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01.5 - Forever Yours

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APRESENTAM<br />

DISPONIBILIZAÇÃO: SORYU // TRADUÇÃO: RUTE GONTI, AYNELIS, OLIVIA SOU, MAYARA NIKITA,<br />

ANINHA, ANGELA BAR, ELITANA, TICISOUL, CLAUDIA SIL, NATA MORENA, RHE CRUX //<br />

REVISÃO INICIAL: CACAU S. // REVISÃO FINAL: PAIXÃO // LEITURA FINAL: CAMILA B. //<br />

FORMATAÇÃO: DADÁ


01<br />

1.5<br />

1.6<br />

02<br />

03<br />

04<br />

05<br />

5.5


YOURS<br />

ANGEL MORENO E SARAH FIERO SE APAIXONARAM NO FOREVER MINE, MAS<br />

PARA UM CASAL DE NAMORADOS, O PARA SEMPRE É UM TEMPO LONGO<br />

DEMAIS...<br />

RESSURGEM AS INSEGURANÇAS DO PASSADO. COMO SE LUTAR COM SEU<br />

MELHOR AMIGO, SYDNEY, NÃO FOSSE O SUFICIENTE, ANGEL AGORA TEM<br />

DOIS NOVOS OPONENTES NA VIDA DE SARAH.<br />

UM DRAMA ANGUSTIANTE COM LÁGRIMAS E RISADAS SE DESENVOLVE<br />

ENQUANTO O AMOR DE ANGEL E SARAH É DEFINITIVAMENTE POSTO À PROVA<br />

NESTA NOVA EDIÇÃO DA SÉRIE MORENO BROTHERS.


CAPÍTULO<br />

UM<br />

— Vou atender — Disse Sarah a Angel enquanto ia para o quintal.<br />

Angel assentiu e continuou com o que estava fazendo, mas já sabia<br />

que era Sydney ligando, outra vez.<br />

Ela recusou a ligação mais cedo quando Alex estava levando o bolo de<br />

aniversário de sua mãe. Normalmente, não atendia suas ligações quando<br />

Angel estava por perto, não que tivesse algo que esconder quando falava<br />

com Sydney. Inclusive, depois de todos estes anos odiava esse sentimento<br />

cada vez que atendia uma ligação de Sydney na frente de Angel. Então<br />

evitava atender. A única razão pela qual decidiu atender agora era porque<br />

Sydney já não ligava tanto como antes e quase nunca duas vezes em um<br />

dia. As últimas vezes que se falaram ele mencionou estar com problemas<br />

com sua noiva, Carina. Sarah se perguntava se algo ocorreu entre eles e<br />

talvez ele quisesse desabafar.<br />

Para seu alívio, ele soava perfeitamente animado quando respondeu.<br />

— Olá Lynni, está ocupada?<br />

— Não realmente. Bem... — Olhou de volta à janela da cozinha que<br />

dava ao pátio traseiro


— Estou na casa de Angel agora. Estão dando uma festa de<br />

aniversário para sua mãe, mas estou disponível uns minutos. Tudo bem?<br />

— Uma festa em uma quinta-feira?<br />

— Sim. — Sorriu<br />

— Você conhece eles. O aniversário é hoje, assim não vai passar em<br />

branco independente do dia da semana.<br />

— Oh bom, então não se preocupe — Disse rapidamente<br />

— Volte para a festa. Pensei que estaria em casa e estivesse livre. Não<br />

nos falamos há um tempo, só pensei em pôr o assunto em dia.<br />

— Está tudo bem?<br />

— Sim, sim, está tudo bem. Ligo depois.<br />

Ela se sentiu um pouco mal por ter desligado, especialmente porque<br />

tinha a sensação que ele queria falar algo especifico com ela. Mas também<br />

sabia que, quanto mais tempo passasse aqui fora, mais estranho Angel<br />

ficaria quando voltasse. Ele nunca dizia nada. Sarah tinha que dar um<br />

crédito. Ele estava melhorando e obviamente, estava se esforçando para<br />

aceitar Sydney na medida do possível, mas o conhecia muito bem para<br />

captar as vibrações dele cada vez que o tema Sydney surgia.<br />

Quando voltou, pegou um pequeno recipiente com fritas e molho e foi<br />

ao salão familiar. Angel bateu no assento desocupado ao lado dele no sofá<br />

onde estava sentado com seu pai e Sal.<br />

— Tudo bem? — Perguntou, ao pegar uma batata.<br />

— Sim, só pensei que algo estava errado. Ele raramente liga duas<br />

vezes em um dia. Está tudo bem. Só estava ligando para pôr o assunto em<br />

dia, porque não nos falamos há um tempo.


Angel olhou com indiferença antes de mergulhar outra batata no<br />

molho. Até agora tudo bem. Nada estranho. Inclusive, ele a beijou com um<br />

sorriso.<br />

— Você perdeu — Disse com um sorriso.<br />

— O quê?<br />

— Um dos meninos mariachis é novo — riu<br />

— Os outros meninos no grupo sabem que Sof está com o Eric, mas<br />

como ele não é daqui eles decidiram fazer uma brincadeira dizendo que ela<br />

estava solteira e procurando um homem. Eles o instigaram a dar em cima<br />

dela. Ele fez e ela recusou, é obvio, mas docemente. Ele ficou todo<br />

presunçoso, pegando um pouco mais pesado. Por sorte, Alex estava<br />

participando da brincadeira, assim ele controlou a situação. Sof não estava<br />

sabendo, ela ficou envergonhada e zangada — encolheu os ombros.<br />

— Não aconteceu nada demais, mas a expressão no rosto dele quando<br />

olhou para Alex foi clássica. Deixaram o cara saber a verdade antes que<br />

arruinasse suas calças.<br />

Sarah riu, porque podia imaginar.<br />

— Pobre do cara — Disse, olhando ao redor procurando Sofie.<br />

Sofie estava agora, parada com Alex, rindo. Aparentemente, tinha<br />

superado, mas Sarah recordava todas as vezes que Sofie teve que lutar com<br />

esse tipo de reação de seus irmãos mais velhos de verdade.<br />

“Têm boas intenções”, se Sarah ganhasse um centavo cada vez que<br />

falasse isso à irmã de Angel sobre seus irmãos poderia pagar por sua<br />

educação completamente. Era verdade. Os irmãos de Sofie poderiam estar<br />

no lado autoritário, mas no final, tinham reais boas intenções. Sarah se<br />

perguntava como seria crescer em uma grande família e ter irmãos como os<br />

Moreno.


De fato, nunca admitiria, mas muitas vezes se sentia um pouco<br />

ciumenta pela proximidade deles. Tinha crescido totalmente sozinha. É por<br />

isso que sempre se sentia agradecida por seu melhor amigo, Sydney, que foi<br />

a pessoa mais próxima de família, além de sua mãe. Não importa que Angel<br />

não acreditasse, Sydney era como um irmão para ela. Sempre o enxergou<br />

dessa maneira.<br />

Até em dias como hoje, quando os Moreno estavam celebrando o<br />

aniversário de sua mãe e como sempre toda a família e amigos estavam ali,<br />

Sarah não deixava de ter esta sensação feliz e ao mesmo tempo triste. A<br />

mãe deles foi, a tarde toda, tratada com atenção, com presentes, uma<br />

serenata dos mariachis e seus filhos cozinharam para ela.<br />

E que comida que prepararam! Como todos cresceram ajudando no<br />

restaurante da família, todos sabiam cozinhar, sendo assim tiveram uma<br />

festa feita com muito amor.<br />

Ao crescer, exceto pelo tempo que passou com o Sydney e sua família,<br />

Sarah e sua mãe sempre celebraram aniversários e festividades sozinhas. E<br />

por um tempo, sua mãe fez de tudo para fazê-la se sentir especial, muitas<br />

vezes Sarah desejava que sua mãe se casasse e tivesse mais filhos. Seria a<br />

melhor irmã do mundo, como foi para Sydney todos estes anos.<br />

Sofie teve que lutar com seus três irmãos superprotetores e também,<br />

com dois amigos deles, Romero e Eric. Eric, que agora era seu namorado, é<br />

muito mais calmo que seus irmãos. Sofie disse a Sarah que esse era<br />

exatamente o motivo de ficar tão atraída por ele, inclusive quando eram<br />

crianças. Romero nunca teve uma oportunidade com ela, porque era pior<br />

que seus irmãos. Pelo menos, Alex fazia perguntas antes, Romero não.<br />

Sarah sentiu a culpa. Sentia ciúmes das grandes celebrações da<br />

família quando deveria estar agradecida de ser incluída.


Não passou meia hora depois de receber a ligação de Sydney e seu<br />

telefone vibrou de novo. Estava sentada no piso frente à mesa de centro,<br />

com Angel. Ele olhou para ela, mas rapidamente afastou o olhar e riu de<br />

algo que Romero estava dizendo.<br />

Sarah olhou esperando que não fosse de Sydney. Estava preocupada,<br />

não por Angel, mas sim porque algo estava acontecendo com Sydney.<br />

Para seu alívio, não era Sydney. Era uma mensagem de sua mãe.<br />

Vai ficar aí por muito tempo? Tenho uma surpresa para você e mal<br />

posso esperar que chegue em casa.<br />

Isso chamou a atenção de Sarah imediatamente e sorriu. Surpresa?<br />

Sua mãe nunca foi boa em manter surpresas em segredo por muito tempo.<br />

Não ouvi nada a respeito disso até agora. Sarah faria vinte e um esse ano,<br />

mas ainda faltavam meses.<br />

Não se deu conta do grande sorriso estúpido que estava em seu rosto<br />

até que notou Angel olhando estranhamente.<br />

— Minha mãe — Disse, enquanto enviava uma mensagem de volta —<br />

Perguntou por quanto tempo vou ficar aqui. Tem uma surpresa para mim.<br />

A estranha expressão na cara de Angel foi tão curiosa como a dela.<br />

— Surpresa?<br />

— Sim — Disse enquanto enviava uma mensagem pedindo uma pista<br />

— Minha mãe nunca foi boa me escondendo surpresas. De fato, é bem<br />

ruim nisso. É por isso que não pode comprar nada para meu aniversário ou<br />

Natal até um dia antes, porque não confia em si mesma. — Sarah riu — De


qualquer maneira, isto provavelmente aconteceu hoje e ela já está enviando<br />

mensagens, perguntando quando estarei em casa.<br />

— Posso te levar agora — ofereceu Angel — Estamos quase terminando<br />

aqui. Todos irão tomar mais uma agora e sei que você disse que tinha tarefa<br />

que queria trabalhar.<br />

Ainda mais curiosa, especialmente desde que sua mãe não respondeu<br />

sua mensagem pedindo uma pista. Sarah assentiu com um sorriso.<br />

— Não posso imaginar o que será.<br />

Angel se levantou de onde estava sentado e estendeu sua mão<br />

— Vamos — Disse — Estou curioso também.<br />

Levou quase quinze minutos para dizer adeus a todos, mas finalmente<br />

estavam fora no automóvel de Angel. Na metade do caminho de casa, sua<br />

mãe respondeu a mensagem.<br />

A única pista é, que vai gostar de verdade! Isso é tudo. Oh e talvez não<br />

queira trazer Angel com você. Ele provavelmente não vai gostar tanto quanto<br />

você.<br />

Havia só uma coisa que Sarah podia pensar que seria bom para ela e<br />

não para Angel, Sydney. Isto tinha algo a ver com ele e provavelmente pelas<br />

duas ligações. Mas, por que ele não disse?<br />

Era uma mudança súbita, mas Angel agora conhecia Sarah<br />

suficientemente bem para perceber. Mudou de curiosamente entusiasmada<br />

com a surpresa de sua mãe para, de repente, um pouco nervosa. A


mudança não ocorreu até o segundo texto de sua mãe a caminho de seu<br />

apartamento.<br />

— Algo aconteceu? — Perguntou depois de vê-la lendo sua mensagem<br />

de texto.<br />

— Não — Disse, mas não foi convincente, quase como se não estivesse<br />

segura de si mesma.<br />

— Simplesmente perguntou onde estava.<br />

Dobraram a esquina e Angel estacionou em frente ao apartamento que<br />

Sarah e sua mãe compraram recentemente. Sarah virou para ele e<br />

rapidamente de volta a sua bolsa.<br />

— Não tem que vir comigo.<br />

A forma que mexeu em sua bolsa quando disse isso tinha outro<br />

significado revelador sobre Sarah. Sempre evitava o contato visual quando<br />

se sentia incomodada.<br />

— Não estou com pressa — Angel começou a sair — E estou curioso<br />

sobre esta surpresa — Disse, olhando para ela através do teto de seu carro<br />

agora.<br />

Ela sorriu e se reuniram ao redor da parte dianteira. Foram à porta<br />

principal. Já estava aberta e entraram. Luna, a mãe de Sarah, sorriu<br />

estranhamente para Angel e logo olhou para Sarah. Pegou seu celular no<br />

que parecia ser a preparação para tirar uma foto.<br />

Sarah e Angel ficaram ali um pouco confusos.<br />

— Está bem, pode sair — Disse Luna.<br />

Angel quase não o reconheceu quando saiu, porque estava mais<br />

volumoso que a última vez que o viu, mas só demorou uns segundos para


averiguá-lo. Sydney sorriu e as mãos de Sarah foram imediatamente a seu<br />

rosto tampando a boca.<br />

— Olá, Lynni.<br />

— Oh, Meu Deus! — Correu para ele e deu um grande abraço, Luna<br />

tirou várias fotos com seu telefone e Angel desejou não ter entrado com<br />

Sarah. Se abraçaram com força por um momento que achou longo. Preferia<br />

não ter que ser testemunha de sua emoção ao ver o cara e ouvir ele dizer<br />

seu sobrenome desse jeito meloso.<br />

— O que está fazendo aqui? — Perguntou, finalmente se afastando.<br />

Angel olhava, chiando os dentes enquanto Sarah limpava as lágrimas e<br />

ainda sustentava a mão de Sydney com a outra.<br />

— Estou em casa para o resto do verão, assim pensei que já que não<br />

estive tão perto de você em tanto tempo, só deveria dirigir até aqui e te<br />

surpreender.<br />

É obvio.<br />

Angel teve que lutar contra a tentação de murmurar. Flagstaff era,<br />

depois de tudo, logo ali na esquina de La Jolla. A última vez que ele e Sarah<br />

foram até o Flagstaff, demoraram quase oito horas!<br />

Sydney finalmente tirou os olhos de Sarah o suficiente para<br />

reconhecer Angel.<br />

— Como vai, cara? — Estendeu a mão para segurar a mão de Angel<br />

enquanto sua outra mão ainda sustentava Sarah.<br />

— Bem — Angel forçou um sorriso<br />

— Faz tempo.<br />

— Sim — Disse Sarah, sorrindo, mas ainda limpando o canto de seus<br />

olhos com uma mão.


— O que aconteceu? Mais de dois anos desde que te vi a última vez.<br />

Os olhos de Angel caíram à mão de Sarah, que estava ainda na de Syd.<br />

Seu sorriso já forçado se converteu em uma linha plana e ela soltou a mão<br />

de seu melhor amigo imediatamente como se acabasse de se dar conta que<br />

ainda estava segurando. Então, seus olhos se encontraram. Ele não quis<br />

esconder o que estava sentindo. Ela tinha que saber que, apesar de ser<br />

compreensivo com sua relação com o Syd, este tipo de merda o zangava.<br />

Luna clareou a garganta ruidosamente:<br />

— Sim, a última vez que veio foi para sua festa de graduação da escola<br />

secundária. Sim, se passaram mais de dois anos.<br />

Angel finalmente tirou o olhar de Sarah, fazendo seu melhor esforço<br />

para não mostrar o quão zangado se sentia de repente. Se alegrou quando<br />

Sarah perguntou a Syd quanto tempo estaria na cidade, porque é o que<br />

mais queria saber. Ele poderia ter perguntado, mas irritado como estava<br />

agora, estava bastante seguro de que sairia mais como: "Quando vai<br />

embora?"<br />

Sua tolerância à relação da Sarah com seu melhor amigo foi em<br />

grande parte devido a distância entre eles. Sabia que trocavam mensagens e<br />

falavam por telefone, mas sem ter que presenciar esse afeto todo, ele<br />

poderia lidar com o relacionamento entre os dois. Se Syd estivesse ao redor<br />

mais frequentemente, Angel sabia que sua paciência por sua "amizade" se<br />

desgastaria rapidamente. Escutar os comentários de Alex e Romero sobre<br />

como nunca deixariam outro cara na vida de suas garotas, não ajudava<br />

nem um pouco. Romero nunca teve uma garota por muito tempo e Angel<br />

não sabia como chamar a relação de Alex com a Valeria, mas ambos fizeram<br />

este tipo de declarações como se fosse óbvio.


Para alívio de Angel, Syd disse que só ficaria até amanhã à tarde. Mas<br />

não era muito um alívio. Não só Luna já disse que era bem-vindo para ficar<br />

todo o tempo que quisesse, o que significava que dormiria aqui esta noite,<br />

mas sim também mencionou como estaria em casa pelo resto do verão e<br />

faria o que pudesse para vir de novo.<br />

— Vocês deveriam vir a Flagstaff também antes de terminar o verão —<br />

adicionou Syd<br />

— Ainda faltam umas poucas semanas.<br />

Ao menos o convite foi estendido a Angel também. Syd sorriu quando<br />

disse, mas logo, é obvio, tinha que arruiná-lo sorrindo a Sarah de uma<br />

forma que o deixou doente.<br />

— Podemos andar nas trilhas do Canyon como nos velhos tempos. —<br />

Sarah virou para o Angel com um sorriso esperançoso.<br />

— Talvez possamos — Era uma afirmação, mas soava mais como uma<br />

pergunta.<br />

Angel assentiu.<br />

— Sim, talvez — Disse, seguindo a corrente.<br />

A prática de futebol era exaustiva e ainda estava no começo. Angel<br />

sabia que quando se aproximassem do início da temporada, só ficaria pior.<br />

Talvez teria um fim de semana livre de vez em quando e poderia levá-la,<br />

mas só toleraria isso. Ela indo passar um fim de semana sozinha com seu<br />

amigo não ia acontecer.<br />

Por mais que odiasse deixar Sarah com o Syd, não tinha opção. Era<br />

isso ou ficar encolhido enquanto eles passavam o dia felizes e recordavam<br />

velhos tempos.


Sarah o acompanhou a seu carro e embora dissesse que ficaria bem,<br />

simplesmente não podia.<br />

— Você e ele sempre pegam as mãos assim? — Perguntou, puxando-a<br />

para ele enquanto se apoiava em seu automóvel.<br />

Ela franziu a sobrancelha, acariciando seu rosto e beijando-o.<br />

— Sempre é um pouco exagerado, não é? — Inclinou a cabeça — Não o<br />

vejo há dois anos, mas, não, nem me dei conta que o estava fazendo —<br />

Sorriu com remorso. — Lamento se isso te incomodou.<br />

Incômodo era um enorme eufemismo, mas queria que ela entendesse,<br />

que não queria presenciar isso de novo. Apertou sua mão, levantando suas<br />

sobrancelhas.<br />

— Ele vai dormir no quarto da frente, certo?<br />

— É obvio, Angel.<br />

Angel encolheu seus ombros, ainda muito aborrecido e se sentindo<br />

muito tenso para brincar a respeito disto.<br />

— Não sei. Ele é o seu melhor amigo e se fosse uma garota,<br />

provavelmente dormiria em seu quarto, certo? — Recordou as poucas vezes<br />

que sua irmã levava amigos e todos dormiam no quarto da frente — Você<br />

não está dormindo no quarto da frente com ele, está?<br />

— Não, não estou — Disse, de repente parecendo um pouco<br />

preocupada. — Isto não será um problema, será? Ele é meu melhor amigo.<br />

Isso, depois de você — acrescentou rapidamente. — Mas ele é meu amigo de<br />

toda a vida e você sabe que não tem nada para se preocupar. Pensei que já<br />

tínhamos superado isto.<br />

Acariciou o braço de Angel, apertando suas sobrancelhas como se de<br />

repente, se desse conta de quão incomodado ele estava com a surpresa.


