strong>da</strong> construção quanto de<br />

localização.<br />

– Ah, não acha que o lugar de<br />

crianças pobres seja entre os ricos? –<br />

desafiou ela.<br />

A acusação não pareceu ofendê-lo.<br />

– Acho que a obtenção dos alvarás<br />

custará mais do que valerá a pena.<br />

– Originariamente, aquela seção <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de fora zonea<strong>da</strong> para ter uma<br />

escola, que jamais foi construí<strong>da</strong>.<br />

– E acha que as guias de zoneamento<br />

não serão mu<strong>da</strong><strong>da</strong>s assim que os seus<br />

vizinhos souberem de seus planos?<br />

– Não pretendo fazer alarde.<br />

– Terá de solicitar os alvarás,<br />

contratar funcionários... Não poderá


manter em segredo durante muito<br />

tempo.<br />

– Está dizendo que é então que a<br />

briga começará?<br />

– Estou.<br />

– Mas por que os residentes irão se<br />

importar de haver uma escola na<br />

vizinhança? Os planejadores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

claramente tinham a intenção de que<br />

houvesse uma.<br />

– E o fato de não haver uma deveria<br />

lhe dizer alguma coisa.<br />

– Mas...<br />

– Eu encontrarei um imóvel melhor<br />

para você.<br />

Maddie não queria ter de vender a<br />

casa do avô. Não que suas lembranças


de lá fossem as melhores. Vovô<br />

Madison fazia Jeremy Archer parecer<br />

afetuoso e caloroso, mas as histórias <strong>da</strong><br />

mãe de sua própria infância ali sempre<br />

foram muito alegres.<br />

Madison sempre lamentara não ter<br />

conhecido a avó, Grace Madison.<br />

– Eu terei de vender a mansão para<br />

financiar outra compra.<br />

Por mais que não quisesse fazê-lo. A<br />

escola era importante demais, e Vik<br />

tinha razão, como de costume. A<br />

oposição que encontraria a uma escola<br />

para os menos privilegiados na<br />

vizinhança seria feroz.<br />

Vik sacudiu a cabeça.<br />

– Eu comprarei o outro imóvel.


– Em troca do quê?<br />

– Considere o meu presente de<br />

casamento para você.<br />

– Quanta presunção.<br />

– Sou o único homem que permitirei<br />

que você considere.<br />

Olhos escuros fitaram os dela com<br />

inconfundível determinação.<br />

Ela tentou ignorar os arrepios que<br />

percorriam o seu corpo.<br />

– Está supondo que eu concor<strong>da</strong>rei<br />

em me casar.<br />

– Seu pai não se deu conta, mas eu<br />

sabia que tudo de que ele precisava era<br />

<strong>da</strong> primeira ameaça para convencê-la a<br />

concor<strong>da</strong>r com os planos dele.<br />

– Acha mesmo?


– Por acaso está em algum outro<br />

relacionamento?<br />

Maddie não viu por que mentir.<br />

– Não.<br />

– Está saindo com alguém?<br />

– Não. Por que está perguntando<br />

isso?<br />

– Porque, se estivesse em um<br />

relacionamento com alguém que fosse<br />

importante para você, seu pai poderia<br />

fazer a pressão que fosse, que não a<br />

convenceria a desposar outra pessoa.<br />

Nisso ele tinha razão.<br />

– Você acha que me conhece tão<br />

bem.<br />

– Sei que o seu pai significa mais para<br />

você do que quer que ele saiba.


– Não se trata do que eu quero.<br />

O pai achava que não importava para<br />

Maddie porque ela não era importante<br />

para ele. Não de um modo pessoal.<br />

– Jeremy não irá recuar no tocante a<br />

isso.<br />

– Por que agora?<br />

– Você precisa perguntar?<br />

– Preciso.<br />

Dera muita pouca bola para o<br />

escân<strong>da</strong>lo de Perry para ter sido isso a<br />

gota d’água a levá-lo a querer ver a filha<br />

casa<strong>da</strong>.<br />

– Já há algum tempo Jeremy tem<br />

estado preocupado com o que<br />

acontecerá quando você tiver acesso à<br />

maior parte do seu fundo.


– Agora, ele sabe.<br />

– Não acho que ele tinha previsto<br />

isso.<br />

– Não, jamais lhe passou pela cabeça<br />

que eu pudesse propositalmente colocar<br />

a AIH em risco.<br />

– Não.<br />

– Só que, aparentemente, a ideia de<br />

que eu pudesse me casar com alguém<br />

que fizesse isso já ocorrera a Jeremy.<br />

– É.<br />

Algo no jeito de Vik passou a<br />

impressão de que ele pudesse ter mais a<br />

ver com isso do que a paranoia do pai<br />

de Maddie.<br />

– Quer dizer que ele já estava<br />

considerando como faria para que eu


me casasse com o homem de sua<br />

escolha? E está usando o “Perrygate”<br />

apenas como desculpa.<br />

Vik fez sinal para que trouxessem a<br />

conta.<br />

– Acho que a reali<strong>da</strong>de é que ele tem<br />

muito medo que você acabe com o sr.<br />

Timwater. Seu pai faria qualquer coisa<br />

para evitar isso.<br />

– Para proteger a reputação e o<br />

futuro <strong>da</strong> empresa.<br />

Considerando a falta de sucesso de<br />

Perry em suas próprias empreita<strong>da</strong>s de<br />

negócios, era compreensível que o pai o<br />

quisesse longe de qualquer parte <strong>da</strong><br />

AIH.


– Às vezes acho que você é tão<br />

delibera<strong>da</strong>mente cega quanto o seu pai.<br />

– Vik sacudiu a cabeça. – Ele quer<br />

impedi-la de se casar com um homem<br />

capaz de ir a público com alegações<br />

como a que Perry fez na sua entrevista.<br />

– E Jeremy acredita que você seja<br />

uma escolha muito melhor.<br />

– E você não? – perguntou Viktor,<br />

seu tom um tanto sardônico.<br />

Maddie se recusou a responder.<br />

– Perry jamais esteve na corri<strong>da</strong>.<br />

– Várias matérias na mídia ao longo<br />

dos últimos seis anos sugeririam o<br />

contrário.<br />

– É, porque a mídia jamais erra.


– Você jamais negou, nem<br />

publicamente e nem para o seu pai.<br />

– É aí que você se engana. – E a<br />

ver<strong>da</strong>de não lhe trazia qualquer<br />

satisfação. – Falei para o meu pai que<br />

Perry não passava de um amigo, mas<br />

ele não acreditou. Sempre esteve mais<br />

interessado em suas próprias<br />

interpretações e as <strong>da</strong> mídia do que<br />

quer que eu pudesse ter a dizer.<br />

– Não acho que seja ver<strong>da</strong>de, mas ele<br />

é teimoso.<br />

– Você também é, no modo como<br />

sempre o defende.<br />

– Por acaso me respeitaria se eu não<br />

demonstrasse leal<strong>da</strong>de pelos meus<br />

amigos?


– Meu pai é seu amigo?<br />

– É.<br />

Não havia como duvi<strong>da</strong>r de sua<br />

sinceri<strong>da</strong>de. Ela também costumava<br />

achar que Vik fosse seu amigo.<br />

Aí as coisas mu<strong>da</strong>ram.<br />

Agora, estava encarando a reali<strong>da</strong>de,<br />

e ela não era simplesmente que o pai<br />

quisesse que se casasse com Vik, mas o<br />

próprio homem também queria. Ambos<br />

tinham os seus motivos; contudo,<br />

apesar de diferentes, tais motivos<br />

giravam em torno <strong>da</strong> AIH, e não de<br />

Maddie.<br />

Não fazia ideia de onde ela figurava<br />

nisso tudo, sé é que figurava como algo<br />

além de uma peça de menor


importância no tabuleiro de xadrez.<br />

Com certeza não se sentia como uma<br />

rainha.


CAPÍTULO 4<br />

– EU VOLTAREI às 15 horas para<br />

acompanhá-la até o escritório do<br />

advogado – informou Vik, quando<br />

Maddie destrancou a porta e entrou.<br />

– Tem certeza? Acho que existe aqui<br />

um conflito de interesse.<br />

– Prefere ir sozinha?<br />

– Não.<br />

Ain<strong>da</strong> mais após testemunhar o circo<br />

armado pela mídia diante do seu


prédio. Os paparazzi sempre a acharam<br />

interessante, mas jamais <strong>da</strong>quela<br />

maneira. E só tendia a ficar pior. Havia<br />

conseguido sair se esgueirando pelos<br />

fundos naquela manhã, mas agora<br />

havia parasitas <strong>da</strong> mídia ron<strong>da</strong>ndo<br />

todos os acessos ao prédio.<br />

Estava esperando que Vik fosse<br />

man<strong>da</strong>r o seu motorista deixá-la na<br />

garagem do prédio, mas só pôde ficar<br />

grata por ele ter insistido para saltar e<br />

acompanhá-la até a porta do<br />

apartamento.<br />

Ele mantivera o seu corpo<br />

protetoramente posicionado entre ela e<br />

os repórteres que haviam invadido a<br />

garagem.


– A segurança vai tratar de esvaziar a<br />

garagem – informou Vik após uma<br />

breve troca de mensagens de texto.<br />

Eles saíram do elevador para um<br />

corredor que, para o alívio de Maddie,<br />

estava vazio.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, olhando para os dois<br />

lados, Vik a conduziu até a porta.<br />

– Você precisa de um esquema de<br />

segurança.<br />

Ela deu de ombros, preferindo não<br />

ter aquela discussão agora, tendo suas<br />

dúvi<strong>da</strong>s se a venceria.<br />

– Quando foi a última vez que trocou<br />

o segredo <strong>da</strong> fechadura? – perguntou<br />

ele, quando ela abriu a porta.


Olhou para ele, desejando que não se<br />

visse sem fôlego ca<strong>da</strong> vez que o fazia.<br />

– Por que eu haveria de trocá-lo?<br />

– Pelo menos, diga que mandou<br />

instalar fechaduras novas quando se<br />

mudou para cá.<br />

– Por que eu haveria de fazê-lo? –<br />

Ela voltou a perguntar. – Estou certa de<br />

que a administração do prédio se<br />

encarregou disso quando os inquilinos<br />

anteriores se mu<strong>da</strong>ram <strong>da</strong>qui.<br />

Sua expressão deixou clara que ele<br />

não compartilhava <strong>da</strong> confiança dela.<br />

– O apartamento não é próprio?<br />

– Não.<br />

Sempre estivera em seus planos<br />

mu<strong>da</strong>r-se para a mansão assim que


ecebesse a sua herança.<br />

– Além do inquilino anterior, quem<br />

tem a chave desta porta?<br />

– Romi. – Ela fez uma careta. – Perry,<br />

mas ele não vai <strong>da</strong>r as caras aqui.<br />

Sacudindo a cabeça, Vik sacou o<br />

celular e fez uma ligação.<br />

– Desative os cartões de acesso<br />

registrados para o apartamento de<br />

Madison Archer e providencie cartões<br />

novos para a própria, para Ramona<br />

Grayson e para mim. – Ele escutou em<br />

silêncio por um instante. – Sim, mande<br />

entregar o <strong>da</strong> srta. Grayson para ela, e<br />

os outros no meu escritório. Eu<br />

entregarei o <strong>da</strong> srta. Archer quando a<br />

vir, esta tarde. Enquanto estivermos


fora, quero um sistema de segurança<br />

instalado, junto com trancas de<br />

primeira.<br />

No dia anterior, a arrogância de Vik<br />

a teria enfurecido. Hoje? Parecia apenas<br />

que havia alguém cui<strong>da</strong>ndo dela.<br />

– Sabe, para um tubarão<br />

coorporativo, até que você é bom em<br />

bancar o cavaleiro branco.<br />

– Eu dou um bom aliado – retrucou<br />

Vik, guar<strong>da</strong>ndo o celular.<br />

– Mas um inimigo de <strong>da</strong>r medo, eu<br />

aposto.<br />

– Jamais terá de descobrir.<br />

– Mesmo se eu rejeitar o ultimato do<br />

meu pai?


Ela preferiu não mencionar que,<br />

mesmo que concor<strong>da</strong>sse, ain<strong>da</strong> poderia<br />

escolher desposar um homem diferente.<br />

Ambos sabiam que havia pouca<br />

chance de isso acontecer.<br />

Apesar de suas peripécias de<br />

juventude, não se casaria com um<br />

homem que acabara de conhecer e nem<br />

com um saído de vários divórcios.<br />

Vik estendeu a mão, levando-a à<br />

nuca de Maddie, e adiantou-se até que<br />

meros centímetros os separassem, o<br />

calor irradiado pelo seu corpo<br />

envolvendo-a como se fosse um casulo<br />

estranhamente protetor. Ele na<strong>da</strong> falou,<br />

apenas ficou a fitá-la com aqueles<br />

intensos olhos escuros.


– Viktor? – Ela conseguiu por fim<br />

sussurrar, suas terminações nervosas em<br />

chamas e seu coração em dispara<strong>da</strong>.<br />

– Você jamais será minha inimiga,<br />

Madison.<br />

– Está tão confiante assim que eu<br />

farei o que você quer?<br />

– Confio em você. É diferente.<br />

Ele não poderia ter dito algo mais<br />

garantido de persuadi-la. Pessoas que<br />

acreditavam em Maddie eram preciosas<br />

em sua vi<strong>da</strong>. E, desde aquela manhã,<br />

havia uma a menos.<br />

Os olhos cor de café continuavam a<br />

aprisioná-la com eficiência maior do<br />

que a mão na sua nuca.<br />

– Confia em mim?


– E eu tenho escolha? – in<strong>da</strong>gou ela,<br />

em uma tentativa de sarcasmo.<br />

– Não. – Em contraparti<strong>da</strong>, não havia<br />

humor na resposta dele. Inclinando a<br />

cabeça, ele se deteve apenas quando<br />

seus lábios estavam quase se tocando. –<br />

Não tem. E sabe por quê?<br />

– Por que não me diz? – falou ela<br />

sussurrando.<br />

– Você já escolheu.<br />

A boca de Vik cobriu a dela, e o<br />

coração de Maddie bateu ain<strong>da</strong> mais<br />

forte quando choques de prazer<br />

passaram dos seus lábios para os dela.<br />

Uma sensação que ela conhecera<br />

apenas uma vez antes, apesar do fato de<br />

ter tentado beijar outros homens. Seis


anos atrás, quando decidira que a<br />

melhor forma de celebrar ter se tornado<br />

adulta seria contar para o homem por<br />

quem estivera apaixona<strong>da</strong> há anos que<br />

o amava.<br />

Nem mesmo a lembrança <strong>da</strong> antiga<br />

humilhação era capaz de mitigar a<br />

sensação de êxtase que se apossava dela<br />

ante aquele vínculo primordial.<br />

O beijo não demorara muito, apenas<br />

alguns segundos, mas poderiam ter sido<br />

horas, a julgar pelo impacto que tivera<br />

nela. Quando Vik afastou-se e deu um<br />

passo para trás, Maddie teve de se<br />

impedir de ir atrás dele.<br />

– Três <strong>da</strong> tarde. Desligue o som do<br />

seu celular. Man<strong>da</strong>rei uma mensagem


de texto.<br />

Ela assentiu, atordoa<strong>da</strong> com um<br />

simples beijo. Não era um bom sinal no<br />

que dizia respeito ao seu equilíbrio<br />

emocional.<br />

Relutou em admitir que o magnata<br />

Viktor Beck poderia muito bem ser<br />

mais perigoso para a Maddie de quase<br />

25 anos de i<strong>da</strong>de do que o garoto de<br />

ouro de Archer fora para ela quando<br />

adolescente.<br />

– Entre e tranque a porta, Madison.<br />

Ela assentiu, contudo não se moveu<br />

enquanto tentava reconciliar o presente<br />

com o passado.<br />

Ele sacudiu a cabeça, um sorriso<br />

esboçando-se nos lábios.


– Você vai me <strong>da</strong>r trabalho.<br />

– É o que o meu pai costuma dizer.<br />

– Eu estava pensando em um tipo<br />

diferente de trabalho. – Vik passou o<br />

dedo pelo lábio inferior dela. – Pode<br />

acreditar.<br />

– Ah, é mesmo?<br />

O simples toque fazia os seus lábios<br />

formigarem, e um ardor que se<br />

equiparava ao <strong>da</strong> voz dele apossou-se<br />

do seu corpo.<br />

Seu sorriso alargou-se, e foi quase tão<br />

bom quanto o beijo.<br />

Não era ela quem <strong>da</strong>ria trabalho.<br />

– Até mais tarde. – Por fim,<br />

conseguiu dizer.


Fechar a porta atrás de si, quando<br />

voltou para dentro do apartamento, foi<br />

mais difícil do que deveria ter sido.<br />

Usando o celular pré-pago que<br />

comprara para a voluntária Maddie<br />

Grace usar como número de contato,<br />

ela ligou para a escola e avisou que não<br />

poderia ir trabalhar por alguns dias.<br />

Não podia correr o risco de ser flagra<strong>da</strong><br />

na sua identi<strong>da</strong>de de Maddie Grace e<br />

ver a melhor parte <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong><br />

arruina<strong>da</strong> pelo furor <strong>da</strong> mídia.<br />

A próxima ligação que fez foi para<br />

Romi, que começou a praguejar em<br />

francês quando Maddie lhe contou que<br />

Jeremy estava usando o “Perrygate”


para forçá-la a concor<strong>da</strong>r com um<br />

casamento que ele aprovasse.<br />

Maddie não contou para Romi a<br />

respeito <strong>da</strong> ameaça à empresa do pai<br />

dela, nem sobre a sua própria resposta a<br />

isso. Romi iria exigir que a amiga não<br />

assinasse os documentos.<br />

– O que você vai fazer? Vai se casar<br />

com o homem por quem está<br />

apaixona<strong>da</strong> há dez anos?<br />

– Aquilo não passou de uma paixão<br />

de colegial. Estou com 24 anos de i<strong>da</strong>de<br />

agora.<br />

– E ain<strong>da</strong> virgem. Ain<strong>da</strong> evitando<br />

relacionamentos.<br />

– Não sou a única.


O silêncio de Romi foi praticamente<br />

uma confirmação.<br />

– Além do mais, eu poderia me casar<br />

com um dos outros.<br />

– Pois sim.<br />

– Maxwell Black me ofereceu um<br />

casamento de conveniência com filhos<br />

por inseminação artificial.<br />

– Max era parte do acordo do seu pai?<br />

– Romi exigiu saber em um tom<br />

ligeiramente mais estridente do que o<br />

normal.<br />

– Você conhece Maxwell – constatou<br />

Maddie com serie<strong>da</strong>de.<br />

Silêncio.<br />

– Um pouco.


– Mais do que um pouco, se o chama<br />

de Max.<br />

– Nós saímos algumas vezes.<br />

– Você nunca me contou.<br />

– Não foi na<strong>da</strong> de mais.<br />

Contudo, não era o que dizia o tom<br />

carregado de vulnerabili<strong>da</strong>de de Romi.<br />

– Acho que ele achou intrigantes as<br />

alegações de Perry sobre a nossa<br />

suposta vi<strong>da</strong> sexual – alertou Maddie.<br />

– Eu sei.<br />

– Você o quê? Como sabe disso?<br />

– Eu tenho de soletrar para você?<br />

– Você ain<strong>da</strong> é virgem.<br />

Era o que Romi dissera, e, apesar de<br />

ser, para todos os efeitos, uma<br />

anarquista política, hiperativa e de se


vestir um tanto ecleticamente, ela<br />

nunca mentia.<br />

– Tecnicamente, é ver<strong>da</strong>de.<br />

– Tecnicamente?<br />

– Olha, Maddie, eu não quero falar<br />

sobre isso.<br />

Maddie não pôde ignorar a<br />

impotência e vulnerabili<strong>da</strong>de na voz de<br />

Romi.<br />

– Tudo bem, queri<strong>da</strong>. Mas sabe que<br />

estou aqui para o que você precisar, não<br />

sabe?<br />

– Sempre. IPE.<br />

– IPE.<br />

Irmãs por escolha.<br />

A mãe de Maddie se referira a elas<br />

desse jeito quando estava explicando


para o diretor <strong>da</strong> escola primária que as<br />

meninas se <strong>da</strong>riam melhor tendo a<br />

mesma professora no jardim de<br />

infância.<br />

Depois disso, elas jamais ficaram em<br />

turmas separa<strong>da</strong>s.<br />

Compartilharam tudo, inclusive a<br />

tristeza ante a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> única mãe que<br />

ambas as meninas haviam conhecido<br />

quando a lancha de Helene Archer<br />

chocou-se com as pedras invisíveis sob a<br />

luz de um céu sem lua.<br />

Não era à toa que Maddie tinha uma<br />

propensão para correr riscos.<br />

Ela entendia que o comportamento<br />

ca<strong>da</strong> vez mais excêntrico <strong>da</strong> mãe fora o<br />

jeito de Helene de pedir aju<strong>da</strong>. Uma


aju<strong>da</strong> de que nem Maddie e nem seu<br />

pai perceberam que Helene precisava.<br />

Era um fracasso que Maddie ain<strong>da</strong><br />

estava tentando aceitar.<br />

A MENSAGEM de texto de Vik chegou<br />

faltando dez minutos para as 15h.<br />

Estava em uma videoconferência que<br />

não podia ser adia<strong>da</strong>, mas dois guar<strong>da</strong>costas<br />

estariam na porta dela em alguns<br />

minutos. Ela não deveria abrir a porta<br />

até ver os conhecidos crachás de<br />

identificação <strong>da</strong> equipe de segurança <strong>da</strong><br />

AIH através do olho mágico.<br />

A limusine a estava aguar<strong>da</strong>ndo<br />

diante dos elevadores na garagem.<br />

Graças a Deus, não avistou nenhum


epórter de vigília. A equipe de<br />

segurança havia se certificado disso.<br />

Um dos guar<strong>da</strong>-costas abriu a porta do<br />

veículo e ela o adentrou, só então se<br />

<strong>da</strong>ndo conta de que Vik estava<br />

realizando a sua videoconferência no<br />

seu celular.<br />

Com ca<strong>da</strong> fio de seu cabelo escuro<br />

perfeitamente penteado e o seu terno<br />

feito sob medi<strong>da</strong> imaculado, ele<br />

assentiu para ela enquanto prosseguia<br />

com a sua conversa em japonês.<br />

Suas palavras sem hesitação, seu<br />

japonês impecável, e, no entanto,<br />

Maddie não pôde deixar de sentir que a<br />

sua atenção estava to<strong>da</strong> volta<strong>da</strong> para<br />

ela.


Como se ela importasse.<br />

Sucumbindo ao desejo de sentar-se<br />

ao lado dele, Maddie acomodou-se no<br />

assento de couro macio diante do<br />

coordenador de mídia <strong>da</strong> AIH. Alivia<strong>da</strong><br />

que os guar<strong>da</strong>-costas não tivessem<br />

instruções de se juntarem a eles na<br />

parte de trás <strong>da</strong> limusine, ficou feliz que<br />

pelo menos o outro ocupante lhe <strong>da</strong>va<br />

uma desculpa para ceder ao seu<br />

capricho irresistível.<br />

A necessi<strong>da</strong>de de estar perto de Vik<br />

estava fugindo ao controle, exatamente<br />

como acontecera seis anos atrás.<br />

Maddie queria colocar a culpa nas<br />

circunstâncias extraordinárias, mas não<br />

sabia se poderia fazer isso.


O especialista em relações públicas<br />

interrompeu a digitação enlouqueci<strong>da</strong><br />

no seu tablet para assentir para ela, com<br />

um sorriso que pareceu mais uma<br />

careta.<br />

A entrevista de Perry deflagrara um<br />

terrível frenesi de mídia, além de<br />

qualquer coisa que Maddie já houvesse<br />

experimentado. Havia até especulações<br />

agora de que algumas de suas<br />

empreita<strong>da</strong>s mais arrisca<strong>da</strong>s haviam<br />

sido por conta de ordens do seu mestre.<br />

E isso nem era o pior. Maddie não fazia<br />

ideia de como era possível que uma<br />

virgem fosse rotula<strong>da</strong> de vicia<strong>da</strong> em<br />

sexo com evidentes problemas de


intimi<strong>da</strong>de, mas ela parara de ler as<br />

mensagens após tal manchete.<br />

A limusine havia deixado a garagem<br />

do seu prédio quando Vik encerrou a<br />

sua ligação.<br />

– Tudo bem? – perguntou para<br />

Maddie.<br />

Sinceri<strong>da</strong>de revelaria um nível de<br />

vulnerabili<strong>da</strong>de que não estava<br />

confortável em compartilhar com Vik,<br />

muito menos com Conrad. Não fazia<br />

ideia de como a sua vi<strong>da</strong> escapara ao<br />

controle tão rapi<strong>da</strong>mente.<br />

E o “Perrygate” era apenas parte<br />

disso. O ultimato do pai e a certeza de<br />

que a relação dos dois jamais seria o<br />

que ela sempre desejara foram seguidos


<strong>da</strong> igualmente alarmante, embora por<br />

motivos diferentes, constatação de que,<br />

de fato, estava considerando casar-se<br />

com a sua paixão de quando garota.<br />

– Estou bem.<br />

– Ótimo – falou Conrad, como se<br />

houvesse sido ele a fazer a pergunta. –<br />

Conter esse banho de sangue <strong>da</strong> mídia<br />

vai exigir sério esforço, e você vai<br />

precisar estar na sua melhor forma.<br />

Ele não precisava lhe dizer isso.<br />

Maddie passara o tempo todo desde<br />

que Vik a deixara em casa se<br />

preocupando com o que aconteceria se<br />

não conseguisse recuperar a sua<br />

reputação.


A perspectiva real demais de perder<br />

os seus sonhos de abrir uma pequena<br />

escola apertou-se na garganta de<br />

Maddie, que apenas assentiu.<br />

Assim que a mídia começasse a<br />

examinar mais de perto a vi<strong>da</strong> de<br />

Maddie, seu alter ego invariavelmente<br />

viria à luz do dia, e era praticamente<br />

garantido que perderia o seu trabalho<br />

como voluntária.<br />

Apesar de gostar do anonimato de<br />

Maddie Grace, tomara apenas medi<strong>da</strong>s<br />

rudimentares para manter as suas duas<br />

vi<strong>da</strong>s separa<strong>da</strong>s. Afinal de contas, não<br />

era James Bond, mas apenas uma<br />

socialite que queria contribuir como<br />

uma pessoa normal.


A única razão pela qual ninguém até<br />

agora ter notado que Maddie Grace e<br />

Madison Archer eram a mesma pessoa<br />

é que a notícia simplesmente não era<br />

tão interessante assim. Ou, pelo menos,<br />

não fora até agora.<br />

Sua notorie<strong>da</strong>de como a Madison<br />

“Doidivanas” fora do tipo inocente, boa<br />

apenas para preencher buraco nas<br />

colunas sociais, mas não picante o<br />

bastante para afetar a circulação. Sendo<br />

assim, jamais fora interessante o<br />

bastante para ser alvo de ver<strong>da</strong>deiras<br />

investigações.<br />

Não tinha dúvi<strong>da</strong>s de que os<br />

repórteres estavam se preparando para


isso agora. O “Perrygate” fora um prato<br />

cheio para os mexeriqueiros.<br />

O mais doloroso nos apuros de<br />

Madison era que não se tratava apenas<br />

do sonho dela que estava em jogo.<br />

Romi também estava igualmente<br />

empolga<strong>da</strong> com a escola.<br />

Após enviar mais uma mensagem de<br />

texto, Vik guardou o celular no bolso.<br />

– Nossa falta de uma resposta<br />

imediata abriu a porta para outras<br />

alegações falsas de supostos ex-amantes.<br />

Vik lançou um olhar para Conrad<br />

que deixou bem claro quem ele o<br />

culpava por tal erro.<br />

Apesar de não sentir qualquer<br />

satisfação em ver o coordenador de


mídia levando a pior, Maddie não pôde<br />

deixar de sentir um ligeiro arrepio de<br />

prazer ao ver Vik tomar o seu partido.<br />

Desde o instante em que ele<br />

ordenara a cooperação de Conrad<br />

naquela manhã, Maddie soubera que<br />

não estava sozinha para enfrentar as<br />

dolorosas consequências <strong>da</strong> traição do<br />

homem que outrora fora seu amigo.<br />

Conrad afrouxou a gola <strong>da</strong> camisa.<br />

– Estamos trabalhando em<br />

retratações; contudo, a melhor<br />

estratégia para solidificar o ângulo <strong>da</strong><br />

brincadeira de mau gosto é oferecer<br />

outra história para os abutres <strong>da</strong> mídia.<br />

– Como assim? Como um bebê de<br />

duas cabeças vindo do espaço ou coisa


do gênero? – perguntou Maddie, seu<br />

telefone avisando que recebera uma<br />

mensagem de texto de seu grupo seleto.<br />

Achando ser de Romi, ela pegou o<br />

aparelho e verificou a mensagem. Não<br />

era de sua IPE. Era de Vik, e dizia:<br />

Você não está bem. Conversaremos<br />

mais tarde.<br />

Ela respondeu:<br />

Como quiser.<br />

Vik pegou o seu celular e respondeu<br />

a mensagem dela enquanto falava:<br />

– Ou coisa do gênero. Uma famosa<br />

revista de fofocas sobre celebri<strong>da</strong>des já<br />

ofereceu uma matéria de duas páginas<br />

anunciando o nosso noivado formal,<br />

em troca de fotos exclusivas de uma


luxuosa recepção cheia de convi<strong>da</strong>dos<br />

famosos.<br />

– Quer dizer que estamos noivos<br />

agora?<br />

Será que ela perdera alguma coisa?<br />

Vik não respondeu. Apenas<br />

aguardou em silêncio até que ela<br />

chegasse às suas próprias conclusões.<br />

– É a melhor maneira de impedirmos<br />

que mais neve suja caia nessa avalanche<br />

– afirmou Conrad.<br />

– Neve suja? É sério? – perguntou ela<br />

com sarcasmo.<br />

– Tem uma expressão melhor para<br />

usar?<br />

– “Perrygate”.


– Apropria<strong>da</strong>, mas não a use nas suas<br />

redes sociais – instruiu Conrad. –<br />

Sugere um distanciamento negativo<br />

com o sr. Timwater. Estamos tentando<br />

passar a coisa to<strong>da</strong> como uma pia<strong>da</strong> de<br />

mau gosto.<br />

– Nesse caso, podem tentar passar a<br />

coisa to<strong>da</strong> como uma pia<strong>da</strong> de mau<br />

gosto que destruiu uma amizade. Não<br />

vou bancar a boazinha com o Perry.<br />

Ela não conseguiria fazê-lo.<br />

Conrad franziu pensativamente a<br />

testa.<br />

– Acho que seria melhor para você<br />

ser vista como a amiga disposta a<br />

perdoar. Aguar<strong>da</strong>r alguns meses para


cortar o homem de sua vi<strong>da</strong> iria<br />

aumentar a sua populari<strong>da</strong>de.<br />

– Não importa.<br />

– Timwater não chegará perto de<br />

Madison, nem mesmo para se<br />

desculpar.<br />

A voz de Vik não <strong>da</strong>va margem para<br />

discussões.<br />

E Conrad provou ser um homem<br />

inteligente, pois não insistiu.<br />

– Tudo bem, tudo bem. – Ele<br />

começou a fazer anotações. – A Pia<strong>da</strong><br />

De Mau Gosto Que Deu Fim A Uma<br />

Amizade. Posso usar isso. Podemos até<br />

<strong>da</strong>r uma melhora<strong>da</strong>. A Pia<strong>da</strong> De Mau<br />

Gosto Que Quase Deu Fim A Um<br />

Noivado.


Maddie olhou para Vik.<br />

– Ele está falando sério?<br />

Parte dela sabia que era assim que<br />

tinha de ser, que Conrad estava apenas<br />

fazendo o seu trabalho, mas não era<br />

na<strong>da</strong> divertido ver a sua vi<strong>da</strong> reduzi<strong>da</strong> a<br />

jargões e a manchetes.<br />

– Vai <strong>da</strong>r tudo certo, Madison. – Ele<br />

tomou a mão dela na sua. – Confie em<br />

mim.<br />

Ele jamais hesitava em lhe invadir o<br />

espaço pessoal, nem em tocá-la, embora<br />

jamais o houvesse visto ser tão<br />

desinibido com outras pessoas. Fora um<br />

dos motivos de ela ter convencido o seu<br />

“eu” de 18 anos de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>


possibili<strong>da</strong>de de que Vik pudesse<br />

retribuir os seus sentimentos.<br />

Dera-se conta de que o contato<br />

provavelmente era resultado <strong>da</strong> criação<br />

que recebera dos avós russos. Maddie<br />

supusera jamais tê-lo visto agindo assim<br />

com outros por conta de Vik não ter<br />

muitas relações pessoais.<br />

Que ela soubesse, nenhuma além dos<br />

avós e do pai dela.<br />

Era outra coisa que ela e Vik tinham<br />

em comum.<br />

Um círculo de amizades bem restrito.<br />

Vik apertou-lhe os dedos.<br />

– Conrad é um dos melhores no<br />

ramo. Antes de hoje de manhã, eu teria<br />

dito o melhor.


Conrad estremeceu, provando que<br />

estava escutando enquanto digitava.<br />

– E nosso noivado é a única maneira<br />

de restaurar a minha reputação?<br />

Vik franziu a testa.<br />

– Lamento, Madison, mas na<strong>da</strong> fará<br />

essa história desaparecer por completo.<br />

– Por que não?<br />

Coordenadores de mídia faziam<br />

milagres. Não era o que todo mundo<br />

dizia? Se eles não dessem um jeito de<br />

consertar aquilo, seria o fim dos sonhos<br />

que ela e Romi tinham. De modo<br />

algum Maddie permitiria que isso<br />

acontecesse.<br />

Conrad ergueu os olhos do seu<br />

tablet.


– Algumas pessoas sempre<br />

acreditarão que onde há ou havia<br />

fumaça tinha de haver fogo.<br />

– Mas não há fogo algum.<br />

O retorcer dos lábios de Conrad<br />

mostrou que ele provavelmente era<br />

uma <strong>da</strong>quelas pessoas.<br />

A mão de Vik moveu-se para a coxa<br />

de Maddie, trazendo a sua atenção de<br />

volta para ele, e apenas para ele.<br />

– Acredito em você.<br />

– Independentemente do que a<br />

imprensa possa ter alegado, jamais<br />

sequer tive um namorado sério –<br />

admitiu ela dolorosamente. Algo<br />

brilhou nos olhos de Vik, que apenas<br />

assentiu.


