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1 Na Cama com um Highlander - Maya BanKs

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Sinopse<br />

Ewan McCabe, o mais velho, é <strong>um</strong> guerreiro determinado a eliminar seu inimigo. Agora, <strong>com</strong> a hora<br />

da batalha se aproximando, seus homens estão prontos e Ewan está certo de que tomará de volta o que é<br />

seu – até que <strong>um</strong>a tentação de olhos azuis e cabelos negros é jogada sobre ele. Mairin pode ser a<br />

salvação do clã de Ewan, mas para <strong>um</strong> homem que sonha apenas <strong>com</strong> vingança, assuntos do coração são<br />

<strong>um</strong> território estranho a ser conquistado.<br />

Embora seja filha ilegítima do rei, Mairin possui <strong>um</strong>a propriedade muito desejada o que a transforma<br />

em <strong>um</strong> peão – e desconfiada do amor. Seu pior medo se torna realidade quando ela é resgatada de <strong>um</strong><br />

perigo apenas para se ver forçada a se casar <strong>com</strong> seu carismático e exigente salvador, Ewan McCabe. Mas<br />

a atração que sente por seu poderoso marido, a faz desejar o surpreendentemente terno toque dele; seu<br />

corpo se torna vivo sob a sua sensual maestria. E, enquanto a guerra se aproxima, a força, espírito e<br />

paixão de Mairin desafiam Ewan a conquistar seus demônios – e a abraçar <strong>um</strong> amor que significa mais<br />

do que vingança e terras.


Capítulo 1<br />

Mairin Stuart ajoelhou-se no chão de pedra ao lado de seu leito e inclinou a cabeça em sua oração da<br />

noite. Sua mão escorregou para a pequena cruz de madeira presa no cordão de couro, pendurada em seu<br />

pescoço. Seu polegar traçou <strong>um</strong> caminho sobre a superfície agora lisa.<br />

Por longos minutos, ela sussurrou as palavras que aprendeu quando ainda era <strong>um</strong>a criança e então<br />

terminou <strong>com</strong>o sempre fazia. Por favor, Deus. Não deixe que eles me encontrem.<br />

Levantou-se do chão, os joelhos raspando nas pedras irregulares. A vestimenta marrom que usava era<br />

simples e indicava seu lugar entre as noviças. Embora estivesse ali há muito mais tempo que as outras,<br />

nunca fez os votos que <strong>com</strong>pletariam sua jornada espiritual. E essa nunca foi sua intenção.<br />

Dirigiu-se para a bacia no canto onde derramou a água que estava no jarro. Quando pegou o pano,<br />

sorriu ao se lembrar das palavras da Madre Serenity. A Limpeza está próxima da Piedade.<br />

Enxugou o rosto e <strong>com</strong>eçou a remover seu vestido para se limpar, quando ouviu <strong>um</strong> barulho<br />

terrível. Assustada, deixou o pano cair e correu para a porta fechada. Assustada, ela correu e se lançou<br />

pelo corredor.<br />

Em torno dela, as outras freiras corriam pela sala, <strong>com</strong> murmúrios consternados. Um ruidoso<br />

estrondo ecoou pelo corredor da entrada da abadia. Um grito de dor seguiu-se ao estrondo e o coração<br />

de Mairin congelou. Madre Serenity.<br />

Mairin e o resto das irmãs correram em direção ao som. Alg<strong>um</strong>as ficaram para trás e outras corriam<br />

decididas. Assim que chegaram à capela, Mairin ficou paralisada pela visão diante dela.<br />

Havia guerreiros por toda a parte. Pelo menos uns vinte, todos vestidos <strong>com</strong> roupas de batalha, seus<br />

rostos encharcados de suor, sujos da cabeça aos pés. Mas não de sangue.<br />

E decididamente não vieram atrás de refúgio ou de preces.<br />

O líder segurava Madre Serenity pelo braço e de longe Mairin via a expressão de dor desenhada no<br />

rosto da freira.<br />

— Onde ela está? – o homem exigia, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz fria.<br />

Mairin deu <strong>um</strong> passo para trás. Era <strong>um</strong> homem de aspecto feroz. O mal. A raiva brilhou em seus<br />

olhos quando a freira não respondeu e foi sacudida <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a boneca de pano.<br />

Mairin fez o sinal da cruz e sussurrou <strong>um</strong>a rápida oração. As freiras ao seu redor também se<br />

juntaram nas orações.<br />

— Ela não está aqui. – Madre Serenity arfou. – Já lhe disse que a mulher que procura não está aqui.<br />

— Você está mentindo! – ele rugiu.<br />

Ele olhou <strong>com</strong> frieza para o grupo de freiras.<br />

— Mairin Stuart. Diga-me onde ela está.<br />

Mairin suou frio, <strong>com</strong> o medo crescendo em seu estômago. Como ele a encontrou? Depois de todo<br />

esse tempo, seu pesadelo não acabou. Estava, de fato, apenas <strong>com</strong>eçando.


Suas mãos tremiam tanto que teve que escondê-las nas dobras de seu vestido. O suor porejou em sua<br />

testa e sentiu-se enjoada. Engoliu em seco, disposta a não desmaiar.<br />

Quando não encontrou nenh<strong>um</strong>a resposta, o homem sorriu, enviando <strong>um</strong> arrepio a espinha de<br />

Mairin. Ainda olhando para elas, ergueu Madre Serenity pelo braço. Indiferente, entortou o dedo<br />

indicador da freira, até Mairin ouviu o estalo do osso.<br />

Uma das freiras gritou e correu para frente apenas para ser bloqueada por <strong>um</strong> dos soldados. As<br />

demais freiras soltaram <strong>um</strong> murmúrio de ultraje.<br />

— Esta é a casa de Deus. – Madre Serenity disse <strong>com</strong> voz esganiçada. – Você peca por trazer<br />

violência para este chão santo.<br />

—Cale a boca, velha. – o homem gritou. – Diga-me onde está Mairin Stuart ou vou matar cada <strong>um</strong>a<br />

de vocês.<br />

Mairin prendeu a respiração e apertou as mãos em punho ao lado do corpo. Ela acreditava nele.<br />

Havia muita maldade, muito desespero nos olhos do homem. Foi enviado a serviço do diabo e não<br />

queria ser contrariado.<br />

Ele forçou ainda mais dedo da Madre e Mairin correu para frente.<br />

— Por caridade, não! – Serenity chorou.<br />

Mairin ignorou.<br />

— Eu sou Mairin Stuart. Agora, deixe-a ir!<br />

O homem soltou a mão da Madre e empurrou a mulher para trás. Olhou para Mairin <strong>com</strong> interesse,<br />

vagando sugestivamente seu olhar por todo o seu corpo. As bochechas de Mairin ficaram coradas, mas<br />

ela não se deu por vencida, e encarou-o <strong>com</strong>o a mesma ousadia.<br />

Ele estalou os dedos e dois homens avançaram e a agarraram antes que ela pudesse pensar em fugir.<br />

Jogaram-na no chão em questão de segundos e buscaram a bainha de seu vestido.<br />

Mairin chutou violentamente, sacudindo os braços, mas sua força não era páreo para eles. Seria<br />

estuprada ali, no chão da capela? Os olhos se encheram de lágrimas à medida que sua roupa era<br />

empurrada para cima ao longo dos quadris.<br />

Giraram-na para a direita e dedos tocaram seu quadril, exatamente onde a marca descansava.<br />

Oh, não.<br />

Ela baixou a cabeça enquanto as lágrimas de derrota deslizavam por seu rosto.<br />

—É ela! – <strong>um</strong> deles disse animadamente.<br />

Mairin foi deixada de lado imediatamente e o líder inclinou-se para examinar a marca por si mesmo.<br />

Tocou-a também, delineando a insígnia real dos Alexander. Emitindo <strong>um</strong> grunhido de satisfação, ele<br />

segurou-a pelo queixo e o ergueu até que os olhos dela o enfrentaram.<br />

Seu sorriso a revoltou.<br />

— Nós a procuramos por muito tempo, Mairin Stuart.<br />

— Vá para o inferno. – ela cuspiu.<br />

Em vez de golpeá-la, seu sorriso ampliou-se.


— Tsc, tsc, tal blasfêmia na casa de Deus.<br />

Ele se levantou rapidamente e antes que Mairin pudesse piscar, foi jogada por cima do ombro de <strong>um</strong><br />

homem. Os soldados saíram da abadia para o frescor da noite e sem perder tempo, montaram em seus<br />

cavalos. Mairin foi amordaçada, os pés e mãos amarrados e jogada sobre a sela na frente de <strong>um</strong> dos<br />

homens. Saíram, o trovejar dos cascos ecoando pela noite silenciosa, antes que ela tivesse tempo de<br />

reagir. Eram tão meticulosos quanto implacáveis.<br />

A sela empurrava sua barriga e ela saltava para cima e para baixo até que estava quase para vomitar.<br />

Gemeu <strong>com</strong> medo de engasgar <strong>com</strong> a mordaça presa em sua boca.<br />

Quando pararam, Mairin estava quase inconsciente. Uma mão agarrou sua nuca, circulando<br />

facilmente a esbelta coluna. Foi arrastada para cima e caiu no chão sem a menor cerimônia.<br />

Ao redor, montaram o acampamento, enquanto ela tremia no ar úmido. Finalmente, ouviu alguém<br />

dizer:<br />

— É melhor você olhar essa moça, Finn. Laird Cameron não ficará feliz se ela morrer de hipotermia.<br />

Seguiu-se <strong>um</strong> grunhido irritado, mas <strong>um</strong> minuto depois, Mairin foi desamarrada e a mordaça<br />

removida. Finn, provavelmente o líder do sequestro, inclinou-se sobre ela <strong>com</strong> seus olhos brilhando na<br />

luz do fogo.<br />

— Não há ninguém para ouvi-la gritar e se você fizer qualquer barulho, quebro seus dentes.<br />

Ela acenou a cabeça sinalizando que <strong>com</strong>preendeu, arrastou-se e deitou no chão. Ele a cutucou no<br />

traseiro <strong>com</strong> a bota e riu quando Mairin se virou indignada.<br />

— Há <strong>um</strong> cobertor perto do fogo. Vá até lá e durma <strong>um</strong> pouco. Sairemos na primeira luz do dia.<br />

Mairin se enrolou agradecida pelo calor do cobertor, indiferente que as pedras e galhos no chão<br />

machucassem sua pele. Laird Cameron. Ela ouviu falar sobre ele nas conversas dos soldados que iam e<br />

vinham na abadia. Era <strong>um</strong> homem cruel. Ganancioso e ansioso por a<strong>um</strong>entar seu crescente poder. Havia<br />

r<strong>um</strong>ores de que seu exército era <strong>um</strong> dos maiores de toda a Escócia e que David, o rei escocês, o temia.<br />

Malcolm, filho bastardo de Alexander – e seu meio-irmão - já levantara <strong>um</strong>a insurreição contra<br />

David, em <strong>um</strong>a tentativa de conquistar o trono. Se Malcolm e Duncan Cameron se aliassem, seriam <strong>um</strong>a<br />

força quase insuperável.<br />

Mairin engoliu em seco e fechou os olhos. A posse de Neamh Alainn tornaria Cameron invencível.<br />

— Querido Deus, ajude-me. – ela sussurrou.<br />

Não podia permitir que ele ganhasse o controle de Neamh Alainn. Era seu legado, a única coisa que<br />

tinha de seu pai.<br />

Era impossível dormir, então ficou ali, enrolada no cobertor, a mão ao redor da cruz de madeira<br />

enquanto rezava por força e sabedoria. Alguns dos soldados dormiam e outros se mantinham<br />

cuidadosamente vigilantes. Não era tão tola para pensar que teria qualquer oportunidade para escapar.<br />

Não quando valia mais que seu peso em ouro.<br />

Mas eles não poderiam matá-la, então tinha <strong>um</strong>a vantagem. Não tinha o que temer tentando escapar e<br />

tudo a ganhar.


Depois de <strong>um</strong>a hora em sua vigília de oração, <strong>um</strong>a <strong>com</strong>oção atrás dela a fez sentar-se e olhar<br />

fixamente para a escuridão. Ao redor dela, soldados sonolentos levantavam-se <strong>com</strong> as mãos em suas<br />

espadas, quando o grito de <strong>um</strong>a criança rasgou a noite.<br />

Um menino, chutando e esperneando, foi arrastado para dentro do círculo de homens. Ele se agachou<br />

e olhou em torno, de forma selvagem, enquanto os homens riam ruidosamente.<br />

—O que é isso? – Finn perguntou.<br />

— Peguei-o tentando roubar <strong>um</strong> dos cavalos. – o captor da criança disse.<br />

A raiva transformou o rosto de Finn, tornando-o mais demoníaco a luz do fogo. O menino que não<br />

tinha mais que sete ou oito anos, ergueu seu queixo provocadoramente, <strong>com</strong>o se desafiasse o homem a<br />

fazer o que ele quisesse.<br />

— Você é <strong>um</strong> insolente, filhote de cachorro. – Finn rugiu.<br />

Ele levantou a mão e Mairin voou através do chão, jogando-se na frente da criança, quando o punho<br />

acertou seu rosto. Cambaleou, mas rapidamente se lançou de volta sobre a criança, protegendo-a o<br />

máximo possível.<br />

O menino lutou descontroladamente debaixo dela, gritando obscenidades em gaélico. A cabeça dele a<br />

atingiu no queixo e Mairin viu estrelas.<br />

— Fique calmo – disse no idioma dele. - Fique quieto. Não deixarei que eles o machuquem.<br />

— Saia de cima dele! – Finn rugiu.<br />

Ela apertou o pequeno menino que finalmente parou de chutar e bater. Finn se abaixou e enrolou<br />

suas mãos nos cabelos de Mairin, puxando-a brutalmente, mas ela se recusou a abandonar seu protegido.<br />

— Você terá que me matar primeiro. – ela disse friamente quando ele a forçou a encará-lo.<br />

Soltou os cabelos de Mairin, então recuou e chutou-a nas costelas. Ela se curvou de dor, mas teve o<br />

cuidado de manter a criança protegida do bruto maníaco.<br />

— Finn, é o suficiente. – <strong>um</strong> homem gritou. – O laird a quer inteira.<br />

Murmurando <strong>um</strong>a maldição, ele recuou.<br />

— Deixe-a ficar <strong>com</strong> o mendigo imundo. Uma hora terá que soltá-lo.<br />

Mairin levantou seu pescoço e encarou Finn.<br />

— Se tocar mais <strong>um</strong>a vez nesse menino, eu corto minha garganta.<br />

A risada de Finn cortou a noite.<br />

— Isso é <strong>um</strong> blefe louco, moça. Se estiver tentando negociar, precisa aprender a ser crível.<br />

Lentamente, ela se levantou até ficar a centímetros do homem muito maior. Encarou-o até que os<br />

olhos dele cintilaram e Finn desviou o olhar.<br />

— Blefe? – ela disse suavemente. — Não penso assim. <strong>Na</strong> verdade, se eu fosse você, estaria<br />

escondendo de mim todos os objetos cortantes. Você acha que não sei qual é o meu destino? Deitar-me<br />

<strong>com</strong> aquele laird bruto até que minha barriga fique inchada <strong>com</strong> <strong>um</strong>a criança e ele possa reivindicar<br />

Neamh Alainn. Eu prefiro morrer.<br />

Finn estreitou os olhos.


— Você é maluca!<br />

— Sim, pode ser, e nesse caso eu estaria preocupada que <strong>um</strong> daqueles objetos pontiagudos pudessem<br />

achar <strong>um</strong> caminho entre suas costelas.<br />

Ele acenou <strong>com</strong> a mão.<br />

— Fique <strong>com</strong> o menino. O laird lidará <strong>com</strong> ele e <strong>com</strong> você. Nós não somos gentis <strong>com</strong> ladrões de<br />

cavalos.<br />

Mairin o ignorou e voltou-se para o menino encolhido no chão, olhando para ela <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mistura<br />

de medo e adoração.<br />

— Venha. – ela disse suavemente – Se ficarmos bem juntos, há cobertor suficiente para nós dois.<br />

Ele foi ansiosamente para ela, dobrando seu pequeno corpo contra o dela.<br />

—Onde é sua casa? – perguntou assim que ele se a<strong>com</strong>odou ao lado dela.<br />

— Não sei. – disse tristemente. Devo estar longe. Pelo menos dois dias.<br />

— Shh. – ela disse ternamente. – Como veio parar aqui?<br />

—Fiquei perdido. Meu pai disse para nunca deixar o castelo sem seus homens, mas estava cansado de<br />

ser tratado <strong>com</strong>o <strong>um</strong> bebê. Eu não sou.<br />

— Não, você não é. – ela sorriu. – Então você deixou o castelo?<br />

Ele balançou a cabeça.<br />

— Eu levei <strong>um</strong> cavalo. Só queria ir ao encontro do tio Alaric. Ele era esperado de volta e pensei em<br />

ficar na fronteira para c<strong>um</strong>primentá-lo.<br />

— Fronteira?<br />

— De nossas terras.<br />

— E quem é seu pai, pequeno?<br />

— Meu nome é Crispen, não pequeno. – o desgosto era evidente em sua voz e Mairin sorriu de novo.<br />

—Crispen é <strong>um</strong> bom nome. Agora, continue a sua história.<br />

—Qual é o seu nome? – ele perguntou.<br />

— Mairin. – ela respondeu suavemente.<br />

— Meu pai é Laird Ewan McCabe.<br />

Mairin tentou lembrar-se do nome, mas havia tantos clãs que não conhecia. Sua casa estava nas<br />

Highlands, mas ela não via o País de Deus há dez anos.<br />

— Então, você foi encontrar seu tio. E o que aconteceu?<br />

— Fiquei perdido. – ele disse tristemente. – Então <strong>um</strong> soldado McDonald encontrou-me e quis me<br />

levar ao seu laird, que pediria <strong>um</strong> resgate por mim. Não podia deixar isso acontecer. Desonraria meu pai<br />

e ele não pode se dar ao luxo de pagar pelo meu resgate. Isso prejudicaria nosso clã.<br />

Mairin acariciou seus cabelos enquanto sua respiração soprava sobre o peito dela. Ele parecia muito<br />

mais velho que seus tenros anos. E tão orgulhoso.


— Escapei e me escondi na carroça de <strong>um</strong> <strong>com</strong>erciante ambulante. Fiquei ali por <strong>um</strong> dia até que ele<br />

me descobriu.<br />

Crispen balançou a cabeça, batendo em seu queixo dolorido novamente.<br />

— Onde estamos, Mairin? – ele sussurrou. – Estamos muito longe de casa?<br />

— Não tenho certeza onde é sua casa. – ela disse <strong>com</strong> tristeza – Mas estamos nas planícies e apostaria<br />

que estamos a uns dois dias de viagem de seu castelo.<br />

— As planícies? – ele cuspiu. – É de onde você é?<br />

Ela sorriu pela sua veemência.<br />

— Não, Crispen. Eu sou <strong>um</strong>a highlander.<br />

— Então, o que está fazendo aqui? – ele insistiu – Você foi sequestrada de sua casa?<br />

— Essa é <strong>um</strong>a longa história. – Mairin suspirou. – Que <strong>com</strong>eçou bem antes de você nascer.<br />

Quando Crispen pensou em outra pergunta, ela o silenciou <strong>com</strong> <strong>um</strong> gentil aperto.<br />

—Durma agora, Crispen. Devemos manter nossas forças se quisermos escapar.<br />

— Nós vamos escapar?<br />

— Claro que sim. É isso que os prisioneiros fazem. – ela disse em <strong>um</strong> tom alegre.<br />

O medo na voz dele a fez sentir pena. Como deve ser aterrorizante estar tão longe de casa e dos que<br />

ama.<br />

— Você vai me levar de volta para meu pai? Farei <strong>com</strong> que ele a proteja de Laird Cameron.<br />

Ela sorriu pela ferocidade em sua voz.<br />

— Claro, farei <strong>com</strong> que chegue a sua casa.<br />

— Promete?<br />

— Eu prometo.<br />

— Encontrem meu filho!<br />

O rugido de Ewan McCabe podia ser ouvido no pátio inteiro. Todos os seus homens estavam<br />

atentos, <strong>com</strong> expressões solenes. Alg<strong>um</strong>as demonstrando <strong>com</strong>paixão. Acreditavam que Crispen estava<br />

morto, entretanto ninguém ousava proferir essa possibilidade para Ewan.<br />

O próprio Ewan considerou a ideia, mas não descansaria até encontrar seu filho, vivo ou morto.<br />

Ewan voltou-se para seus irmãos, Alaric e Caelen.<br />

— Não tenho condições de enviar todos os homens à procura de Crispen. – disse em voz baixa. –<br />

Ficaríamos vulneráveis. Confio em vocês dois a vida de meu filho. Quero que cada <strong>um</strong> leve <strong>um</strong><br />

contingente de homens e tomem direções diferentes. Tragam Crispen de volta para casa, por mim.<br />

Alaric, o segundo dos irmãos McCabe, balançou a cabeça.<br />

— Você sabe que não descansaremos até o encontrarmos.<br />

— Sim, eu sei. - Ewan disse.<br />

Ewan viu quando os dois se afastaram, gritando ordens para seus homens. Ele fechou os olhos, as<br />

mãos apertadas, <strong>com</strong> raiva. Quem ousaria tomar seu filho? Por três dias ele aguardou alguém pedir <strong>um</strong>


esgate, mas nada aconteceu. Por três dias, vasculhou cada centímetro das terras McCabe e além.<br />

Isso era <strong>um</strong> sinal de <strong>um</strong> ataque? Seus inimigos estavam conspirando para atacá-lo quando estivesse<br />

vulnerável? Quando cada soldado disponível estivesse envolvido na busca? Ele cerrou os dentes<br />

enquanto olhava ao redor de seu decadente castelo. Por oito anos,Ewan lutou para manter seu clã vivo e<br />

forte. O nome McCabe sempre foi sinônimo de poder e orgulho. Oito anos atrás eles resistiram a <strong>um</strong><br />

ataque que quase os despedaçou. Traídos pela mulher que Caelen amava. O pai de Ewan e sua jovem<br />

esposa foram mortos. Seu filho só sobreviveu porque foi escondido por <strong>um</strong> dos empregados.<br />

Quase nada sobrou quando ele e seus irmãos retornaram. Apenas <strong>um</strong> monte de ruínas, seu povo<br />

disperso ao vento, o exército quase todo dizimado.<br />

Não havia nada para Ewan ass<strong>um</strong>ir quando se tornou laird.<br />

Levou <strong>um</strong> longo tempo para reconstruir tudo. Seus soldados foram os mais treinados nas Highlands.<br />

Ele e seus irmãos trabalharam horas brutais para garantir que não faltasse <strong>com</strong>ida aos idosos, mulheres e<br />

crianças. Muitas vezes, os homens ficaram sem alimento. E, silenciosamente, eles cresceram, a<strong>um</strong>entaram<br />

seus números, até que finalmente, o clã voltou a lutar.<br />

Logo, Ewan pôde pensar em vingança. Não. A vingança foi o que o sustentou por oito anos. Não<br />

houve <strong>um</strong> dia em que ele não pensasse nisso.<br />

— Laird, trago notícias de seu filho.<br />

Ewan olhou ao redor para ver <strong>um</strong> de seus soldados correndo até ele, <strong>com</strong> a túnica empoeirada <strong>com</strong>o<br />

se tivesse acabado de descer de seu cavalo.<br />

— Fale. – ele ordenou.<br />

— Um dos McDonalds encontrou acidentalmente seu filho três dias atrás ao norte da fronteira de<br />

suas terras. Levou-o <strong>com</strong> intenção de entregá-lo ao seu laird para que ele pudesse pedir <strong>um</strong> resgate pelo<br />

menino. Mas, o garoto fugiu. Ninguém o viu desde então.<br />

Ewan tremia de raiva.<br />

— Leve oito soldados e vá até McDonald. Entregue a ele esta mensagem. Ele apresentará o soldado<br />

que pegou meu filho na entrada de minha fortaleza ou assinará a sua sentença de morte. Se ele não<br />

concordar, irei eu mesmo até ele e o matarei. E não será rápido. Não deixe nenh<strong>um</strong>a palavra minha fora<br />

da mensagem.<br />

— Sim, meu laird.<br />

O soldado fez <strong>um</strong>a mesura, virou-se e correu, deixando Ewan <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mistura de alívio e raiva.<br />

Crispen estava vivo, ou pelo menos esteve. McDonald era <strong>um</strong> tolo por quebrar o tácito acordo de paz.<br />

Entretanto, os dois clãs dificilmente poderiam ser considerados aliados, McDonald não era estúpido o<br />

suficiente para incitar a ira de Ewan McCabe. Sua fortaleza poderia estar se desintegrando e seu povo<br />

poderia não estar bem alimentado, mas seu poder se restabeleceu em dobro.<br />

Seus soldados eram <strong>um</strong>a força de <strong>com</strong>bate mortal.<br />

Mas os olhos de Ewan não estavam voltados para seus vizinhos. Eles estavam pousados em Duncan<br />

Cameron. Ewan não ficaria feliz até que o sangue de Cameron escorresse por toda a Escócia.


Capítulo 2<br />

Mairin olhou exaustivamente para a fortaleza que surgia à sua frente enquanto cavalgavam pela<br />

última muralha de pedra e entravam no pátio. A ideia de fugir se enfraquecia quando olhou sem<br />

esperanças para a sólida construção. Era impenetrável.<br />

Homens estavam em toda a parte, a grande maioria treinando, outros consertando alg<strong>um</strong>as paredes e<br />

outros ainda descansando e bebendo água de <strong>um</strong> balde a poucos passos do castelo.<br />

Como se estivesse lendo seus pensamentos, Crispen olhou para cima <strong>com</strong> seus olhos verdes<br />

brilhando de medo. Mairin mantinha os braços ao redor dele e as mãos juntas na frente do menino,<br />

tentando tranquilizá-lo. Mas na verdade, tremia por dentro.<br />

O soldado que levava seu cavalo parou e ela teve que lutar para ficar na sela. Crispen segurou-se,<br />

agarrando a crina do cavalo.<br />

Finn montava ao lado deles e puxou Mairin de sua montaria. Crispen veio junto <strong>com</strong> ela, gritando<br />

surpreso quando caiu no chão. Finn desceu-a do cavalo <strong>com</strong> os dedos apertando seu braço. Mairin<br />

conseguiu se soltar e correu até Crispen para ajudá-lo a se erguer.<br />

Ao redor deles, toda a atividade cessou, <strong>com</strong>o se todos parassem para examinar os recém-chegados.<br />

Alg<strong>um</strong>as mulheres do castelo olhavam curiosamente à distância, sussurrando atrás de suas mãos.<br />

Ela sabia que seu aspecto devia ser terrível, mas estava mais preocupada que Laird Cameron chegasse<br />

para ver sua prisioneira. Que Deus a ajudasse.<br />

E então, ela o viu. Apareceu no topo da escada que conduzia ao castelo, <strong>com</strong> seu olhar penetrante<br />

procurando-a. Os r<strong>um</strong>ores de sua ganância, de sua crueldade e ambição, levaram-na a esperar pela<br />

imagem do próprio diabo.<br />

Para sua surpresa, era <strong>um</strong> homem extremamente bonito. Sua roupa era impecável, <strong>com</strong>o se nunca<br />

tivesse visto <strong>um</strong> dia no campo de batalha. Que ela conhecia muito bem. Costurou muitos soldados que<br />

cruzaram o caminho dele. Vestia calças de couro macio, <strong>um</strong>a túnica verde e botas que pareciam novas.<br />

Ao seu lado, sua espada brilhava à luz do sol, <strong>com</strong> a lâmina afiada <strong>com</strong> <strong>um</strong>a agudez mortal.<br />

Ela levou automaticamente suas mãos para a garganta, engolindo em seco.<br />

— Você a encontrou? – Duncan Cameron perguntou do alto da escada.<br />

— Sim, Laird. – Finn a empurrou para frente, <strong>com</strong>o se Mairin fosse <strong>um</strong>a boneca de pano. — Esta é<br />

Mairin Stuart.<br />

Duncan estreitou os olhos e franziu a testa, <strong>com</strong>o se tivesse se enganado no passado. Ele a tinha<br />

procurado por tanto tempo? Mairin estremeceu e não deixou que o medo a dominasse.<br />

— Mostre-me. – Duncan vociferou.<br />

Crispen moveu-se na direção dela quando Finn puxou-a. Ela bateu em seu peito <strong>com</strong> força suficiente<br />

para cortar sua respiração.<br />

Outro soldado apareceu ao seu lado, e para sua h<strong>um</strong>ilhação, levantou a barra de seu vestido até a<br />

altura de seus quadris.


Duncan desceu os degraus <strong>com</strong> o rosto concentrado, aproximando-se. Algo selvagem faiscou em seus<br />

olhos, il<strong>um</strong>inando-se em triunfo. Seu dedo acariciou o contorno da marca e ele abriu <strong>um</strong> amplo sorriso.<br />

— O brasão real de Alexander. – ele sussurrou. – Todo esse tempo pensávamos que estava morta,<br />

que Neamh Alainn havia se perdido para sempre. Agora ambos são meus.<br />

— Nunca. – ela rosnou.<br />

Ele pareceu surpreso por <strong>um</strong> momento e então recuou, olhando para Finn.<br />

— Cubram-na.<br />

Finn puxou a roupa para baixo e soltou seu braço. Crispen voltou imediatamente para seu lado.<br />

— Quem é este? – Duncan trovejou quando pôs os olhos em Crispen. – Quem é este pirralho? É<br />

dela? Não pode ser!<br />

— Não, laird. – Finn rapidamente explicou. – A criança não é dela. Nós o pegamos tentando roubar<br />

<strong>um</strong> de nossos cavalos. Ela o defendeu. <strong>Na</strong>da mais.<br />

— Livre-se dele.<br />

Mairin envolveu os braços em torno de Crispen e olhou para Duncan <strong>com</strong> todo o seu ódio.<br />

— Toque-o e lamentará o dia em que nasceu.<br />

Duncan olhou para ela <strong>com</strong> o rosto vermelho de surpresa e raiva.<br />

— Você se atreve a me ameaçar?<br />

— Vá em frente, mate-me. – ela disse calmamente. — Isso serviria bem ao seu propósito.<br />

Ele se virou e a esbofeteou. Mairin caiu por terra, levando a mão ao maxilar.<br />

— Deixe-a em paz! – Crispen gritou.<br />

Mairin lançou-se para ele, puxando-o e abraçando-o.<br />

— Shhh. – acautelou. – Não faça nada para irritá-lo ainda mais.<br />

— Vejo que você recuperou o bom senso. – Duncan disse. – Cuide para que isso não aconteça outra<br />

vez.<br />

Ela não disse nada, apenas ficou sentada ali no chão, segurando Crispen e fixando os olhos nas<br />

imaculadas botas de Duncan. Ele nunca deve ter trabalhado, ela pensou. Até as mãos dele eram macias<br />

contra seu rosto. Como poderia <strong>um</strong> homem ter construído tanto poder <strong>com</strong> a força bruta dos outros?<br />

— Levem-na para dentro e entreguem-na às mulheres para lavá-la. – Duncan disse <strong>com</strong> desgosto.<br />

— Fique perto de mim. – ela sussurrou para Crispen. Não acreditava que Finn não fosse machucá-lo.<br />

Finn puxou-a e levou-a para dentro do castelo. Embora o exterior brilhasse, por dentro estava sujo e<br />

bolorento, <strong>com</strong> cheiro de cerveja inglesa velha. Os cães latiam animadamente e Mairin torceu o nariz<br />

<strong>com</strong> o cheiro de fezes.<br />

— Suba. – Finn rosnou, empurrando-a em direção às escadas. – E não tente qualquer coisa. Haverá<br />

guardas em sua porta. Seja rápida. Não vai querer deixar o laird esperando.<br />

As duas mulheres inc<strong>um</strong>bidas de dar banho em Mairin olharam-na <strong>com</strong> <strong>um</strong> misto de simpatia e<br />

curiosidade.


— Você quer que o menino tome banho também? – <strong>um</strong>a delas lhe perguntou, enquanto lavava seus<br />

cabelos.<br />

— Não! – Crispen exclamou de onde estava.<br />

— Não. – Mairin suavemente ecoou. – Deixe-o assim.<br />

Depois de lavarem o cabelo de Mairin <strong>com</strong> sabão, ajudaram a se lavar na banheira e a cobriram <strong>com</strong><br />

<strong>um</strong> lindo vestido azul <strong>com</strong> elaborados bordados no pescoço, nas mangas e na barra.<br />

Mairin <strong>com</strong>preendeu porque estava sendo vestida <strong>com</strong> as cores de Duncan. Quão facilmente ele a<br />

considerava <strong>com</strong>o sua conquista.<br />

Quando as duas mulheres se ofereceram para arr<strong>um</strong>ar seus cabelos, Mairin balançou a cabeça. Assim<br />

que estivesse seco, ela mesma faria <strong>um</strong>a trança. Encolhendo os ombros, as duas mulheres saíram do<br />

quarto, deixando-a para aguardar a convocação de Duncan.<br />

Ela se sentou na cama, ao lado de Crispen, aconchegando-o na curva de seu braço.<br />

— Vou sujá-la – ele sussurrou.<br />

— Não me importo.<br />

— O que vamos fazer, Mairin?<br />

A voz dele demonstrava medo e Mairin beijou-lhe no topo da cabeça.<br />

— Nós pensaremos em algo, Crispen. Pensaremos em algo.<br />

A porta se abriu e Mairin instintivamente empurrou Crispen atrás dela. Finn estava ali, <strong>com</strong> <strong>um</strong> olhar<br />

triunfante.<br />

— O laird a quer.<br />

Ela voltou-se para Crispen e segurou seu rosto <strong>com</strong> as mãos, até que ele olhou diretamente em seus<br />

olhos.<br />

— Fique aqui. – sussurrou. – Não saia do quarto. Prometa-me.<br />

O menino movimentou a cabeça <strong>com</strong> os olhos arregalados de medo. Ela se levantou e foi até onde<br />

Finn estava. Quando ele segurou seu braço, Mairin puxou-o de volta.<br />

— Sou capaz de andar sem sua ajuda.<br />

— Cadela arrogante. – ele grunhiu.<br />

Ela o seguiu escada abaixo, <strong>com</strong> o pavor crescendo a cada segundo. Quando viu o sacerdote de pé ao<br />

lado da lareira no grande salão, soube que Duncan não queria arriscar. Queria se casar, deitar-se <strong>com</strong> ela<br />

e selar o seu destino e o de Neamh Alainn.<br />

Quando Finn a empurrou para frente, rezou para encontrar força e coragem para fazer o que devia.<br />

— Aqui está minha noiva. – Duncan disse quando a viu, dirigindo-se ao padre <strong>com</strong> quem<br />

conversava.<br />

Seu sorriso não alcançou os olhos e ele a estudava atentamente, quase <strong>com</strong>o se a advertisse das<br />

consequências caso se recusasse.<br />

Deus, ajude-me.


O padre limpou a garganta e olhou <strong>com</strong> atenção para Mairin.<br />

— Você está disposta a se casar, moça?<br />

O silêncio caiu enquanto todos aguardavam sua resposta. Então, lentamente ela negou <strong>com</strong> a cabeça.<br />

O padre virou-se para Duncan, <strong>com</strong> <strong>um</strong> olhar de acusação.<br />

— O que é isso, laird? Você me disse que ambos estavam ansiosos por esse casamento.<br />

A expressão no rosto de Duncan fez o padre recuar. Benzeu-se apressadamente e colocou-se a <strong>um</strong>a<br />

distância segura de Duncan.<br />

O laird olhou para ela e seu pulso acelerou. Para <strong>um</strong> homem tão bonito, naquele momento ele<br />

parecia muito feio.<br />

Ele foi na direção de Mairin e agarrou seu braço, apertando-o até que ela sentiu que seus ossos<br />

estalariam.<br />

— Perguntarei apenas <strong>um</strong>a vez. – disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz ilusoriamente suave. —Você está disposta?<br />

Ela sabia. Sabia que quando expressasse sua negação, ele a retaliaria. Poderia até matá-la se seu plano<br />

para conquistar Neamh Alainn não desse certo. Mas Mairin não havia ficado isolada por todos esses<br />

anos para se render no primeiro sinal de adversidade. De alg<strong>um</strong>a maneira, tinha que encontrar <strong>um</strong> jeito<br />

de sair dessa confusão.<br />

Ela endireitou os ombros, mantendo a coluna ereta <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a espada de aço. Em voz clara e distinta,<br />

ela proferiu sua negação.<br />

— Não.<br />

O rugido de ira dele quase ensurdeceu suas orelhas. Seu punho a mandou voando a vários metros e<br />

Mairin encolheu-se, ofegante. Bateu <strong>com</strong> tanta força as costelas que era incapaz de respirar.<br />

Ela ergueu o olhar chocado e sem foco até vê-lo elevando-se sobre ela, sua raiva transformando-se<br />

em <strong>um</strong>a coisa tangível, terrível. <strong>Na</strong>quele momento, percebeu que fez a escolha certa. Mesmo que ele a<br />

matasse em seu frenesi, o que seria de sua vida <strong>com</strong>o sua esposa?<br />

— Renda-se. - ele exigiu, <strong>com</strong> o punho erguido em advertência.<br />

— Não.<br />

A voz de Mairin não saiu tão forte quanto antes. Parecia mais <strong>um</strong> suspiro do que qualquer outra<br />

coisa. Mas se fez ouvir.<br />

No grande salão, os murmúrios cresceram e o rosto de Duncan corou até ela pensar que ele<br />

explodiria.<br />

A lustrosa bota chutou seu corpo. O grito de dor que ela soltou foi silenciado pelo golpe seguinte.<br />

Mais e mais ele a chutava e então, puxou-a para bater em seu rosto.<br />

— Laird, o senhor irá matá-la.<br />

Ela estava quase inconsciente. Não tinha ideia de quem o advertiu. Cada respiração lhe causava <strong>um</strong>a<br />

dor insuportável.<br />

Duncan a soltou, <strong>com</strong> desgosto.


— Tranque-a em seu quarto. Ninguém lhe dará <strong>com</strong>ida ou água. Nem ao pirralho. Vamos ver quanto<br />

tempo leva para ceder quando o garoto <strong>com</strong>eçar a chorar de fome.<br />

Novamente foi arrastada para cima sem nenh<strong>um</strong>a consideração pelo seus ferimentos. Cada passo,<br />

cada degrau, era <strong>um</strong>a agonia. A porta do quarto se abriu e Finn jogou-a para dentro. Mairin bateu<br />

contra o chão, lutando para não perder a consciência.<br />

— Mairin!<br />

Crispen se debruçou sobre ela e suas pequenas mãos a seguraram dolorosamente.<br />

— Não, não me toque... —ela sussurrou.<br />

Se ele a tocasse, tinha certeza de que iria desmaiar.<br />

— Você deve ir até a cama. – ele disse, desesperadamente. – Vou ajudá-la. Por favor, Mairin.<br />

Ele estava quase chorando e só o pensamento de <strong>com</strong>o o menino sobreviveria a Duncan se ela<br />

morresse, impediu-a de fechar os olhos. Despertou o suficiente para rastejar em direção à cama, cada<br />

movimento enviando dores à espinha. Crispen ajudou-a conforme seu tamanho o permitia e juntos<br />

conseguiram levantá-la até a cama.<br />

Fundiu-se ao colchão de palha. Lágrimas quentes deslizavam pelo seu rosto. Crispen deitou ao seu<br />

lado, seu corpo quente e doce em busca de conforto que Mairin não poderia oferecer.<br />

Em vez disso, ele a abraçou <strong>com</strong> seu pequeno corpo.<br />

— Por favor, não morra, Mairin. – ele implorou. – Estou <strong>com</strong> muito medo.<br />

— Senhora. Minha senhora, acorde. Deve acordar.<br />

O sussurro urgente despertou Mairin e quando ela voltou-se, buscando o que a perturbou, a dor<br />

atravessou seu corpo até que ofegou.<br />

—Sinto muito. – disse a mulher ansiosamente. – Sei que está ferida, mas deve se apressar.<br />

— Apressar-me?<br />

A voz de Mairin estava arrastada e seu cérebro estava confuso. Ao lado dela, Crispen se mexeu e<br />

levou <strong>um</strong> susto quando viu a sombra de pé sobre a cama.<br />

— Sim, rápido. – a voz impaciente repetiu.<br />

— Quem é você? – Mairin conseguiu perguntar.<br />

— Não temos tempo para conversar, senhora.O laird está dormindo bêbado. Ele acha que você está<br />

muito ferida para fugir. Temos que ir agora, se quisermos fazer isso. Ele planeja matar a criança, se não<br />

ceder.<br />

Diante da palavra fuga, a confusão desapareceu. Tentou se sentar, mas a dor apunhalava seu corpo.<br />

— Aqui, deixe-me ajudá-la. Você também, rapaz. – disse a mulher para Crispen. – Ajude-me <strong>com</strong> sua<br />

senhora.<br />

Crispen se mexeu na cama e deslizou para a extremidade.<br />

— Por que está fazendo isso? – Mairin perguntou depois que conseguiu se sentar.<br />

— O que ele fez foi <strong>um</strong>a vergonha. – a mulher murmurou. – Bater em <strong>um</strong>a moça <strong>com</strong>o você. Ele é<br />

louco. Você tem sido sua obsessão. Temo que sua vida não importará, rendendo-se ou não. Ele matará o


menino.<br />

Mairin apertou a mão dela <strong>com</strong> a pouca força que tinha.<br />

— Obrigada.<br />

— Devemos nos apressar. Existe <strong>um</strong>a passagem secreta no próximo quarto. Vocês terão que fugir<br />

sozinhos. Não posso correr riscos. Fergus estará no final, esperando-os <strong>com</strong> <strong>um</strong> cavalo. Ele porá você e<br />

o rapazinho em cima. Sim, vai doer, mas terá que suportar. É sua única saída.<br />

Mairin acenou <strong>com</strong> aceitação. Fugir em agonia ou morrer no conforto. Não parecia ser <strong>um</strong>a decisão<br />

difícil.<br />

A mulher abriu a porta do quarto, voltou-se para Mairin e pôs <strong>um</strong> dedo sobre os lábios. Ela fez sinal<br />

para a esquerda, para Mairin saber que havia guardas ali.<br />

Crispen deslizou sua mão na dela e novamente ela apertou-a, para confortá-lo.<br />

Centímetro por centímetro, sem respirar, penetraram na escuridão do corredor. Mairin prendeu a<br />

respiração por todo o caminho, <strong>com</strong> medo de que o mínimo sopro pudesse alertar os guardas.<br />

Finalmente chegaram ao próximo quarto. A poeira ergueu-se em torno de seu nariz quando entraram<br />

e Mairin precisou segurar o nariz para não espirrar.<br />

— Por aqui. – a mulher sussurrou na escuridão.<br />

Mairin seguiu o som de sua voz até que sentiu o frio emanar de <strong>um</strong>a parede de pedra.<br />

— Deus esteja <strong>com</strong> vocês. – a mulher disse assim que conduziu Mairin e Crispen para o pequeno<br />

túnel.<br />

Mairin parou apenas o suficiente para apertar sua mão em <strong>um</strong> rápido agradecimento e então<br />

impulsionou Crispen na passagem estreita.<br />

Cada passou enviava <strong>um</strong>a onda de agonia pelo corpo de Mairin. Ela temeu que suas costelas<br />

estivessem quebradas, mas agora não existia nada que pudesse ser feito.<br />

Apressaram-se pela escuridão, Mairin arrastando Crispen atrás dela.<br />

— Quem vem lá?<br />

Mairin deteve-se ao ouvir a voz, mas lembrou-se que a mulher disse que Fergus os aguardava.<br />

— Fergus? – ela chamou suavemente. – Sou eu, Mairin Stuart.<br />

— Venha, senhora. – apressou.<br />

Ela correu até o fim e pisou no chão frio e úmido, estremecendo quando seus pés descalços pisaram<br />

as pedras ásperas. Olhou ao seu redor e viu que a passagem saía atrás do castelo onde havia apenas <strong>um</strong>a<br />

muralha entre o castelo e a encosta que se projetava para o céu.<br />

Sem dizer nada, Fergus s<strong>um</strong>iu na escuridão e Mairin correu para alcançá-lo Moveram-se ao longo da<br />

encosta até as árvores no perímetro da propriedade de Duncan.<br />

Um cavalo estava amarrado em <strong>um</strong>a das árvores e Fergus rapidamente o libertou, tomando as rédeas.<br />

— Erguerei você primeiro e depois o rapaz. – ele disse, apontando para a distância. – Daquele lado<br />

fica o norte. Deus esteja <strong>com</strong> vocês.


Sem outra palavra, ele a ergueu, lançando-a sobre a sela. Lágrimas tomavam conta de seus olhos e<br />

curvou-se de dor, lutando para não desmaiar.<br />

Ajude-me, Deus, por favor.<br />

Fergus ergueu Crispen e sentou-o na frente dela.<br />

— Pode cuidar das rédeas? – ela sussurrou para Crispen.<br />

— Eu protegerei você. – Crispen disse ferozmente. – Segure-se em mim, Mairin. Vou levar-nos para<br />

casa, eu juro.<br />

Ela sorriu ao ouvir a determinação em sua voz.<br />

— Eu sei que vai.<br />

Fergus deu <strong>um</strong> tapa no cavalo e ele seguiu adiante. Mairin mordeu o lábio contra o grito de dor que<br />

ameaçava sair. Não poderia fazer isso até estarem longe.<br />

Alaric parou seu cavalo e ergueu seu punho ordenando que seus homens parassem. Eles cavalgaram<br />

durante toda a manhã buscando trilhas sem fim, rastreando pegadas em vão. Todos eram becos sem<br />

saída. Desceu da sela e caminhou adiante para ver as marcas no solo. Ajoelhado, tocou as fracas pegadas<br />

e a grama pisada. Parecia que alguém sofreu <strong>um</strong>a queda de cavalo. Recentemente.<br />

Examinou a área ao redor, viu <strong>um</strong>a pegada em <strong>um</strong> pedaço de terra a poucos metros de distância e<br />

ergueu o olhar para a área onde a pessoa seguiu. Lentamente, levantou-se, tirou a espada e fez sinal para<br />

seus homens se espalharem pela área.<br />

Cuidadosamente, entrou por entre as árvores, espreitando <strong>com</strong> cautela procurando qualquer sinal de<br />

emboscada. Viu o cavalo primeiro, pastando a <strong>um</strong>a distância pequena, <strong>com</strong> as rédeas suspensas e a sela<br />

retorcida. Franziu o cenho. Seguramente era <strong>um</strong> pecado tal descuido <strong>com</strong> <strong>um</strong> cavalo.<br />

Um sussurro leve à direita chamou sua atenção e ele se viu olhando para <strong>um</strong>a pequena mulher, <strong>com</strong><br />

as costas prensadas contra <strong>um</strong>a enorme árvore. Suas saias esvoaçavam, <strong>com</strong>o se tivesse <strong>um</strong>a ninhada de<br />

gatinhos escondida debaixo delas, e seus grandes olhos azuis estavam cheios de medo e fúria.<br />

Seus longos cabelos negros desciam, desordenados, até a cintura e foi quando percebeu as cores de<br />

sua túnica e o brasão bordado na barra.<br />

A raiva temporariamente o cegou e ele avançou <strong>com</strong> a espada erguida acima de sua cabeça.<br />

Ela lançou <strong>um</strong> braço para trás, empurrando algo mais contra a árvore. Suas saias esvoaçaram<br />

novamente e Alaric percebeu que ela protegia <strong>um</strong>a pessoa. Uma criança.<br />

— Fique atrás de mim. – ela sussurrou.<br />

— Mas Mair...<br />

Alaric congelou. Conhecia a voz. Seus dedos tremiam, pela primeira vez em sua vida a sua mão ficou<br />

instável ao redor do cabo. O inferno seria <strong>um</strong> lugar frio antes que ele permitisse que as mãos de <strong>um</strong><br />

Cameron tocassem alguém de sua família.<br />

Com <strong>um</strong> grunhido de raiva, avançou, pegou a mulher pelos ombros e jogou-a de lado. Crispen<br />

permaneceu contra a árvore <strong>com</strong> a boca aberta. Então, o menino viu Alaric e tudo o que fez foi cair em<br />

seus braços.


A espada caiu por terra – outro pecado de negligência – mas naquele momento, Alaric não se<br />

importou. Estava aliviado por encontrar o sobrinho.<br />

— Crispen. – disse, <strong>com</strong> voz rouca, quando abraçou o menino.<br />

Um grito agudo agrediu seus ouvidos ao mesmo tempo em que foi atingido pela mulher. Ele ficou<br />

tão surpreso que tropeçou e soltou Crispen.<br />

Ela se colocou entre os dois e lançou <strong>um</strong> joelho na virilha de Alaric. Ele se curvou, amaldiçoando<br />

enquanto a dor tomava conta de seu corpo. Caiu de joelhos e agarrou sua espada ao mesmo tempo em<br />

que assobiava para seus homens. A mulher era louca.<br />

Pela névoa de dor, Alaric a viu agarrar <strong>um</strong> resistente Crispen e tentar fugir. Várias coisas aconteceram<br />

ao mesmo tempo. Dois de seus homens a cercaram. Ela se deteve e Crispen bateu em suas costas.<br />

Quando ela <strong>com</strong>eçou a correr na direção oposta, Gannon levantou <strong>um</strong> braço para detê-la.<br />

Para o espanto de Alaric, ela voltou-se, pegou Crispen e se jogou no chão, <strong>com</strong> seu corpo<br />

protetoramente sobre o menino.<br />

Gannon e Cormac congelaram e olharam para Alaric, assim <strong>com</strong>o o resto dos homens que<br />

apareceram através das árvores.<br />

Para confundir ainda mais o inferno ao redor deles, Crispen finalmente balançou a cabeça e se jogou<br />

em cima dela, olhando <strong>com</strong> cara feia o tempo todo para Gannon.<br />

— Você não vai atingi-la. – ele gritou.<br />

Cada <strong>um</strong> de seus homens piscou, surpresos pela ferocidade de Crispen.<br />

— Rapaz, eu não ia bater na moça. – Gannon disse. – Estava tentando impedi-la de fugir. Com você.<br />

Por Deus, estávamos procurando-o há dias. O laird está doente de preocupação por você.<br />

Alaric caminhou até Crispen e arrancou-o de cima da mulher encolhida. Quando estendeu a mão<br />

para colocá-lo de pé, Crispen explodiu novamente, empurrando-o.<br />

Alaric olhou fixamente para o sobrinho <strong>com</strong> a boca aberta.<br />

— Não toque nela. – Crispen disse. – Ela está muito machucada, tio Alaric.<br />

Crispen mordeu seu lábio inferior e parecia que o menino ia <strong>com</strong>eçar a chorar. Quem quer que fosse<br />

a mulher, era óbvio que Crispen não a temia.<br />

— Não a machucarei, rapaz. – Alaric disse suavemente.<br />

Ele se ajoelhou, afastou os cabelos de seu rosto e percebeu que ela estava inconsciente. Havia <strong>um</strong><br />

hematoma na face, mas fora isso, não parecia estar ferida.<br />

— Onde ela está machucada? – perguntou a Crispen.<br />

Lágrimas encheram os olhos de Crispen e ele limpou-as apressadamente <strong>com</strong> as costas da mão suja.<br />

— Seu estômago e suas costas. Dói muito se alguém a toca.<br />

Cuidadosamente, para não alarmar o menino, Alaric puxou sua roupa. Quando seu abdômen e costas<br />

apareceram, ele respirou fundo. Ao redor dela, seus homens alternadamente amaldiçoaram e<br />

murmuraram sua piedade pela moça.<br />

— Deus do céu, o que aconteceu <strong>com</strong> ela? – Alaric perguntou.


Sua caixa toráxica estava toda roxa e feias contusões marcavam suas costas lisas. Ele poderia jurar que<br />

<strong>um</strong>a delas tinha a forma da bota de <strong>um</strong> homem.<br />

— Ele bateu nela. – Crispen murmurou. – Leve-nos para casa, tio Alaric. Eu quero meu papai.<br />

Não querendo que o menino perdesse a <strong>com</strong>postura na frente dos outros homens, Alaric concordou<br />

e deu <strong>um</strong> tapinha no braço de Crispen. Haveria tempo de sobra para o sobrinho contar sua história mais<br />

tarde. Ewan gostaria de ouvir tudo.<br />

Olhou fixamente para a mulher inconsciente e franziu a testa. Ela havia protegido Crispen <strong>com</strong> o<br />

próprio corpo, e ainda assim usava as cores de Duncan Cameron.<br />

Ewan ficaria fora de controle se Cameron tivesse qualquer envolvimento no desaparecimento de<br />

Crispen.<br />

Guerra. Finalmente, a guerra seria declarada.<br />

Fez <strong>um</strong> sinal para Cormac cuidar da moça e estendeu a mão para Crispen, pretendendo que o<br />

menino viesse <strong>com</strong> ele. Havia várias perguntas que poderiam ser respondidas na volta para casa.<br />

Crispen sacudiu sua cabeça obstinadamente.<br />

— Não, você vai levá-la, tio Alaric. Ela tem que voltar <strong>com</strong> você. Prometi a ela que papai a manteria<br />

segura, mas ele não está aqui, então você tem fazer isso. Tem que ser você.<br />

Alaric suspirou. O menino não estava sendo razoável, e justo agora que ele estava tão feliz por<br />

encontrá-lo vivo, cederia a suas exigências ridículas. Mas tarde, puxaria a orelha do pirralho por ter<br />

questionado sua autoridade.<br />

— Eu também quero ir <strong>com</strong> você. – Crispen disse, olhando nervosamente para a mulher.<br />

Ele avançou mais perto dela <strong>com</strong>o se não pudesse suportar a ideia de ficarem separados.<br />

Alaric olhou para o céu. Ewan não teve <strong>um</strong>a mão firme o suficiente <strong>com</strong> o menino. Crispen era tudo.<br />

Tudo o que sobrou para ele.<br />

E assim, Alaric encontrou-se montado em seu cavalo <strong>com</strong> a mulher na sela na frente dele, seu corpo<br />

deitado na curva de seu braço, e Crispen sentado sobre sua perna, <strong>com</strong> a cabeça deitada no peito dela.<br />

Olhou para seus homens, desafiando qualquer <strong>um</strong> que ousasse rir. Inferno, ele teve que deixar sua<br />

espada para cuidar de duas pessoas a mais, não importando se o peso deles não se igualasse a <strong>um</strong> único<br />

guerreiro.<br />

Era melhor Ewan ficar agradecido. O irmão decidiria o que fazer <strong>com</strong> a mulher, tão logo Alaric a<br />

deixasse em seu colo.


Capítulo 3<br />

Assim que cruzaram a fronteira das terras McCabe, <strong>um</strong> grito ecoou através das colinas e à distância,<br />

Mairin ouviu o grito ser retransmitido. Logo o laird saberia do retorno de seu filho.<br />

Ela torceu as rédeas nervosamente em seus dedos enquanto Crispen quase pulava na sela em seu<br />

entusiasmo.<br />

— Se continuar puxando as rédeas, moça, você e o cavalo acabarão voltando para onde vieram.<br />

Ela olhou culpada para Alaric McCabe, que andava à sua direita. Sua advertência havia saído <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong>a provocação, mas na verdade o homem dava-lhe medo. Ele parecia selvagem <strong>com</strong> seus cabelos<br />

negros longos e despenteados e as tranças penduradas em cada lado de suas têmporas.<br />

Quando ela acordou em seus braços, quase jogou os dois para fora da sela, <strong>com</strong> pressa de fugir. Ele<br />

colocou Mairin e Crispen no chão, até que a coisa toda pudesse ser resolvida.<br />

Ele não ficou contente <strong>com</strong> sua teimosia, mas Mairin ficou feliz por ter Crispen solidamente ao seu<br />

lado, não quebrando a promessa de não dizer a ninguém o seu nome. Ambos ficaram mudos quando<br />

Alaric exigiu respostas.<br />

Oh, ele vociferou e acenou <strong>com</strong> seus braços. Até ameaçou sufocar a ambos. No final, murmurou<br />

blasfêmias contra mulheres e crianças antes de retomar sua jornada para levar Crispen para casa.<br />

Alaric insistiu então que ela montasse <strong>com</strong> ele pelo menos outro dia, porque seria <strong>um</strong> pecado abusar<br />

de <strong>um</strong> cavalo <strong>com</strong> Mairin naquelas condições.<br />

A viagem que normalmente duraria dois dias, levou três, graças à consideração de Alaric pelo estado<br />

dela, parando frequentemente. Ela soube que era por consideração porque ele disse a ela. Várias vezes.<br />

Após o primeiro dia, Mairin estava determinada a andar sem a ajuda de Alaric, pelo menos para tirar<br />

a presunção do rosto dele. Obviamente não tinha paciência <strong>com</strong> as mulheres, e ela suspeitou, que <strong>com</strong><br />

exceção de seu sobrinho, também não tinha paciência <strong>com</strong> crianças.<br />

Ainda assim, considerando o fato de que ele não sabia nada sobre ela, a não ser que protegeu<br />

Crispen, a tratou muito bem, e seus homens foram educados e respeitosos.<br />

Agora que se aproximavam da fortaleza de Laird McCabe, o medo voou em sua garganta. Não seria<br />

capaz de manter-se muda. O laird exigiria respostas e ela seria obrigada a dá-las.<br />

Mairin se debruçou até sussurrar perto da orelha de Crispen.<br />

— Você se lembra da promessa que fez, Crispen?<br />

— Sim. – ele sussurrou de volta. – Não direi a ninguém seu nome.<br />

Ela movimentou a cabeça, sentindo-se culpada por pedir tal coisa a <strong>um</strong>a criança, mas se fingisse ser<br />

alguém sem importância, apenas alguém que salvou o menino e ajudou a trazê-lo em segurança para<br />

casa, talvez o laird ficasse grato o suficiente para lhe fornecer <strong>um</strong> cavalo e alg<strong>um</strong> alimento para partir.<br />

— Nem mesmo ao seu pai? – ela insistiu.<br />

Crispen solenemente levantou a cabeça e assentiu.<br />

— Só direi que você me salvou.


Ela apertou seu braço <strong>com</strong> sua mão livre.<br />

— Obrigada. Não poderia ter melhor protetor.<br />

Crispen voltou-se para ela <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso largo, cheio de orgulho.<br />

— O que vocês estão sussurrando? – Alaric perguntou irritado.<br />

Mairin olhou para o guerreiro, estreitando os olhos.<br />

— Se quisessemos que você soubesse, teriamos falado mais alto. – disse calmamente.<br />

Ele se afastou murmurando algo que ela tinha certeza de ser mais blasfêmias sobre mulheres<br />

irritantes.<br />

— O padre deve ficar cansado em ouvir suas confissões. – ela disse.<br />

Alaric arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Quem disse que confesso alg<strong>um</strong>a coisa?<br />

Ela balançou a cabeça. O arrogante homem provavelmente pensava que o caminho para o céu já<br />

estava assegurado e que para agir de acordo <strong>com</strong> a vontade de Deus bastava respirar.<br />

— Olhe, lá está ele! – Crispen gritou enquanto apontava ansiosamente para frente.<br />

Subiram a colina e olharam para o castelo de pedra aninhado na lateral da próxima colina.<br />

A muralha estava desmoronada em diversos lugares e havia alguns homens trabalhando sem parar,<br />

substituindo as pedras. Ela pode ver que as paredes externas pareciam enegrecidas por <strong>um</strong> incêndio<br />

antigo.<br />

O lago espalhava-se à direita do castelo, a água brilhando ao sol. Um dos braços serpenteava em<br />

torno da frente da torre, proporcionando <strong>um</strong>a barreira natural para o portão da frente. A ponte sobre<br />

ele, no entanto, estava partida ao meio. Um caminho temporário foi adaptado ao lado, que permitia<br />

passar <strong>um</strong> cavalo de cada vez.<br />

Apesar do óbvio estado de abandono, a terra era bonita. Espalhadas por todo o vale à esquerda da<br />

torre, ovelhas pastavam, conduzidas por <strong>um</strong> homem mais velho ladeado por dois cachorros.<br />

Ocasionalmente, <strong>um</strong> dos cães corria para longe, trazendo o rebanho de volta para a fronteira imaginária.<br />

Então, retornava ao seu mestre e recebia <strong>um</strong> tapinha de aprovação na cabeça.<br />

— O que aconteceu aqui? – perguntou a Alaric.<br />

Mas ele não respondeu. Uma profunda carranca tomou seu rosto e seus olhos escureceram. Mairin<br />

apertou as rédeas e estremeceu sob a intensidade de seu ódio. Sim, ódio. Não poderia haver outro termo<br />

para o que viu nos olhos de Alaric.<br />

Alaric esporeou seu cavalo e ela automaticamente o seguiu. Cavalgaram colina abaixo <strong>com</strong> seus<br />

homens a<strong>com</strong>panhando protetoramente ao lado deles. Crispen estava tão inquieto na sela que ela teve<br />

que segurá-lo para não cair.<br />

Quando chegaram ao caminho improvisado, Alaric parou para atendê-la.<br />

— Irei primeiro. Você vem logo atrás de mim.<br />

Ela assentiu. De qualquer maneira, não queria ser a primeira a entrar no castelo. De certa forma, foi<br />

mais assustador chegar ali do que no castelo de Cameron. Pelo menos, nas mãos de Cameron, ela tinha


certeza de qual era seu destino.<br />

Assim que atravessaram, <strong>um</strong> grande grito ecoou e Mairin levou <strong>um</strong> tempo para perceber que foi<br />

Alaric quem o emitiu. Olhou para vê-lo ainda montado, <strong>com</strong> o punho erguido no ar.<br />

Todos ao redor dela, soldados – e havia centenas – ergueram suas espadas para alto e <strong>com</strong>eçaram a<br />

gritar, levantando e abaixando suas lâminas em celebração.<br />

Um homem entrou no pátio correndo, seus cabelos esvoaçando <strong>com</strong> os largos passos que dava.<br />

— Papai! – Crispen gritou e desceu da sela antes que ela pudesse impedi-lo.<br />

Ele tocou o chão correndo e Mairin olhou fascinada para o homem que imaginou ser o pai de<br />

Crispen. Seu estômago embrulhou-se e ela se controlou para que o pânico não tomasse conta dela outra<br />

vez.<br />

O homem era enorme e se parecia muito <strong>com</strong> Alaric.Ela não sabia dizer por que, mas mesmo <strong>com</strong><br />

tanta alegria em seu rosto quando tomou Crispen em seus braços, ele a assustava de <strong>um</strong>a maneira que<br />

Alaric não fez.<br />

Os irmãos eram bem parecidos em musculatura e estatura. Ambos tinham cabelos escuros que caiam<br />

abaixo dos ombros, e usavam tranças. Porém, quando olhou ao redor, ficou claro que todos os homens<br />

usavam os cabelos da mesma maneira. Longos, bárbaros e selvagens.<br />

— Estou muito feliz em vê-lo, rapaz. – seu pai murmurou.<br />

Crispen agarrou-se ao laird <strong>com</strong> os braços pequenos.<br />

Sobre a cabeça de Crispen, seu olhar encontrou o de Mairin e seus olhos imediatamente se<br />

endureceram. Ele a olhou detalhadamente, deixando-a desconfortável <strong>com</strong> seu escrutínio.<br />

Começou a descer de seu cavalo, porque se sentia <strong>um</strong> pouco boba, quando todos ao redor já haviam<br />

desmontado. Alaric correu até ela, suas mãos a alcançando para ajudá-la a descer.<br />

— Calma, moça. – ele a acautelou. – Seus ferimentos estão melhores, mas ainda precisa se cuidar.<br />

Alaric soou quase preocupado, mas quando olhou para ele, viu que ainda estava <strong>com</strong> a mesma<br />

expressão feroz. Irritada,Mairin fez <strong>um</strong>a careta. Ele piscou, surpreso, então a empurrou em direção ao<br />

laird.<br />

Ewan McCabe olhou muito mais ameaçador agora que Crispen estava longe de seus braços. Mairin<br />

recuou <strong>um</strong> passo apenas para colidir <strong>com</strong> a montanha que era Alaric.<br />

Ewan primeiro olhou para Alaric, ignorando-a <strong>com</strong>o se ela fosse invisível.<br />

— Tem meus agradecimentos por trazer meu filho para casa. Tinha toda confiança em você e Caelen.<br />

Alaric limpou a garganta e empurrou Mairin para frente.<br />

— Você tem que agradecer a esta moça pelo retorno de Crispen. Eu meramente forneci a escolta.<br />

Ewan estreitou os olhos e estudou-a ainda mais. Para o espanto dela, seus olhos não eram escuros e<br />

ferozes, mas de <strong>um</strong> estranho verde pálido. Quem poderia imaginar que os olhos dele eram tudo, menos<br />

<strong>um</strong>a negra <strong>com</strong>binação, quando ele seu rosto estavam sombrios <strong>com</strong>o nuvens de <strong>um</strong>a tempestade?<br />

Espantada <strong>com</strong> a revelação, Mairin voltou-se abruptamente e olhou para Alaric. Ele piscou e então a<br />

observou <strong>com</strong>o se ela fosse <strong>um</strong>a perfeita idiota;


— Seus olhos são verdes, também. – ela murmurou.<br />

A expressão de Alaric tornou-se preocupada.<br />

— Tem certeza de que não sofreu <strong>um</strong> golpe na cabeça?<br />

— Você vai olhar para mim. – Ewan rugiu.<br />

Ela pulou e voltou-se, novamente dando instintivamente <strong>um</strong> passo para trás, mais <strong>um</strong>a vez contra<br />

Alaric.<br />

Ele murmurou <strong>um</strong> palavrão e se curvou, mas Mairin estava preocupada <strong>com</strong> Ewan para dar atenção<br />

às maldições de Alaric.<br />

Sua coragem e sua determinação a não sentir dor tinham acabado. Suas pernas tremiam, suas mãos<br />

tremiam, a dor espetava através de seu corpo, fazendo-a ofegar suavemente a cada respiração. O suor<br />

banhou sua testa, mas ela não se permitia recuar ainda mais.<br />

O laird estava zangado <strong>com</strong> ela e não sabia dizer por quê. Não deveria estar grato por ter salvado seu<br />

filho? Não que ela realmente tenha feito qualquer coisa heróica, mas ele sabia disso. O pátio inteiro<br />

estava em silêncio.<br />

— Alaric? – ela murmurou, afastando o olhar do laird.<br />

— Sim, moça.<br />

— Você me amparará se eu desmaiar? Acho que cair no chão não será bom para minhas lesões.<br />

Para sua surpresa, ele a segurou pelos ombros, firmemente. Suas mãos tremiam <strong>um</strong> pouco e Alaric<br />

emitiu <strong>um</strong> estranho som. Estava rindo dela?<br />

Ewan avançou, <strong>com</strong> aquela carranca novamente. Será que ninguém sabia sorrir no clã McCabe?<br />

— Não, nós não fazemos. – Alaric disse divertido.<br />

Ela percebeu tarde demais que pensou em voz alta e se preparou para a censura do laird.<br />

Ewan parou a <strong>um</strong> passo dela, forçando-a a levantar o pescoço para olhar para ele. Era difícil ser<br />

corajosa quando estava imprensada entre dois guerreiros enormes, mas seu orgulho não permitiria que<br />

se jogasse aos seus pés e implorasse por misericórdia. Não, ela enfrentou Duncan Cameron e sobreviveu.<br />

Este guerreiro era maior e mais vil e provavelmente poderia esmagá-la <strong>com</strong>o <strong>um</strong> inseto, mas ela não<br />

morreria <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a covarde.<br />

— Você vai me dizer quem é, por que está vestindo as cores de Duncan Cameron e, <strong>com</strong>o diabos,<br />

meu filho ficou <strong>com</strong> você.<br />

Ela balançou a cabeça, apoiada contra Alaric, apenas para ouvi-lo proferir outra maldição quando<br />

Mairin pisou em seu pé ao recuar, para depois se lembrar de seus votos de ser corajosa.<br />

Ewan franziu a testa ainda mais.<br />

— Você vai me desafiar?<br />

Havia <strong>um</strong>a nota de incredulidade em sua voz que ela acharia divertido se não estivesse tomada de dor<br />

e prestes a desmaiar.<br />

Seu estômago fervia e ela rezou para não vomitar em suas botas. Não eram tão brilhantes <strong>com</strong>o as de<br />

Duncan, mas ele ficaria ofendido de qualquer maneira.


— Não o estou desafiando, laird. – ela disse em <strong>um</strong>a voz que a deixou orgulhosa.<br />

— Então, explique o que quero saber. E faça isso agora. – acrescentou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz mortalmente<br />

suave.<br />

— Eu...<br />

Sua voz estava engasgada e engoliu a náusea que subiu pela garganta.<br />

Foi salva por Crispen que não podia ficar mais em silêncio. Ele correu, colocando-se entre ela e seu<br />

pai e passando o braço em torno de suas pernas, enterrando o rosto em seu abdômen contundido.<br />

Um gemido escapou e Mairin abraçou Crispen, afastando-o de suas costelas. Ela teria deslizado para<br />

o chão se Alaric não a firmasse pelos braços.<br />

Crispen olhou fixamente para seu pai, que parecia estar lutando contra o choque e a impaciência.<br />

— Deixe-a em paz! – Crispen exclamou. – Ela está ferida e eu prometi que iria protegê-la, papai. Eu<br />

prometi. E <strong>um</strong> McCabe nunca quebra sua palavra. Você me disse.<br />

Ewan olhou para o filho <strong>com</strong> espanto.<br />

— O menino está certo, Ewan. A mulher precisa urgentemente de <strong>um</strong>a cama e <strong>um</strong> banho quente.<br />

Surpresa <strong>com</strong> o apoio de Alaric, mas mais agradecida do que ela poderia expressar, observou o laird<br />

apenas para vê-lo olhar incrédulo para Alaric.<br />

— <strong>Cama</strong>? Banho? Meu filho foi devolvido a mim por <strong>um</strong>a mulher vestindo as cores do homem que<br />

mais detesto nesta vida, e você me sugere para dar-lhe banho e cama?<br />

O laird parecia perigosamente prestes a explodir. Ela recuou e desta vez Alaric afastou-se para que<br />

Mairin pudesse por <strong>um</strong>a distância de Ewan.<br />

— Ela salvou a vida dele. – Alaric disse.<br />

— Ela levou <strong>um</strong>a surra por mim. – Crispen gritou.<br />

A expressão de Ewan vacilou e olhou novamente para ela <strong>com</strong>o se tentasse ver por si mesmo a<br />

extensão de seus ferimentos. Crispen e Alaric olharam esperançosos para ele.<br />

Seus músculos incharam em seus braços e pescoço, e respirou várias vezes <strong>com</strong>o se tentasse manter a<br />

paciência. Mairin sentiu pena dele. Se fosse seu filho, ela também exigiria todos os detalhes. E se fosse<br />

verdade – e Ewan não tinha nenh<strong>um</strong> motivo para mentir – que Duncan Cameron era seu inimigo<br />

mortal, ela podia entender porque a olhava <strong>com</strong> tanta desconfiança e ódio. Sim entendia bem o seu<br />

dilema. Mas não significava que iria, de repente,cooperar.<br />

Reunindo toda a coragem e orgulho, encarou o laird.<br />

— Salvei seu filho, laird. Ficaria grata se me ajudasse. Não pedirei muito. Um cavalo e talvez alg<strong>um</strong>a<br />

<strong>com</strong>ida. Sairei de seu caminho e não serei mais <strong>um</strong> incômodo.<br />

Ewan não olhou para ela. Não, virou o rosto para o céu <strong>com</strong>o se implorasse por paciência ou<br />

libertação. Talvez os dois.<br />

— Um cavalo. Comida.<br />

Ele disse as palavras ainda olhando para o céu. Então, lentamente baixou sua cabeça até que aqueles<br />

olhos verdes a queimassem.


—Você não vai a lugar nenh<strong>um</strong>, moça.


Capítulo 4<br />

Ewan olhou fixamente para a mulher diante dele e era tudo o que podia fazer para não sacudi-la até<br />

deixá-la sem sentidos. A pequena atrevida era audaciosa, ele tinha que reconhecer. Não sabia que tipo de<br />

controle tinha sobre seu filho, mas descobriria.<br />

Até Alaric parecia enfeitiçado por ela. Embora pudesse entender isso, afinal a mulher era bela, ficou<br />

extremamente irritado <strong>com</strong> seu irmão defendendo-a dele.<br />

Mairin ergueu seu queixo em desafio e a luz refletiu em seus olhos. Não eram apenas azuis, mas de<br />

<strong>um</strong>a tonalidade brilhante que lembrava o céu na primavera, <strong>um</strong> pouco antes do verão chegar.<br />

Seus cabelos estavam sujos, mas os cachos rebeldes caiam até a cintura, <strong>um</strong>a cintura que ele podia<br />

medir <strong>com</strong> as mãos. Sim, suas mãos se encaixam muito bem na curva entre os quadris e os seios. E se<br />

deslizasse as mãos <strong>um</strong> pouco mais para cima, ele poderia segurar seus generosos seios.<br />

Ela era linda. E também <strong>um</strong> problema.<br />

A dor que sentia não era mentira. Seus olhos estavam escuros e sombras os rodeavam. Ela tentava ser<br />

valente, mas era possível ver seu desconforto.<br />

Seu interrogatório teria que esperar. Levantou a mão e apontou para <strong>um</strong>a das mulheres que estava<br />

por perto.<br />

— Veja suas necessidades. – ele ordenou. – Dê-lhe o banho desejado. Peça a Gertie para preparar <strong>um</strong><br />

prato de <strong>com</strong>ida. E, pelo amor de Deus, dê-lhe outra roupa para vestir que não tenha as cores de<br />

Cameron.<br />

Duas mulheres McCabe correram e cada <strong>um</strong>a tomou <strong>um</strong> braço da mulher que ainda estava em pé ao<br />

lado de Alaric.<br />

— Cuidado. – Alaric acautelou-as. – Seus ferimentos ainda lhe causam dor.<br />

As mulheres afastaram as mãos e gesticularam para ela, apontando em direção do castelo. Ela olhou<br />

nervosamente ao redor sem nenh<strong>um</strong> desejo de entrar. Ewan suspirou.<br />

— Não estou ordenando sua morte, moça. Você pediu banho e <strong>com</strong>ida. Está questionando minha<br />

hospitalidade, agora?<br />

Mairin franziu o cenho e seus olhos se estreitaram quando olhou bruscamente para ele.<br />

— Pedi <strong>um</strong> cavalo e <strong>com</strong>ida. Não quero sua hospitalidade. Preferia que respeitasse os meus desejos o<br />

mais rápido possível.<br />

— Não tenho cavalos sobrando e , alem disso, você não irá a lugar nenh<strong>um</strong> até que eu tenha<br />

ordenado. Se não quiser tomar banho, tenho certeza que as mulheres ficariam felizes em mostrar-lhe a<br />

cozinha e dar-lhe algo para <strong>com</strong>er.<br />

Ele encolheu os ombros demonstrando que não se importava se ela tomasse banho ou não. Aquilo<br />

tinha sido ideia de Alaric, mas as mulheres não adoravam a ideia de se enfiar em <strong>um</strong>a banheira de água<br />

quente?<br />

Ela franziu os lábios <strong>com</strong>o se fosse discutir, mas evidentemente decidiu mudar de ideia.


— Gostaria de <strong>um</strong> banho.<br />

— Então sugiro que você siga as mulheres até o andar de cima antes que eu mude de ideia.<br />

Ela virou-se, murmurando baixinho algo que ele não entendeu. Seus olhos se estreitaram. A moça<br />

estava testando sua paciência.<br />

Ewan olhou em volta para seu único filho para vê-lo correndo atrás das mulheres.<br />

— Crispen. – ele chamou.<br />

Crispen voltou-se, <strong>com</strong> a expressão ansiosa por ter sido afastado da mulher.<br />

— Venha cá, meu filho.<br />

Depois de hesitar <strong>um</strong> momento, o menino aproximou-se de Ewan, que o pegou em seus braços mais<br />

<strong>um</strong>a vez.<br />

Seu coração disparou freneticamente <strong>com</strong> o alivio de ver o filho a salvo.<br />

— Você me assustou muito, menino. Nunca mais faça isso <strong>com</strong> seu pai.<br />

Crispen agarrou-se a Ewan e enterrou o rosto no pescoço do pai.<br />

— Não irei, papai. Prometo.<br />

Ewan segurou-o por <strong>um</strong> longo tempo, mais que o necessário, até que Crispen pediu para ser<br />

libertado. Ele não pensou em ver o filho novamente e se Alaric estivesse certo, devia agradecer a mulher<br />

por isso.<br />

Ele olhou para o irmão, exigindo respostas. Alaric deu de ombros.<br />

— Se está querendo respostas, está olhando para a pessoa errada. – fez <strong>um</strong> gesto impaciente para o<br />

menino.- Ele e a moça se recusaram a dizer qualquer coisa. O pirralho atrevido exigiu que eu a<br />

trouxesse para que você pudesse protegê-la.<br />

Ewan franziu a testa e olhou Crispen nos olhos.<br />

—É verdade, filho?<br />

Crispen parecia decididamente culpado, mas a determinação faiscou em seus olhos verdes. Torceu os<br />

lábios e ficou tenso, esperando que Ewan lançasse sobre ele <strong>um</strong> discurso inflamado.<br />

— Dei minha palavra. – Crispen disse <strong>com</strong> obstinação. – Você disse que <strong>um</strong> McCabe nunca quebra<br />

sua palavra.<br />

Ewan agitou a cabeça.<br />

— Estou <strong>com</strong>eçando a lamentar por dizer as coisas que <strong>um</strong> McCabe não faz. Venha, vamos nos<br />

sentar na sala para você me contar suas aventuras.<br />

Ewan lançou <strong>um</strong> olhar para Alaric, pedindo silenciosamente sua presença. Então, virou-se para<br />

Gannon.<br />

— Pegue seus homens e vá para o norte ao encontro de Caelen. Diga que Alaric encontrou Crispen.<br />

Retornem o mais depressa possível.<br />

Gannon curvou-se e saiu correndo, gritando ordens. Ewan manteve Crispen preso pelos ombros<br />

enquanto se dirigiam ao salão. Entraram em meio a <strong>um</strong> coro de gritos e exclamações. Crispen foi<br />

abraçado por cada mulher que passava e ganhava dos homens do clã <strong>um</strong> tapinha nas costas.


Ewan sentou-se à mesa e bateu levemente no banco ao lado. Crispen pulou para o lugar, enquanto<br />

Alaric sentava-se à mesa <strong>com</strong> eles.<br />

— Agora me diga o que aconteceu. – Ewan ordenou.<br />

Crispen olhou para suas mãos, <strong>com</strong> os ombros inclinados.<br />

— Crispen. – Ewan disse suavemente. – O que mais eu disse que os McCabe sempre fazem?<br />

— Dizem a verdade. – Crispen respondeu a contragosto.<br />

Ewan sorriu.<br />

— Realmente. Agora <strong>com</strong>ece sua história.<br />

Crispen suspirou dramaticamente antes de dizer.<br />

— Escapei para encontrar tio Alaric. Pensei em esperá-lo na fronteira e surpreendê-lo quando<br />

chegasse a casa.<br />

Alaric olhou através da mesa para Crispen, mas Ewan ergueu a mão.<br />

— Deixe ele continuar.<br />

— Devo ter ido longe demais. Um dos soldados McDonald me disse que me levaria ao seu laird para<br />

pedir resgate.<br />

Ele virou os olhos suplicantes para Ewan.<br />

— Não podia deixá-los fazer isso,papai. Seria <strong>um</strong>a vergonha para você e nosso clã não podia pagar<br />

por <strong>um</strong> resgate. Então escapei e me escondi na carreta de <strong>um</strong> <strong>com</strong>erciante ambulante.<br />

Ewan ficou tenso de raiva pelo soldado McDonald e seu coração se apertou ao ouvir o orgulho na<br />

voz de seu filho.<br />

—Você nunca poderia me envergonhar, Crispen. – Ewan disse calmamente. – Agora, termine sua<br />

história. O que aconteceu a seguir?<br />

— O <strong>com</strong>erciante me descobriu depois de <strong>um</strong> dia e me expulsou. Não sabia onde estava. Tentei<br />

roubar <strong>um</strong> cavalo de homens que estavam acampando, mas me pegaram. M..., quero dizer, ela me salvou.<br />

— Quem salvou você? – Ewan perguntou.<br />

— Ela me salvou.<br />

— Quem é ela? – Ewan voltou a perguntar, engolindo sua impaciência.<br />

Crispen se mexeu desconfortavelmente.<br />

— Não posso dizer. Eu prometi.<br />

Ewan e Alaric trocaram olhares frustrados e Alaric ergueu <strong>um</strong>a sobrancelha, <strong>com</strong>o seu dissesse “eu<br />

disse”.<br />

— Tudo bem, Crispen, o que exatamente prometeu?<br />

— Que não contaria a você quem é ela. Sinto muito, papai.<br />

— Entendo. O que mais você prometeu?<br />

Crispen pareceu confuso por <strong>um</strong> momento e, atrás da mesa, Alaric sorriu quando <strong>com</strong>preendeu a<br />

direção que Ewan seguia.


— Só prometi que não ia dizer o nome dela.<br />

Ewan sufocou <strong>um</strong> sorriso.<br />

— Tudo bem, então continue sua história. A senhora o salvou. Como ela fez isso? Estava acampando<br />

<strong>com</strong> os homens dos quais tentou roubar o cavalo? Eles a estavam escoltando a alg<strong>um</strong> lugar?<br />

Crispen enrugou a testa <strong>com</strong>o se lutasse para descobrir <strong>com</strong>o divulgar informações sem quebrar sua<br />

promessa.<br />

— Eu não vou perguntar o nome dela. – Ewan disse solenemente.<br />

Parecendo aliviado, Crispen apertou os lábios e então disse.<br />

— Os homens a levaram de <strong>um</strong>a abadia. Ela não queria ir <strong>com</strong> eles. Vi quando a trouxeram para o<br />

acampamento.<br />

— Por Deus, ela é <strong>um</strong>a freira? – Ewan exclamou.<br />

Alaric agitou sua cabeça.<br />

— Se aquela mulher é <strong>um</strong>a freira, então eu sou <strong>um</strong> monge.<br />

— Você pode casar-se <strong>com</strong> <strong>um</strong>a freira? - Crispen perguntou.<br />

— Por que está me perguntando isso? - Ewan exigiu.<br />

— Duncan Cameron quis casar <strong>com</strong> ela. Se ela for <strong>um</strong>a freira, ele não pode, não é?<br />

Ewan endireitou-se e lançou a Alaric <strong>um</strong> olhar feroz. Então voltou-se para Crispen, tentando manter<br />

sua reação tranquila de forma que não assustasse seu filho.<br />

— Os homens de quem tentou roubar o cavalo... Eles eram soldados de Cameron? Eram as pessoas<br />

que tomaram a mulher da abadia?<br />

Crispen solenemente movimentou a cabeça.<br />

— Eles nos levaram para Laird Cameron. Ele tentou se casar... <strong>com</strong> ela. Mas ela recusou. Quando o<br />

fez, ele bate nela.<br />

Lágrimas molharam seus olhos e Crispen adotou <strong>um</strong>a expressão feroz.<br />

Novamente, Ewan olhou Alaric observando a reação do seur irmão <strong>com</strong> a notícia. Quem podia ser<br />

esta mulher para Duncan Cameron tirá-la de <strong>um</strong>a abadia? Ela era <strong>um</strong>a herdeira escondida ?<br />

— O que aconteceu depois dele bater na moça? - Ewan retomou.<br />

Crispen passou <strong>um</strong>a mão em seu rosto, deixando <strong>um</strong>a trilha de sujeira acima de sua bochecha.<br />

— Quando ela voltou para o quarto, mal podia ficar em pé. Tive que ajudá-la a subir na cama. Mais<br />

tarde <strong>um</strong>a mulher nos despertou e disse que o laird estava dormindo bêbado e que ele planejou matarme<br />

se ela não fizesse o que ele queria. Disse que nós tínhamos que escapar antes dele despertar. A<br />

senhora tinha medo mas prometeu que me protegeria. E então, prometi que a traria aqui para você<br />

cuidar dela. Você não deixará Duncan Cameron casar-se <strong>com</strong> ela, não é, papai? Você não o deixará<br />

machucá-la novamente?<br />

Ele olhou ansiosamente para Ewan, muito sério. Parecia mais velho que seus oito anos naquele<br />

momento, <strong>com</strong>o se ass<strong>um</strong>isse <strong>um</strong>a grande responsabilidade, <strong>um</strong>a muito grande para sua idade, mas que<br />

estava determinado a realizar.