— Estou bem com isso, Sarah — Disse, beijando sua testa. — Só, por<br />

favor, não me dê uma razão para não estar.<br />

— Nunca — Disse, sorrindo com apreensão. — Sabe que não o faria.<br />

Angel sorriu mais amplamente para fazê-la se sentir melhor.<br />

— Estou bem! — Disse, beijando-a por mais tempo. — Prometo. Não se<br />

preocupe.<br />

A beijou mais vezes antes de entrar no carro e se afastar. Nunca?<br />

Angel sacudiu sua cabeça. Ela não tinha ideia. Estaria trabalhando muito<br />

forte esta noite para aliviar um pouco da tensão que acumulou na última<br />

meia hora. Angel não teve que pensar muito em Sydney nos últimos dois<br />

anos. Sua relação distante ainda o chateava às vezes, mas enquanto Syd<br />

estivesse no outro extremo do país, ele poderia lidar com isso. Mas só de<br />

estar perto dela e de seu amigo de toda a vida, por uns minutos, Angel ficou<br />

tão acabado que nem queria pensar no amanhã.


CAPÍTULO<br />

DOIS<br />

Sydney, Sarah e sua mãe estavam sentados na mesa da cozinha,<br />

conversando por um momento. Quando sua mãe se desculpou para fazer<br />

uma ligação, Sydney aproveitou para falar com Sarah e baixou a voz.<br />

— Podemos ir a algum lugar e falar em privado? — Sarah parou<br />

quando estava a ponto de colocar outra uva em sua boca e olhou com<br />

curiosidade.<br />

— Sim, quer dizer lá fora?<br />

Ele mexeu sua cabeça.<br />

— Não, como ir a outro lugar... dar uma volta ou algo — Ele olhou ao<br />

redor como se estivesse se assegurando que sua mãe não estava escutando<br />

à distância. — Não quero que sua mãe escute.<br />

Interessante.<br />

Sydney comentou mais cedo sobre Carina, que as coisas não estavam<br />

muito bem nesse momento, mas foi uma resposta vaga. Sarah se perguntou<br />

se havia algo um pouco mais interessante na história que ele não queria<br />

compartilhar na frente da sua mãe. Esta não foi a primeira vez que ele<br />

mencionou ter problemas com Carina. A uns meses, ele ficou meio


envergonhado quando Sarah perguntou. Inclusive nunca dava detalhes,<br />

algo estranho, porque normalmente era como um livro aberto com ela.<br />

Ela queria que Syd e Carina ficassem bem.<br />

Uma parte dela sabia que Angel estava incomodado com a sua relação.<br />

Sua reação desta noite em relação a Sydney chegando de surpresa foi um<br />

perfeito aviso disto. Quando sua mãe enviou o segundo texto, teve a<br />

sensação de que isto poderia ter algo que ver com Sydney, mas nunca<br />

esperou que ele estivesse ali. Lamentou sua reação ao ver Syd no momento<br />

que notou o olhar na cara do Angel. Segurar a mão de Sydney da maneira<br />

que segurou foi estúpido. Honestamente, nem se deu conta. E passou tanto<br />

tempo desde a última vez que viu Sydney que não pôde evitar se emocionar.<br />

O fato de Sydney ter uma namorada era um alívio para os sentimentos<br />

de Angel a respeito da sua amizade com Sydney. Não ajudava muito,<br />

obviamente, mas sabia que Angel ficou um pouco mais tranquilo sabendo<br />

que ele tinha uma garota que estava romanticamente envolvido e não só<br />

esperando atrás dos bastidores por Sarah, como tinha certeza que Angel<br />

pensaria se não tivesse.<br />

— Muito bem. — Disse, colocando a uva em sua boca e ficando de pé<br />

— Vamos tomar sorvete.<br />

Contente de que sua mãe ainda estava ao telefone, do contrário<br />

poderia se sentir mal a respeito de não ser convidada.<br />

— Vamos tomar sorvete, mãe. Me liga se quiser algo.<br />

Logo que sua mãe disse que estava bem, saíram. Entraram no carro e<br />

Sarah perguntou.<br />

— Está bem, o que aconteceu?<br />

Pensou que ele poderia devolver o sorriso da mesma maneira<br />

brincalhona, mas em troca parecia um pouco nervoso.


— Há, uh...? Sua mãe alguma vez te contou mais a respeito de seu<br />

pai? — Este não era o tema que esperava.<br />

— Meu pai? — Perguntou, saindo do meio-fio<br />

— Sim. Ou o que sabe sobre ele é tudo que você me disse?<br />

— Quer dizer basicamente nada? — Assentiu, mas esperou. — Sim,<br />

tudo que sei foi o que te falei. Ela saiu com ele na escola secundária e se<br />

mudou antes que ela pudesse dizer que estava grávida. Quando finalmente<br />

o localizou, depois que eu nasci, nem quis saber. Já estava em uma relação<br />

e não quis ter nada com nenhuma de nós.<br />

A pontada de rejeição que Sarah sentiu, quando era pré-adolescente,<br />

quando sua mãe se sentiu em condições de explicar um pouco mais, foi<br />

suficiente para que Sarah não perguntasse mais a respeito dele. A dor não<br />

valia a pena. Não teve desejo algum, ainda agora como adulta, de encontrálo.<br />

Sarah parou no estacionamento vazio de uma escola, precisava olhar<br />

Sydney na cara agora. Pensou que era estranho ter conduzido todo este<br />

caminho inesperadamente só para surpreendê-la. A última vez que<br />

apareceu sem prévio aviso, foi para falar de algo sério.<br />

— Por quê? — Perguntou, desligando o carro.<br />

Sydney sorriu docemente, outro mau sinal de que isto não era bom.<br />

Conhecia bastante seu amigo para saber que esse sorriso era para acalmála.<br />

Estacionar foi obviamente um sinal de que ela estava inquieta.<br />

— Minha mãe recebeu uma ligação estranha há um par de semanas de<br />

uma mulher procurando informação a respeito de você. Não disse a minha<br />

mãe como conseguiu nosso número. Quando minha mãe me disse isso,<br />

pensei que talvez sua mãe tivesse dado nosso número como referência,<br />

quando se candidatou para trabalho. Meus pais são, provavelmente, as


últimas pessoas no planeta que têm um telefone fixo e o mesmo número de<br />

sempre. Minha mãe não deu nenhuma informação, exceto que você se<br />

mudou há anos e nem disse para que estado. Isto deixou a pessoa nervosa,<br />

porque disse que estava realmente procurando algo mais, então... — Pôs<br />

seus olhos em branco com um sorriso de satisfação. — Minha mãe pegou o<br />

telefone dela.<br />

— A mulher deu um nome ou disse por que estava me procurando? —<br />

Perguntou Sarah com curiosidade.<br />

— Não, nunca chegou tão longe e nunca voltou a ligar. Mamãe nem<br />

mencionou até que estive em casa uns poucos dias atrás. Então, pensei que<br />

ela fosse uma vendedora também, assim não me incomodei em dizer isso —<br />

Fez uma pausa para pensar por um momento.<br />

Sarah esperou não tão pacientemente, se perguntando como isto tinha<br />

algo a ver com seu pai.<br />

— Outro dia, um homem se apresentou a nossa porta. Disse que era<br />

seu pai e que estava querendo te encontrar e que esteve te procurando por<br />

anos.<br />

Fez uma pausa de novo quando viu os olhos da Sarah. Seu coração<br />

disparou, mas não tinha certeza do que pensar. Sydney não parecia<br />

emocionado. Estava sendo realmente cuidadoso a respeito disto e não quis<br />

dizer nada na frente de sua mãe. Por quê?<br />

— Sua história era muito diferente da que me contou a respeito dele,<br />

Lynn. Segundo ele, sua mãe e ele estiveram juntos por um tempo quando<br />

tiveram um bebê. Disse que tiveram uma briga e um dia, ela o deixou sem<br />

deixar rastros.<br />

Com a testa franzida agora, Sarah tomou tudo o que lhe havia dito.<br />

— Como fez para me localizar até na sua casa?


Sydney apertou seus lábios, meneando sua cabeça.<br />

— Disse que encontrou pela internet, mas isto não fez sentido para<br />

mim, porque disse que era o único local que encontrou vocês. Não deu<br />

nenhum dos outros lugares em que viveram, nem o apartamento em que<br />

viveu ali, somente minha casa. A princípio, pensei que era o telefone fixo de<br />

meus pais. Imaginei que deram o endereço para procurar e encontrá-lo.<br />

Disse que resolveu te encontrar até recentemente, quando seu irmão<br />

começou a perguntar a respeito de você.<br />

— Meu irmão? — O coração de Sarah deu um pulo. Sydney assentiu<br />

com a cabeça, mas franziu a testa.<br />

— Esse foi seu primeiro tropeço. Disse que tem um irmão menor que<br />

teve com alguém depois que sua mãe o deixou, mas disse que seu filho tem<br />

vinte e um. Não queria dar uma pista e dizer que você só tem vinte.<br />

Incrivelmente, Sarah se sentiu um pouco atordoada. O pensamento de<br />

realmente ter um irmão por aí, em alguma parte, a emocionou um pouco.<br />

Seu pai nunca a interessou, mas a possibilidade de ter um irmão fazendo<br />

perguntas e que se mostrava interessado nela a emocionou por um<br />

momento.<br />

— Se confundiu em algo mais, também. Porque disse que o rastro que<br />

seguiu para te encontrar terminou em minha casa, fingi te conhecer há<br />

muito tempo, mas que não escutava falar de você em anos. Disse que faria<br />

o possível para ver se podia tentar contatar alguém que pudesse saber onde<br />

está agora e pedi que me deixasse qualquer informação que tivesse. Tudo o<br />

que ele tinha era seu nome e sobrenome. Sua data de nascimento estava<br />

passada por um ano e disse que não tinha um segundo nome.<br />

Sarah olhou Sydney, perplexa e não segura do que fazer com tudo isto.<br />

Sacudiu sua cabeça.


— Não se zangue, está bem, Lynni? Mas não ia dizer a respeito —<br />

começou a dizer.<br />

— O quê? Por que não?<br />

— Porque naquele momento, outras coisas apareceram em minha<br />

cabeça. Quando sua mãe pegou o dinheiro de seu patrão, talvez não fosse a<br />

primeira vez e talvez alguém mais estava tentando rastreá-la. Não queria te<br />

preocupar, mas quanto mais penso a respeito disto, mais convencido estou,<br />

ainda com todos os fatos equivocados que ele deu, que é seu pai.<br />

A boca de Sarah quase caiu aberta.<br />

— Por quê? Você mesmo disse que nem sabe meu aniversário ou meu<br />

segundo nome.<br />

O lábio do Sydney se estirou a um lado.<br />

— Não sei por que teria toda a informação equivocada, mas inclusive,<br />

minha mãe esteve de acordo. Disse que meu pai era conhecido por esquecer<br />

em que ano nasci também e um homem esquecendo os segundos nomes de<br />

seus próprios filhos, inclusive, um que carregou todo o tempo — sorriu<br />

satisfeito. — Não é tão impossível dado que ele não viu ou escutou algo a<br />

respeito de você em quase vinte anos, só poderia ser esquecimento.<br />

Sarah não estava comprando isto.<br />

— Se isto for verdade, por que minha mãe mentiu todos estes anos?<br />

— Isso é o que estou me perguntando também.<br />

Se sentindo um pouco chateada de que Sydney pensasse que sua mãe<br />

mentiria, Sarah o olhou.<br />

— Porque não esteve mentindo, Sydney. Este menino poderia ser<br />

qualquer. Nem tem...


— Me escute — Disse Sydney, levantando rapidamente uma mão. —<br />

Dias depois, pensei o mesmo. Logo comecei a recordar coisas como quando<br />

sua mãe perguntou se podia utilizar nosso endereço para que enviassem<br />

coisas, porque segundo ela, não confiava nas caixas dos correios dos<br />

apartamentos que viviam.<br />

— O que quer dizer com segundo ela? — Disse Sarah, de repente, se<br />

sentindo defensora da mãe. — As pessoas sempre tiravam coisas das<br />

caixas.<br />

— Mas as coisas que enviavam a nossa casa, normalmente, chegavam<br />

do UPS ou Fedex, não da agência de correios.<br />

Sarah pensou nisso durante um momento.<br />

— Se não estávamos em casa, não queríamos que deixassem essas<br />

coisas em nossa porta. Poderiam roubar em nosso edifício. Provavelmente<br />

pensou que era mais seguro enviar a casa de vocês.<br />

— Acho que entregavam coisas de seu lar. Possivelmente, tinha medo<br />

de que alguém encontrasse seu pai, assim não queria arriscar recebendo<br />

coisas diretamente a sua casa.<br />

Isso não fazia sentido. Ainda significava que sua mãe esteve mentindo<br />

durante todo este tempo e que Sarah, em realidade, tinha um pai que<br />

queria conhecê-la e sua mãe não só negou a ele, mas a ela a oportunidade<br />

de se conhecerem.<br />

— De maneira nenhuma.<br />

— Pense nisso. Ela poderia ter recebido no trabalho. Mas então, teria<br />

arriscado que a rastreassem.<br />

— Possivelmente seu trabalho não permitiu. — Defendeu Sarah. —<br />

Possivelmente, simplesmente pensou que seria mais fácil que os enviassem<br />

a sua casa. Tudo isso tem mais sentido do que ter mentido.


— Lynni, até ele errar sua data de nascimento, eu estava convencido<br />

de que estava falando com seu pai.<br />

Ela balançou a cabeça de maneira tenaz.<br />

— Por quê? Porque ele disse isso?<br />

— Não — Sydney franziu a testa. — Porque quando abri a porta<br />

principal, o que mais me chamou a atenção foram seus olhos verdes e cílios<br />

escuros. Não podia deixar de olhar. Senti como se estivesse vendo seus<br />

olhos todo o tempo. O cabelo tão escuro como o teu e sendo o de sua mãe<br />

tão claro, sempre soube que devia ter herdado a cor de seu pai e tinha<br />

razão. Suas sobrancelhas, inclusive, são arqueadas como as tuas. Era<br />

horripilante.<br />

Em todos os anos que conhecia Sydney, inclusive quando sua mãe a<br />

deixava sozinha e ia a Las Vegas, Sydney jamais falou mal de sua mãe. Em<br />

alguns minutos, começou a se perguntar se ele ocultou ressentimento sobre<br />

sua mãe todo o tempo e por isso mudou de ideia tão rapidamente. Mas esse<br />

não era Sydney.<br />

Jamais faria mal a Sarah, falando com perversidade que sua mãe<br />

escondeu algo tão sério. O que ele disse, fazia sentido.<br />

Indecisa entre a emoção da dor caso sua mãe tivesse mentido, Sarah<br />

ficou olhando para fora da janela sem rumo, sem poder argumentar mais.<br />

— De verdade, acha que tenho um irmão?<br />

— Não sei. Possivelmente tem quase a sua idade também — Ela virou<br />

para olhar e Sydney tirou seu telefone do bolso. — Ele deixou seu número e<br />

seu endereço de correio caso te encontrasse. Disse que ele e seu irmão<br />

estariam esperando ansiosamente e minha mãe disse que parecia real. Ela<br />

também achou que vocês se parecem. Pode tentar escrever, antes de falar


com ele. — Escreveu um par de coisas na tela de seu telefone e a virou para<br />

ela.<br />

— Mas tem que me prometer, Lynni, que não marcara nenhum<br />

encontro a sós com eles.<br />

— Prometo — Disse ela, sem poder acreditar que depois de vinte anos<br />

poderia conhecer seu pai e um irmão que nem sabia que existia.<br />

Sydney enviou a informação. Se sentaram ali e conversaram um pouco<br />

mais. Finalmente, partiram para conseguir um sorvete com uma Sarah<br />

cheia de emoção, sentimentos feridos e angústia. Se por acaso tudo isso<br />

fosse uma fraude, sua mãe podia acabar chateada com ela.<br />

Depois de falar disso até ficar exausta, decidiu que sua mãe merecia o<br />

benefício da dúvida e perguntaria antes de fazer algo mais. Mas teria que<br />

esperar até amanhã, quando Sydney se fosse. Sarah não queria arriscar ter<br />

uma conversa tão pessoal na frente dele.<br />

Depois de preparar o sofá para Sydney, quando estava indo para<br />

cama, lembrou de Carina e se sentiu mal por conversarem a noite toda<br />

sobre seus problemas, de novo. Os problemas com Carina foi a última coisa<br />

em sua cabeça. Entrou nas pontas dos pés na sala, para não o acordar caso<br />

tivesse dormindo. No momento em que entrou no cômodo, ele virou para ela<br />

e sorriu.<br />

— Não consegue dormir? — Perguntou. — Eu também não consigo.<br />

Bateu no sofá ao seu lado. Eu não sentei e encostei na porta.<br />

— Queria te perguntar — Disse, agora vendo que saiu apenas com<br />

uma grande camiseta e calcinhas. Esticando a parte baixa de sua camiseta,<br />

continuou — E as coisas com Carina?<br />

Sydney fez uma careta.


— Não, terminamos.<br />

As sobrancelhas de Sarah se arquearam e seu coração sentiu pena por<br />

ele. Carina e ele estavam juntos tanto como ela e Angel.<br />

— Sério? — Fez uma careta, se sentindo pior sobre não ter perguntado<br />

antes. — O que aconteceu?<br />

— Longa história — Disse com um sorriso torto.<br />

— Conta — Disse.<br />

Não parecia justo que, todo o assunto fosse apenas sobre seus<br />

problemas. Sua mãe foi presa, Sarah se mudou para Califórnia e enfrentou<br />

o julgamento contra seu treinador. Sempre conversavam sobre os<br />

problemas dela e, o fato de Sydney romper com sua noiva de quase três<br />

anos não ser mencionado a fez se sentir mal.<br />

— Se contar, tem que me prometer que não se sentirá mal, nem<br />

tentará me convencer. Eu estou decidido. Está bem?<br />

Sarah jogou a cabeça para o lado, confusa. Já se sentia mal por ele.<br />

Isto era grande e sabia o quanto Sydney se preocupava com Carina. Foi sua<br />

primeira em tudo. Mas, tentar convencer?<br />

Ela assentiu.<br />

— Está bem...<br />

Com um grande suspiro, começou.<br />

— Ela nunca conseguiu te aguentar na minha vida, Lynn, nem à<br />

distância. Também tivemos outros problemas, mas este era o maior. Por<br />

isso não vim a tanto tempo. O ano passado, quando cancelei minha viagem<br />

no último minuto, não foi por problemas com o carro. Foi porque, quando<br />

contei sobre a viagem, as coisas ficaram difíceis.


Sarah recordou quão decepcionada esteve quando isso aconteceu, mas<br />

jamais questionou nem por um segundo suas razões.<br />

— Depois de outra grande briga que tivemos faz umas semanas, —<br />

continuou — Ela me deu um ultimato: ela ou você. — Encolheu os ombros<br />

com um pequeno sorriso. — É obvio, escolhi você.


CAPÍTULO<br />

TRÊS<br />

Alex e Angel jogaram suas bolsas de ginástica no assento traseiro da<br />

caminhonete de Alex. Estavam se exercitando por Angel, já que o dia para<br />

as fotos da equipe era hoje. Tinham que aparecer essa manhã. Entre isso e<br />

a espera para as tomadas individuais, estavam ali até quase meio-dia.<br />

Sarah, Syd e Luna saíram para tomar café da manhã já que Syd estaria<br />

indo depois disso. Angel perdeu a oportunidade de estar perto do cara e não<br />

poderia estar ali para vê-lo ir embora.<br />

Se Sarah captou seu sarcasmo quando expressou seu arrependimento<br />

a respeito sobre ter perdido o café, não demonstrou. Estava quase certo que<br />

ao menos ela riria, quando expôs sua decepção um pouco exagerada, mas<br />

em seu lugar, soou estranha. Quase apática. Odiava pensar que ela estava<br />

sentindo essa tristeza porque Sydney estava indo embora tão cedo.<br />

— Preciso de um favor. — Disse Alex, ligando sua caminhonete. Angel<br />

virou para ele.<br />

— O quê?<br />

— Preciso que me cubra este fim de semana no restaurante. Está<br />

livre?