– Esteve ocupa<strong>da</strong> demais se metendo<br />

em encrencas.<br />

– Não esse tipo de encrencas.<br />

– Eu sei.<br />

– E sequer o de praxe nos últimos<br />

seis meses.<br />

Conrad ergueu bruscamente a<br />

cabeça.<br />

– Isso é ver<strong>da</strong>de?<br />

– Não fiz nenhuma bobagem ou<br />

qualquer coisa digna de ser noticia<strong>da</strong><br />

desde que quebrei a pelve naquela<br />

aterrissagem de paraque<strong>da</strong>s malfa<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Os olhos de Conrad se estreitaram.<br />

– E quanto a festas? Ficou com<br />

alguém?


– Não escutou o que ela disse,<br />

Conrad? – perguntou Vik, seu tom de<br />

voz gelado abaixando a temperatura no<br />

interior do veículo. – Madison não fica<br />

com qualquer um.<br />

– Ela disse que há muito não tem um<br />

relacionamento sério, que os homens<br />

alegando terem tido relações<br />

sadomasoquistas com ela estão<br />

mentindo. A srta. Archer jamais alegou<br />

ser celibatária.<br />

Então Conrad estava mesmo<br />

escutando.<br />

Vik não recuou.<br />

– Pode incluir não fica com qualquer<br />

um nessa lista.


– Posso mesmo? – perguntou Conrad<br />

para Maddie, surpreendendo-a com sua<br />

insistência.<br />

– Pode – retrucou ela com firmeza. –<br />

Desde o acidente, só saí à noite para<br />

comparecer a eventos de cari<strong>da</strong>de.<br />

– Acompanha<strong>da</strong> por Perry? –<br />

perguntou Conrad, como se a<br />

possibili<strong>da</strong>de não o agra<strong>da</strong>sse.<br />

O que era compreensível, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />

circunstâncias.<br />

– Umas duas vezes.<br />

Vik cerrou os dentes.<br />

– Na maioria dos eventos, Romi e eu<br />

vamos juntas. Perry não está muito<br />

interessado em aju<strong>da</strong>r os outros.


Maddie sentia-se desleal admitindo a<br />

ver<strong>da</strong>de, contudo Romi sempre<br />

afirmara isso.<br />

O único interesse de Perry sempre<br />

fora nos contatos de negócios que<br />

poderia fazer em tais eventos, não nas<br />

causas.<br />

– Você mesmo estava na maioria<br />

deles – falou para Vik.<br />

Ele frequentemente representava a<br />

AIH nesse tipo de coisa. Maddie sabia<br />

que, em nome <strong>da</strong> empresa e<br />

pessoalmente, Vik apoiava as causas de<br />

maneira bem tangível.<br />

O lindo cavaleiro branco corporativo<br />

assentiu.


– Isso poderia trabalhar a nosso<br />

favor, a não ser que tenha sido<br />

fotografado com a sua acompanhante<br />

para a noite – falou Conrad. – Mesmo<br />

então, acho que podemos fazer isso<br />

funcionar.<br />

– Há mais de um ano que Vik não<br />

leva ninguém para um desses eventos.<br />

Uma informação que revelava o<br />

quanto Maddie prestava atenção em<br />

Vik.<br />

Um fato que ela fizera de tudo para<br />

esconder, até de si mesma, droga!<br />

A sobrancelha ergui<strong>da</strong> e o seu olhar<br />

sugestivo diziam que ele também se<br />

dera conta disso.


– Isso é bom. Podemos<br />

retroativamente construir um<br />

relacionamento nascente que vocês<br />

fizeram de tudo para manter longe dos<br />

holofotes <strong>da</strong> mídia. – Conrad<br />

continuou a fazer anotações no seu<br />

tablet. – Isso funciona.<br />

Maddie virou-se para Vik.<br />

– Vamos mesmo nos casar?<br />

– Você é quem sabe.<br />

– Não parece ser possível.<br />

Tudo desde aquela manhã parecia<br />

ser um sonho estranho, desagradável e<br />

quase inacreditável.<br />

– Pode acreditar – falou Vik, sem<br />

saber que estava respondendo aos<br />

pensamentos silenciosos dela.


Maddie estreitou os olhos, tentando<br />

entendê-lo.<br />

– Como pode aceitar isso tão<br />

calmamente?<br />

– E o que deveria me abalar?<br />

– Ontem era um homem livre. Hoje,<br />

está noivo.<br />

Será que isso não o abalava nem um<br />

pouquinho? Ou seria algo que Vik<br />

planejara o tempo todo? Ela não podia<br />

desconsiderar tal possibili<strong>da</strong>de.<br />

– Ain<strong>da</strong> não estamos noivos.<br />

– Mas...<br />

– Terminaremos esta discussão após<br />

você ter se encontrado com o seu<br />

advogado.


O que ele queria dizer com isso? Ele<br />

achava que estavam noivos ou não?<br />

Estavam noivos? Será que ela dissera<br />

sim? Tinha quase certeza de que não<br />

dissera.<br />

Ele retornou a sua atenção para o<br />

celular e enviou uma mensagem de<br />

texto.<br />

Dessa vez, Maddie não teve dúvi<strong>da</strong>s<br />

de que fora para ela.<br />

Dito e feito. Segundos mais tarde, o<br />

telefone dela apitou.<br />

Confie em mim.<br />

Certo. E ele achava que isso era fácil?<br />

– Não vai tentar me convencer a não<br />

assinar a documentação?


– Eu avisei para Jeremy que ameaçar<br />

Romi poderia sair pela culatra.<br />

– Ele não acreditou em você.<br />

– Ele tem dificul<strong>da</strong>des em recuar,<br />

uma vez que as coisas estejam em<br />

movimento.<br />

– Está me dizendo que ele já colocou<br />

em an<strong>da</strong>mento a destruição <strong>da</strong> empresa<br />

do sr. Grayson? Eles costumavam ser<br />

bons amigos.<br />

Vik deu de ombros.<br />

– Ele fez a pesquisa sobre como fazer<br />

isso acontecer.<br />

– E não quis desperdiçar os seus<br />

esforços?<br />

Seu pai podia ser tão frio. Contudo,<br />

isso não era nenhuma novi<strong>da</strong>de.


– Nós dois concor<strong>da</strong>mos que Jeremy<br />

não faz ideia de como isso pode vir a<br />

explodir na cara dele.<br />

– Mas você não está tentando me<br />

fazer mu<strong>da</strong>r de ideia.<br />

Conrad parou de digitar e escutou,<br />

como se ele também estivesse curioso<br />

no tocante ao que estava motivando o<br />

comportamento de Vik.<br />

Ignorando o outro homem, Vik<br />

concentrou to<strong>da</strong> a sua atenção em<br />

Maddie.<br />

– No final <strong>da</strong>s contas, aquelas ações<br />

lhe pertencem.<br />

– Meu pai não vê as coisas assim.<br />

– Jamais passou pela cabeça de<br />

Jeremy que qualquer filho seu pudesse


considerar a AIH um meio para um<br />

fim, em vez de o próprio fim.<br />

Baseado no que ela lhe contara<br />

naquela manhã, Vik não precisava ser<br />

um gênio para saber que Maddie<br />

sempre pretendera usar a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

ações para tocar a escola. O que ele não<br />

podia saber é que Romi pretendia fazer<br />

o mesmo. Ela queria tanto a escola<br />

quanto Maddie.<br />

O sonho de Vik era algo diferente;<br />

contudo, obviamente, de igual<br />

importância para ele.<br />

– Você quer a empresa.<br />

– Como o seu pai, quero deixar um<br />

legado para os meus filhos. – Os olhos<br />

castanhos de Vik arderam de certeza. –


A Archer International Holdings será<br />

tal legado.<br />

– Mas não estamos noivos.<br />

Ela não conseguiu evitar o ligeiro tom<br />

sarcástico.<br />

A falta de resposta de Vik não<br />

surpreendeu Maddie.


CAPÍTULO 5<br />

O TEMPO de Madison no escritório do<br />

advogado passou rapi<strong>da</strong>mente, embora<br />

o homem mais velho tivesse perguntado<br />

se ela tinha certeza a respeito do que<br />

estava fazendo.<br />

Maddie não tinha dúvi<strong>da</strong>s.<br />

Vik ficou de pé quando ela voltou<br />

para a antessala, sem <strong>da</strong>r qualquer sinal<br />

de que estivesse aborrecido com o que<br />

ela estava fazendo.


– Tudo acabado?<br />

– Tudo.<br />

– Tem planos para o restante do dia?<br />

– Não.<br />

Pousando a mão na sua lombar, ele a<br />

guiou para fora do escritório de<br />

advocacia.<br />

– Ótimo.<br />

– Por quê?<br />

– Temos uma sessão de fotos com o<br />

fotógrafo <strong>da</strong> revista no final <strong>da</strong> tarde.<br />

Ele nos acompanhará no jantar na<br />

mansão do seu pai. Meus avós estarão<br />

lá.<br />

– Bancando a família feliz? Isso é<br />

mesmo necessário?<br />

– É.


Ao chegarem à garagem, ele a<br />

conduziu até o seu carro. A limusine e a<br />

SUV, lota<strong>da</strong>s de guar<strong>da</strong>-costas não<br />

estavam em nenhum lugar que ela<br />

pudesse ver.<br />

– Conrad está na limusine com uma<br />

ruiva servindo de chamariz.<br />

Vik abriu a porta do carona do<br />

Jaguar XJL preto para Maddie.<br />

Ela acomodou-se no carro de luxo.<br />

– Antes ela do que eu. Eu teria sido<br />

uma péssima celebri<strong>da</strong>de.<br />

– Acha mesmo? Seu pai acha que<br />

você vem fazendo o possível para se<br />

tornar a próxima estrela de reality<br />

shows.


– Apenas Madison “Doidivanas”<br />

versão 2.0.<br />

A expressão de Vik tornou-se<br />

ponderadora.<br />

– De muitas maneiras, Helene<br />

Madison Archer foi uma mulher<br />

fantástica, e ela criou uma filha forte e<br />

impressionante, mas o modo como ela<br />

escolheu li<strong>da</strong>r com as coisas de que não<br />

gostava na vi<strong>da</strong> não foi saudável.<br />

Precisa enxergar isso.<br />

– Eu enxergo. – Fora necessário<br />

algum tempo, mas Maddie há muito já<br />

chegara a tal conclusão. Vinha fazendo<br />

o possível para apagar a parte<br />

“Doidivanas” do seu nome. – Acredite<br />

ou não, sempre tive muito cui<strong>da</strong>do no


tocante a que parte de minha vi<strong>da</strong> eu<br />

permito que a mídia tenha acesso.<br />

– Perry não se mostrou tão seleto.<br />

Com suas identi<strong>da</strong>des ocultas pelo<br />

vidro tingido do Jaguar, Vik estava ao<br />

volante, quando Maddie respondeu:<br />

– Perry é um idiota que contou com<br />

a nossa amizade para protegê-lo <strong>da</strong>s<br />

consequências de suas mentiras.<br />

Quando ele deixou o distrito<br />

financeiro e cruzou Chinatown na<br />

direção <strong>da</strong> Van Ness, Maddie dedicouse<br />

ao seu favorito passatempo secreto.<br />

Observar Viktor Beck.<br />

Lembranças do beijo recente não lhe<br />

saíam <strong>da</strong> cabeça, um filme mental que<br />

ela parecia ser incapaz de desligar e que


provocava uma resposta visceral no seu<br />

corpo. Uma reação que não tinha<br />

certeza se deveria tentar reprimir ou<br />

não.<br />

Se iam se casar, ter essa reação ao<br />

beijo dele era uma boa coisa, não era?<br />

Por sorte, não teria de responder à<br />

perturbadora questão de se desposaria<br />

Vik pelos seus sonhos caso não se<br />

sentisse atraí<strong>da</strong> por ele. Quanto <strong>da</strong><br />

desumani<strong>da</strong>de do pai Maddie tinha?<br />

Tinha certeza de que Jeremy Archer<br />

alegaria que os papéis que acabara de<br />

assinar respondiam essa pergunta, mas<br />

não era assim que ela enxergava as<br />

coisas.


Vik reduziu a marcha, seu carro<br />

ronronando ao subir as ruas íngremes<br />

de São Francisco.<br />

– Você se recusa a processar Perry, a<br />

despeito de ele ter lhe difamado o<br />

caráter.<br />

– Nossa amizade acabou.<br />

No final <strong>da</strong>s contas, isso custaria mais<br />

para Perry do que qualquer indenização<br />

que pudesse obter nos tribunais.<br />

– Acabou mesmo?<br />

– Acabou.<br />

– Parece ter to<strong>da</strong> a certeza.<br />

O mesmo não podia ser dito de Vik.<br />

– E tenho.<br />

Vik pegou a rodovia 101.<br />

– Ótimo.


– E o simples fato de que jamais<br />

obterá outro empréstimo de mim<br />

representa uma consequência muito<br />

séria para ele. – Uma que ela duvi<strong>da</strong>va<br />

que o homem houvesse previsto. Ele<br />

provavelmente contara com a leal<strong>da</strong>de<br />

dela, só que cometera o grave erro de<br />

não de lhe oferecer nenhuma. – Ele<br />

também jamais será capaz de me usar<br />

como acompanhante para conseguir<br />

entrar nos eventos de alta socie<strong>da</strong>de<br />

para os quais seus próprios contatos são<br />

insuficientes para obter acesso.<br />

– O que descreve parece ser uma<br />

amizade um tanto unilateral.<br />

– É o que Romi sempre dizia, mas<br />

não é ver<strong>da</strong>de.


– É mesmo?<br />

Vik parecia genuinamente curioso,<br />

embora parecesse ter suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />

– Não acho fácil deixar as pessoas<br />

entrarem.<br />

O magnata bonitão deixou escapar<br />

uma exclamação de increduli<strong>da</strong>de.<br />

– Você possui um amplo círculo de<br />

relações.<br />

– E um total de duas pessoas que<br />

considero minhas amigas, agora<br />

reduzido a uma.<br />

– Acho que ain<strong>da</strong> são duas. – Vik<br />

lançou-lhe um olhar sugestivo. –<br />

Apenas não as mesmas duas.<br />

Um ardor inesperado apossou-se de<br />

Maddie ante a alegação, que, ain<strong>da</strong>


assim, admitiu:<br />

– Fico feliz de saber disso.<br />

Ela torcia para que fosse ver<strong>da</strong>de. As<br />

chances eram boas. Vik Beck podia ser<br />

um canalha no mundo dos negócios,<br />

mas não era mentiroso.<br />

– Ele me fazia rir – admitiu ela,<br />

retornando ao hábito antigo de<br />

compartilhar os pensamentos com Vik<br />

sem qualquer censura.<br />

– Você tem uma risa<strong>da</strong> contagiosa –<br />

comentou Vik. – Eu senti sau<strong>da</strong>des<br />

dela.<br />

Era difícil imaginar Vik sentindo<br />

sau<strong>da</strong>des de qualquer coisa nela.<br />

– Foi você quem decidiu que a nossa<br />

amizade havia acabado.


– Acaba<strong>da</strong>, não. Apenas<br />

interrompi<strong>da</strong>.<br />

– Como queira.<br />

Talvez em mais seis anos ela pudesse<br />

compartilhar o ponto de vista dele.<br />

– Achei que seria melhor assim.<br />

E era inteiramente possível que<br />

houvesse sido mesmo,<br />

independentemente do quanto a<br />

rejeição e o afastamento subsequente<br />

houvessem doído. A per<strong>da</strong> em um<br />

curto espaço de tempo <strong>da</strong> mãe, do avô e<br />

<strong>da</strong> amizade de Vik, somados à pouca<br />

atenção que recebia do pai, haviam<br />

deixado Maddie com sérios problemas<br />

de intimi<strong>da</strong>de. Mas se ela e Vik


tivessem mantido a amizade estreita,<br />

jamais teria superado as per<strong>da</strong>s.<br />

Nem teria construído a sua própria<br />

vi<strong>da</strong>, correndo atrás de sonhos que<br />

na<strong>da</strong> tinham a ver com a AIH.<br />

– Pensando bem, foi surpreendente<br />

que eu tivesse deixado Perry chegar tão<br />

perto.<br />

Contudo, precisava de um substituto<br />

para Vik.<br />

– Emprestou dinheiro para ele.<br />

E isso levara a amizade dele a uma<br />

reali<strong>da</strong>de completamente diferente,<br />

uma reali<strong>da</strong>de na qual Perry via<br />

Maddie como um recurso em vez de<br />

como uma amiga.


– Para ser exata, foram mais<br />

presentes do que empréstimos.<br />

– E isso melhora alguma coisa?<br />

Ela deu de ombros, mas a atenção de<br />

Vik estava volta<strong>da</strong> para a estra<strong>da</strong><br />

quando pegaram a Golden Gate Bridge.<br />

– As empreita<strong>da</strong>s nos negócios de<br />

Perry pareciam jamais <strong>da</strong>r certo.<br />

– Vender essa história para os<br />

tabloides parece uma tremen<strong>da</strong><br />

estupidez como plano a longo prazo,<br />

considerando que você o estava<br />

bancando.<br />

– Eu não estava. Recusei <strong>da</strong> última<br />

vez em que ele veio pedir dinheiro. Eu<br />

chegara à conclusão de que havia<br />

lugares melhores no qual poderia


desperdiçar meu dinheiro do que em<br />

outra <strong>da</strong>s malfa<strong>da</strong><strong>da</strong>s empreita<strong>da</strong>s de<br />

Perry.<br />

– E então ele a traiu.<br />

– É. – Ela suspirou. – Não fazia ideia<br />

de que minha amizade valesse apenas<br />

alguns dólares.<br />

– Cinquenta mil.<br />

– Foi o quanto ele recebeu?<br />

Não a surpreendia que Vik soubesse.<br />

O homem tinha o hábito de saber de<br />

tudo que pudesse ser mesmo de<br />

interesse periférico para si. Maddie<br />

supunha que ele não demoraria muito<br />

para saber a respeito do trabalho<br />

voluntário anônimo dela e até de sua<br />

terapia.


A única coisa que a impedia de<br />

contar ela mesma era a incerteza acerca<br />

de qual seria a reação dele.<br />

– Pelo artigo inicial nos tabloides. Ele<br />

planejava conseguir mais algumas<br />

entrevistas pagas por conta do<br />

escân<strong>da</strong>lo, talvez até a publicação de<br />

um livro.<br />

A voz de Vik estava carrega<strong>da</strong> de<br />

desdém.<br />

– Isso é ridículo. Não é como se eu<br />

fosse exatamente uma celebri<strong>da</strong>de.<br />

– Não, mas você é a “Herdeira<br />

Doidivanas”.<br />

– Madison “Doidivanas”. É como<br />

chamavam a minha mãe.


Maddie se lembrava de como se<br />

sentira próxima <strong>da</strong> mãe <strong>da</strong> primeira vez<br />

em que vira o apelido nos tabloides<br />

para se referir a ela. Só quando<br />

amadureceu mais, e com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

terapia, é que Maddie viu como isso era<br />

uma maneira erra<strong>da</strong> de pensar.<br />

– Você compartilha <strong>da</strong> tendência<br />

dela de aparecer na imprensa. O livro<br />

de Perry não teria rendido um milhão<br />

de dólares, mas alguém teria lhe <strong>da</strong>do<br />

um bom adiantamento por ele.<br />

– Isso é uma idiotice.<br />

– Isso é a nossa socie<strong>da</strong>de obceca<strong>da</strong><br />

por celebri<strong>da</strong>des e reality shows.<br />

– Suponho que sim. Fala do livro<br />

como se fosse coisa do passado.


– E é.<br />

As duas palavras foram ditas com<br />

evidente satisfação.<br />

Maddie não deveria ter se<br />

surpreendido com a veloci<strong>da</strong>de com<br />

que Vik trabalhara, contudo não podia<br />

negar ter ficado impressiona<strong>da</strong>, e até<br />

um pouco apreensiva.<br />

– Quais foram os termos de Perry?<br />

– Acredite quando digo que<br />

Timwater não determinou os termos.<br />

– Com o que Conrad conseguiu que<br />

ele concor<strong>da</strong>sse?<br />

– Acha mesmo que, após o sapo que<br />

ele teve que engolir hoje de manhã, eu<br />

confiaria essa negociação a Conrad?


– Você encontrou-se com Perry? Um<br />

pouco demais, não acha?<br />

Colocar Vik e Perry na mesma sala<br />

seria como colocar um gato de rua<br />

contra o campeão dos pesos pesados.<br />

O gato poderia até ser matreiro e<br />

astuto, mas ain<strong>da</strong> seria pulverizado.<br />

E não tinha lá muita certeza quanto à<br />

astúcia de Perry.<br />

– De agora em diante, qualquer coisa<br />

que tenha a ver com você, passa<br />

diretamente por mim antes.<br />

Reduzindo a marcha, Vik deixou a<br />

autoestra<strong>da</strong>.<br />

– Não é assim que meu pai opera.<br />

Maddie reconhecia a rota. Estavam<br />

seguindo para Marin Headlands.


– Não sou o seu pai.<br />

– Mas vocês dois são muito<br />

parecidos.<br />

– Em como fazemos negócios? Sim.<br />

Mas você compartilha mais<br />

características de personali<strong>da</strong>de com o<br />

seu pai do que eu.<br />

– Está brincando.<br />

– Não.<br />

– Sei que somos os dois teimosos,<br />

mas...<br />

– Acredite quando digo que não para<br />

por aí.<br />

– Você que acha.<br />

Ela não era na<strong>da</strong> como o pai.<br />

– Acho mesmo.


Típico. Vik não via necessi<strong>da</strong>de de se<br />

explicar e nem de convencê-la, o que<br />

apenas a fazia querer mais escutar as<br />

justificativas. Contudo, não iria<br />

perguntar.<br />

Não agora.<br />

Naquele instante estava mais<br />

interessa<strong>da</strong> em saber o que estavam<br />

fazendo no estacionamento perto de<br />

Battery Spencer.<br />

– O fotógrafo <strong>da</strong> revista está aqui<br />

para tirar algumas fotos colori<strong>da</strong>s ou<br />

coisa pareci<strong>da</strong>?<br />

– Não.<br />

Vik estacionou o Jaguar e desligou o<br />

motor, mas não fez menção de descer


do carro. Desafivelando o cinto de<br />

segurança, virou-se para ela.<br />

– Ain<strong>da</strong> bem que a amizade está<br />

termina<strong>da</strong> do seu lado. Timwater<br />

assinou uma cláusula de sigilo que<br />

cobre todo e qualquer aspecto de seu<br />

relacionamento com você. As<br />

penali<strong>da</strong>des para o rompimento dessa<br />

cláusula são severas.<br />

Ela não queria ver o homem<br />

novamente, mas não sabia ao certo<br />

como se sentia de ver a amizade dos<br />

dois desaparecer como se jamais<br />

houvesse existido.<br />

– Não aju<strong>da</strong>rá muito no tocante ao<br />

que ele já fez.<br />

Os olhos de Vik fitaram os dela.


– Ele assinou uma retratação<br />

admitindo que tudo que contou para o<br />

tabloide era mentira.<br />

– Isso não o deixará vulnerável para<br />

que o processem?<br />

– Eles não obterão uma cópia <strong>da</strong><br />

confissão, a não ser que ele volte a fazer<br />

besteira.<br />

– E isso o protegerá?<br />

– Faz diferença para você?<br />

– Não deveria. – Você não seria você<br />

se não fizesse.<br />

– Não sou molenga.<br />

– Duvido que alguém que a tenha<br />

visto enfrentar o seu pai hoje de manhã<br />

pense que seja.<br />

– Certo.


Vik sorriu.<br />

– Você é uma mulher forte cuja força<br />

é tempera<strong>da</strong> pela compaixão. Minha<br />

avó Ana é uma mulher pareci<strong>da</strong> com<br />

você.<br />

– E você a ama.<br />

– Amo.<br />

Será que isso significava que um dia<br />

ele poderia vir a amar Maddie? Ela fez<br />

o possível para ignorar tal fantasia.<br />

Como dissera para o pai antes, ao<br />

contrário <strong>da</strong> mãe, não acreditava em<br />

conto de fa<strong>da</strong>s. Não tinha expectativas<br />

de se casar por amor eterno e paixão<br />

irresistível.<br />

De modo que não sabia de onde<br />

vinha essa minúscula faísca de


esperança que ardia no seu coração.<br />

Sem saber do conflito que se travava<br />

no íntimo de Maddie, Vik acrescentou:<br />

– Depois que o nosso noivado for<br />

anunciado, Timwater fará um pedido<br />

público de desculpas por sua pia<strong>da</strong> de<br />

mau gosto.<br />

Embora, de acordo com Vik, não<br />

estivessem noivos.<br />

Subitamente, desconfiou que não<br />

haviam ido até o mirante apenas em<br />

busca de um pouco de privaci<strong>da</strong>de para<br />

discutirem sobre Perry.<br />

Mesmo assim, ela precisava saber de<br />

uma coisa.<br />

– Quanto?


– Você quer saber o quanto nós<br />

pagamos para ele?<br />

– É.<br />

– Do modo como será o pedido de<br />

desculpas dele, Timwater ficará com os<br />

seus cinquenta mil do tabloide.<br />

O fato não parecia agra<strong>da</strong>r muito a<br />

Vik.<br />

– E...?<br />

– A única coisa que prometi para<br />

Timwater foi não destruir o nome dele<br />

no mundo dos negócios. A cláusula de<br />

sigilo garante que também não<br />

moveremos um processo civil contra<br />

ele, contanto que o sujeito cumpra a<br />

sua parte.<br />

– Você é implacável.


– Não é uma característica exclusiva<br />

dos Archer. Fazemos o que for preciso<br />

para obter o que é importante para nós.<br />

– Como se casar com a filha do dono<br />

de uma empresa milionária para<br />

assumir o controle dela.<br />

– É.<br />

– Obriga<strong>da</strong>.<br />

– Por?<br />

– Não tentar fingir que existe algo<br />

além disso.<br />

Independentemente do que o<br />

coração dela quisesse.<br />

– E o que exatamente acha que é<br />

isso?<br />

– Necessi<strong>da</strong>de.<br />

Ele assentiu.


– Sim, mas será um casamento em<br />

todos os sentidos <strong>da</strong> palavra. Entende<br />

isso?<br />

– Quer dizer...<br />

– Sexo. Não seremos praticantes do<br />

celibato.<br />

– Na<strong>da</strong> de casos extraconjugais?<br />

Não que estaria disposta a <strong>da</strong>r esse<br />

passo se achasse que ele era um<br />

mulherengo, nem se tivesse planos de<br />

ela mesma buscar esse tipo de<br />

companhia fora do casamento.<br />

– Na<strong>da</strong> de casos extraconjugais –<br />

repetiu ele, não fazendo qualquer<br />

tentativa de disfarçar como a noção era<br />

repulsiva para ele.<br />

Vik não era esse tipo de sujeito.


Era o neto de um homem russo<br />

muito tradicional. Jamais faria algo que<br />

pudesse desapontar o velho. Em sua<br />

opinião, como cansara de compartilhar<br />

quando ain<strong>da</strong> eram amigos, durante a<br />

adolescência dela, o pai já fizera o<br />

suficiente disso.<br />

Contudo, será que poderia contar<br />

com ele agora?<br />

– Tenha certeza de que entende o<br />

que estou dizendo aqui, Madison. – Vik<br />

levou a mão à sua nuca, em um gesto<br />

que já estava se tornando familiar. –<br />

Não sou Maxwell Black. Meus filhos<br />

não serão concebidos em um tubo de<br />

ensaio.<br />

– Claro que não.


Ele assentiu, como se isso houvesse<br />

deixado tudo claro entre eles. Maddie<br />

não sabia se estava de acordo, mas não<br />

hesitou em descer do carro com ele.<br />

Seguiram em silêncio para o mirante<br />

que <strong>da</strong>va vista para a famosa ponte e<br />

para a ci<strong>da</strong>de. Havia alguns turistas por<br />

perto, mas não o suficiente para escutar<br />

a conversa que ela e Vik poderiam ter.<br />

Ao chegarem ao mirante, Vik<br />

posicionou seu corpo de modo a<br />

protegê-la dos ventos que vinham <strong>da</strong><br />

baía.<br />

– Meu avô presenteou minha avó<br />

com a sua primeira vista de São<br />

Francisco deste exato ponto. – Vik falou<br />

após um instante de silenciosa


contemplação. – Ele prometeu para ela<br />

um futuro com comi<strong>da</strong> na mesa para a<br />

família deles. Um futuro sem opressão<br />

por suas crenças ortodoxas.<br />

– E ele manteve a promessa.<br />

– É. – Vik ficou em silêncio por<br />

vários segundos. – Vovô trouxe meu pai<br />

até aqui quando criança. Misha disse<br />

para Frank que ele poderia ser o que<br />

quisesse, um ver<strong>da</strong>deiro americano sem<br />

sotaque, seu nome parecido com o dos<br />

outros meninos.<br />

– Seu avô deu ao seu pai a liber<strong>da</strong>de<br />

para ser o que ele quisesse.<br />

– Até mesmo um fracasso.<br />

Ela não tinha como discutir com isso,<br />

não quando sabia que Frank Beck só


fazia fugir de suas responsabili<strong>da</strong>des. A<br />

não ser que algo houvesse mu<strong>da</strong>do nos<br />

últimos seis anos, Frank só procurava<br />

Vik quando queria alguma coisa.<br />

Normalmente dinheiro.<br />

Pousando a mão no antebraço dele,<br />

Maddie disse:<br />

– Ele não fracassou quando teve<br />

você.<br />

– Misha e Ana é que me criaram para<br />

ser quem eu sou.<br />

– Um sucesso inegável.<br />

Vik virou-se para ela.<br />

– Acredita mesmo nisso?<br />

– Acredito.<br />

– Que bom.<br />

Ela sorriu.


– De<strong>da</strong> também me trouxe aqui<br />

quando eu era menino. Frank não<br />

podia se <strong>da</strong>r ao trabalho, mas eu fiz<br />

promessas para mim mesmo, para os<br />

filhos que um dia eu teria. Promessas<br />

que eu manterei.<br />

– Não duvido.<br />

O olhar de Vik suavizou-se, sua<br />

expressão toma<strong>da</strong> de inconfundível<br />

determinação.<br />

– Meus avós não estavam<br />

apaixonados quando se casaram, mas o<br />

casamento deles é um dos mais fortes<br />

que eu já testemunhei.<br />

– Eles são dedicados um ao outro.<br />

Vik assentiu.


– E à família. Esse tipo de<br />

determinação corre em minhas veias,<br />

junto com a obstinação.<br />

– Eu sei.<br />

Vik pousou as mãos nos ombros dela.<br />

– Acredito que nossos filhos<br />

compartilharão de tais características.<br />

– Sem dúvi<strong>da</strong> – retrucou ela<br />

ofegantemente.<br />

Ele a estava tocando, e mesmo<br />

através do tecido do paletó do seu<br />

conjunto Valentino ela sentiu<br />

intimamente a conexão.<br />

– Considerando que virá do pai e <strong>da</strong><br />

mãe, acho que as crianças não terão<br />

muita escolha.<br />

– Eu não sou obstina<strong>da</strong>.


– Não é o que diz a documentação<br />

que assinou hoje.<br />

– Sabe que não é o modo como<br />

costumo fazer as coisas.<br />

Apenas se tornara... necessário.<br />

– Obstinação não precisa ser uma<br />

característica dominante na sua<br />

natureza para tê-la.<br />

– E isso não o incomo<strong>da</strong>?<br />

– Que você lutará por aqueles que<br />

merecem a sua leal<strong>da</strong>de, e até mesmo<br />

pelos que não merecem? Não.<br />

– Você espera merecer a minha<br />

leal<strong>da</strong>de.<br />

– Espero.<br />

– E eu terei a sua?


Pela expressão de Vik, a pergunta o<br />

pegou de surpresa.<br />

– Duvi<strong>da</strong> disso?<br />

– Seis anos atrás...<br />

– Você me beijou e eu a<br />

desencorajei.<br />

– É uma maneira simplifica<strong>da</strong> de ver<br />

a coisa e não é exatamente correta.<br />

– Não?<br />

– Não. Eu disse que o amava. Você<br />

disse que eu era nova demais, e não<br />

apenas me desencorajou. Você me<br />

expulsou por completo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />

Nossa amizade terminou com aquele<br />

simples beijo.<br />

– Era necessário.<br />

– Poderíamos ter continuado amigos.


– Não.<br />

– Por que não?<br />

– Você tinha 18 anos de i<strong>da</strong>de. Mal<br />

era mulher.<br />

– Mas eu era mulher.<br />

– Eu sei. – Na voz dele havia uma<br />

mensagem que ela não conseguia<br />

decifrar. – Também era a filha de um<br />

homem que eu admirava e que confiava<br />

em mim em se tratando de você.<br />

– Além de ser o seu patrão –<br />

salientou ela com certa malícia.<br />

– É, meu patrão. O presidente e dono<br />

<strong>da</strong> empresa que um dia eu pretendia<br />

administrar.<br />

– Uma relação comigo não teria<br />

atrapalhado tais planos.


– Seis anos atrás, teria sim.<br />

– Mas não agora.<br />

Não, agora era o oposto. Casamento<br />

com ela <strong>da</strong>ria a Vik exatamente o que<br />

ele queria.<br />

– Não, não agora.<br />

– Eu o amava. Sua rejeição me<br />

magoou.<br />

– Sinto muito.<br />

Mas ela sabia que, mesmo que Vik<br />

pudesse, ele não teria mu<strong>da</strong>do os seus<br />

atos passados.<br />

Ele sorriu maliciosamente.<br />

– Veja pelo lado bom. Vai ser fácil<br />

para você aprender a me amar<br />

novamente.