— Não, filho. Não permitirei que Duncan Cameron faça mal a moça.<br />

O alívio inundou expressão de Crispen e de repente ele pareceu extremamente cansado. Balançou-se<br />

em sua cadeira e aconchegou-se no braço de Ewan.<br />

Por <strong>um</strong> momento longo, Ewan olhou fixamente para a cabeça do seu filho, resistindo ao desejo de<br />

correr seus dedos por suas tranças. Ewan não podia ajudar, mas sentia <strong>um</strong>a onda de orgulho pelo modo<br />

<strong>com</strong>o Crispen lutou pela mulher que o salvou. De acordo <strong>com</strong> Alaric, Crispen intimidou Alaric e seus<br />

homens para trazê-la para os McCabe. E agora estava enfrentando o pai para manter <strong>um</strong>a promessa.<br />

—Ele está dormindo. - Alaric murmurou.<br />

Ewan cuidadosamente passou as mãos sobre a cabeça de seu filho e o segurou solidamente contra seu<br />

peito.<br />

— Quem é esta mulher, Alaric? Por que estava <strong>com</strong> Cameron?<br />

Alaric deu <strong>um</strong> suspiro frustrado.<br />

— Gostaria de poder dizer. A moça não falou nenh<strong>um</strong>a palavra o tempo que esteve conosco. Ela e<br />

Crispen ficaram tão mudos quanto dois monges que fizeram votos de silêncio. Tudo que sei é que<br />

quando a encontrei, estava muito ferida. Nunca vi <strong>um</strong>a moça tão maltratada <strong>com</strong>o ela. Virou meu<br />

estômago, Ewan. Não existe nenh<strong>um</strong>a desculpa para <strong>um</strong> homem tratar <strong>um</strong>a mulher <strong>com</strong>o ele fez. E<br />

ainda, mesmo ferida, enfrentou a mim e meus homens quando achou que éramos <strong>um</strong>a ameaça para<br />

Crispen.<br />

— Ela não disse nada o tempo inteiro que esteve <strong>com</strong> você? Nenh<strong>um</strong> deslize? Pense, Alaric. Ela deve<br />

ter dito algo. Simplesmente não é da natureza de <strong>um</strong>a mulher ficar muda por longos períodos.<br />

Alaric grunhiu.<br />

— Alguém devia dizer isso a ela. Estou dizendo, Ewan, ela não disse nada. Olhou fixamente para<br />

mim <strong>com</strong>o eu fosse alg<strong>um</strong> tipo de sapo. Pior, ela fez Crispen agir <strong>com</strong>o se eu fosse o inimigo. Os dois<br />

sussurraram <strong>com</strong>o conspiradores e olharam para mim quando ousei intervir.<br />

Ewan fez <strong>um</strong>a carranca e bateu os dedos na madeira sólida da mesa.<br />

— Por que Cameron quis casar-se <strong>com</strong> ela? Além disso, o que <strong>um</strong>a mulher das Highlands estava<br />

fazendo em <strong>um</strong>a abadia nas Terras Baixas? Os highlanders guardam suas filhas <strong>com</strong>o ouro. Eu não<br />

posso me imaginar enviando <strong>um</strong>a filha para longe, em <strong>um</strong>a abadia.<br />

— A menos que a moça estivesse sendo castigada. - Alaric assinalou. - Talvez ela tivesse sido pega<br />

por <strong>um</strong>a indiscrição. Mais de <strong>um</strong>a moça foi cortejada entre os arbustos fora da santidade de casamento.<br />

— Ou talvez <strong>um</strong>a megera <strong>com</strong> <strong>um</strong> pai desesperado. - Ewan murmurou, quando se lembrou o quão<br />

difícil e obstinada ela havia sido momentos antes.<br />

Nisso ele podia acreditar. Mas ela teria que ter <strong>com</strong>etido <strong>um</strong> pecado muito grave para <strong>um</strong> pai enviá-la<br />

para longe.<br />

Alaric riu.<br />

— Ela é bem espirituosa. Mas protegeu Crispen. Colocou seu corpo entre ele e outros homens mais<br />

de <strong>um</strong>a vez e sofreu por isto.<br />

Ewan ponderou por <strong>um</strong> momento longo. Então olhou para Alaric novamente.


— Você viu estes ferimentos?<br />

Alaric movimentou a cabeça.<br />

— Sim, Ewan, o bastardo a chutou. Existiam impressões de <strong>um</strong>a bota nas costas dela.<br />

Ewan amaldiçoou e sua voz ecoou por todo o salão.<br />

— Gostaria de saber qual é a sua ligação <strong>com</strong> Cameron. E por que ele a quer tanto a ponto de<br />

sequestrá-la de <strong>um</strong>a abadia e agredi-la por se recusar a casar-se <strong>com</strong> ele. Por que então pensaria em usar<br />

meu filho para influenciá-la?<br />

— E teria funcionado. Alaric disse em <strong>um</strong>a voz apavorada. - A moça estava muito protetora <strong>com</strong><br />

Crispen. Se Cameron o ameaçou, ela teria consentido. Tenho certeza disto.<br />

— E isso representa <strong>um</strong> problema para mim. - Ewan disse taciturno. - Cameron a quer. Meu filho<br />

quer que eu a proteja. A moça só quer ir embora. E ainda existe o mistério de quem ela é.<br />

— Se Cameron descobrir seu paradeiro, ele virá buscá-la. - Alaric advertiu.<br />

Ewan movimentou a cabeça.<br />

— Então ele virá.<br />

Os irmãos trocaram <strong>um</strong> olhar e se levantaram. Alaric acenou <strong>com</strong> a aceitação da declaração silenciosa<br />

de Ewan. Se Cameron queria <strong>um</strong>a briga, os McCabes estariam mais do que dispostos a dar-lhe.<br />

— E a moça? - Alaric finalmente perguntou.<br />

— Decidirei assim que ouvir a história inteira dela. - Ewan disse.<br />

Ewan podia ser <strong>um</strong> homem razoável, e <strong>um</strong>a vez que a moça percebesse isso, cooperaria.


Capítulo 5<br />

Mairin despertou sabendo que não estava sozinha no quarto minúsculo onde dormiu. Sua nuca<br />

arrepiou-se e cuidadosamente abriu <strong>um</strong> olho para ver Ewan McCabe de pé na entrada.<br />

A luz do sol entrava pela janela, penetrando pelas frestas das cortinas. A luz de alg<strong>um</strong>a maneira o fez<br />

mais ameaçador <strong>com</strong>o se estivesse envolto pela escuridão. <strong>Na</strong> luz, ela podia ver o quanto ele era grande.<br />

Era <strong>um</strong> retrato ameaçador, emoldurado pela porta onde estava.<br />

— Perdoe-me a intrusão. - Ewan disse em <strong>um</strong>a voz áspera. — Estava tentando localizar meu filho.<br />

Foi então que seguiu o olhar dele e viu alguém ao lado dela. Crispen deve ter vindo para sua cama<br />

durante a noite. Estava firmemente aconchegado ao seu lado, as cobertas apertadas contra seu pescoço.<br />

— Sinto muito. Eu não sabia… - ela <strong>com</strong>eçou.<br />

— Ele também se enfiou na minha cama ontem à noite, estou certo que você não percebeu. - ele<br />

secamente disse. – Aparentemente, veio para cá durante a noite.<br />

Mairin <strong>com</strong>eçou a se mover, mas Ewan levantou <strong>um</strong>a mão.<br />

— Não, não o desperte. Você precisa descansar. Pedirei a Gertie <strong>um</strong> desjej<strong>um</strong> para você.<br />

— Obrigada.<br />

Mairin olhou fixamente para ele, insegura do que fazer <strong>com</strong> sua generosidade súbita. Ontem ele tem<br />

sido tão feroz, sua carranca tinha sido suficiente assustar <strong>um</strong> guerreiro feroz. Depois de <strong>um</strong> pequeno<br />

aceno <strong>com</strong> a cabeça, Ewan saiu do quarto e fechou a porta atrás dele.<br />

Mairin franziu o cenho. Não acreditava em tal mudança. Então olhou para o menino dormindo<br />

próximo a ela. Suavemente, tocou em seus cabelos, maravilhada <strong>com</strong> os cachos que emolduravam seu<br />

rosto. Com o tempo, ficaria <strong>com</strong>o o de seu pai.<br />

Talvez o laird tenha se acalmado ao ver seu filho seguro. Talvez estivesse grato e arrependido por sua<br />

grosseria.<br />

A esperança tomou seu peito. Ele poderia estar mais receptivo e ajudá-la <strong>com</strong> transporte e alimentos.<br />

Não tinha nenh<strong>um</strong>a ideia para onde fugir, mas sabendo que Duncan Cameron parecia ser inimigo<br />

jurado de Ewan McCabe, não era <strong>um</strong>a boa idéia permanecer lá.<br />

A tristeza tomou conta de seu coração e ela abraçou Crispen. A abadia, que foi sua casa por tanto<br />

tempo, e a presença confortante das irmãs, não estavam mais disponíveis para ela. Estava sem <strong>um</strong>a casa e<br />

<strong>um</strong> porto seguro.<br />

Fechando seus olhos, sussurrou <strong>um</strong>a fervorosa oração por misericórdia e proteção de Deus.<br />

Seguramente, Ele a ajudaria na necessidade.<br />

Quando acordou, Crispen havia desaparecido de sua cama. Ela esticou e dobrou seus dedos do pé, e<br />

imediatamente estremeceu quando a dor serpenteou por seu corpo. Nem <strong>um</strong> banho quente e <strong>um</strong>a cama<br />

confortável a libertaram de seu desconforto. Ainda assim, podia se mover consideravelmente melhor que<br />

na véspera e estava certamente bem o suficiente para montar sozinha <strong>um</strong> cavalo.<br />

Jogando de lado as mantas, ela colocou seus pés no chão de pedra e encolheu-se <strong>com</strong> o frio.<br />

Levantou-se e foi para a janela abrir as cortinas e permitir que a luz do sol entrasse.


Os raios deslizaram sobre ela <strong>com</strong>o âmbar líquido. Fechou seus olhos e virou seu rosto para o sol,<br />

ávida por calor.<br />

Era <strong>um</strong> dia bonito <strong>com</strong>o só <strong>um</strong> dia de primavera nas Highlands podia ser. Olhou ao longo das<br />

encostas, desfrutando do conforto de ver <strong>um</strong>a casa pela primeira vez que em muitos anos. Neamh<br />

Álainn. Um dia, olharia seu legado – o legado de seu filho. A única parte de seu pai que ela teve.<br />

Apertou as mãos.<br />

— Eu não falharei. - sussurrou.<br />

Sem querer desperdiçar mais tempo naquele quarto, cobriu-se <strong>com</strong> o vestido simples que <strong>um</strong>a das<br />

mulheres deixou para ela. O decote era bordado <strong>com</strong> flores, e no meio, em verde e ouro, estava o que ela<br />

pres<strong>um</strong>iu ser o brasão dos McCabes. Contente por estar vestindo algo diferente que as cores de Duncan<br />

Cameron, apressou-se em direção à porta.<br />

Quando se aproximou do andar inferior, hesitou, sentindo-se de repente insegura. Mairin foi salva de<br />

fazer <strong>um</strong>a entrada desajeitada no salão quando <strong>um</strong>a das mulheres McCabe a viu. A mulher sorriu e se<br />

apressou a saudá-la.<br />

— Boa tarde. Está se sentindo melhor hoje?<br />

Mairin estremeceu.<br />

— É tarde? Não quis dormir o dia inteiro.<br />

— Você precisava descansar. Meu nome é Christina, a propósito. Qual é o seu ?<br />

Mairin corou, sentindo-se de repente <strong>um</strong>a tola. Perguntou-se se devia inventar <strong>um</strong> nome, mas odiou a<br />

idéia de ter que mentir.<br />

— Não posso dizer. – ela murmurou.<br />

Christina arqueou as sobrancelhas rapidamente, mas para sua sorte, não perguntou mais nada. Então,<br />

colocou seu braço no de Mairin.<br />

— Pois bem, Senhora. Vou levá-la à cozinha antes que Gertie dê sua refeição aos cães.<br />

Sentindo-se aliviada porque Christina não a pressionou, deixou que a menina a levasse para a<br />

cozinha, onde <strong>um</strong>a mulher mais velha estava acendendo o fogo do fogão. Mairin esperava encontrar <strong>um</strong>a<br />

mulher corpulenta, por isso não teve certeza de quem era. As mulheres encarregadas das cozinhas não<br />

deviam ser robustas?<br />

Gertie era muito magra, seus cabelos grisalhos estavam presos <strong>com</strong> <strong>um</strong> laço apertado na nuca. Fios<br />

escapavam por todos os lados sobre seu rosto, dando a mulher <strong>um</strong> ar selvagem. Ela olhou<br />

demoradamente para Mairin, desconfiada.<br />

— Já era tempo de se levantar, moça. Ninguém aqui fica deitado por tanto tempo, a menos que esteja<br />

morrendo. Não acho que você não esteja morrendo,porque está aqui na minha frente sã e forte. Não<br />

faça disso <strong>um</strong> hábito, pois não vou guardar sua <strong>com</strong>ida novamente.<br />

Surpresa, o primeiro instinto de Mairin foi rir, mas não queria ofender a mulher. Em vez disso,<br />

dobrou as mãos solenemente na frente da mulher e prometeu que nunca mais faria isso novamente. Uma<br />

promessa que c<strong>um</strong>priria, pois não planejava passar outra noite no castelo.


— Sente-se, então. Há <strong>um</strong> banquinho no canto. Você pode tomar sua refeição lá. Não há nenh<strong>um</strong><br />

sentindo em arr<strong>um</strong>ar a mesa da sala apenas para <strong>um</strong>a pessoa.<br />

Mairin h<strong>um</strong>ildemente obedeceu e logo ocupou a vasilha <strong>com</strong> <strong>com</strong>ida. Gertie e Christina observavam<br />

enquanto <strong>com</strong>ia e Mairin podia ouvi-las sussurrando quando achavam que não estava olhando.<br />

— Não vai dizer seu nome, moça? – Gertie exclamou <strong>com</strong> voz alta.<br />

Ela voltou-se em direção a Mairin e articulou <strong>um</strong> hmmph.<br />

— Quando as pessoas não dizem seu nome, é porque tem algo a esconder. Quem você é, moça? Não<br />

pense que nosso laird não descobrirá. Ele é muito correto para aceitar tal absurdo vindo de <strong>um</strong>a mulher<br />

<strong>com</strong>o você.<br />

— Então discutirei esse assunto <strong>com</strong> seu laird, e apenas <strong>com</strong> ele. – Mairin disse <strong>com</strong> firmeza.<br />

Gertie revirou os olhos e retomou seu trabalho no fogo.<br />

— Você pode me levar até ele? – Mairin perguntou a Christina enquanto se levantava do banquinho.<br />

– Preciso falar-lhe, imediatamente.<br />

— É claro, senhora. – Christina respondeu <strong>com</strong> sua voz doce. – Eu tenho ordens de levá-la até ele<br />

assim que terminasse de <strong>com</strong>er.<br />

Mairin sentia náuseas, a <strong>com</strong>ida se revirava em seu estômago, <strong>com</strong>o cerveja azeda.<br />

— Você está nervosa? – Christina perguntou enquanto desciam os degraus da torre. — Fique calma.<br />

O laird parece ser rude e pode ser severo quando contrariado, mas é justo e imparcial <strong>com</strong> nosso clã.<br />

Mas Mairin não era parte do clã McCabe o que significava que as políticas sobre o justo e imparcial<br />

não se aplicavam a ela. Mas protegeu seu filho e estava claro que ele amava seu filho. Mairin pensava<br />

nisso a medida em que chegava ao pátio.<br />

Arregalou os olhos ao ver tantos homens treinando. O choque de espadas e escudos quase a<br />

ensurdeceu. A luz do sol refletia no metal e a fez piscar. Tentou focar seus olhos longe dos reflexos que<br />

dançavam no ar. Quando percebeu o que estava vendo, ofegou.<br />

Sua mão escorregou para seu peito e a visão ficou confusa. De repente, percebeu que parou de<br />

respirar. Inspirou profundamente, mas isso não a ajudou.<br />

O laird estava lutando <strong>com</strong> outro soldado usando apenas suas botas e suas calças. Seu tórax nu<br />

cintilava <strong>com</strong> o brilho de suor e <strong>um</strong> filete de sangue deslizava por seu corpo.<br />

Oh, céus de misericórdia.<br />

Ela assistia fascinada, incapaz de desviar o olhar, não importando que fosse <strong>um</strong> pecado cobiçá-lo<br />

daquela forma.<br />

O laird tinha ombros largos. Seu enorme peito ostentava várias cicatrizes. Um homem não chegava à<br />

sua idade sem adquirir cicatrizes de batalha. Eram as marcas de honra de <strong>um</strong> highlander. Um homem<br />

sem elas era considerado fraco, sem coragem.<br />

Os cabelos estavam grudados em suas costas e suas tranças balançavam quando girava para atacar o<br />

oponente. Seus músculos eram rígidos e flexionavam-se enquanto ele balançava a pesada espada no ar.<br />

Seu oponente protegia-se <strong>com</strong> o escudo, mas não era capaz de escapar dos golpes.


O homem mais jovem foi desarmado, sua espada caindo <strong>com</strong> <strong>um</strong> estrondo no chão. Ele teve presença<br />

de espírito para proteger-se <strong>com</strong> o escudo e ficar ali parado, ofegante.<br />

O laird franziu a testa, mas estendeu a mão para ajudar o soldado mais novo.<br />

— Você durou mais tempo desta vez, Heath, mas ainda está permitindo que suas emoções o<br />

controlem. Se não aprender, será <strong>um</strong> alvo fácil nas batalhas.<br />

Heath fez <strong>um</strong>a careta <strong>com</strong>o se não apreciasse muito a crítica do laird. Ignorou a mão estendida e se<br />

pôs de pé, <strong>com</strong> o rosto vermelho de raiva.<br />

Foi então que o laird olhou para cima e viu Mairin <strong>com</strong> Christina. Seus olhos se estreitaram e ela<br />

sentiu o peso daquele olhar.<br />

Ele fez <strong>um</strong> sinal para que Alaric jogasse a túnica. Vestiu-a às pressas, puxando-a sobre o peito nu e<br />

fez <strong>um</strong> sinal para Mairin se aproximar.<br />

Sentindo-se estranhamente desapontada por ele ter vestido a túnica, ela se aproximou arrastando os<br />

pés no chão. Que bobagem. Era <strong>um</strong>a mulher adulta e agia <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a criança na frente daquele homem.<br />

— Venha caminhar <strong>com</strong>igo, moça. Temos muito a discutir.<br />

Ela engoliu em seco e deu <strong>um</strong>a olhada para Christina, que fez <strong>um</strong>a reverência na frente do laird e<br />

saiu pelo mesmo caminho que vieram.<br />

— Venha. –ele disse novamente, n<strong>um</strong> lampejo de sorriso. – Não irei mordê-la.<br />

O rasgo de h<strong>um</strong>or a pegou de surpresa e ela sorriu, <strong>com</strong>pletamente inconsciente de seu efeito sobre<br />

os homens que viam tal cena.<br />

— Muito bem, laird. Já que me convidou, eu ass<strong>um</strong>o o risco de a<strong>com</strong>panhá-lo.<br />

Saíram do pátio e tomaram <strong>um</strong> caminho pela encosta que dava para o lago. Lá em cima, o laird parou<br />

e olhou para as águas.<br />

— Meu filho diz que tenho muito que lhe agradecer.<br />

Mairin cruzou as mãos na frente e juntou <strong>um</strong> pouco do tecido do vestido entre os dedos.<br />

— Ele é <strong>um</strong> bom menino. Ajudou-me tanto quanto eu o ajudei.<br />

O laird assentiu.<br />

— Foi o que ele me disse. E trouxe você para mim.<br />

Mairin não gostou da maneira <strong>com</strong>o ele disse isso. Havia muita posse em sua voz.<br />

—Laird, devo partir hoje. Se não puder me arr<strong>um</strong>ar <strong>um</strong> cavalo, eu entendo. Seguirei a pé, embora<br />

gostaria de receber <strong>um</strong>a escolta até a fronteira.<br />

Ewan voltou-se para ela <strong>com</strong> <strong>um</strong>a sobrancelha erguida.<br />

— A pé? Você não deve fazer isso, moça. Seria sequestrada por alguém assim que saísse de minhas<br />

terras.<br />

Ela franziu o cenho.<br />

— Não, se eu me cuidar.<br />

— Com o mesmo cuidado que teve quando foi sequestrada pelos homens de Duncan Cameron?


O calor subiu pelo rosto de Mairin.<br />

— Isso foi diferente. Eu não estava esperando...<br />

Faíscas divertidas brilharam nos olhos dele.<br />

—Alguém espera ser raptado?<br />

— Sim. – ela sussurrou.<br />

— Diga-me <strong>um</strong>a coisa, moça. Você parece acreditar nas promessas feitas. Aposto <strong>com</strong>o espera que as<br />

pessoas sejam fieis à sua palavra?<br />

— Oh, sim. – ela disse, <strong>com</strong> fervor.<br />

— E assim fez meu filho prometer, não é mesmo?<br />

Ela olhou para baixo.<br />

— Sim, eu fiz.<br />

— E espera que ele c<strong>um</strong>pra a promessa, não é?<br />

Mairin se contorceu desconfortavelmente, mas acenou <strong>com</strong> a cabeça cheia de culpa.<br />

— Como vê, Crispen também me fez prometer algo.<br />

— O que? – ela perguntou.<br />

— Proteger você.<br />

— Oh...<br />

Ela não soube o que dizer. De alg<strong>um</strong>a maneira acabou caindo em <strong>um</strong>a armadilha. Sabia disso.<br />

— Eu diria que é difícil proteger <strong>um</strong>a mulher se ela sair correndo por todas as Highlands, você não<br />

acha?<br />

Mairin fez <strong>um</strong>a careta, infeliz <strong>com</strong> o r<strong>um</strong>o que a conversa estava tomando.<br />

— Eu posso libertá-lo de sua promessa. – ela declarou.<br />

Ele balançou a cabeça, <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso erguendo-se nos cantos de sua boca. Chocada, ela olhou<br />

paralisada <strong>com</strong>o o gesto mudou suas feições.<br />

Ewan era muito bonito. Realmente belo. E parecia ser mais jovem, não tão endurecido. Por ter visto<br />

as cicatrizes, ela sabia que era tudo, menos suave. Não, ele era <strong>um</strong> guerreiro. Não havia <strong>com</strong>o dizer<br />

quantos homens matou em batalha. Ora, ele provavelmente poderia tirar o pescoço de alguém <strong>com</strong> <strong>um</strong>a<br />

mão. Talvez o dela.<br />

— Só Crispen pode me libertar desta promessa, moça. Como tenho certeza de que ele lhe disse, <strong>um</strong><br />

McCabe sempre mantém sua palavra.<br />

Melancolicamente, lembrou-se de Crispen dizendo exatamente isso. Também se lembrou da promessa<br />

que fez a ela, que seu pai iria protegê-la.<br />

— Você está dizendo que não posso partir? – ela sussurrou.<br />

Ewan pareceu considerar sua pergunta por <strong>um</strong> momento, sem nunca afastar o olhar dela.<br />

— Seu soubesse que tem <strong>um</strong> lugar seguro para ir, é claro que permitirei que parta. Para sua família,<br />

talvez?


Ela não ia mentir e dizer que não tinha família. Então permaneceu em silêncio.<br />

O laird suspirou.<br />

— Diga-me seu nome, moça. Diga-me por que Cameron quis tanto se casar <strong>com</strong> você. Prometi a<br />

Crispen protegê-la, e quero, mas não posso fazê-lo, a menos que tenha todos os fatos.<br />

Oh, Deus, ele ficaria furioso de novo quando ela se recusasse a obedecer a sua ordem. Esteve a ponto<br />

de estrangulá-la no dia anterior. A noite de sono não aplacou sua ira, não importando o quão paciente<br />

ele parecia estar naquele momento.<br />

Em vez de desafiá-lo <strong>com</strong>o fez no dia anterior, ela permaneceu muda, apertando as mãos na sua<br />

frente.<br />

— Veja, logo eu descobrirei. Seria melhor se você simplesmente dissesse o que quero saber agora.<br />

Não gosto de ficar esperando. Não sou <strong>um</strong> homem paciente. Principalmente quando sou desafiado por<br />

aqueles que estão sob meu <strong>com</strong>ando.<br />

—Não estou sob seu <strong>com</strong>ando. – ela deixou escapar antes que pudesse pensar melhor.<br />

— Desde o momento em que entrou em minhas terras você está sob meu <strong>com</strong>ando. E prometi ao<br />

meu filho colocá-la sob minha proteção. Você me obedecerá.<br />

Mairin ergueu o queixo, olhando direto para aqueles penetrantes olhos verdes.<br />

— Sobrevivi nas mãos de Duncan Cameron. Sobreviverei a você. Não pode me fazer dizer qualquer<br />

coisa. Bata em mim se quiser, mas eu não direi nada a você.<br />

A indignação faiscou nos olhos de Ewan e sua boca se abriu.<br />

— Acha que eu bateria em você? Acha que eu a trataria da mesma maneira que Cameron?<br />

A fúria em sua voz a fez dar <strong>um</strong> passo para trás. Mairin o ofendeu e a raiva tomava conta do laird.<br />

Ele quase rosnou sua resposta para ela.<br />

— Não tive a intenção de insultá-lo. Nem sei o tipo de homem você é. Mal o conheço e tem que<br />

admitir que nossos encontros não são nada amigáveis.<br />

O laird voltou-se, sua mão passando por seus cabelos. Mairin não saberia dizer se ele estava frustrado<br />

ou se segurando para não apertar os dedos no pescoço dela. Quando ele se virou, seus olhos brilhavam<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong> propósito. Ewan avançou, se aproximando dela. Mairin rapidamente deu <strong>um</strong> passo para trás,<br />

mas ele pairou sobre ela cheio de indignação.<br />

— Nunca, nunca tratei homem ou mulher da maneira <strong>com</strong>o Cameron a tratou. Os cães são tratados<br />

<strong>com</strong> mais consideração. Nunca <strong>com</strong>eta o engano de <strong>com</strong>parar-me <strong>com</strong> ele.<br />

— S-sim, laird.<br />

Ele levantou a mão e tudo o que ela poderia fazer era não vacilar. Como estava impassível, não<br />

demonstrou medo de que ele batesse nela. Em vez disso, Ewan tocou <strong>um</strong> fio de seu cabelo que caia pelo<br />

rosto.<br />

— Ninguém vai machucá-la aqui. Confie em mim.<br />

— Não pode obrigar ninguém a confiar em você.<br />

— Sim, posso. E você terá até amanhã para decidir se confia suficientemente em mim para dizer o<br />

quero saber. Sou o laird e você me obedecerá <strong>com</strong>o todos aqui me obedecem. Estamos entendidos?


— Isso... Isso é ridículo. – ela disse, esquecendo seu medo de irritá-lo ainda mais. – Essa é a coisa<br />

mais absurda que já ouvi.<br />

Mairin virou-lhe as costas, dizendo sem palavras o que achava de suas ordens. Quando ela se<br />

afastou,não pôde ver o sorriso divertido que se desenhou no rosto de Ewan.


Capítulo 6<br />

Mairin passou a tarde estudando as defesas do castelo e procurando <strong>um</strong>a rota de fuga,já que o laird<br />

não lhe dera nenh<strong>um</strong>a escolha. Enquanto observava o que acontecia ao seu redor, considerou para onde<br />

ela viajaria.<br />

Duncan vasculharia as outras abadias. Então, era <strong>um</strong>a escolha óbvia. A família de sua mãe vivia nas<br />

ilhas ocidentais, mas ela abandonou seu clã quando se tornou amante do rei. E, sinceramente, Mairin não<br />

podia contar <strong>com</strong> eles ao saberem de Neamh Alainn. Ela se encontraria casada <strong>com</strong> o primeiro homem<br />

que descobrisse sua herança.<br />

Precisava de tempo. Tempo para considerar o melhor caminho.<br />

A madre Serenity estava estudando <strong>com</strong> Mairin <strong>um</strong>a lista de possíveis candidatos para casamento.<br />

Mairin não queria <strong>um</strong> guerreiro, mas reconheceu a necessidade de ter <strong>um</strong> <strong>com</strong>o seu marido. A partir do<br />

momento em que reivindicasse seu legado, seu marido teria que passar o resto de sua vida defendendo-o<br />

de gananciosos homens sedentos de poder.<br />

Entretanto, não era assim que o mundo girava? Só os fortes sobreviviam. Os fracos pereciam.<br />

Ela franziu o cenho. Não, isso não era verdade. Deus protege os mais fracos. Talvez seja por isso que<br />

ele criou os guerreiros, para proteger as mulheres e as crianças. O que significava que Duncan Cameron<br />

só poderia ser o diabo.<br />

Com <strong>um</strong> suspiro, colocou as mãos no chão aquecido pelo sol, <strong>com</strong> a intenção de levantar-se e voltar<br />

para o quarto. Antes que pudesse fazê-lo, viu Crispen subindo a encosta, acenando para ela.<br />

Mairin sentou-se novamente no chão e esperou ele se aproximar. Um sorriso estampava-se no rosto<br />

do menino quando sentou-se ao seu lado.<br />

— Você está se sentindo bem hoje? – ele perguntou educadamente.<br />

— Estou melhor.<br />

Ele se aconchegou ao seu lado.<br />

— Fico feliz. Você falou <strong>com</strong> papai?<br />

Mairin suspirou.<br />

— Sim.<br />

Crispen sorriu para Mairin.<br />

— Eu disse que ele ia cuidar de tudo.<br />

— É verdade, você disso isso. – ela murmurou.<br />

— Então, você vai ficar?<br />

A expressão esperançosa no rosto dele fez o coração de Mairin derreter. Ela o envolveu em seus<br />

braços e o apertou.<br />

— Não posso ficar, Crispen. Você deve saber. Há outros homens além de Duncan Cameron que me<br />

raptariam, se souberem que eu sou.<br />

Crispen olhou para ela.


— Por quê?<br />

— É <strong>com</strong>plicado. – ela murmurou. – Gostaria que fosse diferente, mas a madre Serenity sempre me<br />

disse que precisamos fazer o melhor <strong>com</strong> o que temos.<br />

— Quando você partirá e para onde irá? Eu a verei de novo?<br />

Mairin precisava ter cautela. Não poderia fazer Crispen correr até seu pai e dar a notícia de sua<br />

partida.<br />

— Eu não sei, ainda. Estou planejando.<br />

Ele virou o queixo para cima para olhar nos olhos dela.<br />

—Você vai me dizer antes de partir, para que eu possa dizer adeus?<br />

O coração de Mairin doía <strong>com</strong> a idéia de deixar o menino de quem aprendera a gostar nos últimos<br />

dias. Mas não iria mentir.<br />

— Não posso prometer, Crispen. Talvez devêssemos dizer o nosso adeus agora para termos certeza<br />

de dizermos tudo o que queremos dizer.<br />

Ele se levantou e arremessou os braços ao seu redor, quase a derrubando no chão.<br />

— Eu te amo. Não quero que você vá.<br />

Mairin o abraçou e pressionou <strong>um</strong> beijo em sua cabeça.<br />

— Eu também amo você, querido. Vou mantê-lo sempre perto de meu coração.<br />

— Promete?<br />

Ela sorriu.<br />

— Isso eu posso prometer.<br />

— Será que você pode se sentar ao meu lado no jantar desta noite?<br />

Como ela não planejava partir até que todos estivessem deitados, o pedido do menino lhe pareceu<br />

razoável. Ela assentiu <strong>com</strong> a cabeça e Crispen sorriu para ela.<br />

Mairin e Crispen ouviram <strong>um</strong> grito ecoando do pátio. Ela se virou na direção do barulho para ver<br />

<strong>um</strong>a procissão de soldados montados em cavalos e marchando sobre a ponte do castelo.<br />

Crispen soltou-se dela e correu vários metros antes de parar.<br />

—É tio Caelen! Ele está de volta!<br />

— Então é claro que você deve ir c<strong>um</strong>primentá-lo. – Mairin disse <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso.<br />

Ele correu de volta para ela e segurou-lhe <strong>um</strong>a das mãos, tentando puxá-la.<br />

— Você também vem!<br />

Mairin balançou a cabeça e puxou a mão.<br />

— Ficarei aqui. Vá em frente. Logo me juntarei a você.<br />

A última coisa que precisava era conhecer outro irmão McCabe. Ela estremeceu. Provavelmente era<br />

tão irritante quanto Ewan e Alaric.<br />

Ewan chegou para c<strong>um</strong>primentar Caelen assim que este desceu do cavalo e caminhou em direção ao<br />

irmão mais velho.


— É verdade? Crispen voltou? – Caelen perguntava.<br />

— Sim, é verdade. Alaric o trouxe para casa ontem.<br />

— Bem, e onde está o pirralho?<br />

Ewan sorriu quando Crispen chegou ao pátio gritando “tio Caelen” a plenos pulmões. Caelen ficou<br />

branco e cambaleou para trás antes de segurar o menino que se atirou em seus braços.<br />

— Deus seja louvado. – Caelen ofegava. – Você está vivo.<br />

Crispen jogou os braços ao redor do pescoço do tio.<br />

— Sinto muito, tio Caelen. Não queria assustá-lo. Mas não se preocupe. Mairin cuidou muito bem de<br />

mim.<br />

Ewan ergueu as sobrancelhas. Ao lado dele, Alaric também notou o deslize de Crispen. Caelen fez<br />

<strong>um</strong>a careta e olhou para Ewan.<br />

— Quem diabos é Mairin?<br />

Crispen ficou rígido nos braços de Caelen. Lutou até que o tio o colocasse de volta no chão. Então,<br />

virou-se para Ewan, <strong>com</strong> tormento em seu olhar.<br />

— Oh, não, papai. Eu quebrei minha promessa. Quebrei!<br />

Ewan chegou perto de seu filho e o apertou seus ombros para confortá-lo.<br />

— Foi sem querer, meu filho. Se isso o fizer sentir-se melhor, peço para Alaric e Caelen esquecerem<br />

imediatamente.<br />

— E você, papai? – Crispen perguntou ansiosamente. — Também vai esquecer?<br />

Ewan abafou <strong>um</strong>a risada e depois olhou para seus irmãos.<br />

— Faremos <strong>um</strong> esforço para esquecermos.<br />

— Será que alguém pode me dizer o que está acontecendo? – Caelen perguntou. – É alg<strong>um</strong>a coisa a<br />

ver <strong>com</strong> a mulher estranha que está sentada na colina?<br />

Ewan seguiu o olhar de Caelen e viu Mairin sentada na colida ao lado do castelo. Caelen notou<br />

imediatamente que havia <strong>um</strong>a estranha na fortaleza. Sempre foi extremamente cauteloso sobre quem<br />

tinha acesso às terras. Uma lição aprendida da maneira mais difícil.<br />

— Ela não vai ficar. – Crispen disse, infeliz.<br />

Ewan virou-se bruscamente na direção do filho.<br />

— Por que você diz isso?<br />

— Ela disse que não podia.<br />

— Ewan? Vou ter que lhe bater para conseguir essa informação? – Caelen perguntou.<br />

Ewan ergueu a mão para silenciar Caelen.<br />

— Ela disse qualquer outra coisa, Crispen?<br />

Crispen franziu a testa e abriu a boca, mas depois a fechou de novo.<br />

— Já quebrei minha promessa. – ele murmurou. – Não deveria dizer mais nada.


Ewan suspirou e balançou a cabeça. Toda essa confusão foi suficiente para dar-lhe <strong>um</strong>a enorme dor<br />

de cabeça. Deus o salvasse das mulheres teimosas e reticentes. Pior, ganhou o coração de seu filho ,<br />

agora não poderia partir tão rápido. Ewan franziu o cenho. Não era que quisesse que ela ficasse. Não<br />

queria Crispen magoado. Mas também não queria <strong>um</strong>a mulher difícil ou os problemas que ela trouxe.<br />

— Por que você não vai na frente? Tenho alg<strong>um</strong>as coisas que preciso discutir <strong>com</strong> Caelen e Alaric.<br />

Em vez de ficar ofendido, os olhos do menino brilharam. Ele correu direto para onde Mairin estava<br />

sentada.<br />

— Mairin? Quem diabos é Mairin e o que ela tem a ver <strong>com</strong> Crispen? Além disso, o que ela está<br />

fazendo aqui?<br />

Ewan apontou o dedo para Alaric.<br />

— Ele a trouxe.<br />

Como esperado, Alaric imediatamente negou sua participação na confusão toda. Caelen estava perto<br />

de perder a paciência, não que tivesse muita, por isso Ewan disse-lhe tudo o que sabia. Alaric preencheu<br />

<strong>com</strong> alg<strong>um</strong>as informações e quando terminaram, Caelen olhou para Ewan <strong>com</strong> descrença.<br />

— Ela não lhe contou nada? E você permitiu?<br />

Ewan suspirou.<br />

— O que você quer que eu faça? Bater nela <strong>com</strong>o Cameron fez? Dei-lhe até amanha para decidir se<br />

confia em mim.<br />

— E o que fará se ela se recusar? – Alaric sorriu.<br />

— Ela não irá recusar.<br />

— O importante é que temos Crispen de volta. – disse Caelen. – O que a mulher faz ou diz é<br />

irrelevante. Se Cameron procurar briga, ficarei muito feliz em dar-lhe <strong>um</strong>a e enviar a mulher de volta.<br />

— Vamos, está escurecendo e Gertie nos espera para o jantar. Ela não gosta de servir <strong>um</strong>a refeição<br />

fria, vocês sabem. – Ewan disse. – Deixem o assunto de Mairin <strong>com</strong>igo. Os dois não precisam se<br />

preocupar.<br />

— Como se quiséssemos. – Caelen murmurou.


Capítulo 7<br />

Mairin puxou o xale para mais perto de seu corpo e andou por cima do muro em ruínas. Escolheu o<br />

caminho mais próximo do lago porque havia poucos guardas ali naquele lado. Afinal, <strong>um</strong> inimigo<br />

dificilmente atacaria vindo das águas.<br />

O ar da primavera estava frio e, de repente, a decisão de deixar o calor de seu pequeno quarto não<br />

pareceu tão maravilhosa.<br />

A refeição da noite foi <strong>um</strong> evento estressante. Deu <strong>um</strong>a olhada no irmão mais novo do laird e pensou<br />

melhor na sua promessa de se sentar ao lado de Crispen na mesa. Ele fez <strong>um</strong>a careta para ela. Já havia<br />

enfrentado as carrancas dos outros irmãos McCabe, mas havia <strong>um</strong>a escuridão em Caelen que a enervou.<br />

Ela deu <strong>um</strong>a desculpa sobre não se sentir bem e correu para seu quarto. Sem se intimidar <strong>com</strong> sua<br />

partida, Crispen trouxe <strong>um</strong> prato de alimentos até sua porta e os dois sentaram de pernas cruzadas em<br />

frente ao fogo para <strong>com</strong>er. Depois disso, Mairin alegou cansaço e pediu a Crispen que fosse para seu<br />

quarto. E esperou. Durante horas, ouviu os sons do castelo diminuirem. Quando teve certeza de que<br />

todos estavam deitados, sorrateiramente desceu as escadas e saiu pelo caminho que dava para o lago.<br />

Sua respiração ficou mais calma quando entrou no bosque de arvores que dividia parte do lago do<br />

castelo. Ali ela poderia se mover <strong>com</strong> certa obscuridade e seguir o lago até partir.<br />

Um forte barulho de água a surpreendeu e ela voltou-se. Prendeu a respiração enquanto olhava<br />

através das árvores as águas escuras. Havia apenas a fraca luz da lua sobre a superfície ondulante, mas foi<br />

o suficiente para ver três homens nadando. Também foi o suficiente para ver quem estava tomando<br />

banho. Ewan McCabe e seus irmãos estavam no lago, e, Deus tenha misericórdia dela, eles não tinha<br />

nenh<strong>um</strong>a roupa sobre o corpo.<br />

Ela imediatamente cobriu os olhos <strong>com</strong> ambas as mãos, mortificada ao ver os traseiros de três<br />

homens adultos. Eles eram loucos? A água do lago devia estar incrivelmente fria. Estremeceu <strong>com</strong> o<br />

mero pensamento do quanto estaria gelado para nadar.<br />

Durante alguns minutos ela se sentou, agachou-se atrás de <strong>um</strong>a árvore, as mãos cobrindo os olhos,<br />

até que finalmente os descobriu para ver Ewan McCabe sair da água. Seus olhos se arregalaram em<br />

choque e suas mãos pendiam, enquanto olhava fascinada a visão do homem totalmente nu. Ele se<br />

levantou, enxugou-se <strong>com</strong> a toalha e cada movimento só chamava mais a atenção para seu corpo<br />

musculoso. E ... e... ela não queria nem pensar sobre a área entre as pernas.<br />

Quando se deu conta que estava olhando muito descaradamente para sua... sua masculinidade... de<br />

novo colocou as duas mãos sobre os olhos e mordeu o lábio inferior para abafar <strong>um</strong> gemido<br />

Sua única esperança era que eles terminassem seu banho e voltassem para o castelo. Não correria o<br />

risco de mover-se entre as árvores, atraindo a atenção, mas também não podia ficar ali sentada, olhandoos<br />

sem pudor.<br />

O calor queimou suas bochechas e embora mantivesse os olhos firmemente cobertos, a imagem de<br />

Ewan McCabe sem roupa queimava através de sua mente <strong>com</strong> clareza espantosa. Não importava o que<br />

fizesse, não conseguia se livrar da imagem dele de pé, na água, <strong>com</strong>pletamente nu.<br />

Levaria pelo menos três confissões para expiar este pecado.


— Você pode olhar agora. Asseguro-lhe que estou <strong>com</strong>pletamente vestido.<br />

A voz seca do laird deslizou em seus ouvidos. A vergonha caiu sobre ela e seu rosto ficou corado<br />

<strong>com</strong> a h<strong>um</strong>ilhação. Talvez se ela desejasse <strong>com</strong> muita fé, o laird estaria muito, muito longe.<br />

— Não é provável. – veio a resposta divertida<br />

Ela deixou cair <strong>um</strong>a mão para a boca, onde deveria ficar o tempo todo para não dizer mais nada de<br />

estúpido, <strong>com</strong>o o fato de querer o laird bem longe.<br />

Quando descobriu os olhos,deu <strong>um</strong>a olhada nele para ver se estava mesmo vestido. Ewan estava de<br />

pé, pernas afastadas, braços cruzados sobre o peito e, claro, <strong>um</strong>a carranca no rosto.<br />

— Quer me dizer o que fazia rondando no escuro?<br />

Seus ombros cederam. Aparentemente, Mairin nem conseguia realizar <strong>um</strong>a fuga direito. Como<br />

poderia saber que ele e seus irmãos gostavam de nadar tão tarde?<br />

— Tenho que responder? – ela murmurou.<br />

O laird suspirou.<br />

— Que parte você não entendeu sobre eu ter que protegê-la? Não vejo <strong>com</strong> bons olhos minha<br />

autoridade sendo descaradamente ignorada. Se fosse <strong>um</strong> de meus soldados, eu a mataria.<br />

Não soava <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a ameaça. Nem <strong>com</strong>o se tivesse dito para impressioná-la. Deus, ele dizia a<br />

verdade e isso serviu para assustá-la ainda mais. Mas, mesmo assim, Mairin o enfrentou.<br />

— Não estou sob sua autoridade, laird. Não estou sob a autoridade de ninguém, exceto a minha e a<br />

de Deus.<br />

O laird sorriu para ela, seus dentes brilhando ao luar.<br />

— Para <strong>um</strong>a moça determinada a fazer seu próprio caminho, está indo mal. Agora, sugiro que volte<br />

para o castelo, de preferência direto para seu quarto antes que meu filho vá procurá-la. Ele parece ter<br />

certa afinidade para dormir <strong>com</strong> você. Não quero imaginar a reação dele quando encontrar sua cama<br />

vazia.<br />

Oh, isso era injusto e o laird sabia disso. Estava manipulando suas emoções e se esforçando para<br />

fazê-la se sentir culpada por deixar Crispen. Ela franziu o cenho fortemente para fazê-lo saber de seu<br />

desagrado, mas Ewan a ignorou e tomou-lhe o braço entre as mãos fortes.<br />

Mairin não tinha escolha a não ser permitir que ele a conduzisse de volta a torre. Caminhou <strong>com</strong> ela<br />

e entrou no pátio, onde fez <strong>um</strong>a pausa para emitir <strong>um</strong> forte <strong>com</strong>ando a <strong>um</strong> dos guardas para não<br />

permitir que ela escapasse de novo. Em seguida, insistiu em a<strong>com</strong>panhá-la até o quarto. Abriu a porta e<br />

empurrou-a para dentro. Então, ficou parado na porta, olhando-a ferozmente.<br />

— Se você pretende me intimidar olhando-me assim, está destinado a fracassar. – ela disse,<br />

alegremente.<br />

Ewan olhou para cima por <strong>um</strong> momento e Mairin poderia jurar que ele estava contando em voz<br />

baixa. Levou <strong>um</strong> segundo, <strong>com</strong>o se estivesse tentando buscar paciência, o que a divertiu, considerando<br />

que ele não parecia ter nenh<strong>um</strong>a.<br />

— Se precisar trancar a porta, eu o farei. Posso ser <strong>um</strong> homem afável, moça, mas você está provando<br />

minha boa vontade. Dei-lhe até amanhã para confiar em mim, depois disso, posso garantir que você não


gostará de minha hospitalidade por mais tempo.<br />

— Eu não gosto agora. – ela disse irritada.- Você pode sair, pois vou me deitar.<br />

Ele apertou a mandíbula e flexionou os dedos da mão. Mairin se perguntava se ele não estaria<br />

imaginando esses dedos em seu pescoço. Então, Ewan se aproximou, olhou nos olhos dela e tocou-a na<br />

ponta do nariz.<br />

— Você não faz as regras aqui, moça. Eu faço. Seria muito interessante você se lembrar disso.<br />

Ela engoliu em seco, sentindo-se de repente esmagada pelo tamanho dele.<br />

— Vou me esforçar para lembrar.<br />

O laird deu <strong>um</strong> aceno curto e então voltou-se e saiu do quarto, batendo a porta <strong>com</strong> <strong>um</strong> estrondo.<br />

Mairin se jogou sobre o colchão de palha e suspirou <strong>com</strong> desgosto. As coisas não saíram <strong>com</strong>o<br />

planejadas. <strong>Na</strong>quele momento, deveria estar bem longe das terras McCabe ou, no mínimo, na fronteira.<br />

Seu plano era partir para o norte, porque não haveria nada para ela ao sul.<br />

Agora, estava presa no castelo <strong>com</strong> <strong>um</strong> laird prepotente que pensava que podia obrigá-la a confiar<br />

nele tão facilmente <strong>com</strong>o se fosse <strong>um</strong> de seus soldados.<br />

Mairin mostraria a ele no dia seguinte que não era tão fácil assim.


Capítulo 8<br />

— Laird! Laird!<br />

Ewan franziu o cenho e olhou por cima da mesa para ver Maddie McCabe correr pela sala, <strong>com</strong> o<br />

rosto corado de esforço.<br />

— O que é isso, Maddie? Estou em negociações aqui.<br />

Maddie ignorou a reprimenda e parou a poucos metros de distância. Estava tão agitada que retorcia<br />

as mãos.<br />

— Com sua permissão, laird. Há algo que eu devo dizer. – ela olhou sorrateiramente ao redor e<br />

então sussurrou. – Em privado, laird. É muito importante!<br />

A cabeça de Ewan <strong>com</strong>eçou a doer. Até aquele momento, a manha tinha sido dramática. Assim <strong>com</strong>o<br />

na noite anterior, quando se lembrou de seu encontro <strong>com</strong> Mairin. A moça ainda não lhe dera <strong>um</strong>a<br />

resposta e ele tinha certeza de que estava sendo propositalmente difícil. Assim que terminasse <strong>com</strong><br />

Alaric e Caelen, ele planejava confrontá-la e dizer que seu tempo acabou.<br />

Ewan ergueu a mão e fez <strong>um</strong> gesto para seus homens saírem. Olhou para Alaric e Caelen e acenou<br />

para que ficassem. Maddie nada tinha para dizer que não pudesse ser feito na frente de seus irmãos.<br />

Assim que os soldados saíram, Ewan voltou sua atenção para Maddie.<br />

— Agora, o que é tão importante para interromper <strong>um</strong>a reunião <strong>com</strong> meus homens?<br />

— É sobre a moça. – <strong>com</strong>eçou e Ewan gemeu.<br />

— E agora? Ela se recusou a <strong>com</strong>er? Ameaçou atirar-se pela janela? Ou talvez desapareceu?<br />

Maddie enviou-lhe <strong>um</strong> olhar intrigado.<br />

— Claro que não, laird. Ela está em seu quarto. Eu mesma levei seu café da manhã.<br />

— Então, o que acontece <strong>com</strong> ela? – Ewan rosnou.<br />

Maddie deixou escapar <strong>um</strong> suspiro <strong>com</strong>o se tivesse percorrido o caminho inteiro.<br />

— Posso sentar-me, laird? A história não é curta.<br />

Caelen revirou os olhos, enquanto Alaric parecia entediado. Ewan apontou-lhe o lugar para sentar.<br />

Ela se sentou e apertou as mãos sobre a mesa à sua frente.<br />

— A moça é Mairin Stuart.<br />

Ela deixou cair o anúncio e esperou que Ewan reagisse de alg<strong>um</strong>a forma.<br />

— Eu sei que o nome da moça é Mairin. Não sabia seu sobrenome, mas é <strong>um</strong> nome bastante <strong>com</strong><strong>um</strong><br />

nas Highlands. A questão é <strong>com</strong>o você conseguiu esta informação? Ela se recusou a dizer quem é. Se<br />

Crispen não deixasse escapar, eu não saberia.<br />

— Não, ela não me disse. Eu sabia, você não entende?<br />

— Não,não entendo. Talvez seja melhor me dizer. – Ewan disse pacientemente.<br />

— Quando subi para levar a refeição, ela estava se vestindo. Foi tudo muito estranho e pedi<br />

desculpas, é claro, mas antes que se cobrisse, eu vi a marca.


A voz de Maddie se ergueu novamente, então sentou-se, <strong>com</strong> os olhos brilhando de emoção. Ewan<br />

olhou para ela <strong>com</strong> expectativa, esperando que continuasse. Senhor, a mulher amava <strong>um</strong>a boa história.<br />

Seus irmãos se recostaram, resignados a ouvir a animada narrativa.<br />

— A moça é Mairin Stuart. – disse novamente. – Ela tem a marca real de Alexander. Eu vi. Ela é a<br />

herdeira de Neamh Alainn.<br />

Ewan balançou a cabeça.<br />

— Isso é <strong>um</strong> monte de bobagens, Maddie. É apenas <strong>um</strong>a lenda que circulou na língua dos bardos.<br />

— Que lenda? – Alaric perguntou assim que se sentou. – Nunca ouvi falar de nenh<strong>um</strong>a lenda <strong>com</strong>o<br />

essa.<br />

— É porque nunca ouve os bardos. – Caelen disse, secamente. – Está sempre ocupado levantando as<br />

saias de alg<strong>um</strong>a meretriz.<br />

— E você ouve esses poetas e cantores? – Alaric zombou.<br />

Caelen encolheu os ombros.<br />

— É <strong>um</strong>a boa maneira de manter-se a par das fofocas.<br />

Os olhos de Maddie brilharam quando voltou sua atenção para Alaric.<br />

— A história diz que o rei Alexander teve <strong>um</strong> filho depois de seu casamento <strong>com</strong> Sybilla, <strong>um</strong>a<br />

menina. E que em seu nascimento, ele marcou a coxa da criança <strong>com</strong> o brasão real para que sua<br />

identidade não fosse questionada. Mas tarde, legou Neamh Alainn ao primogênito dela. – ela se inclinou<br />

e sussurrou – Dizem que fez isso para garantir a ela <strong>um</strong> bom casamento, considerando que era bastarda<br />

e sua mãe era sua amante apenas.<br />

Alaric bufou.<br />

— Todos sabem que Alexander nunca gerou <strong>um</strong>a filha. Ele não tinha filhos legítimos e apenas <strong>um</strong><br />

bastardo, Malcolm.<br />

— Ah, ele teve sim <strong>um</strong>a filha. Mairin Stuart. E está logo acima dessas escadas, em seu quarto. –<br />

Maddie insistiu. – Estou dizendo. Vi a marca. Não estou errada.<br />

Ewan permaneceu em silêncio enquanto refletia sobre as observações de Maddie e de seus irmãos.<br />

Não estava totalmente certo se acreditava neste absurdo, mas certamente explicaria por que Duncan<br />

Cameron estava tão determinado a se casar <strong>com</strong> a moça. E também explicaria porque ela estava tão<br />

desesperada para escapar.<br />

— E por que não reconhecer a moça? – Alaric arg<strong>um</strong>entou. – Um bastardo do rei não teria<br />

dificuldades em garantir <strong>um</strong> bom casamento. Haveria <strong>um</strong>a fila de homens para pedir favores à coroa.<br />

— Ele não queria que ninguém soubesse. – disse Maddie. – Lembro-me há alguns anos atrás de ter<br />

ouvido que Alexander esperou por cinco anos antes de fazer a doação à filha. Ele valorizava seu<br />

casamento <strong>com</strong> Sybilla e Malcolm nasceu antes. Não se sabe <strong>com</strong>o ele explicou o legado, mas logo<br />

depois de sua morte <strong>com</strong>eçaram a correr por aí os boatos sobre a existência da moça.<br />

— Com Malcolm ainda preso, a existência de outro descendente de Alexander poderia dar suporte<br />

aos seguidores dele. – Ewan disse, pensativo. – Poderia ser, de fato, <strong>um</strong> grande motivo para a<br />

determinação de Cameron em desposá-la. Ass<strong>um</strong>ir sua herança lhe daria mais poder do que tem


atualmente. Muito mais poder. A Escócia estaria em guerra de novo e David teria de enfrentar <strong>um</strong>a nova<br />

ameaça. Se Alexander não deixou <strong>um</strong>, mas dois possíveis candidatos ao trono, a posição de David ficaria<br />

enfraquecida. Ele não pode permitir outra longa guerra que só iria dividir a Escócia, mais <strong>um</strong>a vez.<br />

— Mas <strong>um</strong> bastardo não pode herdar. – Caelen lembrou. – Isso nunca seria aceito.<br />

— Pense, Caelen. Se Duncan Cameron tivesse o controle de Neamh Alainn, ele seria invencível. Não<br />

importa as circunstâncias do nascimento dos filhos de Alexander. Com esse tipo de riqueza e poder, se<br />

Cameron optar em aliar-se a Malcolm, qualquer <strong>um</strong> poderia tomar o poder.<br />

— Você está dizendo que acredita nesse lixo? – Alaric perguntou <strong>com</strong> espanto.<br />

— Não estou dizendo nada. Ainda. – Ewan disse calmamente.<br />

— Você não vê, laird? – Maddie falou, <strong>com</strong> a empolgação borbulhando em sua voz. – Ela é a<br />

resposta às nossas orações. Se você se casar <strong>com</strong> ela, então seu herdeiro ficaria <strong>com</strong> Neamh Alainn.<br />

Dizem que traz <strong>um</strong> rico dote <strong>com</strong> seu casamento, além da doação das terras para seu primogênito.<br />

— Casar <strong>com</strong> ela?<br />

Os três irmãos gritaram a pergunta ao mesmo tempo. Ewan escancarou a boca e olhou para Maddie<br />

<strong>com</strong> espanto. Ela concordou enfaticamente.<br />

— Você tem que admitir, é <strong>um</strong> bom plano. Se casar <strong>com</strong> ela, Duncan Cameron a perderá.<br />

— Nisso você tem razão. – Caelen apontou.<br />

Alaric virou-se para Caelen, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão interrogativa.<br />

— Agora você irá se juntar a essa loucura?<br />

Ewan ergueu a mão para silenciá-los. Sua cabeça latejava. Olhou para Maddie, depois de ouvir tudo<br />

<strong>com</strong> atenção.<br />

— Pode ir agora, Maddie. Realmente espero que tudo o que foi dito aqui seja estritamente<br />

confidencial. Se a fofoca correr o castelo, saberei onde se originou.<br />

Maddie levantou-se e fez <strong>um</strong>a reverência.<br />

— Claro, laird.<br />

Ela saiu em seguida e Ewan voltou-se para seus irmãos.<br />

—Diga-me que você não esta considerando essa loucura? – Alaric perguntou antes que Ewan<br />

pudesse dizer alg<strong>um</strong>a coisa.<br />

— Em que loucura você acha que estou pensando? – Ewan perguntou suavemente.<br />

— No casamento. Acreditando que essa moça é a filha bastarda de Alexander, o que a faz sobrinha<br />

de nosso atual rei. Para não mencionar meia-irmã do homem que passou dez anos tentando usurpar o<br />

trono de David.<br />

— Acredito que eu e essa moça teremos <strong>um</strong>a longa conversa. E pretendo ver essa marca. Dada a<br />

relação entre nosso pai e Alexander, vi seu selo real em mais de <strong>um</strong>a ocasião. Saberia dizer se a marca na<br />

perna é verdadeira.<br />

Caelen bufou.


— E você acha que ela levantará a saia para mostrar-lhe? É provável que ganhe <strong>um</strong>a joelhada nos<br />

testículos pela ofensa.<br />

— Posso ser persuasivo quando a situação exige. – Ewan disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a fala arrastada.<br />

— Isso eu adoraria ver. – Alaric disse.<br />

Ewan ergueu as sobrancelhas.<br />

— Você não verá nada do tipo. Se eu pegá-lo mesmo de visl<strong>um</strong>bre sob as saias de Mairin Stuart, irei<br />

pendurá-lo na parede <strong>com</strong> minha espada.<br />

Alaric levantou as mãos em defesa.<br />

— Esqueça o que eu disse. Está muito sensível por <strong>um</strong>a mulher que você afirma que o irrita sem<br />

parar.<br />

— Se a moça for quem Maddie afirma, pretendo casar <strong>com</strong> ela.- Ewan disse severamente. – Nosso clã<br />

precisa das moedas que este dote daria.<br />

Simultaneamente, os irmãos ficaram boquiabertos. Caelen amaldiçoou em voz alta e Alaric balançou<br />

a cabeça enquanto olhava para cima.<br />

— Pense no que está fazendo. – disse Caelen.<br />

— Acho que sou único que está pensando. – Ewan respondeu. – Se for verdade que o primogênito<br />

herda Neamh Alainn, pense no que isso significaria para o nosso clã. Poderíamos controlar as melhores<br />

terras de toda a Escócia. Não ficaríamos sonhando <strong>com</strong> o dia em que nos vingaremos de Duncan<br />

Cameron. Dizimaríamos ele e a seu nome. Seria apagado da história. Nosso nome seria vingado. O clã<br />

McCabe ficaria atrás apenas do rei. Ninguém, eu repito, ninguém jamais teria o poder de nos destruir<br />

<strong>com</strong>o Duncan Cameron fez há quase oito anos.<br />

Seu punho bateu contra a mesa e todo o seu corpo tremia de raiva.<br />

— Fiz <strong>um</strong>a promessa no túmulo de nosso pai que não descansaria até ver restaurada a glória de<br />

nosso clã e faria Duncan Cameron pagar por seus crimes contra nós.<br />

O rosto de Caelen congelou e Ewan podia ver o reflexo da dor nos olhos de seu irmão. Mas ele<br />

balançou a cabeça, seus lábios se apertaram.<br />

— Nisto estamos de acordo.<br />

— Neamh Alainn encontra-se ao norte. Apenas as terras McDonalds estão entre nós. Ser formarmos<br />

<strong>um</strong>a aliança forte <strong>com</strong> eles, teríamos <strong>um</strong> vasto controle sobre a região.<br />

A excitação agitou as veias de Ewan enquanto seus planos dos últimos oito anos ganharam vida em<br />

sua mente. Finalmente, ele via <strong>um</strong>a maneira de c<strong>um</strong>prir a promessa feita ao pai.<br />

— A moça é corajosa e protege ferozmente Crispen. Será <strong>um</strong>a boa mãe para ele e para o resto dos<br />

filhos que ela puder ter. Em troca, terá a minha proteção e nunca mais precisará se preocupar <strong>com</strong><br />

Duncan Cameron.<br />

— Não é a nós que você tem que convencer. – Alaric disse. – É a moça que precisa ser convencida.<br />

Caelen e eu estamos sempre do seu lado. Você também sabe disso. Minha lealdade é para você. Sempre.<br />

E também à mulher <strong>com</strong> quem se casar, não importa quem seja. Ela é <strong>um</strong>a mulher corajosa. Eu mesmo


vi isso. E se traz <strong>um</strong> dote <strong>com</strong>o Neamh Alainn, então não vejo nenh<strong>um</strong>a desvantagem em se casar <strong>com</strong><br />

ela.<br />

Caelen balançou a cabeça, mas não disse nada sobre Mairin. Ewan não esperava que ele dissesse. Seria<br />

<strong>um</strong>a surpresa sabendo que Caelen deixou de confiar nas mulheres. Se pensasse em ter filhos, Ewan teria<br />

pena da mulher <strong>com</strong> quem Caelen casaria. Certa vez, seu irmão entregou-se sem reservas. Uma loucura<br />

da juventude. E jurou nunca mais fazer isso.<br />

Ewan colocou as mãos na mesa e levantou-se.<br />

— Parece que tenho muito coisa para discutir <strong>com</strong> Mairin Stuart. Alaric, quero que você prepare<br />

<strong>um</strong>a escolta e busque o padre McErlroy. Ele está nas terras McDonalds para administrar os últimos<br />

sacramentos aos doentes. Precisarei dele aqui para realizar o casamento. Se a mulher for quem Maddie<br />

diz ser, não quero esperar. Vamos casar imediatamente.


Capítulo 9<br />

Ewan parou na porta do quarto de Mairin e sorriu ao perceber que era bem perto de seus próprios<br />

aposentos. Ela provavelmente não ficaria satisfeita se soubesse <strong>com</strong>o estava perto dele. Bateu<br />

educadamente na porta, mas não esperou pela resposta para abri-la e entrar.<br />

Mairin estava na janela quando se virou, seu cabelo ondulando sobre seus ombros. A cortina estava<br />

afastada permitindo que o sol brilhasse. Estava encantadora, <strong>com</strong> a luz refletindo o tom brilhante de<br />

seus olhos. Sim, de fato era <strong>um</strong>a mulher muito bonita e não seria difícil se casar <strong>com</strong> ela e engravidá-la.<br />

<strong>Na</strong> verdade, agora que estava decidido, não via à hora de ter Mairin em sua cama.<br />

Mairin olhou-o indignada <strong>com</strong> sua intrusão, mas antes que pudesse reclamar, ele ergueu a mão. A<br />

moça não aceitava sua autoridade sobre ela, mas isso mudaria rapidamente. Quando fosse sua esposa,<br />

teria prazer em aconselhá-la sobre seu dever para <strong>com</strong> ele e, o mais importante, sua obediência irrestrita.<br />

— Vai me dizer agora o que quero saber? – ele perguntou. Para ser justo, e Ewan era <strong>um</strong> homem<br />

justo, queria dar a ela a oportunidade de confiar-lhe sua identidade antes de contar que já a conhecia.<br />

Mairin levantou o queixo demonstrando desafio e balançou a cabeça.<br />

— Não. Eu não vou. Não pode me obrigar.<br />

Ewan sentiu que ela esta a ponto de proferir críticas acerbadas, então fez a única coisa que sabia para<br />

silenciá-la. Rapidamente aproximou-se dela, tomando-a em seus braços e puxou-a. Seus lábios<br />

encontraram os dela, enquanto ela, <strong>com</strong> <strong>um</strong> suspiro de indignação, aceitou-o.<br />

Mairin ficou rígida contra ele, empurrando-o, na tentativa de afastá-lo. Ewan roçou sua língua nos<br />

lábios dela, provando a doçura, exigente.<br />

A respiração de Mairin saiu <strong>com</strong>o <strong>um</strong> suspiro. Entreabriu os lábios e se derreteu contra o peito dele<br />

<strong>com</strong>o mel quente. Ela era suave, encaixava-se nele perfeitamente.<br />

Deslizou sua língua sobre a dela. Mairin ficou rígida novamente e seus dedos se enroscaram em seu<br />

peito <strong>com</strong>o punhais minúsculos. Ele fechou os olhos e imaginou aqueles dedos em suas costas enquanto<br />

empurrava entre as coxas dela.<br />

Senhor, ela era doce. Sim, seria muito boa na cama. A imagem dela inchada <strong>com</strong> seu filho surgiu em<br />

sua mente. Ficou satisfeito <strong>com</strong> a ideia. Muito feliz, de fato.<br />

Quando finalmente se afastou, ela tinha os olhos vidrados, os lábios deliciosamente inchados. Ela<br />

piscou várias vezes e depois franziu a testa fortemente.<br />

— Por que fez isso?<br />

— Foi a única maneira de silenciá-la.<br />

— Silenciar-me? Você tomou liberdades <strong>com</strong> minha... meus... meus lábios para me fazer calar? Isso<br />

foi muito impertinente de sua parte, laird. Eu não permitirei que faça isso de novo.<br />

Ele sorriu e cruzou os braços sobre o peito.<br />

— Ah, sim. Você vai.<br />

Mairin escancarou a boca, espantada, e olhou-o de cima abaixo.


— Asseguro-lhe que não vou.<br />

— Garanto que sim.<br />

Ela bateu o pé e Ewan abafou o riso olhando a fúria nos olhos dela.<br />

— Você é <strong>um</strong> idiota! Isso é alg<strong>um</strong> truque? Uma tentativa de seduzir-me para dizer quem eu sou de<br />

verdade?<br />

— De jeito nenh<strong>um</strong>, Mairin Stuart.<br />

Ela recuou em estado de choque. Se ele tinha dúvidas sobre as afirmações de Maddie, agora já não as<br />

tinha mais. A reação de Mairin era genuína. Ela estava totalmente horrorizada por ele saber a verdade.<br />

Mairin também percebeu que sua expressão a entregou, porque não tentou negar. Lágrimas brotaram<br />

em seus olhos e ela voltou-se, levando a mão à boca.<br />

Uma sensação desconfortável surgiu no peito dele. Vê-la aflita o perturbou. A moça já tinha sofrido<br />

bastante e agora parecia totalmente derrotada. A luz desapareceu de seus olhos no momento em que ele<br />

pronunciou seu nome.<br />

— Mairin, - ele disse e a tocou gentilmente nos ombros. Ela tremeu debaixo de seu toque e percebeu<br />

que seu corpo sacudia-se <strong>com</strong> soluços. – Moça, não chore. Isso não é tão mal.<br />

— Não? – ela sussurrou e afastou-se das mãos dele, aproximando-se da janela outra vez. Baixou a<br />

cabeça e seus cabelos caíram sobre o rosto, obscurecendo sua visão.<br />

Ewan não era muito bom <strong>com</strong> lágrimas. Elas o desconcertavam. Sentia-se mais confortável quando<br />

Mairin estava brigando. Então fez a única coisa que sabia que iria enfurecê-la. Ordenou que parasse de<br />

chorar. Como previsto, ela se voltou e gritou.<br />

— Eu vou chorar se quiser. Você não manda em mim!<br />

Ewan arqueou as sobrancelhas.<br />

— Como se atreve a falar assim <strong>com</strong>igo?<br />

Mairin corou, mas pelo menos não estava mais chorando.<br />

— Agora, diga-me sobre esta marca em sua coxa. O selo de seu pai. Eu gostaria de vê-la.<br />

Ela ficou vermelha e recuou <strong>um</strong> passo até ficar na beira da janela.<br />

— Não vou fazer algo tão indecente <strong>com</strong>o mostrar-lhe minha perna!<br />

— Quando estivermos casados, verei mais do que isso. – ele disse suavemente.<br />

— Casar? Eu não vou me casar <strong>com</strong> você, laird. Não me casarei <strong>com</strong> ninguém. Pelo menos, ainda<br />

não.<br />

Claramente a mulher não desconsiderava a ideia de se casar. Era sensata o suficiente para perceber a<br />

importância disso. Ela nunca daria <strong>um</strong> herdeiro a Neamh Alainn se não se casasse. Mairin se sentou na<br />

cama e esticou as pernas.<br />

— Diga-me, por que não? Claro que você já pensou em casamento.<br />

— Sim , várias vezes. Ao longo de todos esses anos. – ela deixou escapar. – Tem ideia de <strong>com</strong>o foram<br />

os últimos dez anos para mim? Vivendo <strong>com</strong> medo, tendo que me esconder de homens que queriam me<br />

forçar à sua vontade, para conseguir vantagens casando-se <strong>com</strong>igo? Homens que querem apenas plantar


sua semente em minha barriga e me descartar quando eu der a luz? Eu era apenas <strong>um</strong>a criança quando<br />

fui forçada a me esconder. Uma criança. Precisava de tempo para formular <strong>um</strong> plano. A madre Serenity<br />

me sugeriu encontrar <strong>um</strong> homem, <strong>um</strong> guerreiro, <strong>com</strong> força para proteger minha herança, mas também<br />

<strong>um</strong> homem <strong>com</strong> honra. Alguém que me tratasse bem. – ela sussurrou. – Um homem que valorizaria o<br />

presente que teria <strong>com</strong> meu casamento. E que me valorizaria.<br />

Ewan ficou impressionado <strong>com</strong> a vulnerabilidade em sua voz. Os sonhos da jovem mulher soavam<br />

<strong>com</strong>o <strong>um</strong> conto. Olhou para ela e viu o medo que sentia de encontrar <strong>um</strong> homem que se casasse <strong>com</strong><br />

ela, deixasse-a grávida e a dispensasse quando não servisse mais a seus propósitos.<br />

Ele suspirou. Mairin queria ser amada e desejada. Ewan não poderia oferecer tais coisas, mas poderia<br />

dar-lhe sua proteção e respeito. Era muito mais do que Duncan Cameron daria.<br />

— Eu nunca vou machucá-la, moça. Será respeitada <strong>com</strong>o esposa do laird do clã McCabe. Eu a<br />

protegerei e a qualquer filho meu que você carregar. Você queria <strong>um</strong> homem <strong>com</strong> força para protegê-la<br />

e defender seu legado. Eu sou esse homem.<br />

Mairin o observou, o ceticismo brilhando em seus olhos.<br />

— Não quero insultá-lo, laird, mas sua casa está desmoronando ao seu redor. Se não pode defender<br />

seu próprio castelo, <strong>com</strong>o posso esperar que defenda Neamh Alainn?<br />

Ele enrijeceu-se <strong>com</strong> o insulto, intencional ou não.<br />

— Você não precisa se irritar <strong>com</strong> tal observação. – ela continuou. – É meu direito questionar as<br />

qualificações do homem <strong>com</strong> quem irei me casar e em cujas mãos colocarei minha vida.<br />

— Passei os últimos oito anos fortalecendo minhas tropas. Não há em toda a Escócia força mais bem<br />

treinada.<br />

— Se isso é verdade, por que o castelo parece ter desabado em <strong>um</strong>a batalha?<br />

— E desabou. – disse sem rodeios. – Oito anos atrás. Desde então meu foco tem sido manter o meu<br />

clã alimentado e meus homens bem treinados. Reparar o castelo foi a prioridade menor.<br />

— Não quero me casar <strong>com</strong> ninguém, ainda. – disse <strong>com</strong> voz triste.<br />

— Sim, posso entender isso. Mas parece que você não tem escolha. Foi descoberta, moça. Se acha que<br />

Duncan Cameron vai desistir de tudo, quando Neamh Alainn está em jogo, está maluca.<br />

— Não precisa me insultar. – ela retrucou. – Não sou idiota.<br />

Ewan encolheu os ombros, impaciente <strong>com</strong> o r<strong>um</strong>o da conversa.<br />

— Do jeito que vejo as coisas, você tem apenas duas escolhas. Duncan Cameron. Ou eu.<br />

Mairin empalideceu e torceu as mãos.<br />

— Talvez você devesse pensar logo. O sacerdote estará chegando dentro de dois dias. Vou esperar<br />

por <strong>um</strong>a resposta até lá.<br />

Ignorando o olhar confuso dela, Ewan se virou para sair do quarto. Parou na porta e voltou-se para<br />

encará-la.<br />

— Não tente escapar de novo. Vai descobrir que não tenho paciência para perseguir mulheres<br />

desobedientes por toda a minha terra.


Capítulo 10<br />

Casar <strong>com</strong> o laird. Mairin estava tão agitada em seu quarto que pensou que enlouqueceria. Parou na<br />

janela e olhou para fora, inalando <strong>um</strong> pouco de ar. A tarde estava quente.<br />

Tomando <strong>um</strong>a decisão, pegou o xale e saiu do quarto. Mal saiu do castelo e <strong>um</strong> dos guerreiros<br />

McCabe estava caminhando ao lado dela. Observou-o cautelosamente e lembrou-se que era <strong>um</strong> dos<br />

homens que estava <strong>com</strong> Alaric no dia em que a encontraram <strong>com</strong> Crispen. Tentou lembrar seu nome,<br />

mas tudo o que havia acontecido era apenas <strong>um</strong> grande borrão em sua mente.<br />

Mairin sorriu, achando que ele queria apenas c<strong>um</strong>primentá-la, mas continuou ao seu lado enquanto<br />

se dirigia até a muralha.<br />

Antes que pudesse levantar a bainha do vestido para subir nas rochas, o soldado educadamente<br />

pegou sua mão e a ajudou. Mairin parou e ele quase colidiu <strong>com</strong> ela, de tão perto que a estava seguindo.<br />

Voltou-se e olhou para ele.<br />

— Por que está me seguindo?<br />

— Ordens do laird, minha senhora. Não é para você andar pelo castelo sem <strong>um</strong>a escolta. Estou<br />

encarregado de sua proteção quando o próprio laird não estiver <strong>com</strong> você.<br />

Mairin bufou e pôs as mãos nos quadris.<br />

— Ewan está <strong>com</strong> medo de que eu tente escapar novamente e encarregou você de garantir que isso<br />

não aconteça.<br />

O soldado não piscou.<br />

— Eu não tenho a intenção de deixar a fortaleza. O laird já me disse as consequências de tal ação.<br />

Simplesmente preciso caminhar <strong>um</strong> pouco e respirar ar fresco, portanto, não há razão para você deixar<br />

suas tarefas e me escoltar.<br />

— Meu único dever é <strong>com</strong> sua segurança. – ele disse solenemente.<br />

Mairin deu <strong>um</strong> suspiro descontente. Tinha certeza de que os homens do laird eram tão estúpidos e<br />

teimosos quanto ele.<br />

— Muito bem. Por qual nome devo chamá-lo?<br />

— Gannon, minha senhora.<br />

— Diga-me, Gannon, você é meu guarda permanente?<br />

— Eu <strong>com</strong>partilho meu dever <strong>com</strong> Cormac e Diormid. Somos homens de confiança do laird, ao<br />

lado de seus irmãos.<br />

Ela seguiu o caminho entre as pedras em direção ao pastoreio.<br />

— Imagino que esse dever não foi muito bem vindo. – ela disse ironicamente.<br />

— É <strong>um</strong>a honra. – disse Gannon gravemente. – O laird confia muito em nós. Não confiaria a<br />

segurança da senhora do castelo a nenh<strong>um</strong> outro soldado.<br />

Mairin parou e voltou-se, apertando os lábios para evitar que <strong>um</strong> grito escapasse.<br />

— Não sou a senhora do castelo!


— Mas será, em dois dias, logo que o sacerdote chegar.<br />

Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. Nunca antes tinha bebido, mas agora <strong>um</strong>a banheira inteira<br />

de cerveja seria bem-vinda.<br />

— O laird lhe deu <strong>um</strong>a grande honra. – disse Gannon, <strong>com</strong>o se sentisse a inquietação dela.<br />

— Pois eu penso o contrário. – Mairin murmurou.<br />

— Mairin! Mairin!<br />

Ela voltou-se para ver Crispen subir a colina tão rápido quanto suas pernas permitiam. Gritava seu<br />

nome por todo o caminho e quase caiu quando colidiu <strong>com</strong> ela. Só a mão firme de Gannon impediu sua<br />

queda.<br />

— Rapaz, tenha cuidado. – disse Gannon <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso. – Você machucará a moça.<br />

— Mairin, é verdade? É verdade?<br />

Crispen estava muito excitado. Seus olhos brilhavam <strong>com</strong>o estrelas.<br />

— O que é verdade, Crispen? – ela perguntou, segurando-o cuidadosamente pelos ombros.<br />

— Você vai se casar <strong>com</strong> papai? Você será minha mãe?<br />

A raiva cresceu rapidamente dentro dela. Como ele pôde? Como pôde fazer aquilo <strong>com</strong> Crispen?<br />

Mairin iria partir seu coração se negasse. A manipulação a chocou. Achava que ele era mais honrado que<br />

isso. Era <strong>um</strong> arrogante, isso sim! Mas nunca imaginou que brincasse <strong>com</strong> a emoção de <strong>um</strong>a criança.<br />

Furiosa, olhou para Gannon.<br />

— Minha senhora, o laird está <strong>com</strong> os homens, treinando. Ele nunca é perturbado durante o<br />

treinamento, a menos que seja <strong>um</strong>a questão de urgência.<br />

Mairin avançou sobre ele, empurrando <strong>um</strong> dedo contra seu peito. Forçou-o a dar <strong>um</strong> passou para<br />

trás.<br />

— Você vai me levar a ele de <strong>um</strong>a vez ou vou colocar este castelo de cabeça para baixo até encontrálo.<br />

Acredite em mim, pois é <strong>um</strong>a questão de vida ou morte. Sua vida ou sua morte!<br />

Quando viu a negação nos olhos de Gannon, Mairin jogou as mãos para cima e soltou <strong>um</strong> grande<br />

suspiro de exasperação. Virou-se e <strong>com</strong>eçou a descer a colina. Ela mesma encontraria o laird. Se<br />

estivesse treinando <strong>com</strong> seus homens, isso significava que estava no pátio.<br />

Então se lembrou de Crispen. Não queria que o menino escutasse o que tinha para dizer ao laird.<br />

Virou-se para Gannon e apontou <strong>um</strong> dedo.<br />

— Você fica aqui, <strong>com</strong> Crispen. Entendeu?<br />

Com a boca aberta ao ouvir a ordem, ele olhou alternadamente para ela e para Crispen <strong>com</strong>o se não<br />

soubesse o que fazer. Finalmente se curvou, disse alg<strong>um</strong>a coisa para o menino e, em seguida, empurrouo<br />

na direção do pastor de ovelhas.<br />

Mairin desceu a colina, mais irritada a cada passo. Quase tropeçou em <strong>um</strong>a pedra e caiu de cara no<br />

chão, se Gannon não a segurasse pelo cotovelo.<br />

— Devagar, minha senhora. Irá se machucar!<br />

— Eu não. – ela murmurou. – O seu laird, provavelmente.


— Como? Sinto muito, eu não a escutei.<br />

Mairin mostrou os dentes e deu de ombros. Ao chegar ao pátio do castelo, ouviu o barulho das<br />

espadas pesadas, misturadas <strong>com</strong> palavrões. O cheiro de suor e sangue subiu por suas narinas. Procurou<br />

entre a massa de homens até que finalmente encontrou sua fonte de fúria.<br />

Antes que Gannon pudesse impedi-la, entrou na briga, <strong>com</strong> o olhar focado exclusivamente no laird.<br />

Ao seu redor, gritos ecoaram. No meio do pátio, o laird parou suas atividades e voltou-se para ela.<br />

Quando a viu, seu rosto ficou tenso e fez <strong>um</strong>a careta. Não apenas para demonstrar seu usual desprazer.<br />

Ewan estava furioso. Bem, isso era bom, porque ela também estava.<br />

Somente quando parou em frente ao laird, Gannon a alcançou. Ele estava sem fôlego e o olhava para<br />

o laird <strong>com</strong>o se temesse a morte.<br />

— Perdão, laird. Não consegui pará-la. Estava determinada.<br />

O olhar irritado do laird encontrou Gannon e arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha em clara descrença.<br />

— Como não pôde parar <strong>um</strong>a mulher de marchar através de <strong>um</strong> pátio onde qualquer <strong>um</strong> dos meus<br />

homens poderia tê-la matado?<br />

Mairin bufou, incrédula, mas quando se virou para ver a quantidade de homens que agora estavam de<br />

pé, em silêncio, engoliu em seco. Cada <strong>um</strong> deles levava <strong>um</strong>a arma. Se tivesse pensado nisso antes,<br />

perceberia que ir pelo canto teria sido mais seguro. Estavam todos olhando <strong>com</strong> raiva para ela, provando<br />

sua teoria de que eram todos estúpidos e teimosos <strong>com</strong>o o laird.<br />

Determinada a não demonstrar remorso pelo seu erro, voltou-se para o laird e olhou-o <strong>com</strong> toda a<br />

raiva. Ewan poderia estar furioso, mas ela estava muito mais.<br />

— Ainda não lhe dei <strong>um</strong>a resposta, laird. – quase gritou. — Como você pôde? Como pôde fazer<br />

algo tão... tão... traiçoeiro e desonroso?<br />

A carranca em seu rosto se transformou em <strong>um</strong>a expressão de espanto total. Ele a olhou <strong>com</strong> tanta<br />

incredulidade que Mairin se perguntou se havia entendido o que disse. Então,apressou-se a informá-lo<br />

precisamente o que a deixou tão furiosa.<br />

— Disse a seu filho que eu ia ser sua mãe. — Mairin andou até ele , cravando <strong>um</strong> dedo em seu peito.<br />

– Você me deu dois dias. Até o padre chegar. Dois dias para tomar minha decisão. Mas mesmo assim<br />

contou a todos no castelo que serei sua nova mulher.<br />

Ela continuava e cutucá-lo no peito. O laird olhou para seus dedos <strong>com</strong>o se estivesse prestes a<br />

espantar <strong>um</strong> inseto inconveniente. Então, olhou para ela, <strong>um</strong> olhar tão gelado que Mairin estremeceu.<br />

— Já terminou? – perguntou.<br />

Mairin deu <strong>um</strong> passo para trás, acalmando seu ímpeto de fúria. Agora que desabafou sua raiva, a<br />

realidade assomou. Ewan avançou, não dando a ela oportunidade de colocar qualquer distância entre<br />

eles.<br />

— Nunca, nunca questione minha honra. Se você fosse <strong>um</strong> homem, estaria morta. Se voltar a falar<br />

<strong>com</strong>igo <strong>com</strong>o fez agora, garanto que não gostará das consequências. Você está em minhas terras, e<br />

minha palavra é lei. Você está sob minha proteção. Irá me obedecer, sem sombra de dúvidas.<br />

— De jeito nenh<strong>um</strong>. – ela murmurou.