Franzindo a testa, Angel pegou o telefone para verificar se tinha<br />

alguma nova mensagem de Sarah.<br />

— Estou escalado para abrir no domingo. — Alex olhou para ele, em<br />

seguida, virou para frente — No sábado estou escalado o dia todo, mas<br />

Julio disse que podia me cobrir essa tarde. Só que não pode vir até as duas,<br />

assim ambos os dias, só teria que me cobrir nas manhãs. Estaria livre<br />

ambas as noites e ao meio-dia.<br />

Isso não soava tão mau.<br />

— Sim, posso fazer isso. — Disse, felizmente Sarah e ele não fizeram<br />

nenhum plano. —Você e Val vão sair esse fim de semana?<br />

Angel recordava de ouvir por acaso, Sarah e Val conversando e Val<br />

dizendo que esperava poder fazer uma viagem ao Havasu antes do verão<br />

terminar.<br />

— Não. — Disse Alex rapidamente. — Isto é outra coisa. Não diga a<br />

Sarah que estará me cobrindo. Valéria pensa que vou trabalhar todo o fim<br />

de semana.<br />

Desconfiado, Angel desviou o olhar para a janela. Entendia que seu<br />

irmão e Valéria não eram exclusivos. Eles nunca chegaram tão longe como<br />

acreditava e sua relação sempre foi um pouco explosiva. Normalmente,<br />

Angel não se envolvia na vida amorosa de seus irmãos, mas importava<br />

porque era a prima de Sarah, com quem estava se metendo<br />

— Não vou mentir, Alex.<br />

— Não estou pedindo que minta. — Disse Alex enquanto Angel se<br />

virava para enfrentar a amargurada cara de seu irmão. — Só não me<br />

mencione em tudo. Diga que o pai te pediu para ir e pronto. Ela não precisa<br />

saber que está me cobrindo.


— Posso te perguntar algo? — Disse Angel, curioso de saber por quem<br />

Alex enfrentaria todos estes inconvenientes.<br />

rir.<br />

— Não. — Alex disse simplesmente, mas com firmeza, fazendo Angel<br />

Queria perguntar por que ele tinha que mentir, se Valéria e ele não<br />

eram exclusivos. Se não era seu namorado, então era livre para fazer o que<br />

quisesse. Qual era o ponto em tentar se esconder?<br />

Mas antes que pudesse, o indicador de mensagem em seu telefone<br />

brilhou pegando sua atenção. Clicou nele e viu que era uma mensagem de<br />

Sarah.<br />

Aconteceu algo. Melanie vai me cobrir esta noite no restaurante e não<br />

conseguirei te ver antes do seu treino. Talvez mais tarde?<br />

Imediatamente, seu humor risonho foi esmagado. Algo surgiu? Ela não<br />

iria trabalhar para passar mais tempo com Sydney? De modo algum, não<br />

acreditava que Sarah precisasse pedir muito para Sydney ficar outro dia.<br />

Possivelmente mais. Angel viu a maneira que Sydney a olhava ontem e viu a<br />

maneira como ele a segurou em seus braços quando ela o abraçou. Angel<br />

poderia muito bem ficar invisível aqueles primeiros poucos minutos que se<br />

abraçaram. Se fosse qualquer outro, Angel teria queimado um fusível.<br />

Diabos, inclusive se tratando de Syd, seu melhor amigo de toda a vida,<br />

Angel ainda se sentia perto de perder as estribeiras.<br />

Alex disse algo enquanto começava a responder, mas Angel estava<br />

muito concentrado no que estava escrevendo para ouvir.


O que aconteceu?<br />

Enviou e olhou para a sua tela com impaciência, sacudindo os joelhos<br />

enquanto esperava. Felizmente, respondeu rapidamente.<br />

Te contarei sobre isso mais tarde. Vou parar de escrever agora. Te<br />

chamo em algumas horas.<br />

Um par de horas? Era quase meio-dia. Sydney deve ter decidido ficar<br />

mais tempo. A ideia de Sarah perguntando se queria ficar mais tempo e que<br />

agora o estava deixando de lado por Sydney recuperou todos esses velhos<br />

sentimentos de mal-estar que não sentia há muito tempo. Alex disse algo de<br />

novo e Angel se virou para ele.<br />

— O quê? — Retrucou.<br />

Não queria parecer irritado, mas não pode evitar. Estava muito<br />

irritado.<br />

Alex o olhou e logo franziu a testa.<br />

— Olhe, se você vai ficar estranho, então esquece. Farei algumas<br />

chamadas e verei se posso conseguir que alguém mais me cubra.<br />

— Não. — Angel sacudiu a cabeça. — Eu vou. Só não vou mencionar<br />

nada.<br />

— Tem certeza? Porque você parece aborrecido com isso. — Baixou o<br />

olhar para o telefone, Angel negou novamente.<br />

— Estava lendo uma mensagem.<br />

A carranca no rosto de Alex se transformou em um sorriso.


— Problemas no paraíso do amor?<br />

Angel revirou seus olhos e olhou para fora da janela.<br />

— Seu melhor amigo está na cidade e ela tirou o dia de folga do<br />

trabalho.<br />

Alex ficou em silêncio por um momento e Angel viu bem a tempo<br />

quando abriu os olhos com surpresa para logo arquear suas sobrancelhas.<br />

— O tal que a esperava em casa?<br />

Apertando o telefone na mão, Angel afastou o olhar de seu irmão.<br />

— Ela vive aqui agora, lembra? — Disse, evitando o tema de Sydney.<br />

Não estava com humor para discutir aquilo, especialmente porque já sabia<br />

a que Alex se referia. — Esta é sua casa.<br />

— Você sabe ao que me refiro idiota. — Alex riu. — Este é o cara com<br />

quem ela cresceu, certo? Não me surpreende que você esteja todo estúpido<br />

a respeito dos detalhes técnicos. Assim, ela tirou o dia de folga para passar<br />

com ele?<br />

— Não sei. — Murmurou Angel, continuou olhando para fora da janela<br />

e engoliu fortemente, mas se recusou a dar prazer a seu irmão para ver<br />

quanto isto o incomodava. Alex já estava tendo bastante diversão com tudo<br />

isto.<br />

— Bom, não posso dizer que te culpo. — Continuou Alex, seu tom um<br />

pouco mais sério agora. — Não sei por que permite essa merda.<br />

— Permito? — Perguntou Angel, agora mais irritado. — O que acha<br />

que tenho que dizer? Te proíbo de se relacionar com seu amigo?<br />

— Amigo? — Falou Alex. — Que cara põe essa quantidade de energia<br />

ou essa quantidade de anos em uma amizade com uma garota, a menos<br />

que estivesse esperando que, eventualmente, as coisas passassem da zona


de amigos? Detesto ter que dizer, mas o farei, porque seu estúpido traseiro<br />

precisa ouvir. Provavelmente ele está apaixonado por ela.<br />

— Ele tem uma namorada, Alex. — Disse Angel, tentando<br />

desesperadamente não cair na conversa de Alex. — Namora há anos.<br />

— E mesmo assim dirigiu até aqui para passar um tempo com Sarah?<br />

— Alex o olhou, inclusive ainda mais aborrecido. — Quanto tempo ela diz<br />

que conhece este cara?<br />

— Desde que eram crianças. — Disse Angel, tentando parecer mais<br />

interessado em seu telefone assim Alex só o deixaria.<br />

— Como Sof e Eric. — Apontou Alex.<br />

— Não. — Angel se virou para ele, sentindo a irritação. — Não como<br />

Sof e Eric. Eles nunca tiveram esse tipo de sentimentos um pelo outro.<br />

— Bom, possivelmente ela não os teve. — Disse Alex, virando para rua<br />

— Isso é tudo o que importa, não é?<br />

Angel estava feliz de que estivessem quase em casa, porque estava<br />

cansado de ter esta conversa.<br />

— Tudo o que estou dizendo, irmão, é que manteria meus olhos e<br />

ouvidos abertos. — Alertou Alex enquanto estacionava em sua garagem, seu<br />

tom brincalhão se foi. — De modo algum ele conduziria toda essa distância<br />

para ver uma garota que tem um namorado, a menos que estivesse<br />

seriamente esperando conseguir algo com isso. — Deu de ombros depois<br />

que eles pararam. — Talvez seja só seu amigo. Mas eu tentaria proibir essa<br />

amizade, e que não iria permitir que ficassem muito tempo a sós. Se eu<br />

fosse você. — Disse ainda mais seriamente. — Não seja estúpido. Não dê a<br />

esse imbecil esta quantidade de tempo a sós com ela.


De fato, Alex saiu da caminhonete antes de Angel. Angel ficou sentado<br />

ali, debatendo se devia chamá-la. Ela disse que não poderia responder<br />

mensagens. Estariam no cinema ou algo assim? Deixou sua cabeça cair e<br />

grunhiu. Alex tinha razão. Quão estúpido era? Café da manhã e logo um<br />

filme? Isso era virtualmente um encontro!


CAPÍTULO<br />

QUATRO<br />

A expressão de remorso no rosto da mãe de Sarah não era o que<br />

esperava quando deu notícia de que seu pai a estava procurando. A<br />

expressão de Luna só piorou enquanto Sarah contava tudo o que Sydney<br />

contou, sobre o que seu pai falou.<br />

Com o coração batendo descontroladamente, Sarah ficou esperando<br />

que sua mãe a interrompesse e dissesse que não era verdade, mas não o<br />

fez. Em troca, levou as mãos à boca e sacudiu a cabeça.<br />

— Não é verdade, é?<br />

Sua mãe fez um gesto para que ela se sentasse à mesa da cozinha,<br />

mas Sarah se recusou.<br />

— Não, primeiro me diga se é verdade — falou ela, seu ritmo cardíaco<br />

aumentando enquanto os sentimentos de traição se afundavam nela.<br />

Sua mãe realmente tomou uma decisão tão egoísta e ocultou dela<br />

todos estes anos?<br />

— É complicado, Sarah.<br />

— O que é complicado? — Exigiu Sarah, as lágrimas mornas borrando<br />

seus olhos. — Você mentiu para mim ou não.


— Estava te protegendo, querida. Sente-se e explicarei.<br />

Sarah olhou para sua mãe, recordando que decidiu dar o benefício da<br />

dúvida. Tentou duramente recuperar a compostura, porque ainda existia a<br />

possibilidade de que sua mãe tivesse uma boa razão para privá-la da<br />

possibilidade de conhecer seu pai. Talvez, todos esses anos como uma<br />

menina que secretamente desejava que seu pai magicamente aparecesse e<br />

salvasse ela e sua mãe de suas lutas, não foram em vão.<br />

Sentou frente a ela, quase com medo de saber a verdade. Do que sua<br />

mãe a protegeu, que era tão ruim que provavelmente nunca ia lhe dizer?<br />

Sua mãe estendeu a mão procurando a de Sarah e Sarah a deu,<br />

precisando sentir o consolo de seu toque. Começou a dizer a respeito de<br />

crescer em um bairro decadente, seu padrasto dominante e como ela se<br />

tornou rebelde e imprudente em uma idade precoce. Conheceu o pai de<br />

Sarah em um clube em que nem devia estar, porque era menor de idade<br />

ainda.<br />

Mas nesse bairro, igual a todos os bares que vendem álcool a menores<br />

de idade, os clubes eram conhecidos por deixar, garotas menores de idade<br />

enquanto se vestissem como se parecessem maiores, frequentá-los. Sua<br />

mãe disse que ela e suas amigas o fizeram, por isso facilmente entraram.<br />

— É também por isso que quando conheci seu pai, ele não era<br />

consciente do quão jovem eu era. Ele tinha vinte e dois anos e eu nem tinha<br />

dezessete. Menti e disse que tinha dezoito. Ele acreditou e começamos a nos<br />

ver. Tive que ser ardilosa com meus pais, mais em especial com meu<br />

padrasto, que nunca iria permitir. Também havia coisas que eu não sabia<br />

de seu pai. Ele trabalhava com drogas e estava em uma gangue há anos.<br />

Antes de saber de tudo isso, pensei que estava apaixonada e ficamos<br />

íntimos. Meses mais tarde, quando confessei a minha mãe que estava<br />

grávida e queria ficar com você, meu padrasto fez com que seu pai fosse


preso por violação de menores. Foi só então que tudo sobre o seu passado<br />

veio à tona. Tinha mandados de prisão por coisas que fez anos antes:<br />

roubo, assalto e vandalismo. Soube, então, que ele não era o tipo de homem<br />

que eu gostaria de ter em minha vida ou na tua e estava realmente contente<br />

de que fosse para cadeia, no entanto, eu concordei em assinar a papelada<br />

dizendo que tudo foi consensual.<br />

Respirou fundo e logo bebeu um gole de chá, de repente, Sarah<br />

precisava beber algo também. Estava começando a entender, mas sua mãe<br />

poderia ter dito a verdade.<br />

Sarah ficou de pé, incapaz de continuar sentada por mais tempo e<br />

disse a sua mãe que ia buscar água. Sua mãe pareceu agradecida pelo<br />

descanso. No caminho de volta para a mesa com sua garrafa de água, o<br />

telefone de Sarah tocou. Enviou para correio de voz quando viu que era<br />

Angel. De maneira nenhuma ia interromper sua mãe e sabia que não seria<br />

capaz de explicar para ele rapidamente. Ligaria quando ela e sua mãe<br />

terminassem.<br />

Pondo a garrafa de água de novo sobre a mesa, Sarah ficou de pé, se<br />

sentindo muito inquieta para se sentar. Basicamente, o padrasto de sua<br />

mãe disse que a única forma de continuar vivendo com eles era dando o<br />

bebê para adoção, porque não podiam permitir outra boca para alimentar. A<br />

mãe de Sarah negou e se mudou quando Sarah nasceu. Uns meses depois<br />

do nascimento de Sarah, seu pai, que estava fora da prisão, a localizou na<br />

casa da amiga onde se alojava temporariamente. Queria ser parte da vida<br />

dela e de Sarah, um fato que fez Sarah sufocar novamente.<br />

— Sabia que era uma má ideia ficar com ele. Ele viveu uma vida<br />

perigosa e eu não queria fazer parte disso, mas me prometeu que iria se<br />

endireitar. Havia saído há meses e, desde então, encontrou um emprego<br />

fazendo construção. Inclusive, tinha seu próprio apartamento e queria que


nós fôssemos viver com ele. — Sua mãe sacudiu a cabeça. — Era jovem,<br />

ingênua e desesperada. Sabia que não podia ficar com minha amiga por<br />

muito tempo. Sua família concordou em me deixar viver ali, somente até<br />

que pudesse me pôr em um abrigo para mães adolescentes. Viver com ele<br />

nesse momento me pareceu uma alternativa melhor, assim aceitei.<br />

O que sua mãe disse depois lhe rompeu o coração. Depois de apenas<br />

alguns meses de convivência com ele, soube que ele não estava só vendo<br />

outras mulheres por aí, mas também não estava trabalhando e ainda estava<br />

traficando. Quando o confrontou sobre isto, ele perguntou se realmente<br />

acreditava que poderia pagar todas as coisas que compraram para ela e<br />

Sarah com um suposto trabalho de construção, dado a alguém recém-saído<br />

da prisão. Quanto às outras mulheres, sua única resposta a sua mãe foi<br />

que elas não significavam nada para ele. Logo foi detido de novo.<br />

— Ele usou o seu telefonema para me ligar. — Sua mãe parou por um<br />

momento para refletir sobre isso. — Queria que empacotasse minhas coisas<br />

e me mudasse, porque íamos ser despejados logo. Ele não pagou o aluguel<br />

por vários meses e não tinha como pagar agora. Pediu para deixar os<br />

móveis, mas que me assegurasse de pegar todas as malas do armário. Em<br />

retrospectiva, foi uma bênção disfarçada, porque já queria deixar de viver<br />

com ele. Tinha um pouco de dinheiro guardado, mas não bastava para um<br />

apartamento. Logo depois de uns dias, depois de nos registrar no hotel e<br />

procurar coisas nos armários para penhorar, encontrei o dinheiro que ele<br />

escondeu nelas, um total de quase vinte mil em dinheiro.<br />

A boca de Sarah se abriu.<br />

Com cada revelação que sua mãe fazia, mais perguntas apareciam,<br />

mas não se atrevia a interromper sua mãe. Luna continuou enquanto Sarah<br />

escutava atentamente.


Sua mãe não teve escolha a não ser usar o dinheiro para tentar<br />

estabelecer ela e Sarah em outro apartamento, mas seu pai ligava da prisão<br />

para avisar que haveria pessoas à sua procura. Queriam o dinheiro, mas ele<br />

afirmava ter ganho legitimamente e queria que ela e seu bebê o usassem. E<br />

assim a vida de fuga começou.<br />

Sarah se sentiu quase envergonhada ao saber que seu pai, o expresidiário<br />

e traficante de drogas, sempre se referiu a ela como seu bebê e<br />

gostava.<br />

Ao longo dos anos, sua mãe manteve contato com a avó de Sarah<br />

através do correio e Sydney estava certo sobre os pacotes que foram<br />

enviados para sua casa, porque sua mãe não queria deixar um rastro de<br />

onde vivia.<br />

— O que havia nos pacotes?<br />

— Roupa, lençóis, mantas, algo que sua avó pensou que poderia<br />

necessitar. Inclusive, enviou material escolar para você.<br />

— Por quê? Não tínhamos dinheiro?<br />

Sua mãe sorriu.<br />

— Querida, vinte mil pode soar como um montão de dinheiro, mas tem<br />

que lembrar que o encontrei quando você era apenas um bebê. Acabou<br />

rápido. Com a gente se mudando com frequência, apesar de fazer o possível<br />

para render, só durou uns poucos anos.<br />

Sua mãe se aproximou dela, olhando-a nos olhos. Parecia exausta,<br />

como se ter que reviver tudo isto a tivesse drenado.<br />

— Tantas vezes pensei em te dizer. Quando você era mais jovem, eu<br />

tinha medo de dar um mau exemplo por dizer como fui rebelde. A última<br />

coisa que soube era que ficaria na cadeia por vinte anos. Mas não tinha<br />

nem ideia de que estava solto e inclusive, então, sempre existia a


possibilidade dele ser detido novamente. Toda sua família era uma má<br />

notícia. Tinha intenção de te dizer quando tivesse dezoito anos, mas então,<br />

surgiu o assunto comigo indo para prisão e logo começou sua terrível<br />

experiência e o julgamento com o treinador. Quando tudo se acalmou e<br />

todos estávamos finalmente em paz, me pus a pensar que talvez era melhor<br />

que não soubesse. Sua vida, inclusive com todo o drama, estava tão bem e<br />

parecia tão feliz com Angel que simplesmente não tinha coração para reviver<br />

essas coisas de novo. — Sua mãe suspirou com a testa franzida. — Parece<br />

que ele tomou isso de minhas mãos.<br />

Caindo no assento ao lado de sua mãe, Sarah também se sentiu tão<br />

drenada como sua mãe se via agora.<br />

— Assim, realmente ele está me procurando? — em seguida,<br />

acrescentou, enquanto olhava para nada em particular. — Sydney e sua<br />

mãe disseram que ele se parece comigo — Virou para sua mãe. — Tenho<br />

um irmão?<br />

— Não sei nada a respeito de um irmão, mas suponho que é possível.<br />

— Sua mãe lhe deu um olhar cauteloso. — Não ouvi nada sobre seu pai<br />

desde que minha mãe morreu. As vezes ela ligava da cadeia para ter<br />

notícias de nós. Mas uma vez que ela morreu, também morreu o único meio<br />

de comunicação que tínhamos. Você ainda era muito jovem. Não faço a<br />

mínima ideia do que aconteceu. Só assumi que ainda estava na prisão. Se<br />

está pensando em seguir adiante com isto, Sarah, quero que tome cuidado.<br />

Ele era um homem perigoso e rodeado de gente perigosa. Mesmo depois<br />

desse tempo todo, é melhor ser cautelosa.<br />

Sentaram e conversaram por um tempo. Sarah ainda tinha um<br />

montão de perguntas. No momento em que acabaram, Sarah se sentiu<br />

completamente desgastada. Não ajudou que ela e Sydney tivessem<br />

conversado até tarde. Nos últimos dois dias, foi golpeada com duas grandes


evelações: tinha um pai e um irmão que a estavam procurando e Sydney<br />

tinha terminado uma relação de quase três anos por causa dela.<br />

Deitou em sua cama, olhando a hora. Era muito tarde para retornar<br />

todas as chamadas perdidas de Angel. Provavelmente, ele estava se<br />

preparando para começar seu treino. Leu o único texto que ele enviou.<br />

Me ligue o mais rápido possível.<br />

Sabendo que não ia responder porque estava no treino, enviou uma<br />

mensagem, então desligou seu telefone, contente de que tinha um par de<br />

horas antes de que estivesse fora do treinamento. Estava pronta para tirar<br />

uma soneca muito necessária. Agora, se sentia tão cansada com tudo em<br />

sua mente, que se perguntava se seria capaz de dormir. Também levantou<br />

cedo esta manhã, porque Sydney queria ir embora ao meio-dia e Sarah<br />

queria passar mais tempo com ele antes de ir. Felizmente, seu corpo cedeu<br />

ao cansaço e o sono veio rapidamente.