– Não é assim que as emoções<br />

funcionam.<br />

E, mesmo se casando com ele,<br />

Maddie tinha quase certeza de que não<br />

seria uma boa ideia apaixonar-se por<br />

aquele homem.<br />

– Não é? – Ele retirou uma<br />

pequenina caixa laquea<strong>da</strong> do bolso<br />

interno do paletó. – Minha avó trouxe<br />

esta miniatura Palekh <strong>da</strong> Rússia,<br />

quando ela e o meu avó fugiram<br />

durante a Guerra Fria.<br />

– É lin<strong>da</strong>.<br />

– É um lembrete.<br />

– Do quê?<br />

– Da beleza que deixaram para trás e<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que esperavam construir. De<strong>da</strong>


sempre disse que Babulya era a sua<br />

princesa sapo.<br />

O topo <strong>da</strong> caixa estava decorado com<br />

uma imagem do conto de fa<strong>da</strong>s russo,<br />

onde o príncipe Ivan acaba casado com<br />

uma encantadora princesa que outrora<br />

fora um sapo.<br />

Talvez agora Maddie entendesse por<br />

que a avó de Vik, Ana, contara tal<br />

história para Maddie logo que se<br />

conheceram.<br />

– Isso o torna o meu príncipe sapo? –<br />

perguntou ela zombeteiramente.<br />

– Talvez.<br />

– Sabe que não acredito em conto de<br />

fa<strong>da</strong>s.<br />

– Talvez devesse.


Aí estava uma coisa que o pai dela<br />

provavelmente jamais lhe diria.<br />

– As promessas do seu avô parecem<br />

desafiar o pessimismo russo.<br />

Contudo, jamais pensara em Misha<br />

como um pessimista. Um homem que<br />

mu<strong>da</strong>ra o seu sobrenome para refletir<br />

seu novo país e sua nova vi<strong>da</strong> era<br />

decidi<strong>da</strong>mente um visionário.<br />

Maddie encontrara os avós de Vik<br />

poucas vezes, mas gostava deles.<br />

Muito.<br />

Pareciam ser o tipo de família normal<br />

que ela sempre quisera ter. O tipo que<br />

não sabia se Vik estava oferecendo,<br />

junto com o que quer que estivesse na<br />

pequenina caixa laquea<strong>da</strong>.


– De<strong>da</strong> abriu mão de ser russo e<br />

adotou o modo de vi<strong>da</strong> do seu novo lar.<br />

– A ideologia americana tende<br />

mesmo a ser mais positiva.<br />

– Não se esqueça disso.<br />

– Acha que tenho de ser uma<br />

sonhadora por conta de onde nasci e fui<br />

cria<strong>da</strong>?<br />

– Não. Você tem os seus sonhos, eu<br />

tenho os meus. Não se trata de onde<br />

você nasceu, mas quem nasceu para ser.<br />

Quero que acredite em ambos os nossos<br />

sonhos.<br />

– Para isso, é necessário um pouco do<br />

idealismo pelo qual este país é<br />

conhecido.<br />

– É.


Vik queria que ela acreditasse nos<br />

seus sonhos.<br />

Independentemente do que os<br />

tivesse levado até ali, isso era bem mais<br />

do que um acordo de negócios.


CAPÍTULO 6<br />

– E ISSO? – Ela apontou para a Palekh<br />

que deveria ter pelo menos uns 50 anos<br />

de i<strong>da</strong>de. – É para ser um lembrete para<br />

mim, agora?<br />

– É.<br />

Comovi<strong>da</strong>, ela inspirou fundo.<br />

– Do legado de sucesso que<br />

prometeu para os seus filhos que ain<strong>da</strong><br />

estão para nascer?<br />

– Entre outras coisas.


– Esse tipo de sucesso é mais<br />

importante para você do que para mim.<br />

Maddie queria promessas de outras<br />

coisas.<br />

Não era ingênua. Não estava<br />

procurando amor eterno, apesar do<br />

estranho sentimento no fundo do seu<br />

coração que estava fazendo o possível<br />

para ignorar. Mas havia mais na vi<strong>da</strong> do<br />

que a construção de uma empresa que<br />

dominasse o mercado mundial.<br />

– É mesmo? – perguntou ele<br />

diverti<strong>da</strong>mente.<br />

Embora não soubesse por que,<br />

Maddie conseguiu apenas assentir.<br />

– Serão necessários resultados<br />

significativos desse tipo de sucesso para


tornar a sua escola uma reali<strong>da</strong>de.<br />

Isso ela não podia negar.<br />

– Você acha que o dinheiro significa<br />

pouco para você, contudo você jamais<br />

viveu sob o medo <strong>da</strong> miséria.<br />

Não havia o menor traço de<br />

condescendência no seu tom.<br />

– E você já?<br />

– Não como os meus avós, mas<br />

digamos que o ano em que minha mãe<br />

morreu e De<strong>da</strong> decidiu que eu viria<br />

morar com ele e Babulya não foi um<br />

pelo qual eu permitiria que meus filhos<br />

passassem.<br />

– Eu sinto muito.<br />

– A incapaci<strong>da</strong>de de Frank de<br />

colocar as necessi<strong>da</strong>des dos outros à


frente <strong>da</strong>s próprias, incluindo a<br />

necessi<strong>da</strong>de básica de comer do filho de<br />

6 anos de i<strong>da</strong>de, me ensinou muito no<br />

tocante a quem eu não queria ser, assim<br />

como De<strong>da</strong> me ensinou a respeito do<br />

homem que eu viria a me tornar.<br />

– Seu avô é um homem bom.<br />

– Ele e o Babulya me criaram<br />

ensinando a diferença entre trabalhar<br />

pelo sustento e se aproveitar dos outros.<br />

– Como o seu pai fazia.<br />

Vik fez uma careta.<br />

– Frank se aproveita dos outros como<br />

ninguém.<br />

– Quer que a sua vi<strong>da</strong> tenha<br />

importância.<br />

– Ela já tem.


Não havia como discutir com isso.<br />

– Também quero que a minha vi<strong>da</strong><br />

tenha importância, apenas temos<br />

opiniões diferentes no tocante a como<br />

conseguir isso.<br />

– É, temos mesmo.<br />

Isso não parecia incomodá-lo.<br />

Por que a incomo<strong>da</strong>va?<br />

Queria contar para ele sobre Maddie<br />

Grace, mas não tinha certeza sobre<br />

como se sentiria se Vik demonstrasse a<br />

mesma atitude no tocante aos seus<br />

esforços que Jeremy demonstrara.<br />

– Já prometi que a aju<strong>da</strong>ria a ver<br />

realizado o seu sonho sobre a escola –<br />

salientou Vik.


É, ele tinha, o que já colocava Vik em<br />

vantagem se comparado ao seu pai.<br />

Talvez as diferenças tornassem ambas<br />

as suas vi<strong>da</strong>s melhores, em vez de<br />

destruí-las.<br />

– Que tipo de promessas está fazendo<br />

com essa caixa, Vik? – perguntou ela,<br />

quase pronta para acreditar na<br />

possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família completa que<br />

jamais tivera.<br />

Os belos lábios repuxaram-se<br />

ligeiramente ante a menção do apelido<br />

que ela não usava há seis anos,<br />

reservando-o apenas para os próprios<br />

pensamentos.<br />

– Se aceitar o meu pedido, prometo<br />

fideli<strong>da</strong>de.


Ela assentiu.<br />

– E esperarei o mesmo – completou<br />

ele, como se houvesse qualquer chance<br />

de que ela não houvesse se <strong>da</strong>do conta<br />

disso.<br />

– Nem precisa dizer – retrucou ela.<br />

– Fico satisfeito em saber disso.<br />

Quando ele na<strong>da</strong> mais disse, mas<br />

olhou para ela com uma expressão que<br />

parecia enxergar até a sua alma,<br />

Maddie perguntou:<br />

– E?<br />

– Prometo fazer a AIH crescer,<br />

deixando para os nossos filhos um<br />

legado digno de ambas as nossas<br />

famílias.


Era uma promessa que significava<br />

mais para ele mesmo e para os seus<br />

futuros filhos, mas ela não deixou de<br />

conceder-lhe a devi<strong>da</strong> importância.<br />

– Para todos os nossos filhos?<br />

– Claro. – A testa dele franziu-se. –<br />

Por que eu haveria de fazer distinção?<br />

– Estou disposta a ter dois filhos com<br />

você, mas eu quero mais e eles serão<br />

adotados.<br />

Isso não era algo imprescindível para<br />

ela. Não se pudesse ter a sua escola.<br />

Contudo, era algo que<br />

desespera<strong>da</strong>mente queria. Trazer<br />

crianças para a sua vi<strong>da</strong>, para que<br />

pudessem lhes oferecer uma família, e


não apenas apoio, encorajamento e<br />

aju<strong>da</strong>.<br />

O cenho de Vik cerrou-se<br />

pensativamente.<br />

– Você quer adotar?<br />

– Quero.<br />

– Bebês ou crianças?<br />

– Faz diferença?<br />

– Não.<br />

Satisfeita com a resposta e a<br />

veloci<strong>da</strong>de com que foi <strong>da</strong><strong>da</strong>, ela disse:<br />

– Provavelmente crianças.<br />

– Tudo bem.<br />

– Você está de acordo?<br />

– Presumo que tomaremos juntos<br />

qualquer decisão no tocante a trazer


mais filhos para as nossas vi<strong>da</strong>s, tanto<br />

naturais quanto adotados.<br />

– É claro, mas está aberto à ideia?<br />

– Na<strong>da</strong> agra<strong>da</strong>rá mais Misha e Ana<br />

do que uma casa cheia de netos para<br />

mimar.<br />

– Não faltam quartos de dormir em<br />

Parean Hall.<br />

O que foi a aceitação <strong>da</strong> parte de<br />

Maddie de morarem lá quando<br />

casados.<br />

O sorriso de satisfação de Vik deixou<br />

claro que ele se dera conta disso.<br />

– Não pretendo preencher todos com<br />

filhos, mas não me oponho à nossa<br />

família ocupar metade deles.<br />

Era uma mansão de dez quartos.


Seria tão fácil assim?<br />

– Colocará isso no contrato prénupcial?<br />

– Se você insistir. Contudo, garanto<br />

não ser necessário. – Ele colocou a<br />

antigui<strong>da</strong>de russa na palma <strong>da</strong> mão<br />

dela. – Qualquer promessa que eu lhe<br />

fizer aqui não será quebra<strong>da</strong>.<br />

– Contanto que seja algo que esteja<br />

em seu poder realizar.<br />

– É.<br />

Seu tom de voz e a expressão no<br />

rosto indicavam que havia muito pouca<br />

coisa que ele considerava além do seu<br />

poder ou influência.<br />

– E será um pai para os nossos filhos,<br />

não apenas um homem com o título.


Ele não era o único com lembranças<br />

de negligência após a morte <strong>da</strong> mãe. Ela<br />

talvez não tivesse tido carências físicas,<br />

contudo Jeremy Archer permitira que<br />

Maddie minguasse emocionalmente.<br />

– Não posso prometer que<br />

comparecerei a ca<strong>da</strong> jogo dos nossos<br />

filhos ou a ca<strong>da</strong> protesto organizado<br />

pelas suas filhas, mas as crianças serão a<br />

minha priori<strong>da</strong>de.<br />

– Minhas filhas?<br />

– As minhas estarão ocupa<strong>da</strong>s<br />

demais tentando conquistar o mundo<br />

corporativo para se preocupar com<br />

ativismo social.<br />

Ela não conseguiu deixar de rir, mas<br />

não demorou a ficar séria.


– Não permitirei que filho meu, nem<br />

filha minha, seja forçado a dedicar sua<br />

vi<strong>da</strong> à AIH. Tal decisão terá de ser<br />

pessoal.<br />

– De acordo.<br />

Mas era evidente que Vik tinha<br />

dificul<strong>da</strong>des em imaginar que seus<br />

filhos não fossem tão dedicados à AIH<br />

quanto ele era.<br />

Quem sabe? Se tivesse uma relação<br />

diferente com o pai, a própria Maddie<br />

poderia ter querido uma carreira na<br />

AIH.<br />

– Acho que teremos de aceitar que<br />

nossos filhos serão influenciados por<br />

nós dois – falou para ele.<br />

– Consigo imaginar coisas piores.


– Que bom que pense assim.<br />

– Abra a caixa – ordenou ele.<br />

– Acabou de fazer as suas promessas?<br />

– Qualquer outro compromisso que<br />

eu possa fazer seria abrangido pelos três<br />

que já fiz.<br />

– Três?<br />

– Fideli<strong>da</strong>de. Dedicação. Família.<br />

Maddie sentiu-se toma<strong>da</strong> de<br />

inexplicável emoção, mas ele tinha<br />

razão. Viktor prometera as coisas que<br />

mais importavam para ela.<br />

Incapaz de conter o tremor dos<br />

dedos, ela abriu a tampa <strong>da</strong> caixa.<br />

No interior dela, em um ninho de<br />

se<strong>da</strong> preta, havia duas alianças. Uma<br />

ela reconheceu como uma tradicional


aliança de casamento russa de três<br />

filamentos. Ca<strong>da</strong> anel incrustado de<br />

diamantes estava preso aos outros com<br />

uma tonali<strong>da</strong>de diferente de ouro:<br />

amarela, branca e rosa<strong>da</strong>.<br />

Era lin<strong>da</strong>, contudo não era ostensiva.<br />

Perfeita para ela. Ao lado dela estava<br />

uma aliança de noivado de diamantes<br />

com armação de ouro rosado que se<br />

encaixaria perfeitamente na aliança de<br />

casamento quando Vik a colocasse no<br />

seu dedo.<br />

Ela não perguntou como ele sabia<br />

que a pigmentação rosa<strong>da</strong> que<br />

costumava ser conheci<strong>da</strong> como ouro<br />

russo era a sua favorita. Vik era<br />

assustador desse jeito.


Ele encontrara um modo de fundir as<br />

tradições de sua terá natal com as <strong>da</strong><br />

dos avós e levara em consideração as<br />

preferências <strong>da</strong> própria Maddie. Podia<br />

não estar mais apaixona<strong>da</strong> por ele, mas<br />

não era de se surpreender que jamais<br />

fora capaz de aceitar substitutos.<br />

– É lin<strong>da</strong> – sussurrou.<br />

– Assim como a mulher para a qual<br />

foi confecciona<strong>da</strong>.<br />

– Você não mandou fazer isto para<br />

mim.<br />

Aquilo não era trabalho de algumas<br />

horas.<br />

Ele tomou a sua mão na dele.<br />

– Terá de aceitar que meus planos<br />

para o futuro incluem você há muito


mais tempo do que os seus me incluem.<br />

– Eu duvido.<br />

Ele sacudiu a cabeça.<br />

– O que você teve foi uma paixão de<br />

colegial, mas há seis anos que não pensa<br />

em mim desse jeito.<br />

Quer dizer que Vik não era<br />

onisciente.<br />

– Isso mostra que você não sabe de<br />

na<strong>da</strong>. Romi sempre diz que vivo<br />

comparando os outros homens com<br />

você, e eles jamais estão à sua altura.<br />

– E o que você diz?<br />

– Eu sempre neguei.<br />

– Está vendo? Eu disse.<br />

– Começo a me <strong>da</strong>r conta de que ela<br />

pode ter tido razão.


Nenhum outro homem teve chance<br />

com Maddie. Nem Perry e nem<br />

ninguém.<br />

Pela expressão de Vik, ele<br />

considerava as suas palavras um<br />

exagero.<br />

– Jamais esqueci você.<br />

Ele se enraizara na sua mente, senão<br />

no seu coração.<br />

– Você me evitou como a peste.<br />

– Você também me evitou.<br />

– Por cerca de um ano – admitiu ele.<br />

– Senti falta <strong>da</strong> nossa amizade. Achei<br />

que tempo o suficiente houvesse<br />

passado para não ser mais<br />

constrangedor.


Ele se aproximara dela, e Maddie o<br />

rejeitara, esforçando-se ao máximo para<br />

jamais se ver novamente em uma<br />

situação em que tivessem de conversar<br />

novamente em particular. Só vinha para<br />

casa quando o pai exigia a sua presença,<br />

o que não acontecia com frequência.<br />

Por pelo menos dois anos, Maddie<br />

rejeitara qualquer convite que a<br />

colocasse no mesmo círculo social que<br />

Vik.<br />

– Eu não pensava assim.<br />

O que para ele fora constrangedor,<br />

para ela fora humilhante.<br />

– Deixou isso bem claro.<br />

– Estava zanga<strong>da</strong> com você.


Sentira-se traí<strong>da</strong>. A traição de Perry<br />

magoara. A rejeição de Vik acabara<br />

com ela.<br />

– E agora? – perguntou Vik.<br />

O que ele queria que ela dissesse?<br />

– Quando se tem 24 anos de i<strong>da</strong>de, o<br />

mundo parece um lugar diferente do<br />

que quando se tinha 18.<br />

Foi o melhor que ela conseguiu dizer.<br />

– Você me perdoa por tê-la<br />

magoado?<br />

Parecia ser importante para ele, de<br />

modo que Maddie resolveu contar a<br />

ver<strong>da</strong>de.<br />

– Eu o perdoei há muito tempo, Vik.<br />

– Não é o que pareceu.<br />

Ela o fitou nos olhos cor de café.


– Você me perdoa?<br />

– Por ter me beijado?<br />

– Por ter confundido a sua gentileza<br />

com algo mais, e por tornar a nossa<br />

amizade impossível.<br />

– Nunca a culpei por isso.<br />

– Você achou que deveria ter<br />

percebido que eu estava me<br />

apaixonando por você. – Maddie se deu<br />

conta disso.<br />

– Não é bem como eu colocaria, mas<br />

sim.<br />

Certo. Ele achara que o amor dela<br />

fosse uma paixão passageira. Contudo,<br />

uma simples paixão teria sido supera<strong>da</strong><br />

em questão de meses, não anos.<br />

– Você não é onisciente, Vik.


– Se eu tivesse prestado atenção,<br />

poderia tê-la dissuadido gentilmente.<br />

Ela não tinha tanta certeza de que<br />

isso fosse ver<strong>da</strong>de. Vik tinha razão<br />

quando dizia que ela e o pai tinham<br />

uma teimosia que resultava em uma<br />

determinação quase inabalável para<br />

alcançar seus objetivos.<br />

– Se tivéssemos permanecido amigos,<br />

Perry jamais teria exercido a influência<br />

que exerceu sobre você.<br />

– Acha que teria conseguido nos<br />

impedir de ser amigos?<br />

– Eu teria impedido que ele a usasse<br />

como o seu banco pessoal, e ele teria<br />

percebido que havia pessoas cui<strong>da</strong>ndo<br />

de você.


– Pessoas tão assustadoras que ele<br />

abandonaria seus planos escan<strong>da</strong>losos<br />

antes mesmo de falar com o primeiro<br />

repórter?<br />

– Acha que sou assustador?<br />

– Para homens como Perry? Sem<br />

dúvi<strong>da</strong>.<br />

– Mas não para você?<br />

– Não, Vik, você não me assusta.<br />

– Ótimo. – Ele franziu a testa. –<br />

Talvez você não tivesse corrido os riscos<br />

que correu no último ano se tivesse tido<br />

a estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> minha presença na<br />

sua vi<strong>da</strong>.<br />

– Muito arrogante <strong>da</strong> sua parte.<br />

– Vai negar?


– Na ver<strong>da</strong>de, vou. Meus atos não<br />

são sua culpa, nem sua<br />

responsabili<strong>da</strong>de.<br />

Ele deu de ombros, claramente<br />

discor<strong>da</strong>ndo.<br />

– Você tem um sério complexo de<br />

Deus.<br />

– Não, sei <strong>da</strong>s minhas<br />

responsabili<strong>da</strong>des.<br />

– E eu sou uma delas?<br />

O fato de considerar isso romântico<br />

em vez de arrogância a irritava.<br />

Seu sorriso a encheu de ardor,<br />

lembrando-a <strong>da</strong>quela história de falta<br />

de celibato que ele quisera deixar bem<br />

claro.<br />

– Muito mais do que isso, eu espero.


– Amigos novamente?<br />

– Definitivamente.<br />

– Mas você quer mais.<br />

Talvez não de forma passional,<br />

embora estivesse começando a perceber<br />

que Vik de fato a desejava, e, para<br />

tornar seus sonhos reali<strong>da</strong>de, iria<br />

desposá-la.<br />

– Quero.<br />

– Tudo bem.<br />

– Para?<br />

– Para tudo.<br />

A expressão do olhar dele tornou-se<br />

mais ardente e pre<strong>da</strong>tória.<br />

– Cui<strong>da</strong>do com o que promete.<br />

– Este é um lugar especial. Promessas<br />

feitas aqui são para valer, não é?


– É.<br />

– Nesse caso, prometo me esforçar<br />

para tornar ambos os nossos sonhos<br />

reali<strong>da</strong>de.<br />

– Faço a mesma promessa.<br />

Era melhor do que ele prometendo<br />

transformar a AIH em uma potência<br />

mundial.<br />

– Obriga<strong>da</strong>.<br />

O beijo de Vik a pegou de surpresa.<br />

Não deveria. Um beijo não era comum<br />

para selar um noivado?<br />

Mas o beijo a surpreendeu. E, depois,<br />

a dominou, os lábios dele exigindo uma<br />

reação que se irradiou por todo o corpo<br />

dela. Eles se apossaram dela, agora<br />

insistindo em duas coisas <strong>da</strong>s quais


ain<strong>da</strong> naquela manhã Maddie alegara<br />

ser incapaz.<br />

Submissão e confiança.<br />

Contudo, como em tantas outras<br />

coisas em sua vi<strong>da</strong>, as regras não se<br />

aplicavam a Viktor Beck. Viu-se<br />

derretendo de encontro a ele, sem<br />

qualquer pensamento no tocante à<br />

autopreservação.<br />

E ele aceitou a sua rendição com um<br />

intenso desejo masculino que negava<br />

qualquer alegação de falta de paixão<br />

entre os dois.<br />

Vik devorou-lhe a boca, seus braços<br />

envolvendo-a, as mãos puxando-lhe o<br />

corpo de encontro ao seu, uma <strong>da</strong>s


coxas mergulha<strong>da</strong>s entre as coxas de<br />

Maddie, o máximo que a saia permitia.<br />

As pernas de Maddie teriam<br />

bambeado, mas Vik a estava apertando<br />

de encontro ao corpo com força demais.<br />

Ela achara o beijo <strong>da</strong>quela manhã<br />

ardente, mas em na<strong>da</strong> se comparava a<br />

Viktor Beck reivindicando a mulher<br />

que prometera desposá-lo e lhe<br />

conceder os seus sonhos.<br />

VIKTOR BATEU impacientemente na<br />

porta de Madison trinta minutos antes<br />

de precisarem estar na pomposa casa de<br />

Jeremy em Presidio Hights.<br />

Propositalmente não se concedera<br />

tempo para um drinque ou para jogar


conversa fora. Após o beijo no mirante,<br />

não queria colocar o autocontrole em<br />

risco antes do jantar.<br />

Senão pela presença dos avós no<br />

jantar, além do fotógrafo, ele jamais<br />

teria deixado Madison naquela tarde.<br />

Mas ela merecia chegar na hora ao<br />

próprio jantar de noivado, e sem<br />

parecer que passara as últimas horas na<br />

cama.<br />

Dissera a ver<strong>da</strong>de para ela. Seis anos<br />

atrás, mal a vira como uma mulher<br />

quando ela o beijara.<br />

Ficara chocado com a resposta do<br />

próprio corpo, <strong>da</strong>ndo-se conta de que<br />

ela era uma adulta, e não uma criança.


A princípio não dera muito crédito a<br />

tal revelação, mas após um ano<br />

evitando-a e envolvendo-se com mais<br />

mulheres do que o seu intenso regime<br />

de trabalho permitia, duas coisas<br />

tornaram-se óbvias. Sentia falta de<br />

Madison e ela era a única mulher com<br />

quem queria dividir a sua cama. Ela<br />

ain<strong>da</strong> era jovem demais, e os planos de<br />

Viktor não incluíam casamento por<br />

mais alguns anos.<br />

Qualquer outra coisa com a filha do<br />

dono e presidente <strong>da</strong> AIH estava fora<br />

de questão. E não só porque Viktor<br />

considerava o homem mais velho um<br />

amigo.


Não sabia dizer ao certo quando se<br />

dera conta de que suas ambições<br />

incluíam desposar Madison, contudo<br />

fora muito antes de ter abor<strong>da</strong>do a<br />

questão com Jeremy. A preocupação do<br />

homem ante o que aconteceria quando<br />

Madison her<strong>da</strong>sse o controle completo<br />

do fundo deu a Viktor a tração<br />

necessária para obter a aprovação de<br />

Jeremy para os seus próprios planos<br />

futuros.<br />

Man<strong>da</strong>ra confeccionar as alianças e<br />

tinha a intenção de <strong>da</strong>r início à<br />

conquista de Madison nas semanas<br />

seguintes, quando Timwater resolvera<br />

estragar tudo com a sua “entrevista de<br />

rompimento”.


Se Vitor tivesse começado a cortejar<br />

Madison antes, o oportunista não teria<br />

tido a chance de magoá-la com suas<br />

mentiras, o que o deixava furioso.<br />

Embora Viktor já tivesse todo o plano<br />

em mente, a situação intolerável o<br />

fizera agir antes do que pretendia. E<br />

isso o forçara a li<strong>da</strong>r com a reação<br />

radical de Jeremy ao infortúnio <strong>da</strong> filha.<br />

Apesar de isso ter acabado<br />

trabalhando a favor de Viktor, viera<br />

com adicional custo emocional para<br />

Madison.<br />

A porta abriu-se, interrompendo os<br />

pensamentos de Viktor.<br />

Os cachos cor de cobre de Madison<br />

lhe adornavam o rosto, onde os


vibrantes olhos azuis se destacavam e<br />

lábios por demais beijáveis se curvaram<br />

em um sorriso escarlate de boas-vin<strong>da</strong>s.<br />

– Oi, Vik. Quer entrar?<br />

O corpo tentador estava em um<br />

vestido curto azul-marinho inspirado na<br />

déca<strong>da</strong> de 1950, com a saia cheia, mas<br />

de cintura estreita e o corpete justo com<br />

o ligeiro decote, que ele achava mais<br />

sedutor do que qualquer outra mulher<br />

que já vira em vestidos muito mais<br />

reveladores.<br />

– Você... – Ele pigarreou. – Você está<br />

lin<strong>da</strong> – elogiou, só então percebendo<br />

que não respondera a pergunta.<br />

– Obriga<strong>da</strong>. – Ela corou, uma atual<br />

rari<strong>da</strong>de. Com um sorriso nervoso, ela


prosseguiu: – Eu queria que seus avós<br />

me vissem, e não a...<br />

Ela não precisou completar.<br />

– De<strong>da</strong> e Babulya estão ansiosos para<br />

vê-la e <strong>da</strong>r-lhe as boas-vin<strong>da</strong>s à família.<br />

– Sabem que estamos noivos? Eles<br />

viram os artigos?<br />

Ignorando as boas intenções,<br />

adentrou o apartamento, invadindo o<br />

espaço pessoal de Madison.<br />

Ela arregalou os olhos ao fitá-lo.<br />

– Vik? O quê?<br />

Ele passou a mão ao redor <strong>da</strong> cintura<br />

dela, deliciando-se com a sensação do<br />

tecido macio e ain<strong>da</strong> mais com o calor<br />

que emanava de seu corpo através dele.


– Sabem que estamos noivos e não<br />

poderiam estar mais felizes.<br />

– Ah.<br />

– Sabem a respeito <strong>da</strong>s histórias e<br />

estão furiosos com Timwater.<br />

– Disse para eles que era tudo<br />

mentira, não disse?<br />

– Disse, e eles não acreditaram<br />

mesmo nelas.<br />

– Obriga<strong>da</strong>.<br />

Inclinando a cabeça, ele plantou um<br />

suave beijo na lateral do pescoço dela,<br />

demorando-se para inalar a fragrância<br />

de madressilva com laranja e um traço<br />

de baunilha, além do próprio perfume<br />

natural de Madison.<br />

– Você está cheirando tão bem.


– É o meu perfume.<br />

– É você.<br />

Ela estremeceu, as mãos pousa<strong>da</strong>s no<br />

peito dele.<br />

– Vik.<br />

Foi tudo que ela disse. Apenas o<br />

nome dele. Mas ele preferiu não<br />

contemplar se era um apelo para ele<br />

recuar ou para fazer algo no tocante à<br />

eletrici<strong>da</strong>de que faiscava entre eles.<br />

Deu um passo para trás.<br />

– Precisamos ir. Está todo mundo<br />

esperando.<br />

Ele olhou ao redor e avistou o casaco<br />

dela nas costas de uma poltrona, que<br />

tratou de pegar e oferecer para ela.


– Você chegou em cima <strong>da</strong> hora –<br />

comentou Madison, enquanto permitia<br />

que ele a aju<strong>da</strong>sse a vestir a peça tão<br />

vermelha quanto os seus lábios.<br />

Ele não viu por que esconder a<br />

ver<strong>da</strong>de.<br />

– Estava apenas nos protegendo do<br />

quanto eu a desejo.<br />

– Do que está falando?<br />

– Deve ter percebido que a<br />

perspectiva de tê-la na minha cama<br />

elevou às alturas a minha libido.<br />

Contudo, na<strong>da</strong> dizia que tinha de<br />

reprimir por completo o desejo de tocála.<br />

Seguiram para o elevador com a mão<br />

dele ao redor <strong>da</strong> sua cintura.<br />

– Mas por quê?


Vik não via como ela poderia parecer<br />

mais inocente.<br />

– Você é uma mulher incrivelmente<br />

lin<strong>da</strong>.<br />

Mais importante ain<strong>da</strong>, era a única<br />

mulher capaz de lhe incendiar o desejo.<br />

– Não me queria antes.<br />

– Já discutimos isso antes. Você mal<br />

passava de uma criança.<br />

E, ain<strong>da</strong> assim, ele a desejara.<br />

– Tem razão – falou ela<br />

distrai<strong>da</strong>mente. – Mas...<br />

– Mas na<strong>da</strong>. Confie em mim. Eu<br />

quero você. Seis anos atrás, não era a<br />

hora certa, mas terei prazer em oferecer<br />

to<strong>da</strong> a prova que possa querer hoje à


noite, depois do jantar com as nossas<br />

respectivas famílias.<br />

– Quer voltar para o meu<br />

apartamento hoje à noite? – perguntou<br />

ela, encantando-o.<br />

– Não tem por que ficar nervosa –<br />

garantiu ele. – Não sou um animal na<br />

cama. – Mas a ver<strong>da</strong>de é que estava<br />

desejando-a com instintos primordiais<br />

que até agora jamais havia sentido.<br />

– Vik... – Ela o fitou com os lábios<br />

ligeiramente entreabertos. – Já disse<br />

que sou virgem.<br />

– O quê?<br />

O elevador chegou ao seu destino e<br />

as portas se abriram, mas, com o<br />

cérebro em curto, ele não desceu.


– Eu disse que...<br />

– Que há muito não tinha um<br />

relacionamento sério.<br />

Isso não excluía sexo. Essas coisas<br />

aconteciam. Ela tinha 24 anos de i<strong>da</strong>de.<br />

Isso não era possível.<br />

– Na<strong>da</strong> de ficar com qualquer um.<br />

– Nunca? – perguntou ele, tomado<br />

de increduli<strong>da</strong>de.<br />

– Eu lhe disse que não tinha<br />

experiência.<br />

– Com sadomasoquismo.<br />

– Com na<strong>da</strong>.<br />

– Isso vai mu<strong>da</strong>r.<br />

Viktor estava disposto a fazer o que<br />

fosse preciso para garantir o futuro que


planejara, inclusive ser o primeiro<br />

amante de Madison.<br />

O fato de que a desejava mais do que<br />

qualquer outra mulher que já<br />

conhecera não vinha ao ponto.<br />

Ela desceu do elevador e saiu para a<br />

garagem.<br />

– Acho que ser sua noiva será<br />

completamente diferente do que eu<br />

havia imaginado.<br />

– Tem to<strong>da</strong> razão, se achou que seria<br />

sem intimi<strong>da</strong>des sexuais – falou ele,<br />

aju<strong>da</strong>ndo-a a afivelar o cinto de<br />

segurança no seu carro.<br />

Mal conseguindo conter o seu desejo,<br />

forçou-se a recuar.


Fechando a porta do carona, inspirou<br />

fundo várias vezes antes de <strong>da</strong>r a volta<br />

no carro e sentar-se atrás do volante.<br />

Com os olhos ardendo com chamas<br />

azuis, ela perguntou:<br />

– Não vamos esperar a noite de<br />

núpcias?<br />

– Trocamos nossos votos no mirante,<br />

hoje à tarde. Na<strong>da</strong> dito entre nós mais<br />

tarde poderá ser mais profundo.<br />

Viktor deu a parti<strong>da</strong> no motor, mas<br />

não engatou a ré, aguar<strong>da</strong>ndo a<br />

resposta dela com uma estranha<br />

sensação no peito.<br />

– Achei mesmo que tivesse sido...<br />

profundo.<br />

– E foi.


Ele engatou a marcha.<br />

– E então? Já nos considera casados?<br />

– Para todos os efeitos, sim.<br />

– Você faz as suas próprias regras,<br />

não faz?<br />

– Só agora está se <strong>da</strong>ndo conta disso?