— O quê? O que você disse? – gritou para ela.<br />

Mairin olhou para ele serenamente, <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso sem graça no rosto.<br />

— <strong>Na</strong>da, laird. Absolutamente nada.<br />

Ewan estreitou os olhos e ela pode ver suas mãos se contorcendo de novo, <strong>com</strong>o se estivesse se<br />

segurando para não estrangulá-la. Será que Ewan saía por aí querendo sufocar todos ou apenas ela,em<br />

especial?<br />

— Receio que você seja especial. – o laird disse.<br />

Ela apertou a boca e fechou os olhos. A madre Serenity lhe avisou que <strong>um</strong> dia sua propensão em<br />

deixar escapar seus pensamentos em voz alta ainda a colocaria em apuros. Hoje só podia ser <strong>um</strong> desses<br />

dias.<br />

As carrancas dos homens ao seu redor foram substituídas por olhares de diversão. Mairin não gostou<br />

de ser a fonte da piada e olhou-os de cara feia. Mas isso só serviu para fazê-los rir mais ainda.<br />

— Vou explicar mais <strong>um</strong>a vez. – o laird disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz ameaçadora. – Não contei de nosso<br />

casamento para ninguém, a não ser para os homens que foram buscar o padre McElroy. Graças a você,<br />

no entanto, a notícia de nossas núpcias foi espalhada para meu clã inteiro.<br />

Mairin olhou em torno, inquieta ao ver que <strong>um</strong>a multidão se reunia. Eles olhavam para o laird e para<br />

Mairin <strong>com</strong> interesse indisfarçável. Apertou os lábios e olhou para ele, cheia de indignação.<br />

— Então, <strong>com</strong>o seu filho sabe? E por que tenho <strong>um</strong>a escolta que me diz que é seu dever cuidar da<br />

senhora do castelo?<br />

— Está me chamando de mentiroso?<br />

A voz dele estava mortalmente baixa, tão baixa que ninguém, a não ser ela, podia ouvir. Mas o tom<br />

enviou-lhe <strong>um</strong>a onda de medo.<br />

— Não. – ela disse apressadamente. – Apenas gostaria de saber <strong>com</strong>o tantas pessoas sabem de <strong>um</strong><br />

casamento que pode ou não acontecer, sem que ninguém dissesse.<br />

Ewan estreitou os olhos.<br />

— Primeiro, o casamento vai acontecer. Assim que você recuperar o juízo e perceber que esta é a<br />

única opção sensata.<br />

Quando ela abriu a boca para contestar, Ewan a chocou colocando a mão sobre sua boca.<br />

— Fique em silêncio e permita-me terminar. Duvido que você <strong>um</strong> dia conseguiu ficar em silêncio. –<br />

ele resmungou.<br />

Mairin bufou, ainda <strong>com</strong> a mão dele sobre sua boca.<br />

— Só posso supor que meu filho me ouviu falando <strong>com</strong> meus homens sobre nosso casamento. Se<br />

quando ele fez a pergunta você tivesse advertido-o a ficar quieto, tudo ficaria bem. Mas agora, você<br />

anunciou nosso casamento para todo o clã. Alguns podem até considerá-lo <strong>um</strong>a proposta. E neste caso,<br />

eu aceito.<br />

Ewan terminou de falar <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso e então libertou sua boca.<br />

— Por que... você... – ela gaguejou. Tentou dizer algo, mas nada saía.


A multidão ao redor se alegrava.<br />

— Um casamento!<br />

Muitos gritaram parabéns. Espadas foram erguidas. Os homens batiam nas costas de seus escudos<br />

<strong>com</strong> o punho das espadas. Mairin estremeceu ao ouvir o ruído e olhou impotente para o laird. Ewan<br />

olhou para trás, cruzou os braços sobre o peito <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso satisfeito no rosto demasiadamente<br />

bonito.<br />

— Eu não pedi para você se casar <strong>com</strong>igo!<br />

Ele não se intimidou por sua veemência.<br />

— É cost<strong>um</strong>e selar o noivado <strong>com</strong> <strong>um</strong> beijo.<br />

Antes que pudesse lhe dizer que achava a ideia idiota, ele a puxou.<br />

— Abra a boca. – exigiu <strong>com</strong> voz rouca.<br />

Seus lábios entreabriram-se e Ewan deslizou a língua sensualmente sobre a dela. Seus sentidos a<br />

abandonaram. Por <strong>um</strong> momento, esqueceu-se de tudo, a não ser do fato de estar sendo beijada e de que<br />

tinha a língua de Ewan dentro de sua boca. Novamente.<br />

E ele acabava de anunciar ao seu clã que estavam se casando. Ou, talvez, ela tenha anunciado.<br />

Percebeu que quanto mais a beijava na frente de Deus e de todos, mais difícil ficava negar o seu pedido.<br />

Mairin lhe deu <strong>um</strong> forte empurrão. Para sua vergonha, Gannon a segurou e a ergueu enquanto ela<br />

limpava a boca <strong>com</strong> as costas de seu braço. Oh, mas o laird tinha <strong>um</strong> olhar presunçoso, agora. Seu<br />

sorriso era satisfeito enquanto a observava.<br />

— Beijo? Eu não irei beijar você. Quero bater em você!<br />

Ela se virou e fugiu. O riso do laird a seguiu pelo caminho.<br />

— Tarde demais, moça. Já a beijei.<br />

De volta ao quarto, de onde nunca deveria ter saído, Mairin ficou andando de <strong>um</strong> lado para o outro<br />

em frente à janela. O homem era impossível. Ele a fizera de estúpida. Arrogante. Bonito. E beijava <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong> sonho.<br />

Gemeu e bateu <strong>com</strong> a mão na testa. Ele não beijava <strong>com</strong>o <strong>um</strong> sonho. Ewan fez tudo errado. Ela tinha<br />

certeza que a madre Serenity nunca falou sobre línguas quando se está beijando. A madre explicou isso<br />

muito bem em suas conversas <strong>com</strong> Mairin. Ela não queria que a jovem fosse ignorante para o seu leito<br />

conjugal. Afinal, Mairin, <strong>um</strong> dia, iria se casar.<br />

Mas línguas? Não, madre Serenity não falou nada sobre o assunto das línguas. Mairin teria se<br />

lembrado de tal coisa. Ela achou que a primeira vez que o laird a beijou foi <strong>um</strong>a aberração. Um erro.<br />

Sua boca estava aberta. As línguas se encontram por acaso.<br />

Mairin franziu a testa <strong>com</strong> o pensamento. A madre poderia ter se enganado? Com certeza, não. Ela<br />

era muito bem informada sobre todas as coisas. Mairin confiava nela.<br />

Mas, na segunda vez? Não foi coincidência, porque desta vez ele mandou que ela abrisse a boca e,<br />

idiota <strong>com</strong>o era, abriu e deixou-o deslizar dentro dela.<br />

Apenas a lembrança a fez estremecer. Foi...<br />

Foi indigno. Isso é o que era. E ela diria isso se ele tentasse outra vez.


Sentindo-se <strong>um</strong> pouco melhor agora que tinha resolvido este assunto, ela levou seus pensamentos<br />

para a questão do casamento. Seu casamento.<br />

O laird apontou arg<strong>um</strong>entos fortes que ela e a madre já haviam pensado. Era verdade que tinha <strong>um</strong><br />

grande exército. Bastava olhar para os homens no pátio durante o treinamento.<br />

O casamento talvez fosse mais benéfico para ele. Sim, contaria <strong>com</strong> a proteção dele e Ewan tinha o<br />

poder de defender Neamh Alainn. Mas ele ganharia riquezas e terras que só rivalizavam <strong>com</strong> as do rei.<br />

Será que podia confiar a ele tal poder?<br />

Mairin não teve a intenção de duvidar de sua honra. Estava <strong>com</strong> raiva, mas não acreditava que ele<br />

fosse <strong>um</strong> homem desonesto. Se pensasse assim, estaria tentando fugir dali. Não, estava considerando<br />

seriamente a proposta.<br />

Não temia Ewan McCabe. Oh, ela temia sim, mas não os maus tratos. Ele teve oportunidade de<br />

estrangulá-la e ainda assim controlou seu temperamento. Mesmo quando ainda não estava convencido de<br />

qual era o papel dela no rapto do filho, Ewan não fez nada para prejudicá-la.<br />

Mairin acabou concluindo que ele não era tão feroz assim. Era tudo fanfarronice.<br />

O pensamento a fez sorrir. Os homens McCabe eram mal h<strong>um</strong>orados. Alaric, que ficou <strong>com</strong> ela mais<br />

tempo, vivia resmungando blasfêmias contra ela e todas as mulheres. Caelen... bem, até agora eles tinham<br />

<strong>um</strong> acordo mútuo para evitar <strong>um</strong> ao outro. Ele a assustava. Caelen não gostava muito dela e não se<br />

importava se percebesse isso ou não.<br />

Estava louca para considerar o casamento <strong>com</strong> o laird?<br />

Estava perto da janela e viu quando as sombras escuras das colinas rodeavam o castelo. Ao longe,<br />

cães latiam enquanto traziam as ovelhas. A cor avermelhada do crepúsculo caia sob a terra. Sob o chão,<br />

o nevoeiro subia, cobrindo os morros <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a mãe que aconchega o filho na noite.<br />

Esta seria sua vida. Seu marido. Seu sustento. Seu clã. Já não teria medo de ser raptada e forçada a se<br />

casar <strong>com</strong> <strong>um</strong> bruto que não se importava <strong>com</strong> nada, a não ser <strong>com</strong> as riquezas que traria quando<br />

nascesse o herdeiro.<br />

Ela teria <strong>um</strong>a família, <strong>um</strong>a vida que nunca sonhou em ter. Crispen. O laird. Seus irmãos. Seu clã.<br />

Oh, o anseio era grande dentro dela.<br />

Olhou para o céu e murmurou <strong>um</strong>a prece fervorosa. Por favor, Deus. Que seja a decisão certa.


Capítulo 11<br />

A moça estava submersa em <strong>um</strong>a banheira cheia de água, <strong>com</strong> a cabeça jogada para trás, os olhos<br />

fechados e <strong>um</strong>a expressão de pura felicidade em seu rosto.<br />

Ewan a observava da porta, em silêncio para não perturbá-la. Devia fazê-la perceber sua presença.<br />

Mas não o fez. Apreciava a vista.<br />

Os cabelos dela estavam presos em cima de sua cabeça, mas fios caíam soltos pelo pescoço, grudando<br />

na sua pele. Ele estava particularmente fascinado pelas curvas de seus seios. Seios bonitos. Bonitos <strong>com</strong>o<br />

o resto dela. Suas curvas eram suaves e agradáveis de se olhar.<br />

Mairin se mexeu e por <strong>um</strong> segundo pensou que tinha sido descoberto. Mas ela não abriu os olhos.<br />

Arqueou-se o suficiente para que as pontas rosadas de seus mamilos se erguessem através da água. Sua<br />

boca ficou seca. Seu pênis se enrijeceu e apertou-se contra suas calças. Ewan mexeu os dedos, inquieto<br />

<strong>com</strong> a reação feroz que ela provocou dentro dele.<br />

Estava duro e dolorido. Um sentimento selvagem dentro de si. Não havia ninguém para impedi-lo de<br />

correr para o outro lado da sala, arrancá-la de dentro da banheira e jogá-la na cama. Era sua para tomar.<br />

A partir do momento em que pisou em suas terras, ela era sua. Independente se casasse <strong>com</strong> Mairin ou<br />

não.<br />

Ainda assim, a parte perversa da sua natureza queria que fosse até ele. Queria que aceitasse seu<br />

destino e viesse por vontade própria. Sim, era muito mais gratificante quando a moça estava disposta.<br />

Um suspiro assustado ecoou pela sala. Ele franziu a testa enquanto olhava para os olhos abertos. Não<br />

queria que a moça tivesse medo dele.<br />

Mas Mairin não ficou <strong>com</strong> medo. Faíscas de indignação surgiram em seu rosto.<br />

— Como se atreve!<br />

Ela se levantou, tremendo na água, sem <strong>um</strong>a peça de roupa para obstruir <strong>um</strong>a visão <strong>com</strong>pleta de seu<br />

corpo. Ah, ela era <strong>um</strong>a visão deliciosa, cuspindo fúria,<strong>com</strong> o peito estufado. Cachos escuros situados no<br />

ápice de suas pernas guardavam o doce mistério.<br />

De repente, percebendo que dera à ele mais coisas para olhar, afundou-se de volta na banheira.<br />

Cobriu os seios <strong>com</strong> os braços e se curvou para frente, tentando esconder o máximo possível.<br />

— Saia! – ela gritou.<br />

Ewan piscou, surpreso, e depois abriu <strong>um</strong> sorriso. Ela era <strong>um</strong>a pestinha, enganosamente inofensiva,<br />

mas tinha <strong>um</strong>a força que não podia ser ignorada. Bastava perguntar a seus homens, já que todos estavam<br />

<strong>com</strong>preensivelmente cautelosos.<br />

Ela mandava em Gannon, Diormid e Cormac o tempo todo. E no final do dia, Ewan escutava <strong>um</strong>a<br />

lista de queixas sobre seus deveres. Cormac sugeriu que ela devesse ass<strong>um</strong>ir o treinamento de suas<br />

tropas. Ela mandava neles o tempo todo. E se questionada, simplesmente dava <strong>um</strong> sorriso doce e<br />

inocente e dizia que logo seria a senhora do castelo. Então, era dever deles obedecê-la.<br />

Logo o padre McElroy chegaria e então Mairin daria sua resposta e faria seus homens pararem de se<br />

lamentar <strong>com</strong>o mulheres. Era vergonhoso ver guerreiros reclamando assim.


— Eu já vi tudo o que há para ver. – Ewan zombou.<br />

Um rubor surgiu em seu rosto e Mairin olhou para ele <strong>com</strong> desaprovação.<br />

— Não devia entrar sem bater. Isso é inadequado.<br />

Ewan arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha e continuou a olhar para ela.<br />

— Você estava dormindo na banheira, moça. Não ouviria nem <strong>um</strong> exército passar.<br />

Ela bufou e balançou a cabeça em negação.<br />

— Nunca dormiria na banheira. Ora, eu poderia me afogar. Isso seria estúpido, e eu não sou<br />

estúpida, laird.<br />

Ewan sorriu novamente, mas não discutiu o fato de que ela estava dormindo profundamente quando<br />

entrou no quarto. Limpou a garganta e foi direto ao assunto.<br />

— Precisamos conversar, moça. Já é tempo de me dar <strong>um</strong>a resposta. O padre deverá chegar a<br />

qualquer momento.<br />

— Não falarei <strong>com</strong> você até que esteja fora da banheira e vestida.<br />

— Poderia ajudá-la neste assunto. – ele disse, sem sequer pestanejar.<br />

— É muito atencioso... – de repente percebeu o que ele havia proposto. Seus olhos se estreitaram e<br />

ela abraçou as pernas. – Não cederei até que saia deste quarto.<br />

Ewan suspirou mais para sufocar o riso do que mostrar exasperação.<br />

— Você tem dois minutos. Sugiro que se apresse.<br />

Ewan poderia jurar que Mairin rosnou quando ele se virou para sair pela porta. Sorriu novamente.<br />

Ela estava provando ser digna de <strong>um</strong>a noiva e esposa de <strong>um</strong> McCabe. Dependendo das circunstâncias,<br />

poderia se <strong>com</strong>portar <strong>com</strong>o <strong>um</strong> rato assustado, mas era tão feroz quanto <strong>um</strong> de seus guerreiros.<br />

Senhor, mas ela era bonita. E, caramba, estava ansioso para levá-la a frente do padre.<br />

Mairin saiu da banheira e se enrolou firmemente em <strong>um</strong>a toalha. Lançando olhares furtivos por cima<br />

do ombro, ficou na frente do fogo para se secar e colocar o vestido. Seus cabelos ainda estavam bastante<br />

molhados, então vestiu sua roupa e sentou-se na frente do fogo para secá-los e penteá-los. Estremeceu<br />

quando <strong>um</strong> ar frio vindo das janelas soprou sobre os cabelos úmidos.<br />

Quando a batida na porta soou, Mairin pulou e se virou para vê-lo entrar. Os olhos dele pousaram<br />

sobre ela <strong>com</strong>o brasas. De repente, já não sentia o frio. <strong>Na</strong> verdade, Ewan decididamente deixava seu<br />

quarto muito mais quente.<br />

Ela o olhou em silêncio, <strong>com</strong> a boca seca e, pela primeira vez, sem palavras. Havia algo diferente nele<br />

e não tinha certeza do que. Ele a estudava. Não. Ewan não a estudava. Devorava-a <strong>com</strong> os olhos. Como<br />

<strong>um</strong> lobo faminto se aproximando de sua presa.<br />

Mairin engoliu em seco e cobriu o pescoço <strong>com</strong> as mãos <strong>com</strong>o se quisesse proteger-se de seus dentes.<br />

Ewan percebeu o gesto e a diversão brilhou intensamente em seus olhos.<br />

— Por que você tem medo de mim agora, moça? Não demonstrou nenh<strong>um</strong> medo quando chegou.<br />

Não consigo imaginar o que fiz para mudar isso.<br />

— Acabou. – ela disse calmamente.


Ewan inclinou a cabeça para o lado e, em seguida, aproximou-se dela.<br />

— O que acabou, moça?<br />

— O tempo. – ela murmurou. – Fiquei sem tempo. Era tola por querer me preparar melhor. <strong>Na</strong><br />

verdade, esperei por muito tempo. Já deveria ter escolhido <strong>um</strong> marido, mas fiquei quieta, na abadia.<br />

Estava atraída por <strong>um</strong>a falsa sensação de segurança. A madre Serenity sempre falava do futuro, mas a<br />

cada dia que passava, o futuro ficava mais perto.<br />

Ewan balançou a cabeça e olhou para ela, intrigado.<br />

— Você apenas fez a coisa certa, Mairin. Esperou.<br />

Confusa, ela franziu o nariz e perguntou.<br />

— O que esperei, laird?<br />

Ewan sorriu e Mairin viu a arrogância gravada em cada parte de seu rosto.<br />

— Você esperou por mim.<br />

Oh, mas o homem sabia <strong>com</strong>o arruinar seu h<strong>um</strong>or. <strong>Na</strong> verdade, ela achava que fazia isso de<br />

propósito. Suspirou. Sabia que se casaria <strong>com</strong> ele. Não havia outra escolha. Mas Ewan queria ouvir as<br />

palavras.<br />

— Eu me casarei <strong>com</strong> você.<br />

Os olhos dele brilhavam em triunfo. Mairin pensou que ele iria provocá-la <strong>um</strong> pouco mais. Mas não<br />

fez nada. Simplesmente a beijou.<br />

N<strong>um</strong> minuto, ele estava a <strong>um</strong>a distância respeitável. Em outro, estava tão perto que ela podia sentirse<br />

envolvida pelo seu cheiro.<br />

Ewan segurou seu queixo e inclinou-o para que pudesse colocar a boca sobre a sua. Morno... não...<br />

quente, cada vez mais quente, seus lábios moviam-se <strong>com</strong>o veludo.<br />

Era impressionante <strong>com</strong>o ele a deixava quando a beijava. Para <strong>um</strong> homem que estava sempre<br />

lembrando que ela deveria ter juízo, Ewan parecia ter prazer em fazê-la perdê-lo.<br />

Sua língua roçou os lábios, mas <strong>com</strong>o ela os mantinha bem fechados, ele insistiu. Provocou a linha da<br />

boca, lambendo, mordiscando. Desta vez não mandou que ela abrisse a boca e, apesar a determinação de<br />

não fazê-lo, Mairin acabou cedendo.<br />

Assim, <strong>com</strong> os lábios entreabertos, a língua dele deslizou para dentro, investigando e acariciando <strong>com</strong><br />

delicada precisão. Cada carícia incitava <strong>um</strong>a resposta profunda que ela não conseguia explicar. Como<br />

podia <strong>um</strong> simples beijo fazer seus seios doerem e seu corpo formigar e inchar até quase sentir dor?<br />

Ewan provocou-lhe <strong>um</strong>a inquietação que a fez querer s<strong>um</strong>ir. E quando ele ergueu as mãos para<br />

deslizá-las sobre seus braços, Mairin tremia, tremia por todo o corpo, até os dedos dos pés.<br />

Quando ele se afastou, ela estava atordoada e o olhou <strong>com</strong> absoluta confusão.<br />

— Ah, moça, o que você faz <strong>com</strong>igo. – sussurrou.<br />

Mairin piscou rapidamente quando tentou ficar de pé. Aquele beijo a transformou em <strong>um</strong>a idiota.<br />

— Você não beija da maneira correta. – deixou escapar.


Envergonhada pelo que disse, Mairin fechou os olhos e se preparou para a censura. Quando abriu,<br />

tudo o que viu foi <strong>um</strong> olhar divertido. O homem estava quase rindo. Seus olhos se estreitaram. Era<br />

óbvio que ele precisava de instrução sobre o assunto.<br />

— Então, me conte. Como é a maneira correta?<br />

— Você deve manter a boca fechada.<br />

— Sei.<br />

Mairin balançou a cabeça para reforçar sua afirmação.<br />

— Sim, não há línguas envolvidas no beijo. Isso é indigno.<br />

— Indigno?<br />

Novamente ela concordou. Estava indo melhor do que imaginava. Ewan estava entendendo suas<br />

orientações muito bem.<br />

— A madre Serenity me disse que os beijos são para o rosto e ou para a boca, mas só em situações<br />

muito íntimas. E não devem durar muito. Apenas o suficiente para transmitir a emoção adequada. Ela<br />

nunca mencionou nada de língua. Não pode ser bom para você me beijar e enfiar a língua dentro de<br />

minha boca.<br />

Os lábios dele se contraíram. Colocou a mão sobre a boca e esfregou firmemente por alguns<br />

instantes.<br />

— E sua madre Serenity é <strong>um</strong>a autoridade em beijar, não é?<br />

Mairin balançou a cabeça vigorosamente.<br />

— Oh, sim. Ela me disse tudo o que precisava saber para a eventualidade de meu casamento. Levou<br />

seu dever muito a sério.<br />

— Talvez você deva me ensinar pessoalmente sobre beijar. – ele disse. – Poderia me mostrar <strong>com</strong>o se<br />

faz.<br />

Mairin franziu a testa, mas depois se lembrou que este era o homem que seria seu marido. Nesse caso,<br />

achou que poderia ser adequado, e mesmo esperado, que ela o ensinasse sobre o amor. Foi muito decente<br />

da parte dele agir assim. Ora, ficariam muito bem.<br />

Sentindo-se muito melhor sobre seu casamento iminente, Mairin se inclinou e apertou os lábios<br />

contra os dele. Assim que o tocou, Ewan a segurou pelos ombros e puxou-a ainda mais perto. Ela se<br />

sentiu engolida. Cons<strong>um</strong>ida. Como se ele estivesse absorvendo sua essência. E apesar de todo o seu<br />

discurso, ele usou a língua.


Capítulo 12<br />

— Levante-se, minha senhora! Hoje é seu casamento.<br />

Mairin abriu os olhos e gemeu <strong>com</strong> a visão das mulheres reunidas em seu pequeno quarto. Ela estava<br />

exausta.<br />

Uma das mulheres afastou as cortinas que cobriam as janelas e a luz do sol entrou machucando seus<br />

olhos. Ela gemeu mais alto quando ouviu <strong>um</strong>a risadinha pelo quarto.<br />

— A nossa senhora não parece animada para se casar <strong>com</strong> o nosso laird.<br />

— Christina, é você? – Mairin resmungou.<br />

— Sim, senhora, sou eu. Trouxemos água quente para <strong>um</strong> banho.<br />

— Tomei banho na noite passada. – Mairin disse.<br />

— Oh, banho no dia do casamento é <strong>um</strong>a obrigação. Vamos lavar seus cabelos e banhá-la <strong>com</strong> óleos.<br />

Maddie mesma os preparou e o perf<strong>um</strong>e é divino. O laird gostará.<br />

O laird não era importante naquela manhã. Seu sono era. Outra risadinha correu pelo quarto e<br />

Mairin percebeu que mais <strong>um</strong>a vez ela pensou em voz alta,<br />

— E trouxemos seu vestido de casamento. – outra mulher disse.<br />

Mairin olhou, tentando lembrar o nome da jovem que estava radiante diante dela. Mary? Margaret?<br />

— Fiona, minha senhora.<br />

Mairin suspirou.<br />

— Desculpe. Há muitas de vocês.<br />

— Não tomei <strong>com</strong>o ofensa. – Fiona disse alegremente. – Agora gostaria de ver o vestido que<br />

fizemos para você?<br />

Mairin se apoiou nos cotovelos e olhou para as mulheres reunidas ao seu redor.<br />

— Vestido? Vocês costuraram <strong>um</strong> vestido? Mas concordei em casar <strong>com</strong> o laird apenas na noite<br />

passada.<br />

Maddie abriu <strong>um</strong> sorriso enquanto levantava o vestido.<br />

— Oh, nós sabíamos que era só <strong>um</strong>a questão de tempo para ele convencê-la, moça. Não está feliz<br />

pelo vestido? Demorou dois dias inteiros até altas horas da noite, mas acho que você vai gostar do<br />

resultado.<br />

Mairin olhou para a bela criação a sua frente. Lágrimas rolaram pelo seu rosto e ela piscou para<br />

tentar afastá-las.<br />

— É tão lindo.<br />

E realmente era. De brocado e veludo verde e ouro. Todo o corpete bordado <strong>com</strong> fios de ouro que<br />

brilhavam à luz do sol.<br />

— Nunca vi outro tão lindo quanto este. – ela disse.<br />

As três mulheres sorriram radiantes atrás dela. Maddie então puxou as cobertas para trás.


— Não quer fazer o laird esperar. O padre chegou nesta madrugada e o laird está muito impaciente<br />

para a cerimônia <strong>com</strong>eçar.<br />

Durante a hora seguinte, as mulheres lavaram, limparam e esfregaram Mairin dos pés à cabeça.<br />

Depois do banho, deitaram-na na cama e a banharam <strong>com</strong> óleos perf<strong>um</strong>ados. Estava tão bom que Mairin<br />

quase caiu no sono outra vez.<br />

Escovaram seus cabelos até brilharem, deixando-os cair pelas costas. Mairin tinha que admitir, elas<br />

sabiam <strong>com</strong>o fazer <strong>um</strong>a mulher se sentir melhor no dia de seu casamento.<br />

— Pronto. – Christina anunciou. – Agora é a vez do vestido e então você poderá se casar.<br />

Uma batida na porta soou e a voz de Gannon surgiu através da madeira pesada.<br />

— O laird quer saber se já está pronta.<br />

Maddie revirou os olhos e depois abriu <strong>um</strong> pouco a porta, cuidando para que Gannon não visse nada<br />

dentro do quarto.<br />

— Diga ao laird que a levaremos assim que estiver pronta. Não pode ser apressado <strong>com</strong> essas coisas!<br />

Não gostaria de ver a noiva linda no dia de seu casamento?<br />

Gannon murmurou <strong>um</strong> pedido de desculpas e depois recuou, prometendo que daria a notícia ao<br />

laird.<br />

— Agora, vamos vesti-la e depois desceremos . – Maddie disse, quando se voltou para Mairin.<br />

— Elas estão há horas naquele quarto. – Ewan murmurou. – Por que demoram tanto?<br />

— Assim são as mulheres. – Alaric disse, <strong>com</strong>o se isso explicasse tudo.<br />

Caelen acenou <strong>com</strong> a cabeça e virou sua caneca para beber o último gole de cerveja.<br />

Ewan estava sentado na cadeira de espaldar alto e balançava a cabeça. Dia de seu casamento. Havia<br />

<strong>um</strong>a diferença marcante neste dia do dia em que se casou <strong>com</strong> a primeira esposa.<br />

Ele não pensava em Celia, exceto em alguns momentos. Alguns dias ele tinha dificuldade de se<br />

lembrar da imagem da jovem esposa. Os anos se passaram e, a cada ano, ela desaparecia mais de sua<br />

memória.<br />

Era muito jovem quando se casou <strong>com</strong> Celia. Ela também era jovem. Vibrante. Disso ele se<br />

lembrava. Sempre tinha <strong>um</strong> sorriso no rosto. Foram amigos de infância. Anos mais tarde, seus pais<br />

visl<strong>um</strong>braram que <strong>um</strong> casamento entre os clãs seria muito bom.<br />

Ela lhe deu <strong>um</strong> filho no segundo ano do casamento. No terceiro ano, ela morreu, suas terras estavam<br />

em ruínas e seu clã quase dizimado.<br />

Sim, o dia de seu casamento tinha sido <strong>um</strong>a ocasião alegre. Eles festejaram e celebraram durante três<br />

dias. Seu rosto brilhava <strong>com</strong> alegria e ela o olhava o tempo todo.<br />

Será que Mairin sorriria? Ou viria para o casamento <strong>com</strong> o mesmo olhar ferido <strong>com</strong> o qual tinha<br />

chegado?<br />

— Onde ela está, papai? – Crispen sussurrou ao seu lado. – Você acha que ela mudou de ideia?<br />

Ewan voltou a sorrir para o filho. Acariciou os cabelos do menino de forma tranquilizadora.


— Ela está apenas se vestindo, filho. Logo estará aqui. Mairin deu a sua palavra e você sabe o quanto<br />

ela a preza. As mulheres gostam de se arr<strong>um</strong>ar melhor para ficarem bonitas no dia de seu casamento.<br />

— Mas ela já é linda. – Crispen protestou.<br />

— Isso é verdade. – Ewan disse. E era verdade. A moça não era apenas bonita. Era encantadora. –<br />

Mas elas gostam de ter <strong>um</strong>a aparência especial para essas ocasiões.<br />

— Ela tem flores? Deveria ter flores.<br />

Ewan quase riu ao ver o olhar consternado no rosto de Crispen. Seu filho estava mais nervoso do<br />

que ele. Ewan não estava nervoso. Estava apenas impaciente.<br />

— Você não tem flores? – Crispen perguntou.<br />

Ewan olhou para seu filho. Ele parecia tão chocado que Ewan franziu o cenho.<br />

— Nem pensei em flores. Mas talvez você esteja certo. Por que não resolve esse assunto <strong>com</strong><br />

Cormac?<br />

Do outro lado da sala, Cormac evidentemente ouviu a conversa. Parecia tão chocado quanto Crispen<br />

e rapidamente deu <strong>um</strong> passo para trás.<br />

Mas Crispen foi muito rápido e imediatamente estava na frente do homem, exigindo que o homem<br />

colhesse flores para Mairin.<br />

Ele lançou <strong>um</strong> olhar descontente para Ewan e então saiu do grande salão.<br />

— Que diabos está acontecendo? – Caelen perguntou, inquieto na cadeira. – Estamos desperdiçando<br />

<strong>um</strong> bom dia de treinamento.<br />

Ewan riu.<br />

— Não considero desperdício de tempo o dia de meu casamento.<br />

— É claro que não. – Alaric disse. – Enquanto o resto de nós estaremos trabalhando duro, você<br />

estará desfrutando da moça, quente e doce.<br />

— Ele também estará dando duro. – Caelen disse maliciosamente. – Não da mesma forma que o<br />

resto de nós, é claro.<br />

Ewan ergueu a mão para calar os irmãos desbocados antes que o resto dos homens escutasse. A<br />

última coisa que precisava era de <strong>um</strong>a noiva envergonhada.<br />

Então Maddie entrou correndo, <strong>com</strong> as bochechas rosadas e seu peito arfando enquanto tentava<br />

recuperar o fôlego.<br />

— Ela está vindo, laird.<br />

Ewan acenou para o sacerdote, que estava degustando <strong>um</strong>a caneca de cerveja. Quando Mairin surgiu<br />

na entrada, a sala inteira ficou em silêncio.<br />

Ewan ficou momentaneamente mudo. A moça não estava apenas bonita. Estava magnífica. A menina<br />

tímida e desajeitada tinha ido embora. Em seu lugar estava <strong>um</strong>a senhora que caminhava <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a<br />

descendente da realeza. Ela parecia a princesa que era.<br />

Entrou na sala <strong>com</strong> a cabeça erguida, <strong>um</strong> olhar sereno em seu rosto. Seus cabelos estavam<br />

parcialmente presos em <strong>um</strong> coque logo acima da nuca e o resto caía solto até a cintura.


Havia <strong>um</strong> ar tão régio em sua presença que Ewan de repente se sentiu indigno.<br />

Crispen irrompeu na sala segurando <strong>um</strong> maço de flores <strong>com</strong> tanta força que as hastes já estavam se<br />

quebrando e as flores murchando. Ele correu até Mairin e colocou o ramalhete em suas mãos,<br />

espalhando as pétalas no chão.<br />

A expressão dela mudou <strong>com</strong>pletamente. Os olhos se aqueceram e sorriu ternamente. Inclinou-se e<br />

depositou <strong>um</strong> beijo na testa do menino.<br />

— Obrigada, Crispen. Elas são lindas.<br />

Algo torceu no coração de Ewan. Ele se adiantou e colocou-se atrás de Crispen. Colocou a mãos<br />

sobre os ombros do filho enquanto olhava para os olhos azuis de Mairin.<br />

— O padre está esperando, moça. – ele disse rispidamente.<br />

Ela balançou a cabeça e olhou para Crispen.<br />

— Vem conosco, Crispen? Afinal, você é <strong>um</strong>a parte importante desta cerimônia.<br />

Crispen estufou o peito até que Ewan pensasse que ele poderia estourar. Então,colocou a mão na de<br />

Mairin. Ewan ficou do outro lado. Ela entregou as flores para Maddie antes de deslizar seus dedos pelos<br />

dedos dele.<br />

Para Ewan, parecia certo. Ali estava sua família. Seu filho e a mulher que seria <strong>um</strong>a mãe para ele.<br />

Levou-a até onde o sacerdote aguardava, <strong>com</strong> seus dois irmãos ao lado.<br />

E sob a proteção de sua família, ele e Mairin trocaram seus votos. Ela nunca vacilou, nunca deu<br />

qualquer indício de que não estava disposta a se casar. Olhou o padre e então voltou-se para Ewan,<br />

enquanto recitava sua promessa de honrar e obedecer.<br />

Quando o sacerdote declarou-os casados, Ewan inclinou-se para selar a aliança <strong>com</strong> <strong>um</strong> beijo. Ela<br />

hesitou por <strong>um</strong> momento e sussurrou.<br />

—Você não vai usar a língua!<br />

A risada dele ressoou pela sala. Seu clã olhou ansiosamente para a fonte de seu riso, mas ele só tinha<br />

olhos para sua esposa. Ewan encontrou os lábios dela, tão doces e quentes, e em pouco tempo devastou<br />

sua boca. E, oh sim, usou a sua língua.<br />

Quando a soltou, Mairin olhava ferozmente para ele. Ewan sorriu e pegou a mão dela, puxando-a<br />

contra ele enquanto se virava para o clã.<br />

Então, levantou a mão dela e a apresentou <strong>com</strong>o a nova senhora do castelo.<br />

O rugido do clã ecoou tão alto no salão que Mairin estremeceu. Mas permaneceu orgulhosamente ao<br />

lado de Ewan, <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso encantador nos lábios.<br />

Um a <strong>um</strong>, os homens de Ewan aproximaram-se a ajoelharam-se para oferecer sua lealdade à nova<br />

senhora. Mairin ficou perplexa <strong>com</strong> a demonstração. Estremeceu, querendo desaparecer no chão.<br />

Ewan sorriu enquanto a observava <strong>com</strong>preender sua nova posição. Mairin levou <strong>um</strong>a vida isolada.<br />

Agora, pela primeira vez, encarava seu destino.<br />

Quando os últimos soldados se curvaram diante de Mairin, Ewan segurou-a pelo cotovelo para guiála<br />

em direção à mesa que Gertie e as outras mulheres prepararam para a festa do casamento. No canto,<br />

<strong>um</strong> pequeno grupo de músicos se reuniu para tocar cantigas animadas.


Ewan <strong>com</strong>partilhou <strong>com</strong> Mairin seu lugar na cabeceira da mesa. Queria vê-la sentada ao seu lado em<br />

<strong>um</strong>a posição de honra. Pediu <strong>um</strong>a cadeira para ser colocada ao lado dele, e quando serviram o primeiro<br />

prato, ofereceu o melhor pedaço de sua porção para ela.<br />

Aparentemente satisfeita <strong>com</strong> o seu respeito, Mairin lhe permitiu ser alimentada por <strong>um</strong> pedaço de<br />

carne espetada em sua adaga. Sorriu tão fascinada para Ewan que por <strong>um</strong> momento esqueceu-se de<br />

respirar.<br />

Alaric e Caelen sentaram-se em ambos os lados de Ewan e Mairin. Assim que as últimas pessoas se<br />

sentaram e todos estavam servidos, Alaric levantou-se e pediu silêncio. Então, ergueu a taça e olhou para<br />

Ewan e Mairin.<br />

— Ao laird e à sua senhora. – ele saudou. – Que seu casamento seja abençoado <strong>com</strong> saúde e muitos<br />

filhos.<br />

— Ou filhas. – Mairin murmurou tão baixo que Ewan quase não a escutou.<br />

Sorriu enquanto ouvia o rugido de seu clã. Ergueu a taça e inclinou a cabeça em direção a Alaric.<br />

— E que nossas filhas sejam tão bonitas quanto sua mãe.<br />

Mairin ofegou suavemente e voltou seus olhos brilhantes para Ewan. Seu sorriso il<strong>um</strong>inou a sala<br />

inteira. Para o espanto dele, de repente Mairin se levantou, segurou seu rosto entre as mãos e deu-lhe <strong>um</strong><br />

beijo sensual. A sala toda explodiu em <strong>um</strong> coro de aplausos. Mesmo Caelen parecia divertido. Mairin<br />

aproximou-se mais, pressionando suas curvas contra ele. O corpo de Ewan reagiu imediatamente. Ficou<br />

rígido e na sua atual posição não conseguia aliviar o desconforto crescente. Então se sentou, mas<br />

continuou desconfortável.<br />

No meio da festa, o flautista <strong>com</strong>eçou <strong>um</strong>a música especialmente alegre. Alegre, rápida e dezenas de<br />

pés <strong>com</strong>eçaram <strong>um</strong>a batida rítmica no chão.<br />

Mairin juntou as mãos e soltou <strong>um</strong> som de puro deleite.<br />

— Você dança, moça? – Ewan perguntou.<br />

Ela balançou a cabeça melancólica.<br />

— Não, nunca houve dança na abadia. Provavelmente sou desajeitada nisso.<br />

— Eu também não sou tão bom assim. – Ewan disse. – Vamos ter que nos virar.<br />

Mairin o premiou <strong>com</strong> outro sorriso e impulsivamente apertou sua mão. Ele prometeu a si mesmo<br />

que, independente de quão tolo parecesse dançando, dançaria <strong>com</strong> ela todas as vezes que desejasse.<br />

— Laird! Laird!<br />

Um de seus guardas corria pelo hall <strong>com</strong> a espada desembainhada. Ewan levantou-se e<br />

automaticamente colocou as mãos sobre os ombros de Mairin em <strong>um</strong> gesto de proteção.<br />

O soldado estava sem fôlego quando parou frente a Ewan. Alaric e Caelen também se levantaram<br />

esperando pela notícia.<br />

— Um exército se aproxima, laird. Recebi a notícia momentos atrás. Eles carregam a bandeira de<br />

Duncan Cameron. Vêm pelo sul e estão a duas horas de nossa fronteira.


Capítulo 13<br />

Ewan soltou <strong>um</strong>a maldição. As expressões de Alaric e Caelen se endureceram, mas outra coisa<br />

brilhava em seus olhos. Antecipação.<br />

Ewan pegou as mãos de Mairin e segurou-as tão apertadas que ela estremeceu de dor.<br />

— Reúna as tropas. Preparem-se no pátio. Esperem por mim. – Ewan ordenou.<br />

Começou a tirar Mairin da mesa quando Alaric perguntou.<br />

— Onde diabos você está indo, Ewan?<br />

— Tenho <strong>um</strong> casamento para cons<strong>um</strong>ar.<br />

Boquiaberta, Marin se viu transportada em direção à escada. Ewan subiu os degraus, forçando-a<br />

correr atrás do ritmo dele.<br />

Ele a empurrou para dentro do quarto e bateu a porta para fechá-la. Mairin assistiu assustada quando<br />

<strong>com</strong>eçou a se despir.<br />

— Tire seu vestido, moça. – ele disse quando jogou de lado sua túnica.<br />

Completamente desnorteada, Mairin caiu na beira da cama.Ewan queria que ela se despisse? Estava<br />

ocupado tirando as botas, mas era dever dela despi-lo.<br />

Pensando em corrigir seu erro, se levantou e correu para ajudá-lo, mas ele parou e olhou para Mairin<br />

<strong>com</strong>o se fosse <strong>um</strong>a estúpida.<br />

— É meu dever despi-lo, laird. Dever da esposa. – ela corrigiu. – Estamos casados agora. Eu deveria<br />

despi-lo em nosso quarto.<br />

O olhar de Ewan se suavizou e estendeu a mão para tocá-la no rosto.<br />

— Perdoe-me, moça. Desta vez será diferente. O exército de Duncan Cameron se aproxima. Não<br />

tenho tempo para enchê-la de palavras doces e <strong>um</strong> toque suave. – ele enrugou a testa e fez <strong>um</strong>a careta. –<br />

Terá que ser rápido.<br />

Ela o olhou, confusa. Antes que pudesse questioná-lo ainda mais, Ewan <strong>com</strong>eçou a puxar os cordões<br />

de seu vestido, tirando-o impacientemente.<br />

— Laird, o que está fazendo? – balbuciou.<br />

Mairin ofegou, surpresa, quando o tecido foi arrancado e jogado no chão. Tentou segurar o vestido,<br />

mas Ewan a impediu, deixando-a apenas <strong>com</strong> as peças íntimas.<br />

—Laird. – <strong>com</strong>eçou, mas Ewan puxou-a pelos ombros e pressionou seus lábios contra os dela.<br />

Quando a deitou sobre a cama, conseguiu retirar o resto de suas roupas.<br />

Suas calças cairiam no chão e ela sentiu algo quente e duro roçar sua barriga. Quando olhou para<br />

baixo e viu o que era, sua boca se escancarou. Olhou horrorizada para o apêndice saliente.<br />

Ewan segurou-a no queixo e fez <strong>com</strong> que erguesse seus olhos novamente. Cobriu os lábios dela <strong>com</strong><br />

sua boca e deitou-a de costas na cama, pairando logo acima dela.<br />

— Abra suas pernas, Mairin. – disse asperadamente contra seus lábios.


Ela relaxou suas coxas e suspirou,desanimada, quando as mãos de Ewan escorregaram entre suas<br />

pernas e acariciaram através das dobras delicadas.<br />

Ewan deslizou a boca pelo pescoço dela. Arrepios percorreram os ombros e seios dela, enquanto ele<br />

apertava os lábios contra sua carne. Sentiu-se estranhamente agitada, sem fôlego...não sabia <strong>com</strong>o<br />

descrever isso. Mas gostou.<br />

— Sinto muito, moça. – a voz dele estava carregada de arrependimento. – Sou <strong>um</strong> triste condenado.<br />

Mairin franziu a testa enquanto se segurava nos ombros dele,<strong>com</strong> Ewan cobrindo-a <strong>com</strong> seu calor e<br />

sua dureza. Por que ele estava triste? Não parecia apropriado pedir desculpas durante o ato de amar.<br />

Sentiu-o duro <strong>com</strong>o aço enquanto sondava entre suas coxas. Levou <strong>um</strong> tempo para perceber o que<br />

ele buscava. Abriu os olhos e apertou os dedos na pele dele.<br />

— Ewan!<br />

— Perdoe-me. – ele sussurrou.<br />

Empurrou para frente e a euforia que ela tinha experimentado momentos antes desapareceu, dando<br />

lugar a <strong>um</strong>a dor que a rasgou ao meio.<br />

Gritou e bateu nos ombros <strong>com</strong> os punhos cerrados. Lágrimas caíram por seu rosto e ele as afastou<br />

<strong>com</strong> a boca, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a chuva de beijos sobre sua face.<br />

— Shhh, moça. – ele murmurou.<br />

— Dói!<br />

— Sinto muito. – ele disse novamente. – Eu sinto muito, Mairin. Mas não posso parar. Devemos<br />

acabar <strong>com</strong> isso.<br />

Ele se moveu por <strong>um</strong> momento e Mairin bateu nele novamente. Ele a tinha rasgado em duas. Não<br />

havia outra explicação para isso.<br />

— Eu não a rasguei. – ele disse rispidamente. – Fique quieta <strong>um</strong> momento. A dor irá embora.<br />

Ele se retirou e Mairin encolheu-se. Então,Ewan empurrou para frente de novo. Ela gemeu.<br />

Um grito no corredor a fez ficar paralisada. Ewan amaldiçoou e então <strong>com</strong>eçou a mover-se<br />

novamente. Mairin estava em estado de choque, incapaz de processar a sensação desconfortável que<br />

nascia dentro dela.<br />

Uma, duas, e mais vezes empurrou dentro e então ficou tenso contra ela, tão imóvel que podia sentir<br />

o bater violento de seu coração.<br />

De repente, ele rolou para longe e Mairin sentiu a <strong>um</strong>idade pegajosa entre as pernas. Não tinha<br />

qualquer ideia do que era ou o que deveria fazer em seguida. Deitou-se ali, tremendo enquanto seu<br />

marido corria para se vestir.<br />

Assim que calçou as botas, voltou para a cama e passou os braços por baixo dela. Talvez agora<br />

dissesse as palavras ternas que <strong>um</strong> marido deveria dizer depois de amar. Mas ele simplesmente a pegou e<br />

segurou-a em seus braços por <strong>um</strong> momento. Então, levou-a ao banco em frente ao fogo.<br />

Mairin observou-o tirar a roupa de cama e examinar a mancha de sangue no meio dos lençóis.<br />

Enrolou-o em suas mãos e observou-a, <strong>com</strong> os olhos cheios de culpa.<br />

— Preciso ir, moça. Mandarei <strong>um</strong>a das mulheres para cuidar de você.


Ele deixou o quarto, fechando a porta atrás de si. Mairin ficou olhando, totalmente descrente <strong>com</strong> o<br />

que tinha acabando de acontecer.<br />

Um momento depois, Maddie entrou apressada, olhando-a <strong>com</strong> simpatia.<br />

— Calma, calma moça. – disse Maddie, abraçando Mairin. – Você está muito pálida. Trarei água<br />

quente. Isso vai ajudá-la a aliviar suas dores.<br />

Mairin estava muito envergonhada para fazer a Maddie qualquer <strong>um</strong>a das perguntas que rodeavam<br />

sua mente. Sentou-se ali, entorpecida, enquanto <strong>um</strong> grito de guerra levantou-se no pátio, seguido do<br />

som de centenas de cavalos atravessando a terra.<br />

O olhar dela caiu sobre o vestido jogado no chão. Ewan rasgou o vestido. Seu vestido de casamento.<br />

Depois de todas as coisas que aconteceram naquele dia, o vestido devia ser o que menos importava para<br />

ela. Mas lágrimas brotaram em seus olhos, escorrendo em trilhas quentes pelo rosto.<br />

Maddie terminou de trocar a roupa de cama. Movimentava-se pelo quarto, embora fosse claro que<br />

não tinha nenh<strong>um</strong>a tarefa para fazer.<br />

— Por favor. – ela sussurrou. – Quero ficar sozinha.<br />

Maddie a olhou <strong>com</strong> dúvida, mas quando Mairin reforçou seu pedido, saiu relutante do quarto.<br />

Mairin ficou sentada no banco por <strong>um</strong> longo momento. Com os joelhos encolhidos contra o peito,<br />

olhando o fogo diminuir. Então, levantou-se para lavar a viscosidade de seu corpo. Assim que terminou,<br />

arrastou-se para a cama e se jogou debaixo das cobertas limpas, muito cansada e perturbada para se<br />

preocupar <strong>com</strong> o exército de Duncan Cameron.<br />

Ewan levou seus homens ao longo das colinas até o limite íngreme ao sul de suas terras. Seus dois<br />

irmãos o a<strong>com</strong>panhavam. Os homens de Cameron estavam se aproximando rapidamente.<br />

Não haveria tempo para preparar <strong>um</strong> ataque surpresa. <strong>Na</strong> verdade, Ewan não desejava <strong>um</strong>. Estava<br />

<strong>com</strong> a força de <strong>um</strong> exército inteiro, salvo <strong>um</strong> pequeno contingente que ficou para trás para guardar o<br />

castelo. Não havia dúvidas de que estavam em desvantagem, mas os soldados McCabe eram muito mais<br />

fortes.<br />

— Eles estão no topo da próxima colina, laird. – Gannon disse assim que surgiu <strong>com</strong> seu cavalo na<br />

frente de Ewan.<br />

Ewan sorriu. A vingança era seu guia.<br />

— Vamos saudar Cameron! – Ewan disse a seus irmãos.<br />

Alaric e Caelen levantaram suas espadas no ar. À sua volta, os gritos de seus homens ecoaram<br />

fortemente por toda a terra. Ewan esporeou o cavalo e todos correram morro abaixo. Assim que<br />

<strong>com</strong>eçaram a subir a próxima colina, Ewan viu o poder reunido do exército de Cameron.<br />

Ewan varreu o olhar entre os soldados inimigos até encontrar sua presa. Duncan Cameron sentava-se<br />

na sela mais alta, vestindo trajes de batalha.<br />

— Cameron é meu. – ele gritou para seus homens. Então olhou de soslaio para seus irmãos. – Alg<strong>um</strong><br />

conselho?<br />

— Matar todos eles? – Alaric perguntou suavemente.<br />

— Cada <strong>um</strong> deles. – Ewan respondeu.


Caelen girou a espada na mão.<br />

— Então, faça-se.<br />

Ewan deu o grito de guerra. Ao seu redor, seus homens repetiram o grito e logo o vale ecoava <strong>com</strong> o<br />

trovejar dos cascos dos cavalos.<br />

Os McCabes avançaram <strong>com</strong> sede de vingança, seus gritos eram selvagens o suficiente para<br />

amedrontar as almas dos mortos.<br />

Depois de certa hesitação, os homens de Cameron correram para o confronto. Ewan encontrou o<br />

primeiro homem e o atacou <strong>com</strong> <strong>um</strong> movimento hábil de sua espada. Ele pode ver o medo e a surpresa<br />

nos olhos do homem. Não estava preparado para encontrar <strong>um</strong>a força de <strong>com</strong>bate <strong>com</strong>o aquela.<br />

Ewan olhou rapidamente para verificar seus homens. Não precisava se preocupar. Caelen e Alaric<br />

estavam cortando <strong>um</strong>a trilha através dos homens de Cameron, enquanto o resto de seus soldados<br />

atacava seus inimigos <strong>com</strong> velocidade e agilidade.<br />

Ewan fixou-se em Cameron, que ainda não tinha desmontado de seu cavalo. Ficou para trás, vendo<br />

seus homens e gritando ordens. Ewan se concentrou em abrir caminho através dos homens de Cameron,<br />

até que havia apenas dois soldados entre ele e seu inimigo.<br />

Ele despachou o primeiro <strong>com</strong> <strong>um</strong> corte no peito. O sangue carmesim brilhava sobre sua espada<br />

quando avançou para o segundo. O soldado olhou cautelosamente para Ewan e depois de volta para<br />

Cameron. Ele ergueu a espada para atacar, mas no último momento, voltou-se e fugiu.<br />

Os lábios de Ewan se curvaram em <strong>um</strong> sorriso satisfeito ao ver o pavor repentino nos olhos de<br />

Cameron.<br />

— Desça de sua montaria, Cameron. Eu odiaria derramar o sangue de <strong>um</strong> cavalo tão bom <strong>com</strong>o este.<br />

Cameron ergueu a espada, pegou as rédeas nas outra mão e esporeou seu cavalo para frente. Atacou<br />

Ewan, deixando escapar <strong>um</strong> grito de gelar o sangue. Ewan desviou-se do golpe e sua espada avançou,<br />

levantando a de Cameron. Esta saiu voando pelo ar e pousou <strong>com</strong> <strong>um</strong> baque nauseante em <strong>um</strong> dos<br />

corpos caídos a <strong>um</strong>a curta distância.<br />

Cameron esporeou o cavalo e correu rapidamente pelo terreno. Longe de seus homens e da batalha.<br />

Ewan rilhou os dentes <strong>com</strong> fúria. Covarde. Covarde sanguinário. Ele abandonou seus homens,<br />

deixando todos para morrer e salvando o próprio rabo.<br />

Ewan ordenou aos seus homens que parassem o ataque e seguiu em direção aos seus irmãos. Os<br />

soldados de Cameron lamentavelmente foram superados. O <strong>com</strong>andante do exército inimigo<br />

evidentemente chegou à mesma conclusão. Ele gritou para seus homens se retirarem. Eles fugiram.<br />

O <strong>com</strong>andante, ao contrário de Cameron, não era <strong>um</strong> covarde. Ele não fugiu. Mandou os homens<br />

baterem em retirada e ficou bravamente na retaguarda, oferecendo sua proteção.<br />

Ewan sinalizou para seus homens prenderem o <strong>com</strong>andante. Quando Ewan ergueu sua espada e deu<br />

<strong>um</strong> passo para frente, o homem pres<strong>um</strong>iu que morreria. Estava fraco. Uma ferida aberta sangrava.<br />

Olhou para Ewan e aceitou sua derrota. Caiu de joelhos e inclinou a cabeça.<br />

Ewan olhou para ele <strong>com</strong> a raiva queimando sua garganta. Será que foi assim <strong>com</strong> seu pai? Cameron<br />

o matou dessa forma? Seu pai teve que lutar até o fim? Ou sabia que a derrota era inevitável?


Por <strong>um</strong> longo momento, Ewan segurou a espada sobre sua cabeça. Então, assobiou para seu cavalo e<br />

o <strong>com</strong>andante olhou para cima, <strong>com</strong> surpresa. Quando o cavalo parou bem perto, Ewan foi buscar o<br />

lençol que continha o sangue virgem de Mairin. Estendeu-o <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a bandeira, as extremidades<br />

soprando ao vento. Então, enrolou-o em sua mão e jogou-o sobre o rosto do <strong>com</strong>andante.<br />

— Leve esse lençol para Cameron. – Ewan disse, entre dentes. – Leve minha mensagem.<br />

O <strong>com</strong>andante tomou a peça devagar e depois acenou <strong>com</strong> aceitação para Ewan.<br />

— Diga a Duncan Cameron que Mairin Stuart é agora Mairin McCabe. Ela é minha esposa. O<br />

casamento foi cons<strong>um</strong>ado. Diga-lhe que Neamh Alainn nunca será dele.


Capítulo 14<br />

Quando Ewan e seus homens voltaram ao pátio do castelo, já era meia-noite. Estavam sujos de<br />

sangue , cansados, mas felizes <strong>com</strong> a fácil vitória.<br />

A <strong>com</strong>emoração iria acontecer, mas Ewan não sentia vontade de celebrar. Duncan Cameron fugiu e<br />

aquilo queimava <strong>com</strong>o cerveja azeda em seu estômago. Queria matar o filho da puta, não apenas pelo<br />

que fez oito anos antes, mas por causa do que fez <strong>com</strong> Mairin.<br />

Ordenou aos homens que a<strong>um</strong>entassem a vigilância. Havia muito que fazer depois de seu casamento<br />

<strong>com</strong> Mairin. Manter as defesas fortalecidas e novas alianças, <strong>com</strong>o <strong>com</strong> os McDonalds, era mais<br />

importantes do que nunca.<br />

Mesmo <strong>com</strong> tudo isso pesando sobre ele, seu pensamento principal estava em Mairin. Lamentou a<br />

pressa <strong>com</strong> que a tomou na cama. Não gostava de sentir culpa. Culpa era para os homens que <strong>com</strong>etem<br />

erros. Ewan não gostava da ideia de <strong>com</strong>eter erros ou admitir seus fracassos. Sim, ele falhou <strong>com</strong> a<br />

moça.<br />

Banhou-se no lago <strong>com</strong> os outros homens. Se não fosse pelo fato de que <strong>um</strong>a moça doce estava em<br />

sua cama, teria se arrastado para debaixo das cobertas <strong>com</strong> botas e tudo, sem se preocupar <strong>com</strong> nada até<br />

amanhã de manhã.<br />

Depois de lavar a sujeira e o sangue de seu corpo, rapidamente secou-se e subiu os degraus que<br />

levavam ao seu quarto.<br />

Calmamente abriu a porta do quarto e entrou. O quarto estava envolto em trevas, apenas as brasas do<br />

fogo reluziam. Mairin estava aninhada no meio da cama, <strong>com</strong> os cabelos esparramados <strong>com</strong>o <strong>um</strong> véu de<br />

seda. Deslizou <strong>um</strong> joelho em cima da cama e se inclinou sobre Mairin, preparado para acordá-la, quando<br />

viu <strong>um</strong> corpo ao lado dela.<br />

Franzindo a testa, viu Crispen aninhado em seus braços, <strong>com</strong> a cabeça apoiada nos seios dela. Um<br />

sorriso aliviou a censura quando viu <strong>com</strong>o Mairin tinha os dois braços protetoramente envoltos em<br />

torno dele. A moça tinha ass<strong>um</strong>ido seu papel de nova mãe de Crispen. Estavam tão aconchegados <strong>com</strong>o<br />

gatinhos em <strong>um</strong>a noite fria.<br />

Com <strong>um</strong> suspiro, ele se deitou ao lado dela, resignado pelo fato de que não iria despertar sua esposa<br />

<strong>com</strong> beijos ou toques esta noite. Puxou-a para seus braços, embalando-a. Então, rolou <strong>um</strong> braço ao<br />

redor dela e de Crispen, enterrando o rosto no cabelo cheiroso de Mairin e adormeceu rapidamente.<br />

Alg<strong>um</strong>as horas mais tarde, levantou-se <strong>com</strong> cuidado para não acordar Mairin ou Crispen. Vestiu-se<br />

na escuridão e tentou caminhar em direção à porta, mas sua bota se prendeu em alg<strong>um</strong>a coisa. Abaixouse<br />

e pegou o tecido, percebendo que era o vestido que Mairin usou para casar-se.<br />

Lembrando-se que o tinha rasgado em sua pressa para deitar-se <strong>com</strong> ela, Ewan olhou para a peça em<br />

suas mãos por <strong>um</strong> momento. A imagem de Mairin, seus olhos chocados e a dor que se refletia neles o fez<br />

franzir a testa.<br />

Era apenas <strong>um</strong> vestido.<br />

Enrolando-o em suas mãos, ele o levou consigo quando desceu as escadas. Mesmo tão cedo, o castelo<br />

já fervia <strong>com</strong> a atividade das pessoas.


Caelen e Alaric terminavam seu café quando Ewan entrou no salão.<br />

— O casamento o transformou em <strong>um</strong> dorminhoco. – Caelen zombou. – Já faz mais de <strong>um</strong>a hora<br />

que estamos esperando por você.<br />

Ignorando o irmão, Ewan tomou seu lugar na cabeceira da mesa. Uma das mulheres que serviam<br />

correu trazer tigelas de alimentos e colocá-las em frente a Ewan.<br />

— No que diabos está pensando, Ewan? – Alaric perguntou.<br />

Ewan olhou para baixo, percebendo que ainda estava carregando o vestido de Mairin. Ao invés de<br />

responder ao irmão, ele chamou a menina que estava servindo.<br />

— Maddie está por aí?<br />

— Sim, laird. Gostaria que eu fosse chamá-la?<br />

— Imediatamente.<br />

Ela fez <strong>um</strong>a reverência e saiu correndo. Alguns minutos mais tarde, Maddie entrou correndo.<br />

— Você me chamou, laird?<br />

— Sim. – entregou o vestido para a mulher, que, surpresa, pegou-o. – Você pode consertar isso?<br />

Maddie examinou o tecido em suas mãos.<br />

— Sim, laird. Preciso apenas de agulha e linha. Poderei fazê-lo em <strong>um</strong> momento.<br />

— Faça, então. Gostaria que minha esposa o tivesse inteiro novamente.<br />

Maddie sorriu e seus olhos brilharam, sabendo que o irritava. Ewan fez <strong>um</strong>a careta para ela e acenou.<br />

Ainda sorrindo, ela enfiou o vestido debaixo do braço e deixou o salão.<br />

— Você rasgou o vestido de sua noiva? – Caelen sorriu.<br />

— Pelo jeito você tem jeito <strong>com</strong> as mocinhas. – Alaric disse, balançando a cabeça. – Carregou-a<br />

escada acima para <strong>um</strong>a rápida cons<strong>um</strong>ação e ainda rasgou o vestido dela.<br />

— Ela não é <strong>um</strong>a mocinha. – Ewan disse, irritado. – Ela é sua irmã agora e deve falar dela <strong>com</strong><br />

respeito, <strong>com</strong>o esposa de seu laird.<br />

Alaric ergueu as mãos em sinal de rendição e se recostou na cadeira.<br />

— Não quis ofendê-lo.<br />

— Está sensível hoje, não é? – Caelen disse.<br />

O olhar de Ewan silenciou o irmão mais novo.<br />

— Temos muito a fazer hoje. Alaric, preciso de você para ser meu emissário a McDonald.<br />

Alaric e Caelen se olharam <strong>com</strong> incredulidade.<br />

— O quê? Ewan, o bastardo tentou sequestrar seu filho. – Alaric resmungou.<br />

— Ele nega o conhecimento das ações de seus soldados. E o soldado está morto agora. – Ewan disse,<br />

sem rodeios. – Não será mais <strong>um</strong>a ameaça para meu filho. E McDonald quer <strong>um</strong>a aliança. Suas terras se<br />

juntariam a Neamh Alainn. E quero que você faça esse acordo. Alaric.<br />

— Certo. – disse Alaric. – Partirei dentro de <strong>um</strong>a hora.


Alaric caminhou para fora do salão para se preparar para a viagem. Ewan rapidamente terminou sua<br />

refeição e então ele e Caelen foram para onde seus homens estavam treinando.<br />

Ficaram no pátio, observando <strong>com</strong>o os outros soldados lutavam.<br />

— É imperativo que Mairin fique sob constante vigilância.- Ewan disse em voz baixa para Caelen. –<br />

Duncan Cameron não vai desistir só porque casei <strong>com</strong> ela. Há muito a ser feito e Mairin deve<br />

permanecer dentro do castelo sob vigilância cuidadosa.<br />

Caelen lançou <strong>um</strong> olhar cauteloso para Ewan.<br />

— Não acho que essa tarefa deve ser minha. Ela é sua esposa.<br />

— Mairin é o futuro de nosso clã. – Ewan disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz perigosamente macia. – Seria bom ter<br />

isso em mente quando me disser o que você deve ou não fazer. Espero que a sua lealdade a mim se<br />

estenda a ela, também.<br />

— Mas ser <strong>um</strong>a babá, Ewan? – Caelen perguntou <strong>com</strong> voz triste.<br />

— Tudo o que você precisa fazer é mantê-la segura. Isso parece muito difícil? – Ewan perguntou.<br />

Então, acenou para seus <strong>com</strong>andantes, quando seus homens terminaram a rodada de treino. Instruiu<br />

Gannon, Cormac e Diormid sobre Mairin ser vigiada o tempo todo.<br />

— Como quiser, laird. Mas ela não vai gostar muito. – disse Gannon.<br />

— Não estou preocupado <strong>com</strong> o que ela vai gostar ou não. – Ewan respondeu. – Minha preocupação<br />

é mantê-la segura.<br />

Os homens assentiram, em acordo.<br />

— Não há necessidade de alarmá-la. Não quero que ela se sinta insegura em minhas terras. Quero-a<br />

bem protegida, mas que isso pareça “natural”.<br />

— Pode contar conosco para manter Lady McCabe em segurança, laird. – Cormac prometeu.<br />

Certo de que seus homens <strong>com</strong>preenderam a importância de manter estreita vigilância sobre Mairin,<br />

Ewan convocou seu mensageiro e escreveu <strong>um</strong>a carta ao rei, informando-o de seu casamento <strong>com</strong><br />

Mairin e solicitando a liberação de seu dote.<br />

Pela primeira vez em muitos anos, sentia seu coração bater em <strong>um</strong> ritmo constante dentro de seu<br />

peito. Não por vingança. Não, ele sempre soube que esse dia chegaria. Com o dote de Mairin, seu clã<br />

poderia prosperar novamente. Os alimentos seriam abundantes. Suprimentos em suas mãos. Deixariam<br />

para trás sua existência espartana.<br />

Apesar da intenção em tirar <strong>um</strong>a hora do dia para falar <strong>com</strong> Mairin, ele passou o dia envolvido em<br />

várias atividades. Duncan Cameron mandou embora o espírito de tranquilidade que havia no castelo.<br />

Um incidente <strong>com</strong> seus homens o impediu de jantar <strong>com</strong> Mairin e quando subiu as escadas indo em<br />

direção ao seu quarto, estava muito cansado. Pelo menos estava limpo depois de <strong>um</strong> mergulho no lago.<br />

Abriu a porta devagar e viu que ela já estava deitada, <strong>com</strong> a respiração tranquila, indicando que<br />

dormia. Ewan <strong>com</strong>eçou a avançar, <strong>com</strong> a intenção de acordá-la, quando viu mais <strong>um</strong>a vez Crispen<br />

aconchegado nela. Ele suspirou, amanhã faria questão de dizer que Crispen tinha seu próprio quarto do<br />

outro lado do corredor.


No outro dia, Ewan não teve chance de fazer o que prometeu. Desde o momento em que Mairin<br />

acordou, não teve oportunidade de falar <strong>com</strong> ela. Mais tarde, já impaciente, mandou chamá-la. Quando<br />

ficou sem resposta, enviou Cormac para buscá-la. Cormac retornou <strong>com</strong> a notícia de que Mairin estava<br />

visitando outras mulheres e que falaria <strong>com</strong> o laird mais tarde.<br />

Ewan fez <strong>um</strong>a careta e Cormac parecia desconfortável dizendo ao laird que sua esposa se recusou a<br />

vê-lo.<br />

Claramente eles teriam que discutir certos assuntos enquanto seu filho dormia. Ou seja, discutir a<br />

ideia de não desobedecer a <strong>um</strong>a ordem direta.<br />

Ele fez questão de jantar <strong>com</strong> Mairin naquela noite. Ela parecia cansada e nervosa. Seu olhar corria<br />

na direção dele quando pensava que ele não estava olhando, <strong>com</strong>o se temesse que a carregasse<br />

brutalmente para o seu quarto.<br />

Ewan suspirou. Supunha que não era <strong>um</strong> medo irracional, considerando o ocorrido no dia de seu<br />

casamento. A moça estava inquieta. Cabia a ele acalmar seus medos e suas preocupações.<br />

Proteção era algo que ele poderia facilmente oferecer. Sua lealdade para <strong>com</strong> a mulher seria<br />

inabalável. Mas ternura e <strong>com</strong>preensão? Palavras doces para ajudar a aliviar preocupações?A mera ideia o<br />

apavorou.<br />

Seus pensamentos deviam transparecer em seu rosto, porque Mairin o olhou assustada e então se<br />

levantou, desculpando-se. Sem esperar pela permissão do marido, ela murmurou algo para Crispen. O<br />

menino engoliu a <strong>com</strong>ida rapidamente e levantou-se para segui-la. Ele a segurou pela mão e ambos<br />

deixaram a sala em direção as escadas.<br />

Ewan estreitou os olhos quando percebeu o que estava acontecendo. Mairin propositalmente levou<br />

Crispen para sua cama em <strong>um</strong> esforço para evitar Ewan. Se não estivesse tão irritado, poderia ficar<br />

impressionado <strong>com</strong> sua astúcia.<br />

Levantou-se da mesa e acenou para Caelen. Preferia ir para a guerra a subir as escadas e enfrentar<br />

aquela situação <strong>com</strong> sua nova esposa. Ele não tinha nem ideia de <strong>com</strong>o resolver aquilo. Um bom <strong>com</strong>eço<br />

seria fazer <strong>um</strong> sermão sobre obedecer às ordens dele. Depois disso, simplesmente mandaria que ela não<br />

ficasse tão receosa.<br />

Sentindo-se confiante sobre seu plano de ação, ele subiu até seu quarto e abriu a porta. Mairin virouse,<br />

olhando-o surpresa.<br />

— Você precisa de algo, laird?<br />

Ewan arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Não posso entrar em meu próprio quarto?<br />

Mairin corou.<br />

— Sim, é claro. É que você não cost<strong>um</strong>a vir para a cama tão cedo. Ou seja, eu não esperava que<br />

você...<br />

Ela calou-se,avermelhando ainda mais. Apertou os lábios firmemente <strong>com</strong>o se recusando a dizer mais<br />

<strong>um</strong>a palavra. Ewan não resistiu a provocá-la.<br />

— Não percebi que você estava tão familiarizada <strong>com</strong> meus hábitos de sono, moça.


Ela o olhou <strong>com</strong> descontentamento. Determinado a definir suas regras, apontou <strong>um</strong> dedo para<br />

Crispen, chamando-o. O menino se separou a contragosto de Mairin e se aproximou do pai. Ewan<br />

colocou as mãos sobre os ombros do filho.<br />

— Esta noite você vai dormir no seu próprio quarto.<br />

Quando Mairin ameaçou protestar, Ewan a silenciou <strong>com</strong> <strong>um</strong> olhar severo. Crispen também queria<br />

discutir, mas era muito disciplinado para isso.<br />

— Sim, papai. Posso dar <strong>um</strong> beijo de boa noite em mamãe?<br />

Ewan sorriu.<br />

— É claro.<br />

Crispen correu de volta para Mairin e deixou-se abraçar por ela. Ela o beijou na cabeça e depois o<br />

abraçou apertado. Crispen voltou e ficou solenemente na frente de Ewan.<br />

— Boa noite, papai.<br />

— Boa noite, meu filho.<br />

Ewan esperou até que seu filho saísse do quarto antes de se voltar para Mairin. Ela ergueu o queixo,<br />

provocando-o <strong>com</strong> desafio em seus olhos. Estava preparada para a batalha. O pensamento o divertiu,<br />

mas sufocou o sorriso que ameaçava.<br />

— Quando eu der <strong>um</strong>a ordem para vir até mim, espero que obedeça. – ele disse. – Espero, não. Exijo<br />

obediência. Não vou aceitar que você me desafie.<br />

Mairin apertou os lábios, e Ewan pensou que a tinha assustado novamente, mas olhando melhor, viu<br />

que estava furiosa.<br />

— Mesmo quando suas exigências são ridículas? – ela perguntou <strong>com</strong> <strong>um</strong> soluço.<br />

Ele levantou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Quando <strong>um</strong>a ordem de apresentar-se a mim tornou-se ridícula? Eu tinha assuntos para discutir<br />

<strong>com</strong> você. Meu tempo é valioso.<br />

Ela abriu a boca e depois a fechou imediatamente. Mas murmurou algo em voz baixa que ele não<br />

entendeu.<br />

—Agora que temos esse assunto resolvido, quero dizer que aprecio sua devoção ao meu filho. Mas<br />

ele tem seu próprio quarto que <strong>com</strong>partilha <strong>com</strong> outras crianças do castelo.<br />

— Ele deve dormir <strong>com</strong> sua mãe e seu pai. – ela deixou escapar.<br />

— Sim, haverá momentos em que realmente acontecerá. – Ewan concordou. – Mas logo após nosso<br />

casamento não é <strong>um</strong> deles.<br />

— Não consigo ver o que ser recém-casado tem a ver <strong>com</strong> isso. – ela murmurou.<br />

Ewan suspirou e tentou controlar sua impaciência. A moça ainda ia matá-lo.<br />

— É difícil me deitar <strong>com</strong> minha mulher, se meu filho partilha a cama conosco. – falou lentamente.<br />

Mairin desviou o olhar e torceu suas mãos.<br />

— Se você não se importar, prefiro não ter você... na cama... <strong>com</strong>igo.


— E <strong>com</strong>o planeja engravidar, moça?<br />

Mairin enrugou o nariz e lhe lançou <strong>um</strong> olhar cauteloso, mas esperançoso.<br />

— Talvez sua semente já tenha enraizado. Devemos esperar para ver se isso aconteceu. Você não tem<br />

nenh<strong>um</strong>a habilidade para amar e eu, obviamente, sei muito pouco sobre o assunto.<br />

Ewan escancarou a boca. Ele não tinha certeza se tinha ouvidi corretamente. Nenh<strong>um</strong>a habilidade?<br />

Fechou a boca e então apertou a mandíbula <strong>com</strong> a força de sua incredulidade.<br />

Mairin encolheu os ombros.<br />

— Todos sabem que <strong>um</strong> homem ou é qualificado na arte de amar ou nos assuntos da guerra. É obvio<br />

que sua habilidade é lutar.<br />

Ewan estremeceu. A mocinha estava acabando <strong>com</strong> sua virilidade. Seu membro estava sendo<br />

h<strong>um</strong>ilhado por suas críticas. A raiva guerreou <strong>com</strong> a exasperação. Mas ele suspirou.<br />

— Ah, moça. É verdade que eu a tomei <strong>com</strong> a habilidade de <strong>um</strong> cavalariço <strong>com</strong> sua primeira mulher.<br />

As faces dela ficaram coradas e Ewan amaldiçoou-se pela sua grosseria. Enroscou os dedos em seus<br />

cabelos.<br />

— Você era virgem. É improvável que qualquer coisa que eu fizesse tornasse tudo perfeito. Mas há<br />

muitas coisas que posso fazer para tornar mais agradável.<br />

— Eu gostaria que fosse mais agradável. – ela disse, pensativa.<br />

Ewan quase perdeu a paciência. Quanto ele a machucou? Sabia que não tinha dado prazer ou a<br />

paciência que ela merecia. No momento, tudo o que sabia era que tinha que cons<strong>um</strong>ar o casamento <strong>com</strong><br />

toda a pressa. Não houve tempo para seduzir <strong>um</strong>a virgem tímida. Só que agora sua virgem tímida se<br />

transformou em <strong>um</strong>a mulher teimosa, que não queria ser sua esposa.<br />

— Mairin, o casamento não era válido até que eu me deitasse <strong>com</strong> você. Não poderia correr o risco<br />

de algo acontecer antes que tivesse a chance de fazer isso. Se você tivesse sido capturada, Cameron<br />

poderia tê-la tirado de mim e pedir a anulação do casamento. Ele se deitaria <strong>com</strong> você até ter <strong>um</strong> filho<br />

para fortalecer a sua reivindicação.<br />

Os lábios dela tremeram e Mairin olhou para baixo. Ewan aproveitou a distração momentânea e se<br />

aproximou dela, tomando-lhe as mãos. Suas mãos eram pequenas e macias. Delicadas. A lembrança de<br />

ter sido áspero <strong>com</strong> ela, machucando-a, deixou-o perturbado. A imagem de seus olhos cheios de<br />

lágrimas apunhalou seu estômago.<br />

— Será diferente a partir de agora.<br />

Mairin levantou os olhos para ele e sua expressão tornou-se pensativa.<br />

— Será?<br />

— Sim, será.<br />

—Por quê?<br />

Ewan segurou sua impaciência e lembrou-se que ela precisava de suavidade agora.<br />

— Porque sou muito hábil no amor. – ele disse. – Pretendo mostrar-lhe.<br />

Os olhos dela se arregalaram.


— Você é?<br />

— Sim, eu sou.<br />

Ela abriu a boca e tentou dar <strong>um</strong> passo para trás. Ewan a segurou nas mãos, <strong>com</strong> força, puxando-a<br />

para junto dele até colá-la ao seu peito.<br />

— <strong>Na</strong> verdade, eu pretendo mostrar a você o quanto sou habilidoso.<br />

— Você fará isso?<br />

— Sim, farei.<br />

Mairin engoliu em seco e olhou para ele, confusa.<br />

—Quando você pretende me mostrar isso, laird?<br />

Ele se curvou e roçou sua boca sobre a dela.<br />

— Agora.


Capítulo 15<br />

Mairin colocou as mãos sobre o peito de Ewan para se firmar, senão teria caído sob o ataque<br />

implacável de seus sentidos. Ela suspirou e inclinou-se mais perto para o beijo e nem mesmo protestou<br />

quando a língua dele deslizou sensualmente sobre o lábio inferior, <strong>com</strong>o se tentasse persuadi-la a abrilos.<br />

O homem podia não ser hábil no amor, mas ela poderia se afogar em seus beijos. Talvez Ewan<br />

pudesse se contentar em apenas beijá-la e renunciar ao resto.<br />

— Beije-me de volta. – ele murmurou. – Abra sua boca. Deixe-me sentir seu gosto.<br />

Suas palavras deslizaram <strong>com</strong>o veludo sobre sua pele. Mairin estremeceu quando sentiu seus seios<br />

incharem. Uma dor <strong>com</strong>eçou no fundo do seu corpo, em partes que ela não se atrevia mencionar. Como<br />

ele era capaz de fazê-la sentir-se assim quando tudo o que estava fazendo era beijá-la?<br />

Ewan deslizou as palmas das mãos até sua cintura e em seguida por cima dos ombros até o pescoço.<br />

O calor de seu toque a marcava. Incapaz de negar a sondagem de sua língua, Mairin relaxou sua boca e<br />

lhe permitiu deslizar dentro. Quente e áspera. Tão pecaminosa. Era <strong>um</strong>a sensação indecente, que tinha<br />

certeza que devia negar, mas não podia.<br />

A tentação de prová-lo era forte. Tão forte que ela não conseguia controlar. Timidamente,roçou a<br />

língua nos lábios dele. Ewan gemeu e imediatamente ela recuou, <strong>com</strong> medo de ter feito algo errado.<br />

Mas ele a puxou de volta e capturou sua boca mais <strong>um</strong>a vez, de forma voraz que a deixou sem fôlego.<br />

— Faça isso de novo. – ele sussurrou. – Sinta-me.<br />

Mairin tentou novamente, lambendo o lábio inferior. Ele relaxou a boca contra a dela, abrindo-a mais<br />

para ela ter acesso.<br />

Sentindo-se mais corajosa, empurrou a língua para frente, quente e úmida. Estremeceu ao sentir a<br />

carnalidade pura de algo tão simples <strong>com</strong>o <strong>um</strong> beijo. Sentiu-se vulnerável, enquanto ele saciava seu<br />

desejo mais e mais. Dessa vez, Mairin queimava por ele. Ela o queria em cima dela, seu corpo cobrindoa.<br />

Sentiu-se agitada e ansiosa, sua pele se arrepiando.<br />

—Desta vez eu vou despi-la da maneira correta. – ele sussurrou, enquanto caminhava para a cama.<br />

Mairin franziu a testa, confusa. Ewan não estava fazendo direito, de novo. Será que sempre teria que<br />

ensiná-lo?<br />

— Eu deveria despir você. É meu dever. – ela disse.<br />

Ele sorriu.<br />

— Só será seu dever quando eu disser que é. Esta noite tenho a intenção de despi-la e aproveitar cada<br />

momento. Você merece ser cortejada lentamente, moça. Será sua noite de núpcias outra vez. Seu eu<br />

pudesse voltar e fazer tudo diferente, eu faria. Mas lhe darei o melhor, e darei esta noite.<br />

A promessa em sua voz a fez tremer. Mairin piscou quando ele baixou seu vestido sobre <strong>um</strong> ombro e<br />

em seguida beijou a curva do pescoço. Cada centímetro de sua pele que ele descobria, beijava,<br />

deslizando seu vestido, deixando-a nua sob seu olhar. Então retirou o resto de suas roupas e jogou aos<br />

seus pés.


— Você é linda. – ele murmurou, seu hálito quente sussurrando ao longo de sua carne.<br />

Ewan segurou <strong>um</strong> dos seios, apertando-o. Os mamilos se contraíram, enviando ondas através de seu<br />

ventre.<br />

Então ele se inclinou e passou sua língua sob o mamilo ereto. Os joelhos dela se dobraram e Mairin<br />

caiu contra a cama. Ewan riu levemente e a seguiu. Com <strong>um</strong> pequeno empurrão, pairou sobre ela,<br />

grande e forte. Olhou tão descaradamente para sua nudez que Mairin puxou os lençóis para não sentirse<br />

tão vulnerável.<br />

Ele segurou a mão dela, e olhou-a nos olhos.<br />

— Não se cubra, moça. Você é <strong>um</strong> espetáculo. Nenh<strong>um</strong>a outra se <strong>com</strong>para a você. – Ewan passou<br />

<strong>um</strong> dedo sobre a curva de sua cintura até os quadris. Voltou então até esfregar os mamilos endurecidos.<br />

– Você tem a pele suave <strong>com</strong>o a mais fina seda. E seus seios... eles me lembram melões maduros à espera<br />

de serem provados.<br />

Ela tentou respirar, mas seus pulmões queimaram <strong>com</strong> o esforço. Cada respiração ficava mais difícil.<br />

Ofegou superficialmente, sentindo-se mais tonta a cada minuto que passava.<br />

Ele se afastou da cama e, por <strong>um</strong> momento, Mairin entrou em pânico. Onde estava indo? Mas Ewan<br />

<strong>com</strong>eçou a tirar as roupas de forma mais impaciente do que quando a despiu. Tirou as botas, a túnica e<br />

as calças, jogando-as por todo o quarto.<br />

Inevitavelmente, ela o olhou. Não poderia desviar o olhar mesmo se quisesse. Havia algo<br />

intensamente hipnotizante sobre os contornos do corpo dele. Cicatrizes, alg<strong>um</strong>as antigas, outras muito<br />

mais recentes riscavam caminho em sua pele. Não havia <strong>um</strong> único pedaço de carne fora de sua visão.<br />

Duros músculos sobre o peito e até mesmo o abdômen, onde tantos homens ficam flácidos <strong>com</strong> a idade.<br />

Este era <strong>um</strong> homem forjado no fogo da batalha.<br />

Engolindo em seco, deixou seu olhar cair sob a junção das pernas dele, curiosa para ver a parte que<br />

lhe tinha causado tanta dor. Arregalou os olhos <strong>com</strong> a visão dele se projetando tão duro e tão... grande.<br />

Começou a dar passos para trás, de volta para a cama, antes de sequer perceber o que estava fazendo.<br />

— Não tenha medo. – ele murmurou. – Não vou machucá-la desta vez, Mairin.<br />

— Você não vai?<br />

Ele sorriu.<br />

— Não. E você vai gostar.<br />

— Eu?<br />

— Sim, moça, você vai.<br />

— Tudo bem. – sussurrou.<br />

Beijou seus lábios, ternos e quentes. Era <strong>um</strong>a ideia ridícula, mas Ewan a fez se sentir tão protegida e<br />

acarinhada. Ele continuou a beijá-la, deslizando sua boca para baixo da linha de sua mandíbula e depois<br />

para o pescoço e a pele sensível abaixo da orelha. Parou ali <strong>um</strong> momento e sugou antes de roçar os<br />

dentes no lóbulo.<br />

— Oh!