CAPÍTULO<br />

CINCO<br />

A foto do time demorou, o que atrasou o treino em uma hora. Angel e<br />

Alex chegaram ao vestiário e começaram a colocar seus uniformes quando<br />

Angel decidiu olhar seu telefone. Por fim, recebeu uma mensagem de Sarah.<br />

Sinto não atender suas ligações, mas foi por uma boa razão. Se você<br />

estiver cansado demais para passar aqui após o treinamento, você pode me<br />

ligar? Eu realmente preciso falar com você.<br />

De verdade achava que estaria muito cansado para vê-la,<br />

especialmente hoje à noite?<br />

Cada ligação não atendida fez ele ficar mais paranoico. Ela nunca<br />

ignorou tanto suas ligações. Apertou a discagem rápida imediatamente,<br />

sabendo que tinha tempo antes de começar o treinamento para falar com<br />

ela. Foi direto para o correio de voz, assim olhou para seu telefone para<br />

assegurar-se que era ela a quem ligava e não a outra pessoa. Sua<br />

mensagem foi enviada fazia menos de quinze minutos.<br />

Foi ela que ligou. Seu telefone estava desligado? Tentou de novo e<br />

novamente foi direto à caixa de mensagem. De verdade precisava falar com


ele, mas desligou o telefone? Agora estava irritado por não ter visto a<br />

mensagem antes.<br />

Sua mente viajava com todas as possibilidades do que ela queria falar<br />

depois de ter passado o dia com o Syd e ignorando suas ligações, fez algo<br />

que somente fazia quando estava desesperado. Ligou para sua mãe. Todo o<br />

tempo que esteve com Sarah, só fez isso algumas vezes. Cada vez que se<br />

preocupava por alguma razão.<br />

De maneira nenhuma ia poder se concentrar no treino enquanto não<br />

falasse com ela. Sua mãe respondeu depois de vários toques.<br />

— Olá, Luna, sou eu Angel.<br />

Foi estranho a princípio chamá-la por seu nome, mas quando ela foi<br />

contratada para trabalhar no restaurante um par de anos atrás, ela insistiu<br />

que todos a chamassem por seu nome. Depois, conseguiu outro trabalho,<br />

mas o nome ficou.<br />

— Olá, querido. — Disse ela, soando um pouco cansada. — Está<br />

procurando Sarah?<br />

— Sim. — Disse, saindo do vestuário. — Não tenho certeza se seu<br />

telefone está desligado ou se ficou sem bateria.<br />

— Me deixe olhar. — Disse e logo depois sussurrou. — Oh, sim. Está<br />

dormindo, querido. É importante? Quer que a acorde?<br />

— Não. — Disse Angel rapidamente, apertando as sobrancelhas. —<br />

Tudo bem. Deixe que ela durma. Não se sentia bem ou algo assim? Por isso<br />

não foi ao trabalho?<br />

As únicas vezes que Angel sabia que Sarah tinha tirado uma soneca<br />

no meio do dia, foram quando não estava se sentindo bem ou se eles<br />

ficassem acordados até tarde na noite anterior.


— Não. — Disse sua mãe. — Nem me dei conta de que tinha que ir<br />

hoje. Simplesmente assumi que era seu dia de folga. Antes estava bem,<br />

acredito que simplesmente se sentia esgotada. Vou dizer que você está<br />

tentando entrar em contato com ela assim que acordar.<br />

Cerrando os dentes, Angel voltou para o vestiário, a tensão sentida ao<br />

longo do dia chegou a um outro nível.<br />

— Está bem, agradeço.<br />

Desligou e terminou de se preparar para o treinamento, fechando seu<br />

armário enquanto se colocava ao lado de Alex, que estava esperando por<br />

ele.<br />

— Conseguiu falar com ela? — Perguntou Alex.<br />

— Não. — Disse Angel sem mais, enquanto passava por seu lado.<br />

Felizmente, seu irmão sabia que não devia perguntar mais nada.<br />

Angel tomou banho, se vestiu e saiu do vestiário. Alex, que não se<br />

vestiu nem tomou banho em um tempo recorde como Angel, apenas<br />

acabava de sair da ducha quando Angel disse que iria esperar do lado de<br />

fora. Leu a mensagem de Sarah dizendo que sua mãe deu o recado e que<br />

estaria esperando sua ligação.<br />

— O que aconteceu? — Perguntou assim que ela respondeu.<br />

Seu treinamento serviu para duas coisas. A primeira, ajudou a aliviar<br />

a tensão que sentiu o dia todo ao pensar em Sarah e Sydney. Pegou alguns<br />

caras um pouco mais duro do que queria e se sentia bem, mas também fez<br />

com que se preocupasse e se sentisse zangado. Deixou que sua imaginação<br />

voasse e era uma loucura, assim tentou se acalmar agora antes de dizer<br />

alguma coisa que pudesse se arrepender mais tarde. Sarah não<br />

respondendo a sua pergunta imediatamente não ajudava.


— Eu... pode falar?<br />

— Sim, o que aconteceu?<br />

— Na verdade, eu só... — fez uma pausa, fazendo com que os nervos<br />

de Angel ficassem no limite — Tenho tanto para te contar que nem sei por<br />

onde começar.<br />

— Começa com por que você teve que tirar um cochilo. — Disse, suas<br />

palavras soaram mais duras do que esperava. Não perguntou se ficou<br />

acordada até tarde com Sydney, porque sabia que não ia poder se acalmar.<br />

Era algo que o fez golpear a alguns caras no treinamento, porque só de<br />

pensar em Sarah passando toda a noite com o Syd fez com que quisesse<br />

cuspir.<br />

— Fiquei acordada até tarde. — Confirmou enquanto ele passava a<br />

mão por seu cabelo, tentando ficar calmo — E depois de tudo o que<br />

aconteceu hoje, estava tão esgotada, que simplesmente caí.<br />

— Sim, sua mãe mencionou que estava esgotada. Por quê? E por que<br />

ficou até tarde?<br />

Ela deixou escapar um suspiro e Angel reteve o seu.<br />

— Bem, em primeiro lugar, Sydney não decidiu vir e me surpreender<br />

sem mais nem menos por capricho como disse, a princípio. Veio para me<br />

contar que meu pai apareceu em sua casa faz uns dias, me procurando. Ao<br />

menos era um homem dizendo ser meu pai, mas Syd e sua mãe juram que<br />

se parece comigo. Por isso ficamos até tarde falando ontem à noite. Não<br />

queria conversar na frente da minha mãe.<br />

— Por que não?


Ele começava a se sentir um pouco mais aliviado. Havia uma<br />

explicação razoável para tudo isto. Mas a paranoia era um osso duro de<br />

roer. Ainda tinha suas dúvidas.<br />

Sarah falou da história que o homem contou para Sydney, que era um<br />

pouco diferente do que sua mãe sempre contava sobre seu pai. Disse que<br />

não tinha ido ao trabalho, porque precisava falar com sua mãe e não queria<br />

esperar até depois do trabalho. Tinha a sensação de que seria um longo<br />

bate-papo.<br />

Alex saiu do vestiário e fez gestos para Angel de que estava preparado<br />

para partir.<br />

— Escute, querida — Disse, odiando interrompê-la. — Alex vai me<br />

deixar em casa e eu vou buscá-la.<br />

— Está certo de que não está muito cansado? Posso te contar o resto<br />

por telefone.<br />

— Inferno, não — Disse, indo rapidamente para a caminhonete de<br />

Alex. Depois de tudo o que aconteceu hoje, não queria nada mais do que ter<br />

ela em seus braços. Ainda estava preocupado de que possivelmente Syd<br />

estivesse apaixonado por ela como Alex assegurava, mas ao menos sabia<br />

que ela não passou o dia com ele. Syd partiu ao meio dia, como avisou pela<br />

manhã e havia uma boa razão por não responder o telefone e nem<br />

responder a nenhuma de suas mensagens. Isto era ótimo e já podia respirar<br />

um pouco melhor. — Prepare-se. Vou chegar em breve — Disse antes de<br />

entrar na caminhonete de Alex.<br />

— Minha mãe estará fora a maior parte da noite. — Disse ela. — Tinha<br />

um encontro e me disse que não a esperasse. Posso preparar o jantar e<br />

podemos ficar aqui se quiser.


— Ainda melhor. — Angel sorriu, entrando na caminhonete. — Verei<br />

você em um momento. Te amo, baby.<br />

— Também te amo.<br />

Angel sentou, deixando escapar um suspiro de alívio. Nem percebeu o<br />

quanto estava sorrindo até que seu irmão sabichão começou a incomodá-lo.<br />

Rindo, Alex balançou a cabeça, ao sair do estacionamento.<br />

— Sério? Isso foi tudo o que precisou para domar o touro raivoso que<br />

esmagou cabeças ao longo do treino?<br />

Sorrindo satisfeito, Angel olhou pela janela:<br />

— Ela não esteve com ele o dia todo. Estava lutando com algo mais.<br />

— Sim, bom, ainda assim, não baixaria minha guarda quando se trata<br />

deste amigo dela. — Disse Alex enquanto esperavam em um sinal. —<br />

Alguma vez viu Friendzone? Cada um desses amigos de toda a vida se<br />

apaixonam um pelo outro e o acontece por anos. Sarah é encantadora, cara<br />

e isto é o pior tipo de atrativo que uma garota pode ter.<br />

Angel virou para ver seu irmão desconfiado. Alex flertou com Sarah<br />

desde o primeiro dia. Adorava irritar Angel e sabia que isso era tudo, mas<br />

era a primeira vez que se referia a ela como atraente. Não só isso, ele não<br />

estava sendo engraçado. Estava sério e Angel não sabia muito bem como<br />

responder a isso, mas sim, estava curioso a respeito de uma coisa.<br />

— O que você quer dizer com o pior tipo?<br />

— Me refiro que é atraente, mas não sabe. — Saiu do estacionamento<br />

do estádio. — Em todos estes anos, este cara esteve ao redor dela, a<br />

conheceu como realmente é. De verdade, acredita que alguma vez teve<br />

sentimentos por ela mais profundos que só uma amizade?<br />

Teve que deixar Alex arrebentar sua bolha de alívio:


— Ele foi agora. — Disse Angel, apertando sua mandíbula enquanto se<br />

virava para a janela. — E depois do verão, estará ainda mais longe quando<br />

retornar à escola em Nova Iorque. É por isso que não o vi desde que nos<br />

graduamos no colégio.<br />

— Bom. — Disse Alex, dando golpes no volante. — Aí é onde ele<br />

precisa estar: Muito, muito longe de sua garota.<br />

Angel pensou a respeito dessa afirmação e tudo mais que Alex disse.<br />

Lembrou de como Sarah falava dele quando se mudou e o quão perto ficou<br />

de deixar Angel para retornar para ele. Agarrando seu telefone, se lembrou<br />

que ele foi o primeiro de Sarah em tudo, não Sydney. Estavam juntos por<br />

quase três anos agora e com frequência falavam a respeito de seu futuro: Se<br />

casar depois de se formar na faculdade, abrir o seu próprio restaurante e<br />

ter filhos.<br />

Há muito tempo aceitou que Sarah e Sydney eram a prova de que<br />

meninos e meninas poderiam, de fato, ser só amigos. Não podia deixar que<br />

uma visita deste tipo, depois de dois anos e a mentalidade de homem das<br />

cavernas de Alex descarrilasse tudo que tinha conquistado, atuando como<br />

um noivo inseguro e prepotente. Ainda assim, ele nunca havia admitido em<br />

voz alta, mas o início de um novo ano escolar não veio rápido o suficiente.<br />

Só esperava que Sydney não fizesse muitas viagens aqui antes disso, como<br />

mencionou que faria.<br />

O beijo de saudação de Angel, no momento que Sarah abriu a porta e<br />

o deixou entrar, a deixou sem fôlego.


— Bom, olá para você também. — Disse com um sorriso, enquanto a<br />

beijava de novo e a abraçava fortemente.<br />

— Senti saudades hoje. — Sussurrou em seu ouvido, logo beijou um<br />

lado de seu rosto, ainda a sustentando fortemente.<br />

— Senti saudades também. — Disse ela, se afastando e olhando seus<br />

olhos com curiosidade.<br />

Viu esse olhar apaixonado antes muitas vezes, mas isto parecia<br />

diferente. Perguntou se tinha algo a ver com Sydney e isso imediatamente a<br />

preocupou. Além dos detalhes a respeito de seu pai, havia outras coisas que<br />

diria esta noite que tinha certeza que não o emocionariam. Com certeza ele<br />

não gostaria de ouvir sobre o ultimato que Carina deu a Syd e sobre a<br />

escolha dele.<br />

No segundo em que Sydney murmurou as palavras "escolhi você",<br />

Sarah soube. Angel pensaria que era tudo por ela e sua teoria a respeito de<br />

que não existia tal coisa, como a relação platônica entre homens e<br />

mulheres, estaria pronta para ser debatida de novo. Isso era algo que não<br />

discutiam em anos. Vendo como estava agindo agora, se questionou se<br />

deveria dizer ou não essa parte.<br />

Desfrutando de seus beijos longos e cheios de luxúria, decidiu que se<br />

preocuparia com isso mais tarde. Tinha muitas outras coisas para falar<br />

antes disso. Como que, já tinha começado a escrever um e-mail para seu<br />

pai, mas seguia apagando uma e outra vez.<br />

Depois de terminar no sofá por um momento e pensando que talvez<br />

deveria dizer que trancasse a porta principal caso sua mãe chegasse em<br />

casa mais cedo, finalmente se afastou e sorriu.


— Sei que você está ansiosa para me contar sobre o seu pai e eu quero<br />

ouvir, então vou me comportar. — Afundou-se em seu pescoço uma última<br />

vez. — Por enquanto.<br />

Riu, se virou enquanto lambia seu pescoço. A verdade era que estava<br />

ansiosa para lhe contar. Finalmente se desvencilhou de seu corpo e se<br />

sentou.<br />

— O arroz dever estar quase pronto. — Disse, levantando.<br />

Vê-lo tocando sua virilha enquanto se levantava a fez sorrir.<br />

— Bom, porque acumulei muito apetite do treino.<br />

— Acabo de fritar alguns peitos de frango que empanei com farinha de<br />

rosca com tempero italiano. — Disse, caminhando em direção à cozinha.<br />

Angel se sentou em um banquinho no balcão. Sarah serviu seus<br />

pratos e contou tudo sobre a conversa com sua mãe. Durante isso, ficou<br />

notavelmente calado e pressentia o motivo.<br />

— E sua mãe não quer estar lá quando você o conhecer?<br />

Ela sacudiu a cabeça, pegando o último pedaço de frango com o garfo.<br />

— Ela não quer voltar a vê-lo de novo. Mas não irei sozinha. Você pode<br />

vir comigo ou Sydney...<br />

— Eu irei com você. — Disse rapidamente. — Mas esse não é o meu<br />

ponto. Até agora, ninguém tem certeza se esse cara é realmente seu pai. Sei<br />

que aconteceu há muito tempo, mas pensaria que se ele esteve te<br />

procurando por anos, pelo menos, saberia bem o ano em que nasceu ou<br />

teria algum tipo de documento com seu nome completo. Algo. Sua mãe<br />

seria a única que poderia saber se esse cara é verdadeiro ou não.<br />

— Posso tirar uma foto. — Ofereceu Sarah. — Então eu poderia<br />

mostrar e ela poderia dizer sim ou não.


Angel franziu as sobrancelhas antes de levar o garfo cheio de frango e<br />

arroz a sua boca, mas não disse nada. Sabia que ele não era um grande fã<br />

de sua mãe. Com o passar dos anos, contou os detalhes de sua infância.<br />

Algumas vezes, se arrependeu de dizer que sua mãe a deixava sozinha à<br />

noite, porque estava namorando. Havia tentando explicar o motivo de<br />

passar muitas noites na casa de Sydney. Enquanto explicava por que era<br />

tão próxima de Sydney e sua família, não foi bom para sua mãe. Viu o olhar<br />

de desaprovação que ele tentou ocultar quando contou a respeito dos anos<br />

rebeldes de sua mãe e como, ainda depois de saber o tipo de homem que<br />

era seu pai, esteve de acordo em se mudar com ele.<br />

— Não quero forçá-la, Angel. — Disse Sarah, levando seu prato à pia e<br />

lavando. — Não disse que não o faria; só disse que preferia não fazê-lo. Só<br />

posso imaginar quão incômodo isso seria para ela.<br />

— Isto não é sobre ela, querida. — Disse Angel, limpando sua boca<br />

com um guardanapo. — Sua segurança está em risco aqui. Mesmo se for<br />

seu pai, quem sabe em que tipo de confusão vai te colocar? Como sua mãe<br />

disse, era um homem perigoso, então provavelmente ainda seja. Esteve na<br />

prisão. Sei que você está curiosa em conhecê-lo, mas talvez você devesse ir<br />

mais devagar e pensar um pouco primeiro. Dormir com isso alguns dias.<br />

Ainda lhe dar algumas semanas.<br />

Sarah levantou os olhos do prato que estava lavando e logo baixou o<br />

olhar de novo. Esperava que Angel estivesse um pouco mais animado por<br />

ela, mas entendia sua preocupação. Sydney pediu cuidado também, mas<br />

ainda estava emocionado quando ligou mais cedo e explicou tudo.<br />

— Sydney diz que parece um cara decente.<br />

Angel não escondeu a irritação que percorreu seu rosto enquanto se<br />

levantava com seu prato vazio na mão e caminhava rodeando a mesa.