CAPÍTULO 7<br />

O JANTAR de noivado foi muito mais<br />

agradável do que Maddie esperava.<br />

Ain<strong>da</strong> mais levando em conta que a<br />

lista de convi<strong>da</strong>dos crescera para incluir<br />

alguns primos em segundo grau dos<br />

Archer, uma tia-avó Madison, um dos<br />

sobrinhos de Misha com a esposa, e<br />

Romi.<br />

O pai de Maddie era só sorrisos,<br />

embora Maddie pudesse notar uma


certa reticência bem disfarça<strong>da</strong> nele.<br />

Era óbvio que ele não escapara<br />

incólume <strong>da</strong> discussão <strong>da</strong>quela manhã.<br />

Ligeiras estremeci<strong>da</strong>s indicavam que<br />

ele não gostava do novo hábito dela de<br />

chamá-lo pelo primeiro nome; contudo,<br />

se quisesse que ela parasse, teria de<br />

pedir. Gentilmente. E, de alguma<br />

maneira, comportar-se como um pai.<br />

Não começara a chamá-lo de Jeremy<br />

para magoá-lo, mas sim porque era<br />

doloroso demais para ela referir-se a<br />

um homem que a tratava igual a uma<br />

desconheci<strong>da</strong> como pai.<br />

Vik atuou como para-choque entre<br />

os dois, um papel com o qual já deveria<br />

estar acostumado, apesar de não ter


tido de desempenhá-lo com muita<br />

consistência nos últimos seis anos.<br />

Levando a coisa to<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> um<br />

pouco mais longe, Viktor chegou a<br />

colocar-se fisicamente entre ela e outros<br />

em inconsciente proteção, sempre que<br />

Maddie começava a se sentir pouco à<br />

vontade. Apesar de ninguém ter tido o<br />

mau gosto de mencionar os artigos<br />

originados pelas mentiras de Perry,<br />

família era capaz de ser intrometi<strong>da</strong><br />

com uma sutileza além do alcance de<br />

desconhecidos.<br />

Por sorte, Vik parecia ser capaz de<br />

identificar seus estados de humor, às<br />

vezes, antes mesmo dela, e conseguia<br />

desarmar qualquer situação antes que


se tornasse descara<strong>da</strong>mente<br />

inconveniente.<br />

Ninguém pareceu ter dificul<strong>da</strong>des<br />

em acreditar que há meses estavam em<br />

um relacionamento que vinham<br />

escondendo <strong>da</strong> mídia. Todos<br />

parabenizaram Maddie e Vik, o que<br />

ajudou a convencê-los de que isso, de<br />

fato, poderia <strong>da</strong>r certo.<br />

Independentemente do que<br />

precipitara o noivado, amigos e família<br />

pareciam concor<strong>da</strong>r que formavam um<br />

bom casal, e parte de Maddie<br />

concor<strong>da</strong>va.<br />

Só torcia para que não estivesse<br />

cometendo um grande erro. Para que<br />

Vik fosse o homem que ela estava


descobrindo. Mais o cavaleiro branco<br />

usando Armani do que o magnata<br />

insensível que seguia as pega<strong>da</strong>s do pai<br />

dela, como Maddie o enxergara pelos<br />

últimos seis anos.<br />

Como sempre, os avós de Vik foram<br />

maravilhosos.<br />

Misha era uma versão grisalha de<br />

Vik, exuberantemente caloroso quando<br />

o neto era tão reservado. Uma cientista<br />

aposenta<strong>da</strong>, Ana era por natureza<br />

altamente inteligente e afetuosa.<br />

O fotógrafo <strong>da</strong> revista provou ser<br />

especialmente bom em não ser notado,<br />

e Maddie se viu relaxando e<br />

aproveitando a sua primeira refeição em<br />

família desde a morte <strong>da</strong> mãe.


– SEUS AVÓS são pessoas tão agradáveis.<br />

Maddie permitiu que Vik removesse<br />

o seu casaco e o dele, antes de guardálos<br />

no armário do corredor.<br />

Uma coisa tão simples de fazer. Já o<br />

fizera centenas de vezes para outros<br />

convi<strong>da</strong>dos, contudo jamais com a<br />

mesma doce sensação de<br />

inevitabili<strong>da</strong>de ao fechar a porta.<br />

Vik iria passar a noite ali.<br />

E o coração de Maddie estava em<br />

dispara<strong>da</strong> no peito.<br />

Mas não de medo. Na<strong>da</strong> parecido,<br />

nem mesmo um pouco de ansie<strong>da</strong>de.<br />

Por mais surpresa que ficasse ao<br />

constatar isso, só sentia excitação.


Talvez fosse por que soubesse que, se<br />

pedisse, Vik iria embora. Só que não<br />

queria que ele fosse embora.<br />

Queria que ele cumprisse a promessa<br />

de paixão no beijo de antes. Além do<br />

mais, se não fossem compatíveis na<br />

cama, isso poderia ser um sério<br />

problema.<br />

Não é?<br />

Não havia muita chance de isso<br />

acontecer quando os beijos dele a<br />

viravam do avesso, pensou, com uma<br />

risadinha nervosa.<br />

– Acha engraçado que tenha gostado<br />

<strong>da</strong> minha família?<br />

As mãos de Vik pousaram-se nos<br />

ombros dela e a viraram para si.


Ante a expressão inquisitiva do belo<br />

rosto que a fitava, Maddie sorriu,<br />

sacudindo a cabeça.<br />

– Não, estava pensando nas coisas<br />

que dizemos para nós mesmos para<br />

justificar o que queremos fazer.<br />

O olhar de Vik prometia coisas que<br />

Maddie jamais experimentara, mas que<br />

tinha quase certeza de que queria.<br />

Ele sacudiu a cabeça.<br />

– Ain<strong>da</strong> estou um pouco surpreso de<br />

que jamais tenha feito tais coisas antes.<br />

– Patético, não é?<br />

– De que modo você foi patética? –<br />

perguntou Vik, em um tom que não era<br />

um bom sinal para quem quer que


pudesse ter usado essa palavra para<br />

descrevê-la.<br />

Incluindo ela mesma.<br />

Apesar de adorar a sua<br />

independência, Maddie não podia<br />

negar que gostava <strong>da</strong>s sensações de<br />

proteção instantânea que ele despertava<br />

nela.<br />

Sentindo-se um tanto esquisita, ela<br />

afastou-se dele e cruzou a sala.<br />

– Como chamaria uma virgem de 24<br />

anos de i<strong>da</strong>de? – perguntou, voltandose<br />

para ele.<br />

– Exigente.<br />

Seu sorriso a derreteu.<br />

– É uma maneira de ver a coisa –<br />

retrucou ela, rindo.


– Estava me esperando.<br />

Pelo tom dele, Maddie pôde perceber<br />

que ele achava estar brincando.<br />

Subitamente, deu-se conta de que<br />

Romi estivera certa o tempo todo.<br />

– Estava mesmo.<br />

Podia ter superado o seu primeiro<br />

amor, mas Maddie jamais deixara de<br />

achar que Viktor Beck seria o amante<br />

ideal. De modo que rejeitara todos os<br />

outros homens.<br />

Sim, confiança era um problema para<br />

ela; contudo, junto com a falta de<br />

confiança em outros homens, houvera a<br />

certeza primordial de com quem ela<br />

queria compartilhar o seu corpo.


Uma certeza sobre a qual, apesar de<br />

vir conscientemente negando, ela tivera<br />

pelos últimos seis anos.<br />

Olhos cor de café escureceram com<br />

inegável luxúria, deixando-a zonza. Ele<br />

a queria. Dissera que queria. Ele a<br />

beijara como se quisesse, mas aquele<br />

olhar! Tão pre<strong>da</strong>tório que a deixou to<strong>da</strong><br />

arrepia<strong>da</strong>.<br />

– Você foi feita para mim – falou ele,<br />

confirmando que não era imaginação<br />

dela.<br />

A atração entre eles era mútua.<br />

– Uma pena que não se deu conta<br />

disso seis anos atrás. – Arrependeu-se<br />

<strong>da</strong>s palavras assim que as disse, e


sacudiu a cabeça. – Esqueça que eu falei<br />

isso.<br />

Maddie entendia por que Vik a<br />

rejeitara antes. Querer que já tivessem<br />

<strong>da</strong>do aquele passo para que ela não<br />

tivesse de estar li<strong>da</strong>ndo agora com a<br />

humilhação pública era, ao mesmo<br />

tempo, fútil e ridículo. Pois, mesmo que<br />

tivessem ficado juntos na época, não<br />

havia garantias de que ain<strong>da</strong> estariam<br />

juntos agora.<br />

Cerrando os dentes, Vik avançou<br />

com determinação na direção dela.<br />

– Eu não estava pronto para o<br />

casamento, e você não estava pronta<br />

para mim.<br />

– Eu...


Ele levou o dedo em riste aos lábios<br />

dela, interrompendo o argumento.<br />

– Ambos ain<strong>da</strong> tínhamos que<br />

adquirir um pouco de vivência.<br />

– Estava mesmo pensando nisso, na<br />

época?<br />

– Estava.<br />

– Mas a 18 não o agra<strong>da</strong>va.<br />

– Você tinha 18 anos de i<strong>da</strong>de. Eu<br />

ain<strong>da</strong> estava acostumado a pensar em<br />

você como uma criança. Não me<br />

pareceu certo.<br />

– Eu era uma mulher adulta.<br />

Contudo, mesmo ao fazer a alegação,<br />

soube que compara<strong>da</strong> a Vik não<br />

passara mesmo de uma criança.


– Tinha i<strong>da</strong>de para votar, para se<br />

juntar às forças arma<strong>da</strong>s e até mesmo<br />

para contrair as suas próprias dívi<strong>da</strong>s.<br />

Não significava que estivesse pronta<br />

para um relacionamento com um<br />

homem como eu.<br />

– Um relacionamento, ou sexo?<br />

– Em se tratando de nós dois, é a<br />

mesma coisa.<br />

– É mesmo?<br />

– Entre nós, sempre foi casamento ou<br />

na<strong>da</strong>, Madison.<br />

Vik estendeu a mão e traçou o<br />

contorno do corpete dela, as pontas de<br />

seus dedos jamais abandonando o<br />

tecido azul-safira do vestido, e roçando<br />

na pele do busto dela.


Prendendo a respiração, Maddie não<br />

se moveu.<br />

– Por causa <strong>da</strong> AIH.<br />

– Porque meu avô me criou para ser<br />

um homem honrado.<br />

– Você pode ser um tubarão, Vik,<br />

mas pelo menos é um sincero.<br />

Ele sorriu, a ponta do dedo<br />

repousando exatamente onde o decote<br />

fazia um “V” entre os seios.<br />

– Planejava casar-se comigo antes<br />

mesmo de o “Perrygate” acontecer.<br />

– É.<br />

Vik olhou sugestivamente para a<br />

aliança feita sob encomen<strong>da</strong> no dedo<br />

dela, e Maddie notou. Não havia como<br />

negar a ver<strong>da</strong>de diante dos seus olhos.


– Mandou mesmo fazer as alianças<br />

para mim.<br />

– Eu não minto.<br />

– Não, mas...<br />

A importância do que ele estava lhe<br />

dizendo a deixou sem palavras.<br />

– Timwater me forçou a adiantar os<br />

meus planos, mas foram apenas<br />

algumas semanas.<br />

– Ia me pedir em casamento?<br />

– Primeiro pretendia namorá-la –<br />

retrucou ele jocosamente. –<br />

Precisávamos reconstruir o vínculo que<br />

já tivemos.<br />

– Reconheceu antes do meu pai que<br />

o único modo de ele ter um herdeiro


para cui<strong>da</strong>r dos seus negócios seria se<br />

eu me cassasse com você.<br />

– É.<br />

– Sendo assim, baseou os seus planos<br />

no desejo do meu pai de deixar o seu<br />

legado para a família. Foi brilhante. E<br />

manipulador.<br />

Mas ele já demonstrara que, por mais<br />

importantes que seus planos para a AIH<br />

fossem, não ignoraria a felici<strong>da</strong>de de<br />

Maddie. Afinal, oferecera-se para lhe<br />

comprar o imóvel dos sonhos como<br />

presente de casamento.<br />

Um gesto calculado? Talvez.<br />

Contudo, que a beneficiava, e não<br />

prejudicava.


O silêncio de Vik já era to<strong>da</strong> a<br />

resposta de que precisava. Ele não só<br />

traçara a sua estratégia como começara<br />

a trabalhar no convencimento do pai<br />

dela, e o pai não demorara a enxergar<br />

as coisas do seu jeito no tocante a salvar<br />

a filha e a reputação <strong>da</strong> empresa.<br />

– Não sei o que pensar a respeito<br />

disso – admitiu ela.<br />

Apesar de entender, ain<strong>da</strong> se sentia<br />

manipula<strong>da</strong>.<br />

O toque de Vik enfim deixou o<br />

vestido para chegar ao volume dos<br />

seios, desenhando a mesma trilha de<br />

antes, só que, dessa vez, ao longo de<br />

sua pele.


– Enquanto está decidindo, leve em<br />

consideração que, se você tivesse sido<br />

uma mulher diferente, meus planos<br />

teriam tomado um rumo diferente.<br />

Ela estremeceu, e outro pensamento<br />

lhe ocorreu.<br />

– Teria tirado a AIH do meu pai?<br />

Estava horroriza<strong>da</strong>, pois, por mais<br />

que não entendesse o pai, ela o amava,<br />

e tinha certeza de que Vik teria feito<br />

exatamente isso, em vez de permitir que<br />

um desconhecido viesse e tomasse o<br />

que considerava dele.<br />

Vik deu de ombros, sem confirmar e<br />

nem negar.<br />

– Não foi necessário.<br />

– Disse que Jeremy era seu amigo.


– E é.<br />

– Mas ain<strong>da</strong> assim tomaria a empresa<br />

dele.<br />

– Eu não o teria traído.<br />

Não. Não fazia o estilo de Vik.<br />

– Mas teria encontrado um meio.<br />

– Isso a aborrece?<br />

– Eu já havia dito que você é<br />

implacável.<br />

– Não é novi<strong>da</strong>de.<br />

Não, realmente não era.<br />

– Minha cabeça não funciona como a<br />

sua.<br />

– Não se engane. Ao seu modo, você<br />

também é implacável; contudo, se fosse<br />

demasia<strong>da</strong>mente igual a mim, não nos<br />

complementaríamos tão bem.


Ambas as suas mãos pousaram na<br />

cintura dela.<br />

A sensação dos polegares dele lhe<br />

acariciando a lateral do corpo distraiu<br />

Maddie.<br />

– Acha que nos complementamos?<br />

– Sei que nos complementamos.<br />

– Quer dizer que está dizendo que<br />

não quer apenas a empresa. Também<br />

me quer.<br />

Não apenas sexo com ela, mas<br />

Maddie como uma pessoa completa.<br />

Pelo menos a Maddie Archer sobre a<br />

qual ele sabia. O que Vik acharia de<br />

Maddie Grace?<br />

– Você apoiará os meus sonhos de<br />

uma maneira que uma mulher de


menos força não conseguiria fazer.<br />

– Seus planos teriam sido seriamente<br />

estragados se eu tivesse escolhido um<br />

dos outros candi<strong>da</strong>tos apresentados por<br />

Jeremy.<br />

Ela cedeu à irresistível vontade de<br />

cutucar a fera.<br />

A boca maravilhosa de Vik se<br />

retorceu de desdém.<br />

– Você jamais teria escolhido outro<br />

homem.<br />

– Acha que não?<br />

– Sei que não.<br />

– Outra palavra para excesso de<br />

confiança é arrogância.<br />

– Prefiro ser chamado de sincero.


Ela riu baixinho, antes de <strong>da</strong>r-se<br />

conta de algo.<br />

– Você manipulou a escolha dos<br />

candi<strong>da</strong>tos.<br />

– Eu não estava esperando Maxwell<br />

Black.<br />

– Nem eu. – E ela ain<strong>da</strong> queria saber<br />

o que o homem fizera com Romi. – Ele<br />

é intenso.<br />

– É um bom homem de negócios.<br />

– É honrado?<br />

– É.<br />

– Tão honrado quanto você?<br />

Vik considerou a sua resposta por um<br />

instante.<br />

– Eu faria negócios com ele apenas<br />

baseado em um aperto de mãos.


– Bom saber disso.<br />

– Por quê? Está considerando as suas<br />

opções?<br />

A possibili<strong>da</strong>de não parecia<br />

preocupá-lo tanto assim.<br />

– De acordo com você, não há outras<br />

opções.<br />

– Ver<strong>da</strong>de. – Viktor parecia estar<br />

considerando o que dizer em segui<strong>da</strong>. –<br />

Nós crescemos juntos.<br />

– O quê? Na mesma vizinhança?<br />

– Na mesma rua domina<strong>da</strong> por<br />

descendentes de russos, mesma escola,<br />

mesmas tardes passa<strong>da</strong>s em ativi<strong>da</strong>des<br />

patrocina<strong>da</strong>s pelo centro cultural russo.<br />

– Eram amigos?<br />

– Ain<strong>da</strong> somos... mais ou menos.


– São parecidos demais para ser<br />

muito chegados.<br />

– Disputamos o primeiro lugar na<br />

classe até irmos para universi<strong>da</strong>des<br />

diferentes.<br />

– Ninguém mais teve chance.<br />

– Não.<br />

Maddie mordeu o lábio inferior, por<br />

fim decidindo ser sincera no tocante às<br />

suas preocupações.<br />

– Romi o namorou.<br />

– Sei.<br />

– Ele é intenso – repetiu Maddie.<br />

– Ain<strong>da</strong> estão namorando?<br />

– Não.<br />

– Então...<br />

– Não preciso me preocupar?


– Ele é um bom homem.<br />

Maddie acreditava nele.<br />

– Realmente vai passar a noite aqui?<br />

– perguntou, voltando a atenção para o<br />

que mais lhe importava no momento.<br />

– Vou.<br />

– Já no primeiro dia?<br />

Um dia no qual haviam tomado a<br />

decisão de se casarem, levar a público<br />

tal decisão e negociaram um futuro que<br />

ambos podiam aceitar.<br />

Ele a puxou para si.<br />

– De certa maneira, esta noite é a<br />

culminação de dez anos.<br />

– Dos quais, seis nós passamos<br />

praticamente sem nos falar.


– Quando foi a última vez que Frank<br />

esteve na ci<strong>da</strong>de? – perguntou Vik,<br />

como se Maddie pudesse saber.<br />

Ela sabia.<br />

– Três meses atrás. Esteve em São<br />

Francisco para o Natal.<br />

O pai de Vik comparecera à festa de<br />

Jeremy na empresa de Misha e Ana.<br />

Vik assentiu.<br />

– Babulya ficou satisfeita.<br />

– Mas você não via a hora de ele ir<br />

embora.<br />

– Você foi a única pessoa que soube<br />

disso.<br />

– Só porque vi o seu pai na casa do<br />

meu pai e soube que ele estava na<br />

ci<strong>da</strong>de não significa nós dois tenhamos


tido nenhuma comunicação<br />

significativa.<br />

– Não tivemos?<br />

Tudo bem, então nos últimos anos<br />

eles haviam tido um variado número de<br />

conversas de diferentes níveis de<br />

profundi<strong>da</strong>de. Maddie se deu conta de<br />

que ela estivera apenas tentando ser<br />

adulta no tocante ao passado, mas Vik<br />

estivera trabalhando em restabelecer o<br />

vínculo com ela a respeito do qual<br />

falara antes.<br />

Maquiavel era fichinha perto dele em<br />

se tratando de planejamento a longo<br />

prazo.<br />

– Ain<strong>da</strong> assim – retrucou, sem ter o<br />

que mais dizer.


Aquele sorriso de tubarão esboçou-se<br />

no seu rosto.<br />

– Quando foi a última vez que eu<br />

levei uma acompanhante para algum<br />

evento?<br />

E <strong>da</strong>í que ela soubesse a resposta?<br />

– Isso não significa na<strong>da</strong>.<br />

– Não?<br />

– Vik...<br />

– Acho que o fato de eu não ter tido<br />

outra mulher ao meu lado em mais de<br />

um ano, e o fato de você saber disso, é<br />

muito significativo.<br />

– É mesmo?<br />

Apesar do sarcasmo, ela não podia<br />

deixar de se perguntar se ele não teria<br />

razão.


– Sei que você também não saiu com<br />

ninguém. Eu não tinha certeza quanto a<br />

Timwater, mas na<strong>da</strong> no modo como<br />

pareciam juntos <strong>da</strong>va a ideia de<br />

intimi<strong>da</strong>de sexual.<br />

– Espero mesmo que não.<br />

– Além do mais, ele estava dormindo<br />

com outras mulheres.<br />

Maddie desconfiava que sim, apesar<br />

de Perry sempre tentar passar a<br />

impressão de que não dormia com<br />

ninguém. Ela não sabia bem por quê.<br />

Não teria feito diferença alguma.<br />

Contudo, o fato de Vik saber<br />

significava que estivera prestando<br />

atenção.


– Tem um arquivo sobre ele, não<br />

tem?<br />

– Naturalmente.<br />

– E quanto a Romi?<br />

– Romi é sua amiga há mais tempo<br />

do que eu.<br />

– Está dizendo que não tem arquivo<br />

sobre ela?<br />

Inclinando-se, Vik sussurrou no pé<br />

do ouvido de Maddie.<br />

– Estou dizendo que não preciso de<br />

um.<br />

Não eram as palavras doces, mas a<br />

sensação <strong>da</strong> respiração gentilmente<br />

soprando no pé <strong>da</strong> orelha a deixou to<strong>da</strong><br />

arrepia<strong>da</strong>.


– Você também a conhece bem –<br />

falou Maddie, sem saber ao certo por<br />

que estava <strong>da</strong>ndo prosseguimento<br />

àquela conversa.<br />

– É.<br />

Curiosi<strong>da</strong>de e preocupação a levaram<br />

a perguntar:<br />

– Sabia que ela namorava Maxwell?<br />

– Não.<br />

– Ótimo. Não me sinto mais tão por<br />

fora.<br />

Vik endireitou-se, mas não recuou.<br />

– Estou certo de que, se você não<br />

sabia, é porque fizeram o possível para<br />

manter a coisa to<strong>da</strong> em particular.<br />

– Tem razão.


Apesar de ain<strong>da</strong> preocupa<strong>da</strong>, Maddie<br />

não se sentia mais uma péssima amiga.<br />

Ela se permitiu perder-se naqueles<br />

olhos cor de café, e relaxou-se mais de<br />

encontro ao corpo dele.<br />

– Quero beijar você.<br />

– E o que a está impedindo?<br />

Vik curvou-se, de modo que os lábios<br />

estavam a centímetros dos dela, e ela<br />

inclinou-se para ele, sussurrando de<br />

encontro aos seus lábios:<br />

– Na<strong>da</strong>.<br />

O primeiro roçar dos lábios de<br />

Maddie nos deles foi como um choque<br />

elétrico. Foi a mais breve <strong>da</strong>s carícias;<br />

contudo, quase insuportável na sua<br />

intimi<strong>da</strong>de.


Eram distintamente diferentes, um<br />

par de lábios masculinos e outro<br />

feminino, mas se encaixaram com a<br />

perfeição de moldes simultaneamente<br />

alinhados e fundidos.<br />

A resposta de Vik foi a de um<br />

ver<strong>da</strong>deiro macho alfa, aceitando-lhe a<br />

boca antes de <strong>da</strong>r a volta por cima e<br />

avançar com os próprios lábios sobre os<br />

dela, <strong>da</strong>ndo ao beijo uma intensi<strong>da</strong>de<br />

maior e mais intimi<strong>da</strong>de.<br />

Mordiscando gentilmente o lábio<br />

inferior dela, ele exigiu entrar. Sem<br />

pensar em mais na<strong>da</strong> alem de obedecer,<br />

ela permitiu que os lábios se<br />

entreabrissem.


A língua de Vik mergulhou na sua<br />

boca, e, no mesmo instante, Maddie se<br />

viu afogando em uma resposta sexual<br />

que apenas aquele homem fora capaz<br />

de despertar nela, pensamentos e<br />

emoções sobrepujados pelo ataque de<br />

uma devastadora sensuali<strong>da</strong>de.<br />

Vik puxou o corpo dela para si, suas<br />

enormes mãos deslizando por suas<br />

costas acima, até massagear-lhe o couro<br />

cabeludo.<br />

As próprias mãos dela deslizaram por<br />

conta própria até o peitoral dele,<br />

subindo para os ombros, e depois até a<br />

nuca, puxando o seu corpo de encontro<br />

ao dele até os seios estarem sendo<br />

esmagados contra o peito de Vik.


Intensas fagulhas de deliciosas<br />

sensações chegaram a provocar<br />

ponta<strong>da</strong>s quase dolorosas nos bicos dos<br />

seios dela.<br />

Mesmo ain<strong>da</strong> vestidos, era tão<br />

inacreditavelmente bom que Maddie<br />

sequer conseguia imaginar como seria<br />

quando fosse pele nua de encontro à<br />

pele nua.<br />

Vik deixou escapar um retumbante<br />

som de aprovação de sua garganta,<br />

antes de erguê-la do chão, nos seus<br />

braços.<br />

O homem era forte. Logo em segui<strong>da</strong><br />

a esse pensamento veio outro. Ia<br />

mesmo fazer aquilo.


Pela primeira vez, Maddie ficou feliz<br />

por ser uma virgem de 24 anos.<br />

Não queria nenhuma experiência<br />

passa<strong>da</strong> ofuscando aquele momento<br />

com ele. Nenhuma lembrança de mãos<br />

na sua carne, além <strong>da</strong>s dele.<br />

Vik a carregou direto para o quarto<br />

de dormir, abaixando-a até o chão e<br />

afastando a boca <strong>da</strong> dela. Maddie não<br />

queria que ele parasse e aproveitou as<br />

mãos ao redor do pescoço dele para<br />

alçar-se de volta, para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de<br />

ao beijo.<br />

Algo no gesto acionou um<br />

interruptor no íntimo de Vik, e o beijo<br />

passou a ser nuclear. Sua boca devorou


a dela enquanto apalpava-lhe as<br />

nádegas através <strong>da</strong> se<strong>da</strong> do vestido.<br />

Domina<strong>da</strong> pelas sensações, Maddie<br />

perdeu a conexão com tudo que não<br />

fosse o beijo. Não soube dizer quanto<br />

tempo as bocas passaram devorando<br />

uma a outra. Não conseguia registrar<br />

na<strong>da</strong> além <strong>da</strong>s centelhas de prazer de<br />

prazer incendiando-a, consumindo-a.<br />

Só se deu conta de que ele a moveu<br />

até a cama quando Vik desvencilhou-se<br />

dela, e Maddie não caiu no chão.<br />

Gemeu ante a necessi<strong>da</strong>de de<br />

conectar-se novamente com os lábios<br />

dele, um som que a teria constrangido,<br />

caso não estivesse entregue demais ao<br />

desejo para ligar.


– Vik! – suplicou, nenhuma outra<br />

palavra lhe vindo à cabeça.<br />

O sorriso dele era feroz e ardente.<br />

Mas a piscadela de olho foi ain<strong>da</strong> mais.<br />

– Roupas.


CAPÍTULO 8<br />

UMA ÚNICA palavra, mas era tudo de<br />

que Maddie precisava.<br />

Ela sentou-se e se pôs a abrir o zíper<br />

do vestido. Normalmente, já era difícil<br />

alcançar o fecho no meio <strong>da</strong>s costas.<br />

Com as mãos tremendo, tornou-se<br />

impossível. Tão frustra<strong>da</strong> que poderia<br />

até chorar, ela esforçou-se para abaixar<br />

o zíper.


O tempo todo, não conseguia tirar os<br />

olhos de Vik. Ele arrancara o suéter<br />

Armani e o jogara no chão, a camiseta<br />

preta que usava por baixo logo se<br />

juntando ao amontoado de caxemira.<br />

Em segui<strong>da</strong> vieram as calças, revelando<br />

o volume que se encontrava por baixo<br />

<strong>da</strong> cueca preta.<br />

– Seu corpo é lindo – sussurrou ela<br />

admira<strong>da</strong>.<br />

Ca<strong>da</strong> músculo <strong>da</strong>quele belo corpo de<br />

quase 1,90 m era trabalhado. Pelos<br />

escuros recobriam o peito, estreitandose<br />

em uma trilha que desaparecia sob a<br />

cintura <strong>da</strong> cueca.<br />

Ela não sabia se era por conta do<br />

tecido justo e preto ou devido às


próprias emoções supersensíveis, mas<br />

Vik parecia ser enorme.<br />

As coxas de Maddie se apertaram<br />

uma de encontro à outra e seus dedos<br />

estavam coçando para tocá-lo. E ela<br />

sequer havia visto o membro em si.<br />

Vik olhou para ela, sua própria<br />

expressão toma<strong>da</strong> pelo desejo.<br />

– Ain<strong>da</strong> está vesti<strong>da</strong> – acusou.<br />

– Eu sei – respondeu ela, toma<strong>da</strong> de<br />

frustração.<br />

– Precisa de aju<strong>da</strong>?<br />

– Preciso.<br />

Ele marchou na direção <strong>da</strong> cama<br />

como um enorme gato preto, subindo<br />

nela com a mesma graça. Estendeu os


dedos na direção do zíper nas costas de<br />

Maddie.<br />

– Este é o seu problema?<br />

– Não consigo alcançá-lo.<br />

– Como foi então que conseguiu<br />

vesti-lo?<br />

– Não havia na<strong>da</strong> me distraindo<br />

quando me vesti.<br />

– Como o quê?<br />

– O que você acha?<br />

– Eu?<br />

– O desejo – esclareceu Maddie.<br />

– Desejo por mim?<br />

– É – admitiu ela, não vendo razão<br />

para fingir o contrário; contudo, ao<br />

mesmo tempo, irrita<strong>da</strong> por ter de<br />

confirmar em voz alta.


– Ótimo. – Ele abaixou o zíper aos<br />

pouquinhos. – Gosto deste vestido.<br />

– Pois jamais vou usá-lo novamente.<br />

– Por favor, use.<br />

– Por quê?<br />

– Sempre gostei de desembrulhar os<br />

meus presentes. Pergunte só para os<br />

meus avós.<br />

– Não sou um presente de Natal.<br />

– Não, é algo muito mais valioso. –<br />

Ele beijou-lhe o canto <strong>da</strong> boca antes de<br />

levemente roçar os lábios nos dela. – É<br />

a mulher com quem compartilharei a<br />

minha vi<strong>da</strong>.<br />

– Para um tubarão coorporativo, você<br />

é muito bom no romance.


Ele não estava brincando no tocante<br />

a gostar do processo de desembrulhar.<br />

O tempo foi passando, marcado pelo<br />

aumento <strong>da</strong> paixão de Maddie,<br />

enquanto Vik, primeiro, retirou-lhe o<br />

vestido, centímetro a centímetro,<br />

lentamente lhe revelando o corpo. O<br />

seu olhar repleto de desejo a fez arder<br />

sob sua apreciação sensual.<br />

Em segui<strong>da</strong>, a anágua de se<strong>da</strong> foi o<br />

alvo de suas atenções, mas ele<br />

demorou-se ain<strong>da</strong> mais com elas do<br />

que com o tafetá azul, beijando trechos<br />

<strong>da</strong> pele dela à medi<strong>da</strong> que iam sendo<br />

revelados, sensibilizando o corpo de<br />

Maddie como ela jamais pensara ser<br />

possível.


Quando Vik terminou, ela estava<br />

nua, uma massa trêmula de desejo<br />

sexual.<br />

E ele ain<strong>da</strong> estava de cueca.<br />

Ela puxou o elástico <strong>da</strong> cintura dele,<br />

sua voz rouca de paixão ao conseguir<br />

forçar a passagem <strong>da</strong>s palavras pela<br />

garganta aperta<strong>da</strong>.<br />

– Pode tirar.<br />

– Ain<strong>da</strong> não.<br />

– Por quê?<br />

– Você é virgem.<br />

– E <strong>da</strong>í?<br />

Ele ia mu<strong>da</strong>r isso, não ia?<br />

– De modo que você precisa ser<br />

prepara<strong>da</strong>, e, no que diz respeito a você,<br />

estou por um triz.


– Vai ter de tirar a cueca para fazer<br />

amor comigo.<br />

Ele exibiu os dentes em um sorriso<br />

desprovido de humor.<br />

– E, antes que isso aconteça, preciso<br />

me certificar de que esteja pronta para<br />

mim.<br />

– Mas...<br />

– Terá de confiar em mim.<br />

– Eu quero você!<br />

– E me terá.<br />

Naquele instante, as mãos de Vik<br />

deslizaram entre as pernas dela, dedos<br />

mergulhando no ardor úmido que<br />

nenhum outro homem jamais tocara, e<br />

ela gritou. Ele a tocou de maneira que<br />

ela apenas sonhara em ser toca<strong>da</strong>,


acariciando-a até o seu primeiro clímax<br />

devastador, antes mesmo que Maddie<br />

se desse conta de para onde aquela<br />

sensação desespera<strong>da</strong> no seu íntimo a<br />

estava levando.<br />

Ela já se tocara antes, contudo jamais<br />

se sentira <strong>da</strong>quele jeito. Ain<strong>da</strong> estava<br />

tremendo de prazer quando um único<br />

dedo masculino comprido mergulhou<br />

no seu íntimo. Algo se apertou no seu<br />

coração ante a intrusão íntima.<br />

Ele não estava dentro dela, não do<br />

modo como ela sempre imaginara, mas<br />

estavam conectados em um nível que<br />

correspondia a um lugar na alma dela.<br />

Ele avançou, e Maddie estremeceu<br />

de dor.


– Dói? – perguntou Vik.<br />

– Um pouquinho.<br />

– Vai arder.<br />

– Por quê?<br />

– Vou romper o seu hímen com o<br />

dedo. Tornará a penetração do meu<br />

sexo mais fácil para você.<br />

As palavras eram experientes,<br />

contudo sua expressão e a preocupação<br />

na voz dele não eram.<br />

Ele pensara bem naquilo, e isso a<br />

comoveu.<br />

Vik avançou um pouquinho mais.<br />

Uma ponta<strong>da</strong> de dor percorreu o<br />

corpo dela.<br />

– Não está só ardendo!<br />

– Sinto muito. Vai valer a pena.