Sentiu-o sorrir contra seu pescoço, mas nunca afastou a boca. Ao contrário, baixava ainda mais,<br />

traçando <strong>um</strong> caminho até ficar perigosamente perto de seus seios. Lembrando-se de sua reação quando<br />

Ewan lambeu seu mamilo,Mairin encontrou-se arqueando-se para ele.<br />

Ele não hesitou. Seus lábios fecharam-se em torno de <strong>um</strong> mamilo e ele chupou lentamente. Ela<br />

curvou as costas e suas mãos voaram para agarrar os cabelos dele. Oh, santos, e sensação era<br />

maravilhosa.<br />

Ele mamou, dando voltas no rígido botão e depois suavizou-se. Sua língua circulou a carne sensível e<br />

os dentes mordiscavam levemente, persuadindo o botão a ficar ainda mais duro.<br />

— Doce. Tão doce. – ele disse, enquanto movia a boca para o outro seio.<br />

Mairin suspirou e som que saiu de sua garganta parecia truncado. O frio do quarto já não a<br />

in<strong>com</strong>odava mais. Quando ele chupou seu outro seio, seus dedos deslizaram para baixo, acariciando-a<br />

por <strong>um</strong> momento antes de cuidadosamente seguir até o encontro de suas coxas. No momento em que o<br />

dedo dele deslizou através de suas dobras, Mairin ficou tensa.<br />

— Shhh, moça. Relaxe. Só lhe darei prazer.<br />

Seu dedo encontrou <strong>um</strong> ponto particularmente sensível onde <strong>com</strong>eçou a esfregar levemente em <strong>um</strong><br />

movimento circular. Ela engasgou e então apertou os olhos quando foi bombardeada pelo prazer mais<br />

intenso. Assim <strong>com</strong>o ele prometeu.<br />

Sentiu <strong>um</strong>a dor curiosa correr pelo seu corpo. Seus músculos ficaram tensos. Débil. Era assim que se<br />

sentia. Como se estivesse prestes a cair da montanha mais alta.<br />

— Ewan!<br />

Seu nome saiu de seus lábios e nos recantos de sua mente embaçada, ela percebeu que era a primeira<br />

vez que o usou. Ele se jogou sobre seu mamilo e a mão dela se apertou nos cabelos dele. Percebeu que<br />

ainda segurava a cabeça dele <strong>com</strong> muita força. Mas precisava segurar alg<strong>um</strong>a coisa.<br />

Ewan pressionou a língua na pele dela e lentamente foi descendo, fazendo <strong>um</strong> rastro úmido pela sua<br />

barriga. Ele traçou <strong>um</strong>a trilha preguiçosa em torno do <strong>um</strong>bigo e então, para a total surpresa dela, desceu<br />

ainda mais, movendo seu corpo para baixo, aproximando-se do local onde os dedos a tinham acariciado.<br />

Ewan não faria isso. Certamente que não. Uma coisa tão indecente. Oh, mas ele fez...,<br />

Sua boca encontrou seu calor em <strong>um</strong> beijo forte e carnal, que fez todos os músculos de seu corpo se<br />

contorcerem e convulsionarem <strong>com</strong>o se tivesse sido atingida por <strong>um</strong> raio.<br />

Mairin tinha que dizer a ele que não deveria. Deveria dizer que não podia. Ensiná-lo a maneira<br />

correta de fazer as coisas, mas céus, ela não podia pensar em qualquer outra coisa além de continuar. Por<br />

favor, não pare.<br />

— Não vou parar, moça. – ele murmurou contra sua carne mais íntima.<br />

Mairin posicionou as pernas rígidas ao redor dele, mas Ewan gentilmente as colocou de volta ao seu<br />

lado.<br />

— Relaxe.<br />

Mairin tentou. Oh, ela tentou, mas a boca continuava deixando-a tonta. E então, a língua lambeu-a,<br />

tão quente e erótica. O prazer indescritível subiu pelo seu ventre enquanto Ewan lambia sua entrada.


Sua visão ficou turva e ela torceu os dedos, segurando o lençol. Já não tinha mais controle sobre seu<br />

corpo. Arqueou-se, irracionalmente, e suas pernas tremiam, perdida nas sensações.<br />

—Ah, moça. Você está pronta para mim.<br />

A voz dele estava rouca e quase desesperada. Mairin olhou para baixo para vê-lo observando-a <strong>com</strong><br />

olhos selvagens e brilhantes.<br />

— Estou? – ela ofegava.<br />

— Sim, você está.<br />

Moveu-se para cima do corpo dela <strong>com</strong> <strong>um</strong>a velocidade que a surpreendeu. Ewan segurou suas<br />

nádegas <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mão e se colocou entre suas pernas. Podia senti-lo, quente e incrivelmente duro,<br />

aninhado contra sua abertura.<br />

Então, inclinou-se e fundiu seus lábios <strong>com</strong> os dela. Desta vez, Mairin não hesitou, nem pensou em<br />

ensiná-lo a beijar da maneira correta. Abriu a boca e o devorou antes que ele tivesse chance de pedir.<br />

— Segure-se em mim. – Ewan disse asperadamente entre os quentes beijos de boca aberta.<br />

Mairin colocou os braços em torno de seus ombros e cavou seus dedos em suas costas. Beijou-o.<br />

Provou-o. Absorveu a respiração dele <strong>com</strong> cada fôlego.<br />

Antes que percebesse, Ewan ergueu seus quadris e deslizou dentro dela alguns centímetros. Mairin<br />

sentiu-se esticar para a<strong>com</strong>odá-lo e depois se perguntou <strong>com</strong>o foi capaz de fazê-lo.<br />

Ele a beijou novamente e então descansou sua testa contra a dela. Seus olhos estavam tão próximos<br />

que tudo o que ela podia ver era o fino círculo verde que rodeava as pupilas escuras.<br />

— Relaxe. – ele disse novamente. – Não vou machucá-la.<br />

Mairin ergueu os lábios para ele. Desta vez, suas bocas se encontraram em <strong>um</strong>a dança delicada, <strong>com</strong><br />

toques de ternura.<br />

— Eu sei.<br />

E ela sabia. De alg<strong>um</strong>a forma, sabia que dessa vez seria diferente. Não havia pressa. Nenh<strong>um</strong> choque<br />

desagradável para seus sentidos. O corpo dela se fundia ao dele, rendendo-se ao seu poder e sua<br />

necessidade.<br />

Ewan avançou os quadris lentamente. Abrindo-a, deslizando mais fundo. A plenitude a oprimia, mas<br />

não era dor ou surpresa que abalavam seu corpo.<br />

— Quase lá. – ele sussurrou.<br />

Mairin arregalou os olhos quando o sentiu ainda mais fundo e depois parou, tão enterrado dentro<br />

que ela sequer conseguia respirar. Cercou-a, envolvendo-a em seus braços, segurando-a tão perto quando<br />

<strong>com</strong>eçou a se mover em <strong>um</strong> ritmo lento e sedutor.<br />

Os músculos das costas dele ondulavam a cada arremetida. Os dedos de Mairin dançaram por toda a<br />

pele de Ewan, procurando algo para ancorar <strong>com</strong>o se estivesse a deriva em <strong>um</strong>a tempestade.<br />

Ele a<strong>um</strong>entou os movimentos, mais forte, mais rápido. Seus gemidos se misturavam no ar pesado<br />

<strong>com</strong> o cheiro de amor.<br />

— Enrole suas pernas em volta de mim. – ele orientou. – Abrace-me forte, moça.


Mairin envolveu seu corpo inteiro em torno dele, até que teve certeza de estavam tão entrelaçados<br />

que nunca mais se separariam.<br />

A sensação de queimação a<strong>um</strong>entou até que ela se mexeu inquieta, frenética por... liberação. A<br />

respiração doía, então não respirava, e seu peito protestava.<br />

Viu-se atingida por algo que não sabia explicar. E então, se desfez. Gritou, ou tentou gritar, mas sua<br />

boca estava fechada. Os lábios de Ewan estavam contra os dela e ele engoliu seu grito frenético.<br />

Mairin não tinha nenh<strong>um</strong> controle sobre seu corpo. Não conseguia pensar. Só podia sentir, impotente<br />

para fazer qualquer outra coisa, a não ser deitar-se nos braços de Ewan enquanto ele murmurava<br />

palavras suaves contra seus ouvidos.<br />

Totalmente perplexa <strong>com</strong> o que tinha acontecido, fixou os olhos em seu marido que tinha agora <strong>um</strong>a<br />

expressão de agonia. Ele deu mais <strong>um</strong> poderoso impulso, enterrando-se profundamente dentro de seu<br />

corpo. Em seguida, caiu em cima dela, pressionando-a contra o colchão enquanto lhe dava sua semente.<br />

Mairin aninhou seu rosto contra a garganta dele, ficando ali por <strong>um</strong> tempo, <strong>com</strong>pletamente saciada.<br />

Ewan descansou sobre ela por mais alguns minutos até que finalmente ergueu-se e rolou para o lado.<br />

Ele a puxou entre seus braços e acariciou seus cabelos. Então pressionou <strong>um</strong> beijo em sua têmpora e<br />

descansou sua face contra a cabeça de Mairin.<br />

A mente dela estava ainda confusa e não conseguia entender o que tinha acontecido. Só <strong>um</strong>a coisa<br />

martelava fortemente em seus pensamentos.<br />

— Ewan? – ela sussurrou.<br />

Ele levou <strong>um</strong> tempo para responder.<br />

— Sim, moça?<br />

— Eu estava errada.<br />

Ewan se mexeu, esfregando o rosto contra o dela.<br />

— Estava errada sobre o quê?<br />

— Você é muito hábil no amor.<br />

Ele riu e abraçou-a apertado contra ele. Bocejando amplamente, Mairin se aconchegou mais em seus<br />

braços e fechou os olhos.


Capítulo 16<br />

Quando Mairin acordou, estava momentaneamente desorientada. Ela piscou, afastando a imprecisão.<br />

Ainda sentia a cabeça pesada, mas seu corpo, embora <strong>um</strong> pouco duro e dolorido, estava<br />

surpreendentemente quente e saciado. Como ela gostaria de <strong>um</strong>a imersão prolongada em <strong>um</strong>a banheira<br />

de água.<br />

A luz entrava através da janela que já estava <strong>com</strong> as cortinas abertas. A altura do sol lhe dizia que<br />

dormiu mais do que pretendia.<br />

Gertie não ficaria satisfeita e Mairin teria que esperar até a refeição do meio-dia. Aliás, parecia que já<br />

era meio-dia.<br />

Lembrou-se da noite passada. O calor que sentia embaixo de seu abdômen a queimava até fazer suas<br />

faces corarem. Sentou-se e então percebeu que estava <strong>com</strong>pletamente nua. Mairin agarrou as cobertas da<br />

cama e puxou-as até o queixo, deitando-se.<br />

Estava sozinha no quarto. Ninguém iria vê-la. Ainda assim, pulou da cama e vestiu apressadamente<br />

suas roupas.<br />

Seu cabelo estava em desordem e <strong>um</strong>a sensação em suas faces mostrava-lhe que ainda estava corada.<br />

Ela realmente disse ao laird que ele não era <strong>um</strong> amante hábil. Sim, e ele mostrou que ela estava<br />

errada. Fez coisas que Mairin nunca imaginou duas pessoas fazendo. Sua boca... sua língua.<br />

Ela corou mais <strong>um</strong>a vez e fechou os olhos de vergonha. Como poderia encará-lo novamente?<br />

Mairin adorava a madre Serenity. Confiava mais nela do que nas outras. A abadessa foi muito boa<br />

para ela. E paciente. Sim, ela teve paciência de Jó quando Mairin lhe pediu que tirasse certas dúvidas.<br />

Mas estava claro que a abadessa deixou de fora certas coisas sobre o amor. E sobre o beijo.<br />

Mairin franziu a testa enquanto pensava nas diferenças entre o que mulher lhe ensinou e a realidade<br />

surpreendente da cama. Se a abadessa ensinou errado sobre beijar... e amar... o que mais poderia ter<br />

errado? Mairin se sentiu ignorante e lamentavelmente mal informada.<br />

Nunca esteve chocada <strong>com</strong> a própria ignorância, então decidiu procurar saber sobre o assunto.<br />

Christina... Bem, ela era muito jovem. E solteira. Gertie. Mairin se assustou pelo modo <strong>com</strong>o reclamava<br />

a todo o momento. Além disso, ela provavelmente só riria de Mairin e a expulsaria da cozinha. Talvez<br />

Maddie. Ela era mais velha, e conhecia mais do mundo. Alem disso, tinha <strong>um</strong> marido, então certamente<br />

poderia dar alg<strong>um</strong>as dicas sobre o amor.<br />

Sentindo-se melhor, escovou seus cabelos e os trançou. Saiu do quarto e desceu as escadas. Para sua<br />

decepção, Cormac a estava esperando no corredor. Assim que Mairin entrou, ele se levantou e saiu atrás<br />

dela. Ela lhe lançou <strong>um</strong> olhar decepcionado, mas ele simplesmente sorriu e ofereceu-lhe <strong>um</strong><br />

c<strong>um</strong>primento.<br />

Decidiu fingiu que o homem não estava lá e se dirigiu para a cozinha para enfrentar a ira de Gertie.<br />

Quando chegou à porta, ouviu <strong>um</strong> barulho e o horrível bater de panelas. A voz de Gertie subia acima<br />

do barulho, gritando de descontentamento <strong>com</strong> <strong>um</strong>a das empregadas.<br />

Talvez tivesse chegado a tempo de conseguir <strong>um</strong> pequeno almoço tardio.


— Cormac?<br />

— Sim, senhora.<br />

— É hora do almoço? Confesso que dormi até mais tarde esta manhã. Não dormi bem na noite<br />

passada. – ela se apressou a dizer. Não queria que Cormac tivesse ideia do motivo de seu atraso.<br />

Ele sufocou <strong>um</strong> sorriso <strong>com</strong> as costas da mão e depois a olhou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão mais séria. Mas<br />

seus pensamentos estavam claramente escritos em seu olhar <strong>com</strong>placente.<br />

— Ele provavelmente se vangloriou para todos. – ela murmurou.<br />

— Desculpe, minha senhora? – Cormac disse enquanto se inclinava para frente.<br />

— <strong>Na</strong>da.<br />

— Já é quase hora do almoço. Se você quiser, peço a Gertie alg<strong>um</strong>a coisa para <strong>com</strong>er agora.<br />

Seu estômago roncou <strong>com</strong> a sugestão de <strong>com</strong>ida, mas Mairin olhou cautelosa para a cozinha.<br />

— Não, posso esperar. Tenho outras coisas para fazer.<br />

Saiu <strong>com</strong> passos determinados, esperando que Cormac entendesse a dica para desaparecer. Mas ele a<br />

perseguiu <strong>com</strong> passos firmes, a<strong>com</strong>panhando-a quando desceu para a torre.<br />

Foi recebida por cintilantes raios de sol que a aqueceram, apesar do frio. Não se lembrou do xale que<br />

Maddie deixou para ela e relutante resolveu voltar para buscá-lo. A menos que... Virou-se para Cormac<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong> doce sorriso.<br />

— Deixei meu xale no quarto do laird e agora estou <strong>com</strong> frio. Você poderia buscá-lo para mim?<br />

— Claro, minha senhora. Você não pode ficar resfriada. O laird não gostaria nada disso. Espere aqui<br />

e voltarei em <strong>um</strong> momento.<br />

Mairin ficou parada até o momento que ele desapareceu dentro do castelo. Então, correu rápida,<br />

cuidando para evitar o pátio. No caminho, parou duas mulheres e perguntou se sabiam onde encontrar<br />

Maddie. Depois de saber que Maddie estava em sua casa, Mairin correu para a fileira de cabanas que<br />

ladeavam o lado esquerdo da torre.<br />

Quando parou na porta de Maddie, respirou fundo e bateu. Um momento depois, a mulher abriu a<br />

porta surpresa ao vê-la.<br />

— Minha senhora! Existe algo que eu possa fazer para ajudá-la?<br />

Mairin olhou por cima do ombro para se certificar de que Cormac não estava atrás dela.<br />

— Não. Quero dizer, eu esperava que você pudesse me explicar certas coisas. – Mairin disse em voz<br />

baixa. – Em particular.<br />

Maddie recuou e fez <strong>um</strong> sinal para Mairin entrar.<br />

— É claro. Entre. Gostaria de <strong>um</strong> refresco? Estava aquecendo <strong>um</strong> ensopado de coelho sobre o fogo.<br />

Meu marido gosta de <strong>um</strong>a boa tigela de sopa quente para seu almoço, mas não chegou ainda.<br />

A barriga roncando a lembrou que perdeu o café da manhã.<br />

— Se não for in<strong>com</strong>odar. Dormi demais nessa manhã. – Mairin disse. Maddie sorriu e gesticulou<br />

para Mairin segui-la.<br />

— Ouvi dizer que Gertie está <strong>com</strong> <strong>um</strong> péssimo h<strong>um</strong>or esta manhã.


Mairin assentiu.<br />

— É verdade. Temia pela minha vida se me aventurasse a pedir o café da manhã.<br />

Maddie puxou <strong>um</strong>a cadeira e pediu para Mairin se sentar. Entregou a ela <strong>um</strong>a tigela <strong>com</strong> cozido e<br />

sentou-se à mesa.<br />

— Agora, minha senhora, o que gostaria de saber?<br />

Antes de Mairin abrir a boca, <strong>um</strong>a batida soou na porta da frente. Maddie franziu a testa mas se<br />

levantou para ver quem era. Um momento depois, ela voltou <strong>com</strong> Christina e Bertha, que arregalaram os<br />

olhos quando viram Mairin sentada à mesa de Maddie.<br />

— Oh, minha senhora. – Christina exclamou. – Nós estávamos vindo saber se Maddie sabia de seu<br />

paradeiro. Cormac está colocando o castelo de pernas para o ar tentando encontrá-la.<br />

Mairin soltou <strong>um</strong> suspiro.<br />

— Eu o convenci a buscar meu xale para que pudesse procurar Maddie e pedir alguns conselhos. É<br />

assunto particular. E não é apropriado aos ouvidos de Cormac.<br />

Bertha sorriu amplamente.<br />

— Então, precisamos dizer-lhe onde você está.<br />

Mairin acenou concordando e esperou que as duas mulheres partissem, mas ambas sentaram-se à<br />

mesa de Maddie e Bertha inclinou-se <strong>com</strong> interesse.<br />

— O que gostaria de saber, minha senhora? Estamos todas dispostas a ajudá-la. Agora é nossa<br />

senhora.<br />

— Mas nossa senhora quer conversar em particular. – Maddie repreendeu.<br />

Mairin concordou.<br />

— Sim, é <strong>um</strong> assunto delicado.<br />

O calor tomou seu rosto e ela teve certeza que estava <strong>com</strong> as faces em chamas.<br />

— Ah, assunto de mulher. – Bertha disse conscientemente. – Pode nos dizer, moça. Somos muito<br />

discretas.<br />

Maddie concordou enquanto Christina a olhava <strong>com</strong> perplexidade.<br />

— Bem. – Mairin <strong>com</strong>eçou <strong>com</strong> relutância. – Talvez fosse melhor ter mais de <strong>um</strong>a opinião sobre o<br />

assunto. <strong>Na</strong> verdade, estou <strong>um</strong> pouco confusa <strong>com</strong> informações inconsistentes. Vejam, a madre Serenity<br />

me ensinou sobre as formas de amar.<br />

— Oh, Senhor. – Bertha murmurou. – Moça, não me diga que você recebeu instruções de <strong>um</strong>a<br />

abadessa velha.<br />

Mairin olhou assustada para a outra mulher.<br />

— Para mim, a madre Serenity conhecia todas as coisas. Não mentiria para mim. Acho que, talvez, eu<br />

tenha confundido alg<strong>um</strong>as de suas instruções. Havia tantas, sabem <strong>com</strong>o é.<br />

Maddie balançou a cabeça e emitiu <strong>um</strong> ‘tsc’ através dos dentes.<br />

— Diga-nos o que você quer saber, filha. Posso assegurar que sua madre Serenity, embora bem<br />

intencionada, não poderia ter dito tudo.


— Bem, ela me ensinou sobre o beijo, e o laird... – ela interrompeu-se, envergonhada <strong>com</strong> a ideia de<br />

dizer em voz alta seus pensamentos.<br />

— Vá em frente. – desta vez, Christina se inclinou para frente, <strong>com</strong> os olhos arregalados de<br />

curiosidade.<br />

— Bem, ele usou a língua. A madre Serenity nunca disse nada sobre o uso da língua no beijo. Ela foi<br />

bastante explícita sobre o assunto.<br />

Maddie e Bertha riram e trocaram olhares.<br />

— Diga-me, moça, você gostou de beijar o laird, não é? – Maddie perguntou.<br />

Mairin assentiu.<br />

— Sim, eu gostei, tenho que admitir. Eu também usei a minha. Foi muito... ardente. Eu não entendo<br />

nada disso.<br />

—Beijos de língua? – os olhos de Christina se arregalaram.<br />

Maddie franziu a testa e olhou para Christina.<br />

— Moça, você é muito jovem para essa conversa. Por que não fica lá fora e vigia Cormac.<br />

Mairin viu Christina se entristecer, mas não discutiu. A jovem se levantou e saiu da sala. Somente<br />

quando ouviu o som da porta fechando-se, elas voltaram a atenção para Mairin.<br />

— Isso é tudo o que você quer saber? – Maddie perguntou.<br />

Mairin mexeu-se em sua cadeira e perguntou-se se não devia abandonar a ideia e voltar para o castelo.<br />

— Vamos, moça. – Bertha disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz gentil. – Pergunte-nos o que você quiser. Nos não<br />

inventaremos histórias para você.<br />

Mairin limpou sua garganta.<br />

— Bem, disse ao laird que ele não era <strong>um</strong> amante habilidoso.<br />

Ambas as mulheres pareciam tão chocadas que Mairin lamentou ter contado isso. Em seguida, elas<br />

caíram na gargalhada. Riram durante <strong>um</strong> longo tempo até enxugarem as lágrimas que escorriam pelo<br />

rosto.<br />

— E <strong>com</strong>o o laird reagiu? – Maddie perguntou tentando tomar fôlego.<br />

— Não muito bem. – Mairin resmungou. – Mais tarde eu lhe disse que estava errada.<br />

Bertha sorriu.<br />

— Ah, e você estava errada, não estava?<br />

Maddie concordou.<br />

— Ele provou que você estava errada, não foi? Não fique chateada <strong>com</strong> ele por causa do dia do<br />

casamento, moça. Foi sua primeira vez. Não havia muito que ele pudesse fazer para ajudá-la. Foi melhor<br />

resolver tudo logo.<br />

— Mas ele...<br />

— Ele o quê? – Bertha perguntou.<br />

— Foi indecente. – Mairin murmurou.


Maddie sufocou o riso <strong>com</strong> a mão, mas seus olhos brilhavam alegremente.<br />

— Mas você gostou, não é?<br />

— Sim. – Mairin admitiu. – Ele fez coisas...<br />

—Que tipo de coisas?<br />

— Bem, ele usou a sua boca. – Mairin se inclinou e sussurrou. – Lá embaixo. E nos meus...<br />

— Seus seios? – Bertha perguntou.<br />

Mairin fechou os olhos, envergonhada e assentiu.<br />

As duas mulheres riram e se recostaram em suas cadeiras.<br />

— Parece que o rapaz fez direito, então. – Maddie disse, <strong>com</strong> aprovação em sua voz. – Você é <strong>um</strong>a<br />

moça de sorte por ter <strong>um</strong> homem hábil em sua cama. Nem todas as mulheres conseguem isso.<br />

Mairin franziu o cenho.<br />

— Não?<br />

Bertha sacudiu a cabeça.<br />

— Não diga a ninguém o que vou lhe contar, mas meu Michael, bem, ele levou alguns anos para<br />

aprender alg<strong>um</strong>a coisa. Se não fossem alg<strong>um</strong>as conversas <strong>com</strong> mulheres mais velhas, não estou certa de<br />

que teria conseguido.<br />

— Oh, sim, foi a mesma coisa <strong>com</strong> o meu Ranold. – Maddie disse. – Ele estava sempre <strong>com</strong> tanta<br />

pressa... Não mudou até eu ameaçar não deitar mais <strong>com</strong> ele.<br />

A cabeça de Mairin estava girando. Assuntos tão íntimos não pareciam in<strong>com</strong>odar as duas mulheres.<br />

Mairin,por outro lado, pedia para que a terra a engolisse.<br />

Maddie alcançou a mão de Mairin. Apertou-a e ofereceu à moça <strong>um</strong> sorriso.<br />

— Deixe-me dar alguns conselhos, moça. Se não se importar que <strong>um</strong>a velha os ofereça.<br />

Mairin apenas balançou lentamente a cabeça.<br />

— Não basta seu homem ser habilidoso na cama. Você também precisa saber alg<strong>um</strong>as coisas.<br />

Bertha acenou a cabeça <strong>com</strong> veemência.<br />

— Sim. É verdade. Se mantiver seu homem satisfeito no quarto, ele não terá nenh<strong>um</strong> motivo para<br />

desviar-se.<br />

— Desviar-se? – Mairin olhou para elas <strong>com</strong> horror. – Vocês estão sugerindo que o laird pode ser<br />

infiel?<br />

— Não, claro que não. Mas é fato que é melhor prevenir do que remediar. Não quer ver seu laird<br />

satisfeito? Os homens são muito mais obedientes quando estão saciados.<br />

Maddie deu <strong>um</strong> tapinha no ombro de Bertha e riu.<br />

— Sim, isso é verdade. O melhor momento para pedir algo é logo após <strong>um</strong>a noite de amor.<br />

Obediente. Isso era bom. Mairin gostou dessa ideia. E agora que a sugestão da infidelidade de Ewan<br />

perturbava seus pensamentos, ela não podia se abalar.<br />

— Que coisas eu deveria saber? – Mairin perguntou.


— Bem, ele usou a boca em você. Sabe, lá embaixo. – Bertha disse <strong>com</strong> <strong>um</strong> brilho nos olhos. – Você<br />

pode fazer o mesmo <strong>com</strong> ele, moça. Garanto que ele se tornará selvagem.<br />

Mairin teve certeza que sua ignorância estava estampada em seu rosto. E seu horror. Começou a<br />

dizer algo, mas a imagem do que Bertha descreveu apareceu diante de seus olhos e ela não conseguiu<br />

falar.<br />

— Como...? – não poderia terminar a pergunta. O que devia perguntar?<br />

— Você já chocou a moça. – Maddie disse <strong>com</strong> censura.<br />

Bertha deu de ombros.<br />

— Para não desperdiçar tempo temos que ir direto ao ponto. A moça tem que aprender <strong>com</strong> alguém.<br />

Sua madre Serenity certamente não lhe fez nenh<strong>um</strong> favor.<br />

Maddie colocou a mão em Mairin.<br />

— O que Bertha quis dizer é que <strong>um</strong> homem gosta de ser beijado... lá embaixo. Em seu pênis.<br />

Bertha bufou.<br />

— Diga a ela direito, Maddie. Um homem gosta de ser chupado.<br />

Mairin tinha certeza que ficou roxa de vergonha. Beijar? Chupar?<br />

— Você gostou bastante, não gostou, moça? – Bertha perguntou. – Para <strong>um</strong> homem não é diferente.<br />

Ele gosta de ser tocado e acariciado <strong>com</strong> as mãos de <strong>um</strong>a moça, <strong>com</strong> sua boca e sua língua.<br />

Era verdade. Mairin havia gostado de sentir Ewan tocando-a. E seus beijos. Ele era muito habilidoso<br />

<strong>com</strong> a língua. Sim, gostava de sua língua, mesmo quando fez coisas indecentes <strong>com</strong> ela.<br />

— Colocar minha... minha... na boca... – ela não teve coragem de dizer. – Isso não é decente, <strong>com</strong><br />

certeza!<br />

Bertha revirou os olhos e Maddie riu.<br />

— Não há muita decência em fazer amor. Se for decente, não é tão bom.<br />

Bertha balançou a cabeça, os lábios se apertando enquanto olhava para cima e para baixo.<br />

— Não há nada de errado <strong>com</strong> <strong>um</strong>a brincadeira agradável e obscena.<br />

Mairin mal podia acreditar no que estava ouvindo. Pensaria sobre este assunto. Antes que pudesse<br />

agradecer a Maddie e Bertha pelos seus conselhos, <strong>um</strong>a batida na porta assustou as mulheres.<br />

Maddie levantou-se e foi até a porta e Mairin e Bertha foram atrás dela. Mairin já imaginava quem<br />

poderia estar do lado de fora, mas quando Maddie a abriu, era pior do que temia.<br />

Não era Cormac quem a esperava. Ewan estava <strong>com</strong> Caelen, os braços cruzados sobre o peito, <strong>um</strong>a<br />

carranca sombreando suas feições. Christina ficou ao lado, <strong>com</strong> os olhos na defensiva.<br />

— Espero que você possa se explicar. – Ewan exclamou.


Capítulo 17<br />

Em vez de atender o marido, Mairin virou-se para Maddie e Bertha, oferecendo <strong>um</strong>a educada<br />

reverência.<br />

— Obrigada pelos seus conselhos.<br />

Quando se virou novamente, Ewan ainda a olhava <strong>com</strong> hostilidade enquanto Caelen estava irritado<br />

por ter sido chamado para localizá-la. Ela tentou andar, mas Ewan a barrou na porta da casa de Maddie.<br />

Mairin o empurrou, mas nada conseguiu. Finalmente, ela recuou.<br />

— Queria falar <strong>com</strong>igo, laird?<br />

Ewan suspirou e pegou o braço dela em suas mãos não tão gentis, puxando-a para ele.<br />

Mairin tropeçou e teve que correr para a<strong>com</strong>panhá-lo, senão seria arrastada por seu marido furioso.<br />

Olhou por cima do ombro e viu Caelen seguindo-os de perto. Lançou-lhe <strong>um</strong> olhar descontente na<br />

esperança de que ele desaparecer, mas Caelen não parecia impressionado <strong>com</strong> seu silencioso pedido de<br />

privacidade.<br />

Finalmente Ewan parou há alguns metros da casa. Pairava sobre ela <strong>com</strong>o <strong>um</strong> guerreiro vingador em<br />

busca de sangue. Embora o enfrentasse bravamente, <strong>um</strong>a parte dela sentiu-se minúscula. Ele estava <strong>com</strong><br />

raiva. Não apenas zangado. Mas furioso.<br />

Levaram alguns instantes e repetidos tentativas antes de ser capaz de repreendê-la. Abriu e fechou a<br />

boca várias vezes, e desviou o olhar, <strong>com</strong>o se tentasse controlar seu temperamento.<br />

Mairin esperou recatadamente, <strong>com</strong> as mãos juntas e olhou para ele <strong>com</strong> os olhos arregalados.<br />

— Nem sequer olhe para mim dessa maneira. – Ewan rosnou. – Você me desobedeceu. Novamente.<br />

Penso em trancá-la em nosso quarto. Para sempre.<br />

Quando ela não respondeu à ameaça, Ewan estourou.<br />

—Bem? Que explicação vai me dar para fazer Cormac prontamente deixar sua escolta?<br />

— Eu precisava falar <strong>com</strong> Maddie. – Mairin disse.<br />

Ewan olhou para ela por <strong>um</strong> longo momento.<br />

— Só isso? Você não só ignorou meu pedido, mas agiu <strong>com</strong> total desconsideração por sua segurança,<br />

porque precisava falar <strong>com</strong> Maddie?<br />

— Era <strong>um</strong> assunto delicado. – Mairin se defendeu.<br />

Ewan fechou os olhos e seus lábios moviam-se em silêncio. Ele estava contando? Não fazia sentido<br />

praticar matemática àquela hora.<br />

— E não poderia ter levado Cormac até a casa de Maddie?<br />

Ela o olhou <strong>com</strong> horror.<br />

— Não! Claro que não. Não era <strong>um</strong>a questão para <strong>um</strong> homem ouvir. Era <strong>um</strong> assunto particular que<br />

não queria discutir na frente dos outros.<br />

Ewan olhou para o céu.


— Ele poderia ter esperado fora da casa.<br />

— Ele poderia ter ouvido através da janela. – Mairin murmurou.<br />

— Meu tempo é valioso demais para gastar vasculhando o castelo cada vez que você decidir que<br />

precisa ter <strong>um</strong>a conversa particular <strong>com</strong> outras mulheres. – Ewan declarou. – A partir de agora, você<br />

será escoltada por <strong>um</strong> de meus irmãos ou meus <strong>com</strong>andantes. Se persistir <strong>com</strong> suas ações, será confinada<br />

ao quarto. Compreendeu?<br />

Caelen não parecia mais satisfeito que ela <strong>com</strong> o que Ewan disse. Era evidente que ficou horrorizado<br />

<strong>com</strong> o fardo que Ewan lhe deu.<br />

— Eu perguntei se você entendeu?<br />

Mairin relutantemente concordou.<br />

Ewan virou-se e apontou para Caelen.<br />

— Você fica <strong>com</strong> Mairin. Tenho assuntos urgentes para atender.<br />

Caelen lançou <strong>um</strong> olhar irritado para Mairin e ela lhe mostrou a língua enquanto Ewan se dirigia ao<br />

pátio.<br />

O cunhado cruzou os braços sobre o peito e olhou para Mairin.<br />

— Talvez fosse melhor você voltar ao castelo e almoçar.<br />

— Oh, mas não estou mais <strong>com</strong> fome. – Mairin disse alegremente. – Maddie gentilmente me serviu<br />

<strong>um</strong> delicioso prato de guisado de coelho.<br />

Caelen fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Então, talvez devesse ir para seu quarto tirar <strong>um</strong>a soneca. Uma longa soneca.<br />

— Mairin! Mairin!<br />

Mairin voltou-se na direção da voz de Crispen para vê-lo correndo <strong>com</strong> outras três crianças.<br />

— Mairin, venha brincar conosco. – Crispen disse, puxando sua mão. – Nós estamos apostando<br />

corrida e precisamos de você para julgar.<br />

Ela sorriu e o seguiu.<br />

Caelen suspirou alto e acelerou seu passo para a<strong>com</strong>panhá-los, mas Mairin não lhe deu atenção. Se ele<br />

tivesse que vigiar cada passo seu, então faria de tudo para fingir que não estava lá.<br />

Riu <strong>com</strong> a ideia de ignorar a presença de <strong>um</strong> homem do tamanho de Caelen. Ele era tão feroz e<br />

musculoso quanto qualquer outro dos guerreiros de Ewan e pairava atrás dela <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a árvore<br />

gigante.<br />

Não, ela não conseguiria fingir que ele não a estava seguindo, mas poderia ignorá-lo.<br />

Olhou para a expressão zangada no rosto dele e se sentiu culpada. Mairin franziu o cenho. Não<br />

poderia sentir-se culpada. Não por querer <strong>um</strong> pouco de liberdade, agora que estava fora da abadia.<br />

Mas, assim mesmo a culpa cresceu até que estava torcendo as mãos enquanto seguia Crispen e as<br />

outras crianças. Parou de repente e se virou para Caelen.<br />

— Decidi cooperar e deixar você me escoltar pelo castelo.


Caelen arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha em descrença.<br />

— E espera que eu acredite que você vai h<strong>um</strong>ildemente se submeter às ordens de Ewan?<br />

Ela balançou a cabeça pesarosamente.<br />

— Fui injusta. Ofereço minhas desculpas. Não é sua culpa se o laird não é razoável. A culpa é minha.<br />

Você está apenas c<strong>um</strong>prindo o seu dever. Eu deveria me esforçar para tornar mais fácil e não mais difícil<br />

esta tarefa para você. Tenho consciência do fardo que sou.<br />

Se esperava que ele refutasse a ideia de que era <strong>um</strong> fardo, ficou muito desapontada. Caelen<br />

simplesmente olhou para ela <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão entediada.<br />

— De qualquer forma, dou minha palavra que não recorrerei a nenh<strong>um</strong> outro truque, outra vez. –<br />

ela disse solenemente.<br />

Voltou-se para as crianças que estavam discutindo sobre quem seria o primeiro na corrida. Ela<br />

entrou na briga, rindo e movendo as mãos ansiosamente.<br />

Uma hora depois, Mairin estava exausta. Quem diria que as crianças poderiam cansá-la assim? Mairin<br />

correu atrás de Crispen e inclinou-se de forma inapropriada para <strong>um</strong>a mulher.<br />

As crianças a cercaram gritando e ela voltou-se para encontrar Caelen levantando-se para encontrá-la<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong>a careta.<br />

— Eu deveria fazer você persegui-los. – ela gritou. – E você deveria estar me protegendo.<br />

— Protegendo, não bancando a babá de crianças. – foi a resposta concisa de Caelen.<br />

— Acho que devemos atacá-lo. – Mairin murmurou.<br />

— Oh, vamos sim! – Crispen sussurrou.<br />

— Sim, sim! – as crianças em torno deles gritavam.<br />

Mairin sorriu <strong>com</strong>o a ideia. A imagem do guerreiro no chão implorando misericórdia seria <strong>um</strong><br />

espetáculo para ser visto.<br />

— Tudo bem. – ela sussurrou. – Mas temos que ser rápidos.<br />

— Como guerreiros! – Robbie exclamou.<br />

— Sim, <strong>com</strong>o guerreiros. Como o pai de vocês. – acrescentou.<br />

Os meninos estufaram o peito, mas as meninas pareciam descontentes.<br />

— E quanto a nós, Mairin? – Gretchen, <strong>um</strong>a menina de oito anos, perguntou. – Meninas também<br />

podem ser guerreiros?<br />

— Não, elas não podem. – Crispen respondeu <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz chocada. – Lutar é para homens.<br />

Meninas devem ser protegidas. Meu pai disse isso.<br />

Os olhares das meninas eram assassinos. Para evitar <strong>um</strong>a guerra civil entre as crianças, Mairin as<br />

reuniu por perto.<br />

— Sim, as meninas também podem ser guerreiros. Prestem atenção no que vamos fazer.<br />

Juntou as crianças e sussurrou instruções. Os meninos não ficaram felizes <strong>com</strong> seus papeis nos<br />

ataque. As meninas ficaram encantadas <strong>com</strong> os delas. Assim que entenderam tudo, as garotas correram<br />

em direção ao castelo. Depois voltaram silenciosamente deslocando-se por trás de Caelen. Este estava


distraído <strong>com</strong> os meninos fazendo arruaça na sua frente. Ele olhou desconfiado para Crispen e depois<br />

para Mairin. Ela sorriu inocentemente e esperou.<br />

Caelen nunca soube o que o atingiu. Gritando, elas o acertaram por trás. Pularam nas costas de<br />

Caelen e voaram sobre ele <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a horda de gafanhotos.<br />

Gritando de surpresa, Caelen caiu em meio a <strong>um</strong> emaranhado de braços e pernas. Os meninos não<br />

ficaram atrás e também saltaram em cima do cunhado de Mairin.<br />

Depois da surpresa inicial, Caelen revidou <strong>com</strong> graça. Ele riu e lutou <strong>com</strong> as crianças, mas finalmente<br />

foi forçado a pedir misericórdia.<br />

Jogou os braços para cima, rindo, oferecendo rendição. Mairin ficou surpresa <strong>com</strong> a mudança no<br />

guerreiro. Não tinha certeza se já o tinha visto sorrir, muito menos gargalhar <strong>com</strong> prazer. Ela olhou e<br />

viu <strong>com</strong>o Caelen era bom <strong>com</strong> as crianças. E pensar que imaginou que teria de intervir rapidamente para<br />

salvá-las de sua raiva.<br />

— Caelen, Crispen disse que as meninas não podem ser guerreiros. Que isso é coisa de meninos. Que<br />

os guerreiros devem proteger as meninas. – Gretchen disse <strong>com</strong> desgosto. – Mas Mairin disse que as<br />

meninas também podem ser guerreiros. Quem está certo?<br />

Caelen riu.<br />

— Crispen está certo quando diz que <strong>um</strong> guerreiro deve proteger sua mulher e os mais fracos. No<br />

entanto, a senhora sabe criar <strong>um</strong>a estratégia de defesa <strong>com</strong>o <strong>um</strong> guerreiro. Ela talvez veja a todos nós<br />

implorando por misericórdia antes que o mês termine.<br />

— Acho que você fala a verdade, irmão.<br />

Mairin voltou-se para ver Ewan e seus <strong>com</strong>andantes em pé a <strong>um</strong>a curta distância, olhando <strong>com</strong><br />

diversão para a derrota de Caelen nas mãos das crianças.<br />

Mairin engoliu em seco, nervosa, certa de que estava prestes a ouvir outro sermão sobre seus deveres,<br />

mas Ewan aproximou-se e pegou <strong>um</strong>a das crianças. Gretchen sorriu para Mairin quando sentou-se no<br />

peito largo de Caelen.<br />

—Quero ser <strong>um</strong> guerreiro <strong>com</strong>o nosso laird. Ora, eu bati em Robbie na semana passada.<br />

— Não! – Robbie rugiu.<br />

— Sim!<br />

Para o horror de Mairin, Robbie voou para cima de Gretchen, derrubando-a do peito de Caelen. No<br />

entanto, ela não precisava se preocupar. A menina, pelo visto, não se gabava em vão. Ela bateu mais<br />

ainda em Robbie, segurando seus braços contra o chão.<br />

Mairin suspirou e tentou evitar a guerra entre as meninas e os meninos. Ewan chegou ao mesmo<br />

tempo. Ele estendeu a mão para Robbie, enquanto ela se agachava para tirar a menina de cima do garoto.<br />

Uma dor atravessou seu corpo. Em seguida, para sua surpresa, <strong>um</strong>a flecha atingiu o chão ao lado das<br />

crianças. Ora, passou muito perto dela e Ewan!<br />

Ficou horrorizada, chocada em <strong>com</strong>o esteve perto de atingir <strong>um</strong>a das crianças. Virou-se para<br />

localizar o arqueiro, mas encontrou-se <strong>com</strong> Caelen que a derrubou no chão, deitando-se sobre ela.


— Deixe-me! – ela exclamou, batendo no ombro do cunhado. – Que diabos você está fazendo? Cuide<br />

das crianças!<br />

— Fique quieta! – ele ordenou. – Ewan está cuidando das crianças.<br />

— Isso é imperdoável! – Mairin exclamou. — Como puderam ser tão descuidados? As crianças<br />

poderiam ter sido mortas!<br />

Caelen cobriu sua boca e lentamente soltou o corpo dela. Olhou ao redor e Mairin pode ver Ewan<br />

<strong>com</strong> os braços cheios de crianças enquanto ele mesmo varria a área <strong>com</strong> olhos penetrantes. Gannon e<br />

Cormac tomaram posições ao lado das demais crianças e ficaram imóveis, aguardando as ordens do<br />

laird.<br />

Ewan soltou palavrões e Mairin franziu a testa para ele por proferir blasfêmias na frente das crianças.<br />

Elas foram enviadas de volta ao castelo sob guarda pesada, enquanto Ewan olhava para Mairin.<br />

Caelen levantou-se do chão assim que Ewan chegou ao seu lado, deslizando os braços ao redor de<br />

Mairin, ajudando-a a se levantar.<br />

Antes que <strong>um</strong> deles pudesse fazê-lo, ela se abaixou e puxou a flecha do chão. Então, deu <strong>um</strong> tapa no<br />

peito de Ewan, a fúria tomando o lugar do susto.<br />

— Como pode ser tão descuidado? Eles poderiam ter matado <strong>um</strong>a de nossas crianças!


Capítulo 18<br />

Ewan estava tão furioso <strong>com</strong> o incidente que não estava disposto a deixar que Mairin o repreendesse<br />

na frente de seus homens.<br />

— Você vai ficar calada.<br />

Ela arregalou os olhos e deu <strong>um</strong> passo para trás. Bom, a moça finalmente entendeu qual era o seu<br />

lugar. Mas, então, ela estreitou os olhos e fez <strong>um</strong>a careta feroz para ele.<br />

— Não ficarei calada. – ela disse em voz baixa. – Você deve ter <strong>um</strong> lugar seguro para as crianças<br />

brincarem e correrem livres. Não é conveniente que eles fiquem trancadas no castelo se seus guerreiros<br />

não são capazes de nos defender.<br />

Ewan tomou a flecha das mãos dela e examinou as marcas. Então, olhou novamente para Mairin.<br />

— Até eu descobrir quem é o responsável, você deixará de insultar meus homens e a mim, por<br />

pensar que eu permitiria que <strong>um</strong>a coisa dessas acontecesse. Você pode voltar ao castelo e ficar <strong>com</strong> as<br />

crianças. Cormac irá a<strong>com</strong>panhá-la.<br />

Os olhos dela brilharam de dor, mas voltou-se e saiu correndo, balançando as saias na pressa.<br />

Então, Ewan virou-se furioso para Gannon.<br />

— Você vai encontrar o homem que atirou esta flecha e trazê-lo para mim. Não só poderia ter<br />

matado <strong>um</strong>a criança, <strong>com</strong>o poderia ter matado minha esposa.<br />

Embora a flecha não fosse longa, em alguém do tamanho de Mairin, poderia ser mortal.<br />

Seu olhar caiu no chão, onde Mairin esteve apenas momentos atrás. Ele franziu a testa e caiu de<br />

joelhos, tocando o solo <strong>com</strong> os dedos. Sua garganta se fechou, seu coração disparou. Havia sangue ao<br />

lado das pegadas que seguiam o caminho de Mairin.<br />

— Jesus. – ele murmurou.<br />

— O que é Ewan? – Caelen perguntou abruptamente.<br />

— Sangue.<br />

Ele se levantou e olhou para trás.<br />

— Mairin!<br />

Mairin já estava perto da escada que levava ao castelo quando ouviu o grito de Ewan. Ela estremeceu<br />

e se virou. O único problema era que o mundo não parava de girar. Balançou-se precariamente e piscou<br />

para tentar se equilibrar. Estranho, mas os joelhos tremiam e sentia-se fraca. Antes que percebesse,<br />

estava ajoelhada no chão, olhando para o marido correndo até ela <strong>com</strong>o <strong>um</strong> anjo vingador.<br />

— Oh, querido. – ela murmurou. – Agora realmente o deixei irritado.<br />

Mas ele não parecia zangado. Parecia... Preocupado. Correu até ela e caiu de joelhos na sua frente.<br />

Gannon veio logo atrás do laird, também demonstrando preocupação. Até Caelen tinha algo diferente<br />

em sua expressão usual de tédio. Suas sobrancelhas estavam unidas e olhava para Mairin <strong>com</strong>o se<br />

procurasse algo.<br />

— Por que estamos ajoelhados no chão, laird? – ela sussurrou.


— Preciso levá-la ao quarto, moça. – Ewan disse <strong>com</strong>o se estivesse falando <strong>com</strong> <strong>um</strong>a criança.<br />

Mairin franziu o cenho quando sentiu <strong>um</strong>a dor esfaqueando-a. Tentou colocar as mãos onde sentia o<br />

desconforto, mas o laird pegou-a pelos ombros <strong>com</strong> as mãos gentis.<br />

— Mas, por quê? Certamente você não pode... - ela se inclinou e sussurrou <strong>com</strong> urgência. – Não é<br />

hora para amar, Ewan. Estamos na luz do dia. Ora, é pouco mais de meio dia.<br />

Ele a ignorou e se inclinou para levantá-la do chão. Mairin caiu <strong>com</strong> <strong>um</strong> baque contra ele, sentindo<br />

outra pontada de dor. Ofegou e lágrimas brotaram de seus olhos.<br />

— Sinto muito, moça. – ele disse rispidamente. – Não quis machucá-la.<br />

Talvez não fosse má ideia levá-la para o quarto porque subitamente se sentia tão cansada que não<br />

conseguia manter os olhos abertos.<br />

— Se você parasse de gritar, eu poderia dormir. – disse irritada.<br />

— Não, moça. Não pode dormir agora. Ainda não. Preciso que fique acordada para que eu possa<br />

avaliar seu ferimento.<br />

Ewan voltou-se novamente, desta vez ordenando a alguém para buscar a curandeira. Curandeira? Ela<br />

não precisava de curandeira. Precisava era de <strong>um</strong> bom e longo cochilo. Já havia dito isso ao laird.<br />

Mas ele a ignorou, levando-a para seu quarto onde a deitou na cama. Mairin estava quase fechando os<br />

olhos quando Ewan <strong>com</strong>eçou a tirar suas roupas. Abriu os olhos e bateu nele <strong>com</strong> as mãos.<br />

— O que está fazendo?<br />

Ewan parecia sombrio enquanto olhava para ela.<br />

— Você foi ferida. Agora, deixe-me tirar sua roupa para ver onde.<br />

— Ferida?<br />

Bem, ela sentia <strong>um</strong>a forte dor no lado de seu corpo.<br />

— A flecha deve ter atingido você. – ele disse. – Havia sangue no chão onde você estava. Sente dor<br />

em alg<strong>um</strong> lugar?<br />

— Aqui do lado. Dói muito, agora que você mencionou.<br />

Quando Ewan colocou os dedos no local que ela indicou, Mairin soltou <strong>um</strong> gemido. Ele fez <strong>um</strong>a<br />

careta.<br />

— Tenha paciência. Sinto muito, mas tenho que ver <strong>com</strong>o está esse ferimento.<br />

Pegou <strong>um</strong>a faca da cintura e rasgou a lateral do vestido.<br />

— Você está sempre arruinando minhas roupas. – ela disse, tristemente. – Em pouco tempo, não<br />

terei nada para vestir a não ser minha camisola.<br />

— Darei <strong>um</strong> vestido novo para você. – murmurou.<br />

Rapidamente abriu o vestido <strong>com</strong> a faca e virou-a de lado para examinar a ferida.<br />

— Ah, moça, você foi atingida por <strong>um</strong>a flecha.<br />

— Fui atingida? – ela gritou – Mas <strong>com</strong>o <strong>um</strong> de seus homens atirou em mim? Gostaria de sabe quem<br />

é. Planejo colocar seu traseiro nas panelas de Gertie.


Ewan riu.<br />

— Não é tão ruim, mas você ainda está sangrando. Vai precisar de pontos.<br />

Ela ficou <strong>com</strong>pletamente imóvel.<br />

— Ewan?<br />

— Sim, moça.<br />

— Não deixe que ninguém use <strong>um</strong>a agulha em mim. Por favor. Você disse que não é tão ruim. Não<br />

pode apenas limpar e colocar <strong>um</strong> curativo?<br />

Mairin odiava parecer tão fraca e tola, mas a ideia de <strong>um</strong>a agulha mergulhando em sua carne era pior<br />

do que <strong>um</strong>a flecha cortando através de sua pele.<br />

Ewan pressionou a boca em seu ombro e permaneceu assim por <strong>um</strong> longo momento.<br />

— Sinto muito, moça, mas terá que ser feito. O corte é muito profundo para apenas <strong>um</strong> curativo. A<br />

ferida deve ser limpa e fechada.<br />

— Será que você... Você vai ficar <strong>com</strong>igo?<br />

Ewan acariciou seu braço <strong>com</strong> a mão e depois roçou seu rosto <strong>com</strong> os dedos. Afastou os cabelos do<br />

rosto e colocou a mão em sua nuca.<br />

— Estarei aqui, Mairin.


Capítulo 19<br />

— O que quer dizer <strong>com</strong> ‘a curandeira não está aqui’? – Ewan perguntou incrédulo.<br />

Cormac estava apavorado em dizer ao laird que a curandeira não estava no castelo.<br />

— Encontre nossa curandeira e traga-a aqui. – Ewan disse <strong>com</strong> os dentes cerrados.<br />

— Não posso laird. – Cormac disse <strong>com</strong> <strong>um</strong> suspiro pesado. – Os McLaurens perderam sua<br />

curandeira e Lorna foi ajudá-los a dar a luz ao filho do Laird. Você mesmo deu permissão a ela.<br />

Ewan suspirou, frustrado. É claro. Lorna era <strong>um</strong>a parteira qualificada e McLauren fez <strong>um</strong> apelo<br />

desesperado para Ewan ajudá-lo quando sua esposa tivesse o bebê. <strong>Na</strong> época, ele pensou que nenh<strong>um</strong><br />

dos McCabes precisaria dos serviços de Lorna.<br />

Só que agora sua esposa precisava!<br />

— Traga-me cerveja, a mais forte que encontrar. – ele murmurou para Cormac. – E peça a Gertie as<br />

misturas para lesões e sedação. Preciso de agulha, água e linha para costurar feridas. Seja rápido.<br />

Quando Cormac saiu, Ewan voltou-se para Mairin que estava deitada na cama, <strong>com</strong> os olhos<br />

fechados. Estava estranhamente pálida.<br />

Ele balançou a cabeça <strong>com</strong> a direção de seus pensamentos. A ferida não era grave. Certamente não<br />

morreria. Desde que pudesse impedir <strong>um</strong>a febre.<br />

Gannon e Diormid estavam perto da cama, aguardando ansiosamente. Enquanto Ewan esperava<br />

Cormac trazer o que tinha pedido, virou-se para seus homens e falou em voz baixa.<br />

— Quero que questione cada pessoa no castelo. Alguém deve ter visto algo. Recuso-me a acreditar<br />

que se trata de <strong>um</strong> acidente. Meus homens são muito cuidadosos. Descubram quem estava praticando<br />

arco e flecha.<br />

— Você acha que alguém tentou machucar a moça? – Gannon perguntou incrédulo.<br />

— Isso é o que eu gostaria de descobrir. – Ewan disse.<br />

— Tenho certeza que ninguém tentou me matar. – Mairin balbuciou. – Foi <strong>um</strong> acidente. Só isso.<br />

— O que quer que eu faça. Ewan? – Caelen perguntou, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão tensa.<br />

— Fique <strong>com</strong>igo. Preciso de ajuda para segurá-la.<br />

Cormac entrou <strong>com</strong> os braços cheios e os dedos segurando firmemente <strong>um</strong> frasco de cerveja. Ewan<br />

pegou as coisas de Cormac e colocou-as ao lado da cama.<br />

Não queria que ninguém tocasse Mairin, mas sabia que era incapaz de fazer tudo sozinho. Se a<br />

curandeira não podia costurá-la, ninguém mais faria isso, além dele. Então, precisaria de alguém para<br />

segurá-la e certificar-se de que ele não faria mais danos.<br />

Olhou para Cormac.<br />

— Veja se as crianças estão bem. Certifique-se que Crispen está sendo cuidado. Ele vai se preocupar<br />

quando descobrir o que aconteceu <strong>com</strong> Mairin. Maddie e as outras mulheres precisam mantê-lo lá<br />

embaixo até eu terminar.<br />

Cormac curvou-se e saiu do quarto, deixando Ewan e Caelen <strong>com</strong> Mairin.


Segurando <strong>um</strong> frasco nas mãos, Ewan sentou-se na cama, perto da cabeça de Mairin e passou <strong>um</strong><br />

dedo em seu rosto.<br />

— Moça, preciso que você beba isso.<br />

Mairin abriu os olhos desfocados e encontrou os dele. Ewan ergueu-a o suficiente para colocar a<br />

caneca em seus lábios. Assim que o liquido atingiu sua boca, Mairin se encolheu, <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a expressão<br />

intensa de desagrado.<br />

— Está me envenenando? – ela perguntou.<br />

Ele conteve o riso e colocou a caneca próxima de sua boca novamente.<br />

— É cerveja. Você vai precisar de ajuda para relaxar. Também ajudará <strong>com</strong> a dor.<br />

Mairin mordeu os lábios e voltou os olhos preocupados para ele.<br />

— Dor?<br />

Ewan suspirou.<br />

— Sim, moça. Dor. Gostaria que não fosse assim, mas a agulha irá lhe causar dor. Se beber isso, não<br />

sentirá tanto. Prometo.<br />

— Você provavelmente não sentirá nada depois que beber essa coisa. – Caelen murmurou.<br />

Mairin suspirou profundamente quando Ewan voltou a colocar cerveja em sua boca, que ela bebeu,<br />

engasgando-se <strong>um</strong> pouco. Quando ele abaixou a caneca, sua pele tinha <strong>um</strong> tom esverdeado, o que o<br />

deixou preocupado que pudesse ficar enjoada <strong>com</strong> a cerveja.<br />

— Respire fundo. – ele disse. – Pelo nariz.<br />

Ela caiu para trás sobre o travesseiro e logo soltou <strong>um</strong> arroto grosseiro seguido de <strong>um</strong>a série de<br />

soluços.<br />

— Você não ouviu isso! – ela disse.<br />

Caelen arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha e lançou a Ewan <strong>um</strong> olhar divertido.<br />

— Ouvi o quê?<br />

— Você é <strong>um</strong> bom homem, Caelen. – Mairin disse de forma dramática. – Mas não é tão feroz quanto<br />

parece. Devia sorrir mais de vez em quando, pois fica mais bonito.<br />

Caelen fez <strong>um</strong>a careta ao ouvir isso. Ewan esperou vários minutos e inclinou-se para Mairin.<br />

— Como se sente moça?<br />

— Maravilhosa. Ewan, por que existem dois de você? Posso assegurar que <strong>um</strong> é o suficiente.<br />

Ewan sorriu.<br />

— Você está pronta.<br />

— Estou? Pronta para quê?<br />

Ewan mergulhou <strong>um</strong> dos panos em <strong>um</strong>a bacia de água morna que Cormac havia preparado. Depois<br />

de torcer, cuidadosamente limpou o sangue seco da ferida. Fez <strong>um</strong> sinal para Caelen tomar posição ao<br />

lado de Mairin. Caelen andou ao redor da cama e cuidadosamente puxou o braço dela, para que Ewan<br />

pudesse costurá-la.


— Você terá que segurá-la. – Ewan disse pacientemente. – Não quero que ela se mova quando eu<br />

colocar a agulha em sua carne.<br />

Relutantemente, Caelen subiu na cama para segurá-la mais firmemente contra seu corpo. Mairin<br />

despertou e olhou silenciosamente para Caelen.<br />

— Caelen, seu laird não gostará de vê-lo em minha cama.<br />

Caelen revirou os olhos.<br />

— Acho que ele entenderá desta vez.<br />

— Bem, eu não. Isso é indecente. Ninguém deveria vir à minha cama, a não ser meu marido. Você<br />

sabe o que eu disse a ele?<br />

Ewan arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Talvez seja melhor guardar esse assunto para você, moça.<br />

Mas ela o ignorou.<br />

— Eu lhe disse que não era <strong>um</strong> amante habilidoso. Acho que ele não gostou disso.<br />

Apesar do brilho no olhar de Ewan, Caelen caiu na gargalhada.<br />

— Oh, não é educado rir de seu laird. – Mairin disse em <strong>um</strong>a voz solene. – Além disso, não é<br />

verdade. Eu estava <strong>com</strong>pletamente errada.<br />

Ewan moveu <strong>um</strong>a mão para cobrir sua boca para que não deixasse escapar qualquer outra coisa em<br />

seu estado de embriaguez.<br />

— Acho que já disse o suficiente.<br />

Caelen fez <strong>um</strong>a careta e algo muito parecido <strong>com</strong> simpatia brilhou em seus olhos quando Mairin<br />

gemeu <strong>com</strong> a primeira picada da agulha. E outro, quando Ewan colocou o segundo ponto.<br />

— Rápido. – ela sussurrou.<br />

— Sim, moça, farei rápido.<br />

<strong>Na</strong> batalha, nunca sentiu suas mãos tremerem. Sempre manteve-se estável em torno de sua espada.<br />

Nunca falhou. Nem <strong>um</strong>a vez. No entanto, ali, fazendo <strong>um</strong>a tarefa tão simples quanto costurar <strong>um</strong>a pele,<br />

Ewan teve que buscar todo o controle para manter seus dedos firmes. Quando fez o último ponto,<br />

Mairin tremia incontrolavelmente debaixo de sua mão. Os dedos de Caelen estavam brancos por causa<br />

da pressão que fazia nos ombros dela.<br />

— Pode soltá-la. – Ewan disse em voz baixa. – Acabei.<br />

Caelen soltou-a e depois de <strong>um</strong> aceno de Ewan, saiu do quarto. Ewan aproximou-se de Mairin e<br />

tocou sua face para encontrá-la molhada de lágrimas.<br />

— Sinto muito, moça, mas foi necessário.<br />

Mairin abriu os olhos e as lágrimas brilhavam no fundo azul.<br />

— Não doeu tanto.<br />

Ewan sentiu <strong>um</strong>a onda de orgulho por sua coragem.<br />

— Por que não descansa <strong>um</strong> pouco, agora? Vou pedir para Maddie trazer-lhe algo para a dor.


— Obrigada, Ewan. – ela sussurrou.<br />

Ele se inclinou e roçou <strong>um</strong> beijo em sua testa. Esperou até que ela fechasse os olhos e saiu do quarto.<br />

No corredor, seu <strong>com</strong>portamento voltou novamente a ser o de <strong>um</strong> guerreiro. Foi em busca de Maddie<br />

em primeiro lugar e deu-lhe instruções para não deixar a cabeceira de Mairin. Então, encontrou Cormac,<br />

Diormid e Gannon no pátio interrogando seus homens.<br />

— Já descobriram alg<strong>um</strong>a coisa? – ele perguntou.<br />

— Precisamos interrogar a maioria dos homens, ainda, laird. Vai demorar alg<strong>um</strong> tempo. – disse<br />

Gannon. – Havia muitos homens praticando arco e flecha, mas ninguém ass<strong>um</strong>iu que errou <strong>um</strong> tiro.<br />

— Isso é inaceitável. Alguém atingiu Lady McCabe, seja por acidente ou intencionalmente. Eu quero<br />

este homem. – virou-se para Diormid. – Você não estava supervisionando o exercício de arco e flecha?<br />

— Sim, laird. Ass<strong>um</strong>o toda a responsabilidade. Cada homem sob meu <strong>com</strong>ando será longamente<br />

interrogado. Encontrarei o responsável.<br />

Ewan balançou a cabeça tristemente.<br />

— Não quero ver nossos filhos desprotegidos. É <strong>com</strong>o Mairin disse. Eles deveriam ter <strong>um</strong> lugar<br />

seguro para brincarem e serem crianças sem que suas mães fiquem preocupadas se podem ou não serem<br />

mortos por <strong>um</strong>a flecha perdida. A partir de hoje, as crianças brincarão atrás do castelo, na encosta, bem<br />

longe de onde os homens treinam.<br />

— Mas eles estavam brincando muito longe do pátio. – disse Cormac <strong>com</strong> <strong>um</strong>a carranca feroz – O<br />

que aconteceu hoje não deveria ter ocorrido.<br />

— Sim, mas aconteceu. – Ewan disse <strong>um</strong> pouco atrás. – Não quero que ocorra outra vez. Reúna os<br />

homens. Eu mesmo quero interrogá-los.<br />

Antes da meia-noite Ewan foi cansado para o quarto. Eles interrogaram cada membro do clã, mesmo<br />

as crianças, e ninguém se lembrava de ter visto algo diferente. Os homens que praticavam arco e flecha<br />

juraram que nenh<strong>um</strong> deles foi o responsável, e ainda assim a flecha era <strong>um</strong>a das armas McCabe. Não<br />

havia dúvidas disso. Depois, ele chamou a atenção dos homens para serem mais cuidadosos durante os<br />

treinos. Se eles não conseguissem manter o povo de seu clã seguro dentro do castelo, <strong>com</strong>o poderiam<br />

protegê-los de ameaças externas?<br />

Ewan entrou no quarto, encontrando Maddie sentada em frente ao fogo.<br />

— Como ela está? – Ewan perguntou <strong>com</strong> voz baixa.<br />

Maddie levantou-se e caminhou silenciosamente até ficar de frente para Ewan.<br />

— Está descansando, agora. Sentiu dores, mas dei-lhe <strong>um</strong> chá e ela acalmou-se. Troquei suas roupas<br />

há <strong>um</strong>a hora. O sangramento parou. Você fez <strong>um</strong> bom trabalho, laird.<br />

— Alg<strong>um</strong> sinal de febre?<br />

—Ainda não. Está fria ao toque, apenas <strong>um</strong> pouco inquieta. Acho que vai ficar bem.<br />

— Obrigado, Maddie. Pode ir à sua casa, agora. Muito obrigado por ter ficado <strong>com</strong> Mairin.<br />

— Foi <strong>um</strong> prazer, laird. Se precisar de alg<strong>um</strong>a coisa, é só me chamar.<br />

Ela fez <strong>um</strong>a reverência e saiu do quarto.


Ewan despiu-se e deitou-se ao lado de Mairin, cuidando para não acordá-la. Assim que seu corpo a<br />

tocou, ela se mexeu e aconchegou-se em seus braços. Soltou <strong>um</strong> suspiro profundo contra seu pescoço e<br />

enroscou as pernas em torno dele.<br />

Ele sorriu. Mairin era muito possessiva na cama. Considerava o corpo dele seu território e não tinha<br />

escrúpulos em reclamá-lo para perto dela. Não que ele se importasse. <strong>Na</strong> verdade, ter a moça enrolada<br />

nele de forma doce e quente despertava algo que pensava não ser possível.<br />

Tocou-a no cabelo. Não era <strong>um</strong> homem dominado pelo medo, mas quando percebeu que Mairin<br />

tinha sido atingida, experimentou <strong>um</strong> terror diferente de tudo o que já tinha sentido. A ideia de perdê-la<br />

não o fez se sentir bem.<br />

Ewan poderia usar muitas desculpas, caso ela morresse. Que Neamh Alainn não seria seu. Que seu<br />

clã nunca seria reconstruído. Que não teria sua vingança. Tudo isso seria verdade. Mas a simples verdade<br />

era que ele não poderia perdê-la. Não se lembrou de nenh<strong>um</strong>a das outras coisas quando a viu ferida.<br />

Apenas dela. Sim, a moça estava entrando dentro dele. Estava certo disso desde a primeira vez que a viu.<br />

Mairin era, definitivamente, <strong>um</strong> problema.


Capítulo 20<br />

Quando Mairin acordou, a dor em sua cabeça ofuscava a dor em seu corpo. Passou a língua sobre os<br />

lábios rachados, mas não foi o suficiente para livrá-la do gosto horrível na boca.<br />

O que, afinal de contas, o laird fez <strong>com</strong> ela? Tudo o que se lembrava era de Ewan ordenando que<br />

bebesse <strong>um</strong> líquido fétido e ter se engasgado. Lembrar-se disso fez seu estômago revirar.<br />

Ela rolou, sentindo-se sensível. Mas notou <strong>um</strong> corpo quente e aconchegante ao seu lado. Sorriu e<br />

envolveu o braço ao redor de Crispen, abraçando-o fortemente.<br />

Ele abriu os olhos e se aconchegou mais perto dela.<br />

— Você está melhor, mamãe?<br />

— Sim, querido, estou perfeitamente bem. Quase não sinto dor. Foi apenas <strong>um</strong> pequeno corte.<br />

— Eu estava <strong>com</strong> medo.<br />

— Lamento que ficasse <strong>com</strong> medo.<br />

— Doeu? Maddie me disse que papai precisou dar pontos em você. Achei que isso iria doer muito.<br />

— Sim. Ele fez isso. Mas não doeu tanto. Seu pai tem <strong>um</strong>a mão boa, firme e foi rápido.<br />

— Papai é o melhor. – Crispen disse <strong>com</strong> toda a confiança que <strong>um</strong> jovem tem em seu pai. – Sabia<br />

que ele cuidaria de você.<br />

Mairin sorriu e beijou sua cabeça.<br />

— Preciso sair dessa cama. Se ficar mais tempo aqui meus músculos ficarão todos duros e doloridos.<br />

Você gostaria de me ajudar?<br />

Crispen pulou da cama e ajudou Mairin a se levantar.<br />

—Você deve ir ao seu quarto e se vestir. Vou encontrá-lo lá embaixo, perto da escada. Talvez Gertie<br />

tenha alg<strong>um</strong>a <strong>com</strong>ida para nós dois.<br />

Ele deu <strong>um</strong> grande sorriso e depois correu para fora, batendo a porta atrás de sí.<br />

Mairin se esticou, mas logo estremeceu. Realmente sentia <strong>um</strong> pouco de dor. Mas certamente não o<br />

suficiente para mantê-la na cama. Virou-se para buscar <strong>um</strong> vestido em seu guarda-roupa, mas algo<br />

chamou sua atenção. Seu olhar foi atraído para <strong>um</strong>a pequena mesa perto da janela. Em cima dela, havia<br />

<strong>um</strong> tecido dobrado.<br />

Era seu vestido de noiva. Esquecendo-se de sua lesão, Mairin pegou a roupa e correu os dedos sobre<br />

o tecido. Então, levantou-o. Ora, estava <strong>com</strong>o novo. Não havia qualquer evidencia de que fora rasgado.<br />

Ela abraçou o tecido e fechou os olhos <strong>com</strong> prazer. Que bobagem ficar tão emocionada por causa de<br />

<strong>um</strong> vestido, mas <strong>um</strong>a mulher só se casava <strong>um</strong>a vez, não?<br />

Ela franziu o cenho. Bem na maioria das vezes. Não conseguia imaginar o laird morrendo e<br />

deixando-a viúva.<br />

Acariciou o vestido, desfrutando da suavidade que deslizava sob seus dedos. Então, cuidadosamente<br />

guardou-o para a próxima ocasião em que poderia usá-lo.


Ansiosa para deixar seu quarto, Mairin pegou o primeiro vestido que viu e colocou-o <strong>com</strong> gestos<br />

desajeitados. Escovou os cabelos e deixou-os soltos, <strong>um</strong>a vez que era difícil trançá-los <strong>com</strong> apenas <strong>um</strong>a<br />

mão. Quando se convenceu de que estava bem, deixou o quarto esperando não ser tarde demais para o<br />

café da manhã.<br />

Já era tempo de ass<strong>um</strong>ir os deveres de senhora do castelo. Certamente, isso a manteria longe de<br />

problemas <strong>com</strong> Ewan.<br />

Já haviam passado vários dias de seu casamento. Com exceção de conhecer as outras mulheres do clã,<br />

Mairin não tinha feito mais nada no castelo, a não ser fugir de seus cães de guarda.<br />

Bem, chega de tudo isso. Era hora de conduzir as coisas. Alem do mais, depois de se ferir <strong>com</strong> a<br />

flecha, não estava disposta a se aventurar fora da fortaleza.<br />

Quando entrou no salão, foi recebida <strong>com</strong> olhares de horror por seu clã. Gannon e Cormac estavam<br />

envolvidos em <strong>um</strong> debate acalorado, mas quando a viram, interromperam a conversa e a olharam <strong>com</strong>o<br />

se Mairin tivesse duas cabeças. Maddie, que estava passando por ali, imediatamente jogou as mãos para o<br />

alto e correu até onde ela estava.<br />

— Minha senhora, deveria estar na cama. – Gannon exclamou quando ele e Cormac correram até ela.<br />

— Sim. – Maddie concordou. – Não deveria descer. Eu estava prestes a levar <strong>um</strong>a bandeja para você<br />

<strong>com</strong>er na cama.<br />

Mairin levantou as mãos para silenciá-los.<br />

— Aprecio a preocupação de vocês. Mas estou bem, de verdade. Ficar deitada não vai ajudar em<br />

nada, exceto fazer-me sentir <strong>um</strong>a imbecil.<br />

— O laird não vai gostar disso. – Cormac murmurou.<br />

— O que o laird tem a ver <strong>com</strong> isso? – Mairin perguntou. – Ele deveria ficar feliz por saber que<br />

estou de pé e pronta para ass<strong>um</strong>ir minhas funções <strong>com</strong>o senhora deste castelo.<br />

— Deve descansar, moça. – Maddie disse, suavemente, enquanto conduzia Mairin na direção da<br />

escada. —Não gostaria de agravar sua lesão.<br />

Mairin soltou-se de Maddie e voltou ao salão, só para ver Gannon correndo.<br />

— Agora, minha senhora, você deveria estar na cama. – ele disse firmemente.<br />

— Estou bem. – ela insistiu. – Ora, eu sinto apenas <strong>um</strong> pouco de dor. Talvez <strong>um</strong>a pontada ou duas,<br />

mas não é razão para ficar na cama. Permitirei que vocês dois me a<strong>com</strong>panhem. – ela disse a Cormac e<br />

Gannon.<br />

— Você vai permitir? – Gannon perguntou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a carranca.<br />

Ela balançou a cabeça e sorriu serenamente.<br />

— Sim, vou. Não serei nenh<strong>um</strong> problema. Você vai ver.<br />

— Só acredito vendo. – Cormac murmurou.<br />

— Maddie, preciso de sua ajuda.<br />

Maddie parecia confusa.


— Claro que eu a ajudarei, minha senhora. Mas acho que deve ir para seu quarto. Talvez possa me<br />

dizer no que posso ajudá-la, enquanto <strong>com</strong>e sua refeição na cama.<br />

Mairin olhou para todos tentando demonstrar seu desagrado.<br />

— Não há absolutamente nenh<strong>um</strong>a razão para eu ir para a cama.<br />

— Há todas as razões, esposa.<br />

Cormac e Gannon deram <strong>um</strong> salto e Maddie soltou <strong>um</strong> suspiro. Mairin virou-se para ver o marido<br />

atrás dela, <strong>com</strong> <strong>um</strong> olhar de leve aborrecimento no rosto.<br />

— Por que é que não posso esperar pelo menos <strong>um</strong> pouco de cooperação de você?<br />

Mairin abriu a boca.<br />

— É... é... bem, isso é <strong>um</strong>a coisa muito rude de dizer, laird. Está insinuando que sou difícil. Eu não<br />

sou difícil. – ela se virou para os outros. – Sou?<br />

Cormac olhou-a, <strong>com</strong>o se tivesse engolido <strong>um</strong> mosquito e Gannon fixou seu olhar na parede.<br />

Maddie soltou <strong>um</strong>a gargalhada.<br />

— Por que você não está na cama, Mairin? – Ewan perguntou.<br />

Ela se voltou para enfrentá-lo.<br />

— Estou muito bem. Estou me sentindo muito bem mesmo. Bem, exceto pela dor de cabeça. O que<br />

me fez beber?<br />

— Algo para torná-la mais receptiva. E estou tentado a pedir que Gertie prepare outro frasco.<br />

Mairin não tinha resposta para aquilo.<br />

— Vamos para cima <strong>com</strong>igo para que eu possa ver seu ferimento. – Ewan disse, enquanto a conduzia<br />

em direção às escadas.<br />

— Mas... eu estava prestes a ...<br />

Ewan continua a empurrá-la em direção a seus aposentos.<br />

— Seja o que for que você estava prestes a fazer, pode esperar até eu ver sua lesão. Se me convencer<br />

de que está realmente bem, vou reconsiderar seu confinamento.<br />

— Meu confinamento? Mas isso é ridículo...<br />

Ewan parou e antes que ela pudesse continuar a falar, colou sua boca sobre a dela em <strong>um</strong> beijo<br />

ardente. Não foi <strong>um</strong> beijo terno. Foi exigente... e apaixonado. E, Deus, Mairin não queria que parasse.<br />

Quando se afastou, foi difícil para ela recuperar seus sentidos. Eles se beijaram fora de seu quarto?<br />

— O que estava dizendo, moça?<br />

Com a sobrancelha franzida, Mairin abriu a boca, mas tornou a fechá-la novamente.<br />

— Eu não me lembro.<br />

Ewan sorriu e abriu a porta, puxando-a para dentro do quarto. Começou a tirar o vestindo, mas ela o<br />

interrompeu.<br />

— Vai rasgar outro vestido. – ela murmurou.<br />

Ewan suspirou.


— Pedi para Maddie arr<strong>um</strong>ar seu vestido. Aquilo foi <strong>um</strong> acidente.<br />

Mairin arregalou os olhos.<br />

— Você que mandou costurá-lo?<br />

Os lábios dele se apertaram e Ewan desviou o olhar, ignorando a pergunta dela.<br />

— Laird, você ordenou que costurassem minha roupa?<br />

— Claro que não. – ele disse rispidamente. — Isso é assunto de mulher. Os homens não se<br />

preocupam <strong>com</strong> essas frescuras.<br />

Mairin sorriu e então se jogou contra o peito de Ewan antes que ele pudesse afastá-la <strong>com</strong> as mãos.<br />

— Obrigada. – ela disse, colocando os braços em torno da cintura dele.<br />

Ewan deixou escapar <strong>um</strong> suspiro profundo e empurrou-a para longe de seu corpo, <strong>com</strong> reprovação<br />

em seu olhar.<br />

— Moça, quando você vai demonstrar alg<strong>um</strong> juízo? Você está ferida e fica se jogando em cima de<br />

mim dessa maneira...<br />

Mairin sorriu para o rosto severo e inclinou-se, segurando seu rosto entre as mãos. Então, puxou-o<br />

para baixo e lhe deu <strong>um</strong> longo beijo até ficar sem fôlego.<br />

Ela não tinha certeza de quem estava mais afetado. Ela ou ele.<br />

— Estou realmente bem, Ewan. – ela sussurrou. – A madre Serenity cost<strong>um</strong>ava erguer as mãos a<br />

Deus por cuidar de mim, pois não importava o quanto doente eu ficasse, sempre me recuperava <strong>com</strong><br />

velocidade incrível. Claro que ainda sinto <strong>um</strong> pouco de dor, mas não é nada excessivo. É mais <strong>um</strong><br />

incômodo que <strong>um</strong>a dor de verdade. Não há razão para me deixar na cama o dia inteiro.<br />

— Tire seu vestido, Mairin. Gostaria de ver por mim mesmo <strong>com</strong>o está sua ferida.<br />

Com <strong>um</strong> suspiro descontente, ela desamarrou as cordas de seu corpete e cuidadosamente soltou o<br />

tecido. Pelo canto do olho, viu a expressão de Ewan ficar tensa enquanto olhava para seus ombros nus.<br />

Fascinada pelo efeito que causou, Mairin demorou <strong>um</strong> pouco mais para tirar o vestido de seu corpo.<br />

Seus cabelos se espalharam sobre seus seios. Apenas os mamilos apareciam através deles e Ewan olhava<br />

fixamente para eles.<br />

— Devo me deitar? – ela perguntou <strong>com</strong> voz baixa.<br />

Ewan limpou a garganta.<br />

— Sim. Seria bom. Você ficará confortável. Isso não vai demorar mais que <strong>um</strong> minuto.<br />

Mairin deitou-se na cama, mas não tirou os olhos de Ewan. Enquanto ele a examinava e trocava o<br />

curativo de seu ferimento, o olhar quente se arrastava pelo resto de seu corpo. Ela se remexeu inquieta<br />

quando ele terminou de soltar a bandagem. A ação fez seus seios roçarem os braços firmes. Os mamilos<br />

imediatamente ficaram rígidos.<br />

— Moça, não tenho tempo para amar você. – ele sussurrou. – Mas você me tenta. Sim, você me tenta<br />

<strong>com</strong>o nenh<strong>um</strong>a outra mulher já o fez.<br />

Mairin circulou o pescoço dele <strong>com</strong> os braços e se encararam por <strong>um</strong> momento em <strong>um</strong> longo<br />

silêncio. Os olhos de Ewan eram tão lindos que a lembraram das colinas das Highlands na primavera.


Tão verdes e tão vivas.<br />

Ele desceu a boca sobre a dela, suavemente a princípio. Um beijo delicado, carne contra carne.<br />

Beijou-a no canto da boca e em seguida o outro.<br />

— Você tem gosto de sol.<br />

O peito dela se apertou <strong>com</strong> as palavras doces. Podia senti-lo entre suas pernas, duro e pulsante.<br />

Apertou-se contra suas calças, <strong>com</strong> impaciência. Ela o queria. Sim, queria muito.<br />

— Ewan. – ela sussurrou. – Tem certeza que não temos tempo para amar?<br />

Ele gemeu baixo em sua garganta.<br />

— Sim... você é <strong>um</strong>a mulher muito sedutora.<br />

Mairin ergueu o corpo para se encaixar ao dele, sem saber o que exatamente estava fazendo. Sentia-se<br />

quente e molhada e precisava de algo que tinha certeza que apenas ele poderia lhe dar.<br />

— Beije-me. – ela murmurou.<br />

— Oh, sim, vou beijá-la, moça. Vou beijá-la até você pedir para parar.<br />

Seus lábios se fecharam em torno de <strong>um</strong> dos mamilos e puxou-o enquanto o sugava mais forte <strong>com</strong><br />

sua boca. Suas mãos acariciaram seu corpo e Mairin se arqueou <strong>com</strong>o <strong>um</strong> gato que procura o toque de<br />

seu dono.<br />

— Calma, moça. – ele murmurou. – Não quero machucá-la.<br />

Machucar? Ela ficaria machucada se ele não continuasse a beijá-la.<br />

Ewan deslizou as mãos entre suas coxas e acariciou sua carne. Roçou o trêmulo ponto enquanto seus<br />

dedos procuravam sua úmida abertura. Apesar de sua advertência, ela se arqueou impotente, incapaz de<br />

controlar sua resposta frenética.<br />

O fogo se espalhou rapidamente pela sua virilha, apertando cada vez mais quando os dedos a<br />

penetraram. Não era assim que deveria ser feito, era?<br />

Mas Mairin não se importou. Tudo o que ele estava fazendo era maravilhoso e queria pedir para que<br />

nunca mais parasse. E pediu. Mais e mais, as palavras iam saindo entre soluços.<br />

Ewan chupou cada seio, alternado enquanto a tomava <strong>com</strong> os dedos. Ela estava quente e lisa ao seu<br />

redor e rapidamente alcançou o êxtase.<br />

Gemeu e se agarrou em seus ombros, enquanto erguia os quadris, querendo mais. Ewan acrescentou<br />

<strong>um</strong> segundo dedo até o fundo e seu polegar pressionou ainda mais seu latejante botão.<br />

Ela teria gritado, e gritou, mas o marido afastou a boca de seu seio para capturar a sua, engolindo<br />

assim, seu grito selvagem.<br />

Esqueceu-se de sua ferida, do curativo, de qualquer dor ou desconforto. Havia apenas <strong>um</strong>a onda de<br />

prazer intenso, até que cedeu em cima da cama, mole e fraca, procurando recuperar o fôlego.<br />

Ewan rolou para o lado e puxou-a cuidadosamente em seus braços. Seus lábios roçaram seus cabelos.<br />

Acariciou cada centímetro de sua pele.<br />

— Durma, moça. – ele murmurou. – Você precisa descansar.