— Sei, sei — Disse, de repente, se sentindo estúpida por dizê-lo. — Ser<br />

decente não significa nada e acho que eu saberia disso melhor do que<br />

ninguém, certo?<br />

Angel colocou seu prato na pia e envolveu seus braços ao redor dela<br />

por trás, beijando-a na bochecha.<br />

— Nem estava pensando nisso, baby. Tudo que estou dizendo é, o<br />

quão pouco você sabe sobre esse cara, ao menos em algum momento de sua<br />

vida, foram más notícias. Não quero que corra nenhum risco.<br />

— Não o farei. — sussurrou, dando a volta para ficar de frente para<br />

ele. Ela sorriu, beijando-o brandamente. — Mas estou curiosa, mais ainda a<br />

respeito de conhecer meu irmão.<br />

— Se ele for mesmo seu irmão. — Recordou Angel, mas a beijou no<br />

segundo que sentiu que seu sorriso se apagava. — Baby, sei que isto deve<br />

ser excitante para você e quero ficar emocionado também, mas odiaria ver<br />

você se decepcionar. Só não quero que saia ferida.<br />

Assentiu, sabendo que ele tinha razão. De repente, ela se sentiu<br />

envergonhada. Ele deveria achar que ela é uma estúpida. Como podia se<br />

animar tão rápido? Haviam muitas perguntas sem resposta. Sabia tudo<br />

isso. Foi o primeiro pensamento que teve. Isto pode ser uma grande<br />

mentira, mas parte dela queria que não fosse.<br />

— Ouça — Disse ele, levantando seu queixo. — É normal ficar curiosa.<br />

Eu estou também.<br />

Respirou profundamente e deu de ombros.<br />

— Talvez eu devesse fazer o que Sydney sugeriu. Sondá-lo via e-mail<br />

por um tempo antes de decidir se quero conhecê-lo. Posso pedir que me<br />

envie fotos. Assim, minha mãe poderá confirmar se é ele e Sydney pode


confirmar se foi o homem que foi em sua casa. Ainda não significaria que<br />

podemos confiar nele, mas podemos descartar que seja um impostor.<br />

— Agora sim. — Angel sorriu, beijando-a, logo soltou suas mãos para<br />

rodear a mesa e ir para o sofá. Sem se virar, perguntou. — Então, até que<br />

horas ficou com o Syd ontem à noite?<br />

Foi discreto, mas Sarah o conhecia muito bem. Ele estava doido para<br />

perguntar isso desde a hora que mencionou que ficou acordada até tarde.<br />

Sentaram no sofá e ela falou.<br />

— Não tenho certeza. Até uma, possivelmente? Só sei que era tarde e<br />

então, esta manhã, acordamos cedo e depois dessa conversa com minha<br />

mãe, estava acabada. O cochilo realmente foi bom.<br />

Angel a olhou.<br />

— Algo novo com o Syd?<br />

— Para falar a verdade. — Disse ela, sabendo que isto ia mudar os<br />

ânimos, assim escolheu suas palavras cuidadosamente. — Carina e ele<br />

estavam com problemas a algum tempo e finalmente terminaram.<br />

Com o passar dos anos, Angel ficou bom em esconder seu desgosto<br />

quando algo era relacionado a Sydney. Mas por conhecer bem ele, Sarah<br />

sabia captar os sinais de descontentamento.<br />

Quando disse que teria que passar tempo com uma pessoa que ele não<br />

gostava trabalhando no projeto da escola, ele fingiu estar tranquilo e que<br />

estava bem como estava agora. Mas Sarah podia ver em seus olhos. Que ele<br />

estava tudo, exceto bem com isso.<br />

— Terminaram? Quanto tempo faz isso?<br />

— Já faz algumas semanas. — Disse Sarah. — É por isso que decidiu<br />

vir para casa pelo resto do verão. — Ver sua reação a isto quase a fez querer


não contar o resto, mas achava melhor contar logo. — Está se transferindo<br />

para a Universidade East Side, também.<br />

Isso fez com que suas sobrancelhas se levantassem:<br />

— Está? Quando?<br />

— Este ano. Fez toda sua papelada antes de vir para casa e claro, já foi<br />

aceito. — Se inclinou contra ele, sentindo quão tenso repentinamente ele<br />

ficou. Esfregou seu braço. — Lembra que eu te disse que UCLA sempre foi<br />

onde planejávamos ir quando estávamos no secundário? ESU foi outra<br />

grande universidade onde ele queria ir. Agora decidiu terminar a faculdade<br />

ali.<br />

Não mencionou que a única razão para a sua mudança de ideia na<br />

época, foi que Carina conseguiu uma bolsa de estudos para Columbia e<br />

agora que terminaram, estava se transferindo para uma escola apenas duas<br />

horas de distância de Sarah.<br />

Apesar de parecer ruim, Sarah sabia que ele não fez isso para ficar<br />

perto dela. Só queria estar mais perto de casa e ele disse que ficar em<br />

Columbia e ver Carina todos os dias não ia fazer bem a ele. Também disse<br />

que estava farto do clima gelado e estar no sul da Califórnia seria uma<br />

mudança bem-vinda, a mudança que precisava para esquecer Carina.<br />

— Assim, está terminado, terminado? — Perguntou Angel, ainda<br />

parecendo um pouco confuso com o assunto. — Depois de todo esse tempo<br />

com ela, realmente está se afastando? Não estavam juntos pelo mesmo<br />

tempo que nós?<br />

— Sim. — Assentiu ela. Ainda um pouco triste a respeito disso. —<br />

Começaram a sair no ano em que mudei para cá. Mas esta não é a primeira<br />

vez que terminam. Eles tinham problemas por um longo tempo.<br />

Angel a olhou estranhamente.


— Que tipo de problema?<br />

Sarah se endireitou, se sentindo um pouco incomodada. Angel já<br />

estava tirando suas próprias conclusões, e estava certo. Assim como Angel,<br />

Carina não gostava da amizade de Sarah e Sydney no início, mas nunca<br />

disse a ele. Mesmo assim, Sarah sabia toda a verdade.<br />

— Disse que ela era muito pegajosa, que sempre foi, mas pensou que<br />

ela superaria.<br />

Ainda a estava observando dessa estranha maneira que a fazia se<br />

sentir tão incômoda. Nunca foi boa em mentir e prometeu, faz muito tempo,<br />

nunca esconder nada de Angel de novo. Aprendeu sua lição. Nem meias<br />

verdades seriam aceitáveis.<br />

— Assim, o que fez que decidisse finalmente terminar?<br />

Sarah removeu a faixa de cabelo e acomodou seu cabelo novamente,<br />

retocando seu rabo de cavalo. Foi uma tentativa nervosa para ganhar tempo<br />

para pensar em como dizer. Foi consumida com pensamentos de seu pai<br />

todo o dia que não pensou numa forma de dar essa notícia a Angel. Pensou<br />

que ele poderia não perguntar.<br />

— Carina deu um ultimato. — Disse, afastando seu olhar para a<br />

televisão, esperando que não lhe pediria o que especificasse, mas sabia que<br />

o faria, assim não queria olhá-lo nos olhos quando dissesse. — E ele<br />

finalmente decidiu se afastar.<br />

Sentindo seus olhos sobre ela, continuou fingindo que estava<br />

assistindo o comercial de sabão em pó na televisão.<br />

— Qual foi o ultimato, Sarah?<br />

Se não tivesse escutado em sua voz que já sabia, poderia estar tentada<br />

a seguir olhando a TV. Mas, claro, estavam agora passando um episódio de


um programa que Angel sabia que ela odiava, por isso era inútil fingir que<br />

estava concentrada nisso.<br />

— Ou escolhia terminar sua amizade comigo ou terminava sua relação<br />

com ela.<br />

Os olhos de Angel se cravaram nela, um olhar que ela viu poucas vezes<br />

nesses anos juntos. Uma vez foi a noite que nunca esqueceria: a noite que<br />

conheceu Sydney.<br />

— Assim, ele te escolheu ao invés de sua namorada de anos?<br />

— Sim, mas seus problemas vinham crescendo há meses, Angel...<br />

— E agora está se mudando para o sul de Califórnia?<br />

Sarah assentiu, sabendo que esteve absolutamente certa sobre como<br />

Angel receberia a notícia. Não adiantava discutir, podia já ver em seus<br />

olhos. Não ia acreditar que eles tinham problemas além dela.<br />

— Olhe, — Disse, segurando sua mão. — Sei o que está pensando...<br />

— Não acredito que saiba.<br />

— Claro que sei. — Disse. — É o que sempre pensou: que ele tem<br />

sentimentos por mim além de amizade e que sua mudança para cá tem a<br />

ver comigo e não com as razões que ele me disse...<br />

— Está apaixonado por você e sempre esteve. — Sarah já estava<br />

sacudindo sua cabeça, mas antes que pudesse protestar, continuou. — Por<br />

que afirma isso com tanta certeza?<br />

— Porque sim — Disse com convicção. — Não o conhece tão bem como<br />

eu, Angel. Se estivesse apaixonado por mim desde sempre, não acha que ele<br />

mencionaria? Sei que para você parece impossível, mas ele e eu fomos<br />

amigos muito antes de eu te conhecer, muito antes que estivesse em uma<br />

relação séria. Poderia ter dito algo nesse tempo. Pelo menos, insinuado.


— Possivelmente não queria arruinar as coisas. — Disse Angel, ainda<br />

parecendo um pouco determinado a manter sua teoria. — Não posso<br />

acreditar que a ideia nunca passou por sua cabeça. Você mesma disse. Ele<br />

tinha excesso de peso durante a maior parte desses anos que o conheceu,<br />

muito acima do peso. Isso poderia ser um impedimento para ele. Podia estar<br />

inseguro de você não estar atraída por ele, possivelmente isto é o que o<br />

impediu de fazer um movimento antes.<br />

Ela continuou sacudindo sua cabeça.<br />

— Nunca foi assim entre nós. De fato, estava acostumado a incomodálo,<br />

porque acreditava que Carina tinha uma queda por ele antes ficarem<br />

juntos.<br />

Tomou uma respiração profunda quando sua expressão permaneceu<br />

exatamente igual. Decidindo tentar uma aproximação diferente, seguiu com<br />

a corrente.<br />

— Está bem, então agora decidiu fazer seu movimento? Agora que<br />

estou apaixonada e em uma relação séria por quase três anos? — Apertou<br />

sua mão. — Querido, o quanto você significa para mim. Te prometo que<br />

nunca farei nada que nos cause problemas, mesmo que por alguma mínima<br />

oportunidade tivesse razão e ele estivesse apaixonado por mim por todo este<br />

tempo.<br />

Finalmente seu olhar perdeu um pouco da dureza, mas Sarah sabia<br />

que tudo pelo que trabalhou tão arduamente ao longo dos últimos três<br />

anos, foi por água abaixo. O progresso que conseguiu, fazendo que Angel<br />

entendesse completamente a dinâmica de sua amizade com Sydney.<br />

Mas ela acabou com a tensão do dia. Podia dizer que Angel precisava<br />

de distração. E ela precisava também. Sorrindo maliciosamente, se inclinou<br />

e o beijou apaixonadamente. Sentindo sobre sua calça, confirmou que


estava instantaneamente preparado para ela. Se endireitando, sorriu,<br />

mordendo o lábio inferior.<br />

— Vou trancar a porta.<br />

Pulou e foi para a porta da frente, trancando e bloqueando com o<br />

mesmo ferrolho que Angel instalou quando ela e sua mãe se mudaram.<br />

Virou para ver Angel olhando para ela com expectativa. A protuberância em<br />

sua virilha era a evidência de que ele sabia exatamente o que ela estava<br />

planejando. Foi para ele, se inclinando para beijá-lo enquanto suas mãos<br />

abriam seu zíper e o tirava enquanto ele gemia em sua boca. Em poucos<br />

segundos, ela estava fora de sua bermuda e subia no sofá com um joelho de<br />

cada lado dele.<br />

Sentou nele facilmente, mostrando que estava pronta. Angel gemeu,<br />

deixando sua cabeça cair para trás.<br />

— Deus sim. — Disse ela, apertando os olhos fechados enquanto se<br />

empurrava para baixo, querendo tão profundo como fosse possível.<br />

Isto era o que tanto precisava hoje.


CAPÍTULO<br />

SEIS<br />

Na semana seguinte à visita de Sydney, Sarah finalmente enviou um e-<br />

mail a seu pai. Seguiu o conselho de Angel e Sydney e se manteve simples,<br />

sem dar nenhuma informação sobre si mesmo. Basicamente, disse que<br />

recebeu a mensagem de que ele esteve procurando-a e queria se encontrar<br />

com ela, mas não se sentia confortável até saber mais sobre ele.<br />

Fez algumas perguntas básicas tais como, onde vivia e o que fazia para<br />

viver agora, que era sua forma mascarada de descobrir se ainda estava<br />

fazendo coisas ilegais por aí. Também perguntou a respeito de seu irmão:<br />

sua idade e por que de repente queria conhecê-la. Perguntou se era possível<br />

enviar uma foto de si mesmo e talvez uma de seu irmão também.<br />

Sua resposta veio na mesma noite. Sarah ficou olhando o e-mail de<br />

Omar Ortiz sem abrir em sua caixa de entrada. Inclusive, quando teve a<br />

informação de Sydney, pensou que poderia ser uma Ortiz ao invés de uma<br />

Ferro, como sua mãe.<br />

Disse a Sydney e Angel, que recebeu uma resposta, mas que ainda não<br />

a tinha lido quando viu a notificação de e-mail em seu telefone. Considerou<br />

esperar até que Angel chegasse a sua casa depois de seu treino, assim, ele<br />

poderia estar ali quando o abrisse. Por alguma razão, não queria abrir


diante de sua mãe. Não contou a ela sobre a resposta. Antes que pudesse<br />

abrir, seu telefone tocou com uma mensagem de texto. Era de sua prima<br />

Valéria.<br />

Já estou na esquina. Vamos tomar um café. Não te vejo faz muito tempo.<br />

Sorrindo, Sarah enviou uma mensagem de volta, que café soava bem e<br />

logo exalou um pouco dramaticamente quando abriu o e-mail e começou a<br />

ler. Não iria esperar até depois do café com a Valéria.<br />

Olá Sarah,<br />

Não posso dizer o quão feliz estou de escutar sobre você finalmente.<br />

Suponho que minha viagem até Flagstaff deu frutos. Entendo completamente<br />

que não queira nos encontrar até que conheça um pouco mais a respeito de<br />

mim.<br />

Antes de tudo, sua mãe já deve ter dito que estive algum tempo preso.<br />

Estou por mais de cinco anos e trabalho no Hanson Beach Memorial Hospital<br />

com manutenção e reparação. Vivo aqui no Hanson Beach desde minha<br />

liberação. Minha irmã e seu marido vivem aqui e estou alojado com eles até<br />

que seja capaz de conseguir meu próprio lugar.<br />

O nome de seu irmão é Leonardo (Leo) e está perto de completar vinte<br />

anos. Acredito que me equivoquei quando falei com o jovem em Flagstaff, mas<br />

sempre erro a idade dele. Ele ainda vive no Arizona e frequenta a<br />

universidade de Phoenix. Recentemente voltei a falar com ele, infelizmente,<br />

perdi a maior parte de sua vida. Na realidade, ele me encontrou faz uns anos<br />

e nos reunimos várias vezes. Mantemos contato através de mensagens de<br />

texto, telefonemas e e-mails. Desde que disse que tinha uma irmã, está


desejando te conhecer. Ele é filho único e pelo que sei, você também. Acredito<br />

que seria bom para os dois se conhecerem e poderia não ser muito difícil se<br />

você também está no Arizona.<br />

Anexei algumas fotos minhas e uma foto que Leo me enviou dele. Fique<br />

à vontade para perguntar o que precisar saber. Disse que me contatou e que<br />

deseja fazer isso lentamente. Ele entende e deseja te dar todo o tempo que<br />

precise, mas me pediu que dissesse que está com muita vontade de se<br />

encontrar com você. Pediu que te passasse seu contato, no caso de você<br />

querer ligar e falar com ele primeiro ou por e-mail, como comigo.<br />

Saudações afetuosas, Omar (pai).<br />

Sarah leu o e-mail pela segunda vez, verificando o nome de seu irmão<br />

e a idade. Se tinha vinte anos, então nesses tempos que seu pai esteve com<br />

outras mulheres, enquanto vivia com sua mãe, engravidou outra mulher.<br />

Beliscando seus lábios para um lado, pensou nisso. Até agora, havia<br />

um ponto de positivo que pudesse dizer sobre o homem que a gerou. Se<br />

alegrou por ter decidido fazer isso lentamente, mas não sustentaria o<br />

passado de seu pai contra seu irmão. Como ela, ele não podia escolher<br />

quem era seu pai. Não ligaria, mas poderia enviar um e-mail já que ele<br />

queria conhecê-la. Sarah teve que admitir que também estava<br />

estranhamente entusiasmada, com a perspectiva de ter um irmão. Mas<br />

como Angel alertou, não teria ilusões. Ainda não sabia se era verdade.<br />

Valéria chegou quando Sarah estava abrindo os arquivos anexos de<br />

fotos. Sarah já tinha conversado com ela sobre esse assunto. Assim, Valéria<br />

estava de pé junto a Sarah e seu laptop, esperando curiosamente quando<br />

Sarah falou da resposta de seu pai a seu e-mail e que ele enviara fotos.


A primeira foi a dele. Nela, estava apoiado contra uma porta com um<br />

ligeiro sorriso. Agora podia entender quando Sydney e Angel disseram que<br />

seus olhos eram inesquecíveis. Durante anos, Sydney disse e depois Angel<br />

tentou explicar, mas nunca entendeu o queriam dizer sobre seus próprios<br />

olhos. Mas o viu agora nos de seu pai. Havia algo profundo neles. Angel<br />

disse que foi a primeira coisa que reparou quando a viu. Igual à sensação<br />

que Sydney descreveu, quando conheceu o homem, não podia deixar de<br />

olhar seus olhos. Estava impressionada.<br />

— Sim. — Disse Valéria. — Sydney não estava mentindo, Sarah. Você<br />

é igual a ele. Não tem como não ser seu pai. Olhe esses olhos.<br />

Sarah não disse nada. Por mais que olhasse, tudo era tão surreal. Ao<br />

invés de comentar, já não tinha palavras, clicou na segunda foto. Era outra<br />

dele, só que era muito mais jovem e muito atrativo.<br />

— É ele também? — Perguntou Valéria. Sarah assentiu, lendo o título<br />

na foto, "Isto foi da época em que conheci sua mãe". Não se surpreendeu<br />

por sua mãe ficar com ele. Era sexy. Com um sorriso, Sarah clicou no<br />

último dos arquivos anexos, sem fazer nenhum comentário de novo. Este<br />

era seu pai e havia uma semelhança tão grande entre ela e ele, que se<br />

sentia estranha falando dele sendo sexy.<br />

A última foto se abriu.<br />

— Santa beleza, Batman! — Disse Valéria, se inclinando mais. —<br />

Quem é?<br />

— Meu irmão. — Disse Sarah. — Seu nome é Leonardo. Leo. — Valéria<br />

olhou pra Sarah com seus olhos brilhantes e logo depois de novo à foto.<br />

— Bom, não se parece em nada com você ou seu pai, mas é um tipo<br />

totalmente diferente de sexy. E, Jesus, olhe as tatuagens. Um molhador de


calcinhas sexy. — Virou para Sarah outra vez. — Ele é... intimidante, mas<br />

de uma maneira sexy.<br />

Sarah podia ver por que Valéria pensava assim. Já que nunca parava<br />

de falar de sua fraqueza pelos meninos musculosos, é obvio que pensaria<br />

que Leonardo era sexy. As tatuagens só se somavam a sua aparência. A foto<br />

foi tirada junto ao lago e usava um traje de banho e uma camiseta sem<br />

mangas que deixava a vista suas numerosas tatuagens em seus<br />

musculosos braços, ombros e peito. Inclusive, havia uma em seu pescoço.<br />

Havia um montão de gente de sua idade ao redor, incluindo muitas garotas<br />

de biquíni. Parecia uma foto do tipo férias da primavera. Estava<br />

sustentando uma cerveja na mão, um grande sorriso amistoso e o boné de<br />

beisebol davam um aspecto mais suave a sua, de outra maneira, aparência<br />

do tipo durão. Seus olhos não eram verdes como os dela. Eram marrom<br />

escuro e Valéria tinha razão. Não se parecia em nada com Sarah ou seu pai.<br />

Mas também tinha razão em algo mais. Apesar de sua aparência dura, era<br />

de aparência agradável. Sua mandíbula estava perfeitamente cinzelada e o<br />

brilho de seus olhos dizia que sabia que era sexy.<br />

— Está bem, tem que me levar quando for ver ele. — Disse Valéria sem<br />

deixar de olhar a foto, com um grande sorriso.<br />

Sarah virou para ela com um olhar de desaprovação.<br />

— Já disse. Você e Alex podem insistir que não são exclusivos até que<br />

se fartem. Os dois são iguais e, devo acrescentar ridiculamente óbvios a<br />

respeito de quão zangados ficam ao escutar que o outro, talvez, saia com<br />

mais alguém. Não vou te levar comigo para conhecer meu irmão. — Sarah<br />

fechou a foto e seu laptop — Será que vocês não conseguem se dar bem?<br />

Valéria franziu a testa enquanto Sarah agarrava sua bolsa e saíam.


— Falando disso. — Disse Valéria enquanto caminhava para a porta.<br />

— Alex está fazendo um de seus atos de desaparecimento nestes momentos.<br />

Não ouvi falar dele durante quase uma semana e você?<br />

Sarah contou que trabalhou no mesmo turno que ele no restaurante<br />

os últimos dias e que Angel disse que não só a prática de futebol que estava<br />

bastante exaustiva, mas também os finais das matérias extras que Alex<br />

pegou durante o verão que estavam dando trabalho. Assim, Valéria não se<br />

sentiria tão mal, porque ele estava muito ocupado para chamá-la. Deixou<br />

também de lado a parte dele conseguindo sua própria casa logo. Valéria não<br />

mencionou e Sarah não ia se meter. Sem se dar conta, já tinha escapado<br />

muitas coisas que Alex não contou a Valéria; e Alex terminaria na casa do<br />

cachorro. Não é que não o merecesse se ia mentir ou ocultar coisas<br />

intencionadamente de Valéria, mas Sarah detestava o olhar de ‘me delatou<br />

de novo’ que recebia dele cada vez que isso aconteceu. Pensou que era só<br />

uma questão de tempo antes que Valéria soubesse. Angel disse que seu<br />

irmão conseguiu seu próprio apartamento, porque era mais barato que<br />

pagar um quarto de hotel e de maneira nenhuma ia levar todas suas<br />

conquistas para casa. Não só era uma falta de respeito, mas também, sua<br />

mãe o mataria se soubesse quantas eram.<br />

Essa última parte foi acrescentada pelo Angel e era sua própria<br />

hipótese pessoal, não eram palavras de apoio de Alex. Mas se Sarah tinha<br />

que especular, apoiada em todas as coisas que Valéria contou e com que<br />

frequência, tinha certeza de que estava com outras garotas, era provável<br />

que assim seria. Por hora, tinha que manter o bico fechado sobre ele<br />

conseguindo uma casa de solteiro logo.<br />

— É melhor, suponho. Na verdade, preciso simplesmente seguir em<br />

frente e terminar as coisas com ele. — Disse Valéria quando entraram em<br />

seu carro. — Estou assim, perto de me sentir preparada para fazer a prova.