Maddie não tinha tanta certeza no<br />

tocante a isso, mas confiava o bastante<br />

nele para lhe <strong>da</strong>r o benefício <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>.<br />

Tal confiança foi seriamente testa<strong>da</strong><br />

um instante mais tarde, quando a dor<br />

intensificou-se tanto que chegou a<br />

pensar que ele a estivesse invadindo<br />

com um ferro em brasa, e não com o<br />

dedo. Arquejando, ela tentou recuar, e<br />

ficou surpresa quando conseguiu<br />

desalojar-lhe a mão.<br />

Vik se sentou sobre as pernas, os<br />

ligeiros traços de sangue no seu dedo<br />

um testamento do seu sucesso.<br />

Satisfeita que a dor já estivesse se<br />

transformando em um ligeiro latejar,<br />

ela perguntou:


– Agora?<br />

– Ain<strong>da</strong> não. Há mais a ser feito.<br />

O mais incluía finalmente despir-se<br />

por completo. No banheiro, onde ele<br />

ligou a água quente <strong>da</strong> banheira.<br />

Ele parecia ain<strong>da</strong> maior se projetando<br />

para fora do corpo do que parecera com<br />

a ereção enfia<strong>da</strong> para dentro <strong>da</strong> malha<br />

de se<strong>da</strong> preta.<br />

Ele sorriu para ela com gentil humor.<br />

– Seus olhos estão arregalados.<br />

– Você é grande como um bastão de<br />

beisebol.<br />

Isso arrancou uma gargalha<strong>da</strong> dele.<br />

– Não chego nem perto de ser.<br />

Sem saber ao certo de onde viera, a<br />

irritação fez com que cruzasse o piso


ladrilhado e lhe deu a ousadia para<br />

cerrar a mão ao seu redor.<br />

– Meus dedos estão dormentes.<br />

O som que escapou dos lábios dele<br />

não foi uma palavra.<br />

Gotas viscosas se formaram na ponta<br />

do pe<strong>da</strong>ço de carne na mão de Maddie.<br />

Ela o tocou com a ponta do dedo e o<br />

trouxe à boca, lambendo-o<br />

cui<strong>da</strong>dosamente.<br />

Ficou surpresa ao perceber que<br />

chegava quase a ser doce, com apenas<br />

um vestígio do amargor salgado de que<br />

ela ouvira falar.<br />

– Gostei.<br />

Ele gemeu, recuando bruscamente<br />

com o corpo, fazendo com que a carne


dura lhe escapasse <strong>da</strong> mão.<br />

– Banho. Agora.<br />

– Por quê?<br />

– Não pode simplesmente confiar em<br />

mim?<br />

– Confio mais em você do que em<br />

qualquer outro homem do planeta.<br />

Talvez fosse o único homem no<br />

planeta em quem ela confiasse.<br />

– Será melhor para você assim –<br />

explicou ele.<br />

– Como é que você sabe? Já fez<br />

muito sexo com virgens?<br />

A possibili<strong>da</strong>de a incomo<strong>da</strong>va<br />

profun<strong>da</strong>mente.<br />

– Nenhuma. – Ele praticamente<br />

rosnou ao erguê-la e depositá-la na


anheira com movimentos<br />

surpreendentemente<br />

gentis,<br />

considerando a sua irritação aparente. –<br />

Eu li a respeito.<br />

– Porque é do tipo que planeja tudo.<br />

– É.<br />

Ele ain<strong>da</strong> parecia um homem<br />

disposto a arrancar a cabeça de alguém.<br />

– Por que está zangado?<br />

– Não estou zangado!<br />

– Está rosnando para mim.<br />

– Estou excitado.<br />

– Eu também. O banho foi ideia sua!<br />

– Para o seu benefício.<br />

Ah, caramba.<br />

– Desculpe. Isto não é fácil para você,<br />

não é?


– Esperar? – Ele adentrou a banheira<br />

atrás dela, sentando-a no seu colo, suas<br />

mãos pousando-se possessivamente em<br />

Maddie. – Não, minha ruivinha sexy,<br />

não é fácil, mas você vale a pena.<br />

Outro momento de cavaleiro branco.<br />

– Se não tomar cui<strong>da</strong>do, vai me levar<br />

a acreditar em contos de fa<strong>da</strong>s.<br />

Sua única resposta foi um sedutor<br />

toque na coxa dela. Tal carícia foi<br />

segui<strong>da</strong> de outra, e mais outra, por todo<br />

o corpo dela, e ca<strong>da</strong> toque era<br />

acompanhado <strong>da</strong> presença insistente <strong>da</strong><br />

ereção pressiona<strong>da</strong> à parte inferior <strong>da</strong>s<br />

costas.<br />

Quando as mãos interromperam os<br />

seus movimentos lentos, os mamilos já


estavam latejando e sensíveis, o clitóris,<br />

vibrando de prazer, e o corpo todo,<br />

derretido sobre o dele.<br />

Não restavam palavras no seu<br />

cérebro quando Vik esvaziou a<br />

banheira e a ergueu de volta para o<br />

chão ladrilhado. Secaram-se em<br />

silêncio, seus corpos ansiando um pelo<br />

outro.<br />

Sem na<strong>da</strong> falar, ela e Vik afastaram<br />

as cobertas <strong>da</strong> cama, e, juntos,<br />

deitaram-se no colchão coberto por um<br />

único lençol.<br />

Fazer amor foi tudo que ela sonhou<br />

que seria, seu sexo preenchendo-a tão<br />

profun<strong>da</strong>mente que, naquele instante,


Maddie sentiu como se houvessem se<br />

fundido em um único ser.<br />

Ain<strong>da</strong> houve um pouco de dor,<br />

contudo na<strong>da</strong> lancinante e nem<br />

excessivo, e o prazer sobrepujou<br />

qualquer desconforto.<br />

Dessa vez, quando chegou ao clímax,<br />

ela gritou até a garganta protestar. Vik<br />

ficou ain<strong>da</strong> mais impossivelmente duro<br />

dentro dela, antes de expressar o seu<br />

alívio na forma de uma única palavra<br />

grita<strong>da</strong>.<br />

– Minha.<br />

Maddie só foi se lembrar de métodos<br />

anticoncepcionais no dia seguinte.


VIKTOR ACORDOU no escuro, duas coisas<br />

proeminentes na sua cabeça. A mulher<br />

que desejara por anos estava agora nos<br />

seus braços, e não haviam usado<br />

proteção <strong>da</strong> primeira vez em que<br />

fizeram amor.<br />

A primeira coisa lhe trouxe<br />

satisfação. A segun<strong>da</strong>, uma ponta<strong>da</strong> de<br />

arrependimento. Em um mundo<br />

perfeito, teriam alguns anos de<br />

casamento para aproveitar a vi<strong>da</strong> de<br />

casal, para solidificar a relação.<br />

No mundo real, Maddie fora força<strong>da</strong><br />

a se casar pelas ações de um canalha<br />

que se dizia seu amigo, e os avós de<br />

Viktor não estavam ficando mais<br />

jovens. Se quisesse que os seus filhos


pudessem aproveitá-los como Viktor<br />

aproveitara, teria de providenciá-los o<br />

mais rápido possível.<br />

Para ele, família era tudo. E queria<br />

ser um provedor para a sua família<br />

como o pai jamais fora. Desde pequeno,<br />

Viktor decidira que jamais seria como o<br />

pai.<br />

Quando conhecera Jeremy Archer,<br />

Viktor pensara ter encontrado o mentor<br />

que procurava. E encontrara, mas<br />

também se dera conta de que,<br />

envolvido como era com a AIH, a visão<br />

de Jeremy era limita<strong>da</strong> demais.<br />

Tanto nos negócios como em se<br />

tratando <strong>da</strong> família.


Jeremy jamais entendera que todo o<br />

sucesso <strong>da</strong> AIH na<strong>da</strong> significava ante o<br />

seu fracasso espetacular com a filha.<br />

Madison combinava com Viktor de<br />

to<strong>da</strong>s as maneiras. Não eram apenas<br />

sexualmente compatíveis. Eram<br />

combustíveis. Exatamente como ele<br />

soubera que seriam. Mas, igualmente<br />

importante, eram amigos com objetivos<br />

compatíveis, embora muito diferentes<br />

para o futuro.<br />

A presença de Maxwell Black na<br />

reunião naquela manhã precipitara<br />

atitudes de Viktor que ele só planejara<br />

tomar mais tarde.<br />

Mas não podia se queixar do<br />

resultado.


De modo algum se arrependia de ter<br />

feito amor com Madison, e tinha to<strong>da</strong> a<br />

intenção de mostrar para ela que<br />

nenhum outro homem combinaria tão<br />

bem com ela quanto ele.<br />

Não era apenas o sucessor perfeito<br />

para a AIH. Era perfeito para Madison.<br />

Com isso em mente, deslizou a mão<br />

pelo lombo dela, inclinando-se para<br />

beijar-lhe a lateral do pescoço, e<br />

acordá-la para mais uma demonstração<br />

de como combinavam bem na cama.<br />

PELA PRIMEIRA vez na vi<strong>da</strong>, Madison<br />

acor<strong>da</strong>ra nos braços de outra pessoa.<br />

Permaneceu deita<strong>da</strong>, quente e<br />

segura, enquanto metade do corpo de


Viktor cobria o dela, sua respiração<br />

lenta e constante mesmo durante o<br />

sono.<br />

E ela pensou na possibili<strong>da</strong>de de<br />

bebês e de uma família. Será que ele o<br />

fizera de propósito? Ou estivera tão<br />

entregue à satisfação final de anos de<br />

desejo frustrado que a ideia de proteção<br />

sequer lhe passara pela cabeça?<br />

Antes de fazer amor com um homem<br />

que parecia jamais se saciar, ela não<br />

teria considerado a segun<strong>da</strong> opção<br />

possível.<br />

Mas Vik a acor<strong>da</strong>ra várias vezes<br />

durante a noite, para to<strong>da</strong>s as vezes<br />

testar os limites do prazer e do corpo<br />

dela, sua voraci<strong>da</strong>de por Maddie algo


que ela jamais voltaria a duvi<strong>da</strong>r. E,<br />

sempre que estavam dormindo, era pele<br />

cola<strong>da</strong> com pele.<br />

Mesmo agora, o seu sexo enorme...<br />

Não, Maddie não acreditava que<br />

Viktor Beck não fosse maior do que os<br />

outros homens. Já ouvira falar que a<br />

extensão em média <strong>da</strong> maioria dos<br />

homens era de cerca de 15 centímetros<br />

ereto. Bem, ela calculava que ele<br />

deveria ter quase o dobro disso.<br />

Mediano? Pouco provável.<br />

Naquele instante, a sua dureza não<br />

tão comum assim estava pressionando o<br />

quadril dela, informando-a de que,<br />

quando ele acor<strong>da</strong>sse, estaria pronto<br />

para mais intimi<strong>da</strong>des físicas. Apesar de


estar dolori<strong>da</strong> em músculos que sequer<br />

soubesse ter, de os mamilos latejarem<br />

ante o estímulo que receberam e de<br />

uma sensação se extrema sensibili<strong>da</strong>de<br />

entre as pernas, sabia que não hesitaria<br />

em responder.<br />

Só que não usaram qualquer forma<br />

de anticoncepcional na noite anterior.<br />

Nenhuma.<br />

– Posso escutá-la pensando. – A voz<br />

de Vik ecoou nos seus ouvidos.<br />

– Disse que tomaríamos juntos<br />

qualquer decisão no tocante a filhos.<br />

Sentiu o corpo dele se retesando, mas<br />

ele não recuou.<br />

– Sim?


– Não usamos qualquer proteção,<br />

ontem à noite.<br />

Estranhamente, ele relaxou.<br />

– Não, não usamos.<br />

– Vik – falou ela em tom de alerta.<br />

Ele sentou-se na cama, ajeitando os<br />

travesseiros de encontro à cabeceira,<br />

atrás de si, e puxando-a para o seu colo<br />

com o menor dos esforços.<br />

Inclinou-lhe a cabeça para cima, de<br />

modo a poder lhe fitar os olhos.<br />

– Tomamos tal decisão juntos.<br />

– Eu não tomei qualquer decisão.<br />

Sequer pensei.<br />

Ele ergueu as sobrancelhas.<br />

– Eu também não.


Ela tentou avaliar a sinceri<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

afirmação naqueles olhos cor de café,<br />

não enxergando neles o menor traço de<br />

falsi<strong>da</strong>de.<br />

– Não lhe passou pela cabeça que<br />

uma camisinha poderia ser uma boa<br />

ideia? – perguntou ela.<br />

Foi a vez dos olhos dele se<br />

estreitarem.<br />

– Acha que eu mentiria para você?<br />

– Não, mas é implacável o bastante<br />

para se aproveitar <strong>da</strong> situação.<br />

Ele concordou, a ver<strong>da</strong>de não<br />

parecendo constrangê-lo nem um<br />

pouco.<br />

– Sou, mas com que propósito eu<br />

ignoraria a proteção?


– Ganhará cinco por cento <strong>da</strong><br />

empresa quando eu der à luz nosso<br />

primeiro filho.<br />

– Planeja esperar para <strong>da</strong>r início a<br />

uma família?<br />

– Não.<br />

Sequer poderia alegar que jamais<br />

pensara nisso. Os sonhos de Maddie<br />

sempre incluíram ter uma família.<br />

– Achei que não.<br />

De modo que ele não teria por que se<br />

aproveitar <strong>da</strong>s circunstâncias.<br />

– Tudo bem.<br />

– Tudo bem o quê?<br />

– Acredito em você.<br />

Ele beijou-lhe a ponta do nariz.<br />

– E deveria mesmo.


– Pode ser antiquado, mas ain<strong>da</strong><br />

gostaria de esperar até que estivéssemos<br />

casados para conceber nosso primeiro<br />

filho.<br />

Embora, caso estivesse grávi<strong>da</strong>,<br />

aceitaria isso como a dádiva que<br />

acreditava ser.<br />

– De acordo.<br />

– De modo que, de agora em diante,<br />

proteção – insistiu.<br />

– De acordo.<br />

– Está sendo tão cor<strong>da</strong>to.<br />

– Quer saber a ver<strong>da</strong>de? Por mim<br />

aguar<strong>da</strong>ríamos alguns anos antes de<br />

termos filhos.<br />

– Ah.


Jamais lhe passara pela cabeça que<br />

ele não estivesse ansioso para começar<br />

logo uma família.<br />

– Contudo, meus avós já estão na<br />

casa dos sessenta – prosseguiu Vik. – Se<br />

quisermos que nossos filhos aproveitem<br />

a presença de De<strong>da</strong> e Babulya em suas<br />

vi<strong>da</strong>s, não podemos fazer a minha<br />

vontade.<br />

– Entendo.<br />

Mais uma vez ela era lembra<strong>da</strong> de<br />

que, apesar de Vik e ela terem<br />

esperanças diferentes para o futuro,<br />

ambos as tinham. E, para a sorte dela,<br />

por mais surpreendente que pudesse<br />

ser, elas eram compatíveis.


– Hesito em falar sobre isso – disse<br />

Vik. – Mas eu quero presentear meus<br />

avós com a próxima geração de nossa<br />

família.<br />

– O quê?<br />

Maddie não conseguia acreditar em<br />

como se sentia à vontade tendo essa<br />

discussão nua na cama.<br />

– Não será difícil começar a sua<br />

escola se tiver um bebê logo de cara?<br />

Ela fez uma careta de<br />

autorrecriminação para ele.<br />

– Por mais que eu diga que o<br />

dinheiro não importa para mim, a<br />

ver<strong>da</strong>de é que estou contando em<br />

poder “ter tudo”, como costumam<br />

dizer.


– Planeja ter uma babá?<br />

Ele pareceu quase chocado.<br />

– Provavelmente, mas não para criar<br />

nossos filhos. Contudo, se quisermos<br />

deixar a casa de vez em quando,<br />

precisaremos ter alguém além dos seus<br />

avós em que confiemos os nossos filhos.<br />

– É.<br />

– De modo que teremos uma babá<br />

que combine com a nossa família, uma<br />

matrona em i<strong>da</strong>de e aparência.<br />

De modo algum Maddie permitiria<br />

que uma lin<strong>da</strong> jovem vivesse sob o nariz<br />

de Vik, debaixo do teto dela.<br />

– O que quis dizer a respeito do<br />

dinheiro?


– Tenho to<strong>da</strong> a intenção de contratar<br />

uma equipe qualifica<strong>da</strong> que<br />

compartilhe <strong>da</strong> visão que eu e Romi<br />

temos para administrar a escola.<br />

Vik franziu a testa.<br />

– Mas mesmo assim vocês duas ain<strong>da</strong><br />

dedicarão um bocado de tempo para a<br />

escola? Terão de fazê-lo.<br />

– Sim, mas <strong>da</strong>remos um jeito. Romi e<br />

eu já discutimos como faremos no caso<br />

de uma de nós ou as duas termos<br />

família.<br />

– Não me surpreende.<br />

– Surpreenderia o meu pai.<br />

Ele sempre presumira que ela não<br />

tivesse qualquer tino para os negócios,


apenas porque Maddie jamais quisera<br />

fazer parte do negócio dele.<br />

– Jeremy consegue apenas enxergar<br />

parte do todo sempre que olha para<br />

você.<br />

– É só o que lhe interessa fazer.<br />

Mesmo antes <strong>da</strong> morte de Helene,<br />

Jeremy Archer jamais dedicara tempo<br />

para conhecê-la de ver<strong>da</strong>de.<br />

Sacudindo a cabeça, Vik achou<br />

melhor mu<strong>da</strong>r de assunto.<br />

– Precisará de um assistente pessoal<br />

muito eficiente.<br />

– Sem duvi<strong>da</strong>.<br />

Babá era uma conveniência, mas um<br />

bom assistente era uma necessi<strong>da</strong>de.


O celular de Vik tocou antes que<br />

pudessem <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de à conversa.<br />

Era Conrad informando anima<strong>da</strong>mente<br />

que conseguira uma entrevista para o<br />

casal de noivos em um programa<br />

noturno sobre celebri<strong>da</strong>des.<br />

E era assim que começava.<br />

AS SEMANAS seguintes passaram em um<br />

turbilhão de ativi<strong>da</strong>de. Entrevistas<br />

como casal. Entrevistas individuais. O<br />

furor de mídia ao redor do noivado de<br />

Vik e Maddie era ain<strong>da</strong> mais intenso do<br />

que o frenesi originado pelo<br />

“Perrygate”.<br />

Vik dormia to<strong>da</strong>s as noites no<br />

apartamento dela, enquanto


decoradores e empreiteiros trabalhavam<br />

sem parar para tornar Parean Hall<br />

habitável para eles.<br />

Maddie retornou ao seu serviço<br />

voluntário secreto usando a peruca e as<br />

lentes de contato castanhas. Ca<strong>da</strong><br />

minuto passado na companhia <strong>da</strong>s<br />

crianças reforçava a sua determinação<br />

de passar ain<strong>da</strong> mais tempo com elas.<br />

Também marcara uma consulta com<br />

a terapeuta que a atendera nos meses<br />

seguintes ao seu acidente de<br />

paraquedismo. A dra. MacKenzie fora<br />

veemente nos seus elogios no tocante<br />

ao quanto Maddie progredira em li<strong>da</strong>r<br />

tanto com a morte <strong>da</strong> mãe quanto a<br />

negligência emocional do pai.


Contudo, a terapeuta evidenciara<br />

preocupação a respeito <strong>da</strong> união com<br />

Vik, pois, apesar de ele afirmar que<br />

pretendia que o casamento fosse<br />

ver<strong>da</strong>deiro, tudo estava vinculado a um<br />

contrato muito lucrativo para ele. A<br />

doutora pediu para que Maddie<br />

considerasse cui<strong>da</strong>dosamente seus<br />

motivos para concor<strong>da</strong>r com o<br />

compromisso.<br />

E foi o que Maddie fez. Mais<br />

importante ain<strong>da</strong>, conversou a esse<br />

respeito com Vik.<br />

– Sim, o contrato que o seu pai<br />

ofereceu me beneficia, mas casar-se<br />

agora também é importante para você.


– Acha que concordei em me casar<br />

por causa <strong>da</strong> escola, não acha?<br />

Vik deu de ombros.<br />

– Mesmo que o escân<strong>da</strong>lo tivesse<br />

estourado, como poderia ter<br />

acontecido, você jamais desistiria <strong>da</strong><br />

escola. Romi teria sido o rosto público<br />

<strong>da</strong> instituição e você teria sido a sócia<br />

coman<strong>da</strong>tária, como eu serei, agora.<br />

Adorava a confiança que ele tinha<br />

nela. Mas demorou um pouco para se<br />

<strong>da</strong>r conta do significado total de suas<br />

palavras.<br />

– Será mesmo?<br />

Quando fora que Vik se oferecera<br />

para ser sócio dela e de Romi na escola?


– Prometemos fazer de tudo para ver<br />

os sonhos um do outro realizados.<br />

Casamento com você me <strong>da</strong>rá a AIH. Já<br />

disse que me certificarei de que<br />

também torne possível os seus sonhos.<br />

– Você realmente é o meu cavaleiro<br />

branco.<br />

– Pensei que não acreditasse em<br />

contos de fa<strong>da</strong>s.<br />

– Talvez apenas acredite em você.<br />

Vik sempre fora a exceção. O único<br />

homem em que confiava, mesmo<br />

quando achava que não tinha motivo<br />

para isso.<br />

– Claro que acredita.<br />

A arrogância deveria tê-la irritado,<br />

mas não irritou.


– Tão confiante.<br />

– Em você? Sim.<br />

No final <strong>da</strong>s contas, tudo sempre se<br />

resumia a essa simples ver<strong>da</strong>de.<br />

Confiava em Vik para manter as<br />

promessas que ele fizera no mirante de<br />

Marin Headlands.<br />

O fato de estar se apaixonando<br />

novamente por Viktor Beck? Bem, isso<br />

era algo que não discutia nem mesmo<br />

com Romi.<br />

Como poderia evitá-lo? O homem<br />

passava mais tempo fazendo papel de<br />

cavaleiro branco do que de magnata<br />

dos negócios.<br />

O casamento iria acontecer. E em<br />

breve.


Para a cerimônia em si, planejavam<br />

uma coisa bem íntima, mas a recepção<br />

seria enorme e compareci<strong>da</strong> pela nata<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, magnatas dos negócios e<br />

até algumas celebri<strong>da</strong>des.<br />

Quando a consulta seguinte de<br />

Maddie com a terapeuta entrou em<br />

conflito com uma reunião com os<br />

cerimonialistas que organizariam a<br />

recepção, ela disse para Vik que não<br />

queria remarcar a sua hora com a dra.<br />

MacKenzie.<br />

– Está vendo um terapeuta? –<br />

perguntou Vik. – Por que eu não sabia<br />

disso?<br />

A segun<strong>da</strong> parte evidentemente era a<br />

única coisa que o incomo<strong>da</strong>va quanto à


evelação.<br />

– Porque eu não lhe contei?<br />

Ele fez uma careta zombeteira.<br />

– Ninguém sabe, além de Romi.<br />

– Quando começou a vê-lo?<br />

– É ela. E logo após o acidente de<br />

paraque<strong>da</strong>s. – Maddie se dera conta de<br />

que estava seguindo pelo mesmo<br />

caminho autodestrutivo que a mãe, e se<br />

recusou a fazê-lo. – Eu a vi<br />

semanalmente por alguns meses e<br />

algumas vezes depois disso.<br />

– Estou impressionado.<br />

– Está?<br />

Achou que ele pudesse pensar que<br />

ela era fraca por precisar de alguém.


– Deu-se conta de que não poderia<br />

aju<strong>da</strong>r crianças se não resolvesse as suas<br />

próprias questões de infância.<br />

Exatamente.<br />

– Como é que me conhece tão bem?<br />

– perguntou, sentindo-se se apaixonar<br />

mais um pouco por ele.<br />

– Sabe a resposta para isso.<br />

– Você nunca deixa de saber tudo a<br />

respeito <strong>da</strong>s pessoas com quem<br />

pretende se associar, e dos negócios que<br />

pretende assumir.<br />

– Nossa parceria será mais<br />

importante do que to<strong>da</strong>s as outras. É<br />

claro que sei tudo a seu respeito.<br />

Era bom saber disso, embora não<br />

fosse exatamente ver<strong>da</strong>de.


– Mas não sabia sobre a dra.<br />

MacKenzie.<br />

– Não.<br />

Ele parecia contrariado.<br />

Maddie riu.<br />

– Mesmo você não é infalível, Vik.<br />

– A srta. Grayson sabia.<br />

– Ela é minha melhor amiga.<br />

– E o que eu sou?<br />

– O homem com quem vou me casar.<br />

O homem por quem estou me<br />

apaixonando novamente.<br />

Pronto, ela admitira.<br />

O que faria com tal conhecimento<br />

caberia a Vik decidir. Porém, de uma<br />

coisa ela tinha certeza: estava na hora<br />

de ele conhecer Maddie Grace.


O silêncio estendeu-se entre eles.<br />

– Vik?<br />

– Eu... sinto-me honrado.<br />

– Ótimo.<br />

Melhor do que achar que ela fosse<br />

uma idiota por acreditar na emoção.<br />

– Você... eu...<br />

Pela primeira vez na sua lembrança,<br />

Vik não parecia completamente no<br />

controle de si.<br />

– Não espero que diga o mesmo.<br />

– Ótimo.<br />

O alívio na sua voz não serviu de<br />

elogio, mas também não a surpreendeu.<br />

– Você jamais mentirá para mim –<br />

constatou Maddie.


Contudo, talvez pela primeira vez<br />

estivesse entendendo a extensão do<br />

compromisso de Vik com a total<br />

sinceri<strong>da</strong>de entre os dois.<br />

– Não, não mentirei.<br />

Isso incluía não dizer que a amava<br />

quando não a amava, mas também<br />

significava que, no que dizia respeito a<br />

Vik, suas promessas estavam grava<strong>da</strong>s<br />

na pedra.


CAPÍTULO 9<br />

MADDIE FICOU choca<strong>da</strong> quando o pai<br />

ligou para ela e a convidou para jantar<br />

com ele. Sozinha.<br />

Comeram na sala de jantar formal.<br />

Maddie sentou-se à esquer<strong>da</strong> do pai,<br />

girando a colher na sopa, fingindo<br />

comer.<br />

O pai parecia estar tão pouco à<br />

vontade quanto ela se sentia.


Por fim, Maddie não resistiu, e<br />

perguntou:<br />

– Por que estou aqui?<br />

– Já faz muito tempo desde a última<br />

vez em que tivemos um jantar em<br />

família.<br />

– Há uma grande reportagem de<br />

duas páginas provando o contrário.<br />

Ele sacudiu a cabeça, com uma<br />

expressão no rosto que Maddie não<br />

conseguiu decifrar.<br />

– Não é a mesma coisa.<br />

– Nesse caso, não sei o que você quer<br />

dizer.<br />

– Eu e você. Família.<br />

– Deixamos de ser uma família<br />

quando mamãe morreu.


Não havia raiva e nem acusação na<br />

sua voz ao fazer tal constatação. E<br />

Jeremy poderia agradecer à terapeuta<br />

cuja existência ele desconhecia por isso.<br />

– Jamais foi a minha intenção que<br />

isso acontecesse.<br />

Ela não foi capaz de conter uma<br />

ligeira bufa<strong>da</strong> zombeteira.<br />

– Você me enviou para o internato<br />

meses após a morte dela. Eu diria que<br />

suas intenções eram bem claras.<br />

– Foi um erro.<br />

Ela simplesmente deu de ombro. O<br />

que poderia dizer?<br />

Sim, fora um erro terrivelmente<br />

doloroso.


Contudo, concor<strong>da</strong>r não parecia ser a<br />

reação correta.<br />

– Não sabia o que fazer – admitiu ele<br />

com uma sinceri<strong>da</strong>de rara para Jeremy<br />

Archer. – Havia falhado para com a sua<br />

mãe e receava falhar para com você, de<br />

modo que a enviei embora torcendo<br />

para que na escola fossem capazes de<br />

fazer por você o que eu claramente não<br />

estava apto para fazer aqui em casa.<br />

Com emoções tempestuosas em<br />

conflito no seu íntimo, Maddie ficou a<br />

fitá-lo.<br />

– Quem é você, e o que fez com o<br />

meu pai?<br />

Era uma pia<strong>da</strong> antiga, contudo muito<br />

apropria<strong>da</strong>.


O pai deixou escapar uma<br />

gargalha<strong>da</strong>.<br />

– Eu falei para Viktor que isto não<br />

seria fácil.<br />

– Ele queria que falasse comigo?<br />

Por que não estava surpresa?<br />

– Sim. – Jeremy suspirou. – Viktor<br />

acha que a nossa relação tem salvação.<br />

– Ele é um otimista.<br />

– É.<br />

Desistindo de fingir comer, ela<br />

abaixou a colher.<br />

– Isso parece surpreendê-lo.<br />

– Não é um lado dele que eu já<br />

tenha notado antes.<br />

– Não acha que os planos dele de<br />

conquista do mundo dos negócios


exijam otimismo?<br />

O pai voltou a rir.<br />

– É, suponho que sim.<br />

– Suponho que, de certa forma, isso<br />

também faça de você um otimista.<br />

– O suficiente para acreditar que as<br />

coisas possam ser diferentes para você<br />

do que foram para Helene.<br />

Ele parecia sincero.<br />

– Todos temos os nossos demônios.<br />

Estou aprendendo a li<strong>da</strong>r com os meus<br />

sem saltar de aviões.<br />

O pai tomou um gole de vinho.<br />

– Eu costumava achar que Helene se<br />

metia em apuros apenas para chamar a<br />

minha atenção. Ela parecia sentir uma


satisfação perversa de aparecer na<br />

mídia.<br />

– Ela sentia.<br />

A concordância de Maddie pareceu<br />

surpreendê-lo.<br />

– Mas ela já gostava de correr riscos<br />

antes mesmo de nos conhecermos. Sabe<br />

disso, não sabe?<br />

– Ela costumava me contar histórias<br />

enquanto olhava o seu álbum de<br />

recortes.<br />

Parecera tudo tão empolgante para<br />

uma garotinha.<br />

Jeremy assentiu.<br />

– Era uma <strong>da</strong>s coisas que eu<br />

admirava nela.


– Você não foi o primeiro homem na<br />

vi<strong>da</strong> dela a ignorá-la.<br />

Foi uma <strong>da</strong>s coisas que Maddie veio<br />

a entender. Helene Madison quisera a<br />

atenção do próprio pai, e só a<br />

conseguira aprontando. Quando<br />

conhecera e se casara com Jeremy<br />

Archer, o comportamento de querer<br />

chamar atenção já estava estabelecido.<br />

– Está dizendo que Helene não era<br />

aventureira por natureza, mas sim<br />

porque suas peripécias chamavam a<br />

atenção do pai?<br />

– Ah, acho que mamãe<br />

definitivamente era aventureira. Ela<br />

apenas descobriu que entregar-se a essa


parte de sua personali<strong>da</strong>de a aju<strong>da</strong>va a<br />

obter algo que queria.<br />

– Ela sempre disse que entendia o<br />

tempo enorme que eu tinha de dedicar<br />

à empresa.<br />

– Por acaso teria escutado se ela<br />

tivesse dito que não entendia?<br />

– Provavelmente não – admitiu o pai,<br />

com mais sinceri<strong>da</strong>de do que ela<br />

esperava.<br />

– A morte dela não foi culpa sua.<br />

Uma ver<strong>da</strong>de que fora muito difícil<br />

para Maddie aceitar.<br />

– Não foi?<br />

– Não.<br />

Ele não parecia concor<strong>da</strong>r.


– Por acaso acha que mamãe saiu<br />

para correr porque não me amava o<br />

suficiente para estar por perto para me<br />

criar? – perguntou Maddie.<br />

O pai empalideceu de choque,<br />

ficando boquiaberto por um instante<br />

antes de quase esbravejar:<br />

– Não, claro que não. Ela a adorava,<br />

Madison. Precisa saber disso.<br />

– Mas ela foi correr de lancha,<br />

naquela noite.<br />

– Não por sua causa.<br />

– E não por sua causa, também.<br />

– Mas...<br />

– Mamãe era uma mulher adulta que<br />

abrira mão <strong>da</strong> cautela normal em favor


<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s de adrenalina que a faziam<br />

sentir-se viva.<br />

– Você parece uma psicóloga falando.<br />

– Um diploma em educação infantil<br />

oferece a sua dose de cursos de<br />

psicologia.<br />

Maddie não estava disposta a contar<br />

para Jeremy de suas sessões de terapia.<br />

Não que estivesse envergonha<strong>da</strong>, mas<br />

era uma parte particular <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que<br />

ain<strong>da</strong> não se sentia prepara<strong>da</strong> para<br />

compartilhar com ele. Nem mesmo este<br />

novo e melhorado Jeremy.<br />

Ela notou um brilho curioso nos<br />

olhos do pai, tão parecidos com os dela.<br />

– Falando na sua mãe – falou ele, em<br />

um tom mais familiar que não revelava


qualquer emoção.<br />

– Sim?<br />

– Você e Viktor escolheram o<br />

aniversário dela para o dia do seu<br />

casamento.<br />

– É.<br />

Um mês antes de Maddie completar<br />

25 anos de i<strong>da</strong>de.<br />

– Viktor falou que você queria<br />

honrar a lembrança dela com a escolha<br />

<strong>da</strong> <strong>da</strong>ta.<br />

– Queremos.<br />

Será que isso fazia o pai sentir-se<br />

pouco à vontade?<br />

Não haviam considerado tal<br />

possibili<strong>da</strong>de.<br />

O pai sorriu.


– Estava torcendo para que<br />

concor<strong>da</strong>sse em homenagear a memória<br />

dela de outra maneira, também.<br />

– Como? – perguntou ela,<br />

desconfia<strong>da</strong>mente.<br />

– Não se preocupe, não pretendo<br />

usar a lembrança <strong>da</strong> sua mãe para<br />

chantageá-la a voltar atrás na sua<br />

doação <strong>da</strong>s ações para Ramona<br />

Grayson.<br />

Mas ele também não se esquecera<br />

disso.<br />

– De qualquer modo, não <strong>da</strong>ria<br />

certo. Mamãe adorava Romi, e eu<br />

jamais teria sobrevivido ao internato se<br />

o pai dela não a houvesse enviado para<br />

lá, também.


Jeremy assentiu.<br />

– Ele a enviou porque eu concordei<br />

em bancar a matrícula e as<br />

mensali<strong>da</strong>des.<br />

– Não!<br />

Por que o pai dela não lhe contara<br />

isso antes?<br />

– Sim. Ele me contou quando Romi<br />

veio procurá-lo suplicando para ir atrás<br />

de você. Ele não queria enviá-la, mas<br />

achei que as duas ficariam melhor na<br />

companhia uma <strong>da</strong> outra do que na dos<br />

respectivos pais.<br />

Ca<strong>da</strong> minuto que passava fazia o pai<br />

de Maddie parecer mais humano. Ela<br />

não sabia dizer ao certo como isso a


fazia sentir-se, mas achou que talvez<br />

ain<strong>da</strong> pudesse haver esperança.<br />

Contudo, sentiu-se compeli<strong>da</strong> a<br />

dizer:<br />

– O sr. Grayson sempre amou Romi.<br />

– Mas ele já estava bebendo<br />

excessivamente na época. Acha que ele<br />

se <strong>da</strong>va mais conta <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

filha do que eu <strong>da</strong>s suas?<br />

Não, o homem que apagava de tão<br />

bêbado na maioria <strong>da</strong>s noites não fazia<br />

ideia do que Romi precisava.<br />

– Se ela não tivesse ido para o<br />

internato, teria acabado cui<strong>da</strong>ndo do<br />

pai – afirmou Jeremy. – Romi precisava<br />

ir embora e Gray precisava embebe<strong>da</strong>rse<br />

até dormir.