Muito confusa para discutir, Mairin fechou os olhos antes de sequer perceber. Seu último pensamento<br />

coerente era que ele era muito melhor que cerveja para fazê-la relaxar e dormir.


Capítulo 21<br />

Mairin bocejou e esticou os braços sobre a cabeça. Estava tão satisfeita por ter feito amor <strong>com</strong> Ewan<br />

que nem se lembrava da dor. Então, percebeu que, apesar de sua determinação em sair do quarto, passou<br />

metade do dia deitada. Com <strong>um</strong>a careta, levantou-se, resmungando sobre os truques do marido.<br />

Estava convencida que tinha feito isso de propósito. Levou-a para o quarto e <strong>com</strong> a desculpa de<br />

cuidar de sua ferida e a distraiu <strong>com</strong> amor.<br />

E pensar que achava que ele não era habilidoso em tais assuntos. Ele era muito habilidoso.<br />

Desta vez, quando deixou o aposento, Gannon a encontrou na porta. Ela olhou para ele <strong>com</strong> espanto.<br />

— Você ficou na minha porta durante toda a tarde?<br />

— Sim, minha senhora. É meu dever cuidar de sua segurança. Você tem o hábito de desaparecer, por<br />

isso eu e Cormac estamos nos revezando na guarda de seu quarto.<br />

Mairin franziu a testa, não gostando da ideia de ser <strong>um</strong> fardo para eles. Foi em direção às escadas,<br />

determinada a ver Maddie, sem qualquer interferência do marido ou dos vigias.<br />

Cormac foi ao salão para beber <strong>um</strong>a caneca de cerveja <strong>com</strong> os homens mais velhos do clã.<br />

— Você viu Crispen? – ela perguntou a Cormac.<br />

— Não, minha senhora. A última vez que o vi, estava brincando <strong>com</strong> as outras crianças. Gostaria que<br />

eu fosse buscá-lo?<br />

— Oh, não. Deixe-o brincar. Não preciso dele neste momento.<br />

Cormac se levantou e <strong>com</strong>eçou a seguir Mairin, mas ela ergueu a mãos.<br />

— Só estou indo ver Maddie. Gannon pode me a<strong>com</strong>panhar. Não pode, Gannon?<br />

— Sim, minha senhora. Se for tudo o que estiver pensando.<br />

— É claro. Está ficando tarde e logo estará escuro.<br />

Gannon relaxou. Balançou a cabeça em direção a Cormac e então seguiu Mairin. Ela andava <strong>com</strong><br />

passos rápidos, determinada a mostrar a todos que estava recuperada do acidente. Quando chegou à casa<br />

de Maddie, estava sem fôlego e encostou-se na porta para se apoiar enquanto respirava.<br />

Então, educadamente bateu na porta e esperou. Franziu o cenho quando não obteve resposta.<br />

— Maddie não está em casa, minha senhora. – <strong>um</strong>a das mulheres gritou da janela de <strong>um</strong>a das casas. -<br />

Está ajudando Gertie na cozinha.<br />

— Obrigada. – Mairin agradeceu.<br />

— Gostaria de ir a cozinha? – Gannon educadamente perguntou.<br />

A ideia de encontrar Gertie foi o suficiente para persuadir Mairin a esperar para falar <strong>com</strong> Maddie.<br />

Virou-se na direção da torre e parou para olhar o t<strong>um</strong>ulto no meio do caminho. Dois homens mais<br />

velhos conversavam <strong>com</strong> ânimos acirrados e os punhos balançando ferozmente.<br />

— Que diabos estão discutindo, Gannon?


— Oh, não é nada que precise se preocupar, minha senhora. – disse Gannon. – É só Arthur e<br />

Magnus.<br />

Ele tentou conduzi-la pelo caminho, mas Mairin permaneceu enraizada em seu lugar quando as vozes<br />

dos homens ficaram mais altas.<br />

— Parem de gritar <strong>com</strong>o cabras velhas!<br />

Mairin piscou surpresa <strong>com</strong> a mulher inclinada para fora da janela gritando para os dois homens.<br />

Arthur e Magnus não lhe deram atenção e continuaram a discutir. Rapidamente, Mairin entendeu que o<br />

motivo da briga era <strong>um</strong>a égua que estava entre os dois homens.<br />

— De quem é a égua? – Mairin sussurrou. – E por que eles brigam tanto por causa dela?<br />

Gannon suspirou.<br />

— É <strong>um</strong>a velha briga, minha senhora. Eles gostam de <strong>um</strong>a boa discussão. Se não fosse a égua, seria<br />

outra coisa.<br />

Um dos homens se virou e <strong>com</strong>eçou a caminhar, gritando por todo o caminho, dizendo que iria falar<br />

<strong>com</strong> o laird.<br />

Pensando rapidamente, ela o alcançou, bloqueando sua passagem.<br />

— Preste atenção por onde anda, moça! Agora, afaste-se, se não se importa. Tenho assuntos a tratar<br />

<strong>com</strong> o laird.<br />

— Tenha mais respeito e segure sua língua, Arthur. – Gannon rosnou. – Você está falando <strong>com</strong> sua<br />

senhora.<br />

Arthur apertou os olhos e então inclinou a cabeça para o lado.<br />

— Sim, é você. Não deveria estar acamada após o acidente?<br />

Mairin soltou <strong>um</strong> suspiro. A notícia se espalhou por toda a fortaleza, sem dúvida. Ela não queria<br />

parecer fraca quando ass<strong>um</strong>isse suas funções de senhora. Calculou mentalmente o que precisava ser<br />

feito. Com ou sem a ajuda de Maddie, estava na hora de administrar o castelo.<br />

— Fique fora do caminho. – Magnus declarou. – Você se <strong>com</strong>porta <strong>com</strong>o <strong>um</strong> burro, Arthur.<br />

Ele sorriu para Mairin e então fez <strong>um</strong>a reverência.<br />

— Não fomos devidamente apresentados. Meu nome é Magnus McCabe.<br />

Mairin retribuiu o sorriso, sem se esquecer de incluir Arthur, para que não usasse isso <strong>com</strong>o desculpa<br />

para outra briga.<br />

— Não pude deixar de ouvi-los discutir sobre a égua. – ela <strong>com</strong>eçou hesitante.<br />

Arthur bufou.<br />

— Isso porque Magnus tem a boca do tamanho de <strong>um</strong>a montanha.<br />

Mairin levantou <strong>um</strong>a mão.<br />

— Em vez de in<strong>com</strong>odar o laird <strong>com</strong> <strong>um</strong> assunto tão inconsequente, talvez eu possa ajudar.<br />

Magnus esfregou as mãos e lançou <strong>um</strong> olhar triunfante em direção a Arthur.<br />

— Viu? A moça dirá quem está certo.


Arthur revirou os olhos e não se impressionou <strong>com</strong> a oferta de Mairin.<br />

— Não há certo ou errado. – Arthur disse <strong>com</strong> naturalidade. – A égua é minha. Sempre foi. Gannon<br />

sabe.<br />

Gannon fechou os olhos e balançou a cabeça.<br />

— Percebo. – disse Mairin. Então olhou para Magnus. – Você está disputando a égua <strong>com</strong> Arthur?<br />

— Sim. – ele disse enfaticamente. – Há dois meses, ele ficou enfurecido porque a égua o mordeu no...<br />

— Não há necessidade de dizer onde a égua mordeu. – Arthur apressadamente interrompeu. - Basta<br />

dizer que ela me mordeu.<br />

Magnus se inclinou e sussurrou.<br />

— Ela o mordeu na bunda, minha senhora.<br />

Seus olhos se arregalaram. Gannon emitiu <strong>um</strong>a repreensão para Magnus por falar <strong>com</strong> sua senhora<br />

de forma tão indelicada, mas o homem não parecia arrependido.<br />

— De qualquer forma, depois que a égua mordeu Arthur, ele ficou tão furioso que espancou-a <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong> ingrato. –ele parou e limpou a garganta. – Bem, ele disse para ela nunca mais voltar. Estava frio e<br />

chovendo. Peguei a égua e dei-lhe <strong>um</strong> pouco de aveia. Então, você vê, ela me pertence. Arthur a<br />

abandonou.<br />

— Minha senhora, o laird já ouviu esta queixa. – Gannon sussurrou para ela.<br />

— E o que o laird decidiu? – ela sussurrou de volta.<br />

— Ele disse para eles resolverem isso entre si.<br />

Mairin emitiu <strong>um</strong> som exasperado.<br />

— Isso não ajudou muito.<br />

Aquilo seria <strong>um</strong> ponto de partida para afirmar sua autoridade e mostrar ao clã que era <strong>um</strong>a<br />

<strong>com</strong>panheira digna de seu laird. Ewan era <strong>um</strong> homem muito ocupado e questões <strong>com</strong>o esta deveriam ser<br />

resolvidas sem in<strong>com</strong>odá-lo <strong>com</strong> <strong>um</strong>a discussão mesquinha.<br />

Voltou-se para os homens que já tinham re<strong>com</strong>eçado a brigar. Erguem as mãos pedindo silêncio, mas<br />

isso não funcionou. Então, colocou os dedos entre os lábios e emitiu <strong>um</strong> assobio agudo.<br />

Os homens encolheram-se e olharam para ela, espantados.<br />

— A senhora não deve assobiar. – Arthur repreendeu.<br />

— Sim, ele está certo, minha senhora.<br />

— Oh, então agora vocês dois concordam cm alg<strong>um</strong>a coisa. – Mairin murmurou. – Foi a única<br />

forma de acalmá-los.<br />

— E o que quer? – Magnus perguntou.<br />

Mairin cruzou as mãos e olhou-os, convencida de que tinha a solução perfeita para o problema.<br />

— Pedirei para Gannon cortar a égua no meio e dar a cada <strong>um</strong> <strong>um</strong>a parte igual. É a maneira mais<br />

justa.


Arthur e Magnus olharam para ela e então <strong>um</strong> para o outro. Gannon fechou os olhos novamente e<br />

não disse <strong>um</strong>a palavra.<br />

— Ela é estúpida. – Arthur disse.<br />

Magnus concordou.<br />

— Pobre laird. Ele deve ter sido enganado. Casou-se <strong>com</strong> <strong>um</strong>a moça maluca.<br />

Mairin colocou as mãos nos quadris.<br />

— Eu não sou maluca!<br />

Arthur sacudiu a cabeça, <strong>com</strong> a pena brilhando em seus olhos.<br />

— Talvez maluca e estúpida sejam palavras muito fortes. Confusa. Sim, talvez confusa. Você sofreu<br />

<strong>um</strong>a lesão na cabeça recentemente?<br />

— Não, eu não!<br />

— Quando criança, então? – Magnus perguntou.<br />

— Estou perfeitamente bem de minhas faculdades mentais. – ela retrucou.<br />

— Então, em nome de Deus, por que você sugere cortar o animal em dois? – Arthur perguntou. –<br />

Essa é a coisa mais idiota que ouvi falar.<br />

— Ela funcionou para o rei Salomão. – ela murmurou.<br />

— O rei Salomão ordenou que cortasse <strong>um</strong> cavalo ao meio? – Magnus perguntou <strong>com</strong> voz confusa.<br />

— Quem é o rei Salomão? Ele não é nosso rei. Aposto que é inglês. Fazer isso só pode ser coisa dos<br />

ingleses. – disse Arthur.<br />

Magnus assentiu <strong>com</strong> a cabeça.<br />

— Sim, os ingleses são todos estúpidos. – então voltou-se para Mairin. – Você é inglesa, moça?<br />

— Não! Por que está perguntando isso?<br />

— Talvez ela tenha <strong>um</strong> pouco de sangue inglês. – disse Arthur. – Isso explicaria muitas coisas.<br />

Mairin segurou a cabeça e sentiu o desejo repentino de puxar violentamente os cabelos.<br />

— O rei Salomão sugeriu que cortasse <strong>um</strong> bebê pela metade quando duas mulheres alegaram ser sua<br />

mãe.<br />

Até Gannon olhou-a horrorizado. Magnus e Arthur olharam para Mairin e balançaram a cabeça.<br />

— E os ingleses dizem que nós somos os bárbaros. – Arthur resmungou.<br />

— O rei Salomão não era inglês. – ela disse pacientemente. – O ponto era que a mãe real ficou tão<br />

horrorizada em pensar no filho cortado no meio que preferiu dar o bebê para a outra mulher, para<br />

poupar a vida da criança.<br />

Ela olhou incisivamente para eles, esperando que entendessem a moral, mas os dois ainda a olhavam<br />

<strong>com</strong>o se tivesse vomitado <strong>um</strong>a ladainha de blasfêmias.<br />

— Oh, não importa. – ela retrucou.<br />

Caminhou até onde estava a égua, pegou as rédeas e puxou o animal enquanto r<strong>um</strong>ava de volta para<br />

o castelo.


— Minha senhora, o que está fazendo? – Gannon perguntou.<br />

— Ei, ela está roubando nosso cavalo! – Magnus gritou.<br />

— Nosso cavalo? O cavalo é meu, seu burro.<br />

Mairin ignorou os dois homens, enquanto eles <strong>com</strong>eçavam a brigar novamente.<br />

— Está claro que nenh<strong>um</strong> dos dois merece o pobre cavalo. – Mairin disse. – Vou levá-lo para Ewan.<br />

Ele saberá o que fazer.<br />

O olhar de Gannon mostrava que estava apavorado em levar o cavalo para seu laird.<br />

— Não se preocupe, Gannon. Direi que você tentou me impedir.<br />

— Dirá?<br />

O tom esperançoso em sua voz a divertiu. Parou no meio do pátio e percebeu que não havia<br />

nenh<strong>um</strong> treino ou sinal de Ewan.<br />

— Bem, onde ele está? – ela perguntou, exasperada. – Oh, não importa. – disse quando Gannon não<br />

respondeu imediatamente. – Vou levar o cavalo para seu estábulo. Eu realmente deveria me familiarizar<br />

<strong>com</strong> tudo o que acontece nas terras McCabe. Estive em todo o castelo e ainda não conheço tudo.<br />

Amanha vamos corrigir isso.<br />

Gannon piscou.<br />

— Vamos?<br />

— Sim, nós o faremos. Agora, os estábulos?<br />

Gannon suspirou e apontou para o outro lado do pátio. Mairin partiu novamente, levando a égua<br />

atrás dela.<br />

Seguiu pelo caminho até chegar do outro lado da torre, onde viu <strong>um</strong>a velha estrutura que imaginou<br />

ser o estábulo. Irritou-se ao ver Magnus e Arthur em pé, na frente do arco que dava para a área dos<br />

cavalos do laird. Eles viram quando Mairin se aproximou <strong>com</strong> cautela e fez <strong>um</strong>a careta para mostrar seu<br />

descontentamento.<br />

— Vocês não receberão o cavalo de volta. – ela gritou. – Entregarei ao encarregado dos estábulos<br />

para que ele cuide do animal adequadamente.<br />

— Eu sou o encarregado dos estábulos, moça estúpida. – Arthur gritou.<br />

— Dirija-se <strong>com</strong> mais respeito à sua senhora. – Gannon rugiu.<br />

Mairin ficou boquiaberta e virou-se para Gannon.<br />

— Encarregado dos estábulos? Esse cretino... Este... é o encarregado dos estábulos?<br />

Gannon suspirou.<br />

— Isso é ridículo! – Mairin gritou.<br />

— Eu faço <strong>um</strong> bom trabalho. – Arthur disse. – E faria melhor se não ficasse perseguindo pessoas<br />

que roubam o meu cavalo.<br />

— Está dispensado de seu dever, senhor.<br />

— Você não pode me dispensar! – Arthur guinchou. – Somente o laird pode fazer isso.


— Eu sou a senhora do castelo e digo que você está dispensado. – Mairin disse beligerante. Ela se<br />

virou para Gannon. – Diga a ele.<br />

Gannon parecia <strong>um</strong> pouco incerto, mas apoiou sua senhora. Mairin assentiu <strong>com</strong> aprovação quando<br />

Gannon informou ao homem que ele tinha sido de fato dispensado de suas funções.<br />

Arthur saiu pisoteando e resmungando todo o tipo de blasfêmias, enquanto Magnus o olhava <strong>com</strong><br />

<strong>um</strong> sorriso presunçoso.<br />

— Não me admira que o cavalo mordesse sua bunda. – Mairin murmurou quando Arthur<br />

desapareceu.<br />

Ela entregou as rédeas a Gannon.<br />

— Coloque-a em <strong>um</strong>a das baias e certifique-se de ela seja bem alimentada.<br />

Ignorando o olhar descontente de Gannon, Mairin se virou para trás, na direção da torre. Estava<br />

satisfeita consigo mesma. Não só conseguiu andar fora do castelo sem in<strong>com</strong>odar seu marido, <strong>com</strong>o<br />

resolveu <strong>um</strong>a situação difícil. Seu primeiro dever <strong>com</strong>o senhora do castelo. Ela sorriu e subiu<br />

apressadamente os degraus, entrando no grande salão.<br />

Mairin acenou para Cormac.<br />

— Só vou me trocar para o jantar. Gannon não demorará a chegar. Está cuidando de <strong>um</strong> cavalo para<br />

mim.<br />

Cormac se levantou <strong>com</strong> o rosto confuso.<br />

— Um cavalo?<br />

Mairin seguiu para as escadas. O dia não tinha sido <strong>um</strong> <strong>com</strong>pleto desperdício. <strong>Na</strong> verdade, foi muito<br />

lindo. E estava progredindo em sua tentativa de tomar parte nas atividades da fortaleza. Pois tomou <strong>um</strong>a<br />

decisão e sequer in<strong>com</strong>odou Ewan <strong>com</strong> <strong>um</strong> assunto tão frívolo. Era o mínimo que poderia fazer. Ele<br />

tinha deveres importantes e quanto mais Mairin facilitasse para ele, mais Ewan seria capaz de se<br />

concentrar em seus assuntos.<br />

Ela jogou água no rosto e espanou a poeira do vestido. Sim. Tinha sido <strong>um</strong> dia bom e seu ferimento<br />

nem doía mais.<br />

— Mairin!<br />

Ela se encolheu <strong>com</strong> o rugido do laird que veio de baixo e atravessou a porta do quarto. Ewan gritou<br />

alto suficiente para abalar as vigas. Com <strong>um</strong> aceno de cabeça, ela pegou o pente e fez <strong>um</strong> rápido trabalho<br />

nos cabelos emaranhados. Não conseguia mover o braço esquerdo por causa do ferimento, então<br />

demorou <strong>um</strong> pouco mais para trançar seus cabelos.<br />

— Mairin, venha rápido!<br />

Ela soltou o pente e fez <strong>um</strong>a careta. Senhor, o homem era impaciente. Depois de mais <strong>um</strong>a ajeitada<br />

no vestido, desceu as escadas. Quando ela chegou ao andar de baixo, viu Ewan em pé no meio da sala,<br />

<strong>com</strong> os braços cruzados sobre o peito e <strong>um</strong>a profunda carranca.<br />

Ao seu lado, estavam Arthur e Magnus junto de Gannon e Caelen. Outros homens de Ewan estavam<br />

sentados em torno das mesas e olhando <strong>com</strong> grande interesse para a confusão.<br />

Mairin parou na frente de Ewan e sorriu recatadamente para ele.


— Você me chamou, laird?<br />

Ewan olhou para ela mais sério ainda. Então, passou a mão pelos cabelos e olhou para o céu.<br />

— No decorrer da última hora, você roubou <strong>um</strong> cavalo e de alg<strong>um</strong>a forma deixou meus estábulos<br />

sem <strong>um</strong> encarregado. Gostaria de explicar isso, moça?<br />

— Eu acabei <strong>com</strong> <strong>um</strong>a briga. – ela disse. – E quando descobri que o homem que cuidava de seus<br />

cavalos era o mesmo que maltratava animais, laird, eu resolvi a situação.<br />

— Você não tem autoridade para resolver nada. – Ewan disse, firmemente. – Suas funções são muito<br />

simples. Obedecer-me e não interferir <strong>com</strong> o funcionamento da fortaleza.<br />

O peito dela se apertou. A h<strong>um</strong>ilhação queimou suas faces quando Mairin voltou o olhar para todos<br />

os homens ali reunidos. Ela viu simpatia na expressão de Gannon, mas não encontrou nenh<strong>um</strong> apoio em<br />

Caelen.<br />

Não querendo ser mais h<strong>um</strong>ilhada, voltou-se e caminhou rigidamente para fora do salão.<br />

— Mairin! – Ewan rugiu.<br />

Ela o ignorou e caminhou mais rápido. Contornou as escadas e saiu por <strong>um</strong>a das portas que levava<br />

ao exterior.<br />

Odiosos. Impossíveis. Intratáveis. Todos eles. Eles a acusaram de ser maluca, mas este era o clã mais<br />

estúpido que conheceu.<br />

Lágrimas de raiva queimaram seus olhos. O crepúsculo já havia caído sobre o castelo, cobrindo-o<br />

<strong>com</strong> tons de lavanda e cinza. O frio a abrangia, mas Mairin nem sentia e se afastou do pátio vazio. Um<br />

dos guardas chamou sua atenção, mas ela acenou e disse que não tinha a intenção de ir longe. Só<br />

precisava caminhar <strong>um</strong> pouco.<br />

Longe dos gritos de Ewan e da censura em seu olhar.<br />

Manteve-se perto da parede da torre, procurando <strong>um</strong> lugar que oferecesse privacidade e segurança.<br />

Lembrou-se da velha casa de banhos atrás da torre. Entrou por <strong>um</strong>a porta baixa e sentou-se em <strong>um</strong> dos<br />

bancos.<br />

Finalmente, <strong>um</strong> lugar longe do resto do clã, onde poderia chorar e lamentar o vergonhoso<br />

<strong>com</strong>portamento de seu marido.


Capítulo 22<br />

Era importante que Ewan não corresse atrás de sua esposa, especialmente na frente de seus homens.<br />

Era óbvio que a moça não tinha ideia do que tinha aprontado.<br />

Resolveu dar-lhe <strong>um</strong> tempo para se acalmar e então explicaria as coisas.<br />

Ewan voltou-se para os homens que estava atrás dele. Gertie já estava colocando o jantar na mesa e, a<br />

julgar pelo cheiro, havia carne fresca que <strong>um</strong> dos homens trouxe da caçada.<br />

— Tenho minha posição de volta, laird? – Arthur perguntou.<br />

Ewan concordou, cansado.<br />

— Sim, Arthur. Você é <strong>um</strong> dos melhores <strong>com</strong> meus cavalos. No entanto, já tive brigas suficientes<br />

entre você e Magnus e é obvio que isso perturba a minha senhora.<br />

Arthur não parecia feliz, mas balançou a cabeça e correu para tomar seu lugar à mesa. Magnus quis<br />

zombar de Arthur, mas o olhar de Ewan o deteve. Ele também tomou seu lugar ao lado de Arthur.<br />

Ewan então se sentou e foi seguido por seus homens. Quando Maddie <strong>com</strong>eçou a colocar <strong>com</strong>ida nos<br />

pratos, ele a deteve.<br />

— Quando terminar de servir os homens leve <strong>um</strong>a bandeja até sua senhora. Ela está em seu quarto e<br />

não quero que fique sem jantar.<br />

— Sim, laird. Farei imediatamente.<br />

Meia hora depois, no entanto, Maddie correu para dizer que sua esposa não estava no quarto. Ewan<br />

percebeu que foi <strong>um</strong> erro acreditar que sua impulsiva esposa faria algo tão simples <strong>com</strong>o ir para o<br />

quarto.<br />

Ela o fez sentir-se in<strong>com</strong>petente em seus esforços de mantê-la segura no castelo. Estava zangado, pois<br />

não se sentia assim desde que era <strong>um</strong> rapaz. Ele podia treinar <strong>um</strong> exercito inteiro. Podia ganhar <strong>um</strong>a<br />

batalha, mesmo que estivesse em menor número de guerreiros. Mas não conseguia controlar a moça. Ela<br />

desafiava toda a sua razão.<br />

Levantou-se e seguiu a direção que Mairin tinha tomado. Era claro que ela não subiu as escadas,<br />

então tomou a direção da porta que conduzia para fora do castelo.<br />

—Você viu sua senhora? – perguntou a Rodrick, que estava de vigia.<br />

— Sim, laird. Faz <strong>um</strong>a meia hora.<br />

— E para onde ela foi?<br />

— Para a sala de banhos. Gregory e Alain estão cuidando dela. Ela estava chorando muito.<br />

Ewan estremeceu e soltou <strong>um</strong> suspiro. Preferia enfrentar <strong>um</strong> animal zangado às lágrimas de <strong>um</strong>a<br />

mulher. Seguiu na direção da sala de banhos. Gregory e Alain estavam fora dos muros e pareciam<br />

aliviados quando viram Ewan se aproximando.<br />

— Graças a Deus você está aqui, Laird. Tem que fazê-la parar. Ela vai ficar doente de tanto chorar. –<br />

disse Alain.<br />

Gregory franziu o cenho.


— Não é bom para <strong>um</strong>a moça chorar muito. Ela vai se afogar!<br />

Ewan ergueu a mão.<br />

— Obrigado por sua proteção. Podem ir, agora. Eu cuidarei de sua senhora.<br />

Os soldados não esconderam o alívio de seus rostos. Quando saíram, Ewan ouviu os soluços vindos<br />

de dentro. Droga, ele odiava a ideia de vê-la chorar.<br />

Entrou no interior escuro e olhou ao redor, ajustando os olhos para ver na escuridão. Seguiu os sons<br />

até que a encontrou sentada em <strong>um</strong> banco ao longo da parede mais distante. A luz da lua parcialmente<br />

il<strong>um</strong>inava sua silhueta.<br />

— Vá embora. – ela disse <strong>com</strong> voz abafada.<br />

— Ah, moça. – ele disse enquanto se sentava ao lado dela. – Não chore.<br />

— Eu não estou chorando. – ela disse em <strong>um</strong>a voz que indicava claramente o contrário.<br />

— Mentir é <strong>um</strong> pecado. – ele disse, sabendo que estava provocando-a.<br />

— Pode ser, mas gritar <strong>com</strong> sua esposa também é. – ela disse tristemente. – Você prometeu me amar.<br />

Sim, você prometeu. Mas não me sinto muito amada.<br />

Ewan suspirou.<br />

— Mairin, você testa a minha paciência. E imagino que vai continuar a fazê-lo nos próximos anos.<br />

Posso dizer que essa não será a única vez que gritarei <strong>com</strong> você. Se disser o contrário, estarei mentindo.<br />

— Você me envergonhou na frente de seus homens. – ela disse <strong>com</strong> voz baixa. – <strong>Na</strong> frente do cretino<br />

de seu encarregado dos estábulos. Ele é <strong>um</strong> asno e deveria ser proibido de se aproximar de <strong>um</strong> cavalo.<br />

Ewan tocou-lhe o rosto e roçou atrás de sua orelha. Estremeceu quando sentiu a <strong>um</strong>idade em sua<br />

pele.<br />

— Ouça, carinho. Arthur e Magnus têm brigado desta forma desde antes de eu nascer. No dia em<br />

que pararem de brigar, será o dia em que os enterramos no chão. Vieram falar <strong>com</strong>igo sobre o cavalo,<br />

mas me recusei a prestar <strong>um</strong> julgamento, porque isso os manteve ocupados. Se eu resolvesse o assunto,<br />

eles encontrariam outro motivo para brigar. Pelo menos, o cavalo era <strong>um</strong>a coisa bastante inofensiva.<br />

— Eu tirei a égua de ambos. – ela disse. – Essa briga pode ser antiga, mas o animal merece algo<br />

melhor do que ser disputado por dois velhos estúpidos.<br />

Ewan riu.<br />

— Sim, eles me contaram que você roubou o cavalo e dispensou Arthur de suas funções.<br />

Mairin se moveu em seu lugar e segurou as mãos de Ewan entre as suas.<br />

— Como pode <strong>um</strong> homem tão deplorável cuidar dos cavalos? Por que, Ewan, ele colocou seu<br />

próprio cavalo no frio, sem <strong>com</strong>ida ou abrigo? Você confiaria em <strong>um</strong> homem que trata seu próprio<br />

cavalo assim? Um cavalo que <strong>um</strong> dia poderá ir para a batalha?<br />

Ewan sorriu pela sua veemência.<br />

— Aprecio sua determinação em assegurar melhores condições para meus cavalos. Mas, na verdade,<br />

Arthur é <strong>um</strong> mágico <strong>com</strong> os animais. Sim, ele é hostil e briguento. Também não é muito respeitoso. Mas<br />

ele cuida dos cavalos desde o tempo em que meu pai era o laird. Ele não maltratou sua égua, moça. Eu


mesmo o teria repreendido, se fosse esse o caso. Ele inventou essa historia para livrar sua cara depois de<br />

ser mordido no traseiro pelo animal. Ele ama seus cavalos. São seus bebês, embora morresse antes de<br />

admitir isso. Se importa mais <strong>com</strong> cada <strong>um</strong> deles do que <strong>com</strong> outro ser vivo.<br />

Mairin deixou os ombros caírem e olhou para seus pés.<br />

— Fiz papel de boba, não é?<br />

— Não, moça.<br />

Mairin retorceu os dedos no colo.<br />

— Eu queria apenas achar meu lugar aqui. Ser parte de <strong>um</strong> clã. Ter meus deveres. Ser respeitada.<br />

Cost<strong>um</strong>ava sonhar em ter <strong>um</strong> lar e <strong>um</strong>a família. Não passava <strong>um</strong> dia na abadia sem imaginar <strong>com</strong>o seria<br />

viver assim, sem medo, capaz de seguir meu próprio caminho.<br />

Mairin olhou para ele e Ewan pôde ver a vulnerabilidade brilhando em seus olhos.<br />

— Isso era apenas <strong>um</strong> sonho, não era, Ewan?<br />

O coração dele se apertou dentro do peito. Nunca pensou no que Mairin tinha passado. Foi<br />

sequestrada de sua abadia onde vivia apenas na <strong>com</strong>panhia de freiras. Cresceu esperando que sua vida<br />

fosse difícil e incerta, quando tudo o queria era liberdade e alguém para amar e ser amada.<br />

Todas as suas ações e desrespeito à sua autoridade faziam sentido, agora. Ela estava apenas sentindo o<br />

gosto de ter <strong>um</strong>a casa e <strong>um</strong>a família e divertindo-se <strong>com</strong> isso. Estava experimentando a liberdade pela<br />

primeira vez em sua vida.<br />

Ewan a apertou afetuosamente em seus braços.<br />

— Não, moça. Não era <strong>um</strong> sonho. Isso é o que esperava de <strong>um</strong> clã e de <strong>um</strong> lar. Você está aprendendo.<br />

Ainda vai <strong>com</strong>eter erros. Isso tudo é novo para nós dois. Proponho <strong>um</strong> acordo. Seja paciente <strong>com</strong>igo e<br />

prometo não tentar gritar tanto.<br />

Mairin ficou em silêncio por <strong>um</strong> momento e então ergueu a cabeça para olhá-lo novamente.<br />

— Isso parece justo. Peço desculpas por interferir em coisa que não me dizem respeito. Você estava<br />

certo. Essa não é minha obrigação.<br />

A mágoa e a derrota em sua voz despertou algo profundo nele.<br />

— Moça, olhe para mim. – ele disse gentilmente, inclinando o queixo dela <strong>com</strong> seus dedos. — Esta é<br />

a sua casa e seu clã. Você é a senhora e sua autoridade aqui vem apenas depois da minha. Quero vê-la<br />

durante muitos anos cuidando desta casa, planejando, para fazer deste castelo <strong>um</strong> lugar mais confortável.<br />

Não precisa fazer tudo em apenas <strong>um</strong> dia.<br />

Ela concordou <strong>com</strong> a cabeça.<br />

— Você está gelada, moça. Vamos voltar para dentro onde eu possa aquecê-la.<br />

Então, desceu seus lábios sobre os dela e a beijou, derretendo sua boca fria. Gelo contra fogo. Em<br />

alguns momentos, Mairin correspondia <strong>com</strong> <strong>um</strong> beijo sensual, quente, abrindo a boca. Senhor, a moça<br />

aprendeu rápido a arte de beijar e usar a língua.<br />

— Venha. – ele disse excitado. – Antes que eu a tome aqui mesmo.<br />

— Você é <strong>um</strong>a lição de pecado, laird. – ela disse <strong>com</strong> tom de desaprovação.


Ewan sorriu e olhou-a de forma carinhosa.<br />

— Pode ser verdade, moça, mas você também não é nenh<strong>um</strong>a santa.<br />

Mairin observava o marido enquanto <strong>com</strong>ia a <strong>com</strong>ida que Maddie levou ao quarto. Ele a olhava<br />

enganosamente preguiçoso, esparramado na cama, <strong>com</strong> as mãos atrás da cabeça e as pernas cruzadas.<br />

Mairin achou difícil se concentrar na <strong>com</strong>ida, enquanto ele ficava ali, deitado, olhando-a de modo<br />

ardente.<br />

Quando <strong>com</strong>eu a última porção, lembrou-se de sua conversa <strong>com</strong> Maddie. Abaixou a cabeça para<br />

Ewan não ver que corava. Não queria dizer-lhes seus pensamentos. Não quando eram deliciosamente<br />

indecentes.<br />

Mas, agora <strong>com</strong> a ideia fixa na mente, ela o estudou pelo canto do olho e se perguntou se teria<br />

coragem de fazer o que Maddie sugeriu.<br />

— Já está terminando, esposa? – Ewan perguntou.<br />

Mairin olhou para o vazio e lentamente afastou o prato. Sim, este era o momento ideal para testar sua<br />

coragem. Não querendo parecer demasiadamente óbvia, demorou <strong>um</strong> pouco se preparando para deitarse.<br />

Despiu-se mais lentamente do que cost<strong>um</strong>ava fazer, <strong>com</strong> movimentos leves e sensuais. Olhou duas<br />

vezes na direção de Ewan, para ver se ele estava assistindo.<br />

Quando ficou <strong>com</strong>pletamente nua, aproximou-se da bacia de água e se lavou. Ficou em <strong>um</strong>a posição<br />

que dava a Ewan <strong>um</strong>a boa visão de seu perfil e ouviu-o respirar fundo, quando os mamilos dela se<br />

endureceram ao passar o pano úmido.<br />

Reunindo coragem suficiente, Mairin deixou o pano de lado e se moveu para a cama.<br />

— Você ainda está vestido, marido. – ela murmurou enquanto se sentava sobre ele.<br />

Embora ainda usasse calças, não fez nada para disfarçar a protuberância entre suas pernas.<br />

— Sim,moça. Mas posso remediar isso.<br />

Ewan <strong>com</strong>eçou a empurrar o quadril par cima e ela se abaixou, colocando as mãos sobre o peito dele.<br />

— É meu dever despir você.<br />

Ele se recostou na cama quando os dedos dela foram para suas calças. Assim que ela soltou-as o<br />

suficiente, sua ereção se projetou para cima. Mairin não tinha certeza se já estava acost<strong>um</strong>ada <strong>com</strong> seu<br />

tamanho. E não conseguia sequer imaginar <strong>com</strong>o ficaria na sua boca.<br />

Quando teve dificuldade para puxar o tecido sobre os quadris, ele se levantou e ajudou-a a empurrar<br />

as calças para baixo de suas pernas. Então, voltou a se sentar e ela o seguiu até encontrar seus lábios.<br />

Beijou-o, provando o sabor de sua boca. Suas mãos vagaram pelo peito e ela ficou maravilhada ao sentilo<br />

tão duro e sólido.<br />

— O que você está fazendo, moça? – ele murmurou contra sua boca.<br />

Mairin sorriu e beijou-o no queixo, depois descendo pelo pescoço, exatamente <strong>com</strong>o ele tinha feito<br />

<strong>com</strong> ela. A julgar pela tensão repentina, ele deve ter gostado do que ela fez.<br />

— Tenho <strong>um</strong>a teoria. – sussurrou, enquanto pairava perto de <strong>um</strong> dos mamilos do peito dele. Então,<br />

lambeu o ponto até que endureceu e se projetou para fora. Ewan gemeu.<br />

— Qual é a sua teoria, moça?


Colocando as duas mãos sobre o peito, ela arrastou a língua sobre sua pele, até mergulhar em seu<br />

<strong>um</strong>bigo. Ewan se encolheu e arqueou-se, roçando a ereção em seu ventre.<br />

— Minha teoria é que os homens gostam de ser beijados... lá... tanto quanto as mulheres gostam...<br />

— Ah, inferno. – Ewan arfou.<br />

Mairin colocou suas mãos em torno da grossa masculinidade e enfiou a cabeça do membro entre seus<br />

lábios. Ewan parecia prestes a explodir. Seu corpo estava tão tenso e curvado... Suas mãos voaram para a<br />

cama , agarrando <strong>com</strong> força os lençóis. Oh, sim, ele gostou.<br />

Encorajada pela reação do marido, Mairin o tomou mais profundo, passando a mãos para cima e para<br />

baixo em seu eixo enquanto chupava mais forte.<br />

— Mairin. – ele suspirou. – Oh, céus, doce moça. Tenha misericórdia.<br />

Ela sorriu e baixou os dedos para acariciar seu saco inchado. Ele arqueou seus quadris, empurrando<br />

mais forte para que ela o tomasse tão profundamente quanto podia. Ewan estava tão duro, tão túrgido,<br />

que ela se perguntou se não rasgaria a pele. Ele latejava em sua mão, áspero, mas suave, <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a<br />

espada de aço envolto em seda.<br />

— Moça, eu não vou aguentar muito tempo. Você precise parar antes que eu goze em sua boca.<br />

Ainda segurando-o entre suas mãos, Mairin ergueu a cabeça e olhou nos olhos do marido. Seus<br />

cabelos caíram para frente e ele aproximou-se para afastar os fios de seu rosto.<br />

— Gostaria de gozar em minha boca? – ela perguntou timidamente.<br />

— Ah, Mairin. É <strong>com</strong>o perguntar a <strong>um</strong> doente se ele quer viver.<br />

Ela segurou seu rosto entre as mãos e baixou sua boca para beijá-lo. Longa e docemente, lambeu os<br />

lábios, roçou a língua sobre a dele, provou-o e provocou-o.<br />

— Gosto da ideia de sentir seu gosto. –ela sussurrou.<br />

Ewan segurou os seios dela, erguendo a cabeça para tomar seus mamilos na boca. Mairin apoiou-se<br />

nele. Mas ela não queria dar a ele a chance de virar o jogo e seduzi-la.<br />

Ela se afastou e beijou seu queixo, outro beijo descendo, fazendo novamente o caminho sobre o<br />

peito, sobre o ventre firme, até chegar ao ninho onde se projetava a ereção, dura e ousada.<br />

Primeiro Mairin lambeu, traçando a veia saliente na parte inferior do membro. Então, aproximou-se<br />

da cabeça, onde já havia <strong>um</strong>a gota de liquido escorrendo pela fenda. Sugou suavemente, bebericando,<br />

sentindo o gosto salgado. Ewan deixou escapar <strong>um</strong> gemido alto e quando ela baixou a boca para tomar<br />

todo seu <strong>com</strong>primento, ele pareceu perder todo o controle. Contorceu-se na cama, <strong>com</strong> movimentos<br />

desesperados. Ela o segurou <strong>com</strong> força, usando a língua para deixá-lo ainda mais selvagem.<br />

Ewan colocou <strong>um</strong>a mão sobre a dela e puxou-a para cima de seu pau, apertando enquanto conduzia<br />

para cima e para baixo. Mairin entendeu o que ele queria e <strong>com</strong>eçou a fazer o movimento <strong>com</strong> sua mão e<br />

sua boca.<br />

— Ah, assim, moça. Assim. – ele gemeu.<br />

Ele a segurou pelos cabelos e arremeteu para cima. Levou-o até o fundo da garganta e então o<br />

liquido quente explodiu, enchendo a boca em <strong>um</strong> fluxo aparentemente interminável.


Foi a coisa mais erótica que ela poderia ter imaginado. Amar o marido dessa forma a deixou tão<br />

selvagem quanto ele. Sentiu-se poderosa, <strong>com</strong>o se ela pudesse dar tanto prazer quanto Ewan lhe deu.<br />

Ele desabou na cama e deixou a boca de Mairin. Ela engoliu a última gota de sua paixão e então<br />

limpou os lábios <strong>com</strong> as costas da mão. Ewan ainda arfava quando deslizou seu olhar sobre ela.<br />

— Venha aqui, moça. – ele disse <strong>com</strong> voz rouca.<br />

Ele a puxou para cima dele, para que seus corpos se encontrassem, quentes e suados. Abraçou-a e a<br />

segurou firmemente enquanto pousava <strong>um</strong> beijo em seus cabelos.<br />

Lembrando-se do que Mairin disse, que os homens ficam muito mais receptivos depois de amar,<br />

Mairin levantou a cabeça e olhou para o marido.<br />

— Ewan?<br />

Ele a acariciou sobre os ombros e abaixou as mãos até agarrar suas nádegas. Apertou-as e acariciouas<br />

suavemente.<br />

— Sim, moça.<br />

— Prometa-me <strong>um</strong>a coisa.<br />

Ele inclinou a cabeça para o lado.<br />

— O que você quer que eu prometa?<br />

— Sei que estamos recém-casados e ainda não nos conhecemos direito, mas descobri que sou <strong>um</strong>a<br />

mulher possessiva. Quero que me prometa que será fiel. Sei que alguns homens cost<strong>um</strong>am ter <strong>um</strong>a<br />

amante...<br />

Ewan a interrompeu <strong>com</strong> <strong>um</strong>a careta. Então suspirou.<br />

— Moça, você acabou <strong>com</strong> minhas energias agora há pouco. Você se importa de me dizer onde no<br />

mundo eu encontraria energia para ter outra mulher na cama?<br />

Mairin franziu o cenho. Não era isso que queria ouviu. Ele suspirou de novo.<br />

— Mairin. Eu já prometi ser fiel. Fiz os votos, lembra? E desde que você seja <strong>um</strong>a boa esposa, não há<br />

nenh<strong>um</strong>a razão para eu procurar outra mulher. Eu não a trairia. Minha lealdade é para você e todos os<br />

filhos que tivermos. Levo minhas responsabilidades muito a sério.<br />

Lágrimas surgiram nos olhos dela.<br />

— Também serei fiel a você, Ewan.<br />

— Acho bom. – ele rosnou. – Pois matarei qualquer homem que tocar em você.<br />

— Você gostou que eu o beijei... lá embaixo?<br />

Ewan sorriu e a beijou.<br />

— Gostei muito. Talvez eu ordene que me beije lá todas as noites antes de nos deitarmos.<br />

Mairin franziu a testa e socou-o no estômago. Ele riu e fingiu que sentiu dor. Segurou-a pelos pulsos<br />

e rolou por cima dela, <strong>com</strong> cuidado para não atingir seu ferimento.<br />

Ficaram tão próximos, abraçados, tão perto que ela podia sentir sua respiração. Ele a tocou no rosto e<br />

acariciou-a <strong>com</strong> a ponta dos dedos.


— E agora, moça, estou pensando em enchê-la de beijos. De língua.<br />

Ela prendeu a respiração.<br />

— Língua? Laird, já lhe disse que ultimamente sua língua tem sido indecente?<br />

— Não mais indecente que a sua há alguns minutos atrás. – ele disse.<br />

Então, <strong>com</strong>eçou a mostrar a ela que ele poderia ser muito mais indecente do que jamais poderia<br />

imaginar.


Capítulo 23<br />

Ewan acordou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a forte batida na porta de seu quarto. Antes que pudesse se levantar para<br />

atender, a porta se abriu. Ewan saltou da cama no mesmo instante para segurar sua espada.<br />

— Jesus, Ewan, sou somente eu. – Caelen disse. – Você parecia estar dormindo o sono dos mortos.<br />

Ewan sentou-se na cama e puxou as cobertas para esconder a nudez de Mairin e a própria.<br />

— Saia daqui! – ele disse, irritado.<br />

— Se minha presença ofende seu pudor, vou virar as costas até você se vestir. – Caelen disse.<br />

— Não é <strong>com</strong>igo que estou preocupado. – Ewan rosnou.<br />

— Bem, inferno, Ewan! Não posso ver a moça daqui e nem desejo. É muito importante, ou não teria<br />

entrado em seu quarto.<br />

— Ewan?<br />

A voz sonolenta de Mairin surgiu embaixo das cobertas. Ela colocou sua cabeça para fora, <strong>com</strong> o<br />

cabelo todo desgrenhado. Ewan inclinou-se, afastou o cabelo do rosto e beijou-a na testa.<br />

— Ouça-me, carinho. Quero que volte a dormir. Você precisa descansar.<br />

Ela murmurou algo que ele não pode entender e voltou para debaixo das cobertas.<br />

Então Ewan rolou da cama e ordenou a Caelen que o esperasse no salão. Terminou de calçar as botas<br />

e pegou sua espada. Com <strong>um</strong> último olhar na direção de Mairin, caminhou até o salão onde Caelen o<br />

aguardava.<br />

— Carinho? Você precisa dormir? – Caelen o imitou, zombando. – Acho que você está ficando<br />

frouxo, irmão.<br />

Ewan deu <strong>um</strong> soco na mandíbula de Caelen. Este cambaleou e se segurou na parede para não cair da<br />

escada.<br />

— Droga, Ewan. Só quis dizer que o casamento não <strong>com</strong>bina <strong>com</strong> você. – Caelen disse esfregando o<br />

queixo.<br />

— Pois acho que <strong>com</strong>bina muito bem.<br />

Assim que entraram no hall, Ewan viu Alaric avançando rapidamente, <strong>com</strong> as roupas empoeiradas e<br />

traços de fadiga no rosto.<br />

— Você me tirou de <strong>um</strong>a cama quente para ver a chegada de Alaric? – Ewan perguntou.<br />

— Ele disse que era muito importante. Enviou <strong>um</strong> mensageiro na frente para convocá-lo para <strong>um</strong>a<br />

reunião. – Caelen defendeu.<br />

— Ewan. – Alaric disse, quando se aproximou.<br />

— O que é tão urgente que enviou <strong>um</strong> mensageiro à sua frente?<br />

— McDonald está vindo para cá.<br />

Ewan franziu o cenho.<br />

— Para cá? Por quê? O que aconteceu, Alaric?


— Você se casou. Foi isso o que aconteceu. Laird McDonald tinha a intenção de casar você <strong>com</strong> a<br />

filha dele. Não ficou muito feliz ao descobrir que você já não é mais <strong>um</strong>a opção. Ele insistiu em vê-lo.<br />

Não importa se você está recém-casado, <strong>com</strong>o tentei explicar. Informou-me que, se você realmente quer<br />

<strong>um</strong>a aliança, irá se encontrar <strong>com</strong> ele.<br />

Ewan amaldiçoou.<br />

— Não estamos em posição de receber ninguém. Mal podemos alimentar nosso próprio clã e agora<br />

teremos que acolher McDonald e seus homens? Precisamos de semanas para nos prepararmos para <strong>um</strong><br />

evento <strong>com</strong>o este e não meros dias.<br />

Alaric fez <strong>um</strong>a careta e fechou os olhos.<br />

— O quê? – Ewan perguntou abruptamente.<br />

— Não dias. Dia.<br />

Maldiçoes brotaram dos lábios de Ewan.<br />

— Dia? Quando ele chegará?<br />

Alaric suspirou e enxugou a testa, cansado.<br />

— Por que acha que eu corri tanto <strong>com</strong> meu cavalo. McDonald chegará amanhã.<br />

— Ewan?<br />

Ewan voltou-se para ver Mairin em pé a <strong>um</strong>a curta distância, <strong>com</strong> olhar interrogativo.<br />

— Tenho permissão para falar?<br />

Ele levantou <strong>um</strong>a sobrancelha, surpreso por ela pedir para falar. Mas também viu <strong>com</strong>o Mairin<br />

parecia nervosa na frente de seus irmãos. Estendeu sua mão para ela e Mairin correu para segurá-la.<br />

— Você precisa de algo, Mairin?<br />

— Escutei vocês dizendo sobre a vinda de Laird McDonald. Há alg<strong>um</strong> problema?<br />

A preocupação nublava seus olhos azuis enquanto olhava para ele.<br />

— Não, carinho, sem problemas. Laird McDonald e eu estamos em negociação. Não há nada para<br />

você se preocupar.<br />

— Ele estará aqui amanhã?<br />

— Sim.<br />

Mairin franziu a testa e depois ergueu os ombros.<br />

— Há muito a ser feito, Ewan. Você vai ficar falando sobre meu ferimento e me mandar ficar deitada<br />

ou vai me deixar fazer meu dever, para que eu não fique envergonhada na frente de convidados tão<br />

importantes.<br />

— Envergonhada?<br />

Marini bufou, exasperada.<br />

— A torre não está em condições de receber visitas. Há limpeza para fazer, <strong>com</strong>ida para cozinhar, dar<br />

instruções. Porque, se alguém chegar hoje, pensaria que o laird casou-se <strong>com</strong> a mais in<strong>com</strong>petente das<br />

mulheres. Não só eu estaria envergonhada, mas você também.


Ela parecia tão horrorizada em trazer vergonha para ele, que seu olhar se suavizou. Ewan apertou as<br />

mãos dela entre as suas.<br />

— Se prometer ir <strong>com</strong> calma se sentir qualquer dor, não me importarei em ver você cuidando do<br />

castelo. No entanto, espero que deixe as tarefas mais difíceis para as outras mulheres. Não quero que<br />

rasgue seus pontos.<br />

O sorriso dela il<strong>um</strong>inou a sala inteira. Seus olhos dançaram e ela apertou seus dedos. Mairin ficou<br />

exultante, querendo se jogar nos braços dele, mas se contentou em apenas segurar suas mãos.<br />

— Obrigada, laird. Não irei decepcioná-lo.<br />

Ela fez <strong>um</strong>a rápida reverência e correu.<br />

— Seja bem vindo ao lar, Alaric. – ela disse de repente. Então, parou e voltou-se para onde o<br />

cunhado estava, segurando-o pela mão. – Desculpe-me. Nem sequer pensei em perguntar se você<br />

gostaria de <strong>um</strong> refresco. Você está bem? Estamos contentes em tê-lo em casa.<br />

Alaric olhou confuso enquanto Mairin lhe apertava a mão.<br />

— Estou bem, moça.<br />

— Gostaria que eu enviasse água quente até seu quarto para que tome <strong>um</strong> banho?<br />

Alaric olhou-a, horrorizado <strong>com</strong> a sugestão e Ewan sufocou o riso.<br />

— O lago será suficiente.<br />

Mairin franziu a testa novamente.<br />

— Oh, mas o lago é tão frio. Será que você não prefere água quente?<br />

Caelen riu.<br />

— Vá em frente, Alaric. Tenha <strong>um</strong> agradável mergulho na banheira.<br />

Alaric enviou a Caelen <strong>um</strong> olhar mortal. Então, sorriu suavemente para Mairin para não ferir os<br />

sentimentos da esposa de Ewan.<br />

— Muito obrigado por se importar <strong>com</strong>igo, mas não há necessidade de levar água para cima. Prefiro<br />

<strong>um</strong> mergulho no lago.<br />

Mairin sorriu brilhantemente para ele.<br />

— Muito bem, então. Se me der licença, laird,ocuparei-me de minhas tarefas. Há muito a ser feito.<br />

Ewan fez sinal para Mairin ir e ela saiu correndo, seus pés mal tocando no chão em sua pressa. Alaric<br />

virou-se para Ewan.<br />

— Que história é essa de descansar e abrir os pontos? Que diabos você fez <strong>com</strong> ela?<br />

— Venha. – Ewan disse. – Vamos <strong>com</strong>er. Contarei tudo o que aconteceu desde que você partiu e<br />

você me conta tudo sobre os McDonalds.<br />

Mairin examinou o castelo, levantando tudo o que precisava ser feito em <strong>um</strong> dia. Meia hora depois,<br />

convocou Maddie e Bertha, informando-as que precisava de sua ajuda e de orações para fazer <strong>um</strong><br />

milagre.<br />

Maddie e Bertha reuniram as mulheres e Mairin dirigiu-se a elas do topo da escada que levava ao<br />

pátio.


— Amanhã teremos convidados muito importantes. – ela explicou para a multidão reunida. – E<br />

nenh<strong>um</strong> de nós quer decepcionar nosso laird.<br />

Houve murmúrios de vários nãos e as mulheres assentiram <strong>com</strong> a cabeça.<br />

Mairin formou vários grupos e dividiu as tarefas. Ela ainda tinha que tratar das crianças. Logo o<br />

castelo tornou-se vivo <strong>com</strong> as mulheres correndo para lá e para cá.<br />

Em seguida, Mairin falou <strong>com</strong> os homens que foram designados para os reparos naquele dia. Ela<br />

instruiu-os a limpar os estábulos e baias para os cavalos dos McDonalds.<br />

Finalmente, foi procurar Gertie para enfrentar a questão dos alimentos. A cozinheira não ficou<br />

satisfeita ao descobrir que precisava preparar <strong>um</strong> verdadeiro banquete para convidados inesperados.<br />

Protestou muito, mas depois olhou para Mairin e disse que ficar reclamando não ajudaria em nada.<br />

— Não faço milagres, minha senhora. – Gertie resmungou. – Não há <strong>com</strong>ida suficiente para<br />

alimentar nosso clã, muito menos <strong>um</strong>a horda de McDonalds.<br />

— Quais são nossas opções? – Mairin perguntou. – O que podemos fazer para ajudar?<br />

Gertie fez <strong>um</strong> sinal para Mairin seguí-la até a despensa. As prateleiras estavam assustadoramente<br />

vazias. Havia pouco mantimento e <strong>um</strong> único pedaço de carne da última caçada.<br />

— Alguns caçadores saíram para caçar. Se eles não voltarem <strong>com</strong> <strong>com</strong>ida, não teremos nada para<br />

servir. E se não repormos nosso estoques, nos próximos meses o inverno chegará e será muito mais<br />

difícil.<br />

Mairin franziu a testa. Tinha esperanças de que seu dote fosse entregue muito antes disso ou seu clã<br />

passaria fome novamente. Doeu-lhe imaginar as crianças sem ter o que <strong>com</strong>er. Esfregou a testa.<br />

— E se enviarmos os homens para caçar? Se trouxerem alg<strong>um</strong>a coisa ainda esta noite, você seria<br />

capaz de preparar <strong>um</strong> jantar para amanhã?<br />

Gertie esfregou o queixo, pensativa.<br />

— Se eles trouxerem alguns coelhos, eu poderia fazer <strong>um</strong> ensopado e usar <strong>um</strong> pouco da caça que<br />

ainda nos sobrou. Ficará muito bom, mesmo se não houver muita carne. Eu posso usar o resto da<br />

farinha para fazer pães e bolos.<br />

— Parece maravilhoso, Gertie. Vou procurar o laird e pedir para enviar alguns homens para caçar.<br />

Com alg<strong>um</strong>a sorte, eles trarão carne suficiente para fazer <strong>um</strong>a ceia enorme.<br />

Gertie assentiu.<br />

— Faça isso, moça. Enquanto isso, <strong>com</strong>eçarei <strong>com</strong> o pão.<br />

Mairin saiu em busca de Ewan. Encontrou-o no pátio supervisionando <strong>um</strong> grupo de homens mais<br />

jovens enquanto eles realizavam <strong>um</strong>a série de exercícios. Lembrando-se do que aconteceu na última vez,<br />

ela aguardou pacientemente até que Ewan a viu.<br />

Mairin lhe deu <strong>um</strong> sinal. Ele falou alg<strong>um</strong>as palavras aos homens e foi ao encontro dela.<br />

— Ewan, precisamos de coelhos. O quanto conseguir. Existe alg<strong>um</strong>a maneira de enviar alguns<br />

homens para caçar?<br />

Ewan olhou através do pátio para onde seus irmãos estavam treinando. Ambos enfrentavam-se<br />

valentemente para provar que <strong>um</strong> era melhor que o outro.


— Eu irei. – Ewan disse. – E levarei Caelen e Alaric. Traremos os coelhos de que você precisa.<br />

Mairin sorriu.<br />

— Obrigada. Gertie vai ficar aliviada. Estava em pânico sobre <strong>com</strong>o alimentar os McDonalds.<br />

Os olhos de Ewan ficaram sombrios e ele apertou os lábios.<br />

— Garantirei que o clã fique suprido. Sempre fiz isso.<br />

Mairin pôs a mão em seu braço.<br />

— Eu sei que vai, Ewan. E quando meu dote chegar, não precisará mais se preocupar <strong>com</strong> a <strong>com</strong>ida.<br />

Ele a tocou no rosto por <strong>um</strong> longo momento até traçar os dedos pela mandíbula.<br />

— Você é <strong>um</strong> milagre para este clã, moça. Ficaremos fortes novamente, graças a você.<br />

Mairin corou até a raiz dos cabelos, aquecida pela ternura do toque dele.<br />

— Partirei agora. Espere-me de volta antes do anoitecer.<br />

Ela viu quando Ewan atravessou o pátio e chamou Alaric e Caelen. Então voltou-se e correu de volta<br />

a fortaleza. Havia ainda muita coisa para ser feita antes da chegada dos McDonalds. E teria sorte se<br />

conseguisse dormir esta noite.


Capítulo 24<br />

Mairin estava cansada quando apreciou o salão. Era quase de manhã e as mulheres tinham trabalhado<br />

toda a noite. Mairin dispensou as que tinham filhos, mas <strong>um</strong> pequeno grupo ficou <strong>com</strong> ela para os<br />

preparativos finais.<br />

O resultado foi surpreendente. Não que Mairin desejasse fazer <strong>um</strong>a coisa dessas outra vez, mas estava<br />

satisfeita <strong>com</strong> os resultados.<br />

O interior da torre brilhava. Os pisos e as paredes foram lavados. As velas das l<strong>um</strong>inárias no teto<br />

foram substituídas por novas e a luz dançava ao longo do teto.<br />

Flores perf<strong>um</strong>adas afastaram o odor de mofo e sujeira. Mairin preparou os quartos, colocando lençóis<br />

e cobertas novas e preparando as lareiras.<br />

O fantástico cheiro de guisado torturou Mairin durante as últimas horas. Gertie preparou os coelhos<br />

que Ewan e seus irmãos trouxeram quando voltaram da caça. Ela babava pela ideia de <strong>um</strong> pedaço de<br />

pão fresco saindo direto do forno.<br />

Ewan tentou convencer Mairin a descansar durante alg<strong>um</strong>as horas, mas ela queria terminar alg<strong>um</strong>as<br />

tarefas, <strong>um</strong>a vez que não sabia quando Laird McDonald chegaria.<br />

— Ficou maravilhoso, minha senhora. – Maddie disse <strong>com</strong> orgulho.<br />

Mairin olhou para Bertha e Maddie e então sorriu.<br />

— Sim, ficou. Mesmo <strong>com</strong> os reparos que precisam ser feitos, ninguém poderá falar mal de nosso<br />

trabalho.<br />

— O laird ficará orgulhoso em receber os convidados. Você realizou <strong>um</strong> milagre. – Bertha disse.<br />

— Obrigada por me ajudarem. – Mairin agradeceu. – Você e Maddie podem dizer às outras mulheres<br />

para irem se deitar e não se preocupar em levantarem antes do meio-dia. As outras mulheres poderão<br />

ass<strong>um</strong>ir seus deveres enquanto vocês descansam.<br />

Ambas assentiram <strong>com</strong> gratidão e saíram, deixando Mairin sozinha no salão. Ela olhou novamente<br />

para o trabalho que tinham feito e então voltou-se, dirigindo-se à escada. Não manteve a palavra dada a<br />

Ewan. Seu ferimento estava dolorido e esperava não ter rasgado qualquer <strong>um</strong> dos pontos.<br />

Sentia grande satisfação por seu papel. As mulheres trabalharam muito. E trabalharam bem. Pela<br />

primeira vez, ela se sentiu em casa. Sua casa. E sentiu-se verdadeiramente parte do clã McCabe.<br />

Entrou em silêncio no quarto, mas Ewan já estava acordado e se vestindo, terminando de colocar as<br />

botas. Ele franziu a testa quando a viu e imediatamente se levantou.<br />

— Você veio se deitar muito tarde. – a advertiu. – Está <strong>com</strong> dor? Alg<strong>um</strong> ponto se soltou?<br />

Mairin encostou a testa no peito do marido, e permaneceu ali por <strong>um</strong> longo momento. Ele a<br />

acariciou seus braços e ombros.<br />

— Vai direto para a cama, moça. Não quero nenh<strong>um</strong>a desculpa. Senão, não estará bem quando os<br />

McDonalds chegarem. Estamos entendidos?<br />

— Sim. – ela murmurou.


— Venha, deixe-me ver sua ferida.<br />

Ele a guiou para a cama e <strong>com</strong> mãos suaves, despiu-a de seu vestido.<br />

— É <strong>um</strong> pecado o modo <strong>com</strong>o habilmente tira a roupa de <strong>um</strong>a mulher. – Mairin resmungou.<br />

Ewan sorriu enquanto a virava de lado. Examinou os pontos e franziu a testa quando ela se encolheu.<br />

— Está vermelho e inchado. Não esta se cuidando direito, Mairin. Se não for mais cuidadosa, acabará<br />

na cama <strong>com</strong> febre.<br />

Mairin bocejou e lutou para manter os olhos abertos.<br />

— Há muito que fazer para perder tempo na cama <strong>com</strong> <strong>um</strong>a febre.<br />

Ewan se inclinou e beijou sua testa, deixando seus lábios repousarem ali por <strong>um</strong> momento.<br />

— Você não está quente. Ainda. Durma. Pedirei para as mulheres trazerem água quente para o<br />

banho, assim que chegar a notícia que os McDonalds atravessaram a fronteira.<br />

— Isso seria ótimo. – ela murmurou, sonolenta, se entregando à escuridão.<br />

Mairin despertou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a batida na porta de seu quarto. Piscou para espantar o sono, mas sentiu<br />

<strong>com</strong>o se os olhos estivessem cheios de areia.<br />

— Lady McCabe, trouxemos água para o banho. – falou <strong>um</strong>a voz vinda da porta. – Os McDonalds<br />

estão chegando.<br />

Isso a fez acordar.<br />

Empurrou as cobertas de lado e correu para atender a porta. As mulheres transportavam baldes e<br />

logo Mairin estava imersa na água quente.<br />

Duas criadas ficaram para ajudá-la a secar e escovar os cabelos. Mairin estava inquieta e nervosa. Este<br />

seria seu primeiro teste <strong>com</strong>o a nova senhora do castelo. Não queria que nem Ewan, nem laird<br />

McDonald a achassem incapaz.<br />

Desceu as escadas <strong>um</strong>a hora depois, usando seu elegante vestido de noiva. O salão estava agitado e<br />

Ewan falava <strong>com</strong> seus irmãos perto da mesa principal.<br />

Assim que Mairin entrou, Ewan ergueu os olhos e a viu. A aprovação em seu olhar fez soar sinos<br />

dentro dela. Ele fez <strong>um</strong> sinal para que ela se aproximasse e permanecesse ao lado dele.<br />

— Chegou bem a tempo de c<strong>um</strong>primentar nossos hóspedes. – ele disse. – Eles chegarão a qualquer<br />

momento.<br />

Ewan deixou a sala, <strong>com</strong> seus irmãos atrás dele. Quando chegaram ao pátio, os soldados McDonalds<br />

estavam atravessando a ponte.<br />

Ewan parou nos degraus <strong>com</strong> Mairin ao seu lado, enquanto o homem na frente dos soldados<br />

desmontou e acenou.<br />

— É bom vê-lo novamente, Ewan. Faz muito tempo. A última vez que estive aqui, era seu pai quem<br />

me recebia. Sinto pelo seu falecimento.<br />

— Como todos nós. – Ewan disse. – Posso apresentar minha esposa, Mairin McCabe?<br />

Ela fez <strong>um</strong>a reverência ao outro laird.<br />

Laird McDonald pegou sua mão e curvou-se, pressionando <strong>um</strong> beijo em seus dedos.


— É <strong>um</strong> grande prazer conhecê-la, lady McCabe.<br />

— A honra é minha, laird. – ela disse. – Há <strong>um</strong> refresco preparado para você e seus homens, se<br />

entrarem no salão.<br />

O laird abriu <strong>um</strong> grande sorriso e então gesticulou por trás dele.<br />

— Posso apresentar minha filha, Rionna McDonald?<br />

A jovem estava relutante a vir para frente. Então era esta a mulher que Laird McDonald queria que<br />

Ewan desposasse? Mairin se controlou para manter-se impassível. A moça era bonita. <strong>Na</strong> verdade, os<br />

cabelos dela brilhavam ao sol <strong>com</strong>o fios de ouro. Seus olhos eram de <strong>um</strong>a cor de âmbar peculiar que se<br />

destacava junto <strong>com</strong> seus cabelos.<br />

Mairin lançou <strong>um</strong> rápido olhar sobre Ewan para observar a reação dele. A última coisa que queria<br />

era que ele se sentisse arrependido por perder a oportunidade de se casar <strong>com</strong> esta mulher.<br />

Os olhos de Ewan brilhavam, divertidos. Provavelmente sabia o que Mairin estava pensando.<br />

Mairin virou-se para a outra mulher e sorriu.<br />

— Vamos entrar, Rionna. Tenho certeza que você deve estar cansada de sua viagem. Pode se sentar<br />

ao meu lado para nos conheceremos melhor.<br />

Rionna deu <strong>um</strong> sorriso vacilante e permitiu que Mairin a tomasse pelo braço para levá-la para dentro.<br />

A refeição foi motivo de festa. Laird McDonald era <strong>um</strong> homem alto e turbulento. Comia <strong>com</strong> <strong>um</strong><br />

entusiasmo que deixou Mairin chocada. Por que, se ela tivesse que alimentar este homem regularmente,<br />

os caçadores McCabe teriam que caçar todos os dias.<br />

Gertie franziu sua testa em desaprovação quando servia o prato do laird pela terceira vez. Mairin<br />

chamou sua atenção e balançou a cabeça. Não insultaria o laird.<br />

A conversa estava centrada em torno de temas mundanos. Caça. Invasão. Preocupações sobre<br />

proteção das suas fronteiras. Depois de <strong>um</strong> tempo, Mairin estava distraída, lutando para não bocejar.<br />

Ela tentou, em vão, envolver Rionna na conversa, mas a moça olhava fixamente para a <strong>com</strong>ida, <strong>com</strong> a<br />

cabeça baixa durante toda a refeição.<br />

Quando finalmente os homens terminaram de <strong>com</strong>er, Ewan fez <strong>um</strong> sinal para Mairin e ela se<br />

levantou. Tinha chegado a hora dos homens discutirem o assunto que motivou aquela reunião. Sem<br />

dúvida, não desejavam que as mulheres estivessem presentes.<br />

Mairin pensou em convidar Rionna para <strong>um</strong> passeio pelo castelo e talvez conhecer as crianças, mas<br />

assim Mairin levantou-se, Rionna afastou-se apressadamente.<br />

Encolhendo os ombros, ela foi procurar Crispen.<br />

Quando as mulheres deixaram o salão, Laird McDonald apontou para Ewan.<br />

— Deve ter orgulho de sua esposa. A refeição estava magnífica e fomos muito bem recebidos.<br />

— Minha esposa é <strong>um</strong> presente para o nosso clã. – Ewan concordou.<br />

— Fiquei consternado ao saber de seu casamento. – o laird continuou. – Tinha esperança de unir<br />

você e Rionna. Selaria <strong>um</strong>a aliança e uniria nossos clãs.


Ewan ergueu a sobrancelha, mas não disse nada. Olhou para McDonald tentando entender onde ele<br />

queria chegar. McDonald olhou para Alaric e Caelen antes de voltar-se para Ewan.<br />

— Gostaria de falar claramente <strong>com</strong> você, Ewan.<br />

Ewan fez sinal para seus homens deixarem a mesa. Alaric e Caelen permaneceram no lugar, junto<br />

<strong>com</strong> Ewan.<br />

— Eu quero essa aliança. – disse McDonald.<br />

Ewan apertou os lábios, pensativo.<br />

— Diga-me, Gregor. Por que você quer esta aliança? Benevolência não é algo que pode ser associado<br />

ao nosso relacionamento, desde a morte de meu pai. Embora você tenha sido fiel a ele e ele a você.<br />

McDonald suspirou e se recostou em seu assento.<br />

— Agora é necessário. Duncan Cameron ameaça minhas propriedades. Nós nos envolvemos em<br />

alg<strong>um</strong>as disputas nos últimos meses. Acho que ele está testando a força de meu exército e vou ser<br />

honesto, não estou preparado para a batalha.<br />

— Filho da puta. – Ewan murmurou. – Suas terras são vizinhas de Neamh Alainn. O bastardo está<br />

planejando tirar as terras de Mairin.<br />

— Sim, e eu posso ajudá-lo.<br />

— O que você está propondo? É obvio que não posso me casar <strong>com</strong> sua filha.<br />

— Não. – McDonald disse. Então, olhou para Alaric. – Mas ele pode.


Capítulo 25<br />

Alaric quase engasgou <strong>com</strong> sua cerveja. Caelen parecia aliviado por não ter sido o alvo de McDonald,<br />

mas olhou para o irmão <strong>com</strong> simpatia.<br />

Ewan olhou para Alaric e então voltou sua atenção para McDonald.<br />

— Por que é tão importante selarmos <strong>um</strong>a aliança <strong>com</strong> o casamento? Certamente há fatores mais<br />

importantes para nos aliarmos em <strong>um</strong> objetivo <strong>com</strong><strong>um</strong>.<br />

— Rionna é minha herdeira. Minha única herdeira. Não tenho filhos para ass<strong>um</strong>ir meu lugar quando<br />

eu morrer. O homem que se casar <strong>com</strong> ela deverá estar disposto a ass<strong>um</strong>ir as funções de laird, bem<br />

<strong>com</strong>o ser forte o suficiente para proteger as terras de ameaças <strong>com</strong>o Duncan Cameron. Se nossos clãs se<br />

unirem, não só através de <strong>um</strong> acordo, mas por <strong>um</strong> casamento, sua lealdade para <strong>com</strong> seu irmão não<br />

permitira que você rompa o nosso acordo.<br />

Ewan enrijeceu-se e olhou para o homem mais velho, indignado <strong>com</strong> o insulto.<br />

— Está dizendo que não acredita em minha palavra?<br />

— Não, estou dizendo que me sentiria mais seguro se, em nossa aliança, houvesse algo mais em jogo<br />

do que mútua proteção. Não quero que minhas terras caiam nas mãos de <strong>um</strong> homem <strong>com</strong>o Duncan<br />

Cameron. Ele é ganancioso, sedento de poder. O bastardo trairia sua própria mãe para continuar sua<br />

causa. Há r<strong>um</strong>ores, Ewan, agora mais do que nunca, que Duncan conspira contra o rei. E ouvi dizer que<br />

ele pode se unir a Malcolm para outra revolta contra o trono.<br />

Ewan tamborilou os dedos sobre a mesa e olhou novamente para Alaric, que parecia triste e<br />

resignado.<br />

— Falarei <strong>com</strong> meus irmãos. Não tomarei qualquer decisão que afete Alaric, sem antes ouvi-lo.<br />

McDonald balançou a cabeça.<br />

— É claro. Não esperaria menos. Separadamente, somos clãs fortes. Juntos, porem, seríamos<br />

invencíveis. Você acha que o clã McLauren se juntaria à nossa causa?<br />

O clã McLauren, embora pequeno, tinha soldados bem treinados. Juntamente <strong>com</strong> os McCabes e os<br />

McDonalds, formariam <strong>um</strong>a aliança formidável, que só seria reforçada quando os McCabes<br />

controlassem Neamh Alainn.<br />

— Sim. Eles se juntarão a nós. – Ewan respondeu. – Com os três clãs unidos, também poderemos<br />

influenciar Douglas. Ele controla o norte e o oeste das terras de Neamh Alainn.<br />

— Se ele descobrir que Duncan Cameron quer tomar Neamh Alainn, ficará ao nosso lado. Cameron<br />

não terá a menor chance contra o nosso poder.<br />

— Duncan Cameron não tem a menor chance contra mim. – Ewan disse, suavemente.<br />

McDonald ergueu <strong>um</strong>a sobrancelha,surpreso.<br />

— Você é orgulhoso, Ewan. Lembre-se, não são tão n<strong>um</strong>erosos quanto ele.<br />

Ewan sorriu.


— Meus homens estão bem treinados. São mais fortes. São mais disciplinados. Não quero esta aliança<br />

para derrotar Cameron. Vou derrotá-lo, <strong>com</strong> ou sem aliados. Quero esta aliança para consolidar o<br />

futuro.<br />

Sob o olhar incrédulo de McDonald, Ewan se recostou em seu assento.<br />

— Gostaria de <strong>um</strong>a demonstração, Gregor? Talvez quisesse ver em primeira mão aqueles <strong>com</strong> quem<br />

vai se aliar.<br />

Os olhos de McDonald se estreitaram.<br />

— Que tipo de demonstração.<br />

— Seu melhor homem contra meu melhor homem.<br />

Um sorriso lento se espalhou pelo rosto do homem mais velho.<br />

— Gosto de <strong>um</strong>a boa disputa. Você também. O que vamos apostar?<br />

— Comida. – Ewan disse. – Estoque de três meses de carne e especiarias.<br />

— Por Deus, você torna isso difícil. Não posso me dar ao luxo de perder esse tipo de prêmio.<br />

— Se está preocupado em perder, podemos naturalmente cancelar a aposta.<br />

Sabia que a fraqueza de Gregor McDonald era o desafio. Sugerindo que ele estava <strong>com</strong> medo de<br />

perder <strong>um</strong>a aposta, Ewan o provocava.<br />

— Feito. – McDonald disse. Ele esfregou as mãos de alegria e seus olhos brilhavam triunfantes.<br />

Ewan se levantou.<br />

— Não há tempo a perder.<br />

McDonald saltou da cadeira e apontou para <strong>um</strong> de seus <strong>com</strong>andantes. Então, olhou desconfiado para<br />

Ewan.<br />

— Você e seus irmãos não estão autorizados a participar. Apenas seus homens. Soldado contra<br />

soldado.<br />

Ewan sorriu, preguiçosamente.<br />

— Se é o que quer. Eu não teria <strong>um</strong> homem sob meu <strong>com</strong>ando se ele não fosse tão bom quanto eu<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong>a espada.<br />

— Ficarei feliz em invadir seus depósitos, quando meus homens provarem seu valor. – McDonald<br />

proclamou.<br />

Ewan manteve seu sorriso e fez sinal para McDonald seguir na sua frente pelo corredor.<br />

Quando McDonald saiu <strong>com</strong> seus homens, Alaric ficou para trás.<br />

— Ewan, você está levando a sério esse negócio de casamento?<br />

Ewan olhou para seu irmão mais novo.<br />

— Você está me dizendo que não está?<br />

Alaric fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Não, não estou dizendo nada. Mas, inferno, Ewan. Não quero me casar.


— Esta é <strong>um</strong>a boa oportunidade para você, Alaric. Será laird de seu próprio clã. Terá suas terras, que<br />

serão herdadas pelos seus filhos.<br />

— Não. – Alaric disse calmamente. – Este é o meu clã. Não os McDonalds.<br />

Ewan colocou a mão no ombro de Alaric.<br />

— Nós sempre seremos seu clã. Mas pense. Você será nosso vizinho. Seremos aliados. Se ficar aqui,<br />

nunca poderá ser laird. Seu herdeiro nunca será laird. Agarre esta oportunidade <strong>com</strong> as duas mãos.<br />

Alaric suspirou.<br />

— Mas casamento?<br />

— Ela é <strong>um</strong>a moça bonita. – Ewan disse.<br />

— Acho que sim. – Alaric resmungou. – Não consegui ver seu rosto durante a refeição porque ficou<br />

o tempo todo olhando para baixo.<br />

— Haverá muito tempo para ver seu rosto. Alem disso, não é <strong>com</strong> o rosto que você precisa se<br />

preocupar. É <strong>com</strong> o resto.<br />

Alaric riu e olhou rapidamente ao redor.<br />

— É melhor não deixar sua esposa ouvir isso. Senão, você pode acabar dormindo <strong>com</strong> seus homens<br />

esta noite.<br />

— Está pronto, Ewan? – McDonald gritou do pátio.<br />

Ewan ergueu a mão.<br />

— Sim. Estou prono.<br />

— Que diabos eles estão fazendo? – Mairin perguntou quando ouviu o barulho do pátio.<br />

Crispen agarrou a mão dela e puxou-a para a colina.<br />

— Vamos subir o morro para que possamos ver!<br />

As outras crianças seguiram o exemplo e logo estavam no topo da colina. Mairin protegeu os olhos<br />

<strong>com</strong> a mão para que pudesse ver melhor.<br />

— Eles estão brigando! – Crispen exclamou.<br />

Mairin arregalou os olhos <strong>com</strong> a visão de tantos guerreiros reunidos em <strong>um</strong> círculo apertado. No<br />

meio estavam dois soldados, <strong>um</strong> deles McCabe e o outro McDonald.<br />

— É Gannon. – ela sussurrou. – Por que Gannon está lutando <strong>com</strong> <strong>um</strong> McDonald?<br />

— Por que assim são as coisas. – Crispen vangloriou-se. – Os homens lutam. As mulheres acendem<br />

lareiras.<br />

Gretchen apertou o braço de Crispen e lançou-lhe <strong>um</strong> olhar feroz. Robbie, por sua vez, empurrou<br />

Gretchen.<br />

Mairin franziu a testa e olhou para ele.<br />

— Sem dúvida, foi seu pai quem lhe disse isso.<br />

— Não. Foi o tio Caelen.<br />

Mairin revirou os olhos. Por que não estava surpresa?


— Mas por que estão lutando? – ela insistiu.<br />

— É <strong>um</strong>a aposta, minha senhora!<br />

Mairin voltou-se para ver Maddie subindo o morro <strong>com</strong> várias mulheres atrás, trazendo <strong>um</strong>a cesta.<br />

— O que estão apostando? – ela perguntou, quando as mulheres se aproximaram.<br />

Maddie colocou a cesta no chão e o cheiro de pão fresco encheu o ar. Apesar de ter <strong>com</strong>ido <strong>um</strong>a<br />

esplêndida refeição, Mairin sentiu o estômago roncar. As crianças se inclinaram para frente <strong>com</strong><br />

entusiasmo.<br />

— Nosso laird e laird McDonald apostaram sobre qual dos homens são os melhores guerreiros. –<br />

Maddie explicou, enquanto distribuía pão entre as mulheres que agora estavam sentadas no chão. Em<br />

seguida, deu <strong>um</strong> pedaço para cada criança. Ela fez sinal para Mairin. — Junte-se a nós, minha senhora.<br />

Pensamos em fazer <strong>um</strong> piquenique e torcer pelos guerreiros McCabe.<br />

Mairin sentou-se no chão, espalhando suas saias sobre as pernas. Crispen se sentou ao lado dela e<br />

<strong>com</strong>eçou a devorar o pão. Quando Mairin colocou <strong>um</strong> pedaço de pão na boca, franziu a testa.<br />

— O que eles apostaram?<br />

Maddie sorriu.<br />

— Nosso laird é astuto! Apostou três meses do estoque de <strong>com</strong>ida. Se os McCabe ganharem, teremos<br />

carne e especiarias do deposito de McDonald.<br />

Mairin escancarou a boca.<br />

— Mas não temos três meses de <strong>com</strong>ida estocada!<br />

Bertha acenou <strong>com</strong> a cabeça, sabiamente.<br />

— Exatamente. Ele apostou a coisa que mais precisava. Foi brilhante e bem pensado.<br />

— Mas, e se perdermos? Não podemos nos dar ao luxo de dispor de tais riquezas. Alias, nem sequer<br />

as temos para perder.<br />

Uma das mulheres balançou a cabeça, <strong>com</strong> desgosto.<br />

— Nossos guerreiros não irão perder. Seria deslealdade pensar isso deles.<br />

Mairin fez <strong>um</strong>a careta<br />

— Não estou sendo desleal. Apenas pensei que é estranho o laird apostar algo que não temos.<br />

— Já que não iremos perder, isso não é realmente <strong>um</strong> problema. – Maddie disse, dando <strong>um</strong> tapinha<br />

no braço de Mairin.<br />

— Oh, olhem, Gannon venceu sua luta. Agora é a vez de Cormac. – Christina exclamou. – Ele é tão<br />

bonito, não é?<br />

As mulheres ao redor de Christina sorriram <strong>com</strong> indulgencia. Maddie se inclinou e sussurrou para<br />

Mairin.<br />

— Nossa Christina tem <strong>um</strong>a queda por Cormac.<br />

Mairin viu <strong>com</strong>o as faces de Christina ficaram vermelhas quando Cormac caminhou para o círculo.<br />

Ele estava sem camisa e seus músculos perfeitos ondulavam em seus braços. Sim, ele era bonito.Mas não<br />

<strong>com</strong>o o seu Ewan.


Christina engasgou quando Cormac levou <strong>um</strong> duro golpe e caiu. Cobriu a boca <strong>com</strong> as mãos e olhou<br />

para o guerreiro encolhido. Ele se levantou e atacou novamente, o som dos mentais ecoando pelo ar.<br />

Mais alguns segundos e Cormac fez a espada do adversário voar pelo ar. Cormac levantou sua espada<br />

e então a abaixou ate o queixo do outro homem. O homem ergueu as mãos em sinal de rendição e<br />

Cormac estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.<br />

— Nossos homens estão acabando <strong>com</strong> os guerreiros McDonald. – Bertha disse presunçosamente.<br />

De fato, os soldados McCabe rapidamente despachavam os adversários. Mais <strong>um</strong> guerreiro<br />

McDonald entrou no ringue usando armadura e capacete.<br />

— Ele é pequeno! – Maddie exclamou. – Ora, não pode ser mais que <strong>um</strong> menino.<br />

Evidentemente, Diormid também percebeu isso, pois tinha <strong>um</strong> olhar perplexo no rosto. Quando o<br />

pequeno guerreiro ergueu a espada, Diormid balançou a cabeça e caminhou para frente.<br />

Embora fosse menor que Diormid, provou ser extremamente ágil. Habilmente evitava os golpes que<br />

poderiam tê-lo jogado no chão.<br />

Os guerreiros McDonald deram passos para frente e gritavam incentivos ao rapaz. Ele era muito<br />

rápido e Diormid encontrou dificuldade para permanecer de pé.<br />

Mairin prendeu a respiração, impressionada <strong>com</strong> a coragem do homenzinho. Inclinou-se para frente<br />

quando Diormid evitou diversos golpes e quando o rapaz saltou para evitar <strong>um</strong> chute.<br />

— Isso é tão excitante. – Gretchen sussurrou ao seu lado.<br />

Mairin sorriu para a menina que estava tão extasiada <strong>com</strong> o espetáculo na frente delas.<br />

— Sim. Parece que Diormid está tendo trabalho <strong>com</strong> o rapaz.<br />

A luta continuava e era evidente que Diormid estava frustrado por sua incapacidade de vencer o<br />

homem muito menor. Seus movimentos tornaram-se mais desesperados e selvagens.Era claro que ele<br />

queria terminar a luta e que o rapaz não estava nem <strong>um</strong> pouco preocupado <strong>com</strong> isso.<br />

Então, <strong>um</strong>a coisa incrível aconteceu. Diormid abriu as pernas e em <strong>um</strong> instante o rapaz pulou em<br />

cima dele <strong>com</strong> <strong>um</strong> grito digno de <strong>um</strong> guerreiro mais experiente. Com a espada erguida, deu seu golpe<br />

que descansou contra a carne vulnerável de Diormid. Este olhou para o jovem, mas finalmente deixou a<br />

espada cair em rendição.<br />

— O rapaz venceu nosso Diormid. – Maddie sussurrou.<br />

Lentamente, o rapaz se levantou e estendeu a mão. Diormid se levantou, quase derrubando o<br />

menino, que lutava para apoiar <strong>um</strong> guerreiro muito maior.<br />

Em seguida, o soldado McDonald embainhou sua espada. Então, arrancou o capacete da cabeça e<br />

<strong>um</strong>a massa de cabelos dourados caiu sobre os ombros.<br />

Rionna McDonald ficou na frente dos homens <strong>com</strong> o cabelo brilhando ao sol. As mulheres ao lado<br />

de Mairin engasgaram, <strong>com</strong> espanto.<br />

— É <strong>um</strong>a moça! – Gretchen exclamou em deleite. Ela se virou para Robbie, <strong>com</strong> os olhos brilhando.<br />

– Vê? Eu lhe disse que as mulheres poderiam ser guerreiros!<br />

Crispen e Robbie olharam para Rionna <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mistura de espanto e admiração.