Quando passar, provavelmente conhecerei um montão de executivos. Não<br />

preciso de Alex ameaçando eles quando decidir aparecer do esquecimento<br />

— virou-se para a Sarah. — Sabe que este ano jogam contra o Havaí no<br />

Havaí, certo?<br />

Sarah olhava seus e-mails não lidos em seu telefone e encolheu os<br />

ombros, sem saber o que isso significava.<br />

— E?<br />

— Só estou dizendo que vão estar lá todo o fim de semana. — Sarah a<br />

olhou a tempo de ver Valéria revirando os olhos. — Alex já estava se<br />

gabando sobre isso. Lembra quem é animadora ali?<br />

Sarah tomou um momento e então lembrou: Dana. Simplesmente a<br />

"espinho no cu" de Angel, depois de conhecer e ser exclusivo de Sarah na<br />

escola secundária, a mesma garota que esteve a ponto de causar um motim<br />

em seu baile de graduação quando Sarah e Angel ganharam o título de rei e<br />

rainha do baile. Dana e seus seguidores protestaram, fazendo uma grande<br />

cena e basicamente arruinando o momento para Sarah. Mais tarde, Angel<br />

ainda explicou que ela não teve nada a ver com isso. Foi ridículo, porque<br />

nesse momento, Sarah sabia que ele queria mostrar que não foi nada<br />

demais o que Dana fez, mas na realidade, foi muito mais.<br />

Sarah ficou muito aliviada quando ouviu Dana se gabando por ir para<br />

o Havaí, que partiria e nunca olharia para trás. Já vai tarde, foi a reação de<br />

Valéria e de Sarah.<br />

vez.<br />

Voltando ao olhar para seu telefone, Sarah encolheu os ombros outra<br />

frente.<br />

— Passaram-se mais de dois anos. Tenho certeza de que ela seguiu em<br />

Valéria riu.


— Duvido que alguém iria lidar com aquela cara de bunda.<br />

Não querendo dar ouvidos ao que Valéria estava insinuando, que ela,<br />

Sarah deveria estar preocupada com o que eles podem fazer no fim de<br />

semana, Sarah deixou seu telefone em sua bolsa e virou para sua prima.<br />

— De qualquer maneira. — Disse tomando cuidado para não parecer<br />

arrogante. — Enquanto ele não me der motivos para não confiar nele, não<br />

vou começar a me preocupar com algo assim.<br />

Era a verdade. Infelizmente, Valéria tinha um montão de razões para<br />

pensar que Alex poderia ir ao Havaí ou a qualquer outro lugar para viver<br />

muito bem e foder com tantas garotas pudesse. Passaram duas temporadas<br />

completas com Angel jogando suas partidas como visitante sem ela e nunca<br />

deu motivos para pensar que poderia fazer algo enquanto estivesse fora.<br />

Sarah confiava nele por completo.<br />

— Bom, não estou dizendo isto para te deixar paranoica. Só estou te<br />

avisando. — Valéria a olhou e logo depois olhou de novo para a rua. — Não<br />

disse nada o ano passado, porque tenho certeza que ela estava tentando te<br />

chatear. Você estava no jogo também, já que foi aqui e depois esteve com ele<br />

o tempo todo. Mas de algum jeito, ela e eu temos amigos em comum no<br />

Facebook e um deles foi marcado em algumas fotos que Dana colocou<br />

depois da partida do ano passado contra os SD. Nelas, tinha fotos dela com<br />

os jogadores e os membros da banda do SD. Entre eles, Angel e inclusive<br />

Alex apareceram em seu estúpido mural. Publicou tantas que não pensei<br />

que fosse grande coisa. Quando saiu o calendário da temporada deste ano,<br />

voltou a publicar as fotos, só que não todas elas. O título dizia algo estúpido<br />

como "Mal posso esperar para passar o momento com meus amigos do SD<br />

na partida deste ano".


Valéria entrou no estacionamento do Starbucks e Sarah tinha que<br />

perguntar se essas fotos eram o motivo do convite. Virou para Sarah<br />

enquanto estacionava.<br />

— Desta vez, haviam só algumas fotos e, claro, uma com Angel.<br />

Acredito que não queria mostrar a grande vadia que é, porque só postou a<br />

de um menino. As outras duas eram garotas na banda.<br />

Outras duas.<br />

— Assim, nem eram muitas. Tinham três pessoas, Dana dizia que<br />

estava ansiosa para se reunir com eles no Havaí, duas amigas e Angel.<br />

Vanessa quis alertar Sarah.<br />

— Estou te dando um aviso, assim não será pega de surpresa caso<br />

escute algo, mas não discuta com Angel sobre isso. Obviamente, ela não se<br />

convenceu e ainda está tentando provocar. Não lhe dê esse gosto.<br />

Seguindo o conselho do Valéria, Sarah decidiu que não tocaria no<br />

assunto. Depois que Valéria a trouxe para casa, releu o e-mail de seu pai e<br />

quando sua mãe chegou em casa, confirmou que a foto era definitivamente<br />

ele.<br />

— Sim, — Disse Luna, olhando a foto. — Esses são definitivamente os<br />

olhos que lembro. O tempo lhe fez muito bem. Esperava que parecesse mais<br />

velho, pois era seis anos mais velhos que eu e pensei que todo esse tempo<br />

na prisão teria envelhecido mais rápido. Mas, sim — assentiu Luna — É ele.<br />

Sarah virou para sua mãe. Ficou mais emocionada, pois isso se<br />

tornava um assunto real. Mastigou o canto de seu lábio, perguntando se<br />

devia mencionar que ela e seu irmão tinham quase a mesma idade, mas<br />

imaginou que era questão de tempo antes que sua mãe descobrisse. Então<br />

resolveu mostrar a foto.


— Este é Leonardo. — Disse. — Meu irmão. Tem dezenove. — Luna<br />

meio que franziu a testa e logo sorriu.<br />

— Por que não me surpreende? — Se inclinou para olhar. — Seu pai<br />

também tem um montão de tatuagens. — Murmurou olhando a foto. — É<br />

atraente. — Encolheu os ombros — Acredito que estou mais surpreendida<br />

de que ele só tenha mais um filho.<br />

Sarah estava aliviada pois sua mãe parecia mais chateada que ferida.<br />

Sydney ligou depois que sua mãe deixou o quarto. Enviou as fotos antes de<br />

sair com Valéria. Suas primeiras palavras quando respondeu foram:<br />

— Está bem, esse é ele.<br />

Mais emoção borbulha dentro dela:<br />

— Tem certeza?<br />

— Sim, esse é o cara. O que sua mãe disse?<br />

— Bom, disse que parecia diferente. Obviamente, passaram vinte anos<br />

— levantou e foi para cama. — Esperava que parecesse diferente, mas se<br />

surpreendeu, o tempo fez bem para ele. — Desabou em sua cama e se<br />

recostou. — É seis anos mais velho que ela e realmente não parece, mas<br />

disse que esses, definitivamente, eram seus olhos e está noventa e nove por<br />

cento segura que é ele.<br />

— Assim, o que acontece agora?<br />

— Não sei. Ele me mandou o contato de meu irmão e disse que está<br />

realmente ansioso para me conhecer. Vou responder agora. Tudo que sei<br />

até agora é que tem minha idade e vai à escola em Phoenix.<br />

— Eu ainda seria cuidadoso.<br />

— Claro. — Disse, sentando. — Qualquer coisa que fizer, estarei<br />

tomando passos de bebê e sendo cuidadosa. É apenas... — Mordeu seu


mindinho. — Suponho que não esteja acreditando ainda. Não tive mais<br />

família que minha mãe e minha tia.<br />

— Sim, isso é bastante louco. Só lembre, Lynni. Não vá esperando<br />

muito por isso. A novidade de conhecer um parente perdido de muito tempo<br />

pode desaparecer para ambos, uma vez que se conheçam todos vocês<br />

podem perder o contato de novo.<br />

— Sei. — Disse Sarah, secretamente esperando que estivesse<br />

equivocado. — Vou entrar nisto esperando nada. Desta maneira, não ficarei<br />

decepcionada.<br />

Conversaram um pouco mais até que Angel apareceu. Depois de lhe<br />

dizer sobre o e-mail e a nova informação que tinha, Sarah mostrou as fotos<br />

em seu telefone.<br />

Angel as examinou.<br />

— Assim sabemos com certeza que este é seu pai, mas este tipo, Leo<br />

ainda não é uma coisa segura.<br />

Assentindo, Sarah pensou a respeito. Nunca considerou a<br />

possibilidade dele não ser seu irmão. Desde que este era seu pai e ele disse<br />

que este era seu filho, só presumiu que era verdade. Por que mentiria? Mas<br />

conhecia Angel. Sabia que ele ficaria desconfiado.<br />

— Meu pai... — parou, porque se sentia estranha. — Uh, Omar, me<br />

passou o contato do Leonardo, para que eu enviasse um e-mail ou ligasse<br />

para conhecê-lo também. Omar disse que Leonardo está bastante<br />

emocionado.<br />

Angel a olhou e devolveu o celular.<br />

— Isso é genial. Já enviou um e-mail?<br />

— Ainda não.


Entraram na rua de Angel. Passariam a noite na casa dele.<br />

— Só lembre, baby. Não compartilhe muito a respeito de você mesma<br />

com ele até que esteja segura que tudo é legítimo.<br />

Ele deve ter visto o olhar de decepção em seu rosto, porque não estava<br />

tão emocionado como ela. Logo que estacionaram na rua e desligaram o<br />

carro, alcançou sua mão antes que se baixasse e ela levantou os olhos para<br />

ele.<br />

— Vem aqui. — Sussurrou, se inclinando e a beijando brandamente.<br />

— Deve ser tudo verdade. — Pressionou sua testa contra a sua. — Não quis<br />

estragar a festa ou algo assim, mas você me conhece. Quando é a respeito<br />

de você ou de qualquer um de quem me preocupo, não confiou em<br />

ninguém. E esse cara querendo te conhecer. — Levantou uma sobrancelha<br />

e sorriu brincando — Ainda bem pra ele, que é seu irmão.<br />

Sarah sorriu, lembrando a reação de Valéria à foto de Leonardo, mas<br />

não se atreveu a mencionar isso. Sabia que Angel só estava jogando e<br />

tentando melhorar o clima e falta de entusiasmo a respeito disto. Mas<br />

também, sabia que não estava brincando a respeito de não confiar em<br />

ninguém. De algum jeito, não acreditava que mencionar que Valéria achava<br />

seu irmão bonitão era uma boa ideia.<br />

Entraram e saíram no pátio onde os irmãos de Angel e Romero<br />

estavam juntos à mesa de bilhar. Sofie e Eric estavam de pé atrás da zona<br />

do bar enquanto ela ria e sussurrava algo no ouvido de Eric. Sarah só pôde<br />

imaginar o que a garota devia estar dizendo.<br />

Sofie levantou o olhar justo quando chegaram à mesa de bilhar.<br />

— Teve notícias de seu pai? — Perguntou.


Sarah assentiu, notando que tinha chamado a atenção de Alex e Sal<br />

também. Angel não mencionou que contou a respeito, assim não tinha<br />

certeza se eles sabiam. Sarah contou a Sofie a dias.<br />

— Então, o que aconteceu? — Perguntou Sofie com os olhos<br />

brilhantes.<br />

Sarah se sentou e começou a contar. Esperou até que Angel e Eric se<br />

afastassem para tomar seu lugar na mesa de bilhar antes de tirar seu<br />

telefone e mostrar as fotos. Sofie imediatamente concordou que a<br />

semelhança entre ela e seu pai era enorme. Logo mostrou a foto de<br />

Leonardo.<br />

— Nossa. — Sussurrou Sofie, tomando o telefone de Sarah para dar<br />

uma olhada de perto. — Bem, olá.<br />

Voltando a olhar os meninos, Sarah estava aliviada de que nenhum<br />

deles notou. Os três irmãos estavam ocupados prestando atenção no que<br />

Romero estava dizendo e Eric estava completamente absorto em sua jogada.<br />

— Este é seu irmão? — Perguntou Sofie, suas palavras ainda<br />

sussurradas, logo olhou Eric e sorriu com doçura.<br />

Eric sorriu sem entender e virou para observar Angel fazer sua jogada.<br />

— Assim parece. — Disse Sarah. — Não falei ou escutei nada dele<br />

ainda, mas tenho seu contato. Provavelmente enviarei um e-mail este fim de<br />

semana.<br />

— Que emocionante. — Disse Sofie, devolvendo o celular e<br />

sussurrando. — Leonardo é gostoso — Disse, olhando a foto com um pouco<br />

mais de intensidade. — Ele é meio sinistro, mas... céus!<br />

Sarah sorriu, mas não fez comentário algum. Voltou a olhar a foto de<br />

Leonardo e teve que concordar. Era bastante bonito, mas mesmo sabendo


da existência dele há uma semana, se sentia desconfortável em pensar nele<br />

dessa forma.<br />

Sal e Alex se foram dizendo que tinham que sair e Romero sugeriu que<br />

todos fossem ao Andolini's para uma pizza. A princípio, Angel protestou,<br />

sendo uma sexta-feira à noite, Andolini's estaria muito lotado, mas foi<br />

vencido em uma votação e todos foram para lá.<br />

Como Valéria pediu a Sarah mais cedo que avisasse caso fosse sair<br />

sem Alex, Sarah mandou uma mensagem. Sorriu quando Valéria respondeu<br />

um pouco depois, dizendo que ela e sua amiga já estavam lá e tentaria<br />

guardar lugar.<br />

Quando entraram no restaurante italiano, Sarah imediatamente<br />

reconheceu a garota com Valéria. Era sua amiga Monica, uma garota que<br />

vivia próximo a Val. Não reconheceu o menino parado perto de sua mesa,<br />

obviamente tentando falar com elas. Ficou feliz que Alex não estivesse aí.<br />

Estava brincando quando disse a Valéria que ela e Alex eram ridículos.<br />

Embora ambos fingissem estar de acordo com sua relação aberta, nenhum<br />

era bom em ocultar seu incômodo ao escutar ou ver o outro com mais<br />

alguém. No caso de Alex, as poucas vezes que Valéria contou que viu<br />

alguém, as coisas quase ficaram violentas.<br />

— Quem é esse imbecil? — Perguntou Romero no momento em que viu<br />

o tipo com Valéria.<br />

Sarah ficou tensa imediatamente. Esqueceu que, embora Alex não<br />

estivesse, Romero poderia chegar a ser pior. Estes meninos se protegiam<br />

mutuamente e Romero sabia melhor que ninguém que mesmo Alex e<br />

Valéria não eram um casal, ele não gostaria de ver este cara tentando pegála.<br />

Romero começou a se aproximar deles com um sorriso malvado e Sarah<br />

apertou a mão de Angel.


— Tranquilo. — Advertiu Angel.<br />

Romero deu a volta para ele com um sorriso ainda maior.<br />

— Você me conhece.<br />

— Bom, merda — Disse Eric, enquanto todos seguiram atrás de<br />

Romero.<br />

— Ei Val, você guardou um lugar pra mim? — Perguntou Romero,<br />

apontando o assento junto à Valéria.<br />

O sorriso brincalhão que Valéria estava usando até que viu o Romero,<br />

caiu.<br />

— Sim. — Disse ela. — Sarah me mandou uma mensagem, dizendo<br />

que vinham.<br />

O menino parado junto a Valéria já não sorria, mas não foi embora.<br />

Era o menino típico que Valéria gostava: alto, corpulento e robusto. A única<br />

diferença dos meninos com que estava acostumada a sair, era seu cabelo<br />

loiro.<br />

— Quem é seu amigo, Val? — Perguntou Romero, sentando ao lado do<br />

Valéria.<br />

— Aqui vamos nós. — Murmurou Angel enquanto retirava uma cadeira<br />

para Sarah.<br />

— Sou Tex, quem é você? — Disse o menino com um pouco de atitude.<br />

— Tex? — Romero sorriu e Sarah pôde ver em seus olhos que a atitude<br />

do Tex o divertiu. — Rima com Alex, né, Val? — Romero voltou a olhar<br />

Valéria com uma piscada para logo olhar para Tex. — Sou Romero, amigo<br />

do Alex.<br />

Tex ficou olhando Romero por um momento antes de perguntar o<br />

inevitável.


— Quem é Alex?<br />

— Alex é...<br />

— Alguém que eu não vejo a mais de uma semana. — Disse Valéria,<br />

interrompendo Romero, o fuzilando com o olhar. — Alguém que<br />

provavelmente está saindo com uma garota enquanto estamos aqui.<br />

— Quando poderia estar aqui com você? — Perguntou Tex um pouco<br />

divertido. — Este Alex soa como um verdadeiro idiota se...<br />

Angel estava de pé instantaneamente, mas Romero ganhou dele,<br />

saltando de sua cadeira e fazendo com que o tipo inquebrável finalmente se<br />

encolhesse.<br />

— Chamar meu amigo e seu irmão — Disse Romero, indicando Angel<br />

com o polegar e na cara do rapaz — de idiota é uma verdadeira estupidez.<br />

Valéria se meteu no meio, tentando conter Romero enquanto Sarah<br />

agarrava a frente da camiseta de Angel com ambos os punhos. Todos nas<br />

mesas ao redor deles ficaram de pé também, antecipando uma briga. Para<br />

alívio de Sarah, o velho Sr. Andolini apareceu através da multidão.<br />

— Não comecei. — Disse Romero quando Andolini saiu do meio das<br />

pessoas.<br />

— Sim, nunca começa. — Disse Andolini, assinalando à porta. — Fora!<br />

— Disse com voz forte. — Uma semana!<br />

— Mas... — Romero começou a dizer.<br />

— Não retorne por uma semana! — Insistiu Andolini com voz forte. —<br />

Se discutir, serão duas!<br />

Algumas pessoas na multidão riram quando Romero, resistente,<br />

começou a sair. Esta não era a primeira vez que Romero foi retirado pelo<br />

Andolini. Todos começaram a sair com Romero. Sarah sabia que Angel não


deixaria que Romero aguentasse a expulsão sozinho. Ele estava defendendo<br />

Alex. Inclusive, Valéria e Monica começaram a ir com eles.<br />

Sarah voltou a olhar quando Andolini começou com o Tex.<br />

— Não te conheço, mas você também. Fora! Uma semana.<br />

— Não vou a nenhuma parte, velho. — Disse Tex com a testa franzida.<br />

— Não fiz nada.<br />

Tanto Romero como Angel deram a volta. Vinham aqui por anos aqui e<br />

conheciam Andolini durante muito tempo também. Romero sempre era<br />

expulso desde que estava na escola secundária, inclusive quando não era<br />

sua culpa. Eles sempre saíam respeitosamente.<br />

— Que merda é essa...? — Valéria se meteu na frente de Romero outra<br />

vez. E dois caras de aventais, que saíram correndo da cozinha, já estavam<br />

em cima de Tex.<br />

— Eles já o pegaram Romero. Vamos.<br />

Andolini levantou a mão para os caras em aventais.<br />

— Esperem até que este se vá, — Disse, apontando Romero — antes de<br />

tirar este.<br />

Com isso, Andolini retornou à cozinha, assegurando a todo mundo que<br />

as coisas estavam sob controle e que se acalmassem.<br />

Assim que saíram, Valéria brigou com o Romero sobre tê-la<br />

envergonhado e ele protestou que não fez nada.<br />

— O quê? — Perguntou Romero, levantando as mãos. — O tipo<br />

insultou meu amigo e queria que eu ficasse quieto? — Sua expressão era de<br />

repreensão e sacudiu a cabeça. — Sabe que Alex não vai estar contente<br />

quando contar sobre Tex.<br />

Isso, de verdade, acendeu o fogo nos olhos já ardentes de Valéria.