– Você costumava ser amigo dele.<br />

– E ain<strong>da</strong> sou, tanto quanto se pode<br />

ser amigo de um homem determinado<br />

beber até morrer e a levar o seu próprio<br />

negócio à falência.<br />

Maddie franziu o cenho de<br />

preocupação.<br />

– Não é tão ruim assim.<br />

– Ain<strong>da</strong> não. Mas vai ser.<br />

– Não finja que ameaçar tomar a<br />

empresa dele foi um favor que queria<br />

lhe fazer.<br />

– Não, não seria favor para Grayson,<br />

mas seria para Romi.<br />

– É o que você diz.<br />

– Realmente não confia em mim, não<br />

é? Talvez tenha razão em não confiar.


– Não é algo reconfortante de se<br />

dizer.<br />

Ele deu de ombros.<br />

– Prefere que eu minta?<br />

– Não, mas sei que o faria se achasse<br />

que isso o levaria a conseguir algo que<br />

quisesse.<br />

– É uma <strong>da</strong>s principais diferenças<br />

entre mim e Viktor. Nossos<br />

concorrentes nos negócios também<br />

sabem disso. Se quero que um<br />

presidente de outra firma saiba de<br />

alguma coisa, faço com que escute isso<br />

vindo de Viktor.<br />

– Ele já mentiu para você sem saber?<br />

Maddie não tinha certeza se queria<br />

saber a resposta.


– Não. Não que eu não tenha ficado<br />

tentado, mas, apesar de não sentir a<br />

mesma compulsão pela ver<strong>da</strong>de que o<br />

meu sucessor demonstra, sei que se eu<br />

fizesse isso, e Viktor descobrisse, ele<br />

encontraria outro veículo para a sua<br />

ambição que não fosse a AIH.<br />

– Acho que tem razão. Então, quanto<br />

à lembrança de mamãe... – falou<br />

Maddie, pronta para retornar à razão<br />

<strong>da</strong> sua presença ali.<br />

– Ela sempre disse que queria que<br />

você usasse o vestido de noiva dela no<br />

seu casamento.<br />

– Você ain<strong>da</strong> o tem?<br />

– Claro.


– Mas você se livrou de to<strong>da</strong>s as<br />

coisas dela.<br />

– Guardei o vestido de noiva e as<br />

joias dela para você.<br />

– Por que, se você se livrou de todo o<br />

resto?<br />

– O vestido faz parte <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />

família. Um estilista famoso o criou<br />

para a sua bisavó em 1957, um ano<br />

depois de ter feito um vestido<br />

semelhante para uma atriz em um de<br />

seus papéis mais famosos. – Jeremy<br />

pigarreou, como se falar sobre isso o<br />

deixasse emocionado. – Ca<strong>da</strong> geração<br />

na linhagem direta usou isso após ela.<br />

– Eu sei.


– Ah, pensei que houvesse<br />

esquecido. Não mencionou querer usálo.<br />

– Pensei que houvesse se livrado<br />

dele.<br />

– Não me livrei.<br />

– Fico feliz.<br />

Era um sonho que ela pensara ter<br />

morrido com a mãe.<br />

– Você é muito pareci<strong>da</strong> com a sua<br />

mãe. Duvido que sejam necessários<br />

muitos ajustes.<br />

O LINDO vestido cor de marfim sem<br />

alças com bor<strong>da</strong>dos de fios de se<strong>da</strong> cor<br />

de champanha ao redor <strong>da</strong> saia ro<strong>da</strong><strong>da</strong>


e no corpete não exigiu qualquer<br />

alteração.<br />

– Você está lin<strong>da</strong> – falou Romi, com<br />

os olhos brilhando.<br />

– Pareço a minha mãe.<br />

– Mas você tem os olhos do seu pai. –<br />

Romi retorceu comicamente a boca. –<br />

Não acredito que ele pagou para que eu<br />

estu<strong>da</strong>sse no internato com você.<br />

– Nem eu.<br />

Mas o sr. Grayson confirmara a<br />

alegação de Jeremy.<br />

– Ele a ama. Eu sempre disse isso.<br />

– Ao seu modo – concordou Maddie.<br />

– Apenas não do jeito que eu precisava.<br />

– Talvez ele não soubesse como. Pelo<br />

que você me contou, os Archer não


pareciam ser uma família muito<br />

calorosa.<br />

Maddie tinha poucas lembranças dos<br />

avós que morreram antes de ela<br />

completar 5 anos de i<strong>da</strong>de, mas<br />

nenhuma delas incluía um abraço, um<br />

beijo, ou qualquer outra demonstração<br />

de afeição.<br />

– Talvez tenha razão, mas Jeremy<br />

admitiu que mentiria se isso o aju<strong>da</strong>sse<br />

a conseguir o que queria.<br />

– Bem, você já sabia disso.<br />

– Sabia. Só foi estranho escutá-lo<br />

admitindo. Suponho que ele tenha a<br />

sua própria noção pessoal de<br />

sinceri<strong>da</strong>de.


– Suponho que sim. Mas prefiro a do<br />

Viktor.<br />

– Eu também. – Maddie não hesitou<br />

em admitir.<br />

Ambas as mulheres riram.<br />

Maddie estava para se casar com o<br />

homem que amava, e, mesmo que ele<br />

não a amasse, havia lhe prometido uma<br />

família de ver<strong>da</strong>de.<br />

E Vik não quebrava as suas<br />

promessas.<br />

VIKTOR DESCEU o corredor <strong>da</strong> escola<br />

atrás de uma auxiliar de escritório que<br />

concor<strong>da</strong>ra em acompanhá-lo até a sala<br />

de aula do primeiro ano <strong>da</strong> srta. Jewett.


Ao contrário de Maddie, Viktor e<br />

Maxwell haviam estu<strong>da</strong>do em escolas<br />

públicas, mas em uma região mais<br />

abasta<strong>da</strong> do que aquela. A mistura de<br />

crianças e professores ali refletia a<br />

população varia<strong>da</strong> de São Francisco de<br />

uma maneira que a cama<strong>da</strong> social seleta<br />

dos Archer não era capaz.<br />

Viktor não sabia ao certo por que<br />

Maddie pedira que ele se encontrasse<br />

com ela ali. Ela falara algo sobre querer<br />

falar com ele com a aju<strong>da</strong> de um<br />

recurso audiovisual.<br />

Não fazia a menor ideia do que ela<br />

queria dizer com aquilo.<br />

Notou duas coisas imediatamente<br />

após a auxiliar de escritório abrir a porta


<strong>da</strong> sala de aula. Madison totalmente<br />

diferente de como era e o silêncio<br />

absoluto que não costumava associar a<br />

uma sala de aula cheia de crianças.<br />

Usando uma recata<strong>da</strong> peruca<br />

castanha, lentes de contatos <strong>da</strong> mesma<br />

cor que escondiam o azul-mediterrâneo<br />

dos seus olhos e roupas claramente<br />

compra<strong>da</strong>s nas prateleiras de uma loja<br />

de departamentos, sua noiva estava<br />

senta<strong>da</strong> em uma pequena mesa cerca<strong>da</strong><br />

de seis alunos.<br />

Livros em mal estado de conservação<br />

com gravuras colori<strong>da</strong>s e poucas<br />

palavras estavam abertos diante dos<br />

estu<strong>da</strong>ntes. Madison tinha a sua própria


cópia, e um sorriso congelado no rosto<br />

ao fitá-lo.<br />

Vik permitiu que a sobrancelha se<br />

erguesse in<strong>da</strong>gadoramente.<br />

– Olá, Madison. Parece que você<br />

possui amigos que eu não conheço.<br />

Seu sorriso adquiriu uma quali<strong>da</strong>de<br />

mais genuína quando ela levantou-se<br />

bruscamente.<br />

– Chegou cedo.<br />

Ele não pôde deixar de notar que a<br />

blusa justa de algodão e o jeans<br />

salientavam-lhe as curvas de uma<br />

maneira que despertava tanto a libido<br />

dele quanto as costumeiras roupas de<br />

grife.


Contudo, não gostou muito <strong>da</strong><br />

peruca e nem <strong>da</strong>s lentes de contato.<br />

Com um <strong>da</strong>r de ombros, Vik ignorou<br />

o comentário sobre ter chegado cedo.<br />

– Apresente-me.<br />

– É claro.<br />

Não querendo intimi<strong>da</strong>r as crianças<br />

com o seu tamanho avantajado, Viktor<br />

ajoelhou-se e estendeu a mão para<br />

cumprimentar ca<strong>da</strong> criança que Maddie<br />

apresentou.<br />

Alguns retribuíram a sau<strong>da</strong>ção com<br />

encantadora polidez. Uma menininha,<br />

claramente a favorita de Maddie, pelo<br />

modo como se agarrava à perna <strong>da</strong> sua<br />

noiva, abaixou a cabeça, mas


movimentou os dedos em um tímido<br />

aceno.<br />

Viktor também conheceu a<br />

professora.<br />

– É um prazer conhecê-la – disse<br />

para a srta. Jewett.<br />

– O prazer é meu. – Ela sorriu, seus<br />

olhos iluminando-se calorosamente ao<br />

fitarem Madison. – Sua noiva é uma<br />

voluntária fantástica. É tão boa com as<br />

crianças que, com suas credenciais,<br />

poderia ser professora.<br />

– Sei disso.<br />

Apenas não soubera que ela era<br />

voluntária no sistema de escolas<br />

públicas.<br />

Será que o pai dela sabia?


Madison claramente não queria ir<br />

embora logo, de modo que Vik ficou,<br />

aproveitando o tempo para auxiliar<br />

crianças de 6 anos de i<strong>da</strong>de com a sua<br />

leitura.<br />

Já estavam no Jaguar e seguindo para<br />

o outro lado <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, quando ela por<br />

fim removeu a peruca ofensiva,<br />

expondo os cachos ruivos.<br />

– É sempre um alívio tão grande<br />

remover esta coisa.<br />

– Por que a usa?<br />

– Porque Maddie Grace é uma<br />

mulher normal com um diploma e<br />

desejo de fazer trabalho voluntário com<br />

crianças. Ela não aparece nos tabloides<br />

e nem é segui<strong>da</strong> por paparazzi.


– Isso é tão importante assim para<br />

você?<br />

– Ser normal? Era quando comecei.<br />

Agora, apenas tornou-se mais fácil.<br />

Pode imaginar o que a mídia pensaria<br />

<strong>da</strong> herdeira bilionária como voluntária<br />

aju<strong>da</strong>nte de professora?<br />

– Tenho a impressão de que logo<br />

iremos descobrir.<br />

– Foi o que pensei. Com o nosso<br />

casamento e o vestígio do “Perrygate”,<br />

supus ser apenas uma questão de tempo<br />

antes que o meu segredo fosse exposto.<br />

– Um segredo e tanto. – Ela era<br />

ain<strong>da</strong> mais maravilhosa do que ele<br />

sempre soubera. – Há quanto tempo<br />

vem fazendo isso?


– Começou como uma aposta com<br />

Romi. Tentei participar de uma<br />

demonstração política sem ser<br />

reconheci<strong>da</strong>. Deu certo e tive a ideia de<br />

me disfarçar para servir comi<strong>da</strong> para os<br />

pobres em uma igreja.<br />

– Talvez seja melhor você revelar a<br />

ver<strong>da</strong>de antes que algum repórter<br />

enxerido o faça por você.<br />

– É, acho que sim – retrucou ela com<br />

pouco entusiasmo.<br />

– Por mais que goste de ser Maddie<br />

Grace, a influência de Madison Beck<br />

será capaz de efetuar mu<strong>da</strong>nças muito<br />

mais significativas.<br />

Viktor não se permitiu analisar a<br />

satisfação que tomou conta dele ao


ouvir o nome que Maddie passaria a<br />

ter, como sua esposa.<br />

– Mas será que ela conseguirá<br />

ensinar para crianças do primário a ler?<br />

– Não é disso que se trata a escola?<br />

– É.<br />

– E então, é Grace por conta de Romi<br />

Grayson?<br />

– Não, em homenagem à minha avó<br />

Madison.<br />

– Isso mesmo.<br />

Ele se esquecera.<br />

– Não se importa?<br />

Ele encostou o carro, preferindo ter<br />

aquela conversa cara a cara. Desligando<br />

o motor, virou-se para ela.


Olhos castanhos a fitaram, e Vik<br />

pediu:<br />

– Será que poderia tirar isso?<br />

– O quê? Ah...<br />

Entendendo, ela tirou um estojo de<br />

dentro <strong>da</strong> mochila e pôs-se a tirar e<br />

guar<strong>da</strong>r as lentes.<br />

– Essa identi<strong>da</strong>de é muito mais você<br />

do que o famoso vestido de noiva de<br />

grife, não é?<br />

– Às vezes. Às vezes eu simplesmente<br />

adoro o meu Chanel, sabe? A ver<strong>da</strong>de é<br />

que gosto <strong>da</strong>s duas coisas.<br />

Madison sorriu.<br />

Vik assentiu. Não porque<br />

entendesse. Mas porque ficava feliz que<br />

Madison Archer, em breve Madison


Beck, não era alguém que ela não<br />

queria ser.<br />

– A pergunta era se eu me importava,<br />

não é?<br />

Madison o fitou com os lindos olhos<br />

azuis.<br />

– É.<br />

– Se me importo que vou me casar<br />

com uma mulher que se importa tanto<br />

em aju<strong>da</strong>r os outros que criou um alter<br />

ego para que pudesse fazê-lo? Não,<br />

Madison, não me importo nem um<br />

pouco.<br />

Entregando-se à vontade que parecia<br />

ficar mais forte a ca<strong>da</strong> dia que passava,<br />

Vik inclinou-se e beijou Madison.<br />

Ele afastou a boca para dizer:


– Na ver<strong>da</strong>de, eu acho fantástico.<br />

Madison suspirou e entregou-se ao<br />

beijo, a alegria irradiando dela e se<br />

retorcendo ao redor do coração de<br />

Viktor.<br />

O DEDA e a Babulya de Viktor os<br />

receberam para jantar alguns dias mais<br />

tarde e soltaram uma bomba.<br />

Atordoado ante o pedido, Viktor só<br />

foi capaz de perguntar:<br />

– Quer que façamos o quê?<br />

– Quando nos mu<strong>da</strong>mos para cá,<br />

abrimos mão dos antigos costumes –<br />

disse Misha. – Mu<strong>da</strong>mos o sobrenome<br />

de Bezukladnikov para Beck. Até


mu<strong>da</strong>mos o nome do nosso bebê de<br />

Ivan para Frank. Bem americano.<br />

– Sabemos disso.<br />

Era uma história familiar que há<br />

muito ele compartilhara com Madison.<br />

Só não sabia por que o De<strong>da</strong> via<br />

necessi<strong>da</strong>de de trazer à tona novamente<br />

tais reali<strong>da</strong>des.<br />

– Não falávamos russo na nossa casa.<br />

Encorajamos o pequeno Ivan a se<br />

tornar completamente americano. – A<br />

voz de Babulya falhou ante o nome<br />

original do seu pai. – Frank, que falava<br />

sem sotaque, fez to<strong>da</strong>s as coisas que as<br />

outras crianças na escola faziam.<br />

– Queriam que ele aceitasse e fosse<br />

aceito pela nova terra natal – Madison


ofereceu, mostrando compreensão.<br />

A avó sorriu.<br />

– Exatamente, mas cedemos demais e<br />

ele acabou se tornando o homem que é<br />

hoje.<br />

– Um malandro. Pode falar, Babulya.<br />

Meu pai é um parasita.<br />

– Não fale do seu pai assim –<br />

censurou Misha, sem muita convicção.<br />

Viktor não discutiu.<br />

– Achamos que abrimos mão de<br />

muitas tradições e ele se sentiu perdido<br />

– prosseguiu Babulya com um brilho de<br />

tristeza no olhar.<br />

– Ah, tenha a... – Viktor cerrou os<br />

dentes, contendo as primeiras palavras<br />

que lhe vieram à mente. – Papai não se


tornou um trapaceiro só porque não<br />

teve um casamento russo tradicional. A<br />

única coisa que ele fez de certo na vi<strong>da</strong><br />

foi casar-se com minha mãe.<br />

– Não é ver<strong>da</strong>de – protestou Misha,<br />

com uma voz tão grave quanto a do<br />

próprio Viktor. – Ele teve você.<br />

Viktor abriu a boca e voltou a fechála,<br />

sem dizer uma palavra.<br />

Madison sorriu, um brilho<br />

presunçosos nos olhos azuis.<br />

– Eu lhe disse a mesma coisa.<br />

– Você combina muito bem com o<br />

nosso neto. – O sorriso largo <strong>da</strong> avó<br />

chegou a ser quase ofuscante. – Misha e<br />

eu ficamos muito satisfeitos que aprecie


tanto o nosso Viktor quanto nós<br />

apreciamos.<br />

– Ele é fácil de amar.<br />

Mais uma vez, Viktor não soube<br />

como responder a tais palavras, embora<br />

houvesse gostado muito de escutá-las.<br />

Contudo, amor jamais fora algo que<br />

considerara na equação do seu<br />

casamento com Madison, e na vi<strong>da</strong> que<br />

construiriam juntos. Era o bastante que<br />

ela sentisse a emoção, ou esperava que<br />

ele fosse um dia retribuí-la?<br />

Seria ele sequer capaz de retribuir?<br />

Jamais estivera apaixonado antes. A<br />

afeição entre os avós crescera com o<br />

tempo, contudo, na superfície, não


lembrava nem um pouco a paixão que<br />

ardia entre ele e Madison.<br />

O silêncio estava se estendendo.<br />

Deveria ser constrangedor, mas tratavase<br />

<strong>da</strong>s três pessoas mais importantes <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> de Viktor, observando-o com<br />

variados graus de compreensão.<br />

– Obrigado – disse ele por fim para<br />

Madison, torcendo para que mais uma<br />

vez fosse o suficiente.<br />

O avô estremeceu, mas, sem dizer<br />

na<strong>da</strong>, deu um tapinha no ombro de<br />

Viktor.<br />

O sorriso de Madison suavizou-se de<br />

uma maneira que Viktor não entendeu,<br />

mas mesmo assim gostou.<br />

A avó revirou os olhos.


– Viktor, meu querido neto. Você<br />

tem muito a aprender sobre romance.<br />

Viktor não tinha como negar isso.<br />

Mas ela não parecia estar esperando<br />

uma resposta.<br />

– Seria pedir tanto assim que seguisse<br />

algumas de nossas tradições familiares?<br />

– Não vou responder até que me diga<br />

de quais está falando.<br />

Sua cautela era necessária.<br />

Cerimônias de casamento russas<br />

podiam tornar-se extremamente<br />

complica<strong>da</strong>s.<br />

Mas os pedidos dos avós não eram<br />

absurdos, mesmo que significassem que<br />

Madison teria de passar a noite <strong>da</strong>


véspera do casamento na casa de<br />

Jeremy, em vez de na cama de Viktor.<br />

CINCO SEMANAS após a matéria de Perry,<br />

Madison estava aguar<strong>da</strong>ndo a manhã<br />

do seu casamento no gabinete <strong>da</strong><br />

mansão do seu pai.<br />

Estava usando o vestido que a sua<br />

mãe usara, e o que a mãe dela usara em<br />

1957. Seu comprido véu <strong>da</strong> era<br />

vitoriana era ain<strong>da</strong> mais antigo do que<br />

isso. Romi aparecera com ele uma<br />

semana atrás, e era do mesmo tom de<br />

marfim do que o vestido.<br />

Romi estava ajustando o véu ao redor<br />

do rosto de Maddie.<br />

– Está tão lin<strong>da</strong>.


Maddie não podia responder. Se<br />

tentasse falar, suas emoções levariam a<br />

melhor sobre ela.<br />

– Viktor chegará a qualquer minuto.<br />

Está pronta?<br />

Maddie gesticulou na direção de si<br />

mesma e tentou aparentar<br />

tranquili<strong>da</strong>de ao perguntar:<br />

– O que acha?<br />

– Eu já falei: lin<strong>da</strong>. Mas, queri<strong>da</strong>, não<br />

foi o que eu quis dizer. Você está<br />

pronta?<br />

– De acordo com Vik, nós nos<br />

casamos no dia em que fizemos<br />

promessas no mirante que <strong>da</strong>va vista<br />

para São Francisco.


– Ah. – Romi sacudiu a cabeça. –<br />

Homens.<br />

– As promessas foram votos.<br />

Disso Maddie tinha certeza.<br />

– Assim como serão as palavras que<br />

dirão hoje.<br />

Maddie assentiu.<br />

– Estou pronta.<br />

– Você o ama.<br />

– Amo.<br />

Não havia por que negar. Além do<br />

mais, Romi sempre sabia quando<br />

Maddie estava mentindo.<br />

– Sempre amou.<br />

Não podia afirmar isso; contudo,<br />

jamais se apaixonara por mais ninguém.<br />

– Perry não teve a menor chance.


– Ele não queria uma.<br />

A amizade dos dois jamais fora desse<br />

jeito.<br />

– Não tenho tanta certeza disso.<br />

– Não importa.<br />

– Não – concordou Romi. – Não<br />

importa mesmo.<br />

Maddie sorriu para a irmã por<br />

escolha.<br />

– Vou me casar hoje.<br />

– Vai mesmo.<br />

Romi sorriu de volta.<br />

Elas se abraçaram com força.<br />

Escutaram o som <strong>da</strong> campainha<br />

vindo do corredor de entra<strong>da</strong>. Depois a<br />

voz de Vik e a risa<strong>da</strong> de Misha.


Ah, aquilo era real. Estava<br />

acontecendo. Agora.<br />

Mais risa<strong>da</strong>s, antes de a porta do<br />

gabinete se abrir.<br />

O seu primo distante de um 1,80 m,<br />

James, usando um smoking<br />

distintamente masculino, cambaleou<br />

para dentro do aposento.<br />

– Ele descobriu que eu não era você,<br />

prima.<br />

Maddie se viu rindo, junto com os<br />

outros que entraram atrás dele. A<br />

primeira tradição fora respeita<strong>da</strong>. Seu<br />

pai fingira oferecer uma “noiva”<br />

alternativa, e Vik demonstrara sua<br />

determinação em casar-se apenas com<br />

ela.


Misha, também de smoking, e Ana,<br />

com um lindo conjunto cor-de-rosa,<br />

vieram logo atrás de James. O pai de<br />

Maddie estava usando uma tradicional<br />

casaca com plastrão, mas Vik estava de<br />

tirar o fôlego no seu Armani.<br />

Havia primos e tios de ambos os<br />

lados, o suficiente para satisfazer a<br />

necessi<strong>da</strong>de de Misha e Ana de que as<br />

tradições fossem respeita<strong>da</strong>s.<br />

Contudo, para Maddie, ninguém<br />

mais importava além de Vik, postado<br />

diante dela com aquela expressão voraz<br />

no rosto.<br />

– Ti takAya kraslvaya.<br />

Vik estendeu a mão na direção do<br />

seu rosto, detendo-a no ar, sem tocá-la.


– Ele está dizendo que você está<br />

lin<strong>da</strong> – informou Misha.<br />

Maddie assentiu, sem conseguir<br />

desviar o olhar dos intensos olhos cor<br />

de café de Vik.<br />

– Vim resgatar a minha noiva – falou<br />

ele em tons formais para o pai dela, sem<br />

jamais desviar o foco de sua atenção de<br />

Maddie.<br />

Vik ofereceu uma caixa <strong>da</strong> Tiffany<br />

aberta com um prendedor de gravata e<br />

abotoaduras de safiras repousando<br />

sobre o cetim branco.<br />

O pai a aceitou com o que pareceu<br />

ser genuína gratidão, mas logo sacudiu<br />

a cabeça.<br />

– Não é o bastante.


Ela sabia que aquilo fazia parte do<br />

ritual que Misha e Ana queriam ver<br />

respeitados.<br />

Com floreios, Misha argumentou os<br />

méritos dos adornos masculinos, mas<br />

Vik sequer sorriu. Sua atenção estava<br />

exclusivamente volta<strong>da</strong> para Maddie, e<br />

ela sentiu uma conexão espiritual com<br />

ele.<br />

Por fim, Misha ofereceu outra caixa<br />

<strong>da</strong> Tiffany, que continha um colar de<br />

pérolas de cinco fios e brincos fazendo o<br />

jogo.<br />

Seu olhar alternou-se entre as<br />

pérolas, Vik e Romi, pois a IPE de<br />

Maddie a havia convencido a ir sem<br />

colar.


– Você sabia.<br />

Sorrindo, Romi assentiu.<br />

Retirando os brincos de diamantes <strong>da</strong><br />

mãe, Maddie os passou para Romi, que<br />

os colocou nas orelhas que só agora<br />

Maddie notara estarem vazias. Era mais<br />

do que justo que Romi usasse algo de<br />

Helene no casamento de Maddie.<br />

Em um momento de extrema<br />

intimi<strong>da</strong>de, Vik ajudou Maddie a<br />

colocar os brincos e o colar. Quando<br />

terminou, ele curvou-se e plantou um<br />

beijo de leve nos seus lábios antes de<br />

devolver o véu para o seu devido lugar.<br />

– Agora, pode haver casamento –<br />

falou Misha, tomado de satisfação.


CAPÍTULO 10<br />

TOMARAM DUAS limusines até a igreja.<br />

Maddie não prestou atenção em mais<br />

na<strong>da</strong>. Tudo que sabia é que tinha Vik<br />

em um dos seus lados e Romi do outro.<br />

A Holy Virgin Chapel parecia ter sido<br />

transporta<strong>da</strong> diretamente <strong>da</strong> Rússia,<br />

com sua facha<strong>da</strong> branca e suas três<br />

torres encima<strong>da</strong> por cúpulas pontu<strong>da</strong>s.<br />

Ela se perdeu na beleza <strong>da</strong> cerimônia,<br />

mas na<strong>da</strong> foi tão comovente como


quando, no instante antes <strong>da</strong> cerimônia<br />

de coroação, Vik ignorou a tradição e<br />

ergueu o véu para beijá-la novamente, e<br />

sussurrar que, agora, até mesmo Deus<br />

sabia que ela era dele.<br />

As palavras poderiam ser<br />

considera<strong>da</strong>s irreverentes por alguns,<br />

mas elas acalmaram a alma de Maddie.<br />

Ele deixou o véu para trás, de modo<br />

que, quando a coroa foi pousa<strong>da</strong> na<br />

cabeça dela simbolizando o sacramento,<br />

Maddie sentiu-se ao mesmo tempo<br />

vincula<strong>da</strong> a ele e livre.<br />

Dispensaram a cerimônia civil que<br />

teria sido exigi<strong>da</strong> para tornar o<br />

casamento legal na Rússia, pois ela não<br />

era necessária na América. Sendo assim,


quebraram as taças de cristal na<br />

recepção, diante de centenas dos<br />

amigos do pai dela e de Vik. Todos<br />

aplaudiram.<br />

– Será uma união longa e abençoa<strong>da</strong><br />

– anunciou Misha.<br />

Comeram, cortaram o bolo, e brinde<br />

após brinde foi feito para o casal feliz.<br />

Foi tudo fantástico e até um pouco<br />

desnorteante. Na<strong>da</strong> sobre o casamento<br />

pareceu um acordo de negócios.<br />

Quando mencionou isso para Vik, ele<br />

sorriu.<br />

– Porque este casamento não é um<br />

acordo de negócios – afirmou ele.<br />

– Mas...


– É um casamento de sonhos, aceite<br />

isso.<br />

Mais feliz do que nunca, Maddie<br />

assentiu e fez justamente isso. Não<br />

ficou surpresa quando Romi pegou o<br />

seu buquê.<br />

Afinal, Maddie mirara nela.<br />

O que foi surpreendente, e até<br />

mesmo um pouco preocupante, foi que<br />

Maxwell Black pegou a liga. E o olhar<br />

que ele lançou para Romi a fez corar,<br />

embora Maddie houvesse notado certo<br />

interesse na amiga.<br />

Era algo no que pensar.<br />

Depois <strong>da</strong> lua de mel.<br />

Ela sorriu tanto durante a recepção<br />

que as faces estavam doendo quando o


Rolls-Royce chegou para levá-los<br />

embora.<br />

MADDIE SURPREENDEU-SE quando o carro<br />

estacionou diante do Ritz Carlton, em<br />

vez de Parean Hall.<br />

Ela virou-se para Vik.<br />

– Pensei que fôssemos para casa.<br />

– Gostei do som disso.<br />

– Ir para casa?<br />

– Casa. Nossa casa – enfatizou ele.<br />

Um ardor que ela não entendia<br />

apoderou-se do peito de Maddie.<br />

– Mas não estamos lá.<br />

– Não. Estamos aqui. E, no<br />

momento, as três únicas pessoas que


sabem onde estamos somos eu, você e o<br />

motorista.<br />

– E quanto aos seguranças?<br />

– Nem mesmo eles. Não hoje à noite.<br />

Na<strong>da</strong> de amigos. Na<strong>da</strong> de família. Na<strong>da</strong><br />

de segurança. Na<strong>da</strong> de imprensa.<br />

Ela sentiu-se toma<strong>da</strong> de satisfação.<br />

– A noite é nossa.<br />

– É. Gostei.<br />

– Ótimo.<br />

Com Maddie nos braços, ele cruzou<br />

o batente <strong>da</strong> porta <strong>da</strong> suíte 919, um dos<br />

apartamentos mais luxuosos do hotel,<br />

cuja beleza ela mal notou, sua atenção<br />

completamente volta<strong>da</strong> para Vik.<br />

– Champanha? – perguntou ele,<br />

depositando-a no chão.


Ela sacudiu a cabeça.<br />

– Algo para beliscar?<br />

Um sorriso esboçou-se nos seus<br />

lábios, e ela timi<strong>da</strong>mente disse:<br />

– Não, obriga<strong>da</strong>.<br />

Seus olhos escureceram com intenção<br />

primordial.<br />

– A cama, então?<br />

– Ah, sim.<br />

Ele assentiu, como se em séria<br />

contemplação.<br />

– Só consigo imaginar uma<br />

circunstância em que você poderia ficar<br />

mais estonteante.<br />

– Sim? – perguntou ela.<br />

– Deixe-me mostrar.<br />

– Tudo bem – sussurrou ela.


– Ele cui<strong>da</strong>dosamente retirou a coroa<br />

e o véu. Em segui<strong>da</strong> removeu as joias<br />

que aju<strong>da</strong>ra a colocar pouco antes.<br />

– Não sei se eu já disse. As pérolas<br />

são lin<strong>da</strong>s. Obriga<strong>da</strong>.<br />

– Até você usá-las, não passavam de<br />

pequeninas contas brancas.<br />

– Ah, puxa... Às vezes nem sei o que<br />

pensar de algumas <strong>da</strong>s coisas que você<br />

diz.<br />

– Considere-as a ver<strong>da</strong>de. Já<br />

estabelecemos que não minto para você.<br />

Ele roçou os lábios na nuca dela, que<br />

na<strong>da</strong> fez para disfarçar o arrepio<br />

provocado pelo toque suave.<br />

– Nem para ninguém, de acordo com<br />

Jeremy.


Vik deu a volta, postou-se diante<br />

dela e inclinou a boca na direção <strong>da</strong> de<br />

Maddie, colando-as por um instante.<br />

– Nem para ninguém.<br />

Ele trilhou beijos pescoço abaixo e ao<br />

longo do ombro exposto.<br />

Ca<strong>da</strong> carícia deixou para trás um<br />

rastro de arrepios, e, quando ele chegou<br />

às costas do vestido, ela já estava<br />

tremendo de desejo.<br />

Ele desabotoou o corpete, trilhando<br />

beijos ao longo <strong>da</strong> espinha enquanto o<br />

fazia.<br />

A se<strong>da</strong> do espartilho não serviu de<br />

barreira entre os lábios dele e a pele.<br />

Ajudou Maddie a sair do vestido, e se<br />

deu ao trabalho de cautelosamente


carregá-lo até a mesa <strong>da</strong> sala de jantar,<br />

onde o estendeu.<br />

Quando voltou para o quarto de<br />

dormir, ela disse:<br />

– Obriga<strong>da</strong>. Por cui<strong>da</strong>r do meu<br />

vestido.<br />

Ele deu de ombros, como se não<br />

fosse na<strong>da</strong> de mais.<br />

– É uma lembrança viva para a sua<br />

família.<br />

Maddie torcia para que jamais<br />

deixasse de apreciar as coisas grandes e<br />

pequenas que ele fazia para cui<strong>da</strong>r dela.<br />

– Então, é disso que estava falando?<br />

– perguntou Maddie, gesticulando na<br />

direção do próprio corpo, apenas de


espartilho, calcinha, meia-calça de se<strong>da</strong><br />

e sapatos de salto alto.<br />

Seu sorriso foi pre<strong>da</strong>tório, quando ele<br />

sacudiu a cabeça.<br />

– Quase, mais não exatamente.<br />

Ela descalçou os sapatos.<br />

– Mais perto.<br />

Sensuali<strong>da</strong>de pingava de sua voz.<br />

Ela engoliu em seco. Haviam feito<br />

amor to<strong>da</strong>s as noites durante as últimas<br />

cinco semanas, de modo que na<strong>da</strong> no<br />

tocante a isso deveria deixá-la nervosa.<br />

Contudo, a expressão possessiva no<br />

olhar de Vik era dez vezes mais intensa<br />

do que ela jamais vira anteriormente.<br />

Ela fez menção de soltar a meia do<br />

espartilho, mas ele a deteve.