O pai de Rionna estava em choque. Empurrou a multidão de homens <strong>com</strong> o rosto desfigurado pela<br />

raiva. Agitava os braços e gritava para Rionna. Mairin se esforçava para ouvir suas palavras.<br />

Rionna baixou a cabeça, mas Mairin ainda conseguiu ver <strong>um</strong> lâmpejo de raiva em seu rosto. Com as<br />

mãos em punho ao lado dela, afastou-se do pai que vociferava.<br />

Mairin ficou de pé e pensou em sair em socorro da mulher, apesar do fato de estar vestida <strong>com</strong> trajes<br />

de homem e h<strong>um</strong>ilhado <strong>um</strong> guerreiro McCabe. Diormid estava furioso. Mas, ainda assim, Mairin se viu<br />

correndo em direção ao pátio para resgatar a moça de <strong>um</strong>a horda de homens furiosos. Murmurando<br />

desculpas, ela passou por entre os homens. Foi difícil empurrar aquela massa h<strong>um</strong>ana. Mairin cutucou e<br />

empurrou sem sucesso e finalmente chutou a parte de trás do joelho de <strong>um</strong> deles. O soldado se virou<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong> rosnado ate que viu quem estava atrás dele. Com a expressão de choque, rapidamente deu<br />

passagem a Mairin.<br />

Assim que chegou ao seu destino, percebeu que não tinha nenh<strong>um</strong> plano. Ewan não gostou de sua<br />

presença ali, encarando-a.<br />

Mairin segurou a mão de Rionna, ignorando o olhar de surpresa da moça.<br />

— Faça <strong>um</strong>a reverência. – Mairin sussurrou.<br />

— O quê?<br />

— Reverência. E então, venha <strong>com</strong>igo. E sorria. Realmente, <strong>um</strong> grande sorriso.<br />

— Peço perdão, lairds. Estamos indo embora. Nossas crianças precisam de nossa atenção e<br />

precisamos decidir a refeição de hoje à noite. – Mairin disse.<br />

Ela deu <strong>um</strong> sorriso desl<strong>um</strong>brante e fez <strong>um</strong>a reverência. Rionna também sorriu e Mairin se<br />

impressionou de <strong>com</strong>o a moça ficava maravilhosa sorrindo. Rionna também fez <strong>um</strong>a reverência e deixou<br />

que Mairin a tirasse dali.<br />

Os homens <strong>com</strong>eçaram a mover-se para abrir o caminho para as duas mulheres, enquanto Mairin<br />

distribuía doces sorrisos. Ela arrastou Rionna para fora, esperando pelo rugido de Ewan a qualquer<br />

momento. Quando conseguiram sair do pátio, deu <strong>um</strong> suspiro aliviado.<br />

— Para onde vamos? – Rionna perguntou.<br />

— Há <strong>um</strong>a menina que adoraria conhecê-la. – Mairin disse alegremente. – Ela ficou impressionada<br />

<strong>com</strong> seu desempenho.<br />

Rionna lhe lançou <strong>um</strong> olhar perplexo, mas deixou que Mairin a levasse até o alto da colina onde os<br />

outros a aguardavam, <strong>com</strong> ávido interesse.<br />

Gretchen não se conteve mais. Assim que Mairin e Rionna se aproximaram, a menina pulou e dançou<br />

ao redor de Rionna. Fez <strong>um</strong>a reverência e <strong>com</strong>eçou a bombardear a mulher <strong>com</strong> inúmeras perguntas.<br />

Vendo que Rionna estava confusa, Mairin colocou <strong>um</strong>a mão no ombro de Gretchen e explicou.<br />

— Gretchen quer ser <strong>um</strong>a guerreira. – Mairin explicou. – Disseram a ela que as mulheres não<br />

podiam ser guerreiros e agora ela descobriu que é mentira, depois que viu você derrotar Diormid.<br />

Rionna sorriu e se ajoelhou na frente de Gretchen.<br />

— Vou <strong>com</strong>partilhar <strong>um</strong> segredo <strong>com</strong> você, Gretchen. Embora a maior parte das pessoas pense o<br />

contrário, acho que as mulheres podem ser o que quiserem, basta acreditarem.


O sorriso de Gretchen il<strong>um</strong>inou seu rosto. Mas então olhou para o pátio.<br />

— Seu pai não ficou muito contente por ter lutado <strong>com</strong> Diormid.<br />

Os olhos de Rionna se entristeceram.<br />

— Meu pai se desespera tentando fazer de mim <strong>um</strong>a senhora. Ele não se impressiona <strong>com</strong> minhas<br />

habilidades <strong>com</strong>o guerreiro.<br />

— Mas eu me impressionei. – Gretchen disse timidamente.<br />

Rionna sorriu novamente e pegou Gretchen pela mão.<br />

— Você gostaria de segurar a minha espada?<br />

A menina abriu a boca e arregalou os olhos.<br />

— Posso?<br />

Rionna guiou a mão dela para baixo até que a colocou sobre o cabo incrustado de pedras preciosas.<br />

— É menor que <strong>um</strong>a espada normal. Mais leve, também. Fica mais fácil para mim.<br />

— É incrível. – Gretchen murmurou.<br />

— Eu também quero ver! – Robbie exclamou.<br />

— Podemos tocar? – Crispen sussurrou.<br />

Embora reticente durante a refeição, Rionna era aberta e amigável <strong>com</strong> as crianças. Mairin concluiu<br />

que ela deveria ser extremamente tímida.<br />

Enquanto as crianças se reuniram ao redor de Rionna, conversando e admirando a espada, Mairin<br />

voltou o olhar para o pátio para ver Ewan em pé a poucos metros, <strong>com</strong> as mãos na cintura, olhando para<br />

ela. Por <strong>um</strong> momento, eles apenas trocaram <strong>um</strong> olhar. Então, ela voltou sua atenção para a jovem<br />

mulher.<br />

Quando as crianças se afastaram de Rionna, Mairin perguntou.<br />

— Você gostaria de tomar <strong>um</strong> banho antes do jantar?<br />

Rionna encolheu os ombros.<br />

— Eu cost<strong>um</strong>o nadar no lago, mas acho que isso poderia horrorizar meu pai.<br />

Mairin arregalou os olhos.<br />

— Você está louca? A água está gelada!<br />

Rionna sorriu.<br />

— É <strong>um</strong> bom treinamento para a mente.<br />

Mairin balançou a cabeça.<br />

— Não entendo por que alguém renunciaria as alegrias de <strong>um</strong>a banheira cheia de água quente por<br />

<strong>um</strong> mergulho em <strong>um</strong> lago de gelo.<br />

— Já que nadar no lago está fora de cogitação, aceito sua gentil oferta de banho quente. – Rionna<br />

disse <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso. Então, inclinou a cabeça para o lado e olhou para Mairin <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão<br />

estranha no rosto.


— Gosto de você, Lady McCabe. Eu não a deixo assustada, <strong>com</strong>o faço <strong>com</strong> os outros. E foi muita<br />

coragem ter enfrentado os homens para me resgatar.<br />

— Oh, chame-me de Mairin. Se vamos ser amigas, será melhor me chamar assim.<br />

Maddie limpou a garganta atrás de Mairin. Ela se virou, horrorizada por ter esquecido suas boas<br />

maneiras.<br />

— Rionna, quero que você conheça as mulheres de meu clã.<br />

Cada <strong>um</strong>a das mulheres deu <strong>um</strong> passo à frente, conforme Mairin as apresentava. Maddie ajudou-a<br />

<strong>com</strong> os nomes que não se lembrava. Assim que terminaram, Maddie mandou as mulheres de volta ao<br />

castelo para aquecer a água do banho de Rionna.<br />

Depois de mostrar o quarto que Rionna iria ocupar, Mairin desceu as escadas para verificar os<br />

detalhes do jantar. Estava quase na cozinha quando Ewan entrou no salão. Laird McDonald o<br />

a<strong>com</strong>panhava e Mairin apressou o passo.<br />

— Onde está a minha filha? – Laird McDonald exigiu.<br />

Mairin parou onde estava e voltou o rosto para o intratável laird.<br />

— Ela está em seu quarto, banhando-se e vestindo-se para o jantar.<br />

Aparentemente aliviado <strong>com</strong> a ideia de que sua filha não estava lutando contra guerreiros, o laird<br />

acenou <strong>com</strong> a cabeça antes de se voltar para Ewan. Mairin esperou por <strong>um</strong> momento, imaginando que<br />

Ewan a repreenderia por interferir, mas ele apenas olhou por trás de Laird McDonald e deu <strong>um</strong>a<br />

piscada.<br />

Foi tão rápido que ela não tinha certeza se viu bem. A ideia do laird fazendo algo assim era difícil de<br />

acreditar. Com certeza,ela tinha imaginado. Então, dirigiu-se à cozinha, mais <strong>um</strong>a vez.


Capítulo 26<br />

Mairin já estava dormindo quando Ewan entrou no quarto naquela noite. Ele ficou ao lado da cama<br />

e a observou enquanto dormia enrolada nas cobertas, apenas <strong>com</strong> o nariz de fora.<br />

A conversa <strong>com</strong> McDonald se perdia rapidamente quanto mais cerveja cons<strong>um</strong>iam. Em vez de falar<br />

de casamento e alianças, os homens bebendo ao redor da mesa se envolveram em conversas obscenas<br />

sobre as prostitutas das tavernas e cicatrizes de batalhas.<br />

Ewan desculpou-se, mais interessado em se deitar na cama quente <strong>com</strong> sua esposa do que falar e se<br />

vangloriar de coisas indecentes.<br />

Devia in<strong>com</strong>odá-lo saber que, mesmo <strong>um</strong>a mulher dormindo tinha tanto poder sobre ele que a única<br />

coisa que podia imaginar era subir para sua cama, ao invés de ficar <strong>com</strong> os homens. Mas descobriu que<br />

isso não o in<strong>com</strong>odava nem <strong>um</strong> pouco. Enquanto o resto do salão passaria a noite lembrando-se das<br />

noites passadas nos braços de <strong>um</strong>a mulher, ele estaria no andar de cima segurando <strong>um</strong>a.<br />

Despiu-se e cuidadosamente puxou as cobertas da cama. Mairin imediatamente despertou, franziu a<br />

testa e então puxou as mantas para trazê-las de volta. Ele riu e deslizou para a cama ao lado dela.<br />

O choque do corpo quente contra o dele o despertou imediatamente. Ela se mexeu de novo,<br />

murmurando algo em seu sono. Sua camisola caiu por <strong>um</strong> ombro, expondo a curva do pescoço e a pele<br />

suave. Incapaz de resistir, ele pressionou a boca em sua pele e mordiscou <strong>um</strong> caminho em seu pescoço.<br />

Ele amava seu gosto, adorava <strong>com</strong>o cheirava. Mairin gemeu sobre sua orelha.<br />

— Ewan? – ela perguntou, sonolenta.<br />

— Quem mais você estava esperando,moça?<br />

— Oh, não sei. Parece que cada vez que eu acordo, há pessoas em nosso quarto.<br />

Ewan riu e mordiscou sua orelha.<br />

— Você não está zangado <strong>com</strong>igo?<br />

Ele recuou e olhou para ela.<br />

— O que você fez, agora?<br />

Marini bufou e seus lábios se retorceram.<br />

— Não fiz nada. Estava me referindo a hoje cedo. Quando ajudei Rionna. Sei que não devia ter<br />

interferido, mas...<br />

Ele colocou <strong>um</strong> dedo sobre os lábios.<br />

— Não, você não devia. Mas estou descobrindo rapidamente que você faz muitas coisas que não<br />

devia. Foi bom ter salvado Rionna <strong>com</strong>o fez. O pai dela estava <strong>com</strong> raiva, e você contornou a situação.<br />

Minha única reclamação é que colocou-se no meio de <strong>um</strong>a atmosfera potencialmente explosiva, para não<br />

falar do grupo de homens que estavam excitados por <strong>um</strong>a batalha.<br />

Mairin deslizou as mãos mais para baixo, até encontrar sua dureza. Seus dedos circundaram o seu<br />

eixo e ele gemeu, crescendo dentro de seu suave afago.<br />

— Mas você não está <strong>com</strong> raiva. – ela disse <strong>com</strong> voz suave.


Ewan estreitou os olhos ainda mais e pressionou a mão dela.<br />

— Não pense que não sei o que está prestes a fazer, moça.<br />

Ela arregalou os olhos inocentemente enquanto acariciava-o desde o escroto até a ponta de seu pênis.<br />

Ele se inclinou para beijá-la, respirando sua essência. Inalou, explorou, saboreou o ar que saia dela.<br />

— Isso não vai livrar você de problemas. – ele alertou.<br />

Ela sorriu.<br />

— Mas me ajudará, na maioria das vezes.<br />

Ewan estava prestes a perder o controle. Sua suave exploração estava levando-o à beira da insanidade.<br />

Precisava tê-la. Agora.<br />

Estendeu a mão e agarrou a bainha de sua camisola.<br />

— Não chore...<br />

O som de tecido se rasgando abafou seu aviso. Ele empurrou o tecido ao longo de seus quadris e<br />

rolou até ficar entre as coxas abertas. Encontrou seu calor sedoso espalhando-se sobre a cabeça de seu<br />

pau e <strong>com</strong> <strong>um</strong> empurrão estava dentro dela. Mairin ofegou e arqueou-se para ele, trêmula.<br />

Ela estava tão apertada em torno dele, segurando-o tão intimamente que Ewan mal conseguia resistir.<br />

— Ah, moça, me desculpe.<br />

— Pelo quê?<br />

Ela arrastou as mãos sobre os ombros, as unhas raspando sua carne. Ewan fechou os olhos, sabendo<br />

que não iria durar muito.<br />

— Perco todo o controle quando estou <strong>com</strong> você. Isso vai ser rápido. Não posso me segurar.<br />

Mairin ergueu os quadris e envolveu suas pernas ao redor da cintura do marido. Era demais para<br />

Ewan suportar. Empurrou duro e sentiu que ia gozar. Novamente empurrou, mergulhando sem pensar<br />

naquele corpo quente. Sua semente a encheu e ele continuou empurrando, mais e mais, até que sua a<br />

passagem dela ficasse lisa <strong>com</strong> sua paixão.<br />

Ele se retirou, mas não queria privar-se de sua doçura ainda. Colocou seu membro de volta e<br />

empurrou, enquanto Mairin tremia em torno dele.<br />

Ewan se inclinou para frente, apoiando o peso sobre ela e permaneceu dentro do sexo quente. Ela<br />

ainda respirava <strong>com</strong> dificuldade, ofegando sobre o pescoço de Ewan. Seus corpos estavam emaranhados,<br />

pernas e braços entrelaçados, <strong>com</strong>o se Mairin não quisesse que se afastassem. Ele gostava disso. Sim,<br />

gostava muito.<br />

Finalmente rolou para o lado, mas manteve-se entrelaçado <strong>com</strong> ela. Queria que Mairin fosse parte<br />

dele. Gostava da visão do corpo dela enrolado no dele. Era sua.<br />

Mairin bocejou, saciada, e aconchegou-se contra Ewan. Sabia que ela estaria dormindo em questão de<br />

minutos, mas permaneceu acordado, apreciando a sensação de tanta doçura em seus braços.<br />

Quando finalmente dormiu, teve o cuidado para mantê-la apertada contra ele o máximo possível.<br />

No dia seguinte, Mairin se ocupou <strong>com</strong> as mulheres no preparo da refeição do meio-dia, enquanto<br />

Ewan dava atenção a Laird McDonald. Os dois homens tinham ido caçar naquela manhã e para a


tristeza de Rionna, ela foi deixada de fora do grupo de caça.<br />

Ela se sentou na sala vestindo seus trajes masculinos, olhando aborrecida para a agitação ao redor.<br />

Rionna era <strong>um</strong> mistério para Mairin. Ela queria perguntar a moça sobre seu fascínio aparente <strong>com</strong> os<br />

deveres de <strong>um</strong> homem, mas tinha medo de insultar a mulher. Mairin ouviu Maddie contar que Laird<br />

McDonald tentava casar a filha <strong>com</strong> Alaric para selar a aliança <strong>com</strong> o clã McCabe e, que os lairds já<br />

estavam em negociação para tal arranjo.<br />

Mairin sentiu pena, pois parecia que Rionna não queria se casar e podia imaginar a reação de Alaric<br />

<strong>com</strong> o acordo proposto.<br />

O que esperar de <strong>um</strong>a moça que se envolvia em atividades chocantes e que trazia a ira de seu pai por<br />

isso? Alaric, certamente, não desejava que sua esposa se envolvesse em esgrima. Ewan ficaria chocado e<br />

Alaric não pensava diferente. Todos os irmãos McCabes tinham ideias firmes sobre o papel de <strong>um</strong>a<br />

mulher.<br />

Rionna precisava de alguém que a <strong>com</strong>preendesse. Embora Mairin não conseguia imaginar qualquer<br />

guerreiro permitindo a sua esposa esse tipo de liberdade. Mairin balançou a cabeça e ficou observando<br />

Rionna deitada de costas em <strong>um</strong>a das cadeiras e assistindo as atividades ao redor.<br />

— Está tudo preparado? – Mairin perguntou a Gertie quando ela entrou na cozinha.<br />

— Sim, acabei de preparar o pão e o cozido já está fervendo. Assim que os homens retornarem,<br />

serviremos a <strong>com</strong>ida.<br />

Mairin agradeceu Gertie e então refez seus passos no corredor. Um ruído na entrada avisou que seu<br />

marido havia retornado e ela foi c<strong>um</strong>primentá-lo.<br />

Ficou atrás, aguardando até que ele entrasse. Laird McDonald vinha logo depois dele, <strong>com</strong> Caelen e<br />

Alaric.<br />

— Bem-vindo, marido. Se você e o laird tomarem seus lugares na mesa, a refeição será servida.<br />

Ewan assentiu e Mairin se retirou para dizer a Gertie que a refeição poderia ser posta. As três mesas<br />

se encheram rapidamente <strong>com</strong> soldados McCabe e McDonald. A refeição foi <strong>um</strong> evento barulhento, <strong>com</strong><br />

as histórias sobre as caças de manhã. Pratos de alimentos eram servidos por toda a parte e Mairin acabou<br />

se confundindo sobre qual era sua taça. Então, pegou a de Ewan e tomou <strong>um</strong> gole. Torceu o nariz para<br />

o sabor amargo e esperava que o resto da cerveja servida não estivesse tão ruim quanto aquela. Fez sinal<br />

para Gertie trazer ao laird outra taça para o caso dele querer beber.<br />

Laird McDonald manteve Ewan envolvido em assuntos de negociações, proteção de fronteiras,<br />

a<strong>um</strong>ento de patrulhas, fortalecimento de alianças.<br />

Mairin dava pouca atenção à conversa, enquanto olhava Rionna <strong>com</strong>er. Queria muito puxar assunto<br />

<strong>com</strong> a mulher, quando <strong>um</strong>a cãibra atravessou sua barriga. Ela franziu o cenho e colocou <strong>um</strong>a mão sobre<br />

seu estômago. Será que a <strong>com</strong>ida estava estragada? Mas, certamente, ainda era cedo para sentir os efeitos<br />

e a carne era fresca.<br />

Ela olhou para os outros, mas ninguém demonstrava sinal de desconforto. <strong>Na</strong> verdade, todos <strong>com</strong>iam<br />

<strong>com</strong> grande satisfação. Mairin pegou a taça de cerveja quando outra cãibra atingiu violentamente seu<br />

estômago. Ofegou para respirar, mas a dor era tão intensa que ela se dobrou. Outro nó a apunhalou. Sua


visão ficou turva e ela sentiu vontade de vomitar. Levantou-se rapidamente e, na pressa, derrubou a taça<br />

de Ewan. O liquido se esparramou sobre a mesa, caindo no colo do marido.<br />

Ewan virou-se, já pronto para reclamar. Mairin balançou-se e depois se dobrou, <strong>com</strong> <strong>um</strong> grito<br />

escapando de suas entranhas que queimavam <strong>com</strong>o fogo.<br />

Rionna saltou e correu até Mairin, <strong>com</strong> o rosto cheio de preocupação. Em torno dela, os murmúrios<br />

cresciam enquanto todos observavam a senhora e seu obvio sofrimento.<br />

— Mairin!<br />

Ewan estava de pé, segurando-a. Ela teria caído se ele não a tivesse puxado contra ele. Estava mole, as<br />

pernas já não eram capazes de sustentar seu pelo.<br />

— Mairin, o que está errado? – Ewan perguntou.<br />

— Doente. – ela suspirou. – Oh, Deus. Ewan, acho que estou morrendo. A dor...<br />

Ela cedeu novamente e Ewan a deitou no chão. Acima dela, Alaric surgiu, preocupado.<br />

— Que diabos está acontecendo, Ewan? – Alaric perguntou. Ele empurrou Ewan e Rionna<br />

permaneceu ao redor<br />

Mairin virou a cabeça e vomitou no piso. O som era terrível até mesmo para seus ouvidos. Foi <strong>com</strong>o<br />

se tivesse engolido <strong>um</strong> milhão de pedaços de vidro e eles estivessem rasgando suas entranhas.<br />

Mairin se enroscou <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a bola no chão de tanta dor e, em <strong>um</strong> momento de fraqueza, rezou pela<br />

morte.<br />

— Não! – Ewan rugiu. – Você não vai morrer. Não vou permitir. Você me ouviu, Mairin? Não vou<br />

permitir. Você vai me obedecer, porra! Pela primeira vez, vai me obedecer!<br />

Ela choramingou quando Ewan a levantou do chão. Estremeceu quando ele gritava enquanto subia<br />

os degraus. Gritava ordens e a sala se movimentava para atendê-lo.<br />

Ela se segurava nos braços de Ewan, enquanto ele subia escada acima. Entrou dentro do quarto, o<br />

tempo todo gritando ordens para o resto do clã. Não foi gentil quando a deitou na cama. Ela sentiu o<br />

estômago revirar quando o cheiro do próprio vômito entrou pelas suas narinas. Seu vestido! Estava<br />

arruinado. Agora ela nem poderia ser enterrada <strong>com</strong> ele.<br />

Ewan tomou o rosto entre as mãos e se inclinou até que seus narizes quase se tocaram.<br />

— Ninguém vai enterrar, você, moça. Está me escutando? Vai viver ou então, que Deus me ajude,<br />

vou segui-la até o inferno para trazê-la de volta chutando e gritando por todo o caminho.<br />

— Dói muito.- ela choramingou.<br />

Ele a tocou suavemente nos cabelos.<br />

— Eu sei, moça. Sei que dói. Mas precisa suportar. Prometa que irá lutar. Prometa!<br />

Ela não tinha certeza contra o que deveria lutar, mas tentou.<br />

— Ewan, o que há de errado <strong>com</strong>igo? – ela sussurrou,sentindo outra dor que a subjugava.<br />

Ele ficou <strong>com</strong> o rosto sombrio.<br />

— Você foi envenenada.


Capítulo 27<br />

Fazia muitos anos que Ewan tinha rezado. A última vez foi no nascimento de seu filho, quando<br />

rezou sobre o leito de sua esposa enquanto ela lutava para trazer a vida que estava dentro dela.<br />

Mas então, encontrou-se em fervorosa oração ao lado da cama de Mairin. Maddie entrou correndo,<br />

<strong>com</strong> Bertha logo atrás.<br />

— Você precisa fazê-la vomitar, laird. – Bertha disse. –Não podemos perder tempo. Nem sabemos o<br />

quanto de veneno ela ingeriu.<br />

Ewan se curvou e segurou Mairin pelos ombros, rolando-a até a beira da cama para sua cabeça<br />

pender pelo lado de fora. Tomou seu rosto delicadamente entre as mãos e pressionou sua boca <strong>com</strong> o<br />

polegar.<br />

— Ouça-me, Mairin. – ele disse, <strong>com</strong> urgência.- Temos que livrar todo o conteúdo de seu estômago.<br />

Tenho que fazê-la vomitar. Sinto muito, mas não tenho escolha.<br />

Assim que seus lábios se separaram, ele enfiou os dedos na parte de trás de sua garganta e Mairin<br />

engasgou, convulsionando-se. Com apenas <strong>um</strong> braço para segurá-la, era difícil.<br />

— Ajude-me a abraçá-la. – ele pediu a Maddie. – Se não conseguir, chame <strong>um</strong> de meus irmãos.<br />

Bertha e Maddie saltaram, pressionando seus pesos contra o corpo de Mairin. Ewan repetiu o<br />

processo e ela vomitou no chão.<br />

— Mais <strong>um</strong>a vez, laird. – Bertha insistiu. – Sei que é difícil vê-la <strong>com</strong> tal dor, mas para ela sobreviver,<br />

deve ser feito.<br />

Ewan faria qualquer coisa para não deixá-la morrer, mesmo que isso causasse sua agonia. Segurou a<br />

cabeça e a forçou a vomitar. Uma vez e outra vez, até que não tinha mais nada no estômago. Ela estava<br />

<strong>com</strong> o corpo tão rígido que era <strong>um</strong> milagre não ter quebrado nenh<strong>um</strong> osso.<br />

Ainda assim, ele continuou, determinado a mantê-la viva. Bertha finalmente tocou-o no braço.<br />

— Pronto. Pode soltá-la agora.<br />

Maddie levantou-se e pegou <strong>um</strong> pano molhado no lavatório para entregá-lo a Ewan. Ele limpou a<br />

boca de Mairin e então sua testa, coberta de suor. Cuidadosamente, deitou-a na cama e depois retirou<br />

sua roupa. Jogou-as de lado e instruiu as mulheres para limpar o quarto e livrá-lo do cheiro nocivo.<br />

Ewan se sentou ao lado de Mairin e puxou as cobertas para proteger sua nudez. Observava-a<br />

ansiosamente, sentindo-se tão impotente que <strong>um</strong>a raiva profunda o queimava por dentro.<br />

Podia escutar o barulho do lado de fora do quarto. Conhecia seus irmãos e sabia que eles estavam lá,<br />

mas não queria se afastar de Mairin.<br />

As mulheres rapidamente limparam a bagunça do quarto e retiraram a roupa estragada. Momentos<br />

depois, Maddie voltou, fechando a porta <strong>com</strong> firmeza atrás dela.<br />

— Laird, deixe-me cuidar dela. – disse <strong>com</strong> voz baixa. – Ela já esvaziou o estômago. Não há nada a<br />

fazer a não ser esperar.<br />

Ewan balançou a cabeça.


— Eu não vou deixá-la.<br />

Ele passou <strong>um</strong> dedo pelos cabelos e tocou seu rosto, alarmado ao sentir <strong>com</strong>o estava fria a pele. Sua<br />

respiração era fraca, tão leve que muitas vezes ele se inclinou, <strong>com</strong> medo de que não houvesse ar saindo<br />

pelo nariz.<br />

Mairin adormeceu, inconsciente. Não se mexia, nem gemia. Ewan não sabia o que era pior. Ouvir<br />

seus gritos desamparados ou vê-la tão imóvel quanto a morte.<br />

Ambos o assustavam <strong>com</strong>o o inferno.<br />

Maddie ficou ao lado da cama por <strong>um</strong> longo momento e depois, <strong>com</strong> <strong>um</strong> suspiro, virou-se e saiu do<br />

quarto.<br />

Antes que Ewan pudesse reclinar-se na cama ao lado de Mairin, seus irmãos entraram no quarto.<br />

— Como ela está? – Alaric perguntou.<br />

Caelen não perguntou. Mas a tempestade estava lá em seus olhos quando olhou para Mairin. Ewan<br />

tocou a face da esposa novamente e passou os dedos debaixo de seu nariz até que sentiu o ar saindo.<br />

Havia tanta confusão dentro dele. Fúria. Medo. Desamparo.<br />

— Não sei. – ele disse, finalmente. A admissão de que ignorava <strong>com</strong>o estava a esposa retorceu <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong>a faca em seu ventre.<br />

— Quem fez isso?- Caelen perguntou. – Quem poderia tê-la envenenado?<br />

Ewan olhou para Mairin, sentindo o peito apertar-se de ódio. As narinas se inflaram e ele apertou os<br />

punhos.<br />

— McDonald. – ele disse através dos dentes cerrados. Um maldito McDonald.<br />

Alaric recuou surpreso.<br />

— Um McDonald?<br />

Ewan olhou fixamente para seus dois irmãos.<br />

— Quero que vocês fiquem <strong>com</strong> ela. Os dois. Chamem-me se houver qualquer mudança. Agora não<br />

confio em mais ninguém até descobrir quem está tentando matar minha mulher.<br />

— Ewan, onde você está indo? – Caelen perguntou.<br />

Ewan voltou-se, quando abriu a porta.<br />

— Vou ter <strong>um</strong>a palavra <strong>com</strong> McDonald.<br />

Ele desceu as escadas <strong>com</strong> a espada desembainhada quando entrou no salão onde a maioria dos<br />

soldados estavam reunidos. Ficaram atentos quando viram Ewan <strong>com</strong> a espada erguida.<br />

McDonald estava de lado, rodeado por seus guardas. Rionna estava ao lado dele e os dois estavam<br />

conversando em <strong>um</strong> tom urgente. A tensão enchia o ar, tão intensa que a pele de Ewan ficou eriçada.<br />

Rionna ficou alarmada quando viu Ewan. Ela puxou a espada e deu <strong>um</strong> passo na frente de seu pai,<br />

mas Ewan a empurrou de lado e ela cambaleou.<br />

O salão explodiu em caos.<br />

Os homens McDonald se aproximaram de Ewan e os homens McCabe reagiram ferozmente em<br />

defesa de seu laird.


— Protejam a mulher. – Ewan gritou para Gannon.<br />

Ewan foi para cima de McDonald antes que ele pudesse desembainhar sua espada. Segurou o homem<br />

mais velho pela túnica e jogou-o contra a parede.<br />

O rosto de McDonald ficou vermelho de raiva quando Ewan apertou seu pescoço.<br />

— Ewan, o que significa isso?<br />

— Quanto você queria que eu me casasse <strong>com</strong> sua filha? – Ewan perguntou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz<br />

perigosamente baixa.<br />

McDonald piscou,confuso, antes de responder <strong>com</strong> indignação.<br />

— Você está me acusando de envenenar Lady McCabe?<br />

— Você fez isso?<br />

McDonald estreitou os olhos <strong>com</strong> fúria. Empurrou as mãos de Ewan tentando se soltar, mas Ewan o<br />

empurrou contra a parede novamente.<br />

— Isso é guerra. – McDonald cuspiu. – Não deixarei esse insulto sem resposta.<br />

— Se você quer a guerra,ficarei feliz em dá-la a você. – Ewan sibilou. – E quando eu tiver limpado a<br />

terra <strong>com</strong> seu sangue, suas terras e tudo o que tem será meu. Você quer falar em insultos, laird? Entra<br />

em minha casa, partilha minha hospitalidade e tenta matar minha esposa?<br />

McDonald empalideceu e olhou fixamente para Ewan.<br />

— Não fiz nada disso, Ewan. Você tem que acreditar em mim. Sim, queria que Rionna se casasse<br />

<strong>com</strong> você, mas <strong>um</strong> casamento <strong>com</strong> seu irmão também é aceitável. Eu não a envenenei.<br />

A mandíbula de Ewan se contraiu e suas narinas se inflaram. O suor escorria pela testa de<br />

McDonald, enquanto olhava para a direita e para a esquerda, mas seus homens foram facilmente<br />

mitigados pelos soldados de Ewan.<br />

Rionna ficou há vários metros de distância, <strong>com</strong> os braços seguros por Gannon. Ela esperneava feito<br />

<strong>um</strong>a louca, dando trabalho para seu <strong>com</strong>andante contê-la.<br />

Não havia culpa nos olhos de McDonald. Será que ele dizia a verdade? A chegada de McDonald e o<br />

envenenamento de Mairin foram <strong>um</strong>a coincidência?<br />

Ewan relaxou e soltou McDonald da parede.<br />

— Desculpe minha grosseria, mas quero você e seus homens fora de minhas terras. Minha esposa<br />

está mortalmente doente e não sei se ela sobreviverá. Fique sabendo, McDonald. Se ela morrer e eu<br />

descobrir que você tem algo <strong>com</strong> isso, não haverá pedra em toda a Escócia para você se esconder.<br />

— E a nossa aliança? – McDonald balbuciou.<br />

— Tudo o que me preocupa agora é a minha esposa. Vá para casa. E reze para que ela viva.<br />

Falaremos de nossa aliança em outro dia.<br />

Ele quase jogou todos os McDonalds através da porta principal do salão.<br />

— Ewan! A moça está doente de novo. Está vomitando muito. <strong>Na</strong>da que eu ou Caelen fizemos pôde<br />

ajudar.<br />

Ewan moveu-se depressa em direção a Alaric, na entrada do salão, <strong>com</strong> expressão abatida.


— Cuide da partida deles. – Ewan disse para Gannon. – A<strong>com</strong>panhe-os até nossa fronteira e garanta<br />

que partam.<br />

Em seguida, Ewan saiu correndo, empurrando Alaric de lado e subiu as escadas. Invadiu o quarto<br />

para ver Caelen segurando Mairin ao lado da cama, enquanto ela vomitava. Seu irmão parecia<br />

desesperado, mas mesmo assim, amparava Mairin de forma protetora.<br />

— Ewan, graças a Deus está aqui. Não posso fazê-la parar e isso vai matá-la!<br />

Ewan segurou o corpo mole de Mairin e o embalou em seus braços.<br />

— Shh, carinho. Respire <strong>com</strong>igo. Pelo nariz. Você deve parar de vomitar.<br />

— Dói. – ela choramingou. – Por favor, Ewan, deixe-me morrer. Dói muito.<br />

Ele a abraçou apertado contra seu corpo.<br />

— Apenas respire. – ele sussurrou. – Respire para mim, Mairin. A dor irá embora. Eu juro.<br />

Ela segurou a túnica tão apertada que o tecido ficou desconfortável em seu braço. Seu corpo ficou<br />

tenso, mas desta vez ela conseguiu segurar o impulso de vomitar.<br />

— Isso mesmo, moça. Segure-se em mim. Não vou deixá-la. Estou aqui.<br />

Ela escondeu o rosto contra o pescoço dele e ficou mole. Ewan a deitou na cama e então olhou para<br />

Caelen que estava ao lado, <strong>com</strong> o rosto tomado pela fúria.<br />

— Umedeça <strong>um</strong> pano para que eu possa limpar seu rosto.<br />

Caelen se apressou até o lavatório e torceu o pano para entregá-lo a Ewan. Este enxugou a testa de<br />

Mairin e depois passou o pano sobre sua boca. Ela suspirou, mas não abriu os olhos.<br />

Mairin parecia sentir espasmos em seu estômago. Aconchegou-se ao lado do marido e envolveu <strong>um</strong><br />

braço ao redor dele. Então, soltou <strong>um</strong> suspiro e caiu em sono profundo.<br />

Ewan ergueu-a pela nuca e apertou os lábios em sua testa. O fato de que ela tivesse despertado era<br />

<strong>um</strong> bom sinal, mas odiava vê-la sentir tanta dor. Seu corpo estava tentando se livrar do veneno e ela<br />

valentemente <strong>com</strong>batia seus efeitos.<br />

— Viva. – ele sussurrou. – Não vou deixá-la morrer.<br />

Alaric, que tinha seguido Ewan de volta ao quarto, e Caelen pareciam desconcertados pela<br />

demonstração de emoção tão atípica de seu irmão. Nesse momento, Ewan não se importava se o vissem<br />

<strong>com</strong>o <strong>um</strong> fraco.<br />

— Você se importa <strong>com</strong> ela. – Alaric disse, rispidamente.<br />

Ewan sentiu algo dentro dele se romper. Sim, ele a amava e não podia suportar a ideia de perdê-la.<br />

Por Deus, ela acordaria, insolente <strong>com</strong>o sempre, e então ele a seduziria, dizendo-lhe as palavras que mais<br />

queria ouvir. Sim, ela viveria, e o amaria da mesma forma <strong>com</strong>o Ewan a amava.<br />

Ele olhou para seus irmãos.<br />

— Preciso da ajuda de vocês. Tentaram matá-la. Isso me dói muito, mas acho que é alguém de nosso<br />

clã. Há <strong>um</strong> traidor em nosso meio e temos que encontrá-lo ou Mairin nunca estará segura. Não posso<br />

perdê-la. Nosso clã não pode perdê-la. Ela representa a nossa salvação e a minha. Se vocês não fizerem<br />

isso por ela, sua irmã, então faça isso por mim, seu irmão.


Alaric caiu de joelhos ao lado da cama e estendeu a mão, colocando os dedos na mão flácida de<br />

Mairin. Caelen endireitou os ombros e também ficou de joelhos ao lado de Alaric. Ele tocou o ombro de<br />

Mairin e seu olhar se suavizou, enquanto olhava para ela.<br />

— Você sempre teve a nossa lealdade, Ewan. – Alaric disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz grave. – Ela pertence a<br />

você. Agora prometo minha lealdade a Mairin também. Irei protegê-la <strong>com</strong>o sua esposa e minha irmã.<br />

Colocarei a segurança dela acima da minha.<br />

A declaração solene de Alaric enviou <strong>um</strong>a onda de orgulho a Ewan.<br />

— Ela é <strong>um</strong>a boa mulher. – Caelen disse <strong>com</strong> voz rouca. – É <strong>um</strong>a boa mãe para Crispen e <strong>um</strong>a<br />

esposa leal. É <strong>um</strong> presente para você, Ewan. Eu a protegei <strong>com</strong> minha vida e buscarei justiça para o que<br />

foi feito contra ela. Ela sempre terá <strong>um</strong> lugar de honra em meus pensamentos.<br />

Ewan sorriu, sabendo <strong>com</strong>o deve ter sido difícil para Caelen fazer tal promessa.<br />

— Obrigado. Isto significa muito para mim. Devemos ter certeza que ela estará segura a partir de<br />

hoje. E não será fácil vigiá-la, quando se levantar.<br />

— Você parece ter certeza de sua recuperação. – disse Caelen.<br />

Ewan olhou para baixo novamente enquanto a esperança queimava suas entranhas.<br />

— Sim, tenho certeza. A moça é muito valente para ceder à morte.<br />

Ewan se reuniu <strong>com</strong> seus irmãos até tarde da noite. Sentaram-se na sala, <strong>com</strong> apenas <strong>um</strong>a vela para<br />

il<strong>um</strong>inar o aposento escuro.<br />

— Interrogamos todas as mulheres que serviram, todos na cozinha, todo mundo que entrou em<br />

contato <strong>com</strong> o alimento e os que estavam reunidos no salão. –relatou Caelen.<br />

— Gertie está perturbada. – Alaric disse severamente. – Está doente por Mairin ter sido envenenada.<br />

Não acredito que Gertie está por trás disso, mesmo que tivesse oportunidade. Ela pertence ao nosso clã<br />

desde antes de nascermos. Sempre foi leal ao nosso pai e tem sido firme, desde sua morte.<br />

Ewan não podia imaginar alguém de seu clã tentando matar Mairin. Por quê? Ela representava a<br />

esperança. Era a esperança deles e não havia quem não soubesse disso.<br />

Mas alguém fez isso.<br />

Gannon e Cormac entraram no salão <strong>com</strong> expressões sombrias. O cansaço vincava seus rostos.<br />

— Laird, temos <strong>um</strong> relatório.<br />

Ewan fez <strong>um</strong> gesto para que eles se sentassem. Cormac tomou <strong>um</strong> assento, mas Gannon ficou em pé,<br />

<strong>com</strong> evidente agitação.<br />

— Nós descobrimos a origem do veneno. – disse Gannon.<br />

— Diga-me. – Ewan ordenou.<br />

— Não estava na <strong>com</strong>ida. Testamos todos os pratos que restaram, incluindo o de Lady McCabe. O<br />

veneno estava em <strong>um</strong>a taça. Ainda estava quase cheia, então ela não bebeu muito.<br />

— Graças a Deus. – Ewan respirou. Havia esperança ainda.<br />

— Laird. – disse Cormac dolorosamente. – Não acreditamos que a taça era de Lady McCabe.<br />

Ewan bateu seus punhos sobre a mesa e se inclinou para frente.


— De quem era, então?<br />

Gannon deu <strong>um</strong> forte suspiro.<br />

— Acreditamos que era a sua, laird.<br />

Alaric e Caelen quase caíram da cadeira.<br />

— Que diabos você quer dizer? – Caelen perguntou.<br />

— Conversamos bastante <strong>com</strong> as mulheres que serviram. Havia três taças. Uma delas foi a que Lady<br />

McCabe derrubou quando se levantou da mesa. Era a sua taça, mas não foi colocada corretamente na<br />

mesa e achamos que ela bebeu dela. Ela pegou sua taça e bebeu <strong>um</strong> pouco. Devia ter <strong>um</strong> gosto ruim<br />

porque empurrou para o lado e pediu a <strong>um</strong>a das mulheres para trazer outra taça para você. Logo depois,<br />

ela passou mal.<br />

— Mas, por que...? – a voz de Ewan foi s<strong>um</strong>indo e olhou para seus homens mais confiáveis e seus<br />

irmãos. – A flecha. Não foi destinada a Mairin. Era para mim.<br />

— Jesus! - Alaric disse agitado. – Alguém está tentando matá-lo, Ewan. Não Mairin.<br />

— Faz sentido. – Caelen disse severamente.- Ninguém ganha se Mairin morrer. Mas seria diferente se<br />

Ewan morresse e deixasse Mairin viúva e sem filhos.<br />

— Cameron está por trás disso, de alg<strong>um</strong>a forma. De alg<strong>um</strong>a maneira tem alguém infiltrado em<br />

nosso clã. Alguém que está trabalhando para ele. Por duas vezes tentou matar-me e Mairin quase morreu<br />

por isso. – Ewan golpeou a mesa <strong>com</strong> tanta força que chegou a rachá-la.<br />

— Sim, mas quem? – Alaric perguntou.<br />

— Isso é o que temos que descobrir. – Ewan disse.- Até lá, Mairin deverá ser vigiada o tempo todo.<br />

Não quero vê-la ferida em outra tentativa contra minha vida.


Capítulo 28<br />

Um grito severo interrompeu o sono nebuloso de Mairin. Ela não podia estar certa de era realmente<br />

<strong>um</strong> sonho, mas se sentia bem e flutuava, sem qualquer dor. E <strong>com</strong>o estava agradável, ficou quieta.<br />

Então, parecia que havia <strong>um</strong> guizo dentro de sua cabeça. A dor estava de volta quando ouviu a voz<br />

de Ewan. Oh, mas o homem amava gritar. Parecia gostar de falar sem parar, principalmente quando o<br />

assunto era ela.<br />

— Você é a moça mais desobediente que já tive a infelicidade de conhecer. – Ewan rosnou. – Eu<br />

ordeno, moça, não morra. Você não é a leoa que defendeu meu filho. Ela nunca desistiria <strong>com</strong>o você está<br />

desistindo.<br />

Mairin franziu a testa <strong>com</strong> seu insulto. Ewan agia de forma tão vergonhosa quando ela estava doente<br />

e morrendo. Ela o ouviu rir.<br />

— Não, moça. Você pode estar doente, mas não morrendo. Vai me obedecer agora ou Deus será<br />

minha testemunha, vou deitá-la sobre os meus joelhos.<br />

Mairin o olhou, ou pelo menos achou que o fez. A sala estava incrivelmente escura e sentia <strong>com</strong>o se<br />

alguém tivesse colocado pedras sobre suas pálpebras.<br />

De repente, o pânico tomou conta dela. Talvez estivessem preparando-a para o enterro. Será que não<br />

colocam pedras sobre os olhos dos mortos para mantê-los fechados? Ou eram moedas? De qualquer<br />

maneira, ela não queria morrer.<br />

— Shh, moça. – Ewan a acalmou. – Abra seus olhos. Você pode fazer isso por mim. Ninguém vai<br />

enterrá-la, eu juro. Abra seus olhos e olhe para mim. Deixe-me ver seus belos olhos azuis.Reuniu todas<br />

as suas forças, mas ela conseguiu abri-los. Estremeceu quando a luz bateu neles e prontamente os fechou<br />

novamente.<br />

— Cubra a janela. – Ewan ordenou.<br />

Mairin franziu o cenho. Com quem ele estava falando? Estava virando <strong>um</strong> hábito ter tantas visitas em<br />

seu quarto.<br />

Mairin ouviu <strong>um</strong>a risada e abriu os olhos só para ver <strong>um</strong>a forma difusa que se assemelhava a Ewan.<br />

Ela piscou rapidamente e então olhou para trás dele para ver Alaric e Caelen de frente para a janela<br />

coberta.<br />

— É bom tê-lo de volta em casa, Alaric. Ewan precisaria de você para o funeral.<br />

Alaric fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Funeral de quem, moça?<br />

— O meu. – ela disse.<br />

Mairin tentou levantar a cabeça, mas logo descobriu que estava muito fraca. Caelen riu e ela voltou-se<br />

para fazer <strong>um</strong>a careta de desagrado.<br />

— Não ria. Ewan ficaria muito infeliz se eu morresse.<br />

— E é exatamente por isso que você não irá morrer. – Ewan reclamou.


Ela voltou-se para olhar para Ewan outra vez e ficou surpresa ao vê-lo tão abatido. Seus cabelos<br />

estavam despenteados, seus olhos vermelhos e parecia que não fazia a barba há vários dias.<br />

—Sempre sou obediente, marido. Se você ordena que eu não morra, então não vou negar seu desejo.<br />

Ewan sorriu quando olhou para ela <strong>com</strong> alívio.<br />

— É pecado mentir, esposa, mas acho que nem eu ou Ele iremos nos preocupar <strong>com</strong> essa mentira.<br />

Ela grunhiu.<br />

— Eu tento ser obediente.<br />

— Sim, moça. Eu mandei você não morrer e fico feliz que você tenha me obedecido, pelo menos<br />

<strong>um</strong>a vez. Estou tão contente que estou até pensando em não gritar <strong>com</strong> você da próxima vez que não<br />

me obedecer.<br />

— Oh, vocês são tão patéticos. – Caelen resmungou.<br />

Alaric se aproximou da cama e apertou a mão de Mairin.<br />

— Bem vinda de volta à terra dos vivos, irmãzinha. Você nos deu <strong>um</strong> grande susto.<br />

Mairin colocou a outra mão sobre seu estômago.<br />

— Não sinto mais dor. Mas estou <strong>com</strong> fome.<br />

Ewan riu e depois se inclinou para beijá-la na testa.<br />

— Deve estar mesmo <strong>com</strong> fome, moça. Ficou três dias aqui depois de esvaziar todo o conteúdo de<br />

seu estômago.<br />

— Três dias? – ficou estarrecida. Absolutamente chocada.<br />

— Sim, moça, três dias. – seu tom de voz ficou mais grave e ele a olhou cansado.<br />

Mairin estendeu a mão para traçar as linhas na testa e então acariciou seu rosto.<br />

— Parece cansado, marido. Acho que você precisa de <strong>um</strong> banho. E se barbear. E então, <strong>um</strong> longo<br />

descanso.<br />

Ewan colocou sua mão sobre a dela, prendendo-a contra seu rosto. Então, levou-a à sua boca e beijou<br />

a palma.<br />

— Agora que você acordou, posso dormir. Mas não pense que só porque despertou, vai poder ficar<br />

correndo pelo castelo. Você ficará na cama até eu dizer que pode se levantar.<br />

Mairin lançou-lhe <strong>um</strong> olhar de desgosto, mas segurou a língua. Não iniciaria <strong>um</strong>a discussão <strong>com</strong> ele<br />

agora. Ewan se inclinou e beijou-a novamente.<br />

— Sua língua é perfeita!<br />

Caelen e Alaric riram e Mairin ficou escandalizada.<br />

— Ewan!<br />

Morrendo de vergonha, ela puxou os cobertores até cobrir a cabeça. Ewan se uniu às risadas,<br />

enquanto ela desejava que o chão se abrisse e levasse todos.<br />

Ewan enxotou todos do quarto e ordenou que voltassem <strong>com</strong> <strong>um</strong> prato de <strong>com</strong>ida. Provaria cada<br />

pedaço de <strong>com</strong>ida antes que chegasse até ela. Mas Mairin não queria que morresse por ela. Ele não


parecia impressionado <strong>com</strong> sua preocupação.<br />

— É meu dever cuidar de você, moça.<br />

— Que belo trabalho fará se morrer no processo. – ela resmungou.<br />

Depois que <strong>com</strong>eram, ela se deitou no travesseiro e fechou os olhos. Sentia-se realmente fraca.<br />

Depois de três dias sem <strong>com</strong>er, supunha que fosse natural.<br />

De repente a porta se abriu e várias mulheres entraram <strong>com</strong> baldes de água quente.<br />

— Achei que ia gostar de <strong>um</strong> banho quente. – Ewan disse.<br />

<strong>Na</strong>quele momento ela queria se atirar sobre ele e abraçá-lo até deixá-lo sem fôlego.<br />

Quando o último balde foi derramado dentro da banheira, Ewan a levantou da cama e <strong>com</strong>eçou a<br />

desamarrar os laços da camisola. Mairin não tinha energia nem para protestar. Ewan gentilmente ergueua<br />

em seus braços e levou-a até a banheira.<br />

Ela gemeu de prazer quando a água quente envolveu seu corpo. Ewan se ajoelhou ao lado da<br />

banheira e estendeu a mão para pegar o jarro do chão, enchendo-o de água para molhar os cabelos dela.<br />

Quando seus dedos se enroscaram nos fios para lavá-los, Mairin fechou os olhos <strong>com</strong> o simples<br />

prazer de se sentir cuidada. Gemeu quando ele voltou sua atenção para o corpo dela. Demorou alg<strong>um</strong><br />

tempo esfregando os ombros e os braços. Suas mãos mergulharam na água e seguraram seus seios,<br />

esfregando o polegar sobre os mamilos rígidos.<br />

Não se demorou muito e continuou lavando cada centímetro de seu corpo. Quando ele alcançou seus<br />

pés, Mairin tremeu de prazer. Ele fez <strong>um</strong>a massagem minuciosa, indo de baixo para cima. Ao roçar as<br />

pontas dos dedos, ela gritou <strong>com</strong> a sensação de cócegas. Ewan riu, mas agarrou-a pelo tornozelo para<br />

não deixá-la escapar.<br />

— Não tinha ideia de que era tão delicada, moça.<br />

Segurou seu pé <strong>com</strong> ambas as mãos e beijou o arco. Acariciou sua perna até chegar em seu joelho.<br />

Então, alcançou suas coxas.<br />

Suas mãos acariciaram sua pele <strong>com</strong>o se fosse seda. Quando ele terminou, Mairin estava relaxada,<br />

<strong>com</strong> a visão turva. Ewan retirou-a da banheira, enquanto a água escorria de seu corpo. Colocou-a perto<br />

do fogo e imediatamente a envolveu em <strong>um</strong> grande cobertor.<br />

— Assim que seus cabelos estiverem secos, vou colocá-la na cama. – ele disse. –Não quero que fique<br />

<strong>com</strong> frio.<br />

Ele <strong>com</strong>eçou a secar seus cabelos <strong>com</strong> <strong>um</strong>a toalha. Suas mãos trabalharam através de suas costas.<br />

Quando ele secou o excesso de <strong>um</strong>idade, <strong>com</strong>eçou a desembaraçá-los <strong>com</strong> <strong>um</strong> pente. O calor da lareira a<br />

envolvia, aquecendo seus ossos. Mairin se viu, então, cochilando contra ele.<br />

Assim que terminou, ele a envolveu em seus braços e levou-a de volta para a cama.<br />

— Você me assustou, moça.<br />

Ela suspirou e se derreteu em seu abraço.<br />

— Eu me assustei, laird. Não gostei da ideia de deixar você e Crispen.<br />

— Crispen dormiu em sua cama todas essas noites. Ele de <strong>um</strong> lado e eu do outro. Estava tão<br />

determinado quanto eu a não deixá-la morrer.


Mairin sorriu.<br />

— É bom ter <strong>um</strong>a família.<br />

— Sim, moça, é. Acho que nós três formamos <strong>um</strong>a boa família.<br />

— Não se esqueça de Caelen e Alaric. – ela disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a careta. – E Gannon, Cormac e Diormid, é<br />

claro. Eles me irritam, mas sei que tem boas intenções e sempre são tão pacientes. Oh, e Maddie, Bertha<br />

e Christina.<br />

Ewan riu contra seu ouvido.<br />

— Nosso clã, moça. Nosso clã é nossa família.<br />

Oh, ela gostou da ideia. Da família. Suspirou satisfeita e inclinou a cabeça sobre seu ombro.<br />

— Ewan?<br />

— Sim, moça.<br />

— Obrigada por não me deixar morrer. Eu estava perto de desistir, mas seus gritos tornaram isso<br />

impossível.<br />

Ele a apertou,sentindo <strong>um</strong> tremor percorrer seu corpo.<br />

— Quando você estiver bem, teremos <strong>um</strong>a longa conversa.<br />

Mairin tentou se sentar, mas ele a segurou firmemente.<br />

— Falar sobre o que, laird?<br />

— Palavras, moça. Palavras que pretendo lhe dizer.


Capítulo 29<br />

Ewan deu a ela <strong>um</strong>a quinzena inteira para repousar, cobrindo-a <strong>com</strong> afeto e, claro, amor. Ah, a moça<br />

se recuperou rapidamente e Ewan passava horas deixando-a louca de prazer.<br />

No entanto, ela nunca disse que o amava. Dizia que ele era doce, bonito, ousado, arrogante... Embora<br />

não estivesse certo que fossem elogios.<br />

Ela estava certamente impressionada <strong>com</strong> a habilidade dele em fazer amor. E desenvolveu alg<strong>um</strong>as<br />

próprias, embora não estivesse totalmente recuperada.<br />

Mas Mairin tinha que amá-lo. Ela, <strong>com</strong> certeza, não era obediente, nem particularmente respeitosa.<br />

Mas Ewan percebia <strong>com</strong>o ela o olhava quando pensava que não estava vendo. Via <strong>com</strong>o ela se<br />

desmanchava em seus braços, noite após noite, na escuridão de seu quarto.<br />

Sim, ela o amava. Não havia outra explicação. Ele só tinha que levá-la a ver isso.<br />

O envenenamento fez Mairin ficar mais cautelosa, levando a sério os pedidos de Ewan. Ele acabou<br />

sentindo falta de suas discussões, que normalmente ocorriam quando ela ignorava <strong>um</strong>a ordem. Não<br />

gostava que o encanto espontâneo de Mairin houvesse sido reduzido por aquele fato.<br />

Apenas Ewan, seus irmãos, Gannon, Cormac e Diormid sabiam a verdade. Mairin não era a vítima.<br />

Mas havia inúmeras razões para manter a informação para si mesmo. Primeiro, porque seu clã se tornou<br />

ferozmente protetor em relação à Mairin, desde o incidente. Todos observavam-na o tempo todo e<br />

nunca a deixavam sozinha. O que, para Ewan, era conveniente, pois independente se alguém estava ou<br />

não tentando matá-la, ainda havia a ameaça de Duncan Cameron. Segundo, ele não queria preocupar<br />

Mairin contando a ela que ele era a vítima. Não sabia o que a esposa poderia fazer se descobrisse, pois a<br />

moça era feroz na proteção das pessoas que considerava suas. E ela o considerava dela, para sua<br />

presunçosa satisfação. Mairin podia não ter dito as palavras que ele queria ouvir, mas não havia dúvidas<br />

que era possessiva <strong>com</strong> ele. Bastava lembrar-se do olhar que lhe dera quando Rionna McDonald chegou<br />

ao castelo.<br />

Ewan esperava ansiosamente o dia em que estariam livres de ameaças. A sombra que pairava sobre o<br />

castelo não afetou apenas a Mairin, mas a todos.<br />

Mairin...bem, Ewan não recebeu nenh<strong>um</strong> relatório dizendo que a moça causou alg<strong>um</strong> t<strong>um</strong>ulto desde<br />

que se levantou de seu leito. E deveria saber que esta paz não iria durar...<br />

— Laird, laird! Você precisa vir rapidamente. – Owain disse, enquanto corria até Ewan.<br />

O homem mais jovem ofegava quando parou, <strong>com</strong>o se tivesse corrido o caminho inteiro. Ewan tirou<br />

olhos do pastor, que estava lhe dando <strong>um</strong> relatório detalhado e franziu a testa.<br />

— O que há de errado, Owain?<br />

— É Lady McCabe. O salão inteiro está <strong>um</strong> alvoroço. Ela ordenou a <strong>um</strong> grupo de seus homens que<br />

ass<strong>um</strong>issem as tarefas das mulheres!<br />

— O quê? – Ewan gritou. – Então, colocou os dedos na ponta do nariz e respirou fundo. – Diga-me<br />

exatamente o que se passa, Owain.


— Heath irritou-a, mas não sei o que aconteceu, laird. Ela ordenou que ele e o grupo de homens<br />

lavassem e cozinhassem! Deus ajude a todos nós. E a limpeza das cozinhas e o chão.<br />

Owen interrompeu para tomar <strong>um</strong> fôlego e então continuou.<br />

— Eles estão prontos para a revolta, porque seus irmãos não podem controlar a moça.<br />

Ewan franziu a testa e amaldiçoou em voz baixa. Heath era <strong>um</strong> jovem soldado impetuoso que<br />

chegou recentemente aos McCabes. Era <strong>um</strong> filho bastardo de Laird McKinley, <strong>um</strong> dos muitos que não<br />

foram reconhecidos antes da morte do laird. O resultado era que não tinha <strong>um</strong> lar.<br />

Ewan reuniu vários homens ao longo dos anos para a<strong>um</strong>entar seu contingente e preparar-se para o<br />

ataque a Duncan Cameron. Ele já teve problemas <strong>com</strong> Heath e <strong>um</strong> grupo de jovens, arrogantes soldados<br />

que se aliaram a Heath, logo após sua chegada.<br />

Se Heath estava envolvido, então não poderia ser coisa boa.<br />

— Onde estão meus irmãos? – Ewan perguntou.<br />

— Estão no corredor. A situação estava muito tensa, laird. Houve <strong>um</strong> momento que eu temi pela<br />

segurança de Lady McCabe.<br />

Era tudo o que Ewan precisava ouvir. Correu para o salão e assim que entrou no pátio, viu seus<br />

homens, fora de formação, de pé, <strong>com</strong> as cabeças inclinadas, ouvindo o barulho que vinha de dentro do<br />

castelo.<br />

Ewan empurrou todos eles e invadiu o salão. A cena diante dele era <strong>um</strong> caos. Um grupo de soldados<br />

mais jovens estava do outro lado da sala, cercados por seus irmãos, por Mairin e por Gertie.<br />

Cormac e Diormid estavam sendo severamente repreendidos por Gertie. Ela estava tão irritada que<br />

balançava <strong>um</strong>a colher para os dois homens, atingindo-os a cada palavra que dizia. Alaric e Caelen<br />

estavam <strong>com</strong> expressões de fúria, tentando colocar Mairin atrás deles. Mas ela lutava contra isso.<br />

O que chamou a atenção de Ewan foi o fato de Mairin, no meio do batalhão, ter o rosto tão<br />

vermelho de raiva que parecia que ia explodir.<br />

Estava na ponta dos pés, gritando insultos a Heath. Gannon que se colocou,valentemente entre eles,<br />

tentava mantê-la à distância.<br />

O rosto de Heath estava roxo de raiva. A moça não tinha ideia do perigo em que estava. Mas Ewan<br />

sabia. Já tinha testemunhado o temperamento impetuoso do jovem mais de <strong>um</strong>a vez. Começou a<br />

atravessar a sala quando viu Heath levantar a mão.<br />

Ewan soltou <strong>um</strong> rugido, sacou a espada e lançou-se. Mairin se abaixou, mas o punho de Heath ainda<br />

roçou o queixo da moça e enquanto ela pulava para trás. Mairin caiu no mesmo momento em que Ewan<br />

batia em Heath. Se Caelen e Alaric não segurassem seus braços, provavelmente teria matado o jovem.<br />

Enquanto isso, Heath estava caído no chão, <strong>com</strong> sangue escorrendo de sua boca. Ewan lutou para se<br />

soltar, mas seus irmãos não o soltaram.<br />

— Parem! – ele rugiu.<br />

Eles ainda o seguraram até que Ewan conseguiu se soltar. Arrancou o braço das mãos dos irmãos e<br />

foi até onde Mairin estava caída, para ajudá-la a se levantar.<br />

Segurou-a pelo cotovelo e colocou-a em pé. Então, examinou o queixo dela minuciosamente.


— Ele mal me tocou. – Mairin sussurrou. – É sério, Ewan. Nem está doendo.<br />

— Ele não tinha o direito de tocar em você! Irá morrer por esse delito.<br />

Soltou o rosto dela e virou-se para o resto da sala.<br />

— Alguém pode me dizer o que, em nome de Deus, está acontecendo?<br />

Todo mundo <strong>com</strong>eçou a falar ao mesmo tempo. Ewan fechou os olhos e então gritou, pedindo<br />

silêncio. Virou-se para Mairin.<br />

— Diga-me o que aconteceu aqui.<br />

Mairin olhou para suas mãos, mas não antes de Ewan ver <strong>um</strong> tremor trair seus lábios.<br />

— Eu vou contar, laird. – Diormid disse em voz alta, dando <strong>um</strong> passo para frente. – Ela ordenou<br />

que Heath, Robert, Corbin, Ian e Mateus ass<strong>um</strong>issem as tarefas das mulheres.<br />

A descrença e a indignação que sentia em nome de seus homens eram evidentes.<br />

— Ela mandou que todos eles cozinhassem e limpassem os pisos!<br />

Ewan viu <strong>com</strong>o a expressão de Mairin mudou. Seus lábios se apertaram e ela simplesmente voltou-se<br />

e teria saído da sala se Ewan não segurasse seu braço.<br />

— Moça? – indagou incisivamente.<br />

Seu queixo tremia e Mairin piscou furiosamente.<br />

— Você só vai gritar, laird. E não desejo ser h<strong>um</strong>ilhada novamente na frente de meu clã.<br />

—Diga-me o que aconteceu. – ele disse <strong>com</strong> voz severa.<br />

Estava determinado a não demonstrar fraqueza diante de seus homens. Mas o queria fazer era puxála<br />

em seus braços e beijar seus lábios trêmulos. Ela estava à beira das lágrimas e Ewan faria qualquer<br />

coisa para não vê-la chorar. Mas precisava ser disciplinado e justo. Tinha <strong>um</strong> dever <strong>com</strong> todos os<br />

envolvidos. Ser justo e imparcial, o que significava que se sua esposa tinha planejado mais <strong>um</strong>a de suas<br />

tolas tramóias, ele a faria chorar.Mairin levantou o queixo, o que o aliviou. Preferia sua beligerância às<br />

suas lágrimas. Ela apontou para Heath.<br />

— Esse... esse idiota bateu em Christina.<br />

Ewan enrijeceu-se e foi até Heath que estava se levantando <strong>com</strong> a ajuda de Diormid.<br />

— Isso é verdade? – Ewan perguntou, em voz baixa.<br />

— A cadela foi impertinente. – Heath rosnou. – Ela mereceu minha repreensão.<br />

Mairin ofegou de indignação. Teria voado em Heath novamente, mas Ewan a segurou pela cintura e<br />

puxou-a para seu peito. Seus pés chutaram seus tornozelos, mas ele não a soltou. Virou-se para Alaric e<br />

Caelen e empurrou-a para seus braços.<br />

— Não a deixe sair. – Ewan ordenou.<br />

Alaric a abraçou pela cintura e simplesmente apertou-a contra seu peito, deixando-a centímetros<br />

acima do chão. Mairin o olhou, indignada, mas Ewan estava mais interessado na explicação de Heath.<br />

— Você vai me contar tudo. – ele disse, olhando ferozmente para Heath.<br />

Mairin lutou nos braços de Alaric, mas ele a segurou mais forte.


— Ewan, por favor. – ela implorou. – Eu contarei a você tudo o que aconteceu.<br />

Ela estava mais que furiosa. Estava tão enojada <strong>com</strong> o tratamento dos homens <strong>com</strong> as mulheres que<br />

poderia pegar a espada de Ewan e matar todos. Se pudesse se soltar, faria exatamente isso.Mairin voltouse<br />

para Alaric, enquanto Ewan continuava a ignorá-la.<br />

— Alaric, pode me emprestar sua espada?<br />

Alaric arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha, assustado.<br />

— Você poderia me ajudar. Por favor, Alaric. Preciso de <strong>um</strong> pouco de sangue.<br />

Para a surpresa dela, ele deu <strong>um</strong>a sonora gargalhada que ecoou pelo salão silencioso.<br />

Lágrimas molhavam os olhos de Mairin.<br />

— Por favor, Alaric. O que ele fez não é certo. Agora dará desculpas a Ewan por seu <strong>com</strong>portamento<br />

vergonhoso.<br />

Alaric olhou para ela.<br />

— Ewan vai cuidar disso, moça. É <strong>um</strong> homem justo.<br />

— Mas ele é <strong>um</strong> homem! – ela insistiu.<br />

Alaric olhou-a, intrigado.<br />

— Sim, eu acabei de dizer isso.<br />

Antes de Ewan exigir <strong>um</strong>a explicação a Heath, o salão irrompeu mais <strong>um</strong>a vez. Mulheres entraram na<br />

sala, <strong>com</strong> gritos que rivalizavam <strong>com</strong> os dos guerreiros. Para o espanto de Mairin, elas traziam <strong>um</strong>a série<br />

de armas improvisadas, feitas de varas, pedras e punhais.<br />

Ewan escancarou a boca e Alaric finalmente soltou Mairin. Ela aterrissou <strong>com</strong> <strong>um</strong> baque no chão e<br />

lançou <strong>um</strong> olhar descontente em direção ao cunhado. Mas ele, <strong>com</strong>o qualquer outro homem, virou-se<br />

para olhar espantado as mulheres que entravam.<br />

— Moça, você está bem? – Bertha perguntou na frente da multidão de mulheres.<br />

Christina correu para Mairin e segurou sua mão, puxando-a para o grande grupo de mulheres<br />

armadas.<br />

Mairin apertou a mão de Christina quando olhou o hematoma escuro no rosto da jovem.<br />

— Você está bem? – Mairin sussurrou.<br />

Christina sorriu.<br />

—Sim, graças a você, minha senhora.<br />

— Laird, queremos dar <strong>um</strong>a palavra <strong>com</strong> você. – Bertha gritou.<br />

Ela acenou <strong>com</strong> <strong>um</strong>a foice para enfatizar, enquanto Ewan continuava a olhar para as mulheres, <strong>com</strong><br />

espanto.<br />

— Que diabos está acontecendo aqui? – Ewan perguntou. – Todo mundo enlouqueceu?<br />

— Seus homens se <strong>com</strong>portaram repreensivelmente. – Mairin disse.<br />

As mulheres manifestaram seu acordo agitando suas armas e batendo os pés. Ewan cruzou os braços<br />

sobre o peito e olhou severamente para ela.


— O que eles fizeram, moça?<br />

Mairin olhou para as outras mulheres, que demonstravam seu apoio. Então, ergueu o queixo e lançou<br />

ao laird <strong>um</strong>a feroz carranca. Devia ter sido digna de olhar, porque Ewan levantou <strong>um</strong>a sobrancelha<br />

enquanto a observava.<br />

— As mulheres estavam todas realizando suas tarefas, assim <strong>com</strong>o você espera que os homens<br />

realizem as deles. Até que aquele idiota resolveu jogar seus encantos sobre Christina. Mas a moça o<br />

recusou. Ele ficou tão furioso <strong>com</strong> a rejeição que <strong>com</strong>eçou a criticar seu trabalho. Veja, ela estava<br />

servindo aos soldados sua refeição da tarde. Então, <strong>com</strong>eçaram a depreciar e menosprezar o trabalho de<br />

cada mulher neste castelo. Fizeram brincadeiras e criticaram ainda mais. Eles berraram para Maddie,<br />

dizendo que a <strong>com</strong>ida estava demorando. Reclamaram da <strong>com</strong>ida de Gertie, alegando que não era<br />

suficiente, que estava salgada demais, ou muito fria.<br />

Ela respirou fundo, antes de derramar todo o restante de sua ira.<br />

— E quando Christina tentou apaziguar a situação, Heath a fez tropeçar. Ela derramou toda a<br />

cerveja sobre ele. Ele teve a coragem de h<strong>um</strong>ilhá-la, gritando que tinha arruinado sua roupa. Quando ela<br />

protestou, deu-lhe <strong>um</strong> tapa no rosto.<br />

As mãos de Mairin apertaram-se <strong>com</strong> fúria, quando ela deu <strong>um</strong> passo a frente, tremendo de raiva.<br />

Apontou para o grupo que a<strong>com</strong>panhava Heath.<br />

— Nenh<strong>um</strong> deles tentou ajudá-la. Nenh<strong>um</strong>! Ninguém moveu <strong>um</strong> dedo para parar o abuso contra<br />

Christina. Eles estavam muito ocupados rindo e criticando o trabalho das mulheres.<br />

Mairin parou na frente do laird e enfiou <strong>um</strong> dedo em seu tórax.<br />

— Bem, eu disse que se era tão fácil e se eles não achavam o trabalho delas tão importante, então que<br />

ass<strong>um</strong>issem os deveres das mulheres e vamos ver se eles executariam melhor essas tarefas.<br />

Prendeu a respiração e esperou que Ewan gritasse <strong>com</strong> ela.<br />

— Quero falar, laird. – Bertha gritou tão alto que mais de <strong>um</strong>a mulher fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Pode falar. – Ewan disse.<br />

—Não me alongarei em meus <strong>com</strong>entários, mas você precisa saber. A partir deste momento, as<br />

mulheres não levantarão <strong>um</strong> dedo neste castelo. E estaremos protegendo Lady McCabe!<br />

Ewan ergueu a sobrancelha de novo.<br />

— Vocês estão protegendo-a?<br />

Bertha assentiu.<br />

— Sim, ela irá conosco. Não queremos vê-la sendo castigada porque nos defendeu.<br />

Para a surpresa de Mairin, ele sorriu.<br />

— Há <strong>um</strong> problema em relação a isso, Bertha,<br />

— Que problema? – Bertha perguntou.<br />

— Sou eu quem a está protegendo.<br />

Essa declaração causou <strong>um</strong>a serie de murmúrios através do corredor. Tanto os homens quanto as<br />

mulheres se inclinaram para frente para saber qual seria a decisão do laird. Estava claro que ele estava


descontente.<br />

— Não cederei a suas chantagens e suas exigências. – ele disse.<br />

Quando Bertha estufou o peito e se preparava para lançar outro discurso irritado, ele ergueu a mão<br />

para silenciá-la.<br />

— Ouvirei ambos os lados antes de julgar. Uma vez que o faça, a questão estará encerrada. Está<br />

claro?<br />

— Só se você decidir pelo caminho certo. – Mairin murmurou.<br />

Ewan lhe lançou <strong>um</strong> olhar zangado. O laird voltou-se e não ficou satisfeito ao ver Heath e os quatro<br />

homens mais jovens que estavam desafiadoramente ao seu lado. Então, olhou para Gannon, que era o<br />

mais velho de todos os homens.<br />

— Você tem alg<strong>um</strong>a explicação para isso?<br />

Gannon suspirou.<br />

— Sinto muito, laird. Não estava presente. Estava no pátio <strong>com</strong> alguns dos soldados.<br />

— Sei. – virou-se para Cormac, que estava ao lado de Diormid e Heath. – Cormac? Tem alg<strong>um</strong>a<br />

coisa a dizer?<br />

O olhar de Cormac era furioso. Olhou para os homens, que também o observavam ansiosamente,<br />

enquanto Ewan aguardava <strong>um</strong>a palavra.<br />

— Foi <strong>com</strong>o a senhora relatou, laird. – ele disse <strong>com</strong> os lábios apertados. – Estava chegando quando<br />

Heath derrubou Christina. Não é culpa de Christina. Os homens gritavam insultos e quando ela<br />

discordou, Heath a golpeou. Eu mesmo o teria matado, mas Lady McCabe interveio antes que eu<br />

pudesse agir, então minha preocupação passou a ser a segurança dela.<br />

Ewan assentiu. Então, olhou para Diormid.<br />

— E você?<br />

Diormid abaixou a cabeça, <strong>com</strong> remorso por não ser leal aos jovens que estavam sob seu <strong>com</strong>ando.<br />

— Não, laird. Apenas contei o que ele disse para mim.<br />

— Então, você não estava presente quando tudo aconteceu? – Ewan perguntou.<br />

Diormid balançou a cabeça.<br />

— Entrei no salão quando Lady McCabe gritava ordens para que os homens ass<strong>um</strong>issem as tarefas<br />

das mulheres do clã.<br />

— E você ainda está do lado deles? – Ewan perguntou.<br />

Diormid hesitou antes de finalmente dizer.<br />

— Não, laird. Estou envergonhado por eles.<br />

Ewan então voltou-se para Bertha.<br />

— Podem ir agora para suas casas. Tirem o resto do dia de folga. Robert, Corbin, Ian e Mateus<br />

ass<strong>um</strong>irão seus deveres.


Mairin franziu a testa pela omissão de Heath, mas os aplausos das mulheres a impediram de<br />

manifestar seu descontentamento.<br />

Igualmente explosivo era o grito desesperado dos quatro jovens que Ewan condenou ao trabalho das<br />

mulheres. Pareciam tão chocados que Mairin não pôde sorrir de satisfação.<br />

Bertha sorriu para Mairin.<br />

— Venha, moça. Você deve celebrar conosco.<br />

Mairin virou-se para deixar a sala, mas Ewan limpou a garganta. Lentamente, ela se virou e olhou<br />

para o laird. Certamente ele não devia estar zangado <strong>com</strong> ela. Não depois de ter ouvido a história<br />

<strong>com</strong>pleta.<br />

Sua expressão ainda era severa quando a chamou <strong>com</strong> <strong>um</strong> dedo. Suspirando, ela deixou Bertha para ir<br />

até o marido. As mulheres ainda ficaram na sala, curiosas sobre o que o laird queria, ou para defender<br />

Mairin no caso de <strong>um</strong>a repreensão. Mairin agradeceu e dispensou-as de seu apoio.<br />

Quando elas estavam a <strong>um</strong>a distância respeitável, cruzou as mãos na frente dela.<br />

— Você quer algo de mim?<br />

Ewan a chamou <strong>com</strong> o dedo novamente e ela bufou, aproximando-se dele. Ele esticou o dedo e<br />

tocou o queixo, levantando-o até que olhasse para ele.<br />

—Alg<strong>um</strong>a ordem para mim, laird?<br />

— Sim, moça. Tenho.<br />

Mairin inclinou a cabeça mais para trás, aguardando sua ordem. Ewan roçou os dedos onde Heath a<br />

atingiu. Então, colocou <strong>um</strong>a mecha de cabelo atrás da orelha dela e segurou seu rosto, de forma<br />

possessiva.<br />

— Beije-me.


Capítulo 30<br />

Mairin estava tão aliviada que se jogou nos braços de Ewan e fundiu a boca calorosamente contra a<br />

dele.<br />

— Não confia em mim, moça.<br />

Sua voz a repreendia enquanto provava seus lábios novamente.<br />

— Sinto muito. - ela sussurrou. - Você me olhou <strong>com</strong>o se quisesse gritar <strong>com</strong>igo de novo.<br />

— Laird, não pode estar falando sério sobre fazermos as tarefas das mulheres!<br />

Ewan virou-se bruscamente ao ouvir o protesto de Robert.<br />

— <strong>Na</strong> verdade, eu falo. Se minhas ordens são <strong>um</strong> problema para alguém, então estão livres para<br />

deixar o castelo.<br />

Heath rosnou e automaticamente Mairin olhou para ele. O homem tinha ódio em seus olhos.<br />

— E Heath? - ela sussurrou. - Por que ele foi perdoado do trabalho das mulheres?<br />

A carranca que surgiu no rosto de Ewan deixou-a apavorada.<br />

— Fique <strong>com</strong> Alaric.<br />

Ele a colocou atrás Alaric e Caelen antes de caminhar até onde Heath estava. Seus cunhados<br />

formaram <strong>um</strong> muro <strong>com</strong> os ombros na frente dela e Mairin ficou na ponta dos pés, balançando-se para a<br />

esquerda e direita, em <strong>um</strong> esforço para ver mais através dos dois irmãos.<br />

Quando Ewan chegou a Heath, não disse <strong>um</strong>a palavra. Recuou e bateu <strong>com</strong> o punho no rosto<br />

dele. Heath caiu <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a pedra. Ele gemeu pateticamente quando Ewan juntou sua camisa nas mãos e<br />

puxou-o para cima novamente.<br />

— Isso foi por Christina. - Ewan rosnou.<br />

Em seguida, ele bateu <strong>com</strong> seu joelho direito entre as pernas de Heath. Alaric e Caelen<br />

estremeceram. Gannon ficou branco e Cormac recuou e desviou o olhar.<br />

— Isso foi por minha esposa.<br />

Largou Heath no chão, onde ele se enrolou <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a bola. Mairin poderia jurar que o homem<br />

estava chorando.<br />

— Eu estaria chorando também, moça. - Alaric murmurou.<br />

Ewan voltou-se e falou <strong>com</strong> Gannon, em <strong>um</strong> tom gélido.<br />

— Ele morrerá. Leve-o embora.<br />

Heath empalideceu ao ouvir a sentença de morte e <strong>com</strong>eçou a implorar. Os guerreiros reunidos<br />

estremeceram <strong>com</strong> o lamentável <strong>com</strong>portamento de Heath.<br />

— Sim, Laird. Imediatamente.<br />

Gannon se curvou e colocou Heath de pé. Ele e Cormac o arrastaram para fora do salão.<br />

Ewan então voltou sua atenção para Christina.


— Minhas desculpas, Christina, por sofrer tal injustiça. Eu não desculpo, nem aceitarei tal<br />

<strong>com</strong>portamento de meus homens. Aproveite o seu dia livre de seus afazeres. Duvido que meus homens<br />

farão o trabalho tão bem quanto você, mas será feito.<br />

O coração de Mairin se encheu de orgulho. Ficou tão emocionado <strong>com</strong> a sinceridade nas palavras de<br />

Ewan que seus olhos marejaram-se <strong>com</strong> lágrimas. Ela apertou os braços de Caelen e de Alaric até os nós<br />

dos dedos ficarem brancos.<br />

Caelen soltou cuidadosamente os dedos de seu cotovelo e, em seguida, revirou os olhos, quando<br />

percebeu suas lágrimas.<br />

— Por que diabos você está chorando, moça?<br />

Ela fungou e esfregou seu rosto contra a manga da camisa de Alaric.<br />

— Foi maravilhoso o que ele fez.<br />

Alaric empurrou a cabeça dela e fez <strong>um</strong>a careta, até que Mairin parou de enxugar suas lágrimas sobre<br />

ele.<br />

— Ele é <strong>um</strong> homem bom - disse ela.<br />

— Claro que é - disse Caelen lealmente.<br />

Resolvida a questão, Ewan caminhou até onde estava Mairin. Sem se preocupar se a chamou ou não<br />

daquela vez, soltou-se de Alaric e Caelen e pulou nos braços de Ewan. Mairin encheu seu rosto de beijos<br />

e pendurou-se em seu pescoço.<br />

— Deixe-me respirar, moça. - Ewan disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a risada.<br />

— Eu te amo. - ela sussurrou em seu ouvido. - Eu te amo tanto.<br />

E de repente, ele a abraçou tão forte quanto ela. Para sua surpresa absoluta, Ewan se virou e<br />

arrastou-a para fora do salão. Subiu a escada de dois em dois degraus, entrando no quarto momentos<br />

depois.<br />

Depois que chutou a porta para fechá-la <strong>com</strong> o pé, olhou-a ferozmente, apertando-a ainda mais entre<br />

seus braços.<br />

— O que você disse? - perguntou ele <strong>com</strong> voz rouca.<br />

Mairin arregalou os olhos surpresa por sua veemência.<br />

— Há alguns momentos atrás. No corredor. O que disse no meu ouvido?<br />

Ela engoliu em seco, nervosa, agitando-se em seus braços. Em seguida, reuniu sua coragem enquanto<br />

ele a segurava.<br />

— Eu te amo.<br />

— Já era hora! – ele rosnou<br />

Mairin piscou,confusa.<br />

— Hora de quê?<br />

— As palavras. Você finalmente as disse.<br />

— Mas só agora eu percebi. - disse ela, confusa.