— Acha que eu me importo se você...?<br />

— Bem, bem, — Disse Sarah, preocupada de que Valéria pudesse dizer<br />

algo rude sobre Alex, como frequentemente fazia quando estavam as duas a<br />

sós. Não pensava que Angel, mas especialmente Sofie, tomariam isso<br />

amavelmente.<br />

— Não sei vocês, meninos, mas eu estou morrendo de fome.<br />

— Não quero pizza de nenhuma parte, a não ser daqui. — Disse<br />

Romero quando alcançaram os carros no estacionamento<br />

— Que tal comida Chinesa? Lucky Dragon?<br />

— Não precisa de reserva para ir a esse lugar? — Perguntou Eric,<br />

caminhando para seu carro.<br />

— Nah. — Disse Romero, caminhando para o carro de Angel. — Meus<br />

tios conhecem o dono. Conseguimos um lugar rápido.<br />

— Eu não vou. — Disse Valéria, que estava lendo algo em seu telefone,<br />

quando ela e Monica passaram pelo carro de Angel. Voltou a olhar para<br />

trás. — Isabel saiu do trabalho mais cedo do que pensava. Vamos nos<br />

encontrar em algum lugar.<br />

— Não cause mais problemas, Val — Disse Romero com um grande<br />

sorriso. Valéria revirou os olhos, mas para alívio de Sarah, não disse nada,<br />

além de pedir para Sarah ligar. Curiosamente, justo quando se afastavam<br />

pela rua com o Romero dando gritos sobre o jogo dos Pais a noite anterior,<br />

Sarah notou uma mensagem de Valéria. Ela ia contar isso enquanto<br />

comíamos pizza, até que Romero arruinou tudo!<br />

Minha amiga comentou em um post do FB onde Dana pôs um link de<br />

seu estúpido blog. De intrometida que sou, entrei e a cadela tem uma janela


com contagem regressiva dos dias que faltam para o jogo SD-HI. Nada<br />

importante certo? Mas a foto que postou na capa é uma velha amiga dela e<br />

Angel abraçados. Não discuta com ele! Mas deve ficar alerta que ela pode<br />

estar tramando algo. Desfrute sua comida a la China. Ansiava tanto uma<br />

pizza do Antolini's esta noite. Grrr!!!


CAPÍTULO<br />

SETE<br />

No momento em que as garotas caminhavam para o banheiro, Angel<br />

viu um irritante sorriso de satisfação no rosto de Romero enquanto eles<br />

voltavam para se sentarem na mesa. Claramente, estava esperando que ele<br />

fosse dizer algo.<br />

— O quê? — Disse Angel. Graças à cena de Romero no Andolini's, seu<br />

jantar atrasou, no momento que a comida chegou, estavam tão famintos<br />

que comeram muito rápido.<br />

— Ouvi que Syd está de volta.<br />

Angel revirou os olhos, quebrando seu biscoito da sorte e tirando sua<br />

mensagem.<br />

— Sim, e?<br />

Eric olhou para Angel com curiosidade. O único que sabia até o<br />

momento era Alex. Romero se encontrou muito com Alex durante seus<br />

treinos ultimamente. Não havia dúvidas de que isso era algo que<br />

discutiram.<br />

— Então, ele deixou a garota que estava namorando desde o ensino<br />

médio e trocou de faculdade para estar mais perto de Sarah?


Olhando para trás para assegurar que Sarah não estava voltando,<br />

Angel virou para o Romero com a testa franzida.<br />

— Quem disse isso? Ele não viria para ela. Ele está em Los Angeles,<br />

não aqui.<br />

— O suficientemente perto. — Romero sacudiu a cabeça com a mesma<br />

expressão que Alex usou outro dia quando contou isso. — Merda. Não sei,<br />

homem. Estou pensando que Alex tem um ponto. Possivelmente precisa ter<br />

uma conversa cara a cara com este tipo. Já sabe, deixá-lo saber que está a<br />

par disso.<br />

— A par do quê? — Perguntou Angel.<br />

— Sim. — Disse Eric com um sorriso suave. — Então ele se transferiu<br />

para o sul da Califórnia. Agora ele está a duas horas de distância. Você<br />

deveria estar ciente e atento, Angel?<br />

Obrigado!<br />

Angel não disse, mas estava feliz de que ninguém saberia o que sentiu<br />

no momento em que soube sobre a volta do melhor amigo de Sarah do<br />

colégio. Sabia que estava sendo preconceituoso e por isso era tão impossível<br />

acreditar que um cara não podia ter sentimentos por Sarah além da<br />

amizade. Mas Alex e Romero pareciam tão seguros a respeito disso e nem<br />

conheciam todos os detalhes: Sarah mantinha contato com ele<br />

regularmente. Contavam tudo um ao outro. O mais importante de tudo,<br />

deixou sua namorada por Sarah. Deixou de lado essa parte quando<br />

mencionou a Alex que Syd e sua garota terminaram. Ele e Romero já faziam<br />

Angel se sentir como o maior idiota quando se tratava disto.<br />

Romero pegou um tanto de macarrão crocante da tigela que estava no<br />

meio da mesa e os colocou em sua boca, sacudindo sua cabeça.<br />

— Estou dizendo isso. Sei do que estou falando aqui...


— A que se refere quando diz que sabe do que está falando? —<br />

Perguntou Angel, começando a perder a paciência. Esta não era uma<br />

conversa que queria ter com Romero na frente de todas as pessoas. — Não<br />

tem uma garota. Nunca teve uma.<br />

Eric riu e Romero lançou um olhar.<br />

— Tive um montão de garotas.<br />

— Não namoradas. — Assinalou Eric. — Todas essas garotas<br />

diferentes que você ficou e te derrubaram não contam. — Eric deu uma<br />

suave cotovelada em Angel. — Pessoalmente, não acredito que tenha nada<br />

para se preocupar. Você e Sarah tem uma relação sólida. Tiveram por anos.<br />

Não deixe que este tipo entre na sua cabeça.<br />

— Está bem. — Romero assinalou para Eric. — Assim, se você tivesse<br />

um amigo que conheceu toda sua vida e fossem assim próximos... — Elevou<br />

uma sobrancelha enquanto a expressão de Eric começava a ficar dura<br />

novamente. — Estaria bem com isso?<br />

— Se ela afirmasse para mim que não são nada mais que amigos, sim.<br />

— Disse Eric, mas sem muita convicção e Angel sabia por quê.<br />

Havia alguém que Sofie conhecia toda sua vida e recentemente tiveram<br />

problemas, mas isso era completamente diferente de Sarah e Syd. Sofie nem<br />

falava mais com Brandon. Felizmente, essa conversa foi interrompida<br />

quando as garotas retornaram.<br />

Todos, exceto Romero, estavam surpresos o quão barato foi à conta.<br />

— Eu disse que o dono conhece meus tios. — Ele sorriu, deixando sua<br />

parte da conta reduzida sobre a mesa.<br />

Depois do jantar, Romero anunciou com um sorriso zombador que<br />

tinha várias paradas para fazer antes que a noite terminasse. Em seguida,<br />

pegou sua carteira, sorrindo maliciosamente de uma forma que somente


Romero podia e anunciou que seu soldado tinha capacete suficiente para o<br />

planejado. Sim, Angel pegava conselhos sobre relações deste romântico<br />

incurável.<br />

Eles deixaram Romero em sua casa, em seguida, Angel e Sarah foram<br />

para o porto. Mesmo após acabar de comer, Angel sabia que depois de uma<br />

romântica caminhada noturna pela orla marítima perto do porto, Sarah<br />

possivelmente estaria pronta para a sobremesa. Sentiu a nítida sensação de<br />

que sua atitude e falta de entusiasmo a respeito do seu encontro com seu<br />

pai e irmão a incomodou. A última coisa que queria era que acreditasse que<br />

não estava feliz por ela, porque estava... De certa maneira.<br />

Ele não diria isto a ela, mas não acreditava que seu pai a merecesse<br />

em sua vida. Claro, o cara ficou preso na maior parte da vida de Sarah, mas<br />

saiu a quase cinco anos. E a verdade, inclusive, foi ele mesmo que disse,<br />

que não foi a ela até que seu irmão começar a mostrar um interesse em<br />

conhecê-la, então realmente fez um esforço para encontrá-la. Angel sabia<br />

que todo seu ser não confiava em ninguém quando se referia a Sarah. Algo<br />

não estava correto, sentia isso. Nunca foi do tipo supersticioso e certamente<br />

nunca deu muita importância a algo como o biscoito da sorte que comeu<br />

esta noite no Lucky Dragon. Mas a irônica coincidência era inquietante no<br />

mínimo.<br />

Se sentir em seu coração e alma que algo está errado, então é provável<br />

que assim seja.<br />

Só não tinha certeza qual das duas coisas que o estavam incomodando<br />

mais ultimamente, se era o que estava referindo ao seu pai e irmão ou a


Syd? Mas novamente, era um maldito biscoito da sorte. Não gastaria mais<br />

tempo tentando adivinhar.<br />

Por enquanto, ele continuaria com isso, fingiria estar tão animado<br />

como ela, pelo bem de não arruinar tudo o que deveria ser inesperado, mas<br />

emocionante desenvolvimento em sua vida. Eu sei que isto é enorme para<br />

ela e até agora ele não demonstrou interesse. Mas estava de mau humor por<br />

outras razões.<br />

Caminharam pela orla marítima e se deixou levar pelos sentimentos, e<br />

ansiedade sobre encontrar com seu pai e irmão sem interrupções. Como era<br />

de esperar, depois de meia hora de caminhada, estava pronta para um<br />

sorvete.<br />

— Não estivemos aqui há bom tempo. — Disse Angel, sustentando a<br />

porta aberta do Dipsy's, a sorveteria, onde estavam acostumados a ir<br />

diariamente no início da relação.<br />

— Estive aqui não faz muito tempo. — Disse, olhando curiosamente<br />

para pôster atrás do mostrador.<br />

Angel olhou para pôster anunciando Sundae para dois.<br />

— Isso é novo. — Disse, já lendo os sabores de cada um para ajudar a<br />

decidir qual poderiam compartilhar ele e Sarah.<br />

— Na realidade não. Sydney e eu tomamos um na semana passada. —<br />

Virou para Angel. — Suponho que faz tempo desde que você e eu estivemos<br />

aqui pela última vez. — Sorriu e logo assinalou. — Olhe esse enorme. —<br />

Sorriu bobamente. — Comentei com Sydney que se alguma vez eu voltasse<br />

aqui com Valéria, esse seria certamente o que compartilharíamos e<br />

provavelmente ela terminaria a maior parte.<br />

Normalmente, Angel teria soltado uma risada junto com ela e estaria<br />

de acordo. Em vez disso, ele ainda estava tentado disfarçar a irritação de


que ela e Syd compartilharam um sundae. Foi apenas um sorvete pelo amor<br />

de Deus. Disse ele mesmo. E era algo que ela iria compartilhar com Valéria.<br />

Não deveria ser grande coisa. Então, por que se sentia como se acabasse de<br />

dizer que tinha compartilhado uma maldita ducha com o cara?<br />

— O que aconteceu? — Perguntou, apertando sua mão.<br />

Olhando para o pôster, Angel fez contato visual com ela. Não se deu<br />

conta que sua mandíbula fechou bruscamente, cada vez que pensava sobre<br />

o que Alex disse a respeito de Syd.<br />

— Nada. Só estava me perguntando se ainda não estava muito cheia<br />

para isto.<br />

Permaneceu quieta e ele pôde ver, pelo canto dos seus olhos, que<br />

estava olhando para ele. Sarah o conhecia muito bem, o que só o irritava<br />

mais. Claramente, já tinha entendido o fato de que falar sobre Syd era<br />

difícil.<br />

Por que disse então? Ele fez sua mandíbula trabalhar e sabia que<br />

agora não poderia negar.<br />

— Posso pedir um só para mim. — Disse. — Se não quiser<br />

compartilhar um dos maiores.<br />

Angel virou para ela, incapaz de suavizar a dura expressão que sabia<br />

que levava agora.<br />

— Qual compartilhou com o Syd?<br />

Sabia que ela poderia pensar que era mesquinho, mas tinha um<br />

pressentimento de que poderia ser a resposta para sua pergunta, por que<br />

ela trouxe o tema. Se ela estava tentando fazer com que o tempo que<br />

passava com o Syd soasse casual e inocente, pensava que Angel poderia<br />

começar a acostumar com a ideia, que poderia se tornar um assunto<br />

recorrente, não estava acontecendo. Angel iria pôr as coisas em claro agora


mesmo. Nunca foi um segredo, embora aceitasse sua amizade, não gostava.<br />

Nunca pediu para ele gostar e sabia que nunca o faria. Assim, falar sobre o<br />

tempo que passou com o Syd com Angel, nunca seria uma conversa casual<br />

e agradável, sem ter em conta quão inocente pudesse parecer.<br />

O rosto de Sarah caiu por um momento e odiou isso. Eles estavam<br />

tendo um momento bom até que falaram sobre Syd. Ele se recuperou<br />

rapidamente, mas viu o desapontamento que ele não podia tratar<br />

casualmente quando o assunto era Syd, sem que as coisas ficassem tensas.<br />

Mas não podia evitar. Sua garota saiu para tomar um sorvete com um cara,<br />

que deixou sua namorada de toda sua vida por ela e compartilharam um<br />

sundae. Tinha que saber que a única razão dele aceitar isso, era porque Syd<br />

era seu amigo de toda vida, mas mesmo assim, nunca seria agradável.<br />

— O marshmallow crocante. — Disse, baixando sua voz. Angel foi para<br />

trás dela e conduziu suas mãos ao redor de sua cintura, apertando forte.<br />

Apoiando seu queixo em seu ombro, ele beijou sua bochecha. Ele fez seu<br />

ponto. Sydney sempre seria um tema delicado, mas não queria incomodá-la<br />

ou arruinar sua noite por isso.<br />

Olhando para o pôster, inalou.<br />

— O Chocolate Swirl Monster soa bem.<br />

Ela virou para ele com um sorriso repentino e sentiu como se estivesse<br />

ao ponto de dizer algo, mas decidiu que não no último segundo. Em vez<br />

disso, ele voltou de novo para o pôster e logo falou.<br />

— Tem certeza? — Perguntou.<br />

— Tenho certeza — Disse Angel, beijando sua bochecha de novo.<br />

Seu plano de enviar a mensagem de que falar sobre ela e Sydney não<br />

era algo que estaria aceitando tão facilmente, parecia ter funcionado,<br />

porque voltaram de novo para seu pai. Não queria que ela ocultasse nada


sobre Sydney, mas certamente não queria que pensasse que, porque o<br />

garoto estava mais perto agora, seria um tema bem-vindo. Antes da visita<br />

surpresa de Sydney, Sarah manteve misericordiosamente qualquer<br />

conversa a respeito dele em um mínimo absoluto.<br />

Sentados ali um de frente para outro, compartilhando o sundae,<br />

parecia íntimo. Angel a escutou, tentando não visualizá-la fazendo isto com<br />

Syd.<br />

— Então, vou enviar um e-mail para Leonardo amanhã de manhã —<br />

Disse, lambendo sua colher. — Irei tentar ser o mais breve e ir direto ao<br />

ponto, sem fornecer informação a respeito de mim. Eu responderei o meu<br />

pai... — Esta foi a segunda vez que ele pareceu perceber o que ela disse. —<br />

Uh... Omar, dizer que vou responder a Leo.<br />

— Não tem problema chamar de pai, sabe? — Disse Angel, oferecendo<br />

um pequeno sorriso e encolheu os ombros. — Eu sei que nunca foi<br />

realmente um pai para você, mas tecnicamente, é seu pai.<br />

Por mais que Sarah dissesse que nunca esteve interessada em<br />

procurar ou encontrar o homem que era seu pai, Angel viu a emoção em<br />

seus olhos. Tinha que se sentir bem por finalmente dizer "pai". É o que mais<br />

o assustava. Estava tratando pensar com otimismo, mas pensar nesse cara<br />

se metendo em sua vida, depois de todos estes anos e possivelmente a<br />

machucando ou inclusive decepcionando, era suficiente para preocupá-lo.<br />

— Sei disso. — Colocou outra colherada de sorvete em sua boca. — Só<br />

parece estranho. — Inclinou sua cabeça de lado enquanto pegava sua<br />

colher dentro do sorvete e a deixava lá. Começaram a falar sobre outro<br />

assunto e em seguida, fez uma pausa e mordeu seu lábio inferior.<br />

— Quando foi a última vez que falou com Dana?


Isso foi inesperado e enquanto Angel desejava poder dizer "quem",<br />

sabia exatamente sobre quem estava falando. Tanto quanto sabia, ambos<br />

conheciam uma só Dana, mas não tinha ideia de por que estava trazendo<br />

isso agora.<br />

— Dana? Nem me lembro. — Mentiu.<br />

— De onde veio isso? — Sarah se inclinou para trás, colocando suas<br />

mãos sobre sua barriga, de testa franzida. — Oh, estou tão cheia agora. —<br />

Angel olhou, esperando enquanto ela levantava e baixava seu ombro. — Ela<br />

esteve publicando sobre o jogo de San Diego com o Hawai. Eu não vi.<br />

Valéria sim. Ela disse que podia querer saber que Dana poderia estar<br />

tramando algo.<br />

Ele levantou uma das suas sobrancelhas, sua atitude despreocupada<br />

foi um pouco exagerada.<br />

— Ela parece realmente estar esperando vê-lo. Inclusive, está<br />

publicando velhas fotos de vocês se abraçando. Sabe, dos dias em que vocês<br />

dois não eram um casal. Tem um monte de doces fotos de você junto dela.<br />

— Está bem, antes de qualquer coisa. — Disse Angel, detectando o<br />

estado de ânimo mudando sem uma boa razão. — Passaram anos desde<br />

que falei com ela ou inclusive desde que a vi. Não vamos entrar nisto...<br />

— Não quero entrar nisto. — Disse, levantando rapidamente. —<br />

Apenas pensei em dar uma advertência. Obviamente, quando você tirou<br />

uma foto com ela no jogo no verão passado pegou você de surpresa, certo?<br />

Eu não sei. — Adicionou, empurrando sua cadeira. — Talvez tenha dito<br />

uma palavra, mas estava sorrindo agradavelmente para a foto.<br />

Angel fingiu pensar a respeito disso, se sentindo como um asno,<br />

especialmente desde que Sarah revirou os olhos para o seu fingido espanto.<br />

Mas pelo menos, sorriu. Ele foi apanhado. Droga.


— Esqueci disso. — Disse, mas não era tanto uma mentira.<br />

Até Dana ter virado assunto esta noite, ele não tinha pensado nessa<br />

foto com ela desde o dia que ocorreu. Sarah estava certa. Dana pegou ele<br />

desprevenido e não teve escolha. Foi civilizado e tirou uma foto com ela. Só<br />

não pensou que no momento que tirou a foto com ele, merecia qualquer<br />

momento de discussão com Sarah. Sabia, depois daquele dia,<br />

provavelmente não voltaria a ver Dana até seu próximo jogo neste ano.<br />

Simplesmente não valia a pena inclusive ver Sarah franzir a testa por isso.<br />

Felizmente, não parecia chateada agora.<br />

Sarah ficou de pé, olhando para à bandeja de sorvete quase vazia.<br />

— Terminou? Tenho que levar isto de volta.<br />

Atirou o guardanapo e a colher na bandeja e recolheu. Assim que<br />

saíram da loja, ele a puxou para si e a beijou suavemente.<br />

— Está bem, recordo de tê-la visto ano passado, mas somente agora<br />

que você trouxe o assunto. Realmente esqueci dela até agora.<br />

Levantou as pequenas sobrancelhas sexy e franziu os lábios por um<br />

segundo.<br />

— Mas disse que não a viu nem falou com ela em anos, logo depois de<br />

eu ter perguntado.<br />

— Sei o que disse. — Foi de volta para a orla marítima. — Fui<br />

estúpido. Simplesmente não acreditei, que inclusive merecesse menção.<br />

Falei com ela por um minuto no caso. Ela me pegou quando ia ao vestiário e<br />

eu estava com pressa, então tive uma excelente desculpa para fazer uma<br />

rápida foto, assim foi tirada essa foto.<br />

Se apoiou no corrimão e a puxou para mais perto dele, envolvendo<br />

seus braços ao redor de sua cintura. A sobrancelha dela ainda estava<br />

levantada, mas os cantos dos lábios puxaram em um sorriso.