– Permita-me.<br />

– Tudo bem.<br />

Endireitando-se, Maddie ficou<br />

aguar<strong>da</strong>ndo.<br />

Sem ligar para o caríssimo tecido do<br />

seu smoking, Vik ficou de joelhos<br />

diante dela. Em vez de desabotoar o<br />

botão que mantinha a meia-calça dela<br />

no lugar, ele pousou as mãos grandes<br />

nos quadris dela e inclinou-se para a<br />

frente para plantar um beijo entre os<br />

seus seios.<br />

Maddie prendeu a respiração, e suas<br />

pernas bambearam.<br />

– Vik, por favor.<br />

– Por favor o quê? – in<strong>da</strong>gou ele,<br />

com a voz carrega<strong>da</strong> de paixão. – Isto?


Ele roçou os lábios sobre os bicos dos<br />

seios dela, a língua escapulindo para<br />

provar-lhe a carne. Pequenas centelhas<br />

de prazer acompanharam a trilha<br />

desenha<strong>da</strong> por sua boca.<br />

As mãos deslizaram sobre as nádegas<br />

de Maddie, e as pontas dos dedos<br />

provocaram a pele exposta entre a<br />

calcinha e o topo <strong>da</strong> meia-calça.<br />

Ela só se deu conta de que ele a<br />

soltara quando a se<strong>da</strong> macia deslizou<br />

primeiro por uma <strong>da</strong>s pernas abaixo, e,<br />

depois, pela outra, com uma ajudinha<br />

de Vik.<br />

Até um mês atrás, jamais havia sido<br />

toca<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela maneira, contudo,<br />

agora, o seu corpo conhecia o prazer a


ser recebido. Sentia-se vazia no seu<br />

íntimo de uma maneira que jamais<br />

sentira antes de conhecer o que era<br />

estar preenchi<strong>da</strong>.<br />

Suas coxas tremeram ante o roçar <strong>da</strong>s<br />

pontas dos dedos dele, enquanto parte<br />

de si ansiava por mais. Um toque mais<br />

firme, carícias mais íntimas.<br />

Seus mamilos já estavam tesos em<br />

antecipação às atenções de Vik.<br />

Imagens do que ele fizera antes se<br />

confundiram com o presente,<br />

intensificando ca<strong>da</strong> roçar de pele com<br />

pele.<br />

Vik estendeu as mãos para as costas<br />

de Maddie, desabotoando o espartilho,


que em questão de segundos descolouse<br />

de sua pele ardente.<br />

– Hummmm... – sussurrou ele, sua<br />

expressão ao mesmo tempo satisfeita e<br />

pre<strong>da</strong>tória. – Quase lá.<br />

Não houve surpresa quando ele<br />

engatou os dedos no elástico <strong>da</strong> cintura<br />

<strong>da</strong> calcinha e a puxou para baixo.<br />

Apenas uma aflita sensação de<br />

expectativa.<br />

Com um último beijo em ca<strong>da</strong> um<br />

dos mamilos, ele ficou de pé.<br />

– Agora, essa é a visão mais bela que<br />

eu poderia imaginar.<br />

Ardor apossou-se do seu corpo.<br />

Perdera a capaci<strong>da</strong>de de reprimir seus<br />

rubores perto <strong>da</strong>quele homem.


Nenhum dos seus mecanismos de<br />

defesa funcionava mais quando Vik<br />

estava por perto.<br />

– Você ain<strong>da</strong> está vestido.<br />

Sua voz estava rouca.<br />

– Quer <strong>da</strong>r um jeito nisso? –<br />

perguntou ele, seu tom repleto de<br />

desafiadora sensuali<strong>da</strong>de.<br />

Em resposta, ela adiantou-se e<br />

desfez-lhe o nó <strong>da</strong> gravata.<br />

– Estou começando a entender como<br />

você se sente em relação a<br />

desembrulhar presentes – falou ela, ao<br />

puxar lentamente a gravata-borboleta<br />

para fora <strong>da</strong> gola engoma<strong>da</strong> de sua<br />

camisa.<br />

– É mesmo?


– Ah, é.<br />

Ela também não se apressou com os<br />

botões, inclinando-se para a frente de<br />

modo a inspirar o perfume masculino e<br />

roçar o nariz nos pelos do peito que não<br />

estavam cobertos pela camiseta de se<strong>da</strong><br />

branca.<br />

Maddie deliciou-se com ca<strong>da</strong><br />

centímetro <strong>da</strong> pele doura<strong>da</strong> que era<br />

revela<strong>da</strong>, não demonstrando pressa<br />

para tocar e beijar, assim como ele<br />

fizera.<br />

Era engraçado como ela não<br />

demorara a obter a confiança para fazer<br />

aquilo, contudo ele sempre respondera<br />

com pleno entusiasmo a qualquer


investi<strong>da</strong> sexual que ela fizesse, por<br />

menor que pudesse ser.<br />

Quando o deixou completamente nu,<br />

adiantou-se até os seus corpos quase se<br />

fundirem. Ele era muito maior do que<br />

ela, no entanto se encaixavam como se<br />

fossem peças adjacentes em um quebracabeça.<br />

Beijaram-se por vários minutos<br />

altamente satisfatórios, sem urgência,<br />

apenas prazer, enquanto se conectavam<br />

com intimi<strong>da</strong>de semelhante a quando<br />

ele estava dentro dela.<br />

Contudo, havia algo que ela queria<br />

fazer, algo que ain<strong>da</strong> não tentara, algo<br />

que, além de intrigá-la, também a<br />

intimi<strong>da</strong>va.


Que ocasião melhor para <strong>da</strong>r aquele<br />

salto do que na sua noite de núpcias?<br />

Maddie recuou para interromper o<br />

beijo, mas ele voltou a puxá-la para si.<br />

Isso aconteceu mais algumas vezes<br />

antes que ela por fim conseguisse<br />

separar seus corpos e lábios.<br />

– Quero prová-lo – falou para ele.<br />

Uma supernova acendeu-se nos<br />

olhos dele.<br />

– Não espere que eu vá dizer “não”<br />

para você.<br />

– Não achei que fosse.<br />

Ela ajoelhou-se diante dele.<br />

– Não ficaria mais confortável na<br />

cama?


Não precisando de mais provas de<br />

que ele se importava com ela, Maddie<br />

tomou a enorme ereção na mão e a<br />

acariciou para cima e para baixo.<br />

– Pode ser, mas ain<strong>da</strong> não.<br />

Maddie o acariciou uma segun<strong>da</strong><br />

vez.<br />

Gemendo, Vik oscilou nas bases.<br />

Ela adorava a maciez avelu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

pele dele ali, sabendo que aquele<br />

pequeno toque o afetava de maneira<br />

tão primordial.<br />

Inclinando-se para a frente, Maddie<br />

pela primeira vez provou de ver<strong>da</strong>de o<br />

sexo teso de Vik. A pele deveria ter o<br />

mesmo gosto de qualquer outra parte


do seu corpo, no entanto viciou ain<strong>da</strong><br />

mais as papilas gustativas dela.<br />

Gotas de sêmen antecedendo a<br />

ejaculação explodiram de sabor na<br />

língua dela, e ela pensou que seria a<br />

única a experimentar aquilo. Jamais<br />

outra mulher viria a conhecê-lo <strong>da</strong>quela<br />

maneira.<br />

Apenas Maddie. Vik era dela.<br />

Girou a língua ao redor <strong>da</strong> pele<br />

esponjosa <strong>da</strong> cabeça, e ele deixou<br />

escapar um som que era um misto de<br />

rosnado e gemido.<br />

– Por favor, milaya moya.<br />

Ele podia negar, mas o casamento<br />

fizera diferença para Vik. Antes de<br />

hoje, ele jamais falara russo com ela.


Estava trazendo-a para o seu santuário<br />

íntimo.<br />

E isso era tão sedutor quanto o<br />

homem nu diante dela.<br />

– O que isso significa? – perguntou,<br />

inclinando a cabeça para trás, de modo<br />

a poder fitar-lhe o rosto.<br />

Seus olhares se chocaram, os olhos<br />

escuros dele repletos de paixão.<br />

– Minha queri<strong>da</strong>.<br />

Como se tivessem vontade própria, os<br />

quadris dele saltaram para a frente, e a<br />

ponta <strong>da</strong> ereção roçou nos lábios dela.<br />

Maddie tomou-o na boca,<br />

arrancando outro som de profundo<br />

prazer de Vik. Maddie sugou, movendo


a boca para a frente e para trás, mas<br />

jamais o bastante para engasgar.<br />

As mãos dele pousaram-se<br />

gentilmente na cabeça dela, mas ele não<br />

fez qualquer esforço para mantê-la no<br />

lugar, nem para guiar-lhe os<br />

movimentos. Foi como se estivesse lhe<br />

<strong>da</strong>ndo a aprovação silenciosa, como se<br />

achasse que, talvez, seus sons de prazer<br />

não fossem o suficiente.<br />

Era maravilhoso, contudo seu queixo<br />

ficou dolorido mais rápido do que ela<br />

esperava, e Maddie teve de recuar.<br />

– Isso foi fantástico – falou Vik, com<br />

aparente sinceri<strong>da</strong>de.<br />

Ela sorriu para ele.<br />

– Breve, você quis dizer.


Ele riu.<br />

– Mais um pouco e eu teria chegado<br />

ao clímax.<br />

– Você é tão fácil.<br />

– Em se tratando de você? Pode<br />

apostar.<br />

Vik a ergueu do chão e a puxou para<br />

um beijo estonteante.<br />

Não apenas fácil, mas faminto.<br />

Maddie não fizera ideia de que<br />

perder uma simples noite de amor o<br />

deixaria tão impaciente, tão voraz por<br />

ela e pelo prazer que criavam juntos.<br />

Mas Vik não perdeu tempo em<br />

recuá-la até a cama. Com um único e<br />

vigoroso puxão, arrancou a colcha e as


cobertas, e manobrou-os até o centro<br />

do enorme colchão tamanho king.<br />

Afastou-lhe as pernas, e, curvando os<br />

joelhos, Maddie esperou pela<br />

penetração imediata. O que conseguiu<br />

foi a boca de Vik de encontro à sua<br />

carne mais íntima.<br />

Em questão de instantes, estava se<br />

contorcendo com a necessi<strong>da</strong>de de<br />

chegar ao clímax, mas um desejo ain<strong>da</strong><br />

maior de tê-lo dentro de si.<br />

– Por favor, Vik. Faça amor comigo,<br />

agora.<br />

Ele ergueu a cabeça, olhos quase<br />

negros de paixão encontrando os dela.<br />

– O que acha que estou fazendo?<br />

– Não desse jeito.


– Ah, sim, deste jeito.<br />

– Mas vou chegar ao clímax.<br />

Desespero falou mais alto que<br />

qualquer inibição.<br />

– Vai sim – prometeu ele com um<br />

rosnado sexy.<br />

– Mas...<br />

– Pelo menos uma vez.<br />

Em segui<strong>da</strong>, ele voltou a fazer o que<br />

estava fazendo, levando-a além do seu<br />

limite, os gritos de Maddie ecoando<br />

pelo luxuoso quarto. A língua a lambeu<br />

gentilmente durante os tremores que se<br />

sucederam, até o corpo dela desabar<br />

sem forças sobre o colchão.<br />

Após limpar a boca nos lençóis, ele<br />

posicionou-se sobre ela.


– Com ou sem preservativo? –<br />

perguntou.<br />

Tiveram sorte que a primeira vez sem<br />

preservativo não resultara em gravidez.<br />

Desde então, ele sempre tivera o<br />

cui<strong>da</strong>do de usá-lo.<br />

Mas estavam casados agora, e haviam<br />

concor<strong>da</strong>do em começar logo uma<br />

família. Além disso, Maddie não queria<br />

qualquer barreira na intimi<strong>da</strong>de entre<br />

eles.<br />

– Na<strong>da</strong> de proteção.<br />

Ele assentiu, sua expressão tornandose<br />

ain<strong>da</strong> mais feroz com o voraz desejo<br />

sexual. Ain<strong>da</strong> assim, conseguiu<br />

adentrá-la cui<strong>da</strong>dosamente, oferecendo<br />

à carne sensível uma chance de se


acostumar com a ereção dura como<br />

granito que a preenchia.<br />

Após o seu recente clímax explosivo,<br />

Maddie não estava prepara<strong>da</strong> para o<br />

modo como o corpo dela reagiu à<br />

união. O êxtase físico foi novamente<br />

deflagrado, como se jamais houvesse<br />

sido apagado, ardendo ain<strong>da</strong> mais<br />

intensamente com ca<strong>da</strong> movimento do<br />

corpo dele no dela. Prazer que deveria<br />

estar sacia<strong>da</strong> demais para sentir<br />

apossou-se dela, fazendo com que o<br />

ventre fosse dominado por espasmos e<br />

que os músculos ao redor <strong>da</strong> rigidez<br />

dele se contraíssem.<br />

Ele deu início a um ritmo lento,<br />

contudo dedica<strong>da</strong>mente penetrante,


que intensificou o êxtase no íntimo<br />

dela, até estar à beira de outro orgasmo<br />

inconcebível.<br />

Como se fosse capaz de ler os<br />

pensamentos dela, ou talvez fosse<br />

apenas as dicas que o corpo dela estava<br />

oferecendo, Vik acelerou os<br />

movimentos, martelando para dentro<br />

dela, descargas de prazer atravessandoa<br />

com ca<strong>da</strong> estoca<strong>da</strong>.<br />

Ele a fitou com o rosto contorcido de<br />

êxtase sexual, os olhos cor de café<br />

ardendo.<br />

– Chegue ao clímax agora, milaya<br />

moya.<br />

E ela obedeceu, gritando quando o<br />

clímax fez com que tremores capazes de


derrubar ci<strong>da</strong>des lhe percorressem o<br />

corpo.<br />

Ele ficou completamente rígido e se<br />

juntou a ela no prazer sexual supremo,<br />

seus olhares tão conectados e íntimos<br />

quanto o mais passional dos beijos.<br />

– Se isso não fez um bebê... –<br />

sussurrou ela ofegantemente.<br />

Ele a puxou para perto de si.<br />

– Teremos o maior prazer em<br />

continuar tentando.<br />

E foi o que fizeram pelo restante <strong>da</strong><br />

noite, enfim adormecendo exaustos<br />

quando os primeiros raios de sol<br />

iluminaram a neblina matinal.


AO MEIO-DIA, ele a acordou para tomar<br />

uma ducha. Juntos, é claro, e esse era<br />

apenas um dos recém-descobertos<br />

benefícios de intimi<strong>da</strong>de física com Vik.<br />

Ao saírem do banheiro, ela notou as<br />

malas no canto do quarto.<br />

– Quanto tempo vamos ficar aqui? –<br />

perguntou ao vestir o sutiã, antes de<br />

colocar uma blusa de se<strong>da</strong> preta.<br />

– Iremos embora em uma hora –<br />

respondeu ele, após lançar um olhar<br />

para as malas.<br />

– Para onde vamos?<br />

Não para casa.<br />

Tudo que tinham havia sido<br />

transportado para Parean Hall no dia


anterior ao casamento, de modo que<br />

não haveria necessi<strong>da</strong>de de malas.<br />

Ele vestiu a cueca e um jeans azulescuro.<br />

– Palm Springs.<br />

– Por quê?<br />

– Nossa lua de mel.<br />

– Pensei que não fôssemos ter uma<br />

lua de mel.<br />

– Eu não me lembro de ter<br />

concor<strong>da</strong>do com isso.<br />

– Nunca conversamos a respeito –<br />

salientou ela.<br />

Ele vestiu uma camisa polo Armani.<br />

– É a tradição.<br />

– Nosso casamento não é exatamente<br />

tradicional.


Ela vestiu o seu jeans favorito.<br />

– Eu discordo.<br />

Ela sacudiu a cabeça, sabendo que<br />

não o faria mu<strong>da</strong>r de ideia. Vik não via<br />

na<strong>da</strong> de mais em se casar com uma<br />

mulher que não amava para construir<br />

um legado para os filhos que, com to<strong>da</strong><br />

certeza, amaria.<br />

– Então, Palm Springs.<br />

Ele sorriu.<br />

– Descobri um ponto em um local<br />

exótico onde, provavelmente,<br />

passaremos a maior parte do tempo na<br />

cama.<br />

– Gosto de Palm Springs.<br />

Na reali<strong>da</strong>de, era um dos lugares<br />

preferidos de Maddie. Costumava


visitá-lo quase todo inverno com a mãe,<br />

e ela poderia apostar que Vik sabia<br />

disso.<br />

Ele sorriu.<br />

– Ain<strong>da</strong> bem que você é inteligente,<br />

ou todo o tempo de escola que perdeu<br />

viajando com a sua mãe poderia ter<br />

representado um sério problema.<br />

– Ela sempre trazia um tutor conosco.<br />

A expressão de Vik ficou ardente.<br />

– Esta semana, serei o único tutor de<br />

que você precisará.<br />

– Após a última semana, e, em<br />

especial ontem à noite, tenho quase<br />

certeza de que não há muito que possa<br />

me ensinar.<br />

– Ficará surpresa.


Não “ficaria”, mas sim “ficará”.<br />

Confiança é o que não faltava ao<br />

homem.<br />

E os oito dias seguintes provaram<br />

como essa confiança era justifica<strong>da</strong>.<br />

Fiel à sua palavra, passaram um<br />

bocado de tempo no quarto <strong>da</strong> suíte de<br />

um hotel paradisíaco nos arredores do<br />

balneário californiano. Contudo, Vik<br />

também insistiu em levá-la para jantar<br />

nos melhores restaurantes e fazer<br />

compras nas melhores lojas de grife.<br />

Retornaram para São Francisco para<br />

checar uma lista de possíveis imóveis<br />

para a escola que Vik pedira para o seu<br />

corretor separar.


Após uma semana de ausência, Vik<br />

tinha muito para resolver e não teve<br />

como acompanhar Maddie e Romi<br />

quando elas visitaram as proprie<strong>da</strong>des.<br />

Contudo, to<strong>da</strong>s as noites, pediu<br />

informações detalha<strong>da</strong>s para Maddie<br />

no tocante ao que ela vira, provando a<br />

sinceri<strong>da</strong>de de seu interesse no projeto.<br />

NA SEXTA de manhã, Maddie recebeu<br />

uma mensagem de texto <strong>da</strong> assistente<br />

do pai, requisitando a presença dela no<br />

escritório dele naquela tarde.<br />

Havia marcado para visitar<br />

novamente um imóvel que ela e Romi<br />

haviam praticamente decidido ser<br />

perfeito para a escola. Sentindo-se


magnânima para com o pai, Maddie<br />

ligou e remarcou a visita antes de<br />

responder para a assistente que<br />

compareceria à reunião.<br />

Maddie foi conduzi<strong>da</strong> ao escritório<br />

do pai pela secretária que,<br />

surpreendentemente, não ficou para<br />

tomar notas. Então era uma reunião<br />

pessoal...<br />

Mas por que no escritório dele?<br />

Seu pai ficou de pé e deu a volta na<br />

mesa.<br />

– Madison, gostaria que conhecesse o<br />

dr. Wilson, diretor do...<br />

Jeremy deu o nome de um instituto<br />

renomado por seus estudos<br />

psiquiátricos.


Foi só então que ela notou o outro<br />

homem na sala, de aparência distinta,<br />

grisalho e bem-vestido, sentado em<br />

uma <strong>da</strong>s poltronas de couro no canto<br />

do escritório do seu pai.<br />

Ele ficou de pé e adiantou-se,<br />

estendendo a mão.<br />

– Madison. É um prazer conhecê-la.<br />

– Obriga<strong>da</strong>. Espero poder dizer o<br />

mesmo.<br />

Não tinha um bom pressentimento<br />

no tocante a isso. Por que havia um<br />

psiquiatra no escritório do pai para a<br />

reunião?<br />

– Que tal nos sentarmos e ficarmos à<br />

vontade? – sugeriu o dr. Wilson,


indicando ser uma peça-chave no<br />

encontro.<br />

Maddie permaneceu de pé quando o<br />

pai se acomodou em uma <strong>da</strong>s<br />

extremi<strong>da</strong>des do sofá adjacente à<br />

poltrona de couro onde o psiquiatra<br />

estivera sentado, e para onde ele<br />

retornara.<br />

– Sente-se, Madison, para que<br />

possamos conversar como pessoas<br />

civiliza<strong>da</strong>s.<br />

– Que tal, primeiro, me dizer sobre o<br />

que conversaremos? – exigiu, em um<br />

tom de voz frio que, há semanas, não<br />

usava.<br />

O pai franziu a testa.<br />

– Está sendo rude.


– E você está sendo cauteloso.<br />

Em se tratando do pai dela, cauteloso<br />

era pior do que rude.<br />

– Está vendo o que eu digo? –<br />

perguntou Jeremy para o doutor. –<br />

Incompreensivelmente intratável.<br />

– Pediu que o dr. Wilson viesse aqui<br />

me avaliar?<br />

Surpreendentemente, seu pai<br />

estremeceu, mas assentiu.<br />

– Eu soube que você tem consultado<br />

uma terapeuta.<br />

– Por algumas semanas, consultei.<br />

Em algum ponto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, metade <strong>da</strong><br />

América já o fez.<br />

E a escolha dela em fazê-lo não era<br />

uma fraqueza.


– Isso é um pouco de exagero – disse<br />

o dr. Wilson, como se estivesse<br />

salientando a tendência de Maddie de<br />

aumentar a proporção <strong>da</strong>s coisas. – Eu<br />

diria que está mais para vinte por cento.<br />

– Quem lhe disse que eu estava<br />

vendo alguém? – perguntou para<br />

Jeremy, ignorando o psiquiatra.<br />

Vik não teria contado. Podia não<br />

amá-la, mas era o seu cavaleiro branco.<br />

Jamais a sacrificaria para o rei.<br />

– Vik sabe a respeito desta reunião? –<br />

Ela exigiu saber.<br />

– O que acha? – retrucou o pai<br />

impassivelmente.<br />

– Que não respondeu a minha<br />

pergunta.


Ela pegou o celular.<br />

– Para quem está ligando? –<br />

perguntou pacientemente o dr. Wilson.<br />

– Para o meu marido.<br />

– Está vendo? Traços de<br />

codependência e de paranoia – disse o<br />

pai.<br />

Maddie teve vontade de atirar o<br />

celular na cabeça dele, mas preferiu não<br />

descobrir o que o psiquiatra acharia<br />

disso. A ligação foi direto para a caixa<br />

postal de Vik.<br />

Ele deveria estar em alguma reunião.<br />

Ela deixou um recado.<br />

– Sou eu. Jeremy me chamou para<br />

uma reunião com um psiquiatra.


Preciso falar com você. Por favor, me<br />

ligue.<br />

O dr. Wilson a observava com uma<br />

expressão indecifrável. Os olhos do pai<br />

estavam estreitados, contudo não sabia<br />

dizer se era de preocupação ou<br />

irritação.<br />

– Quer dizer que soube que eu vi<br />

uma terapeuta e chamou o dr. Wilson<br />

aqui para me observar. Por quê?<br />

– Ninguém disse que eu estava aqui<br />

para observá-la – salientou o médico.<br />

– Ninguém disse que não estava.<br />

Nem o doutor e nem o pai<br />

responderam a isso.<br />

Por fim, Jeremy disse:


– Já contei para o dr. Wilson sobre a<br />

minha preocupação no tocante ao seu<br />

comportamento ca<strong>da</strong> vez mais<br />

excêntrico, ao longo dos anos.<br />

– E, apesar de aplaudir a sua<br />

iniciativa positiva em buscar aju<strong>da</strong>,<br />

devo concor<strong>da</strong>r com o seu pai que suas<br />

ações desde a morte de sua mãe<br />

indicam uma condição preocupante –<br />

disse o dr. Wilson, como se estivesse<br />

falando com uma criança.<br />

– Não tenho condição nenhuma. – O<br />

que ela tinha era um cérebro, e ele<br />

estava começando a funcionar. – Não<br />

vai conseguir me provar mentalmente<br />

incompetente para assinar os


documentos que dão para Romi metade<br />

<strong>da</strong>s minhas ações <strong>da</strong> AIH.<br />

A expressão do pai deixou claro que<br />

ele discor<strong>da</strong>va.<br />

O psiquiatra sacudiu a cabeça.<br />

– Assinar um documento como o seu<br />

pai descreveu para mim não é<br />

exatamente um ato racional.<br />

– Acha que não?<br />

– Você acha que é?<br />

– Sei que é, e também sei que o que<br />

faço com o meu dinheiro e com meus<br />

bens não é <strong>da</strong> sua conta, dr. Wilson.<br />

Nem <strong>da</strong> de Jeremy Archer.<br />

– Chama o seu pai pelo primeiro<br />

nome dele. Isso indica um nível de


dissociação para com aqueles mais<br />

chegados a você.<br />

– Sou mais chega<strong>da</strong> à minha<br />

faxineira do que ao meu pai.<br />

O psiquiatra lançou-lhe um olhar<br />

preocupado.<br />

– Sua falta de intimi<strong>da</strong>de emocional<br />

com o pai é algo que podemos explorar<br />

juntos.<br />

– Dr. Wilson, o senhor não é e nem<br />

jamais será meu médico. Agora, se me<br />

derem licença.<br />

– Madison! – O pai dela rugiu.<br />

Ela não se deteve. Ele poderia deixar<br />

qualquer ameaça que pretendesse fazer<br />

na caixa postal dela.


CAPÍTULO 11<br />

MADDIE ESTAVA na garagem quando o<br />

telefone tocou.<br />

Era Vik. Ela atendeu.<br />

– Meu pai descobriu que eu estava<br />

vendo uma terapeuta.<br />

– Eu não contei para ele.<br />

– Não achei que tivesse contado.<br />

– Ótimo.<br />

– Estou apenas... – Frustra<strong>da</strong>.<br />

Confusa. Aborreci<strong>da</strong>. – Ele quer me


provar incompetente para ter assinado<br />

os documentos que cedem para Romi<br />

metade <strong>da</strong>s minhas ações <strong>da</strong> AIH.<br />

– Eu não...<br />

– Tem uma coisa na qual aposto que<br />

ele não pensou.<br />

– O quê?<br />

– Se um juiz me julgar incompetente<br />

para assinar aqueles documentos, pode<br />

ser que eu também não seja competente<br />

para fazer os meus votos, e não sejamos<br />

casados. O que isso fará com os<br />

preciosos planos dele de me casar com o<br />

sucessor?<br />

– Isso não vai acontecer – rosnou<br />

Vik.


– Pensei que as coisas estivessem<br />

melhores com ele.<br />

– E estão.<br />

– Se alguém enlouqueceu foi ele.<br />

– Concordo.<br />

Ela assentiu.<br />

– Madison?<br />

– Você está do meu lado, não está?<br />

Vik não apoiaria o mentor e amigo<br />

nisso, apoiaria?<br />

– É claro. Você é minha esposa e é<br />

assim que vai permanecer.<br />

Porque ele queria o controle <strong>da</strong> AIH.<br />

Porque queria o futuro que planejara<br />

com ela. Naquele instante, Maddie<br />

desejava desespera<strong>da</strong>mente que<br />

houvesse outra razão mais


emocionalmente importante para Vik<br />

insistir que o casamento deles<br />

permanecesse válido.<br />

Amor.<br />

Ela precisava do amor do marido.<br />

Mais do que precisava <strong>da</strong> aceitação do<br />

pai. Muito mais.<br />

No fundo, não <strong>da</strong>va a mínima por<br />

Jeremy ter voltado aos hábitos antigos.<br />

Contudo, subitamente saber que o<br />

homem que amava mais do que a<br />

própria vi<strong>da</strong> entendia os seus<br />

sentimentos, mas não os compartilhava,<br />

doía mais do que era capaz de<br />

expressar.<br />

– Preciso de tempo para pensar.


– O quê? Madison, onde está você?<br />

Eu irei ao seu encontro.<br />

– Não. Eu só... Apenas me dê algum<br />

tempo, Vik.<br />

Ela encerrou a ligação e desligou o<br />

telefone.<br />

Não queria falar com ninguém. Nem<br />

mesmo com Romi.<br />

Entrando em seu carro, seguiu para a<br />

sua livraria/café favorita.<br />

Como poderia passar o resto <strong>da</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong> apaixona<strong>da</strong> pelo marido, sabendo<br />

que os sentimentos não eram<br />

recíprocos?<br />

Pegou o seu pedido de costume e o<br />

levou para a sua mesa favorita, situa<strong>da</strong><br />

entre uma pilha de livros e a vitrine.


Como a vitrine era pinta<strong>da</strong>, a não ser<br />

que chegassem bem perto e olhassem<br />

para dentro <strong>da</strong> loja, ninguém a veria do<br />

lado de fora.<br />

Mais do que qualquer outro, um<br />

pensamento insistia em sobressair-se<br />

aos demais.<br />

Vik agia como um homem<br />

apaixonado.<br />

Ele não se saciava dela sexualmente.<br />

A felici<strong>da</strong>de de Maddie era muito<br />

importante para ele. Tendo a opção,<br />

sempre escolhia passar tempo com ela,<br />

em vez de longe dela. Queria que ela<br />

fosse a mãe dos seus filhos.<br />

Será que as palavras realmente eram<br />

importantes?


Estivera aguentando bem sem elas<br />

até agora. Mas a atitude implacável do<br />

pai sabotara o senso de segurança de<br />

Maddie.<br />

Realmente precisava que Vik<br />

admitisse o seu amor por ela para se<br />

sentir segura de sua felici<strong>da</strong>de com ele?<br />

Ain<strong>da</strong> não havia chegado a uma<br />

conclusão, quando escutou o próprio<br />

nome sendo dito em um tom masculino<br />

que jamais planejara escutar<br />

novamente.<br />

Erguendo o olhar, amarrou a cara.<br />

– Vá embora, Perry.<br />

– Você não atende minhas ligações,<br />

não responde as minhas mensagens de<br />

texto.


E ele estava surpreso?<br />

– Bloqueei o seu número.<br />

– Foi o que imaginei.<br />

– Você não deveria estar falando<br />

comigo.<br />

– Na<strong>da</strong> no acordo que aquele<br />

canalha com quem se casou me obrigou<br />

a assinar diz que eu não poderia falar<br />

com você, apenas sobre você.<br />

Isso parecia irritá-lo.<br />

– E o que esperava?<br />

Ele exibiu aquela expressão de<br />

ofendido que sempre mexera com ela<br />

no passado.<br />

– Não esperava que abrisse mão de<br />

seis anos de amizade por conta de um<br />

único errinho.


– Não foi a primeira vez que mentiu<br />

para a mídia sobre nós.<br />

E esse olhar triste não apertava mais<br />

o coração dela.<br />

Perry estremeceu, como se estivesse<br />

surpreso que ela houvesse se <strong>da</strong>do<br />

conta disso.<br />

– Foi tudo inofensivo. Eu precisava<br />

do dinheiro. Nem todos nós nascemos<br />

com a colher de prata <strong>da</strong> Archer<br />

International Holdings na boca.<br />

– Dizer para as pessoas que eu era<br />

uma vicia<strong>da</strong> em sexo e que não me<br />

satisfazia com um único parceiro não foi<br />

inofensivo. Você destruiu a minha<br />

reputação.


– Por exatamente 24 horas. Viktor<br />

Beck encarregou-se disso.<br />

– Conrad é bom no que faz.<br />

– O coordenador de mídia do seu<br />

pai? Ele é um gatinho comparado ao<br />

tubarão cruel com quem se casou.<br />

– Vik me protegeu quando você me<br />

jogou aos lobos. Não é bem ele que eu<br />

chamaria de cruel.<br />

– Sabe que eu não estava falando<br />

sério.<br />

O cretino parecia realmente esperar<br />

que ela acreditasse nisso. E pensar que<br />

o sujeito havia sido o melhor amigo<br />

dela por seis anos!<br />

– Eu sabia que estava mentindo. Não<br />

é o mesmo que saber que não estava


falando sério.<br />

– Eu precisava do dinheiro. Você<br />

sabe disso.<br />

– E eu me recusei a dá-lo. Resume-se<br />

a isso, não é?<br />

– Pedi um empréstimo. De uma<br />

amiga.<br />

– E quando é que você pagou de<br />

volta um único dólar de todo o<br />

dinheiro que pegou emprestado comigo,<br />

Perry?<br />

Não havia erro. Perry era o<br />

manipulador. O prevaricador.<br />

Vik era o seu cavaleiro branco.<br />

Talvez ele jamais dissesse as três<br />

palavrinhas que ela mais quisesse<br />

escutar, mas Maddie não passaria o


esto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> lamentando isso. Não<br />

quando ele lhe proporcionava tantas<br />

outras alegrias.<br />

– Não há como garantir<br />

investimentos nos negócios.<br />

– Quer dizer que eram investimentos<br />

de negócios. – Ela estreitou os olhos<br />

para Perry. – Onde estão os contratos<br />

que mostram a minha percentagem nos<br />

lucros em tais empreita<strong>da</strong>s?<br />

– Não é necessário contratos entre<br />

nós.<br />

– Aparentemente, precisamos sim.<br />

Não somos mais amigos, e jamais<br />

voltaremos a ser – deixou bem claro.<br />

– Trata-se de Romi, não é? Ela enfim<br />

a virou contra mim.


– Você me virou contra você, Perry.<br />

Mentiu a meu respeito e fez o possível<br />

para destruir a minha reputação.<br />

Ele esforçou-se para parecer<br />

ofendido.<br />

– Não.<br />

– Sim. E, se tivesse sido bemsucedido,<br />

teria <strong>da</strong>do cabo de meus<br />

sonhos de abrir uma escola.<br />

Perry deu de ombros.<br />

– São Francisco não precisa de outra<br />

escola.<br />

A capaci<strong>da</strong>de de Perry de tão<br />

facilmente fazer pouco caso do seu<br />

maior sonho a deixou sem fôlego.<br />

– Eu discordo.<br />

– Bem, não aconteceu.


– Não graças a você.<br />

– Eu, eu fui a público com um<br />

pedido de desculpas e uma confissão de<br />

que tudo não passou de uma pia<strong>da</strong>.<br />

E esperava que ela o agradecesse por<br />

isso?<br />

– Mas não foi uma pia<strong>da</strong>. Foi uma<br />

enorme e terrível mentira.<br />

– Ora, vamos, Maddie. Você tem de<br />

me perdoar.<br />

– É, para o meu próprio bem, preciso<br />

deixar isso para lá.<br />

Triunfo brilhou nos olhos azuis de<br />

Perry.<br />

– Podemos voltar a ser amigos e<br />

esquecer aquele acordo que Viktor me<br />

forçou a assinar.