— Mas eu já sabia. - ele disse, <strong>com</strong> satisfação presunçosa.<br />

— Não sabia. Se nem eu sabia, <strong>com</strong>o você poderia saber?<br />

Ewan sorriu.<br />

— Então me diga, moça, <strong>com</strong>o é que você pretende passar a sua tarde livre?<br />

— Não sei. - admitiu. - Talvez vá encontrar Crispen e brincar <strong>com</strong> ele e as outras crianças.<br />

Ewan balançou, negativamente, a cabeça.<br />

— Não? - ela questionou.<br />

— Não.<br />

— Por quê?<br />

— Porque planejei <strong>um</strong>a tarde muito mais atraente.<br />

Ela arregalou os olhos <strong>com</strong> espanto.<br />

— Planejou?<br />

—Mmm-hmm. Gostaria de saber se está disposta a ser agradável <strong>com</strong>igo.<br />

— A preguiça é <strong>um</strong> pecado.- ela sussurrou.<br />

— Sim, mas o que eu tenho em mente não tem nada a ver <strong>com</strong> preguiça.<br />

Ela corou furiosamente <strong>com</strong> a sugestão em sua voz.<br />

— Você nunca passou <strong>um</strong>a tarde longe de seus deveres.<br />

— Meu dever mais importante é cuidar das necessidades de minha esposa. - ele tocou a área de seu<br />

rosto, onde Heath a atingiu e seu olhar ficou sombrio.<br />

— Você realmente vai matá-lo, Ewan? - ela sussurrou.<br />

Ewan fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Ele bateu em você, a esposa do laird. Senhora do castelo. Não vou tolerar tal desrespeito .<br />

Mairin retorceu suas mãos, <strong>com</strong> a culpa surgindo em seus olhos.<br />

—Eu o provoquei descaradamente. Chamei-o de nomes terríveis. Usei palavras que <strong>um</strong>a senhora<br />

nunca deveria usar. Serenity lavaria minha boca <strong>com</strong> sabão.<br />

Ewan suspirou.<br />

— O que quer que eu faça, Mairin? Ele tem sido <strong>um</strong> problema há muito tempo. Já tinha esgotado as<br />

suas chances aqui. Mesmo que ele não batesse em você, não iria tolerar levantar <strong>um</strong>a mão para outra<br />

mulher nesse clã.<br />

— Você pode bani-lo? Gostaria de pensar que <strong>um</strong> homem sem casa e sem meios sofreria muito mais<br />

do que dar-lhe <strong>um</strong>a morte rápida e fácil. Talvez ele morresse de fome ou <strong>um</strong>a matilha de lobos caísse<br />

sobre ele.<br />

Ewan recuou, surpreso, e então riu, o som gutural enviando ondas de prazer pelo corpo.<br />

— Você é <strong>um</strong>a moça sanguinária.<br />

Ela balançou a cabeça.


— Sim, Alaric disse isso.<br />

— Por que é importante não matá-lo, Mairin? É meu direito <strong>com</strong>o laird e <strong>com</strong>o seu marido.<br />

— Porque me sinto mal por provocá-lo assim. Se ele não tivesse me agredido, você não teria<br />

ordenado sua morte por ter batido em Christina. Não que você não o puniria. - ela se apressou a<br />

corrigir.<br />

— Então prefere que ele seja devastado por <strong>um</strong>a matilha de lobos.<br />

Mairin balançou a cabeça.Ele riu.<br />

— Assim seja, moça. Farei Gannon escoltá-lo para fora de nossas terras <strong>com</strong> a ordem de nunca mais<br />

voltar.<br />

Ela jogou os braços ao redor dele e abraçou-o apertado.<br />

— Eu te amo.<br />

Ewan a afastou e depois se inclinou para beijar a ponta do seu nariz.<br />

— Diga isso de novo.<br />

Mairin torceu os lábios e fez <strong>um</strong>a careta para ele.<br />

— Você é <strong>um</strong> homem exigente, Laird.<br />

Seus lábios encontraram os dela e ele saboreou-a profundamente, esfregando a língua em sua boca até<br />

que Mairin a abriu para deixá-lo entrar.<br />

— Diga. - ele sussurrou.<br />

— Eu te amo.<br />

Com <strong>um</strong> gemido baixo, Ewan ergueu-a em seus braços e caminhou até a cama.Deitou-a sobre as<br />

cobertas e depois rolou até ela. Despiu sua roupa, expondo primeiro os ombros e, em seguida, seus<br />

braços. Ewan segurou seu braço e puxou-a contra ele, aninhando-a em seu pescoço. Ah, mas seus lábios<br />

eram mágicos.<br />

Decidida a não permitir que fosse o único a torturar, Mairin se curvou e passou a língua sobre os<br />

grossos tendões no pescoço. Sorriu quando ele se encolheu,e afundou seus dentes em sua carne,<br />

inalando seu cheiro masculino. Mairin saboreava o seu gosto, roçando a língua sobre cada linha.<br />

— Mairin?<br />

Ela se inclinou para que pudesse ver os olhos de Ewan.<br />

— Sim, marido?<br />

— Você tem <strong>um</strong> carinho especial por este vestido?<br />

Ela franziu o cenho.<br />

— Bem, é apenas <strong>um</strong> vestido de trabalho.<br />

— Bom.<br />

Antes que ela pudesse pensar, Ewan rasgou o tecido de seu corpete até a cintura, expondo seus seios<br />

ao ansioso toque.<br />

— Não é justo - ela resmungou. - Não posso rasgar sua roupa.


Ele sorriu.<br />

— Gostaria disso, moça?<br />

— Sim, gostaria.<br />

Rindo, ele rolou para fora da cama e <strong>com</strong>eçou a se despir. Tão logo ficou nu, puxou os farrapos<br />

restante do vestido dela e, em seguida, deitou-se de costas.<br />

— Essa é <strong>um</strong>a posição estranha, marido. Tenho certeza que você não está correto.<br />

Ewan traçou <strong>um</strong>a linha sobre sua face e lábios.<br />

— Sim, moça, estou certo disso. Hoje as mulheres estão no <strong>com</strong>ando e os homens estão fazendo o<br />

trabalho. Parece-me certo que fique em cima. Serei seu h<strong>um</strong>ilde servo.<br />

Seus olhos se arregalaram. Mairin pensou sobre o que ele disse, franziu os lábios e, finalmente,<br />

balançou a cabeça.<br />

— Não tenho certeza se tal coisa é possível.<br />

— Oh sim, moça, é possível. Não só possível, <strong>com</strong>o é <strong>um</strong>a experiência maravilhosa.<br />

Ewan agarrou seus quadris, colocando-a sobre a sua virilha.<br />

— Ponha a sua mão por baixo, moça. Guie-me até sua entrada.<br />

Mairin tremia de emoção e expectativa. Suas pernas amoleceram quando agarrou a sua dureza.<br />

—Oh, sim, moça, exatamente assim. Encaixe-me lá. Deixe-me entrar em você.<br />

Moveu-se contra ela, segurando-a enquanto a ponta de seu pênis roçava através de seu calor<br />

úmido. Então ele encontrou a entrada e deslizou aos poucos. Mairin ficou tensa quando ele <strong>com</strong>eçou a<br />

violação de sua abertura.<br />

— Relaxe. - ele acalmou.<br />

Guiou-a para baixo e ela colocou as palmas das mãos em seu peito. Inclinou-se para frente enquanto<br />

os dedos dele deslizaram até suas nádegas. Ewan agarrou a carne enquanto deslizava mais fundo.<br />

Com mais <strong>um</strong> empurrão,Mairin encontrou suas coxas. Foi <strong>um</strong>a sensação inquietante, ser transpassada<br />

pela lança, de forma plena, sem alívio. O corpo dela cantarolou de prazer. Os mamilos endureceram,<br />

implorando por seu toque.<br />

Ewan soltou seus quadris e roçou os dedos sobre o ventre até segurar os seios em concha em suas<br />

mãos. Pequenas faíscas de fogo queimaram através de seu corpo quando ele apertou os botões<br />

firmes. Ele brincou e acariciou até que ficaram dolorosamente rígidos.<br />

— Cavalgue-me. - disse ele <strong>com</strong> voz rouca.<br />

A imagem que este pedido evocou surgiu em sua mente. Uma quente explosão surgiu em seu sexo,<br />

fazendo-a se contorcer e apertando o pau em sua vagina.<br />

Ansiosa para chegar à sua liberação, Mairin <strong>com</strong>eçou a mover-se, hesitante no <strong>com</strong>eço. Sentiu-se<br />

tímida, mas o fogo nos olhos de Ewan deu-lhe toda a confiança que precisava para continuar.<br />

Ela balançou, para frente e para trás, erguendo-se e, em seguida, afundando novamente. Ambos<br />

gemeram, de forma desesperada e urgente, quando Mairin acertou seu ritmo.


Deliciando-se <strong>com</strong> a liberdade recém-descoberta, ela <strong>com</strong>eçou a conduzi-los para além dos limites da<br />

razão. Sorriu sedutoramente para o marido quando ele pediu para parar de atormentá-lo.<br />

Com seus lábios fundidos tão firmemente enquanto seus corpos, eles encontraram a sua<br />

liberação. Seus dedos cravaram-se em seus quadris e ele puxou-a para baixo, segurando-a até que se<br />

esvaziou dentro de seu corpo.<br />

Com <strong>um</strong> suspiro, Mairin caiu emcima dele e se aconchegou em seu calor. Seu coração batia<br />

freneticamente contra o dela. Ewan passou os braços em torno dela e beijou sua cabeça.<br />

— Eu te amo, Mairin.<br />

Por <strong>um</strong> momento ela achou que não tinha ouvido bem. Sim, ela o amava. Mais do que imaginava ser<br />

possível amar <strong>um</strong> homem. Mas não esperava que ele sentisse a mesma coisa. Ewan era carinhoso <strong>com</strong><br />

ela. Mas, amor? Nunca esperou que ele lhe oferecesse seu coração.<br />

Lágrimas encheram os olhos quando se levantou, <strong>com</strong> os cabelos caindo sobre os seios, olhando-o<br />

<strong>com</strong> admiração.<br />

— Diga isso de novo. – ela pediu, <strong>com</strong> voz rouca.<br />

Ewan sorriu ao ouvir suas próprias palavras jogadas para ele.<br />

— Eu te amo.<br />

— Oh, Ewan. - ela sussurrou.<br />

— Não chore, moça. Eu faria qualquer coisa para não fazê-la chorar tanto.<br />

— São lágrimas de felicidade. - ela disse. - Você me fez tão feliz, Ewan. Você me deu <strong>um</strong> lar e <strong>um</strong>a<br />

família. Um clã pra chamar de meu. E hoje, ficou ao meu lado, mesmo quando temia que me<br />

repreenderia na frente de todos.<br />

Ewan franziu o cenho e balançou a cabeça.<br />

—Eu sempre estarei ao seu lado, mulher.Nem sempre concordo <strong>com</strong> você, e haverá momentos em<br />

que você não concordará <strong>com</strong> minha decisão, mas sempre estarei ao seu lado.<br />

Mairin o abraçou novamente e apertou o rosto contra seu pescoço.<br />

— Oh, eu te amo tanto, Ewan.<br />

Ele rolou até que ficassem frente a frente. Tocou-a no rosto, acariciando os fios de cabelo que caiam.<br />

— Eu esperei <strong>um</strong> longo tempo para ouvi-la dizer essas palavras, moça. E agora que eu as tenho,<br />

nunca me cansarei delas.<br />

Mairin sorriu.<br />

— Isso é <strong>um</strong>a coisa boa, laird, pois tenho este problema de dizer em voz alta tudo o que passa por<br />

minha mente. E pretendo dizer muitas vezes o quanto eu amo você.<br />

— Talvez devesse me mostrar. - disse ele n<strong>um</strong>a voz rouca que a despertou.<br />

— Mais <strong>um</strong>a vez?<br />

Ewan sorriu e beijou-a.<br />

— Sim, moça, mais <strong>um</strong>a vez.


Capítulo 31<br />

Mairin arrastou-se lentamente para fora da cama e foi direto para <strong>um</strong>a bacia onde vomitou o pouco<br />

que permaneceu em seu estômago desde a noite passada. <strong>Na</strong> última quinzena, essa infeliz ocorrência<br />

acontecia todas as manhãs, <strong>com</strong>o se fosse <strong>um</strong> relógio. Só que não parava por aí. Ela vomitava logo após<br />

a refeição da manhã, em seguida, novamente após a refeição do meio-dia e, normalmente, pelo menos<br />

<strong>um</strong>a vez antes de dormir.<br />

Escondeu sua condição de Ewan o maior tempo possível, mas vomitando desse jeito, <strong>com</strong>o se tivesse<br />

sido envenenada de novo, era inevitável que ele descobrisse.<br />

Mairin lhe diria hoje sobre suas suspeitas. Não eram realmente suspeitas. Ela estava carregando seu<br />

filho, e Deus sabia, Ewan tinha se empenhado na tarefa de engravidá-la.<br />

O clã inteiro aguardava a notícia <strong>com</strong> alegria. Com seu dote a ser entregue a qualquer momento, a<br />

prosperidade finalmente voltaria. A criança selaria o controle de McCabe sobre Neamh Alainn.<br />

Mairin estava entusiasmada <strong>com</strong> a idéia de contar a Ewan. Depois de lavar a sua boca e vestir-se,<br />

desceu as escadas onde foi recebida por Gannon. Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa quando o viu,<br />

porque desde o seu envenenamento, Ewan fez questão de ter, ele próprio ou <strong>um</strong> de seus irmãos<br />

guardando-a a cada momento.<br />

Ela já havia se resignado e aceitado o fato de bom grado.<br />

— Bom dia, minha senhora. - Gannon disse alegremente.<br />

— Bom dia, Gannon. Diga-me, o que você fez para o laird ficar <strong>com</strong> raiva?<br />

Gannon piscou e olhou-a, confuso. Então riu quando percebeu que ela estava brincando sobre o seu<br />

dever.<br />

— <strong>Na</strong>da, minha senhora, <strong>Na</strong> verdade, ofereci-me para a tarefa de cuidar de você hoje. O laird e seus<br />

irmãos saíram para c<strong>um</strong>primentar McDonald.<br />

As sobrancelhas se ergueram. Qualquer conversa <strong>com</strong> os McDonalds foi encerrada após seu<br />

envenenamento. Ora, ela mesma tinha até esquecido o assunto de <strong>um</strong>a aliança. A partida dos McDonalds<br />

não aconteceu em termos agradáveis, então a idéia de que eles tinham voltado a deixou muito curiosa.<br />

— Onde eles estão? - ela perguntou.<br />

— Descarregando a carga de <strong>com</strong>ida. - disse Gannon <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso.<br />

Mairin apertou as mãos de alegria.<br />

— Então, eles levaram a sério a ridícula aposta?<br />

Gannon revirou os olhos.<br />

— É claro. É <strong>um</strong>a oferta de paz, também. Os dois clãs devem esquecer qualquer discórdia, se<br />

quiserem se aliar.<br />

— Oh, isso é maravilhoso. Certamente isso irá nos prover para os meses de inverno.<br />

Gannon balançou a cabeça.<br />

— E além disso, a caça continua a ser bem sucedida.


E se o dote vier, o clã teria roupas quentes para o inverno. As crianças teriam sapatos. Eles <strong>com</strong>eriam<br />

sem se preocupar sobre quando seria a próxima refeição.Esta foi <strong>um</strong>a notícia muito bem-vinda.<br />

— Onde eu poderia encontrar Ewan? - ela perguntou a Gannon.<br />

— Tenho ordens para levá-la até ele assim que levantasse.<br />

Mairin franziu o cenho.<br />

— Bem, então, já me levantei. Vamos.<br />

Ele riu e guiou-a para fora, onde estavam as carroças dos McDonalds. Homens estavam<br />

descarregando o material e colocando-o na despensa.<br />

Ewan estava distraído conversando <strong>com</strong> McDonald, e Mairin franziu a testa enquanto examinava as<br />

pessoas jogando lixo no pátio. Em seguida, seu olhar il<strong>um</strong>inou-se quando caiu sobre Rionna.<br />

Começou a gritar e acenar quando Ewan chamou sua atenção e fez <strong>um</strong> sinal. Ele puxou-a para o seu<br />

lado quando Mairin se aproximou.<br />

— Laird McDonald quis dar-lhe os seus c<strong>um</strong>primentos. Eles não vão ficar e só vieram para entregar<br />

os suprimentos. Uma vez que estamos de acordo sobre o casamento de Alaric e Rionna, vamos nos<br />

encontrar no verão para celebrarmos o acordo e anunciar seu noivado.<br />

Mairin sorriu para o laird, que pegou sua mão e se inclinou.<br />

— Estou aliviado de vê-la bem de saúde, minha senhora. Estou ansioso pela união de nossos clãs,<br />

não só pela aliança, mas pelo vínculo matrimonial.<br />

— Assim <strong>com</strong>o eu. - disse ela.- Boa viagem para você e ficarei ansiosa para vê-lo quando voltar.<br />

Quando <strong>um</strong> dos homens trouxe a carcaça de <strong>um</strong> veado, o estômago de Mairin se revolveu. Seu rosto<br />

avermelhou-se e ela tentou respirar pelo nariz para não vomitar na frente de Ewan e de Laird<br />

McDonald. Já houve drama demais na última vez, e não desejava <strong>com</strong>eçar outra briga despejando o<br />

conteúdo de seu estômago em suas botas.<br />

Rapidamente deu a desculpa de que precisava ver Gertie para que pudesse supervisionar o<br />

armazenamento dos suprimentos e correu antes que Ewan pudesse dizer alg<strong>um</strong>a coisa.<br />

Uma vez dentro do castelo, respirou fundo e caminhou para a cozinha. Não foi <strong>um</strong>a <strong>com</strong>pleta<br />

invenção. Ela queria saber dos planos de Gertie para o súbito a<strong>um</strong>ento de alimentos e também achou<br />

que seria <strong>um</strong>a agradável surpresa planejar <strong>um</strong>a refeição especial para a ocasião.<br />

Previsivelmente, Gertie estava resmungando sobre <strong>um</strong> grande caldeirão de sopa, quando Mairin<br />

entrou na cozinha. Provou o sabor e gemeu, adicionando outro vegetal.<br />

Gertie olhou para cima e franziu a testa quando viu Mairin.<br />

— Parece indisposta, moça. Guardei <strong>um</strong>a tigela da refeição da manhã. Você ainda está se sentindo<br />

mal cada vez que <strong>com</strong>e?<br />

Delicadamente, Mairin colocou <strong>um</strong>a mão em seu estômago.<br />

— Sim, ainda estou. A <strong>com</strong>ida não parece tão apetitosa para mim estes dias.<br />

Gertie balançou a cabeça.<br />

— Quando vai dizer ao laird que está carregando seu filho?


— Em breve. Eu queria ter certeza.<br />

Gertie revirou os olhos.<br />

— Moça, ninguém vomita tanto quanto você.<br />

Mairin sorriu e colocou <strong>um</strong>a mão em seu braço.<br />

— Sim, é verdade, mas não queria contar ao laird sem ter certeza.<br />

A expressão de Gertie suavizou-se.<br />

— Você tem <strong>um</strong> bom coração, moça. Nosso clã tem muito a agradecer desde que veio para<br />

nós. Parece quase bom demais para ser verdade .<br />

Envergonhada <strong>com</strong> o elogio da outra mulher, Mairin resolveu mudar de assunto.<br />

— Pensei em <strong>um</strong>a refeição especial, pois Laird McDonald honrou sua aposta. Parece que nós temos<br />

<strong>com</strong>ido coelhos até demais. Tenho certeza que os homens adorariam ter caça e leg<strong>um</strong>es<br />

frescos. Certamente poderíamos poupar <strong>um</strong> pouco para a celebração, sem esgotar nossos depósitos a<br />

níveis perigosos de novo.<br />

Gertie abriu <strong>um</strong> grande sorriso e estendeu a mão para tocar Mairin no braço.<br />

— Estava pensando a mesma coisa , moça. Já tinha em mente fazer carne de veado e tortas, <strong>com</strong> a sua<br />

permissão, claro. Farei <strong>um</strong>a refeição deliciosa.<br />

— Maravilhoso! Vou deixar em suas mãos capazes. Prometi a Crispen que brincaria <strong>com</strong> ele esta<br />

tarde, pulando pedras sobre o lago.<br />

— Se esperar mais <strong>um</strong> momento, prepararei pão para levar. Vai ajudar o seu estômago e dar a você e<br />

Crispen <strong>um</strong> lanche para a tarde.<br />

Gertie envolveu vários pães pequenos em <strong>um</strong> saco de pano e entregou a Mairin.<br />

— Cuide de você agora, moça. E divirta-se <strong>com</strong> Crispen.<br />

— Obrigada. - disse Mairin.<br />

Com o coração vibrando <strong>com</strong> a idéia de contar a Ewan sobre sua gravidez, saiu para encontrar<br />

Crispen. Os raios de sol brilhavam e ela ergueu o rosto, buscando mais do seu calor. Parou por <strong>um</strong><br />

instante para assistir à partida dos McDonalds sobre<br />

a ponte. Seu olhar procurou Ewan, mas ele já havia se afastado.<br />

Seguiu pelas margens do lago, procurando por <strong>um</strong> sinal de Crispen. Ele estava de pé sobre <strong>um</strong>a<br />

rocha a certa distância, seu pequeno corpo delineado ao sol. Estava sozinho, jogando pedras em toda a<br />

superfície da água. Imaginou o dia em que Crispen levaria seu irmão ou irmã para o lago para atirar<br />

pedras. Os dois ririam e brincariam juntos. Como <strong>um</strong>a família.<br />

Sorrindo, Mairin seguiu em frente, olhando para o chão de pedras. Abaixou-se e pegou meia dúzia<br />

delas antes de chegar ao local onde Crispen estava.<br />

— Mama!<br />

Não saberia descrever a alegria que tomou conta dela quando ele a chamou de mãe.<br />

Ele correu para seus braços, fazendo-a derrubar as pedras que estavam nas mãos.


Rindo, ele se abaixou para ajudá-la a recuperá-las, exclamando sobre a perfeição de <strong>um</strong>a ou duas<br />

pedras, enquanto as examinava.<br />

— Quero jogar esta. - disse ele, segurando <strong>um</strong>a pedra particularmente plana.<br />

— Vá em frente, então. Aposto que você não pode fazê-la pular mais de oito vezes.<br />

Seus olhos brilharam pois sabia que o menino aceitaria o desafio.<br />

— Eu posso fazer nove. - se gabou.<br />

— Oh! Como você se vangloria. Ações são muito mais eficazes do que palavras.Deixe-me ver o seu<br />

talento em primeira mão.<br />

Ele se concentrou, mirou, e jogou a pedra. Ela bateu na água, pulando em rápida sucessão em direção<br />

a outra margem.<br />

— Uma, duas, três... - ele fez <strong>um</strong>a pausa para respirar, mas seu olhar nunca deixou a progressão da<br />

pedra. – Seis, sete... oito... nove! – ele se virou – Mamãe! Eu consegui! Nove vezes!<br />

— Claro que sim! - disse ela, reconhecendo o seu feito.<br />

— Agora é sua vez de tentar. - insistiu ele.<br />

— Oh, eu não sou tão hábil <strong>com</strong>o você.<br />

Crispen estufou o peito e sorriu, pretensioso. Então, animou-se e pegou a mão dela.<br />

— Aposto que você faz bem ... para <strong>um</strong>a mulher.<br />

Em resposta, Mairin puxou seu cabelo.<br />

— Você tem que parar de ouvir as idéias de seu tio Caelen, Crispen. Isso não vai encantar as senhoras<br />

no futuro.<br />

Ele franziu o nariz e mostrou a sua língua.<br />

—As meninas são terríveis. Exceto você, mamãe.<br />

Mairin riu e abraçou-o novamente.<br />

— Estou sempre tão feliz que não sou considerada <strong>um</strong>a garota horrível.<br />

Ele colocou <strong>um</strong>a pedra perfeitamente lisa na mão dela.<br />

— Experimente.<br />

— Muito bem. Afinal, a honra de todas as mulheres está em minhas mãos.<br />

Crispen riu para ela pela frase dramática. Depois de alguns balanços de seu braço, soltou e viu <strong>com</strong>o<br />

a rocha voou longe, atingindo a superfície e chutando a água.<br />

Ao lado dela, Crispen contava.<br />

— Oito! Mamãe, você fez oito! Isso é brilhante!<br />

—Uau, eu fiz isso!<br />

Eles se abraçaram e ela girou-o em seus braços, até que ambos ficaram tontos.Desabaram no chão em<br />

<strong>um</strong> ataque de risos, e Mairin fez cócegas em Crispen até ele implorar por misericórdia.<br />

<strong>Na</strong> encosta que dava para o lago, Ewan chegou por trás de Gannon e Cormac, que vigiavam Mairin e<br />

Crispen. Viu quando eles rolaram no chão, ouvindo o som alegre de seus risos por toda a terra. Sorriu e


ponderou <strong>com</strong>o era afortunado. Ganhou muito em tão pouco tempo. Não importava se as ameaças<br />

faziam sombras em sua existência.<br />

O amor era muito precioso, de fato.<br />

Ewan subiu, exausto, os degraus e foi em direção ao seu quarto. Um pouco do cansaço se dissipou<br />

quando contemplou sua mulher dormindo. Ela estava esparramada, de bruços, <strong>com</strong> os braços<br />

espalhados sobre a cama. Ele se despiu e deitou-se ao lado dela. Mairin aconchegou-se em seus braços,<br />

sem nunca abrir os olhos.<br />

Ela estava exausta, muito mais nos últimos dias, <strong>um</strong> fato que não passou despercebido a ele. Nem o<br />

quanto a moça vomitava ao longo das últimas semanas.<br />

Mairin ainda não tinha que lhe contado sobre sua gravidez. Ele não sabia se era porque não queria<br />

sobrecarregá-lo por estar se sentindo mal, ou se ela realmente ainda não tinha percebido.<br />

Ewan esfregou a mão em seu braço e depois sobre o quadril, deslizando entre seus corpos para<br />

descansar sobre o seu ventre ainda plano, onde seu filho descansava. A criança que representava tanta<br />

esperança para o futuro de seu clã.<br />

Ele beijou a testa de Mairin, sorrindo ao lembrar-se dela e Crispen jogando pedras no lago. Ela se<br />

agitou contra ele e abriu os olhos, sonolenta.<br />

— Eu não tinha certeza se você vinha para a cama hoje à noite, laird.<br />

Ewan sorriu.<br />

— Ainda não é tão tarde. Você é que foi dormir muito mais cedo que o habitual.<br />

Mairin bocejou e encostou-se mais, entrelaçando as pernas nas dele.<br />

— Foi feito o acordo a respeito do casamento de Alaric?<br />

Ewan passou a mão pelos cabelos.<br />

— Sim. Alaric concordou.<br />

— Você vai sentir falta dele.<br />

— Sim, eu sentirei sua falta. Ele sempre foi meu braço direito. Mas esta é <strong>um</strong>a grande oportunidade<br />

para governar a sua própria terra e seu clã.<br />

— E Rionna? Ela está satisfeito <strong>com</strong> o arranjo?<br />

Ewan franziu o cenho.<br />

— Não me preocupo se a filha de McDonald está satisfeita. O casamento está definido. Ela vai fazer<br />

seu papel.<br />

Mairin revirou os olhos, mas Ewan, sem vontade de discutir <strong>com</strong> ela naquela noite, beijou-a longa e<br />

profundamente.<br />

— Eu prefiro discutir outros assuntos, esposa.<br />

Mairin olhou-o <strong>com</strong> ceticismo.<br />

— Que assuntos, marido?<br />

— Como quando você vai me dizer que nós estamos esperando <strong>um</strong> filho.


Seus olhos brilharam.<br />

— Como você sabia?<br />

Ewan riu.<br />

— Tem dormido muito mais do que o habitual. Você geralmente está inconsciente no momento em<br />

que venho para a cama à noite. E não segura nada do que <strong>com</strong>e em seu estômago.<br />

Mairin torceu o nariz, <strong>com</strong> desgosto.<br />

— Eu não queria que você soubesse da minha ânsia de vômito.<br />

— Você não pode esconder nada de mim, moça.Tudo que você faz é minha preocupação e eu prefiro<br />

ouvir de você quando não está se sentindo bem.<br />

— Estou me sentindo muito bem agora - ela sussurrou.<br />

Ewan arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha antes de capturar os lábios em <strong>um</strong> beijo longo.<br />

— Está mesmo? – ele murmurou.<br />

— Não sei. Eu posso precisar de amor para me sentir <strong>com</strong>pletamente bem.<br />

Ewan segurou seu rosto ternamente e passou o dedo sobre sua boca. Ele a abraçou <strong>com</strong> força e suas<br />

risadas puderam ser ouvidas através da porta fechada.<br />

No corredor, Alaric fechou a porta silenciosamente para que o som não invadisse seu<br />

santuário. Sentou-se na beirada da cama e olhou pela janela as estrelas brilhantes no horizonte.<br />

Invejava seu irmão. Ele encontrou prazer em seu casamento e em sua esposa. Mairin era <strong>um</strong>a mulher<br />

<strong>com</strong>o nenh<strong>um</strong>a outra.<br />

Era verdade quando disse a seu irmão que não estava pronto para o casamento. Talvez nunca<br />

estivesse. Mas não tinha escolha. Seu clã precisava dele. Seu irmão precisava dele. E nunca recusaria nada<br />

a Ewan.


Capítulo 32<br />

<strong>Na</strong>s semanas seguintes, o clima esquentou e Mairin passou tanto tempo fora do castelo quanto podia.<br />

Manteve os olhos postos no horizonte, ansiando por saber quando seu dote seria trazido por <strong>um</strong>a<br />

escolta do rei.<br />

A carta de Ewan para o rei tinha ficado sem resposta até agora, mas Mairin tinha esperança de que<br />

alg<strong>um</strong> dia ouviriam a notícia de que o dote havia sido entregue.<br />

Sua barriga tinha inchado <strong>um</strong> pouco. Não era perceptível sob as saias de seu vestido, mas à noite,<br />

nua, sob Ewan, podia ver a pequena bola que abrigava seu filho.<br />

Ewan não conseguia manter as mãos ou a boca afastadas. Acariciava e beijava cada centímetro de sua<br />

pele. Sua alegria sobre a gravidez trouxe a Mairin grande satisfação.<br />

Quando Ewan anunciou a gravidez de Mairin durante a refeição da noite, o salão irrompeu em<br />

aplausos. A notícia correu por todo o castelo e <strong>um</strong>a celebração seguiu-se, se estendendo até a noite.<br />

Sim, a vida era boa. <strong>Na</strong>da poderia estragar o dia para Mairin. Ela acariciou seu ventre, respirou o ar<br />

perf<strong>um</strong>ado, e partiu para o pátio, ansiosa para obter <strong>um</strong> visl<strong>um</strong>bre do marido em treinamento.<br />

Quando desceu a colina, olhou para cima e prendeu a respiração. Seu coração batia furiosamente,<br />

enquanto observava os cavaleiros a galope em direção ao castelo<br />

McCabe. Trazida pelo cavaleiro da frente, estava a bandeira do rei levando o brasão real.<br />

Sua pressa era imprópria, mas ela não se importava. Pegou suas saias e correu para o pátio. Ewan<br />

devia ter recebido a notícia da iminente chegada do mensageiro do rei. A notícia correu <strong>com</strong>o fogo em<br />

todo o castelo e seu clã apareceu de todos os cantos, lotando o pátio, a torre e a colina <strong>com</strong> vista para o<br />

pátio.<br />

O ar de expectativa era denso e provocou murmúrios animados.<br />

Mairin ficou para trás, apertou o lábio inferior <strong>com</strong> tanta força entre os dentes que sentiu gosto de<br />

sangue. Seus cunhados ladeavam Ewan, enquanto esperavam a chegada dos cavaleiros.<br />

O primeiro cavaleiro atravessou a ponte e puxou seu cavalo na frente do Ewan. Ele deslizou por sua<br />

montaria e fez <strong>um</strong>a saudação.<br />

— Trago <strong>um</strong>a mensagem de Sua Majestade.<br />

Ele entregou <strong>um</strong> pergaminho para Ewan. Mairin observou os cavaleiros restantes.Havia apenas <strong>um</strong>a<br />

dúzia de soldados armados, mas não havia sinal de baús ou qualquer coisa que pudesse sinalizar a<br />

chegada de seu dote.<br />

Ewan não leu imediatamente a mensagem. Ao contrário, estendeu a hospitalidade para os homens do<br />

rei. O resto desmontou e seus cavalos foram levados para os<br />

estábulos. As mulheres McCabe trouxeram refrescos para os homens quando eles se reuniram na sala<br />

para descansar de sua viagem.<br />

Ewan lhes ofereceu hospedagem para a noite, mas eles se recusaram, pois precisavam retornar ao<br />

castelo de Carlisle o mais breve possível. Mairin morria de ansiedade , esperando que Ewan abrisse a


mensagem. Somente quando o mensageiro estava a<strong>com</strong>odado, <strong>com</strong> bebida e <strong>com</strong>ida, Ewan também se<br />

sentou e desenrolou a mensagem.<br />

Ela sussurrou para Maddie buscar pena e tinta, sabendo que Ewan precisaria, se fosse necessário<br />

responder.<br />

Enquanto lia, ele apertou sua mandíbula e sua expressão tornou-se assassina. O peito de Mairin se<br />

contraiu de pavor, enquanto observava a raiva em seus olhos.<br />

Incapaz de conter-se, ela correu até ele e tocou seu ombro.<br />

— Ewan? Algo errado?<br />

— Deixe-me. - disse ele asperamente.<br />

Mairin imediatamente recuou ao ouvir o tom de fúria em sua voz. A mão dela caiu e afastouse.<br />

Ewan ergueu seu olhar para os outros e<br />

latiu <strong>um</strong>a ordem para saírem do salão.<br />

Mairin voltou-se e saiu, evitando o olhar de simpatia de Maddie, quando passava por ela.<br />

Ewan leu a mensagem, novamente, incapaz de acreditar no que estava diante de seus olhos. Ele<br />

examinou a assinatura na parte inferior, observando que era assinado pelo conselheiro mais próximo do<br />

rei, não pelo próprio rei. Ele não tinha certeza do que fazer <strong>com</strong> isso.<br />

Independentemente de saber se foi assinado pelo rei ou seu assessor, tinha o selo real e foi levado por<br />

<strong>um</strong> contingente da guarda real. Ewan foi obrigado a obedecer, apesar do fato de que as acusações eram<br />

risíveis e <strong>um</strong> insulto à sua honra.<br />

— Ewan, o que aconteceu? - Alaric perguntou.<br />

O mensageiro do rei olhou para Ewan cautelosamente enquanto deixava sua taça de lado.<br />

— Você vai escrever <strong>um</strong>a resposta, Laird?<br />

Os lábios de Ewan torceram-se e ele mal conteve a vontade de enrolar as mãos em volta do pescoço<br />

do homem. Apenas o fato de saber que não era justo matar o mensageiro o impediu de dar vazão à sua<br />

raiva.<br />

— Você pode levar a minha resposta de volta verbalmente. Diga ao nosso soberano que eu irei.<br />

O mensageiro se levantou e, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a reverência, sinalizou a seus homens e bateu em retirada.<br />

A sala estava vazia, exceto por Ewan e seus irmãos. Ele fechou os olhos e golpeou a mesa.<br />

— Ewan? – a preocupação em Caelen era evidente.<br />

— Fui convocado na corte. - Ewan <strong>com</strong>eçou. Ele ainda não podia acreditar no conteúdo da carta.<br />

— Corte? Por quê? - Alaric indagou.<br />

— Para responder a acusações de rapto e estupro. Duncan Cameron correu para o rei e afirmou que<br />

ele se casou <strong>com</strong> Mairin, cons<strong>um</strong>ou o casamento, e eu a sequestrei e abusei dela. Ele pediu o dinheiro de<br />

Mairin e agora exige o retorno de sua esposa e liberação imediata do seu dote.<br />

— O quê?<br />

Caelen e Alaric gritaram a sua indignação.


— Eu serei levado ao tribunal, onde o rei vai decidir a questão.<br />

— O que você vai fazer? - Caelen perguntou.<br />

—Estou certo de que não quero minha mulher sob o mesmo teto que Duncan Cameron. Ela vai<br />

ficar aqui sob guarda, enquanto eu viajo para a corte.<br />

— O que quer que façamos? - Alaric perguntou firmemente.<br />

— Eu preciso de vocês para vigiarem Mairin. Confio a vocês a vida dela. Vou levar <strong>um</strong> contingente<br />

de meus homens <strong>com</strong>igo, mas a maior parte do meu exército permanecerá aqui. A segurança de Mairin é<br />

primordial. Ela está mais vulnerável do que nunca, agora que carrega meu filho.<br />

— Mas, Ewan, essas acusações são graves. Se o rei não ficar ao seu lado, você vai enfrentar sanções<br />

duras. Possivelmente até mesmo <strong>um</strong>a sentença de morte, já que Mairin é sobrinha do rei. - Caelen disse. -<br />

Você precisa de mais apoio. Se deixar a maioria do seu exército aqui, ficará em desvantagem.<br />

— Talvez seria melhor se levasse Mairin <strong>com</strong> você. - Alaric silenciosamente sugeriu.<br />

— E expô-la a Cameron? - Ewan rosnou.<br />

Caelen apertou os lábios.<br />

— Gostaríamos de ir <strong>com</strong> o poder do clã McCabe atrás de nós. Podemos não ser tão grandes <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong> exército de Cameron, mas ele já sofreu <strong>um</strong>a derrota contra nós, e a julgar pela maneira <strong>com</strong>o ele<br />

encolheu o rabo e correu <strong>com</strong>o o covarde bastardo que é, que <strong>com</strong>eterá suicídio ao nos desafiar.<br />

— É muito conveniente que você seja enviado para longe, Ewan. - Alaric acrescentou. - Ele divide a<br />

nossa força. Se você vai <strong>com</strong> poucos homens, pode ser emboscado e morto em seu caminho para a<br />

corte.. Se você levar demais, deixa o castelo vulnerável, e Mairin também.<br />

Ewan considerou as palavras de Alaric. Tanto quanto lhe doía ter Mairin e Duncan Cameron no<br />

mesmo lugar, sabia que o melhor caminho não era deixar a esposa fora de sua vista.<br />

— Você está certo. Estou zangado demais para pensar claramente. - Ewan disse cansado. - Pedirei<br />

para McDonald e McLauren fornecerem tropas para proteger o castelo na nossa ausência. Mairin precisa<br />

estar perto para que eu possa protegê-la em todos os momentos. Não gosto de pensar nela viajando<br />

agora que está grávida.<br />

— Podemos ir em <strong>um</strong> ritmo mais lento e levar <strong>um</strong>a maca para que ela fique confortável. - Caelen<br />

sugeriu.<br />

Ewan balançou a cabeça e então lembrou-se de ter gritado para Mairin deixá-lo, quando ela<br />

perguntou o que estava errado. Ele estava tão furioso que precisava de <strong>um</strong> momento para processar as<br />

acusações ridículas que tinham sido feitas contra ele.<br />

— Jesus - ele murmurou. - Preciso encontrar Mairin e explicar. Devo dizer-lhe que temos de ir à<br />

corte para responder a <strong>um</strong>a intimação. O nosso futuro depende do capricho do nosso rei. Seu<br />

dote. Neamh Alainn. Meu filho. Minha esposa. Tudo poderia ser tomado em <strong>um</strong> momento.<br />

Alaric ergueu <strong>um</strong>a sobrancelha e trocou olhares <strong>com</strong> Caelen.<br />

— Você vai permitir isso?<br />

Ewan olhou para seus irmãos <strong>com</strong> toda a intensidade.


— Não. Enviarei mensagens para McLaurens, McDonald e Laird Douglas, no norte. Quero que eles<br />

estejam prontos para a guerra.<br />

Mairin caminhava no chão de seu quarto pronta para gritar sua frustração. O que a mensagem do rei<br />

dizia? Ewan ficou furioso. Ela nunca o tinha visto tão zangado, nem mesmo quando Heath a atingiu.<br />

Estava tão doente de preocupação que, pela primeira vez em duas semanas, seu estômago revirou-se e<br />

as náuseas subiram em sua garganta. Ela afundou no banquinho em frente ao fogo e segurou a taça de<br />

água que Maddie tinha trazido momentos antes. Tomou <strong>um</strong> gole do líquido em <strong>um</strong> esforço para acalmar<br />

seu estômago, mas a tensão era grande demais.<br />

Assim que a água desceu, seu estômago doeu e ela tropeçou para a bacia, vomitando o líquido.<br />

Percebeu a porta se abrindo e fechando, mas estava muito envolvida em sua miséria atual.<br />

— Ah, carinho, me desculpe.<br />

As mãos de Ewan tocaram suas costas enquanto seu estômago convulsionava-se dolorosamente.<br />

Ewan prendeu seus cabelos em sua nuca e colocou sua mão sobre seu ventre em <strong>um</strong> esforço para<br />

acalmá-la. O suor escorria de sua testa e Mairin caiu nos braços de Ewan quando finalmente parou. Ele<br />

acariciou seu cabelo e segurou-a firmemente contra ele. Deu-lhe <strong>um</strong> beijo em sua têmpora e ela sentiu a<br />

tensão através de seu corpo.<br />

Mairin virou-se, tão preocupada que por <strong>um</strong> momento teve que lutar contra o desejo de vomitar<br />

novamente.<br />

— Ewan, o que foi? - ela sussurrou. — Estou <strong>com</strong> tanto medo.<br />

Ele segurou seu rosto e olhou para ela, olhos verdes brilhando.<br />

— Desculpe-me, eu gritei <strong>com</strong> você no salão. Fiquei muito perturbado <strong>com</strong> o conteúdo da carta e<br />

joguei a minha raiva em você. Fui injusto.<br />

Mairin balançou a cabeça, sem se preocupar <strong>com</strong> sua explosão de antes. Estava claro que Ewan ficou<br />

chateado <strong>com</strong> a notícia.<br />

—Qual foi a mensagem? - ela perguntou de novo.<br />

Ewan suspirou e se inclinou para frente até que tocou sua testa .<br />

— Primeiro quero que você saiba que tudo vai ficar bem.<br />

Essa declaração só a preocupou ainda mais.<br />

— Fomos convocados à corte.<br />

Mairin franziu o cenho.<br />

— Mas por quê?<br />

— Duncan Cameron pediu seu dote antes do meu pedido ser recebido pelo rei.<br />

Sua boca se abriu.<br />

— Baseado em que?<br />

— Há mais, Mairin. - ele disse suavemente. - Ele alega que era casada, que se deitaram juntos e que eu<br />

a roubei e abusei de você.


Os olhos de Mairin se arregalaram <strong>com</strong> indignação. Sua boca abriu e fechou, enquanto ela tentava<br />

escolher <strong>um</strong>a resposta apropriada.<br />

— Quando ele descobrir que você carrega <strong>um</strong>a criança, vai afirmar que gerou o bebê.<br />

Mairin apertou o ventre, de repente, apavorada <strong>com</strong> as implicações. Ewan tinha sido convocado para<br />

responder a essas acusações. O rei decidiria o assunto. E se ele decidisse contra Ewan?<br />

A idéia de que ela seria entregue a Duncan Cameron levou-a de volta para a bacia. Ewan segurou-a,<br />

murmurando palavras de amor e confiança.<br />

Quando Mairin terminou, tomou-a nos braços e levou-a para sua cama. Embalou-a contra seu peito.<br />

Ela estava apavorada. Totalmente aterrorizada.<br />

Ewan ergueu seu queixo até seus olhares se encontrarem.<br />

— Quero que você me escute, Mairin. Não importa o que aconteça, nunca vou entregar você para<br />

Duncan Cameron. Você entende?<br />

— Você não pode ir contra o rei, Ewan. - ela sussurrou.<br />

— O inferno que não posso. Ninguém tira a minha esposa e filho de mim. Vou lutar contra o<br />

próprio Deus e tenha certeza, Mairin, eu não vou perder.<br />

Mairin colocou os braços em volta da cintura de Ewan e deitou a cabeça sobre seu peito.<br />

— Ame-me, Ewan. Abrace-me forte e me ame.<br />

Ewan rolou até ficar em cima dela, olhando em seus olhos.<br />

— Eu sempre vou amar você, Mairin. O rei e Duncan Cameron que se danem. Eu nunca vou deixar<br />

você partir.<br />

Ewan fez amor, doce e ferozmente, <strong>com</strong> ela, prolongando o prazer até Mairin ficar sem sentidos. Até<br />

que ela acreditasse nas palavras que proferiu.<br />

— Eu não vou deixá-la partir. - ele prometeu quando Mairin se desfez em seus braços. Ewan<br />

encontrou sua própria liberação e embalou-a contra seu peito, sussurrando seu amor por ela e por seu<br />

filho.


Capítulo 33<br />

— Tenho más notícias, laird. - Gannon disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a voz sombria.<br />

Não gostou do tom do seu <strong>com</strong>andante. Ewan olhou-o <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão dura enquanto Gannon<br />

caminhava em direção a ele, ainda empoeirado de sua viagem.<br />

— Você trouxe o padre McElroy? - Ewan perguntou.<br />

O tempo era essencial. Ewan tinha enviado Gannon para buscar o padre para que ele pudesse dar<br />

testemunho da cerimônia de casamento realizada por Ewan e Mairin. Eles só aguardavam a chegada do<br />

padre antes de partiram para a corte.<br />

— Ele está morto. - Gannon soltou.<br />

— Morto?<br />

— Assassinado.<br />

Blasfêmias saíram da boca de Ewan.<br />

— Quando?<br />

— Dois dias atrás. Ele estava viajando entre as terras de McLauren e as de McGregor, indo para o<br />

sul, quando foi atacado por ladrões. Deixaram-no apodrecer e ele foi descoberto por soldados<br />

McGregor no dia seguinte.<br />

Ewan fechou os olhos. Ladrões? Não era provável. Sacerdotes não tinham nada para roubar. Um<br />

ladrão não teria se in<strong>com</strong>odado. Era mais provável que Cameron tivesse assassinado o sacerdote para<br />

impedir seu testemunho perante o rei.<br />

A carta na manga que Ewan tinha era o fato de Mairin ser sobrinha de David, e <strong>com</strong> certeza ele<br />

levaria em conta o que ela dissesse. As mulheres não eram ouvidas em tais assuntos, mas Ewan não<br />

poderia imaginar o rei ignorando a palavra de seu próprio sangue.<br />

— Preparem nossos cavalos e os homens. - Ewan ordenou a seus irmãos.- Direi a Mairin que estamos<br />

saindo!<br />

Duas horas depois, <strong>com</strong> a chegada de McDonald e McLauren para fortalecer o castelo McCabe, Ewan<br />

e seus homens partiram. Mairin caminhava na frente de Ewan. Os membros do clã se reuniram para vêlos<br />

partir. A despedida foi sombria e tensa, e orações foram sussurradas pelo retorno seguro de seu laird<br />

e sua senhora.<br />

Pararam para passar a noite,armar as tendas e acender várias fogueiras em todo o perímetro. Ewan<br />

colocou guardas ao redor da área, bem <strong>com</strong>o fora de sua tenda e de Mairin. Mairin não dormiu, nem<br />

<strong>com</strong>eu bem. Estava nervosa e no limite, e quanto mais perto estavam do Castelo Carlisle, mais<br />

profundas ficavam as sombras sob seus olhos.<br />

Os homens de Ewan estavam tão tensos e em silêncio, <strong>com</strong>o se estivessem se preparando<br />

mentalmente para a guerra. Ewan não pôde contestar que eles poderiam muito bem estar indo para a<br />

guerra. Não só contra Cameron, mas contra a coroa.<br />

Tal ação poderia marcá-los <strong>com</strong>o bandidos para o resto de seus dias. A vida não tinha sido fácil para<br />

os McCabes estes últimos oito anos, mas poderia piorar muito se houvesse <strong>um</strong> preço por as suas cabeças.


No quinto dia de sua jornada, Ewan enviou Diormid à frente para anunciar a sua chegada iminente e<br />

também para descobrir se Cameron já havia chegado e o que estava acontecendo na corte.<br />

Eles fizeram <strong>um</strong>a pausa em sua viagem e Mairin <strong>com</strong>eu algo enquanto esperava o retorno de<br />

Diormid.<br />

— Não quero que você se preocupe. - Ewan murmurou.<br />

Mairin levantou a cabeça até que seus olhares se encontraram.<br />

— Eu tenho fé em você, Ewan.<br />

Ewan voltou-se quando ouviu <strong>um</strong> cavaleiro que se aproximava. Ele deixou Mairin para<br />

c<strong>um</strong>primentar Diormid que tinha retornado do castelo. Seu rosto estava sombrio.<br />

— Tenho instruções do homem do rei.Você deve deixar seus homens fora dos muros do<br />

castelo. Você e Mairin serão escoltados para dentro e Mairin será colocada sob a proteção do rei até que<br />

a situação seja resolvida. Você também terá seu próprio quarto até ser chamado para falar.<br />

— E Cameron? - Ewan exigiu.<br />

— Também está hospedado em <strong>um</strong> quarto. Mairin ficará na ala privada do rei, sob severa vigilância.<br />

Ewan nem sequer considerou o que ouviu.<br />

—Ela não se separará de mim. Ficará em meus aposentos. - virou-se para seus irmãos e seus três<br />

<strong>com</strong>andantes. — Vocês também irão me a<strong>com</strong>panhar. Haverá momentos em que deverei deixar Mairin<br />

para falar <strong>com</strong> o nosso rei, e não quero vê-la sem proteção.<br />

— Sim, laird. Vamos guardá-la <strong>com</strong> nossas vidas. - prometeu Gannon.<br />

Eles montaram, seguiram para o castelo e quando se aproximaram, foram recebidos por <strong>um</strong> pequeno<br />

contingente de soldados do rei que os escoltou até o castelo.<br />

No lado leste das muralhas, os homens de Cameron montaram acampamento, suas tendas e insígnias<br />

esvoaçando ao vento. Ewan fez <strong>um</strong> sinal para seus homens montarem o acampamento no lado ocidental<br />

e os instruiu para manterem-se alertas.<br />

Quando seus homens partiram, apenas Ewan, Mairin, Caelen e Alaric, e três <strong>com</strong>andantes de Ewanm,<br />

responsáveis pela segurança de Mairin foram deixados.<br />

Desceram a longa ponte sobre o fosso e seguiram através da arqueada passagem de pedra que<br />

conduzia para o pátio. Muitos pararam ao ver Ewan e os seus homens chegarem. Quando o homem de<br />

armas do rei revistou os recém-chegados, c<strong>um</strong>primentou Ewan <strong>com</strong> <strong>um</strong>a carranca. Ewan baixou Mairin<br />

até Alaric e depois desceu da sela e puxou a esposa para o seu lado.<br />

— Estou aqui para escoltar a Senhora para seus aposentos. - o homem de armas disse enquanto se<br />

aproximava.<br />

Ewan desembainhou a espada e apontou-a para o homem, que estacou.<br />

— Minha esposa fica <strong>com</strong>igo.<br />

— O rei já decidiu sobre o assunto.<br />

— Não importa. Minha mulher não vai sair da minha vista. Estamos entendidos?<br />

O soldado franziu a testa.


— O rei saberá disso.<br />

— Espero que sim. Você pode também dizer-lhe que a minha esposa está grávida, e que viajou <strong>um</strong><br />

longo caminho para esta farsa. Não estou feliz por tê-la tirado de nossa casa nestas circunstâncias.<br />

— Levarei, naturalmente, a sua mensagem até Sua Majestade. - o soldado voltou-se rigidamente.<br />

Ele se virou e fez sinal para várias mulheres que estavam aguardando ordens.<br />

— Certifiquem-se de que Laird McCabe e seus homens sejam alojados em seus quartos e lhes<br />

ofereçam <strong>um</strong> refresco após a sua viagem.<br />

Ewan conduziu Mairin até a ala que abrigava os quartos reservados para os hóspedes. Os demais<br />

foram encaminhados até <strong>um</strong> salão onde havia <strong>um</strong>a série de camas. Quando chegaram ao quarto, Ewan<br />

puxou-a para seus braços e deitou-a na cama.<br />

— Descanse, carinho. Devemos estar preparados e fortes durante a nossa estadia aqui.<br />

— O que vamos fazer, Ewan? - perguntou ela contra o seu pescoço. —Não quero ficar na corte. Não<br />

tenho elegância para participar do jantar. Não posso fingir indiferença, quando a própria ideia de<br />

partilhar <strong>um</strong>a refeição na mesma mesa que Duncan Cameron me deixa doente.<br />

— Temos que agir <strong>com</strong>o se estivéssemos certos. Escondendo-se, as pessoas dirão que fizemos algo<br />

errado. Se evitarmos Duncan Cameron, as pessoas vão dizer que nós o tememos.<br />

Ewan acariciou a face de Mairin e olhou em seus olhos.<br />

— Devemos estar atentos e não permitir que se pense nem por <strong>um</strong> momento que as acusações que<br />

Cameron lançou são verdadeiras. Se eu conseguir <strong>um</strong>a audiência <strong>com</strong> o rei em breve, tenho fé que tudo<br />

isto será esclarecido e poderemos voltar para<br />

casa.<br />

— Eu entendo. - disse ela calmamente.<br />

Mairin se aconchegou nos seus braços e bocejou. Ewan beijou sua testa e pediu a ela que dormisse. A<br />

viagem a tinha cansado demais. Mairin precisaria de sua força para o que estava por vir.<br />

Uma batida soou na porta do quarto e Ewan despertou do sono. Mairin ainda estava dormindo<br />

profundamente, <strong>com</strong> o rosto enfiado em seu pescoço. Delicadamente, ele próprio a afastou e levantouse,<br />

vestindo sua túnica.<br />

Quando abriu a porta, <strong>um</strong> servo inclinou-se e estendeu <strong>um</strong>a bandeja <strong>com</strong> <strong>um</strong> rolo em cima. Ewan<br />

pegou o rolo e acenou para o servo.<br />

Ele levou a mensagem para o interior do quarto e se sentou na mesa pequena, onde <strong>um</strong>a vela<br />

tremeluzia, lançando sombras na parede. Desenrolou e leu a convocação. Deveria jantar <strong>com</strong> o rei no<br />

grande salão.<br />

Ewan olhou para Mairin, que tinha suc<strong>um</strong>bido à sua exaustão. Não queria que ela suportasse as<br />

tensões de <strong>um</strong>a refeição em que Cameron provavelmente estaria presente, mas também era importante<br />

que ela aparecesse em público e mostrasse que não havia nada de errado. Mairin era sua esposa. Sua<br />

amada esposa. Ela carregava seu filho. O rei e seus assessores precisavam vê-la para <strong>com</strong>preender as<br />

absurdas acusações contra Ewan.


Com <strong>um</strong> suspiro ele foi acordá-la. Ewan não tinha jóias para adorná-la, mas o brilho de sua beleza<br />

era muito mais intenso que qualquer outra riqueza. Seu vestido era simples, <strong>um</strong> que as mulheres<br />

costuraram às pressas quando foram avisadas sobre a viagem até a corte.<br />

Uma criada ajudou Mairin a arr<strong>um</strong>ar os cabelos, fazendo <strong>um</strong>a trança e depois a enrolando acima de<br />

sua cabeça. A criada estava saindo do quarto, mas Mairin segurou-a pela mão.<br />

— É impróprio para <strong>um</strong>a mulher casada mostrar seu cabelo na corte, e eu sou casada <strong>com</strong> Laird<br />

McCabe. Por favor, coloque <strong>um</strong>a touca em torno de meu cabelo.<br />

Ewan sentiu <strong>um</strong>a onda de orgulho pela forma <strong>com</strong>o sua esposa falou, mesmo sabendo que Mairin<br />

estava <strong>com</strong> medo. Quando a criada terminou, Mairin levantou-se e virou-se para o marido.<br />

— Você está pronto para escoltar-me para jantar, laird?<br />

—Sim, esposa.<br />

Ewan tomou sua mão, enfiou-a debaixo do braço, e a cobriu <strong>com</strong> a outra, enquanto a guiava para<br />

fora do quarto. Seus irmãos esperavam no corredor <strong>com</strong> Gannon, Cormac e Diormid. Eles ofereciam<br />

<strong>um</strong>a visão impressionante, passando pelos corredores do castelo em direção ao grande salão. De fato,<br />

quando entraram na sala, a conversa silenciou-se e todos se voltaram para ver a entrada de Ewan.<br />

Quando Ewan levou sua esposa em direção à mesa no alto da tribuna, murmúrios ergueram-se e<br />

correram, de mesa em mesa. Mairin ficou rígida contra ele, seu queixo erguido. Seus olhos se estreitaram<br />

e <strong>um</strong>a calma profunda transparecia em suas feições. Como no dia de seu casamento quando ela entrou<br />

no salão <strong>com</strong> ares de <strong>um</strong>a princesa, agora caminhava ao lado de Ewan, deixando-se guiar pelo marido<br />

em direção a seus lugares.<br />

Outro burburinho cresceu, desta vez mais alto, e Ewan voltou-se para ver Duncan Cameron<br />

caminhando em direção a eles, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a expressão selvagem no rosto. Ewan colocou Mairin atrás dele e<br />

seus irmãos deram <strong>um</strong> passo à frente, mas Cameron parou e caiu de joelhos aos pés de Mairin.<br />

— Minha senhora esposa, finalmente. Depois de tantos meses, eu achei que jamais a veria novamente.<br />

Mairin recuou, afastando-se de Cameron e segurando a mão de Ewan ainda mais forte. Ewan viu a<br />

especulação e a simpatia que a rejeição de Mairin inspirou no salão lotado. Cameron estava se fazendo<br />

de vítima e obviamente ganhou o apoio de muitos, h<strong>um</strong>ilhando-se aos pés de Mairin.<br />

Cameron se levantou, <strong>com</strong> a tristeza gravada nas linhas do seu rosto. O homem era <strong>um</strong> ótimo ator.<br />

Ainda conseguiu aparentar palidez quando se retirou, fingindo estar derrotado, para tomar o seu lugar<br />

no outro lado da mesa.<br />

Ewan e Mairin ainda não tinham se sentado quando a trombeta soou, anunciando a chegada do<br />

rei. Todos se levantaram e voltaram sua atenção para a porta, mas não era o rei David que entrou. Eram<br />

seus assessores mais próximos, incluindo o primo do rei, Archibald, que havia emitido a convocação<br />

para Ewan.<br />

Archibald pomposamente, tomou o lugar normalmente reservado para o rei. Primeiro olhou para<br />

Duncan Cameron e depois voltou os olhos para Ewan antes<br />

de deslizar para Mairin, à direita de Ewan.<br />

— Espero que sua viagem não tenha sido muito cansativa, Lady Mairin.Ouvimos falar que espera<br />

<strong>um</strong>a criança.


Ela se inclinou recatadamente.<br />

— Eu agradeço a sua preocupação, meu senhor. Meu marido tem cuidado muito bem de mim.<br />

— Onde está o rei?- Ewan perguntou sem rodeios.<br />

Archibald não gostou da perguntou . Seus olhos se estreitaram, enquanto olhava para Ewan.<br />

— O rei tem outros assuntos para atender esta noite.<br />

Voltou-se e dirigiu-se para as pessoas sentadas nas mesas.<br />

— Vamos <strong>com</strong>er. - anunciou.<br />

Os servos que aguardavam encostados na parede <strong>com</strong>eçaram a se mover, enchendo taças de vinho e<br />

servindo pratos de alimentos. O aroma era tentador e as bandejas generosas.<br />

— Coma. - Ewan sussurrou para Mairin. —Você deve manter suas forças.<br />

Ewan e a presença de Duncan na mesma mesa tornaram a tensão tão forte que o restante dos nobres<br />

sentados ao redor deles permaneceu em silêncio. Archibald não sofreu nenh<strong>um</strong> dos efeitos e <strong>com</strong>eu<br />

fartamente o frango assado.<br />

Ewan estava pronto para terminar <strong>com</strong> a refeição, para que ele e Mairin pudessem se dirigir a seus<br />

aposentos, mas Archibald manteve <strong>um</strong> fluxo constante de cansativas conversas que fizeram doer a<br />

cabeça do laird.<br />

Ele não tinha paciência para jogos de cortesãos. Todo mundo sabia por que ele e seus homens<br />

estavam lá e o ar estava carregado de antecipação sobre o confronto que poderia ocorrer.<br />

— O rei está pensando sobre o assunto. - disse Archibald, finalmente, se recostando na cadeira. —<br />

Ele tem a intenção de convocar vocês dois amanhã. Entende que este é <strong>um</strong> momento estressante para<br />

Lady Mairin e não é saudável para <strong>um</strong>a mulher em sua condição delicada sofrer tantas pressões.<br />

— O nome dela é Lady McCabe. - corrigiu Ewan.<br />

Archibald arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Sim, bem, essa parece ser a questão.Sua Majestade vai decidir sobre este assunto amanhã.<br />

— Nesse caso, se me desculpar, meu senhor, levarei minha esposa de volta ao nosso quarto para que<br />

ela possa descansar.<br />

Archibald acenou <strong>com</strong> a mão.<br />

— Por favor. Sei que isto deve ser <strong>um</strong>a provação para ela.<br />

Ewan levantou-se e, em seguida, ajudou Mairin a ficar de pé. Novamente ela irradiava <strong>um</strong> ar de<br />

nobreza. Passou por cada mesa,<strong>com</strong> a cabeça erguida, até que muitas das pessoas que a observavam<br />

evitaram seu olhar,desconfortáveis.<br />

— Você esteve bem. - Ewan murmurou. — Isso terminará amanhã e poderemos voltar para casa.<br />

— Eu espero que você esteja certo, Ewan. - disse ansiosamente, quando ele fechou a porta de seu<br />

quarto. —Duncan Cameron me deixou inquieta. Ele estava muito calmo. E não gosto do homem do rei.<br />

- ela disse sem rodeios. —Eu tratarei deste assunto somente <strong>com</strong> meu tio, o rei. Ouvi dizer que ele é <strong>um</strong><br />

homem leal e religioso, <strong>com</strong>o foi o meu pai.Certamente fará <strong>um</strong> julgamento justo, conforme a vontade<br />

de Deus.


Ewan não acreditava na piedade dos homens e sua vontade de agir de acordo <strong>com</strong> as leis de Deus,<br />

mas não disse isso para Mairin. Queria que ela continuasse a ter fé. Mas estava silenciosamente se<br />

preparando para o pior.<br />

<strong>Na</strong> manhã seguinte, Ewan levantou-se antes do amanhecer. Olhou ao redor do quarto, esperando,<br />

preocupado.Conversou <strong>com</strong> seus irmãos logo após Mairin adormecer e planejaram todas as saídas.<br />

Uma batida soou na porta e Ewan foi rapidamente atender para não acordar Mairin. Um dos guardas<br />

do rei estava do lado de fora.<br />

— Sua Majestade pediu a presença de Lady Mairin em seus aposentos. Ele enviará <strong>um</strong> guarda para ela<br />

em <strong>um</strong>a hora.<br />

Ewan franziu o cenho.<br />

— Ela vai ser bem cuidada, Laird.<br />

— Eu sou o responsável por sua segurança. - Ewan disse ameaçadoramente.<br />

O guarda acenou <strong>com</strong> a cabeça e depois partiu pelo corredor.<br />

— Ewan?<br />

Ewan voltou-se para ver Mairin apoiada sobre o cotovelo, <strong>com</strong> os cabelos sobre os ombros.<br />

— O que está acontecendo?<br />

Ewan atravessou o quarto e sentou-se na beirada da cama. Incapaz de resistir, passou a mão ao longo<br />

de seu corpo e acariciou seu ventre.<br />

—Nosso filho já se move?<br />

Mairin sorriu e colocou sua mão sobre a dele.<br />

— É apenas <strong>um</strong>a vibração, quase <strong>com</strong>o <strong>um</strong> roçar sobre a minha pele. Mas sim, eu posso senti-lo.<br />

Ewan empurrou para cima sua camisola até ver a pele era nua. Inclinou-se e colocou a boca sobre a<br />

curva de sua barriga. O ventre estava firme, <strong>um</strong>a evidência de que ela abrigava a criança dentro de seu<br />

corpo. Ewan tinha certeza que nunca havia visto <strong>um</strong> espetáculo mais bonito.Estava cativado e<br />

totalmente em transe. Poderia passar horas apreciando a pele suave e sedosa e a beleza da mulher que<br />

carregava seu filho.<br />

Os dedos de Mairin tocaram os cabelos longos de Ewan quando ele beijou seu <strong>um</strong>bigo.<br />

— O que o mensageiro disse? - ela perguntou em voz baixa.<br />

Ewan levantou a cabeça e olhou em seus olhos.<br />

— Ele a convocou ao quarto do rei, em <strong>um</strong>a hora. Está enviando <strong>um</strong> guarda para a<strong>com</strong>panhá-la e<br />

então vai me atender no grande salão.<br />

O nervosismo tremulava nos olhos dela e os lábios se apertaram n<strong>um</strong>a linha fina. Mairin ficou tensa<br />

sob a mão que repousava sobre sua barriga e Ewan <strong>com</strong>eçou acariciá-la, para aliviar <strong>um</strong> pouco a tensão.<br />

—Eu não acho que ele fará qualquer mal a você, carinho. É sua sobrinha, o seu sangue. Não garantir<br />

sua segurança pode colocá-lo n<strong>um</strong>a posição delicada. Sua situação é muito frágil <strong>com</strong> a ameaça de<br />

Malcolm e de seus seguidores, para colocar tudo a perder.<br />

Mairin se inclinou e segurou o queixo do marido. Seus dedos roçaram as maçãs do rosto.


— Você sempre sabe exatamente o que dizer. Eu te amo por isso, meu poderoso guerreiro.<br />

Ele virou-se até sua boca deslizar sobre a palma da mão e depositou <strong>um</strong> beijo na pele macia.<br />

— E eu te amo. Lembre-se disso.<br />

— Chame <strong>um</strong>a criada. Vou precisar de ajuda se quiser estar pronta para ver o rei em <strong>um</strong>a hora. -<br />

disse ela <strong>com</strong> <strong>um</strong>a careta.<br />

Ewan se levantou e ajudou-a a sair da cama.<br />

— Vou chamá-la.<br />

Mairin ficou ao seu lado e ergueu o rosto, para olhá-lo no fundo dos olhos.<br />

— Prometa-me que vamos resolver logo esse assunto. Preciso estar em casa, <strong>com</strong> o meu clã.<br />

— Você tem minha palavra.


Capítulo 34<br />

Mairin andou pelo corredor, cercada por quatro guardas. Estava mais nervosa a cada minuto <strong>com</strong> a<br />

ideia de ficar cara a cara <strong>com</strong> seu tio. Estava preparada para defender Ewan e dizer-lhe tudo o que<br />

Duncan tinha feito. Depois de ouvir o que tinha a dizer, o rei não poderia ficar a favor de Cameron.<br />

O guarda bateu e a porta foi aberta por Archibald, que a convidou para entrar. Ele sorriu, pegou a<br />

mão de Mairin e guiou-a para <strong>um</strong>a cadeira confortável na sala de estar luxuosamente decorada.<br />

— Receio que o rei não virá hoje. - ele disse suavemente. — Ele foi forçado a se recolher e transmite<br />

suas mais profundas desculpas por não falar <strong>com</strong> você em particular, <strong>com</strong>o esperava. Agirei em seu<br />

nome e julgarei o assunto em nome da coroa.<br />

O alarme soou no peito de Mairin quando ela se sentou de forma mais confortável na cadeira. Suas<br />

mãos tremiam e as escondeu nas dobras de suas saias, de modo a não trair seu mal-estar.<br />

— Espero que a doença de Sua Majestade não seja grave. - disse ela educadamente. —Tinha<br />

esperança de conhecer meu único parente de sangue.<br />

— Isso não é inteiramente correto. - disse Archibald. - Sou o primo do rei, de modo que também<br />

estamos ligados pelo sangue.<br />

— Sim, é claro. - ela murmurou.<br />

— Gostaria de pedir que aguarde aqui, prima, até que seja convocada para o grande salão. Eu, é<br />

claro, proporcionarei-lhe <strong>um</strong> refresco,durante o seu confinamento.<br />

A referência casual ao confinamento fez os cabelos na nuca de Mairin se arrepiarem. Ainda assim, ele<br />

parecia genuinamente preocupado <strong>com</strong> seu bem-estar. Então, ela sorriu e agradeceu.<br />

— Gostaria de falar <strong>com</strong> você sobre o assunto, se me permitir, meu senhor.<br />

Ele bateu, de leve, no braço de Mairin.<br />

— Não é necessário, querida. Certamente tenho bastante experiência e ouvirei os dois senhores. Eu<br />

lhe asseguro, serei justo.<br />

Ela teve que se segurar para não discutir. A última coisa que queria era a ira do homem que tinha sua<br />

vida em suas mãos.<br />

— Agora, se me desculpar, devo seguir para o grande salão e convocar os lairds para falarem. Eu,<br />

claro, a chamarei no momento certo.<br />

Mairin balançou a cabeça e apertou as mãos em seu colo. Quando o primo do rei saiu da sala, ela<br />

sussurrou <strong>um</strong>a fervorosa oração pedindo que a justiça prevalecesse.<br />

Ewan ficou fora do grande salão <strong>com</strong> seus irmãos e seus <strong>com</strong>andantes, aguardando a convocação.<br />

Logo à frente, estava Duncan Cameron <strong>com</strong> seus homens. Ewan se segurou para não lançar-se sobre o<br />

homem e matá-lo ali mesmo. Cameron foi chamado primeiro e passou por Ewan <strong>com</strong> <strong>um</strong> olhar de<br />

satisfação presunçosa. Não foi apenas o ar de superioridade que in<strong>com</strong>odou Ewan. Foi a suprema<br />

confiança em seu jeito de olhar. Cameron era <strong>um</strong> homem que não temia o resultado da audiência de<br />

hoje.<br />

Caelen colocou a mão no ombro de Ewan.


— Não importa o que aconteça, estamos <strong>com</strong> você, Ewan.<br />

Ewan assentiu,e em seguida, murmurou em voz baixa para que somente seus irmãos pudessem<br />

ouvir.<br />

— Se as coisas forem mal, quero que vocês deixem a audiência, encontrem Mairin e levem-na embora<br />

do castelo. Sua segurança é a coisa mais importante. Tudo o que vocês precisarem fazer para protegê-la,<br />

façam.<br />

Alaric acenou, confirmando sua ordem.<br />

Em seguida, Ewan foi chamado para apresentar-se no salão. Quando ele entrou, ficou ombro a<br />

ombro <strong>com</strong> os irmãos atrás dele. Sabia que seus guerreiros pareciam impressionantes. Eram maiores,<br />

mais musculosos, mais ferozes que qualquer outro guerreiro no salão.<br />

Eles seguiram pelo caminho aberto no meio do salão até o estrado onde Archibald sentou-se. No<br />

trono de David. O salão estava repleto de pessoas, todas insaciavelmente curiosas para saber <strong>com</strong>o o rei<br />

julgaria a questão.<br />

Murmúrios animados saudaram a entrada de Ewan, seus irmãos e seus <strong>com</strong>andantes. <strong>Na</strong> frente do<br />

povo reunido, Ewan ficou no lado esquerdo e Cameron à direita, esperando a chegada de David.<br />

Mas, em vez da chegada do rei, os soldados encheram a sala, cercando o caminho para o estrado. Mais<br />

soldados chegaram em torno da plataforma e de pé em <strong>um</strong>a linha na frente de Archibald.<br />

Ewan franziu o cenho. Era <strong>com</strong>o se eles esperassem <strong>um</strong>a batalha.<br />

E, em seguida, sua esposa entrou no salão, ladeada por soldados de David. Ela lentamente fez seu<br />

caminho até o corredor em direção ao palanque, onde estava Archibald. Ele gesticulou para que Mairin<br />

tomasse a posição ao seu lado direito e ela graciosamente sentou-se. Seu olhar encontrou Ewan<br />

instantaneamente, e ninguém na sala poderia ignorar o lâmpejo de emoção que brilhou <strong>com</strong>o <strong>um</strong><br />

relâmpago entre eles.<br />

Archibald ergueu as mãos e se dirigiu à multidão reunida.<br />

— Sua Majestade, o rei David, está indisposto hoje. Ele está doente e nossas orações devem estar<br />

<strong>com</strong> o nosso rei. Ele pediu que eu presidisse a audiência de hoje e que a minha palavra deve ser recebida<br />

<strong>com</strong>o a sua.<br />

Ewan virou-se bruscamente para seus irmãos para ver a incredulidade gravada em seus rostos. Algo<br />

estava errado. Estava tudo errado. Ewan apertou seu punho e olhou para Duncan, que só tinha olhos<br />

para Mairin.<br />

— Laird Cameron, você fez sérias acusações contra Laird McCabe. Venha para a frente. Gostaria de<br />

ouvir todas, desde o início.<br />

Duncan caminhou <strong>com</strong> confiança em direção ao palanque e se curvou diante de Lord Archibald.<br />

— Mairin Stuart chegou ao castelo Cameron vinda da abadia Kilkirken, onde nos casamos diante do<br />

padre que atendeu as almas de meu clã por dois anos. Tenho <strong>um</strong>a carta escrita por ele ao rei que<br />

<strong>com</strong>prova esse fato.<br />

Os olhos de Ewan se estreitaram de indignação ao ver que <strong>um</strong> homem de Deus teria participado<br />

desse engano. Duncan entregou o pergaminho a Archibald, que desenrolou e leu.


— Nosso casamento foi cons<strong>um</strong>ado. - Duncan puxou da bolsa que estava pendurada ao seu lado o<br />

lençol que continha a mancha de sangue de Mairin. — Ofereço esta prova.<br />

Ewan cerrou os punhos <strong>com</strong> raiva. Sim, o sangue era o de Mairin. Era o lençol que Ewan entregou<br />

ao homem de Cameron para levá-lo de volta a seu laird, a prova de que o casamento havia sido<br />

cons<strong>um</strong>ado.<br />

Archibald virou-se para Mairin, cujo rosto estava tão pálido <strong>com</strong>o a morte, o olhar preso ao<br />

lençol. Ela olhou para Ewan, confusa, e Ewan fechou os olhos.<br />

— Você pode atestar o fato de que o sangue no lençol é seu, Lady Mairin? Você reconhece a roupa?<br />

Suas faces se avermelharam e ela olhou para Lord Archibald, claramente insegura quanto a <strong>com</strong>o<br />

proceder.<br />

— Quero a sua resposta. - Archibald solicitou.<br />

—Sim. - ela disse, <strong>com</strong> voz embargada. – É meu sangue, mas este não é o lençol de Duncan<br />

Cameron. Foi tirado do leito de ...<br />

— Isso é tudo que preciso saber. - disse Archibald, erguendo a mão no ar para silenciar Mairin. —<br />

Precisava de <strong>um</strong>a resposta, nada mais. Fique em silêncio até eu lhe dar permissão para falar novamente.<br />

Ewan sentiu <strong>um</strong>a fúria subir por seu peito, fervendo, pela forma <strong>com</strong>o Archibald dirigia-se a<br />

Mairin. Ele mostrou flagrante desrespeito por ela, tanto <strong>com</strong>o esposa de <strong>um</strong> laird, <strong>com</strong>o sobrinha do rei.<br />

Mairin olhou <strong>com</strong>o se fosse dizer algo, mas Ewan rapidamente balançou a cabeça. Ele não tinha<br />

nenh<strong>um</strong> desejo de vê-la ser punida por falar na corte do rei. A punição para tal coisa era pesada, e mais<br />

ainda quando <strong>um</strong>a mulher se atrevia a falar sem permissão.<br />

Ela mordeu o lábio e desviou o olhar, mas não antes de Ewan ver a raiva brilhando neles.<br />

— O que aconteceu depois? - Archibald perguntou a Cameron.<br />

—Poucos dias após meu casamento <strong>com</strong> Lady Mairin, ela foi sequestrada do meu castelo por homens<br />

sob ordens de Laird McCabe. Ela foi levada e aprisionada nas terras McCabe. A criança que ela carrega é<br />

minha. Laird McCabe não tem direitos sobre ela. Nosso casamento é válido. Ele a manteve prisioneira e<br />

forçou-a contra a sua vontade. Peço a intervenção de Sua Majestade para que a minha esposa e meu filho<br />

sejam devolvidos a mim e seu dote liberado <strong>com</strong>o solicitado na minha missiva ao rei informando-o de<br />

nosso casamento.<br />

Mairin engasgou <strong>com</strong> as acusações que saíram dos lábios de Duncan. Ewan avançou, mas Caelen<br />

agarrou seu braço e segurou-o.<br />

— Primo, por favor. - implorou Mairin. - Deixe-me falar.<br />

— Silêncio! - Archibald rugiu. - Se você não consegue segurar a língua, mulher, será retirada deste<br />

salão.<br />

Ele se virou para Duncan.<br />

— Você tem testemunhas que apóiam sua versão sobre o que aconteceu?<br />

— Você tem a declaração do padre que nos casou. Que antecede qualquer reclamação que Laird<br />

McCabe faz sobre Mairin, de seu dote, ou de suas terras.<br />

Archibald assentiu <strong>com</strong> a cabeça e depois voltou seu olhar frio para Ewan.


— O que você diz sobre essas reivindicações, Laird McCabe?<br />

— É <strong>um</strong> monte de merda, <strong>com</strong>pleta e absoluta. - Ewan disse calmamente.<br />

As sobrancelhas Archibald se juntaram e suas faces se avermelharam.<br />

— Vai usar <strong>um</strong>a linguagem civilizada, Laird. Você não falaria desta forma <strong>com</strong> o rei e não vai falar<br />

assim na minha presença .<br />

— Eu só posso falar a verdade, meu senhor. Laird Cameron mente. Ele roubou Mairin Stuart da<br />

abadia onde estava escondida nos últimos dez anos. Quando ela se recusou a se casar <strong>com</strong> ele, a<br />

espancou tanto que ela mal conseguiu andar por dias e teve contusões por <strong>um</strong>a quinzena inteira.<br />

O salão vibrou em <strong>um</strong>a série de murmúrios. O burburinho ergueu-se e ficou mais alto, até que<br />

Archibald gritou.<br />

— Que provas você tem a oferecer? - Archibald perguntou.<br />

— Eu vi os hematomas. Vi o medo nos olhos dela quando chegou à minha terra, medo que eu a<br />

tratasse <strong>com</strong>o foi tratada por Cameron. Meu irmão Alaric cuidou dela em <strong>um</strong>a viagem de três dias<br />

depois que ela fugiu das garras de Cameron, até chegar nas terras McCabe. Ele também viu as contusões<br />

e testemunhou a dor da moça. Nós nos casamos alguns dias depois de sua chegada. Mairin veio ao meu<br />

leito pura e seu sangue virgem foi derramado em meu lençol, o mesmo que Cameron ofereceu a você<br />

<strong>com</strong>o prova hoje. A criança que ela carrega é minha. Ela não conheceu nenh<strong>um</strong> outro homem.<br />

Archibald se recostou em seu assento, seus dedos apertados, enquanto inspecionava os dois homens<br />

na frente dele.<br />

— Você dá <strong>um</strong>a versão muito diferente de Laird Cameron. Há testemunhas que possam falar quanto<br />

à veracidade de suas palavras?<br />

Ewan explodiu, em <strong>um</strong> rosnado.<br />

— Contei a você apenas a verdade. Não preciso de testemunha para provar o que digo. Se você<br />

quiser perguntar a alguém, pergunte à minha esposa. Ela irá dizer exatamente o que eu lhe disse.<br />

— Gostaria de falar, meu senhor.<br />

Ewan voltou-se, surpreso ao ver Diormid dar <strong>um</strong> passo a frente, seu olhar focado em Lord<br />

Archibald.<br />

— E quem é você? - Archibald exigiu.<br />

— Eu sou Diormid. Tenho estado sob as ordens de Laird McCabe por cinco anos. Estou entre os<br />

seus homens de maior confiança e eu mesmo estava carregado da segurança de Lady Mairin em muitas<br />

ocasiões, depois de sua chegada nas terras dos McCabe.<br />

— Muito bem, diga o que tem para contar.<br />

Ewan olhou para Gannon, que balançou a cabeça em silêncio. Diormid deu <strong>um</strong> passo à frente. Ewan<br />

havia instruído para que ninguém dissesse ou fizesse nada durante a audiência.<br />

— Não tenho conhecimento do que aconteceu antes de Lady Mairin chegar nas terras McCabe. Só<br />

posso falar quanto ao que aconteceu depois. <strong>Na</strong> verdade ela foi extremamente maltratada nas mãos de<br />

Laird McCabe. Ele a guardava zelosamente e ela era muito infeliz durante o tempo que ficou no castelo<br />

McCabe. Testemunhei suas lágrimas em mais de <strong>um</strong>a ocasião.


Um suspiro ecoou da multidão. Ewan viu <strong>um</strong>a névoa vermelha erguer-se em frente a seus olhos. A<br />

raiva o atingiu <strong>com</strong> <strong>um</strong>a força brutal. Ele nunca quis matar outro homem, tanto quanto quis matar<br />

Diormid naquele momento.<br />

Seus irmãos estavam igualmente furiosos. Gannon e Cormac olharam horrorizados a fala calma de<br />

Diormid e suas mentiras descaradas.<br />

— Durante o tempo em que ela esteve em McCabe, foi atingida por <strong>um</strong> arqueiro e<br />

envenenada. Quase morreu. Também não podemos esquecer que o padre chamado para realizar a<br />

cerimônia de casamento do laird e Lady Mairin morreu em circunstâncias suspeitas, menos de duas<br />

semanas atrás.<br />

Ewan não aguentava mais. Seu rugido sacudiu toda a sala quando ele pulou em Diormid. Mairin<br />

gritou seu nome. Seus irmãos saltaram para segurá-lo. O caos reinou enquanto soldados do rei<br />

avançavam para separar os dois homens. Foram precisos sete guardas para afastar Ewan de Diormid.<br />

— Como pôde nos trair dessa maneira? - Ewan perguntou assim que foi afastado de Diormid. -<br />

Como pode estar diante de Deus e do rei e dar falso testemunho de eventos que você sabe serem<br />

mentira? Que Diabo o leve para o inferno por este pecado. Você me traiu. Você traiu Lady<br />

McCabe. Você traiu seu clã. E para quê? Um pouco das moedas de Duncan Cameron?<br />

Diormid se recusou a olhar para Ewan. Limpou o sangue de sua boca e voltou o rosto para<br />

Archibald.<br />

— É <strong>com</strong>o eu disse, Deus é minha testemunha.<br />

— Você está mentindo! - Ewan rugiu.<br />

Duncan Cameron moveu-se para ficar ao lado de Mairin. Ela cobriu a boca <strong>com</strong> a mão,chocada.<br />

— Isso é preocupante. — declarou Archibald. - Você vai se conter, Laird McCabe, ou vou ter que<br />

enviá-lo para o calabouço.<br />

Quando Duncan pôs a mão no ombro de Mairin, Ewan irrompeu novamente.<br />

— Você não vai tocá-la!<br />

— Eu irei proteger minha esposa de sua ira, Laird McCabe. - Duncan disse— Archibald, permita-me<br />

levá-la daqui.<br />

Archibald ergueu a mão.<br />

— Eu acredito que já ouvi o suficiente para julgar este assunto. E julgo em favor de Laird<br />

Cameron. Ele é livre para tomar sua esposa e voltar para suas terras. O dote ficará confiado a coroa até<br />

Mairin Stuart ser levada por Laird Cameron para suas terras.<br />

Um grito soou do outro lado da sala enquanto Mairin se atirava a seus pés.<br />

— Não!<br />

Ewan estava em estado de choque. Um homem a quem tinha confiado sua própria vida, a vida de<br />

Mairin, tinha traído todos eles do jeito mais cruel possível.Também era evidente que Ewan nunca teve<br />

<strong>um</strong>a única chance desde o início. Archibald estava aliado a Duncan Cameron. O que não estava claro era<br />

se o rei também se aliou a Cameron, ou se Archibald corajosamente conspirava contra seu primo.