– Não.<br />

– Mas...<br />

– Ninguém o forçou a assinar na<strong>da</strong>.<br />

Assinou o acordo de livre e espontânea<br />

vontade porque não queria ser<br />

processado, tanto pela AIH quanto pelo<br />

tabloide para quem vendeu a história.<br />

Maddie ergueu a cabeça ante a voz<br />

de Vik. O que ele estava fazendo ali?<br />

Como foi que a encontrara?<br />

Ele postou-se diante de Perry como<br />

um anjo vingador.<br />

– Você não é amigo <strong>da</strong> minha<br />

mulher.<br />

– Quem você pensa que é para...<br />

– Sou o homem que o arruinará se<br />

voltar a se aproximar <strong>da</strong> minha mulher.


Os olhos de Vik ardiam de fúria<br />

inconti<strong>da</strong>.<br />

Perry ergueu as mãos.<br />

– Sem problemas. Olha, só pensei<br />

que ain<strong>da</strong> pudéssemos ser amigos, mas<br />

vejo que não se sente à vontade com a<br />

ideia.<br />

– Eu não me sinto à vontade com a<br />

ideia – frisou Maddie. – Pare de culpar<br />

os outros pelas suas burra<strong>da</strong>s, Perry.<br />

Você destruiu a nossa amizade.<br />

– Mas, Maddie...<br />

Ela sacudiu a cabeça.<br />

– Não, está acabado. Se me vir em<br />

algum evento, siga na direção oposta,<br />

pois não quero voltar a falar com você.


– Não voltaremos a nos encontrar<br />

nos mesmo eventos – falou ele<br />

amargamente.<br />

Maddie não se deu ao trabalho de<br />

responder. Isso era problema de Perry,<br />

não dela.<br />

– Você vai embora, ou vou ser<br />

forçado a chamar a polícia para fazer<br />

valer a medi<strong>da</strong> cautelar que temos<br />

contra você?<br />

– Estou indo embora – falou Perry,<br />

rapi<strong>da</strong>mente recuando para fora <strong>da</strong><br />

loja.<br />

– Temos uma medi<strong>da</strong> cautelar? –<br />

Maddie perguntou para Vik.<br />

– Temos.<br />

Ela sacudiu a cabeça.


– Como foi que me encontrou?<br />

– Tem certeza de que quer saber?<br />

– Tenho.<br />

– Pelo seu celular.<br />

– Eu o desliguei.<br />

– Enquanto ain<strong>da</strong> houver carga na<br />

bateria, o GPS funciona.<br />

– Quer dizer que, se eu quiser um<br />

pouco de privaci<strong>da</strong>de, tenho de tirar a<br />

bateria? Bom saber.<br />

Para chegar tão rápido ao café, ele<br />

tinha de ter tido procurado o sinal do<br />

GPS quase que imediatamente. Mais<br />

evidências de que ela era importante<br />

para ele.<br />

O pai jamais teria deixado de lado a<br />

própria agen<strong>da</strong> para sair correndo atrás


<strong>da</strong> mãe dela, muito menos <strong>da</strong> própria<br />

Maddie.<br />

Vik inspirou fundo e hesitou, antes<br />

de dizer:<br />

– Eu preferiria que não fizesse isso.<br />

– Está bem. – Sabia que também<br />

havia a questão de segurança. – Veio<br />

atrás de mim.<br />

– É claro. Você estava triste. O que<br />

Jeremy fez com você...<br />

Ela riu ante a rara vulgari<strong>da</strong>de que<br />

deixou os lábios do marido.<br />

Vik pousou a mão sobre a dela.<br />

– Será que pode vir comigo agora?<br />

Maddie não hesitou.<br />

– Posso.


– Não quer saber para onde? –<br />

perguntou Vik, quando ela lhe deu a<br />

mão e o acompanhou para fora <strong>da</strong> loja.<br />

– Presumo que para algum lugar<br />

reservado.<br />

A expressão do rosto de Vik<br />

endureceu.<br />

– Na ver<strong>da</strong>de, vamos voltar para a<br />

AIH e confrontar o seu pai.<br />

– Juntos.<br />

– É.<br />

Isso sugeria que ela e Vik estariam de<br />

um dos lados, e Jeremy Archer, do<br />

outro. Ótimo. Se ela precisava de provas<br />

de que vinha em primeiro lugar para<br />

Vik, seu pai não poderia ter oferecido<br />

uma oportuni<strong>da</strong>de melhor.


O PAI estava no escritório quando<br />

chegaram. O dr. Wilson já havia ido<br />

embora. A assistente falou que Jeremy<br />

estava em uma reunião, Mas Vik foi<br />

entrando assim mesmo.<br />

Vik marchou até a mesa de Jeremy e<br />

desligou o telefone, fazendo com que o<br />

pai de Maddie se levantasse gaguejando<br />

irrita<strong>da</strong>mente.<br />

– Alguma vez já menti para você? –<br />

disparou Vik, assim que teve uma<br />

chance.<br />

Com a expressão desconfia<strong>da</strong>, Jeremy<br />

na mesma hora sacudiu a cabeça.<br />

– Por acaso eu blefo?<br />

– Não.


– Nesse caso, sabe que falo sério<br />

quando afirmo que, se voltar a tentar<br />

declarar Maddie incompetente para<br />

impedir que ela entregue metade <strong>da</strong>s<br />

suas ações para Romi Grayson, eu<br />

destruirei a Archer International<br />

Holdings.<br />

– Não pode estar falando sério.<br />

Nem no enterro <strong>da</strong> sua mãe Maddie<br />

vira o pai tão abalado.<br />

– Acho que acabamos de estabelecer<br />

que estou.<br />

Seu tom de voz não deixava dúvi<strong>da</strong>s<br />

quanto a isso. O pai disse alguma outra<br />

coisa, mas Maddie não estava<br />

escutando. Tudo em seu íntimo ficou


paralisado quando teve a segun<strong>da</strong><br />

grande revelação do dia.<br />

– Você realmente me ama – falou<br />

para Vik, ignorando por completo o pai.<br />

Aquele olhar sério fixou-se nela.<br />

– Você é minha e eu vou protegê-la.<br />

– E para amar.<br />

Toma<strong>da</strong> de estonteante felici<strong>da</strong>de,<br />

Maddie sorriu para o homem por quem<br />

tinha uma que<strong>da</strong> desde os 14 anos de<br />

i<strong>da</strong>de e por quem era apaixona<strong>da</strong> desde<br />

os 16.<br />

– Amo você também, mas você sabe<br />

disso.<br />

– Você ama? – perguntou Vik. –<br />

Mesmo agora?<br />

– Especialmente agora.


Ele sequer era remotamente<br />

responsável pelos atos do seu pai.<br />

– Eu estava falando sério no tocante<br />

ao que eu disse para o seu pai.<br />

– Eu sei.<br />

– Sou totalmente implacável e sem<br />

remorso.<br />

Ela poderia discor<strong>da</strong>r disso, mas<br />

entendia que era no que Vik acreditava.<br />

E tudo bem por ela.<br />

Mesmo que não se desse conta disso,<br />

ele usava os poderes para o bem.<br />

Maddie sorriu para ele, permitindo<br />

que o seu amor transparecesse no olhar.<br />

– Seu senso de honra é a faceta mais<br />

reluzente <strong>da</strong> sua natureza.<br />

– Não sou um bom sujeito.


– Acaba de ameaçar destruir a minha<br />

empresa – falou o pai dela, sentido. –<br />

Com certeza não é um bom sujeito.<br />

O sorriso de Maddie alargou-se.<br />

– Questão de perspectiva. Adoro que<br />

não se detenha diante de na<strong>da</strong> para<br />

matar os meus dragões.<br />

– Não sou um dragão. Sou o seu pai,<br />

droga!<br />

Ela lançou-lhe um olhar enojado.<br />

– Que ameaçou me declarar<br />

incompetente.<br />

– Não pode acreditar que eu queria<br />

que as coisas acontecessem desse modo,<br />

mas você está dilacerando a minha<br />

empresa.


– Não exagere – retrucou Maddie,<br />

fazendo pouco caso <strong>da</strong>s palavras<br />

carrega<strong>da</strong>s de arrependimento do pai. –<br />

Doze e meio por cento, com o direito<br />

de voto concedido para Vik, e qualquer<br />

sucessor por ele apontado.<br />

Vik estremeceu ao lado dela.<br />

– Eu não sabia disso.<br />

– Confio em você. Sabe disso.<br />

– Aparentemente, é diferente<br />

quando escuto vindo de você.<br />

O pai dela suspirou.<br />

– Sabe, eu e a sua mãe jamais<br />

sentimos a necessi<strong>da</strong>de de falar sem<br />

parar dos nossos sentimentos.<br />

Por fim, Maddie voltou a atenção<br />

para o pai.


– Quem sabe, se não tivessem, as<br />

coisas não teriam sido diferentes.<br />

– Não posso mu<strong>da</strong>r o passado – falou<br />

ele, com uma expressão senti<strong>da</strong>.<br />

– Você passa tanto tempo se<br />

metendo na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua filha no<br />

presente que o passado é a menor <strong>da</strong>s<br />

suas preocupações – falou Vik para o<br />

pai dela.<br />

– Sinto muito por emboscá-la com o<br />

dr. Wilson, Madison. – Jeremy a fitou<br />

com súplica. – Talvez não faça diferença<br />

para você, mas eu disse para o dr.<br />

Wilson que não precisaria mais dos<br />

serviços dele assim que você deixou o<br />

meu escritório.<br />

– É difícil de acreditar.


– Ele está falando a ver<strong>da</strong>de –<br />

afirmou Vik.<br />

Maddie olhou para o marido.<br />

– Como sabe?<br />

– Ele olha para a esquer<strong>da</strong> sempre<br />

que está mentindo sobre algo<br />

importante.<br />

– E isso é importante para ele –<br />

in<strong>da</strong>gou ela, desconfia<strong>da</strong>.<br />

– Envolve você e a empresa dele. Não<br />

há na<strong>da</strong> mais importante para Jeremy.<br />

Pelo menos na parte <strong>da</strong> empresa ela<br />

acreditava.<br />

– Por que mandou o dr. Wilson<br />

embora? – perguntou.<br />

Jeremy mexeu-se pouco à vontade na<br />

poltrona.


– Eu sabia que você jamais me<br />

perdoaria se eu levasse adiante o meu<br />

plano.<br />

– Tem certeza de que não foi porque<br />

se deu conta de que meu casamento<br />

com Vik seria invali<strong>da</strong>do se eu fosse<br />

considera<strong>da</strong> incompetente para tomar<br />

decisões legais?<br />

Os olhos do pai se arregalaram, e ele<br />

empalideceu. Jeremy não pensara nisso.<br />

– Não foi à toa que Vik pegou pesado<br />

– falou ele.<br />

– Ele quer continuar casado comigo<br />

mais do que quer ser presidente <strong>da</strong><br />

AIH.<br />

Apenas dizer tais palavras lhe<br />

proporcionou uma profun<strong>da</strong> satisfação


emocional.<br />

Jeremy assentiu.<br />

– Espero que tenha entendido que<br />

quero ser seu pai mais do que quero o<br />

controle <strong>da</strong>quelas ações.<br />

Foi a vez dela de assentir, embora,<br />

talvez, não com a mesma convicção.<br />

– Talvez fosse bom para vocês dois<br />

que o seu pai comparecesse a algumas<br />

<strong>da</strong>s suas sessões com a dra. MacKenzie<br />

– sugeriu Vik.<br />

Jeremy Archer abalou as estruturas<br />

de Maddie quando falou:<br />

– Eu adoraria. Está disposta,<br />

Madison?<br />

– Não sei.


E se o pai usasse as sessões para<br />

reunir mais munição contra ela?<br />

– Acredita que Vik destruirá a<br />

Archer International Holdings se eu<br />

tentar declará-la mentalmente<br />

incompetente?<br />

– Acredito.<br />

Não tinha a menor dúvi<strong>da</strong>.<br />

– Nesse caso, não tem o que temer –<br />

falou o pai, mostrando que interpretara<br />

corretamente a hesitação dela.<br />

– Falarei com a dra. Mackenzie. Se<br />

ela achar que é uma boa ideia,<br />

marcaremos as sessões.<br />

Seu pai a surpreendeu novamente ao<br />

ficar de pé e adiantar-se para beijá-la na<br />

face e apertar a mão de Vik.


– Obrigado por cui<strong>da</strong>r dela melhor<br />

do que eu jamais o fiz.<br />

– E sempre cui<strong>da</strong>rei.<br />

Outra promessa de Viktor Beck.<br />

– E eu cui<strong>da</strong>rei de Vik – afirmou ela.<br />

A começar por levá-lo para casa e lhe<br />

ensinar três palavrinhas muito<br />

importantes.<br />

– Acredito em você. Tem a leal<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> sua mãe e a minha teimosia. Ele não<br />

poderia estar em melhores mãos.<br />

Maddie surpreendeu-se ao aceitar o<br />

elogio.<br />

– Obriga<strong>da</strong>.<br />

Vik passou o braço ao redor <strong>da</strong><br />

cintura dela.


– Acho que está na hora de irmos<br />

para casa.<br />

– E as reuniões <strong>da</strong> tarde?<br />

– Cancelei tudo após o seu<br />

telefonema.<br />

– Porque na<strong>da</strong> é mais importante<br />

para você do que eu – falou ela, repleta<br />

de satisfação.<br />

Virando de costas para o pai dela,<br />

Vik levou as mãos trêmulas às faces de<br />

Maddie.<br />

– Exatamente.<br />

Ah, caramba. Ela iria derreter ali<br />

mesmo.<br />

– Leve-me para casa – sussurrou.<br />

Vik inclinou-se para beijá-la, sua<br />

boca apossando-se <strong>da</strong> dela com inegável


desejo, e Maddie se entregou à carícia<br />

sem hesitação.<br />

– Puxa, vocês dois precisam ir para<br />

casa. – A voz do pai dela, por fim,<br />

penetrou o torpor que se apossara dela.<br />

– Está nos expulsando? – perguntou<br />

Vik, sem qualquer vestígio de<br />

constrangimento ante o que estavam<br />

fazendo.<br />

Seu pai, por outro lado, estava<br />

ligeiramente ruborizado.<br />

– O que virá em segui<strong>da</strong> não vai<br />

acontecer no meu escritório.<br />

Ele tinha to<strong>da</strong> razão. Era hora de ir<br />

embora.<br />

Ao chegarem em casa, Vik a puxou<br />

para a sala de visitas, sentando-se no


sofá com ela.<br />

– Pensei que fôssemos subir.<br />

Para fazer amor.<br />

– Vamos conversar. – Vik<br />

estremeceu, como se as palavras fossem<br />

dolorosas. – Sobre coisas emocionais.<br />

– Não podemos fazer isso mais tarde?<br />

Saber que ele a amava a estava<br />

deixando desesperava por evidências<br />

físicas.<br />

– Não.<br />

– Por que não?<br />

– Porque as coisas teriam sido<br />

diferentes para Helene e Jeremy se eles<br />

tivessem conversado.<br />

– Não somos os meus pais.


– Não, não somos. – Vik inspirou<br />

fundo. – Eu amo você, Madison.<br />

Sabia como aquilo era difícil para o<br />

seu decidido magnata dos negócios.<br />

– Maddie.<br />

– O quê? – perguntou ele.<br />

– Você me ama. Eu amo você. Pode<br />

me chamar de Maddie como Romi faz.<br />

– Perry também.<br />

O que não parecia deixar Vik feliz.<br />

– Perry não tem o direito de me<br />

chamar de mais na<strong>da</strong>. Você cuidou<br />

disso.<br />

– A medi<strong>da</strong> cautelar dura dois anos.<br />

Mas nós a renovaremos.<br />

Ela sacudiu a cabeça.


– Não preciso de medi<strong>da</strong> cautelar.<br />

Você já é o bastante, Vik.<br />

– Ele a abordou.<br />

– Então deixarei de ir até o café.<br />

– Não será necessário. Eu o<br />

comprarei e man<strong>da</strong>rei que ele seja<br />

banido de lá.<br />

– Não está exagerando um pouco,<br />

Vik?<br />

– Na<strong>da</strong> é de mais para protegê-la.<br />

– Ah, caramba.<br />

Podia ver que passaria a vi<strong>da</strong><br />

contendo os impulsos de Vik para<br />

protegê-la e aos filhos de qualquer<br />

vestígio de perigo.<br />

Sinceramente? Era uma bela visão.


– Quer que eu deixe a AIH? –<br />

perguntou ele.<br />

– O quê? Não! – Foi a vez de Maddie<br />

de levar as mãos às faces dele e de fitálo<br />

nos olhos. – Não preciso que abra<br />

mão de seus sonhos para acreditar que<br />

me ama.<br />

– Eu amo. Eu amava seis anos atrás,<br />

mas...<br />

– Mas não reconheceu o sentimento.<br />

– Não. Eu jamais amei ninguém.<br />

– Que bom.<br />

A ideia de que poderia tê-lo perdido<br />

antes mesmo de conhecê-lo era<br />

assustadora.<br />

– Achei que não precisava de amor.<br />

– Todo mundo precisa de amor.


Vik franziu a testa.<br />

– Não sei se isso é ver<strong>da</strong>de.<br />

Ele parecia tão hesitante, tão<br />

diferente do homem que costumava<br />

ser. Mas não era perito no assunto.<br />

Emoções eram tão desconheci<strong>da</strong>s<br />

para Vik quanto eram para o pai dela.<br />

– Está tudo bem, Vik. Amamos um<br />

ao outro, e vamos ser muito felizes<br />

juntos.<br />

– Não somos felizes agora?<br />

Ela se jogou nos braços dele com<br />

uma gargalha<strong>da</strong>.<br />

– Sim, meu querido marido<br />

maravilhoso. Somos muito felizes.<br />

Ele a puxou para si, beijando-a com<br />

vontade.


Ah, sim, muito felizes.<br />

Fizeram amor ali mesmo no sofá, e<br />

praticaram falar um para o outro<br />

aquelas três palavrinhas.


EPÍLOGO<br />

VIK CONCORDOU com Maddie e Romi<br />

no tocante ao imóvel que elas haviam<br />

escolhido para a escola. Declarando ser<br />

a localização perfeita, ele insistiu em<br />

fazerem uma oferta imediata.<br />

Depois, saiu com as duas mulheres<br />

para comemorar com champanha.<br />

– Não é um pouco prematuro? –<br />

perguntou Romi quando brin<strong>da</strong>ram. –<br />

A oferta ain<strong>da</strong> não foi aceita.


– Nós conseguiremos o imóvel –<br />

falou Vik, como se simplesmente não<br />

houvesse outra opção.<br />

Maddie tinha quase certeza de que,<br />

com o seu magnata na joga<strong>da</strong>, não<br />

havia mesmo.<br />

Sorrindo, Romi ergueu o copo para<br />

Vik.<br />

– Um brinde aos negociadores<br />

tubarões e aos sonhos tonando-se<br />

reali<strong>da</strong>de.<br />

Não foram direto para casa, após a<br />

saí<strong>da</strong>. Vik levou Maddie de volta para o<br />

mirante em Marin Headlands. Ela não<br />

perguntou o que estavam fazendo ali.<br />

Maddie apenas deu a mão para ele<br />

enquanto cruzavam a trilha que levava


ao lugar considerado por muitos o<br />

melhor para admirar a vista de São<br />

Francisco.<br />

Ele se deteve no mesmo ponto onde<br />

a pedira em casamento.<br />

– Esquecemos algumas promessas<br />

quando estivemos aqui antes.<br />

– Esquecemos?<br />

Ele assentiu.<br />

– Você se esqueceu de prometer não<br />

deixar mais para trás a sua escolta de<br />

segurança.<br />

Não era bem o que ela estava<br />

esperando, mas condizia tanto com Vik<br />

e suas priori<strong>da</strong>des que ela teve de sorrir.<br />

– Entendido.<br />

– Prometa.


Ela levou a mão ao coração.<br />

– Prometo sempre manter a minha<br />

equipe de segurança comigo.<br />

– Seus dias de ser voluntária<br />

anônima estão acabados. – Ele inclinouse<br />

e a beijou. – Sinto muito.<br />

– Tudo bem. Apenas terá de me<br />

arrumar uma equipe que goste de<br />

crianças.<br />

– Acho que pode ser providenciado.<br />

Subitamente, ela se deu conta de por<br />

que estavam tratando <strong>da</strong>quilo agora.<br />

– Se a minha equipe estivesse comigo<br />

quando fui ao café, Perry não teria<br />

chegado perto de mim.<br />

– Isso mesmo. – Vik deu de ombros.<br />

– Acha que Romi concor<strong>da</strong>rá em


permitir que eu arrume uma escolta<br />

para ela também?<br />

– O quê? Por quê?<br />

– Ela é a sua irmã por escolha.<br />

– Não fazia ideia de que você<br />

soubesse disso.<br />

– Sua mãe a considerava outra filha.<br />

– É, considerava. – Maddie sorriu<br />

ante a lembrança. – Mas não sei bem se<br />

Romi precisa de uma equipe de<br />

segurança só porque a considero uma<br />

irmã.<br />

– Em algumas semanas, ela será dona<br />

de doze e meio por cento de uma<br />

empresa multibilionária.<br />

– Seremos os únicos a saber disso.


– Sabe muito bem que não será bem<br />

assim.<br />

Ela sabia.<br />

– Não sei se poderemos convencê-la.<br />

– Diga que a escolta vem com as<br />

ações.<br />

– Ela não vai gostar nem um pouco.<br />

Isso não pareceu preocupar muito<br />

Vik.<br />

– Ela faz parte <strong>da</strong> família, agora.<br />

Acabará se acostumando.<br />

Maddie não tinha certeza se<br />

concor<strong>da</strong>va, mas gostou do sentimento.<br />

Vik puxou Maddie para si, mas<br />

manteve o contato visual.<br />

– Amo você.


Não importava que ele já houvesse<br />

dito isso antes, que ela sabia ser<br />

ver<strong>da</strong>de... Dizer as palavras ali as<br />

tornava um juramento para Vik.<br />

Toma<strong>da</strong> de emoção, Maddie<br />

conseguiu apenas assentir.<br />

– Sempre a amarei – prometeu ele.<br />

Ela inspirou fundo, reunindo forças.<br />

– Eu também.<br />

– Nós diremos as coisas importantes.<br />

– Sim.<br />

– Frequentemente falaremos <strong>da</strong>s<br />

coisas emocionais.<br />

– Com os nossos filhos, também –<br />

jurou Maddie.<br />

Vik assentiu.


– Quando eu esquecer, você vai me<br />

lembrar.<br />

– Vou.<br />

Não que achasse que ele fosse<br />

esquecer as coisas importantes. Quando<br />

Vik colocava algo na cabeça, era bemsucedido.<br />

Olhou para ela como se tivesse algo a<br />

dizer, de modo que Maddie ficou<br />

esperando que ele o dissesse.<br />

– Seu pai...<br />

– O que tem ele?<br />

– Eu poderia ter sido ele.<br />

– Não. Você é diferente.<br />

– Sou, mas poderia ter me tornado<br />

como ele. Jeremy jamais entendeu que<br />

o amor e a família é que fazem o poder


e os negócios valerem a pena, e não o<br />

contrário.<br />

– Mas você entende.<br />

– Entendo.<br />

A convicção absoluta na voz de Vik a<br />

comoveu.<br />

– Perry realmente preparou o terreno<br />

para você, não é?<br />

Vik deu de ombros.<br />

– De um modo ou de outro, teríamos<br />

nos casado.<br />

– Porque você me ama e não<br />

consegue imaginar a sua vi<strong>da</strong> sem mim.<br />

O sorriso de Vik foi mais brilhante<br />

do que o sol no auge do verão.<br />

– Exatamente.<br />

– Digo o mesmo.


Suas risa<strong>da</strong>s flutuaram por sobre a<br />

baía enquanto seus corpos se colaram<br />

na forma <strong>da</strong> mais básica promessa de<br />

to<strong>da</strong>s.<br />

Amor compartilhado por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>.


MENTIRA INOCENTE<br />

Maisey Yates<br />

– Ou me explica isto ou pode juntar<br />

as suas coisas e ir embora.<br />

Paige Harper elevou a visão para os<br />

olhos negros e furiosos do seu chefe.<br />

Tê-lo ali no seu escritório bastava para<br />

deixá-la sem fôlego e sem fala. A<br />

distância, era muito a traente; de perto,<br />

era irresistível.


À muito custo ela desviou o olhar<br />

para o jornal que ele havia atirado em<br />

cima <strong>da</strong> mesa. Ao fazê-lo, sentiu<br />

formar-se um nó no estômago.<br />

– Hum... – murmurou, agarrando o<br />

jornal. – Bom...<br />

– Não tem na<strong>da</strong> a dizer?<br />

– Isto...<br />

– Pedi uma explicação, srta. Harper.<br />

E os seus murmúrios não estão<br />

explicando na<strong>da</strong> – cruzou os braços e<br />

Paige sentiu-se minúscula na cadeira.<br />

– Eu... – voltou a olhar para o jornal,<br />

aberto na coluna social, e leu o título<br />

Dante Romani fica noivo <strong>da</strong> sua<br />

funcionária; abaixo, havia duas<br />

fotografias, uma de Dante,


impecavelmente vestido com um terno<br />

feito sob medi<strong>da</strong>, e outra dela, numa<br />

escadinha, pendurando a decoração<br />

natalina na loja Colson’s. – Eu... –<br />

balbuciou novamente enquanto lia<br />

rapi<strong>da</strong>mente o artigo.<br />

Dante Romani, o bad boy do império<br />

comercial Colson, que na semana<br />

passa<strong>da</strong> escan<strong>da</strong>lizou a imprensa ao<br />

despedir um alto executivo e homem de<br />

família e substituí-lo por um jovem sem<br />

responsabili<strong>da</strong>des familiares, ficou<br />

noivo de uma <strong>da</strong>s suas funcionárias.<br />

Deve-se perguntar se o passatempo<br />

favorito deste infame empresário não<br />

será brincar com o seu pessoal. Ou os<br />

despede ou as desposa.


Paige sentiu um aperto no estômago.<br />

Não sabia como aquele rumor havia<br />

chegado à imprensa. Tinha contado<br />

uma mentira à assistente social, mas<br />

esperava ter algum tempo para desfazer<br />

o mal-entendido. Nunca, nem nos seus<br />

piores pesadelos, imaginou-se naquela<br />

situação.<br />

E, no entanto, ali estava, lendo a<br />

mentira do século.<br />

– Estou esperando – pressionou<br />

Dante.<br />

– Menti – confessou ela.<br />

Ele olhou ao redor e Paige seguiu o<br />

seu olhar para as pilhas de amostras de<br />

tecidos, caixas cheias de miçangas,<br />

tubos de sprays de tinta e


quinquilharias natalícias espalha<strong>da</strong>s por<br />

to<strong>da</strong> a parte.<br />

– Pensando bem – disse, olhando-a<br />

novamente –, é melhor não arrumar<br />

na<strong>da</strong> e ir embora neste preciso instante.<br />

Mando suas coisas pelo correio.<br />

– Espere! Não... – perder o seu<br />

emprego era impensável, tanto quanto<br />

o seu engano tornar-se público. A<br />

última coisa que precisava era que o<br />

Serviço Social descobrisse que tinha<br />

mentido a Rebecca Addler na entrevista<br />

de adoção. Continuou lendo o artigo.<br />

Custa acreditar que alguém capaz de<br />

despedir um funcionário por dedicar<br />

mais tempo à família do que ao<br />

trabalho possa sossegar a cabeça e


converter-se num homem de família. A<br />

questão é se conseguirá esta camponesa<br />

mu<strong>da</strong>r o executivo desumano ou se será<br />

mais uma na longa lista de vítimas que<br />

Dante Romani deixa à sua passagem.<br />

Uma camponesa... sim, era ela. Usou<br />

aquela mesma expressão ao mentir<br />

dizendo que estava noiva do<br />

multimilionário mais sensual <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de:<br />

apresentou-se como uma camponesa.<br />

Engoliu em seco e enfrentou a<br />

expressão ira<strong>da</strong> do seu chefe.<br />

– Não passa de um rumor <strong>da</strong><br />

imprensa marrom. Na<strong>da</strong> que possa ser<br />

levado a sério.<br />

– O que esperava conseguir com isto?<br />

– perguntou ele, duro. – É assim tão


ingênua que não pensou nas<br />

consequências? Ou fez tudo<br />

delibera<strong>da</strong>mente?<br />

Ela se levantou. Os joelhos mal a<br />

sustentavam.<br />

– Não, eu só...<br />

– Talvez não seja digna de aparecer<br />

na imprensa, srta. Harper, mas eu sou.<br />

– Sr. Romani! – chamou-o,<br />

desespera<strong>da</strong>. – Ouça-me, por favor –<br />

não se envergonhava de ter de suplicar.<br />

Estava disposta a ajoelhar-se, caso fosse<br />

preciso.<br />

– É inútil. Não me interessa na<strong>da</strong> do<br />

que tenha a dizer.<br />

– Porque não sei por onde começar.<br />

– Tente pelo começo.


Paige respirou fundo.<br />

– Rebecca Addler não gosta de mães<br />

solteiras. Bom, nenhuma assistente<br />

social gosta, mas ela perguntou por que<br />

Ana estaria melhor comigo do que com<br />

uma família completa, com um pai e<br />

uma mãe, e eu disse que teria um pai<br />

porque ia me casar. Então, seu nome<br />

me escapou porque... bom, porque<br />

trabalho para o senhor e o vejo todos os<br />

dias. Foi o primeiro nome que me<br />

passou pela cabeça.<br />

zzzz


435 – MENTIRA INOCENTE –<br />

MAISEY YATES<br />

Para poder adotar a filha de sua melhor<br />

amiga, Paige Harper tinha que fingir ser<br />

noiva de seu chefe, Dante Romani. Mas<br />

esse poderoso magnata só entrará no<br />

jogo se ela aceitar to<strong>da</strong>s as suas sensuais<br />

exigências.<br />

436 – AMOR POSSESSIVO – LUCY<br />

MONROE<br />

Quando a herdeira Romi Grayson<br />

recebe uma prova do poder de sedução


de Maxwell Black, sabe que precisa se<br />

afastar. Mas na<strong>da</strong> vai impedir esse<br />

implacável magnata de tê-la em seus<br />

braços e em sua cama.<br />

437 – PODER & ATRAÇÃO – MAYA<br />

BLAKE<br />

Durante um baile à fantasia, Tiffany<br />

Davis faz uma proposta para o poderoso<br />

Ryzard Vrbancic. Mas para ele só<br />

interessava conquistar a mulher com os<br />

olhos de fogo que estava detrás <strong>da</strong>quela<br />

máscara.<br />

Últimos lançamentos:


431 – IMAGEM REAL – LYNNE<br />

GRAHAM<br />

432 – UMA NOITE POR TODA A<br />

VIDA – MAISEY YATES<br />

433 – DESAFIANDO O DESTINO –<br />

LYNNE GRAHAM<br />

Próximos lançamentos:<br />

438 – UMA NOITE NO PALÁCIO –<br />

CAROLE MORTIMER<br />

439 – SEDUÇÃO TOTAL – DANI<br />

COLLINS<br />

440 – VOZ DO CORAÇÃO –<br />

CHANTELLE SHAW


441 – A IRA DOS DEUSES –<br />

VICTORIA PARKER


Edições mensais com duas<br />

histórias <strong>da</strong> mesma saga.<br />

HERDEIROS EM DISPUTA PELA<br />

LIDERANÇA DE UM IMPÉRIO SÃO<br />

ARREBATADOS POR PAIXÕES<br />

INUSITADAS!


LEIA O PRÓLOGO<br />

GRÁTIS!


Disponível gratuitamente em formato eBook<br />

até 01/06/2015 no endereço<br />

www.leiaharlequin.com


LEIA O PRÓLOGO<br />

GRÁTIS!


Disponível gratuitamente em formato eBook<br />

até 01/06/2015 no endereço<br />

www.leiaharlequin.com


CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE<br />

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE<br />

LIVROS, RJ<br />

M183i<br />

<strong>Monroe</strong>, <strong>Lucy</strong><br />

Império <strong>da</strong> paixão [recurso eletrônico] /<br />

<strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong>; tradução Maurício Araripe. - 1.<br />

ed. - Rio de Janeiro: Harlequin, 2015.<br />

recurso digital<br />

Tradução de: An heiress for his empire<br />

Formato: ePub<br />

Requisitos do sistema: Adobe Digital<br />

Editions<br />

Modo de acesso: World Wide Web<br />

ISBN 978-85-398-0097-1 (recurso<br />

eletrônico)<br />

1. Romance americano. I. Araripe,<br />

Maurício. II. Título.


15-21165 CDD: 813<br />

CDU: 821.111(73)-3<br />

PUBLICADO MEDIANTE ACORDO COM<br />

HARLEQUIN BOOKS S.A.<br />

Todos os direitos reservados. Proibidos a<br />

reprodução, o armazenamento ou a<br />

transmissão, no todo ou em parte.<br />

Todos os personagens desta obra são fictícios.<br />

Qualquer semelhança com pessoas vivas ou<br />

mortas é mera coincidência.<br />

Título original: AN HEIRESS FOR HIS<br />

EMPIRE<br />

Copyright © 2014 by <strong>Lucy</strong> <strong>Monroe</strong><br />

Originalmente publicado em 2014 por Mills &<br />

Boon Modern Romance<br />

Arte-final de capa:<br />

Isabelle Paiva


Produção do arquivo ePub: Ranna Studio<br />

Editora HR Lt<strong>da</strong>.<br />

Rua Argentina, 171, 4º an<strong>da</strong>r<br />

São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ — 20921-380<br />

Contato:<br />

virginia.rivera@harlequinbooks.com.br


Capa<br />

Texto de capa<br />

Harlequim 10 anos<br />

Teaser<br />

Queri<strong>da</strong> leitora<br />

Rosto<br />

Capítulo 1<br />

Capítulo 2<br />

Capítulo 3<br />

Capítulo 4<br />

Capítulo 5<br />

Capítulo 6<br />

Capítulo 7<br />

Capítulo 8<br />

Capítulo 9<br />

Capítulo 10<br />

Capítulo 11


Epílogo<br />

Próximos lançamentos<br />

Créditos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!