— Meu senhor, por favor me ouça. - soluçou Mairin. —Não é verdade. <strong>Na</strong>da disso é verdade! Meu<br />

marido é Laird McCabe!<br />

— Silêncio, mulher! - Duncan rugiu. Empurrou Mairin <strong>com</strong> tanta força que ela caiu sobre <strong>um</strong>a<br />

cadeira e depois no chão. — Ela está perturbada e não pensa claramente, meu senhor. Por favor, perdoe<br />

sua impertinência. Falarei <strong>com</strong> ela mais tarde.<br />

Ewan não pôde ser contido. Quando viu Cameron atingir Mairin, ele foi à loucura. Atravessou toda a<br />

sala, acertando Duncan no peito. Os dois homens rolaram no chão e mais <strong>um</strong>a vez o caos reinou.<br />

Desta vez, seus irmãos não fizaram nada para detê-lo. Eles estavam lutando sua própria batalha<br />

contra a guarda do rei. Uma batalha que não esperavam vencer. Eles estavam em grande desvantagem<br />

n<strong>um</strong>érica. Sem as suas espadas, ficavam em <strong>um</strong>a desvantagem ainda maior.<br />

Quatro soldados tiraram Ewan de cima de Duncan. Eles puxaram seus braços para trás e<br />

pressionaram seu rosto contra o chão. Mairin voou para o lado dele e ajoelhou-se, tocando-o. Lágrimas<br />

deslizavam livremente por seu rosto.<br />

— Prendam Laird McCabe! - Archibald ordenou. — E seus homens. Laird Cameron, pegue sua<br />

mulher e saia daqui.<br />

Duncan inclinou-se e agarrou Mairin pelos cabelos, puxando-a para cima. Ela lutou <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a<br />

selvagem e Ewan rugiu sua fúria quando se soltou e tentou atacar Duncan novamente.<br />

Os soldados o agarraram, segurando-o, mesmo que lutasse violentamente contra eles.<br />

Mairin estava sendo levada para fora, <strong>com</strong> os olhos cheios de lágrimas, os braços estendidos para<br />

Ewan.<br />

— Mairin! - Ewan chamou <strong>com</strong> voz rouca. — Escute-me. Sobreviva. Você deve sobreviver! Suporte.<br />

Não importa o que aconteça, suporte. Você deve sobreviver por mim e pelo nosso filho. Eu voltarei para<br />

você. Juro pela minha vida. Eu voltarei para você!<br />

— Eu te amo. - disse ela aos pedaços. —Eu sempre vou amar você!<br />

O punho de <strong>um</strong>a espada desabou sobre a cabeça dele. A dor turvou sua visão e sua cabeça tombou<br />

para o lado. Deslizou em direção ao chão, a escuridão se fechando em torno dele. A última imagem que<br />

viu era de Mairin sendo arrastada do salão por Duncan Cameron, gritando.<br />

— Eu também te amo. - ele sussurrou.


Capítulo 35<br />

Mairin se viu arrastada para o quarto de Duncan Cameron. Ele a empurrou violentamente, jogando-a<br />

sobre a cama.<br />

Quando ele se aproximou da cama onde estava deitada, Mairin se colocou longe dele, preparada para<br />

afastá-lo da maneira que fosse necessária.<br />

Ele se sentou na beira da cama, <strong>com</strong> expressão calma, olhando para ela. Um dos servos entregou <strong>um</strong>a<br />

taça na sua mão e depois acenou para Duncan. Um por <strong>um</strong>, seus homens saíram do quarto até que ele<br />

ficou sozinho <strong>com</strong> Mairin.<br />

Ela se apoiou em <strong>um</strong> cotovelo e afastou-se para colocar mais espaço entre eles. Duncan deu <strong>um</strong><br />

suspiro de resignação.<br />

— Lamento o que aconteceu entre nós a primeira vez que nos encontramos. Sei que minhas ações<br />

foram condenáveis e minha habilidade de cortejar é extremamente pobre.<br />

Habilidade de cortejar? Condenável? Suas palavras flutuavam em sua mente confusa. Ele estava<br />

louco?<br />

— Suas ações agora são condenáveis. - disse ela <strong>com</strong> voz rouca. —Você mentiu. Um dos homens de<br />

Ewan mentiu e traiu o nosso clã. Só posso supor que por ordens suas.<br />

— Será melhor que fique feliz <strong>com</strong> sua situação - disse Duncan, sua voz carregando <strong>um</strong>a mortal e<br />

silenciosa advertência.<br />

— Por favor. - ela disse, <strong>com</strong> voz entrecortada. Odiava ficar reduzida à mendicância diante deste<br />

homem. Mas, por Ewan, ela não teria orgulho. — Deixe-me voltar para Ewan. Sou verdadeiramente<br />

casada <strong>com</strong> ele.<br />

Duncan encolheu os ombros.<br />

— Não importa se você é casada <strong>com</strong> ele ou <strong>com</strong>igo. Isso não interessa, desde que eu receba o seu<br />

dote e o controle de Neamh Alainn. – ele ofereceu sua taça a Mairin. — Agora, beba isso, querida. Isso<br />

resolverá nossos problemas imediatos. Lamento que vai lhe causar dor, mas espero que isso não dure<br />

muito tempo.<br />

Ela olhou para o copo pairando perto de seus lábios. Fungou e recuou ao sentir o cheiro amargo.<br />

— O que é isso? Por que isso vai me causar dor?<br />

Ele deu <strong>um</strong> sorriso gentil que enviou <strong>um</strong> calafrio por seu corpo.<br />

— Isso vai livrar seu corpo do bebê que carrega. Não se preocupe, vou dar-lhe tempo suficiente para<br />

se curar antes de fazermos amor. Não quero esperar muito tempo, no entanto. É importante que você<br />

carregue o meu filho o mais rápido possível.<br />

O terror apertou seu estômago. A náusea subiu e ela precisou respirar fundo para não vomitar.<br />

Então, escondeu o rosto no travesseiro.<br />

— Sinto muito. - ela sussurrou. — Estou cada vez mais doente desde que carrego este bebê.


— As coisas são assim. – Duncan disse, generosamente. — Mas quando você levar meu filho, nao<br />

levantará <strong>um</strong> dedo. Você terá tudo em suas mãos. Será bem cuidada.<br />

Até o dia em que der a luz. As palavras não foram ditas, mas elas pairavam pesadas no ar. Sim, ela<br />

não tinha dúvida de que seria tratada <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a rainha até o dia em que entregasse o herdeiro de<br />

Neamh Alainn.<br />

Ele pretendia matar seu filho. O filho de Ewan. E substituí-lo por sua própria semente.O simples<br />

pensamento levou-a a sentir náuseas novamente, e ela respirava profundamente através de seu nariz para<br />

não vomitar em seu prórprio leito.<br />

—Aqui, é melhor fazer rápido. Beba tudo.Chamarei a curandeira do palácio para ajudá-la nos<br />

momentos piores. Ela disse que podia ser muito doloroso.<br />

Ele estava tão calmo sobre isso. Como poderia discutir o assassinato <strong>com</strong> <strong>um</strong> sorriso terno? O<br />

homem era <strong>um</strong> monstro. Um demônio do inferno. Tentou freneticamente planejar algo, qualquer coisa<br />

para se salvar e salvar seu filho.<br />

— Por que você desperdiça <strong>um</strong> tempo precioso? – ela sussurrou.<br />

Ele franziu o cenho.<br />

— O que quer dizer?<br />

— Você quer se livrar da criança que carrego no ventre quando estou na metade do caminho. Perder<br />

<strong>um</strong> bebê nesta fase avançada pode tornar <strong>um</strong>a mulher estéril. Não há nenh<strong>um</strong>a garantia que irei<br />

engravidar novamente. Além disso, você já reivindicou <strong>com</strong>o seu o bebê que carrego. Se não se importa<br />

<strong>com</strong> quem estou casada, por que se importaria <strong>com</strong> este filho? Quando essa criança nascer, o controle de<br />

Neamh Alainn será seu. Por que esperar e arriscar a não me ver grávida outra vez?<br />

Sua carranca se aprofundou, <strong>com</strong>o se ele não tivesse considerado essa possibilidade.<br />

— Quero que meu filho viva. - disse ela suavemente. — Independentemente de quem ele vai chamar<br />

de pai. Faria qualquer coisa para protegê-lo. E sobre isso, você tem a vantagem, Laird.<br />

Duncan ficou de pé e andava sem parar em frente à cama. Ele parava, de vez em quando, e olhava-a<br />

<strong>com</strong>o se estivesse tentando determinar a verdade de suas palavras.<br />

— Já disseram muitas vezes que o amor de <strong>um</strong>a mãe não conhece limites. Muito bem, Mairin<br />

Stuart. Eu concordo <strong>com</strong> seus termos. Vou poupar a vida de seu filho, mas a partir deste dia você será<br />

minha. Não vai brigar <strong>com</strong>igo quando eu procurar seu corpo. Nunca vai pronunciar <strong>um</strong>a única palavra<br />

para contradizer Lord Archibald. Estamos entendidos?<br />

Que Deus me perdoe.<br />

— Eu concordo.<br />

— Então, prepare-se para sair do castelo. Sairemos em <strong>um</strong>a hora para voltar para minhas terras.<br />

— Ewan! Ewan! Acorde, pelo amor de Deus.<br />

Ewan estava ainda atordoado enquanto voltava à consciência. Abriu <strong>um</strong> olho e observou ao redor<br />

para encontrar somente a si mesmo envolto em trevas.<br />

— Caelen? - respondeu asperamente.<br />

— Graças a Deus.


O alívio na voz de Caelen foi impressionante.<br />

— Mairin. Onde ela está?<br />

O silêncio era opressor. Ele ouviu a respiração de seus irmãos na escuridão, sabia que eles temiam<br />

dizer.<br />

— Sinto muito, Ewan. Duncan partiu há alg<strong>um</strong>as horas, levando Mairin <strong>com</strong> ele. - Alaric disse <strong>com</strong><br />

<strong>um</strong>a voz sombria.<br />

Ewan sentou-se, a dor rasgando sua cabeça. Seus irmãos seguraram seus ombros e o seguraram,<br />

quando ele quase caiu.<br />

— Onde estamos? – ele perguntou.<br />

— <strong>Na</strong> masmorra do rei. - disse Caelen, <strong>com</strong> fúria mesclada em cada palavra. — O pequeno bastardo<br />

de Archibald jogou todos nós aqui, após seus soldados baterem em sua cabeça.<br />

— Cormac e Gannon?<br />

— Aqui, Laird. - Gannon respondeu.<br />

— Diormid. Onde ele está agora? - Ewan perguntou em voz mortalmente gélida.<br />

— Eu não estou certo, Laird, mas ele terá que fugir daqui. Sabe que qualquer <strong>um</strong> de nós irá matá-lo<br />

na primeira oportunidade. Talvez tenha ido <strong>com</strong> Cameron, <strong>um</strong>a vez que parece que estava trabalhando<br />

para ele o tempo todo.<br />

— As tentativas contra minha vida. A flecha. O veneno. Deve ter sido ele. Tinha ordens de Duncan<br />

para me matar. Quando isso não funcionou, Cameron colocou sua petição perante o rei.<br />

— Eu suspeito que ele tinha a petição antes mesmo das tentativas de Diormid contra sua vida. - disse<br />

Alaric. — Ele tinha tudo planejado desde o ínicio.<br />

— A questão é, se David está envolvido <strong>com</strong> Archibald ou se Archibald age sozinho <strong>com</strong> Cameron. -<br />

Caelen ponderou.<br />

Ewan colocou as mãos no chão áspero do calabouço e empurrou-se para sentar.<br />

— Archibald disse que David estava indisposto e o r<strong>um</strong>or no castelo confirmou que o rei está muito<br />

doente. Eu não ficaria surpreso se Archibald estiver por trás disso também.<br />

— Está tudo bem, Ewan? - Alaric perguntou. —Como está sua dor de cabeça?<br />

Ewan tocou o lado de sua cabeça, sentiu o calor do sangue, mas estava grosso e já não fluía<br />

livremente.<br />

— Ficarei bem. O importante é que Mairin não fique mais <strong>um</strong> minuto ao lado de Cameron.<br />

— Mandei <strong>um</strong>a mensagem para os nossos homens. - disse Caelen. — Minha esperança é que eles<br />

venham ao nosso socorro em breve.<br />

Ewan olhou em torno do calabouço escuro.<br />

— Como você enviou <strong>um</strong>a mensagem para os nossos homens?<br />

— Ameacei <strong>um</strong> dos guardas que nos jogou aqui. - Caelen admitiu.—Disse a ele que a menos que<br />

informasse nossos homens de nosso destino, eu iria cravá-lo na minha espada, castrá-lo e jogar suas<br />

bolas para os urubus.


Alaric riu.<br />

— O homem não poderia ser mais rápido para levar a mensagem.<br />

— Há quanto tempo estamos aqui? - Ewan perguntou enquanto esfregava mais sangue do lado de<br />

sua cabeça.<br />

Caelen suspirou.<br />

— Várias horas. Um dos guardas, que obviamente se sente melhor ficando do meu lado, me<br />

informou da partida de Cameron.<br />

— Filho da puta - Ewan amaldiçoou. —Não posso acreditar que aquele bastardo permitiu que<br />

Mairin caísse nas mãos de Cameron. Isso tudo foi <strong>um</strong>a armadilha desde o início. Archibald nunca teve<br />

qualquer intenção de apresentar este assunto a David, e o maldito nunca teve qualquer intenção de ouvir<br />

Mairin ou a mim. O testemunho de Diormid apenas deu-lhe a influência da opinião pública para que,<br />

quando proferisse sua sentença, não houvesse nenh<strong>um</strong>a reação de outros lairds, achando que ele<br />

interveio de forma injusta.<br />

— Sinto muito, Laird. - disse Cormac, devastado em cada palavra. - Deveria ter percebido. Passei<br />

todos os dias na <strong>com</strong>panhia de Diormid. Lutei <strong>com</strong> ele. Comi <strong>com</strong> ele. Treinamos juntos. Nós éramos<br />

<strong>com</strong>o irmãos. Eu nunca teria sonhado que fosse nos trair.<br />

— Não é culpa de ninguém. - Ewan disse friamente. – Eu também confiava nele.<br />

Ewan passou a mão sobre o rosto cansado e tentou esquecer a imagem das mãos de Cameron em<br />

Mairin. Se lembrasse disso, ficaria louco. E a única maneira de sobreviver seria desligar-se. Desligar suas<br />

emoções. Desligar as imagens que corriam através sua mente <strong>com</strong> precisão torturante.<br />

— Cameron vai esperar <strong>um</strong> ataque em grande escala. - Caelen apontou. - Ele sabe que Archibald não<br />

pode manter-nos no calabouço do rei para sempre, e sabe que você buscará Mairin. Então, estará<br />

preparado.<br />

— Não posso arriscar a segurança de Mairin atacando sua fortaleza <strong>com</strong> a força do meu exército<br />

inteiro. Se ela não estivesse ali, lutaria e não daria a mínima para o que ele espera. Pisaria sobre suas<br />

terras <strong>com</strong>o a peste e dizimaria tudo em nosso caminho. Mas não vou correr o risco de ferir Mairin. E se<br />

Duncan souber que tudo pode estar perdido, vai matá-la por despeito.<br />

— Sim. - Alaric concordou. —O que então devemos fazer?<br />

— Sequestramos Mairin do castelo.<br />

Caelen soltou <strong>um</strong> suspiro profundo.<br />

— Você faz parecer fácil, Ewan. Cameron vai esperar por <strong>um</strong> truque <strong>com</strong>o este.<br />

—Nós vamos conseguir. Não temos outra opção.<br />

Caelen, Alaric, Gannon, e Cormac expressaram seu acordo. O silêncio caiu mais <strong>um</strong>a vez enquanto<br />

eles esperavam.<br />

Uma hora depois, <strong>um</strong> som fora da cela agitou-os. Caelen levantou-se e correu para as barras de ferro<br />

quando <strong>um</strong> guarda jogava para baixo a tocha do corredor.<br />

—Vocês precisam ser rápidos. - o guarda sussurrou n<strong>um</strong>a voz urgente. - Seus homens criaram <strong>um</strong>a<br />

distração. Sigam-me. Vou mostrar-lhes a porta do norte.


Alaric ajudou Ewan a ficar em pé e saíram apressados da cela até a escadaria de pedra para o primeiro<br />

nível do castelo. O guarda correu pelo longo corredor, após o grande salão, e para além das cozinhas.<br />

Eles saíram do castelo pela porta pequena onde o lixo era descartado e se aproximaram de <strong>um</strong><br />

pequeno portão de madeira esculpido na parede de pedra imponente que se projetava para cima. O<br />

guarda usou <strong>um</strong>a chave e apressadamente abriu o cadeado de metal grande.<br />

— Vão. - insistiu ele.<br />

Os homens do laird aguardavam do lado de fora da porta e Ewan fez <strong>um</strong>a pausa.<br />

— Você tem meu agradecimento. - disse ao guarda. – Agora, precisa cuidar de seu rei. Parece que<br />

Archibald está contra ele. Ouvi boatos que o rei está doente. Examine sua <strong>com</strong>ida e bebida.<br />

O guarda acenou <strong>com</strong> a cabeça.<br />

— Vá <strong>com</strong> Deus, Laird McCabe. Rezarei para o retorno seguro de sua esposa.<br />

Ewan abaixou-se para passar pela porta e seguiu seus homens para a noite. Eles correram através do<br />

terreno, em direção a floresta.


Capítulo 36<br />

Ewan imitou <strong>um</strong> suave trinado de pássaro, o som ecoando ao longo da noite. Ao longe, <strong>um</strong>a resposta<br />

soou e Ewan avançou furtivamente, <strong>com</strong> seus iirmãos logo atrás.<br />

Esperaram quatro dias para a lua nova, depois de três dias para chegar às terras de Cameron e<br />

cuidadosamente examinaram o castelo. Ewan não podia esperar mais. Não soube nada de Mairin em<br />

vários dias, enquanto vigiava e esperava. Duncan a mantinha muito bem presa.<br />

Mas depois de descobrir o quarto no qual, provavelmente Mairin estava alojada, Ewan e seus homens<br />

circularam o castelo. Junto <strong>com</strong> seus irmãos, Ewan penetrou no interior da muralha , passando pelos<br />

guardas que dormiam.<br />

Agora na escuridão,jogou a corda <strong>com</strong> o gancho até a parede. Teve que fazer cinco tentativas antes<br />

de conseguir prendê-la no peitoril. Puxando a corda para se certificar de que estava bem presa, <strong>com</strong>eçou<br />

<strong>um</strong>a escalada rápida até a parede da janela.<br />

Mairin estava na sua janela e inclinou a cabeça, enquanto a vergonha de sua situação caiu sobre os<br />

ombros.<br />

A barganha do diabo. A vida de seu filho pela dela. A vida de seu filho pela sua vida <strong>com</strong> Ewan. Ela<br />

não se arrependia da decisão que tinha tomado, mas chorou tudo o que havia perdido. Tudo o que<br />

nunca mais teria.<br />

A tensão da semana passada foi demais para suportar. Estava no limite. Tinha medo que Duncan<br />

mudasse de ideia e voltasse atrás em sua palavra. Temia que ele colocasse <strong>um</strong>a poção em sua bebida ou<br />

alimento que a fizesse perder seu filho.<br />

Vivia em constante medo de ter que entregar-se ao homem que agora a chamava de sua esposa. Ela<br />

se sentiu cansada e virou-se na direção da cama. Não poderia continuar desta maneira. Não era bom para<br />

seu filho, e ainda assim ela não tinha escolha.<br />

Lágrimas brilhavam em seu rosto enquanto cedia à dor esmagadora que jorrava das profundezas de<br />

sua alma. Como ela poderia viver quando tinha conhecido <strong>um</strong> amor tão profundo que lhe doía na<br />

memória? Como poderia ter boa vontade e se deitar <strong>com</strong> <strong>um</strong> homem depois de conhecer o toque de<br />

Ewan?<br />

Finalmente, em sua exaustão, rastejou debaixo das cobertas e enterrou a cabeça no travesseiro para<br />

que ninguém ouvisse seus soluços.<br />

Não tinha ideia de quanto tempo passou. Quando sentiu <strong>um</strong>a mão sobre seu braço e ombro,<br />

encolheu-se para se afastar e virou-se, preparada para se defender do ataque de Duncan.<br />

— Shh, moça, sou eu, Ewan. - ele sussurrou.<br />

Mairin olhou para o marido na escuridão, incapaz de acreditar que ele estava alí, em seu quarto. Ewan<br />

tocou o rosto molhado e enxugou o rastro das lágrimas. Sua voz estava torturada e as palavras saiam<br />

tortuosas.<br />

— Ah, Mairin, o que que ele fez <strong>com</strong> você?<br />

— Ewan?


— Sim, moça, sou eu.<br />

Ela se levantou e jogou os braços ao redor de seu pescoço, segurando-se nele <strong>com</strong>o se fosse a coisa<br />

mais cara na vida. Se ela estava sonhando, nunca mais queria acordar. Queria ficar nesse mundo de<br />

sonhos onde os braços de Ewan estavam em torno dela e podia sentir seu forte cheiro masculino.<br />

Esmagou-a contra si, sua mão acariciando sua cabeça, mergulhando os dedos em seus cabelos.<br />

— Ewan. - ela murmurava. —Oh Deus, Ewan. Ewan.<br />

Seus lábios encontraram os dela e a beijou desesperadamente, <strong>com</strong>o se fosse o último beijo de sua<br />

vida. Seus lábios se uniram e as lágrimas dela caíram sobre suas línguas. Mairin respirava em sua<br />

boca. Ela sentia-se viva nesse momento, alcançando tudo o que tinha perdido, tudo o que mais queria.<br />

— Shh, não chore, moça. Você está partindo meu coração. Nós não temos muito tempo. Eu tenho<br />

que levá-la deste lugar.<br />

Suas palavras ecoaram em torno dela. Mairin olhou para Ewan, <strong>com</strong> medo de acreditar que ele era<br />

real, que estava lá e não <strong>um</strong>a alucinação de sua mente.<br />

Ele ergueu-a da cama e levou-a em direção à janela. Inclinou-se para fora e ela se agarrou em seus<br />

ombros, enquanto olhava para a vertiginosa distância entre a soleira e o solo.<br />

— Ouça-me, carinho. - ele disse em <strong>um</strong>a voz suave. Roçou os lábios sobre sua testa e segurou-a<br />

firmemente contra seu peito. – Desceremos por <strong>um</strong>a corda presa em sua janela.<br />

Mairin levantou a cabeça,alarmada.<br />

— Ewan, não posso! O bebê. Eu estou muito grande e desajeitada.<br />

Ele tocou seu queixo e passou os dedos sobre seu rosto enquanto olhava para ela.<br />

— Você irá primeiro. Estarei <strong>com</strong> você a cada passo. Alaric e Caelen esperam por nós lá embaixo. Se<br />

você cair, eles irão pegá-la. Preciso que confie em mim.<br />

Mairin estendeu a mão para tocar seu rosto, seu amor e fé crescentes em sua alma.<br />

— Eu voaria, se você me pedisse.<br />

Ewan a beijou e depois colocou-a no chão. Enrolou a corda em seu pé <strong>com</strong>o <strong>um</strong> estribo. Em seguida,<br />

amarrou em suas mãos, enrolando-a em torno de seus pulsos e palmas para que ela segurasse firme. A<br />

outra ponta amarrou na cintura dele e tomou posição perto da janela.<br />

— Ande pelo peitoril, carinho. Com muito cuidado, coloque os pés contra a parede e apoie-se, para<br />

que você não se raspar enquanto eu a desço. Tente permanecer de pé.<br />

Era <strong>um</strong>a loucura o que ele estava pedindo para fazer, e ainda assim ela subiu na beirada, segurando–<br />

se nos ombros dele. Ewan agarrou a corda a apenas alguns centímetros de suas mãos e puxou-a para<br />

subir mais. Centímetro por centímetro, Mairin foi baixada, apoiando o pé contra o lado da parede de<br />

pedra.<br />

— É isso, moça. Vá devagar e <strong>com</strong> cuidado. Estou segurando você. Não vou deixá-la.<br />

Deslizar sobre o peitoril foi a coisa mais difícil que ela já tinha feito. E então, simplesmente se deixou<br />

ir. Jogou a cabeça para trás e viu Ewan lutando <strong>com</strong> todas as suas forças para desacelerar sua descida. A<br />

corda devia queimar suas mãos e ele ainda estava pendurado.


Até a metade ela conseguiu controlar sua descida <strong>com</strong> os pés. Quando finalmente se aproximava do<br />

final, Alaric e Caelen estenderam as mãos e agarraram sua cintura. Eles baixaram-na para o chão e<br />

rapidamente desamarraram a corda para Ewan poder puxá-la de volta.<br />

— Como ele vai descer? - ela sussurrou urgentemente.<br />

Ignoraram sua pergunta e olharam para cima, à espera de Ewan. Vários minutos depois, ela viu sua<br />

figura descendo na corda, mão sobre mão, seus pés contra a parede.<br />

Quando ele chegou a <strong>um</strong>a distância segura, deixou-se cair <strong>com</strong> <strong>um</strong> baque surdo ao lado dela. Mairin<br />

olhou para as mãos dele, e <strong>com</strong>o suspeitava, estavam rasgadas e em carne viva. Sua garganta apertou-se e<br />

ela beijou cada palma da mão, segurando-as <strong>com</strong> reverência em suas próprias mãos.<br />

— Vamos. - Alaric disse. —Gannon está esperando <strong>com</strong> os cavalos.<br />

Eles correram em direção à muralha. Alaric jogou outra corda e o gancho atingiu a borda de pedra<br />

no topo <strong>com</strong> <strong>um</strong> tilintar.<br />

Sem perder tempo, Alaric escalou a parede e colocou-se na parte superior, a mão estendida para<br />

puxar Mairin. Ewan ergueu-a sobre a sua cabeça e pediu que pegasse a mão de Alaric. Seus dedos<br />

resvalaram-se antes de Alaric finalmente capturar sua mão e deslizar os dedos para agarrar-lhe o pulso.<br />

Ewan empurrou-a para cima e Alaric puxou-a <strong>com</strong> <strong>um</strong>a força incrível.<br />

— Agarre-se a borda e puxe mais. - Alaric sussurrou.<br />

Assim que ele a puxou, Mairin pulou para o topo da muralha e rolou até encontrar Alaric.<br />

— Ouça-me - Alaric disse. —Sente-se e fique em cima do muro. O mais silenciosamente possível.<br />

Caelen vai escalar agora e depois descerá para ajudá-la a descer. Eu ficarei aqui para ajudar Ewan. Ele<br />

está <strong>com</strong> as mãos muito machucadas para usar a corda.<br />

Momentos depois, Caelen subiu e virou-se, para descer no outro lado.<br />

— Pegue minha mão que vou baixá-la para o outro lado. Ouça Caelen e quando ele lhe disser para ir,<br />

vá. Ele vai pegar você . - instruiu Alaric.<br />

Mairin engoliu o medo, segurou a mão de Alaric e deslizou para o lado. Ficou pendurada, <strong>com</strong> os pés<br />

raspando o lado da parede, aguardando o momento. Alaric segurava seu pulso.<br />

— Venha. - Caelen ordenou. —Eu seguro você, Mairin.<br />

Mairin fechou os olhos, empurrou-se para longe da parede, e soltou a mão de Alaric. Ela não<br />

precisava ter se preocupado. Caelen nem sequer cambaleou sob o seu peso quando a segurou contra seu<br />

peito. Ainda assim, ela jogou os braços em volta do seu pescoço, abraçando-o <strong>com</strong> feroz gratidão por<br />

não permitir que caísse.<br />

Caelen gentilmente afastou seus braços para longe de seu pescoço e colocou-a de pé. Seus joelhos se<br />

dobraram e Mairin agarrou a sua mão para que não cair.<br />

— Está tudo bem agora. - disse Caelen em voz baixa e reconfortante. Ele ficou ao seu lado, enquanto<br />

esperavam por Ewan e Alaric.<br />

Ewan desceu primeiro e Mairin se jogou em seus braços. Ela o abraçou tão ferozmente que ele<br />

provavelmente não conseguia respirar, mas não importava. Ela estava em seus braços. Ele foi resgatá-la<br />

de Duncan Cameron.


— Vamos. - Alaric pediu, quando caiu no chão. —Gannon está esperando <strong>com</strong> os cavalos.<br />

Eles correram para as árvores. No interior da floresta, Gannon estava <strong>com</strong> seus cavalos e Ewan<br />

montou sobre seu corcel. Alaric e Caelen pularam em suas selas. Cormac já estava montado em seu<br />

cavalo e Gannon montou o dele. Ewan estendeu a mão e arrancou Mairin do chão, colocando-a na<br />

frente dele.<br />

Ela deitou a cabeça no peito de Ewan e deslizou os braços em volta de sua cintura.Lágrimas caíam<br />

livremente agora, mas Mairin não fez nada para distraí-lo de sua concentração. Se Cameron descobrisse<br />

sua fuga, ele os perseguiria <strong>com</strong> a força de todo o seu exército e Ewan seria retardado por culpa dela.<br />

Somente quando estavam a quilômetros de distância que Mairin olhou para ele.<br />

— Ewan?<br />

Ele plantou <strong>um</strong> beijo em sua cabeça.<br />

— Agora não, carinho. Vamos falar quando chegarmos a terra dos McCabe. Nós não pararemos até<br />

chegar a nossa fronteira.Durma agora.<br />

Estava na ponta da sua língua para perguntar <strong>com</strong>o Ewan pensou que ela ia dormir agora, mas antes<br />

de cavalgarem <strong>um</strong> quilômetro, sua exaustão venceu. Depois de tantas noites sem dormir por medo do<br />

que Duncan poderia fazer, agora estava segura nos braços de seu marido. Mairin apoiou a cabeça contra<br />

o peito largo e permitiu que o movimento constante do cavalo embalasse seu sono.<br />

Ewan cavalgava <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mão segurando as rédeas e a outra envolvida firmemente em torno de sua<br />

esposa. Ele estabeleceu <strong>um</strong> ritmo extenuante que seus homens ficaram muito felizes em manter. Não<br />

iriam parar para dormir ou <strong>com</strong>er, até que chegassem à sua fronteira.


Capítulo 37<br />

Fiel à sua palavra, Ewan não parou por mais de alguns minutos até chegarem perto da fronteira das<br />

terras McCabe. Eles cavalgaram durante as noites, em <strong>um</strong> ritmo que Ewan achou des<strong>um</strong>ano.<br />

Mairin cavalgava <strong>com</strong> ele, e quando ela não estava dormindo, Ewan estava alimentando-a <strong>com</strong><br />

<strong>com</strong>ida de <strong>um</strong> saco de estopa ligado a sela. Seus homens estavam <strong>com</strong> olheiras, exaustos, mas ninguém<br />

proferiu <strong>um</strong>a única reclamação. A viagem estava estranhamente silenciosa. Estavam muito focados em<br />

ter certeza de não estarem sendo perseguidos.<br />

— Ewan, eu preciso parar. - ela sussurrou.<br />

— Você pode esperar apenas mais alguns quilômetros? - perguntou ele. - Estaremos em nosso<br />

território em breve.<br />

Ela fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Acho que não. O bebê torna mais difícil segurar certas necessidades por mais tempo.<br />

Seu sorriso era fugaz quando ele ordenou <strong>um</strong>a parada. Desceu-a ao chão e Gannon estava lá para<br />

ampará-la. Ela quase chorou de gratidão quando ele lhe ofereceu <strong>um</strong> sorriso tranquilizador.<br />

Para o choque total de Gannon, ela jogou os braços ao redor dele e abraçou-o ferozmente. Suas mãos<br />

subiram e ele gaguejou quando tentou perguntar o que ela estava fazendo.<br />

— Obrigada - ela sussurrou. Mairin se afastou e sorriu para ele.<br />

— Pelo que, minha senhora? - ele perguntou, confuso.<br />

— Por vir até mim.<br />

Ela virou-se, então, e foi em busca de <strong>um</strong> espaço privado para se aliviar.<br />

Ewan sorriu e observou enquanto sua esposa se escondia atrás de <strong>um</strong>a árvore à distância. Ela<br />

assombrou Gannon <strong>com</strong> a sua gratidão. E, pela sua intuição, a partir de agora, seu exército inteiro seria<br />

vítima das demonstrações de afeto de Mairin.<br />

Um momento depois, Mairin retornou e Ewan absorveu a visão dela segurando <strong>um</strong>a mão protetora<br />

sobre a barriga pequena e redonda. Ele respirou aliviado por estar em casa. Ou quase lá. Empurrou seus<br />

homens em <strong>um</strong>a dura cavalgada, <strong>com</strong> medo de que Duncan fosse procurá-los e Mairin ferida no meio de<br />

<strong>um</strong>a batalha. Ele a queria segura. Queria-a longe do derramamento de sangue inevitável entre ele e<br />

Cameron. O bastardo estava <strong>com</strong> os dias contados, e não importava se Ewan desafiasse o próprio rei, ele<br />

vingaria sua esposa.<br />

Enquanto puxava Mairin de volta para a sela, ele percebeu que sua vingança deixou de ser pelo que<br />

Cameron fez ao seu clã ou a seu pai. Era pela moça bonita que tinha os olhos azuis mais lindos que ele<br />

já tinha visto na vida.<br />

— Estamos quase em casa. - ele sussurrou em seu ouvido.<br />

Mairin voltou-se e olhou para ele <strong>com</strong> tristeza e súplica em seus olhos.<br />

— Assim que entrarmos em nossas terras, você pode enviar os seus homens na frente? Eu quero<br />

falar <strong>com</strong> você, Ewan. É importante que eu faça isso antes de chegarmos ao castelo. Uma vez que


cheguemos ao pátio, seremos afastados, <strong>um</strong> para cada lado. E temos que resolver isso. Devemos.<br />

Ele tocou seu rosto e tentou suavizar as linhas de preocupação que vincavam sua testa. O que na<br />

terra a preocupava tanto?<br />

— Sim, moça, vamos conversar.<br />

Uma hora depois, ele freou seu cavalo e, em seguida, fez sinal aos outros para irem na frente. Caelen e<br />

Alaric aproximaram-se em seus cavalos e pararam ao lado de Ewan e Mairin. Alaric fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— Não gosto de deixá-lo sozinho, Ewan.<br />

— Estamos perto de nossas terras agora. E preciso de alg<strong>um</strong> tempo sozinho <strong>com</strong> minha esposa. Nós<br />

os alcançaremos em <strong>um</strong> instante. Vá na frente e anuncie que estou chegando <strong>com</strong> a senhora do castelo<br />

em segurança.<br />

Com relutância, Alaric e Caelen seguiram. A<strong>um</strong>entaram o ritmo quando <strong>com</strong>eçaram a descer a<br />

montanha em direção à casa no último trecho. Logo os outros o seguiram, galopando. Gritos encheram<br />

o ar. Gritos e gritos de triunfo encheram os ouvidos de Ewan, e não pôde deixar de sorrir. Mas quando<br />

olhou para Mairin, ela tinha a expressão conturbada e cheia de tristeza.<br />

Seu coração apertou-se e ele fechou os olhos enquanto se preparava para ouvir de tudo o que<br />

Duncan tinha feito <strong>com</strong> ela. Uma parte dele não queria saber. Ele queria esquecer. Queria que ela<br />

esquecesse, para que pudessem deixar tudo aquilo no passado. Mas também sabia que ela precisava<br />

desabafar, para se livrar do veneno que Cameron lhe tinha infligido.<br />

Ele desceu de seu cavalo e, em seguida, tirou-a delicadamente da sela. Levou-a para <strong>um</strong> trecho de<br />

grama, aninhado-a firmemente em seus braços.<br />

Mal podia acreditar que eles estavam em suas terras e ela estava de volta a seus braços. A última<br />

semana tinha sido <strong>um</strong> teste para sua resistência. Em momentos angustiantes, perguntou-se se a veria<br />

novamente. Nunca queria ter sua fé testada desta forma novamente.<br />

— Eu fiz <strong>um</strong>a coisa terrível. – ela disse, sufocada.<br />

Ewan olhou-a surpreso,<strong>com</strong> a testa franzida.<br />

— Do que você está falando?<br />

— Eu concordei. Deus me ajude, eu concordei em barganhar <strong>com</strong> o diabo, a fim de manter a nossa<br />

criança segura. Fui desleal <strong>com</strong> você, Ewan, eu jurei apoiar Duncan em troca da vida do nosso filho.<br />

Ewan engoliu sua própria dor ao ouvir o desespero em sua voz.<br />

— Shh. - ele sussurrou. — Nunca vou acreditar, nem por <strong>um</strong> momento, que você foi desleal a mim.<br />

A dor encheu os olhos de Mairin.<br />

— Ele queria me fazer abortar o nosso filho. Queria me forçar a beber <strong>um</strong>a poção. Eu teria dito e<br />

feito qualquer coisa para salvar o nosso bebê. Convenci-o de que se eu abortasse, em <strong>um</strong>a gravidez tão<br />

avançada <strong>com</strong>o estava, haveria chances de eu não ter outro filho. Convenci-o de que a coisa mais lógica a<br />

fazer era continuar a dizer que o filho era dele, até eu ter a criança e ele ter o controle de Neamh Alainn.<br />

Ele concordou, mas mesmo assim eu estava <strong>com</strong> medo de <strong>com</strong>er ou dormir, porque me preocupei que<br />

voltasse atrás em sua palavra e quisesse matar o nosso bebê.


Ewan a abraçou e balançou seu corpo para frente e para trás, <strong>com</strong> os olhos fechados, imaginando o<br />

terror que Mairin vivenciou. Não era à toa que estava tão magra. Não tinha <strong>com</strong>ido por medo de perder<br />

o filho. Seu filho.<br />

— Sua inteligência me espanta, moça. Ter pensado em <strong>um</strong>a solução tão rapidamente.Estou feliz por<br />

sua coragem e ousadia. Nenh<strong>um</strong>a criança podia ter <strong>um</strong>a mãe tão feroz. Nosso filho ou filha será<br />

abençoado.<br />

Mairin olhou para ele, a esperança il<strong>um</strong>inando seus olhos pela primeira vez.<br />

— Você não está zangado?<br />

— Como eu poderia estar <strong>com</strong> raiva de <strong>um</strong>a mulher que ia sacrificar tudo para evitar que meu filho<br />

morresse?<br />

— Oh, Ewan. - ela sussurrou. E então seus olhos se encheram de lágrimas novamente e ela olhou<br />

para baixo.<br />

Ewan segurou seu queixo e puxou-o para cima, <strong>com</strong> <strong>um</strong> gesto de ternura.<br />

— Há algo mais?<br />

— Eu concordei em ser sua esposa. Tive de concordar em nunca negá-lo. -ela fechou seus olhos e<br />

grossas lágrimas deslizaram pelo seu rosto.<br />

Por <strong>um</strong> momento Ewan não respirou. Ele não podia imaginar tal sacrifício. Seu peito doeu quando<br />

finalmente puxou o ar para seus pulmões. Mas se ela encontrou coragem para dizer a ele toda a verdade,<br />

seria corajoso para ouvir .<br />

— Diga, carinho. Ele… ele machucou você?<br />

As palavras saíram dolorosamente de seus lábios. Sua garganta ameaçou se fechar quando imaginou o<br />

que ela poderia ter suportado.<br />

— Eu...eu...vomitei nele a primeira vez que tentou. Culpei à minha gravidez, mas Deus sabe, a idéia<br />

de que ele se deitasse <strong>com</strong>igo me enojou. Depois, pareceu ter medo que eu repetisse o insulto. Assim, ele<br />

se afastou de mim.<br />

O alívio de Ewan foi tão grande que ficou tonto. Apertou-a em seus braços firmemente, só para<br />

senti-la depois de tantas semanas. E então ele riu, a imagem de Mairin ameaçando vomitar em Cameron<br />

tomando sua mente.<br />

Mairin olhou nele, seus olhos azuis tão brilhantes que ele se perdeu dentro deles. Mas, então eles se<br />

escureceram e ela olhou-o apreensiva.<br />

— Ewan, e sobre o dote? Está perdido para sempre?<br />

Ewan suspirou.<br />

— Ele foi entregue a Cameron. Não tenho nenh<strong>um</strong>a dúvida de que ele vai recebê-lo, independente se<br />

você estiver no castelo dele ou não. Archibald, e possivelmente o próprio rei, estão em conluio <strong>com</strong><br />

Cameron.<br />

Lágrimas encheram os olhos dela e Mairin baixou a cabeça.<br />

— Você se casou <strong>com</strong>igo por isso! Nosso clã precisa de <strong>com</strong>ida e roupas. Nossos soldados precisam<br />

de suprimentos. Precisamos reparar as ruínas do castelo. Como vamos sobreviver, Ewan?


Ele pegou o rosto dela entre as mãos e olhou em seus olhos.<br />

— Você é tudo para mim, Mairin. Posso ficar sem <strong>com</strong>ida. A fortaleza pode desmoronar. Mas eu não<br />

posso viver sem você. Nós vamos viver sem seu dote. Sempre fizemos isso. De alg<strong>um</strong>a forma, iremos<br />

sobreviver. Mas eu não posso viver minha vida sem você. Se o dote nunca vier, se nunca tivermos<br />

Neamh Alainn. Tudo isso não importa, moça, enquanto eu tiver você. Enquanto eu amar você.<br />

Mairin atirou-se nos braços de Ewan e abraçou-o até que ele não conseguia respirar. Seu corpo<br />

tremia enquanto as lágrimas caíam por seu pescoço. Ele não a repreendeu, porém,porque também queria<br />

chorar.<br />

—Eu te amo, Ewan. Graças a Deus você veio para mim.<br />

Ele pressionou sua testa contra a dela. Então, seus lábios roçaram-se.<br />

— Eu enfrentei o fogo do inferno para trazer você para casa, moça. Agora vamos aparecer. Nosso<br />

filho sente falta de sua mãe e nosso clã sente falta de sua senhora.<br />

Todo o clã estava reunido no pátio quando Ewan cavalgou através da ponte, <strong>com</strong> Mairin sentada na<br />

frente dele. Sua cabeça repousava em seu peito e seus cabelos caíam pelas costas. Todos se inclinaram<br />

para frente para ver se sua senhora estava bem. Ewan parou e do pátio ecoou <strong>um</strong> coro de aplausos.<br />

Mairin endireitou-se e sorriu de volta ao seu clã. Lágrimas brilharam em seus olhos e ela ofereceu <strong>um</strong><br />

sorriso reconfortante.<br />

— Mamãe!<br />

Crispen corria no meio da multidão direto para o cavalo de Ewan. Ele sorriu para seu filho.<br />

— Fique aí, rapaz. Vou descer sua mãe.<br />

Os sorrisos de Crispen e Mairin il<strong>um</strong>inaram o pátio inteiro. Algo dentro de Ewan mudou, até seu<br />

peito doer. Com amor.<br />

Alaric e Caelen avançaram e Ewan entregou Mairin para eles, enquanto desmontava. Como ele<br />

esperava, ela jogou os braços em torno de Alaric e apertou tanto que ele riu, implorando<br />

misericórdia. Então Mairin se virou para Caelen, que já tinha as mãos para cima para evitar o abraço. Ela<br />

se lançou para ele que não teve escolha, a não ser abraçá-la de volta para não cair. Mairin abraçou-o<br />

ferozmente, balbuciando seus agradecimentos o tempo todo.<br />

— Você é <strong>um</strong>a mulher estúpida. - Caelen murmurou. – Honestamente, achava que ficaria <strong>com</strong> aquele<br />

porco?<br />

Caelen segurou seu queixo e ela sorriu para ele antes de abraçá-lo mais <strong>um</strong>a vez. Caelen soltou-a e<br />

virou-a na direção de seu marido. Ewan estava muito feliz e tomou-a nos braços,girando-a até deixá-la<br />

tonta.<br />

— Coloque-a no chão, papai! Eu quero abraçar mamãe!<br />

Rindo, Ewan colocou-a em pé e Crispen prontamente jogou seus braços em volta de sua<br />

cintura. Com lágrimas nos olhos, Mairin <strong>com</strong>eçou beijar cada centímetro de seu cabelo.<br />

Alaric e Caelen olhavam <strong>com</strong> indulgência, mas Ewan podia ver em seus olhos o carinho que tinham<br />

por sua esposa. Ela tinha conquistado todos eles. Ewan. Seus irmãos. Seus homens. Seu clã.<br />

Ele ergueu a mão para silenciar o t<strong>um</strong>ulto ao seu redor.


— Hoje é <strong>um</strong> dia verdadeiramente glorioso. - disse ele ao clã reunido. - Nossa senhora retornou para<br />

nós. Fez sacrifícios incríveis para manter a nossa criança segura e o legado McCabe vivo. Ela temia que a<br />

perda de seu dote, de alg<strong>um</strong>a forma, diminuísse nosso entusiasmo por seu retorno, quando na verdade<br />

ela é o nosso maior tesouro.<br />

Ewan virou-se para Mairin e lentamente ajoelhou-se na frente dela.<br />

— Você é meu maior tesouro. - ele sussurrou.<br />

Ao seu redor, seus homens também caíram sobre <strong>um</strong> joelho, suas espadas apontando em sua<br />

direção. Alaric e Caelen deram <strong>um</strong> passo a frente. Ewan viu o orgulho em seus olhos. Em seguida,<br />

ambos se ajoelharam na frente dela.<br />

Era demais para sua emotiva esposa. Mairin chorou ruidosamente <strong>com</strong>o <strong>um</strong> bebê recém-nascido. Mas<br />

ninguém parecia se importar. Sorrisos brilharam nas faces de seus esgotados homens.<br />

— Oh, Ewan. - gritou ela,quando se lançou em sua direção. — Eu te amo. Nunca sonhei que<br />

encontraria <strong>um</strong> homem <strong>com</strong>o você.<br />

Ewan a tomou em seus braços e olhou carinhosamente para ela.<br />

— Você foi <strong>um</strong> presente de Deus para este clã, moça. E para mim. Especialmente para mim. - ele<br />

sussurrou.<br />

A alegria ret<strong>um</strong>bante quase ensurdeceu-os. Mairin colocou as mãos nos ouvidos, mas o sorriso foi o<br />

suficiente para il<strong>um</strong>inar a noite escura de inverno.Não se importando que o vissem ou que falassem,<br />

Ewan a pegou no colo e correu escada acima, em direção ao quarto.<br />

— Ewan, o que você está fazendo? – ela perguntou.<br />

Ele silenciou-a <strong>com</strong> <strong>um</strong> beijo enquanto corria.<br />

— Silêncio, esposa.Não me pergunte. Preciso urgentemente de <strong>um</strong>a experiência indecente <strong>com</strong> você.


Capítulo 38<br />

Mairin olhava ansiosamente sobre o terreno, a terra repleta de verde, e inalou o ar docemente<br />

perf<strong>um</strong>ado de verão. Ela queria muito deixar o castelo, mesmo que fosse apenas para caminhar no pátio.<br />

Mas Ewan proibiu expressamente que deixasse a segurança dos muros, e ele já tinha preocupações<br />

suficientes sem Mairin para a<strong>um</strong>entá-las.<br />

O clã McCabe estava preparado para a guerra. Não era <strong>um</strong> grito, mas sim <strong>um</strong> silêncio, preparando os<br />

homens e suas armas. Eles estavam resignados à sua sorte <strong>com</strong>o inimigos da coroa e de Duncan<br />

Cameron.<br />

Mairin deixou a janela e desceu as escadas para o salão, onde encontrou Gannon e Cormac <strong>com</strong>endo<br />

a refeição do meio-dia <strong>com</strong> os seus soldados. Ela acenou a mão para que eles continuassem a refeição.<br />

— Estou indo para a cozinha ver Gertie. - ela disse quando passou por eles. — Não me atrevo a ir<br />

mais longe do que isso.<br />

Gannon acenou <strong>com</strong> a cabeça, mas manteve <strong>um</strong> olhar nela enquanto caminhava.<br />

— Fique onde eu posso vê-la, minha senhora.<br />

Mairin sorriu e entrou pela porta, mas permaneceu onde Gannon podia vê-la.<br />

Apenas, Gertie não estava cuidando do fogo <strong>com</strong>o era seu hábito. Mairin cheirou o ar. Nem pão nem<br />

fermento, o que era in<strong>com</strong><strong>um</strong>, dado que Gertie tinha sempre <strong>um</strong> pão fermentado. Talvez ela estivesse na<br />

despensa. Sim, era provável, e se assim fosse, ela voltaria à cozinha a qualquer momento. Gertie não<br />

deixaria <strong>um</strong> fogo sozinho por mais que alguns segundos.<br />

Mas quando Gertie não retornou, Mairin franziu o cenho. Um ruído que soava <strong>com</strong>o <strong>um</strong> gemido<br />

vindo da despensa chamou sua atenção. Correu através da cozinha e entrou na pequena sala, o seu olhar<br />

buscando Gertie.<br />

Gertie estava caída no chão, o sangue escorrendo de sua têmpora. Mairin correu para ajoelhar-se ao<br />

lado da mulher mais velha. Então voltou-se, preparada para chamar Gannon, quando <strong>um</strong>a mão apertou<br />

sua boca e <strong>um</strong> braço puxou-a contra <strong>um</strong> corpo rígido.<br />

— Nem <strong>um</strong> som, minha senhora.<br />

Ela conseguiu libertar sua boca.<br />

— Diormid?<br />

— Silêncio. - ele sussurrou.<br />

Seu choque deu lugar a raiva.<br />

— Você se atreve a entrar em nossas terras? Não vai viver para ver outro nascer do sol. Meu marido<br />

vai matá-lo.<br />

— Você é minha passagem para a liberdade. - ele sussurrou em seu ouvido.<br />

A sensação inconfundível de <strong>um</strong>a lâmina em seu vestido por cima da barriga enviou <strong>um</strong> arrepio para<br />

espinha de Mairin. Ele segurou a faca tão perto que ela mal conseguia se mover por medo de ser cortada.<br />

Diormid apertou mais ainda o corpo contra o dela.


— Ouça bem. Se você fizer algo insensato, irei fatiar essa barriga e derramar o bebê no chão. Se eu<br />

não levá-la de volta para Cameron, morrerei. Se eu ficar aqui, morrerei. Não tenho nada a perder, Lady<br />

McCabe, e eu asseguro, se você chamar a atenção para nós, matarei você e seu bebê antes que eu morra.<br />

Por alg<strong>um</strong>a razão as suas palavras a enfureceram ao invés de amedrontá-la. Já estava cansada do medo<br />

sem fim que todos viviam ali dentro Estava cansada de ver a preocupação nos olhos de Ewan. Ele não<br />

dormia bem. Não estava <strong>com</strong>endo corretamente. Tudo porque temia as implicações das escolhas que<br />

tinha feito <strong>com</strong>o laird.<br />

Mairin se lembrou da adaga presa em seu cinto. Caelen a tinha dado após o seu regresso para o<br />

castelo McCabe. Achou que não havia razão para <strong>um</strong>a mulher não se defender, se a situação exigisse. E,<br />

de repente, estava de pleno acordo <strong>com</strong> ele.<br />

Com cuidado para não perturbar Diormid, ela balançou a cabeça concordando.<br />

— Claro que eu vou fazer o que quiser. Não quero nenh<strong>um</strong> dano ao meu filho.<br />

— Nós saímos por trás, onde a muralha está em ruínas. Meu cavalo espera nas árvores. Se alguém vir<br />

você, diga que foi buscar <strong>um</strong>a curandeira para Gertie.<br />

Mairin assentiu. Uma mão de Diormid se fechou em torno de sua nuca enquanto a outra ainda<br />

segurava a faca contra sua barriga. Assim que sentiu o metal afastar-se de sua carne, Mairin rodopiou,<br />

<strong>com</strong> seu punhal na mão.<br />

Surpreso, Diormid pulou para trás, cortando o braço de Mairin. Mas ela mal sentiu a dor, e partiu<br />

para cima dele.<br />

Ela bateu seu joelho direito entre as pernas do homem e ao mesmo tempo, afundou seu punhal<br />

profundamente em sua barriga. Ele cambaleou para trás e depois colocou sua mãos na virilha. Estava<br />

gritando, muito mais que Heath, quando foi acertado por Ewan da mesma forma.<br />

Querendo ter certeza que Diormid estava incapacitado, Mairin pegou <strong>um</strong>a das panelas pesadas do<br />

chão e bateu-lhe na cabeça. Ele caiu imediatamente, esparramando-se no chão, braços e pernas abertos.<br />

Apenas o punho de sua adaga brilhava contra sua barriga. Nenh<strong>um</strong>a parte da lâmina era visível. Estava<br />

enterrada profundamente em sua carne.<br />

Convencida de que ele não ia a lugar nenh<strong>um</strong> no momento, Mairin virou-se e fugiu, gritando por<br />

Gannon.<br />

Quando ela entrou na cozinha, chocou-se <strong>com</strong> Gannon. Teria caído se ele não tivesse agarrado seus<br />

braços para firmá-la. Então, ele viu seu vestido rasgado, e sua expressão tornou-se tempestuosa.<br />

— O que é isso, minha senhora? O que aconteceu?<br />

Antes que Mairin pudesse responder, ele a empurrou para trás e puxou a espada.<br />

— Há algo que devo mostrar-lhe. - disse ela <strong>com</strong> urgência. — Bem, isto é, eu preciso de você para<br />

ficar de guarda enquanto eu vou buscar Ewan.<br />

Sem esperar a resposta dele, Mairin pegou sua mão, puxando-o para a despensa. Ela apontou para<br />

Diormid esparramado no chão.<br />

— Devo buscar Ewan. Você pode ter certeza de que ele não se move até eu voltar?


Gannon estava <strong>com</strong> o rosto tomado <strong>com</strong> fúria enquanto olhava para o homem de confiança que<br />

chamou de irmão de armas. Então, olhou para Mairin <strong>com</strong> espanto.<br />

— Minha senhora, o que fez <strong>com</strong> ele?<br />

Com sua pergunta, ela ficou consciente do que havia acontecido. Percebeu o quanto aquele homem<br />

tinha chegado perto de machucar a ela e o bebê. Suas mãos <strong>com</strong>eçaram a tremer e seu estômago se<br />

rebelou. Mairin se virou e vomitou violentamente. Lágrimas queimaram em seus olhos enquanto ela<br />

tentava respirar, em <strong>um</strong>a tentativa para acalmar o estômago agitado.<br />

— Minha senhora, você está machucada? O que aconteceu? - Gannon perguntou preocupado.<br />

Ela se ajeitou e colocou a mão no braço de Gannon para se firmar.<br />

— Eu tenho a sua promessa, Gannon? Você vai cuidar para que ele não se mova até que eu volte<br />

<strong>com</strong> Ewan?<br />

— Eu já estou aqui, moça. O castelo inteiro ouviu seus gritos. - a voz de Ewans soou atrás dela.<br />

Mairin voltou-se em sua direção para ver Ewan e seus irmãos de pé na porta e imediatamente<br />

lamentou. As náuseas subiram até sua garganta e ela inclinou-se mais <strong>um</strong>a vez.<br />

Foi Caelen quem colocou <strong>um</strong> braço ao redor dela e segurou-a. Ewan estava muito ocupado<br />

observando a cena em sua frente.<br />

— O que, em nome de Deus, aconteceu? - Ewan rugiu. — Como ele entrou em nossa despensa?<br />

Ele virou-se para Gannon.<br />

— Você tem <strong>um</strong>a explicação para isso?<br />

— Não, Laird, não tenho.<br />

— Gertie. - Mairin balbuciou. — Ewan, ela está ferida.<br />

Ewan fez sinal para Gannon cuidar de Gertie, que ainda estava deitada no chão a <strong>um</strong>a curta<br />

distância. Gannon ergueu a mulher nos braços e tirou-a da despensa. Ela já estava protestando em voz<br />

alta, dizendo que podia caminhar sozinha. Ewan voltou-se para Mairin, que tremia <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a vara verde<br />

ao lado de Caelen.<br />

— Diga-me o que aconteceu, moça.<br />

— Ele cortou o meu vestido. - disse ela, enquanto segurava o tecido esfarrapado — Ameaçou tirar o<br />

bebê do meu ventre se eu não cooperasse.<br />

Alaric olhou para ela <strong>com</strong> espanto.<br />

— Se ele tinha <strong>um</strong>a faca apontada para sua barriga, <strong>com</strong>o em nome de Deus, acabou inconsciente no<br />

chão <strong>com</strong> o seu punhal cravado em sua barriga?<br />

— Aprendi <strong>com</strong> Ewan. - ela disse afetadamente.<br />

Ewan arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha e trocou olhares <strong>com</strong> Caelen.<br />

— Isso eu tenho que ouvir. - Caelen murmurou.<br />

— Eu o chutei... <strong>com</strong> o joelho... lá embaixo. E bem, eu mergulhei minha adaga em sua barriga, ao<br />

mesmo tempo. Quando ele caiu, quis ter certeza de que não escapasse, então bati em sua cabeça <strong>com</strong><br />

<strong>um</strong>a panela.


Alaric estremeceu.<br />

— Não acho que ele fugiria para qualquer lugar, moça.<br />

Mairin encolheu os ombros.<br />

— <strong>Na</strong> verdade eu quis matá-lo. Ele ameaçou meu filho.<br />

Caelen riu.<br />

— Acho que Crispen ou seus outros filhos nunca precisarão de você para protegê-los, Ewan. Sua<br />

esposa vai proteger de seus filhos de qualquer ameaça.<br />

Ewan puxou Mairin ao seu lado e beijou sua cabeça.<br />

— Está tudo bem, carinho?<br />

— Ele não me machucou.<br />

Ewan tirou a mão do seu braço e franziu a testa quando viu sangue.<br />

— Então, o que é isso? - ele perguntou.<br />

Ela encolheu os ombros, lembrando-se agora que Diormid tinha feito <strong>um</strong> pequeno corte em sua<br />

briga.<br />

— É apenas <strong>um</strong> arranhão, laird. Vou lavá-lo depois.<br />

— O que faremos <strong>com</strong> Diormid, laird? - Cormac perguntou da porta.<br />

A expressão de Ewan ficou sombria, mas então ele olhou para Mairin, provavelmente lembrando-se<br />

de sua aversão quando disse que iria matar Heath.<br />

— Acho que ele deve alimentar <strong>um</strong>a matilha de lobos selvagens. - Mairin murmurou. — Talvez<br />

amarrá-lo entre duas árvores e deixá-lo sangrar para atrair predadores.<br />

Ewan e seus irmãos ficaram boquiabertos e espantados.<br />

— Ou nós poderíamos simplesmente arrastá-lo atrás de <strong>um</strong> cavalo por alguns quilômetros? - ela<br />

perguntou esperançosamente.<br />

Caelen morreu de rir.<br />

— A moça é sanguinária. Adorei isso! Ela é feroz, Ewan. Eu gosto muito de sua esposa.<br />

— Estou vendo. - Ewan murmurou.<br />

Ewan olhou para sua esposa, exasperado.<br />

— Eu ia sugerir matá-lo e acabar logo <strong>com</strong> isso já que ele não vai sobreviver ao seu punhal na<br />

barriga, de qualquer maneira.<br />

— Mas é <strong>um</strong>a morte muito rápida. - ela disse <strong>com</strong> <strong>um</strong>a fungada. — Acho que ele deveria sofrer.<br />

Ewan franziu a testa e Mairin cedeu, <strong>com</strong> <strong>um</strong> suspiro.<br />

— Oh, muito bem. Matá-lo rapidamente. Mas ele não será enterrado em nossas terras. Você pode<br />

alimentar os urubus <strong>com</strong> seu cadáver, não pode?<br />

Ewan balançou a cabeça e riu de seu tom esperançoso. Puxou-a em seus braços e apertou-a até que<br />

ela não conseguiu respirar.


— Sim, moça, podemos alimentar os predadores <strong>com</strong> seu cadáver. Será que vai fazer você se sentir<br />

melhor imaginar seus globos oculares arrancados das órbitas?<br />

Seu estômago rebelou-se <strong>com</strong> a imagem que se formou em sua mente e ela colocou a mão na boca<br />

para estancar o impulso de vomitar novamente. Então, olhou para o marido.<br />

—Você fez isso de propósito!<br />

Ewan virou-se rindo para seus irmãos.<br />

— Cuidem de seu corpo. Estou levando minha esposa de volta para o salão.<br />

Mairin deixou que Ewan a levasse para longe, mas depois parou e gritou de volta.<br />

— Quero minha adaga de volta, Caelen!


Capítulo 39<br />

— Laird! Laird! O rei está chegando!<br />

Ewan largou a mão de Mairin e correu para o salão onde Owain estava gritando. O jovem tinha,<br />

obviamente, corrido por todo o caminho, pois se encontrava ofegante quando freneticamente procurou<br />

por Ewan no salão.<br />

Quando viu o laird, correu e mais <strong>um</strong>a vez repetiu seu anúncio.<br />

— Espere! – Ewan gritou - Diga-me tudo. O rei está muito longe? Ele vem a<strong>com</strong>panhado <strong>com</strong> o seu<br />

exército?<br />

Antes que Owain pudesse responder, outro dos soldados de Ewan correu pelo corredor.<br />

— Laird! Os McDonald estão em nossos portões!<br />

Ewan seguiu em direção ao pátio, <strong>com</strong> Mairin logo atrás. Ele chegou assim que Laird McDonald<br />

desmontava de seu cavalo. Além dos portões do castelo, o que parecia ser o exército inteiro de<br />

McDonald, espalhava-se pelo terreno.<br />

— Ewan! - McDonald saudou. — Meus homens trouxeram a notícia de que o rei se aproxima <strong>com</strong><br />

seu exército.<br />

Não passou <strong>um</strong> minuto após o pronunciamento de Laird McDonald, e Laird McLauren atravessou a<br />

ponte e seguiu para o pátio. <strong>Na</strong> distância, o exército McLauren se reuniu <strong>com</strong> os homens McDonalds.<br />

— Ewan. - McLauren saudou, quando se aproximou dos dois lairds. — Vim assim que eu ouvi a<br />

notícia.<br />

Ewan olhou para os dois homens <strong>com</strong> surpresa. A visão de tantos soldados a cavalo era<br />

impressionante, espalhando-se tanto quanto os olhos podiam ver.<br />

— Percebem que, por suas ações, vocês poderão se rebelar contra a coroa? Vocês serão foras da lei. -<br />

Ewan disse.<br />

Laird McLauren fez <strong>um</strong>a careta.<br />

— É errado o que ele fez, Ewan. Se ele leva a esposa de <strong>um</strong> homem, o que fará depois? Tomará suas<br />

terras? Estou ao seu lado, assim <strong>com</strong>o os meus homens.<br />

Laird McDonald assentiu <strong>com</strong> a cabeça.<br />

Ewan agarrou o antebraço de Laird McLauren e depois virou-se para fazer o mesmo <strong>com</strong><br />

McDonald. Então, jogou seu punho no ar e deu <strong>um</strong> grito de guerra que foi captado por seus homens e<br />

se espalhou entre os McDonalds e os McLaurens. Logo, as colinas que circundavam o castelo ecoaram<br />

<strong>com</strong> o som da batalha iminente.<br />

Virou-se para Mairin e tomou-lhe as mãos.<br />

— Eu quero que você pegue Crispen e permaneça atrás das muralhas do castelo. Não saia até que eu<br />

tenha chamado. Prometa-me.<br />

Mairin assentiu <strong>com</strong> <strong>com</strong>preensão, os olhos arregalados de medo. Ele se curvou e beijou-a.<br />

— Não tenha medo, Mairin. Vamos vencer neste dia. Agora vá e cuide deste corte em seu braço.


Ela tocou seu rosto.<br />

— Eu sei que nós vamos vencer.<br />

Mairin voltou-se e chamou Crispen. Então emitiu <strong>um</strong>a ordem para todas as mulheres do castelo para<br />

ficarem atrás dos muros.<br />

— Vamos saudar o nosso rei na fronteira de minhas terra. - Ewan declarou. Ele ordenou aos seus<br />

homens para montar os seus cavalos e cavalgaram para fora, <strong>com</strong> os McDonalds e os McLaurens atrás<br />

deles.<br />

Ewan estava triste, mas resoluto em sua posição contra a coroa. A vida que ele estava forjando para<br />

si, Mairin e seus filhos não era fácil. Seu nome para sempre estaria associado a desonra. Um herói para<br />

alguns, <strong>um</strong> fora da lei para a maioria.<br />

Se manter a mulher que amava ao seu lado era motivo de desonra, ele estava preparado para vestir<br />

este manto pelo resto de seus dias.<br />

Quando eles chegaram na sua fronteira, Ewan ficou surpreso ao ver o rei montado em seu cavalo<br />

<strong>com</strong> apenas <strong>um</strong>a escolta de meia dúzia de homens. Ele esperou além da fronteira, não fazendo nenh<strong>um</strong><br />

esforço para atravessar para as terras de Ewan.<br />

— Isso é alg<strong>um</strong> truque? - McLauren murmurou ao lado de Ewan. — Onde estão o resto dos seus<br />

homens? É suicídio vir sem seu exército.<br />

— Fique aqui. - Ewan disse severamente.<br />

Ele fez sinal para seus irmãos, Gannon e Cormac, e cavalgou até estar diante do rei, mas ainda em<br />

território McCabe. O rei parecia cansado e ainda sofria os efeitos da sua doença. Seu rosto estava pálido<br />

e seus ombros pendiam precariamente.<br />

— Sua Majestade. - Ewan o saudou. — Por que veio até minhas fronteiras?<br />

— Eu vim para corrigir <strong>um</strong> erro. E lhe agradecer.<br />

De todas as coisas que Ewan esperava ouvir de seu rei, aquilo não era <strong>um</strong>a delas.Ele inclinou a cabeça<br />

para o lado, mas não disse nada, aguardando o rei se explicar.<br />

— Você vem <strong>com</strong> o poder não somente de seu exército, mas o de McDonald e o clã McLauren. -<br />

disse o rei. — Diga-me, Laird McCabe, você lutaria <strong>com</strong>igo neste dia se eu tivesse chegado <strong>com</strong> <strong>um</strong>a<br />

declaração de guerra?<br />

— Sim. - Ewan disse sem hesitar.<br />

A irritação brilhou nos olhos do rei.<br />

— Ao fazer isso, seria marcado <strong>com</strong>o <strong>um</strong> pária pelo resto de seus dias?<br />

— Só se eu perdesse. - Ewan retrucou. — E eu não pretendo perder.<br />

O rei remexeu-se em sua sela.<br />

— Gostaria de conhecer minha sobrinha, Laird McCabe.<br />

Ewan lançou <strong>um</strong> olhar ao rei David, confuso pela mudança abrupta de assunto.<br />

—Eu não vou permitir que Mairin venha para fora de meus muros.<br />

O rei assentiu <strong>com</strong> aprovação.


— É por isso que eu espero que me convide a entrar. Temos muito a discutir, e <strong>com</strong>o eu disse, tenho<br />

muito a agradecer.<br />

— Pode ser <strong>um</strong> truque. - Alaric murmurou.<br />

— Você vai entrar sozinho. - Ewan disse. — Seus homens permanecem fora dos muros.<br />

O rei arqueou <strong>um</strong>a sobrancelha.<br />

— Você está me pedindo para confiar em <strong>um</strong> homem que admitiu que não vê nenh<strong>um</strong> problema em<br />

me matar?<br />

— Se tudo que eu quisesse fosse matá-lo, já estaria morto. - Ewan disse calmamente.<br />

David estudou-o por mais <strong>um</strong> momento e então lentamente assentiu <strong>com</strong> a cabeça.<br />

— Muito bem, então. Irei <strong>com</strong> você ao seu castelo. Meus homens irão a<strong>com</strong>panhar-me até o seu<br />

portão.<br />

Ewan voltou-se e deu o sinal para seus homens se prepararem. Então, fez sinal para David seguilo.<br />

Ewan e o rei estavam ladeados por seus irmãos enquanto cavalgavam em direção a fortaleza.<br />

Fiel à sua palavra, David assinalou para seus homens pararem quando chegaram à ponte sobre o lago.<br />

Os McDonalds e os McLaurens ficaram para trás, enquanto os homens de Ewan atravessaram para o<br />

outro lado da ponte atrás de seu laird.<br />

Eles desmontaram e David desmontou de seu cavalo <strong>um</strong> pouco vacilante. Ewan franziu a testa, mas<br />

não fez nada para envergonhar o seu rei, oferecendo ajuda na frente de seus homens.<br />

—Laird, devo chamar Lady McCabe? - Cormac sussurrou.<br />

Ewan balançou a cabeça.<br />

— Não, na verdade, eu quero que você encontre sua senhora e certifique-se de que ela permaneça em<br />

seu quarto até que eu a chame. Você deve protegê-la, Cormac, até que eu entenda tudo o que acontece<br />

aqui.<br />

Cormac assentiu e saiu correndo. Os homens entraram no salão e Ewan pediu cerveja e <strong>com</strong>ida. Eles<br />

se sentaram à mesa alta e David ficou quieto enquanto bebericava sua cerveja.<br />

Depois de <strong>um</strong> momento, olhou para Ewan sobre a borda de sua taça e mordeu os lábios, pensativo.<br />

— Preciso de homens <strong>com</strong> sua coragem, Ewan. Você tinha todos os motivos para me desprezar e<br />

ainda alertou minha guarda de sua suspeita de que eu estava sendo envenenado por alguém em quem<br />

confiava. Por causa de seu aviso estou vivo e na sua frente hoje. Archibald realmente conspirarava contra<br />

mim junto <strong>com</strong> Cameron. Ele estava me envenenando para que parecesse estar doente e minha morte<br />

ser atribuída a causas naturais.<br />

O rei suspirou e colocou sua taça sobre a mesa.<br />

— Gostaria de pedir desculpas pelos erros <strong>com</strong>etidos contra você e especialmente à sua<br />

esposa. Gostaria de conhecer minha sobrinha <strong>com</strong> a sua bênção.<br />

Ewan analisou seu rei por <strong>um</strong> longo momento, mas só viu a sinceridade refletida nos olhos do<br />

homem mais velho. Então, virou-se para Caelen.<br />

— Vá e traga Mairin até aqui para que ela possa c<strong>um</strong>primentar seu tio.


Mairin segurava o braço de Caelen enquanto desciam as escadas. Ela instruiu Crispen a ficar em seu<br />

quarto <strong>com</strong> Maddie. Caelen parou no topo da escada e, em seguida, colocou sua adaga na bainha de<br />

couro pequena que tinha feito para prender em seu cinto.<br />

— Eu achei que você gostaria de tê-la de volta. - disse ele, divertido.<br />

— Obrigado, Caelen. Você é muito prestativo.<br />

Ele sorriu e apertou seu braço de modo confortador.<br />

— Queixo para cima. Uma moça tão feroz <strong>com</strong>o você não se inclina a ninguém.<br />

Eles desceram as escadas e entraram no salão. Do outro lado, Ewan e o rei se levantaram ao notarem<br />

sua presença.<br />

Os joelhos de Mairin tremiam. Não de terror, por medo que o rei pudesse prejudicá-la. Não, Ewan<br />

estava de pé ao lado do rei, e ele nunca permitiria que tal coisa acontecesse. O rei era sua família, no<br />

entanto. Sua carne e sangue. Seu tio. O rei da Escócia.<br />

Caelen parou diante do rei e soltou o braço de Mairin, recuando para permitir que ela<br />

c<strong>um</strong>primentasse seu tio.<br />

Lembrando-se que devia mostrar respeito para o rei, não se importou <strong>com</strong> o que Caelen disse sobre<br />

não se curvar diante de ninguém. Rapidamente se inclinou em <strong>um</strong>a profunda reverência e rezou para<br />

não desmaiar.<br />

Mairin esperou sua permissão para se levantar, mas para sua surpresa, ele se ajoelhou na frente dela e<br />

tomou-lhe as mãos. Mairin ficou ainda mais chocada ao ver <strong>um</strong> brilho de lágrimas em seus olhos. Olhos<br />

que lembravam os dela.<br />

Ele parecia abatido. Pálido e exausto <strong>com</strong>o se tivesse travado <strong>um</strong>a longa batalha <strong>com</strong> a doença e mal<br />

tivesse <strong>com</strong>eçado sua recuperação. Havia linhas gravadas profundamente em sua testa, e as rugas<br />

marcavam os cantos dos olhos.<br />

Ele manteve <strong>um</strong> aperto firme em suas mãos enquanto segurava-as entre as dele.<br />

— Se eu tinha alg<strong>um</strong>a dúvida, não a tenho mais. - ele disse em <strong>um</strong>a voz rouca. — Você tem o olhar<br />

de minha mãe, que Deus dê o descanso a sua alma.<br />

— Eu tenho? - Mairin sussurrou.<br />

— Sim, ela era <strong>um</strong>a mulher bonita, tinha <strong>um</strong> espírito dedicado a quem precisava.<br />

Mairin engoliu em seco, esmagada pela emoção do momento. Depois de tanto tempo escondida,<br />

vivendo <strong>com</strong> medo, foi abertamente reconhecida por seu sangue.<br />

Ewan ficou ao lado dela e passou o braço em volta de sua cintura. O rei, relutante, soltou as suas<br />

mãos e dirigiu seu olhar para Ewan.<br />

— Você fez <strong>um</strong>a coisa boa, Ewan. A ideia da moça nas mãos de Duncan Cameron, ... - ele limpou a<br />

garganta. – Corrigirei os erros <strong>com</strong>etidos contra você e sua esposa. Darei a bênção pública a seu<br />

casamento e enviarei seu dote imediatamente, sob escolta pesada.<br />

Mairin ofegou.<br />

— Pensei que meu dote tivesse sido entregue a Duncan Cameron.<br />

O rei sacudiu a cabeça.


— Archibald prometeu seu dote a Duncan, mas ele não sabia onde ele estava. Só eu sei onde está<br />

escondido o legado de Alexander ao primogênito de sua filha. Estava trancado a sete chaves em Neamh<br />

Alainn.<br />

— Oh, isso é maravilhoso, Ewan! – ela exclamou , enquanto ela dançava nos braços de Ewan.<br />

Mairin voltou-se para seu tio, preocupada <strong>com</strong> sua palidez e fraqueza aparente.<br />

— Você nos daria <strong>um</strong>a grande honra se permanecesse aqui até estar bem de saúde.<br />

Os olhos do rei se arregalaram <strong>com</strong> surpresa e ele olhou para Ewan buscando <strong>um</strong>a<br />

confirmação. Ewan deu de ombros.<br />

— Há muito tempo aprendi que é perigoso negar algo a minha esposa. Além disso, ela tem esse<br />

direito. Até que esteja plenamente recuperado, a ameaça ainda é grande. Precisa de tempo para encontrar<br />

todos os que conspiraram <strong>com</strong> Archibald. Ficaríamos honrados se passasse esse tempo conosco.<br />

David deu <strong>um</strong> largo sorriso.<br />

— Então ficaria feliz em aceitar a sua hospitalidade.<br />

No final, David permaneceu por duas semanas, até que o dote de Mairin foi entregue.Seu marido e o<br />

rei, depois de <strong>um</strong> início cauteloso, na verdade, ficaram muito amigos. Caçavam muito, saiam <strong>com</strong> os<br />

irmãos de Ewan e bebiam cerveja no salão, discutindo sobre quem pegou a maior caça.<br />

A saúde de Davi rapidamente melhorou <strong>com</strong> a <strong>com</strong>ida de Gertie e a preocupação de Mairin para que<br />

ele descansasse. Quando partiu <strong>com</strong> o contingente de soldados que trouxeram seu dote, Mairin ficou<br />

realmente muito triste.<br />

<strong>Na</strong>quela noite, na privacidade de seu quarto, Ewan fez amor <strong>com</strong> ela, e depois Mairin riu <strong>com</strong> a<br />

lembrança da acusação que seu laird era inábil na arte de amar.<br />

— O que a diverte, mulher? É <strong>um</strong> pecado rir logo após <strong>um</strong> homem ter feito amor <strong>com</strong>o eu fiz.<br />

Ela sorriu e se aconchegou em seus braços. Como sempre fazia, Ewan a ninava, acariciando sua<br />

barriga protetoramente.<br />

— Eu estava me lembrando de certas avaliações imprecisas que fiz sobre o seu talento.<br />

— Droga, você estava errada. - ele rosnou.<br />

Mairin riu novamente e então suspirou de contentamento.<br />

— Que dia maravilhoso, Ewan. Nosso clã foi salvo. Podemos alimentar nossa família, vestir nossos<br />

filhos, e fornecer aos nossos homens as armas e armaduras que tão desesperadamente precisam.<br />

— Sim, carinho, foi <strong>um</strong> dia maravilhoso. - então voltou-se e beijou-a até que Mairin não conseguiu<br />

respirar. Ewan olhou para ela <strong>com</strong> tanta ternura em seus olhos que seu coração acelerou em seu peito.<br />

— Quase tão maravilhoso <strong>com</strong>o o dia em que pisou nas terras McCabe.


Trilogia – Os Irmãos McCabe<br />

1. <strong>Na</strong> <strong>Cama</strong> <strong>com</strong> <strong>um</strong> <strong>Highlander</strong><br />

Ewan McCabe, o mais velho, é <strong>um</strong> guerreiro determinado a eliminar seu inimigo. Agora, <strong>com</strong> a hora<br />

da batalha se aproximando, seus homens estão prontos e Ewan está certo de que tomará de volta o que é<br />

seu – até que <strong>um</strong>a tentação de olhos azuis e cabelos negros é jogada sobre ele. Mairin pode ser a<br />

salvação do clã de Ewan, mas para <strong>um</strong> homem que sonha apenas <strong>com</strong> vingança, assuntos do coração são<br />

<strong>um</strong> território estranho a ser conquistado.<br />

Embora seja filha ilegítima do rei, Mairin possui <strong>um</strong>a propriedade muito desejada o que a transforma<br />

em <strong>um</strong> peão – e desconfiada do amor. Seu pior medo se torna realidade quando ela é resgatada de <strong>um</strong><br />

perigo apenas para se ver forçada a se casar <strong>com</strong> seu carismático e exigente salvador, Ewan McCabe. Mas<br />

a atração que sente por seu poderoso marido, a faz desejar o surpreendentemente terno toque dele; seu<br />

corpo se torna vivo sob a sua sensual maestria. E, enquanto a guerra se aproxima, a força, espírito e<br />

paixão de Mairin desafiam Ewan a conquistar seus demônios – e a abraçar <strong>um</strong> amor que significa mais<br />

do que vingança e terras.


2. Sedução nas Highlands<br />

Um guerreiro é pego entre <strong>um</strong> casamento por dever e <strong>um</strong> amor proibido no livro dois da<br />

sensual trilogia de <strong>Maya</strong> narrando a história de três irmãos indomáveis.<br />

Ferozmente leal a seu irmão mais velho, Alaric McCabe lidera seu clã na luta pelos seus direitos de<br />

nascença. Agora ele está preparado para casar por dever também. Mas em seu caminho para pedir a mão<br />

de Rionna McDonald, filha de <strong>um</strong> chefe vizinho, ele sofre <strong>um</strong>a emboscada e é dado por morto.<br />

Milagrosamente, sua vida é salva pelo toque suave de <strong>um</strong> anjo das Highlands, <strong>um</strong>a bela e corajosa dama<br />

que colocará à prova sua lealdade para <strong>com</strong> seu clã, sua honra e seus mais profundos desejos .<br />

Banida de seu próprio clã, Keeley McDonald foi traída por aqueles a quem amava e confiava. Quando o<br />

guerreiro ferido cai de seu cavalo, ela fica atraída por seu corpo forte. O lampejo pecaminoso nos olhos<br />

verdes dele acende <strong>um</strong>a paixão que os seguirá até a casa de Alaric, onde o amor proibido entre eles os<br />

levará ao mais profundos prazeres carnais. Mas conforme a conspiração e perigos se aproximam, Alaric<br />

deverá fazer <strong>um</strong>a escolha impossível. Ele trairá os laços de sangue pela mulher que ama?


3. Nunca se Apaixone por <strong>um</strong> <strong>Highlander</strong><br />

O coração jovem e rebelde de Caelen McCabe quase destruiu o seu clã. Chegou a hora de colocar a<br />

lealdade à família acima de tudo o resto e casar <strong>com</strong> a noiva abandonada pelo irmão mais velho,<br />

salvando assim a frágil aliança entre dois clãs. Mas embora a bela Rionna McDonald seja <strong>um</strong>a mulher<br />

perfeitamente aceitável para qualquer homem, a verdade é que Caelen não confia em mulher nenh<strong>um</strong>a,<br />

especialmente nesta doce sedutora que ele tanto deseja. Claro que Rionna é <strong>um</strong>a vítima nos jogos de<br />

poder do seu pai, mas ela está determinada a c<strong>um</strong>prir o seu dever, ao mesmo tempo que jura proteger o<br />

seu coração e o seu orgulho de qualquer h<strong>um</strong>ilhação. Mas, apesar de tudo, o calor do toque de Caelen<br />

faz <strong>com</strong> que as suas defesas derretam e ela deseja intensamente as delícias sensuais de <strong>um</strong> marido que<br />

guarda as suas emoções <strong>com</strong> a mesma ferocidade <strong>com</strong> que guarda o seu clã. Quando explode a<br />

derradeira guerra pelo legado McCabe, o verdadeiro espírito guerreiro de Rionna vem ao de cima. Ela<br />

irá arriscar a ira do seu pai, a fúria dos seus inimigos e a própria vida para provar a Caelen que o seu<br />

amor é demasiado precioso para se perder.


Créditos<br />

Tradução/Pesquisa: GRH<br />

Revisão Inicial: Claudia Barbetta<br />

Revisão Final: Ana Paula G.<br />

Formatação pdf: Ana Paula G.<br />

Produção do epub<br />

E-books distribuídos sem fins lucrativos e de fãs para fãs.<br />

A <strong>com</strong>ercialização deste produto é estritamente proibida.


Comentários das Revisoras<br />

Comentário da Revisora Claudia Barbetta:<br />

Sinceramente, ri muito revisando esse livro. Mairin é <strong>um</strong>a heroína ingênua, afinal foi criada em <strong>um</strong><br />

convento, e nunca esteve perto de <strong>um</strong> homem... e caí logo nos braços de Ewan, <strong>um</strong> homem que é pura<br />

testosterona! Ele é mandão, ela é teimosa, e coloca o castelo McCabe de pernas para o ar. Ela quer<br />

ensiná-lo a amar. Ele só quer fazer amor. E entre os encontros e desencontros, quem vence, é claro, é o<br />

coração. Leiam e descubram que debaixo desse homem feroz, há <strong>um</strong> homem super terno e apaixonado.<br />

As cenas hots são ternas, também... <strong>um</strong> banho de romantismo.<br />

Comentário da Revisora Ana Paula G.<br />

Que livro tão romântico!! Aliás, que série tão romântica! Estes escoceses são super ferozes,mas <strong>com</strong><br />

as heroínas são protetores e carinhosos.<br />

Não tem traição,não tem outras mulheres para disputar o TDB, as histórias são centradas nos<br />

conflitos do casal central e muitas disputas entre clãs. E depois que se apaixonam pela heroína são<br />

verdadeiros cavaleiros...Os trechos hot são deliciosos.Linda história! Nem vou dizer que queria UM<br />

McCabe para mim...queria logo os TRÊS ...kkkkkkk

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