— Tecnicamente, ainda mentiu, mas deixarei passar desta vez. Eu só<br />

não quero que minta ou oculte coisas de mim se ela fizer outras coisas no<br />

Havaí. Você estará lá por todo o fim de semana. Ela vai ter um montão de<br />

tempo para tentar prendê-lo.<br />

Angel a atraiu ainda mais.<br />

— Lamento ter mentido. — Sussurrou, zangado consigo mesmo agora<br />

pela espontânea e estúpida decisão de fazer isso. — Não vai acontecer de<br />

novo e já sabe que não tem nada para se preocupar.<br />

— Na realidade, não planejei mencionar sobre isso, embora já<br />

soubesse que estava publicando coisas. Mas hoje, quando descobri que<br />

estava postando essas velhas fotos de vocês dois que pensei que ao menos<br />

deveria adverti-lo. — Bateu em seu peito com dois os dedos. — E você sabe<br />

que não tem nada que se preocupar quando se trata do Sydney, Angel. Já<br />

falamos disto o suficiente. Eu não gosto da forma que seu ânimo muda,<br />

você faz um movimento com a cabeça, quando eu falo dele.<br />

Exalou lentamente, rangendo seu pescoço de um lado para outro. Não<br />

ia discutir com ela sobre isto, mas não havia nenhuma maneira que<br />

pudesse comparar sua inexistente relação com Dana com sua relação com<br />

Sydney. Em vez de mantê-lo, no entanto, decidiu deixar uma coisa bem<br />

clara.<br />

— Olhe querida, eu acredito quando diz que nunca olhou para Sydney<br />

como mais que um amigo. Mas vou ser honesto com você. — Ela inclinou<br />

para trás para olhar para ele com curiosidade. — Sabe que nunca acreditei<br />

de fato que ele nunca teve sentimentos por você. Ele escolheu você em vez<br />

da garota com quem esteve por anos... — Angel balançou a cabeça, porque<br />

quanto mais pensava nisso, mais óbvia era a sensação. — Simplesmente<br />

começam todos os tipos de alarmes. Quero ser simpático, mas não quero<br />

ser estúpido ou ingênuo. — Ele suspirou, abraçando e beijando a parte


superior de sua cabeça. — Estou tentando. Realmente estou, mas tem que<br />

me dar um pouco de liberdade. Nunca ficarei feliz em ouvir que está saindo<br />

com outro cara, mesmo se for apenas seu amigo, especialmente agora. O<br />

que fez com que ele terminasse uma relação tão longa. Tenho certeza de que<br />

não foi algo que decidiu fazer da noite para o dia. Ele fez por você.<br />

Sarah começou a dizer algo, mas ele levantou uma sobrancelha para<br />

que o deixasse terminar.<br />

— Tente ver isso da minha perspectiva, querida. — Sua expressão<br />

suavizou quase que parecia ter entendido ou inclusive acordado. — Sua<br />

garota pede que escolha entre ela e você. Escolhe você e logo deixa<br />

Columbia para ir ao ESU, uma universidade a duas horas de onde sua<br />

amiga de infância está, em vez de atravessar todo o país para vê-la.<br />

— ESU está logo acima de Columbia...<br />

— Esse não é o ponto, Sarah. — Disse, sacudindo sua cabeça. — Tudo<br />

o que estou dizendo é que vou te dar o benefício da dúvida, porque espero<br />

mais que qualquer coisa que não tenha nada que me preocupar. Apenas me<br />

dê um pouco de tempo para me acostumar com isto e não espere que eu<br />

ame a ideia de vocês dois passando mais tempo juntos. Posso tentar para o<br />

seu bem, mas estou sendo honesto. Já sei que não vou.<br />

Tomando uma respiração profunda, Sarah se apoiou contra seu peito.<br />

— É bastante justo. Pelo menos tente. — Afastou dele. — Ele disse que<br />

ia tentar vir quantas vezes pudesse antes que o verão termine, mas<br />

seriamente não acredito que vai ter tempo. Tem que dirigir até Los Angeles e<br />

se arranjar. Conseguir um apartamento e se mudar, procurar um trabalho<br />

e tem que encontrar um companheiro de quarto, tudo em questão de<br />

poucas semanas. Acho que não terá tempo livre de sobra para passar um<br />

momento aqui. Depois começa o semestre e já sabe como é isso.


O alívio se afundou lentamente com cada palavra que dizia. Sarah<br />

tinha razão. Parecia que Syd tinha muita coisa para fazer e Angel sabia em<br />

primeira mão o quão ocupado que as coisas ficariam uma vez que<br />

começasse a faculdade. Inclusive com ele e Sarah assistindo às mesmas<br />

aulas, entre treino e os jogos, o treinamento de Sarah para a equipe de<br />

atletismo e trabalhos acadêmicos, muitas das vezes não iam ter tempo para<br />

sair ou passarem um momento juntos. Se não fosse pelas vezes que ele e<br />

Sarah tinham programados juntos irem ao um restaurante, inclusive,<br />

poderiam ficar mais tempo sem ver um ao outro se tivessem um trabalho<br />

diferente. Talvez ele estivesse dando muito crédito para Syd ao pensar que<br />

poderia estar enganado em se transferir há duas horas de Sarah.<br />

Pela primeira vez desde que trouxe o assunto sobre do Syd, Angel<br />

sorriu amavelmente, beijando a ponta do seu nariz.<br />

— Tem razão. Prometo que vou tentar malditamente não deixar que<br />

meu humor mude de maneira tão drástica da próxima vez que mencioná-lo.<br />

Não quero que pense que não pode falar comigo sobre ele.<br />

Um sorriso travesso se arrastou lentamente de volta para o rosto de<br />

Sarah.<br />

— Talvez devesse tê-lo mencionado antes.<br />

Quase temia perguntar, mas ela estava sorrindo, talvez não era algo<br />

irritante sobre Syd.<br />

— Eu só fiz uma promessa que já sabia que seria difícil de manter.<br />

— O quê?<br />

— Minha mãe está fora esse fim de semana. — Ela sorria ainda mais<br />

amplamente agora. — Ela e Elías foram para Las Vegas. Tenho a casa<br />

somente para mim este fim de semana.<br />

Imediatamente, ele estava sorrindo amplamente também.


— Então, o que estamos esperando?<br />

Puxando sua mão, começou a caminhar a passos rápidos para seu<br />

carro enquanto Sarah ria junto com ele. Fez amor com Sarah um montão de<br />

vezes e sabia que nunca se aborreceria. Mas ter o prazer de despertar com<br />

ela em seus braços não acontecia tão frequentemente como gostaria. Ele<br />

não tinha certeza do que mais estava esperando agora: todas as coisas que<br />

ele faria este fim de semana ou o despertar com seus braços fortemente<br />

agarrado nela por duas manhãs seguidas.


CAPÍTULO<br />

OITO<br />

O sonho erótico que Sarah pensou que estava tendo, se resultou ser<br />

mais real do que imaginou. Seu corpo trêmulo despertou em êxtase ao<br />

encontrar a cabeça de Angel entre suas pernas abertas e estendidas<br />

enquanto os espasmos de prazer se disparavam através de seu corpo e<br />

arqueava suas costas em reação. Percorreu o cabelo dele com seus dedos<br />

enquanto sua boca aberta deixava sair um descarado gemido e Angel<br />

diminuía o ritmo glorioso de sua língua. Os espasmos vinham uma e outra<br />

vez e Sarah teve que se perguntar como dormiu no início.<br />

Recordando a noite que tiveram, sorriu com satisfação enquanto a<br />

beijava uma última vez e começava a voltar do assombroso clímax. Agora,<br />

recordava e fazia sentido. Depois de ontem à noite, finalmente ambos<br />

dormiram profundamente.<br />

— Oh, por Deus — Disse sem fôlego enquanto Angel sentava e deitava<br />

ao seu lado.<br />

— Bom dia, baby. — Com aquele sorriso lindo e aquelas covinhas que<br />

se apropriaram do seu coração completamente, Angel sorriu, beijando sua<br />

testa. — Espero não ter sido muito rude em acordá-la. Não pude me<br />

controlar.


Sarah riu amavelmente, ainda recuperando o fôlego e o formigamento<br />

do seu corpo longe de se acalmar.<br />

— Confie em mim. Nunca irá me ouvir reclamar.<br />

Aconchegando-se ao seu lado, Angel a abraçou por trás e gemeu,<br />

enterrando seu rosto no pescoço dela antes de beijá-lo.<br />

— Não tem ideia de como me senti ao despertar e me dar conta que<br />

estava ainda aqui com você.<br />

Sarah também gemeu quando ele a apertava mais forte.<br />

— Bem, não tem que adivinhar como foi eu despertando assim. — Ela<br />

virou para ele com um sorriso satisfeito.<br />

— Isso foi alucinante — sussurrou beijando-o suavemente nos lábios.<br />

— Está cansada? — Ele perguntou. — Posso fazer o café da manhã<br />

para você enquanto dorme outra vez.<br />

— Não acredito que eu possa dormir, mas estou com fome. — Disse<br />

com um sorriso animado. A noite extenuante de ontem e o despertar como<br />

foi, a ajudaram a desenvolver o apetite.<br />

— Torradas francesas? — Perguntou com um sorriso conhecedor e ela<br />

assentiu imediatamente. Ele se sentou. — Posso fazê-las enquanto escreve<br />

esse e-mail para seu irmão. Sei que disse que estava ansiosa para fazer<br />

isso. Acredito que, quanto mais cedo fizer, mais rápido poderá relaxar.<br />

Isso de fato soa como um plano. Torradas francesas eram suas<br />

favoritas e as fantásticas torradas francesas de Angel superavam as suas.<br />

— Minha mãe acaba de comprar uma nova torradeira do Texas.<br />

— Genial. — Disse, levantando. — Então, torrada francesa para meu<br />

bebê e terá que colocar um short e uma camiseta. — Angel foi para cozinha


enquanto Sarah pegava o laptop e se sentava em um banco no balcão<br />

cozinha.<br />

— Já sabe o que vai dizer? — Perguntou Angel enquanto batia ovos em<br />

uma tigela.<br />

— Mais ou menos. — Disse, olhando fixamente para o e-mail em<br />

branco. — Quero que seja simples, mas ao mesmo tempo dizer para ele um<br />

pouco a respeito de mim, já que sei algo dele. Também estava pensando em<br />

enviar uma foto minha. — Olhou para cima, insegura do que esperar de<br />

Angel, mas nem levantou os olhos dos ovos que estava batendo. — Só<br />

parece justo, sabe? Sei como eles se parecem. Estava pensando em fazer o<br />

mesmo com o e-mail do meu pai.<br />

Ainda se sentia estranha ao referir Omar como pai, mas Angel tinha<br />

razão. Tecnicamente, ele era. A reação de Angel a surpreendeu. Já que<br />

sempre era cauteloso e inseguro, esperava que a desencorajasse. Nisso, ele<br />

deu de ombros enquanto mergulhava o pão no ovo, nem levantando a vista.<br />

— Isso soa bem. Não tomaria muito tempo em escolher essa foto, já as<br />

tem de todas as formas em todo lugar.<br />

Isso era verdade. Tinha tonelada de fotos suas em várias redes sociais.<br />

Se Leonardo estava tão ansioso por conhecê-la como seu pai disse,<br />

provavelmente já tinha visto suas fotos.<br />

Se sentindo mais tranquila a respeito disto, agora que Angel não iria<br />

tentar fazer com que desistisse, começou a procurar entre suas fotos. Angel<br />

cozinhou em silêncio por um momento enquanto ela estava obcecada a<br />

respeito de qual foto mandar para ele. Queria algo simples e atual.<br />

Finalmente, as reduziu em duas. Uma dela de pé encostada no carro novo<br />

que Angel comprou no ano passado. Estava vestida simplesmente com<br />

jeans e uma regata ou essa em que estava sentada em uma rede segurando


o gato gordo dos tios de Romero. O tamanho dessa coisa peluda poderia ser<br />

um tema seguro e impessoal para falar.<br />

Realmente era estúpida, descartou cada uma das fotos que considerou<br />

enviar. Sempre era pelas razões mais estúpidas.<br />

Qualquer que estivesse com seu uniforme de corrida. Poderia pensar<br />

que estava se vangloriando pelas suas habilidades de correr.<br />

A maioria estava na praia: Mostrava muita pele. Era sua irmã perdida<br />

e não uma potencial pretendente na fila.<br />

As fotos em grupo eram todas com amigos e familiares de Angel: Muito<br />

ostentoso. Poderia pensar que era uma farrista pela quantidade de amigos<br />

que tinha.<br />

Beijou Angel e o agradeceu enquanto colocava o prato com torradas<br />

francesas ao lado de seu laptop e se sentava junto com ela.<br />

— Essa é a foto que vai mandar para ele? — Disse Angel, olhando à<br />

foto na tela. — De você segurando Flea?<br />

Ela enrugou seu nariz e se virou para ele.<br />

— É simples o suficiente, certo?<br />

— Claro, por que não? Uma foto de você acariciando sua... — Angel<br />

ficou distraído quando seu celular tocou do outro lado do balcão. Ficou de<br />

pé e foi em direção dele, deixando Sarah com a ideia de acariciar ela<br />

mesma... Então ocorreu enquanto sacudia seu rosto para a foto dela,<br />

sorrindo. O enorme gato fofo sentado em seu braço enquanto sua mão<br />

acariciava seu pelo: Iria enviar para Leonardo uma foto sua acariciando sua<br />

gata 1 .<br />

1 Trocadinho, pois boceta e gatinha são pussy em inglês.


Sentindo seu rosto ficar vermelho imediatamente, fechou a foto e ao<br />

mesmo tempo teve que conter uma risada. Sim, esse era o tipo de conversa<br />

que queria provocar. Está bem, X para essa foto também. Deus, era<br />

ridícula.<br />

— O que é tão engraçado? — Perguntou Angel, caminhando de volta<br />

para ela. Negando com muita força, Sarah desfez o tolo sorriso que nem se<br />

deu conta que estava em seu rosto.<br />

— Nada. — Disse, incapaz de suprimir a pequena risada que escapou<br />

dela. Angel olhou com curiosidade a tela de seu laptop enquanto deixava<br />

seu celular em cima do balcão. A fotografia dela encostada contra o carro de<br />

Angel era a que agora estava na tela.<br />

— Essa é bonita. O que é tão engraçado?<br />

Sentindo seu rosto ficar ainda mais quente, negou outra vez. De<br />

maneira alguma iria dizer por que estava rindo. Pensaria que era tão<br />

ridícula como estava se sentindo.<br />

— Tenho que somente deixar de ficar obcecada com a estúpida foto,<br />

escrever o e-mail e enviar. Esta é suficientemente boa.<br />

Apertou o botão na tela para voltar para seu e-mail, abriu uma<br />

mensagem em branco e começou a escrever. Não iria surtar com isto<br />

também. Angel se sentou no tamborete do seu lado e comeu em silêncio,<br />

enviando mensagens de texto entre uma bocada e outra enquanto Sarah<br />

trabalhava em seu e-mail. Menos de quinze minutos depois, Sarah estava<br />

orgulhosa do que escreveu, um singelo e-mail simples o suficiente, sem<br />

pensar demais, fez uma oração. Anexou sua foto e enviou.<br />

— Pronto. — Disse com um sorriso orgulhoso e muito satisfeito. —<br />

Agora responderei meu pai, já que enviei um e-mail para Leonardo e<br />

terminarei com isto. — Olhou para Angel, que sorriu enquanto colocava


outro garfo cheio da sua celestial torrada francesa em sua boca.<br />

Saboreando e ao mesmo tempo que mastigava e depois inalava<br />

profundamente depois de tragar. — Estão deliciosas — Disse, inclinando e o<br />

beijando. — Obrigada por fazer o café da manhã enquanto terminava isso.<br />

— Qualquer coisa por você. — Disse ele, apertando sua coxa.<br />

Ainda não tinha terminado de enviar o e-mail para seu pai quando sua<br />

caixa de entrada tocou com a resposta de Leonardo. Por um segundo, se<br />

perguntou se talvez não fosse uma resposta automática. Para sua surpresa,<br />

se tratava da resposta de seu e-mail.<br />

— Oh, sim. — Disse, enquanto abria a mensagem que nem era uma<br />

resposta curta. Era bastante longa. — Isso foi rápido.<br />

Angel virou para ela.<br />

— O quê?<br />

— Leonardo já respondeu meu e-mail.<br />

— Que acabou de enviar? — Perguntou Angel, seu tom tão<br />

desconcertante como ela se sentia.<br />

— Sim.<br />

Angel se moveu rapidamente para dar uma olhada e ela o abriu em<br />

sua tela e o leu.<br />

Sarah,<br />

Curioso que tenha enviado para mim um e-mail neste mesmo momento.<br />

Acrescentei esta mensagem acima desse e-mail, porque estava a ponto de<br />

enviar esse e-mail que acabava de escrever para você quando chegou o seu.<br />

Simplesmente copiei e peguei o que ia enviar neste e-mail para você.<br />

Comentei sua mensagem ao final deste.


Olá, irmãzinha!<br />

Sei que supõe que eu deveria esperar saber sobre você, mas não tenho<br />

certeza de que o "pai" te disse que sou do tipo impaciente. Estive morrendo de<br />

vontade de entrar em contato com você durante um tempo. Espero que não se<br />

importe, mas visitei suas redes sociais e revisei tudo, não o que tem<br />

configurado como privado.<br />

Em primeiro lugar, acredito que estou autorizado a dizer isto. Tenho<br />

uma irmã linda. Seus olhos. Jesus, deveria estar preparado para eles,<br />

considerando que os de Omar são do mesmo verde. Não fala para ele, mas<br />

acredito que os olhos são mais lindos em você do que nele. Sim!<br />

Em segundo lugar, sei o que Omar disse que é um pouco tímida sobre<br />

tudo isto e entendo completamente. Não irei pressiona-la para que se apresse<br />

com isto nem nada. Se preferir que nos conheçamos desta maneira durante<br />

um tempo, talvez pelo Skype ou FaceTime, posso fazê-lo também. Só me deixe<br />

saber quando podemos fazer isso acontecer.<br />

Sei que Omar já te contou um pouco sobre mim, mas me permita<br />

elaborar mais. Completarei vinte no próximo mês. Estou na universidade em<br />

Phoenix, mas isso não está funcionando realmente. Suponho que não sou<br />

muito do tipo menino de faculdade. Irei descansar da faculdade neste<br />

semestre e verei que mais há aí fora para mim. Estou pensando em fazer o<br />

exame para o DPLA 2 . Omar já disse que me apoia, se eu quiser, posso ficar<br />

com ele enquanto tento e persigo isso e poderei aceitar a oferta. Isso significa<br />

que estaríamos somente a uma hora de distância. Não tenho nenhum outro<br />

irmão de sangue, assim, você é a garota. É por isso que estou ansioso para<br />

vê-la e colocar o assunto em dia. Está bem, eu disse que não pressionaria,<br />

assim deixarei as coisas assim e espero ouvir algo logo de você.<br />

2 DPLA: Departamento de Polícia de Los Angeles.


É aí onde tinha terminado meu e-mail antes que chegasse o seu. Quanto<br />

ao seu e-mail, isto confirma que quer levar as coisas com calma e estou bem<br />

com isso. Falou do Skype. Vamos agendar! E a foto. Sei que já o mencionei<br />

acima, mas o direi de novo. Linda. =)<br />

Muito obrigado pelo seu e-mail. Deixou meu dia feliz. E me avise quando<br />

quiser organizar o bate-papo pelo Skype. REALMENTE estou ansioso por isso!<br />

Já emocionado por escutar novamente de você! Seu irmão Que é tão<br />

genial, é isso? ;) Leo<br />

Sarah virou para Angel, que seguia lendo e esperou que terminasse.<br />

Quando o fez, virou para ela com uma expressão indecifrável.<br />

— Está ansioso.<br />

Concordando, ela sorriu amplamente. Porque, por muito que estivesse<br />

tentando, Sarah não podia esconder sua vertigem sobre isso. As borboletas<br />

em seu estômago iriam deixá-la louca e pela primeira vez desde que escutou<br />

sobre seu pai e seu irmão procurando por ela, finalmente se deu conta.<br />

Realmente tinha um irmão que estava igual a ela, ansioso para conhecê-la,<br />

como se sentia agora preste a conhecê-lo.<br />

Depois de falar com o Angel por uns poucos minutos mais sobre isso e<br />

logo limparam a cozinha juntos, Sarah e Angel tomaram banho juntos e se<br />

arrumaram para o trabalho. Ambos estavam escalados para o turno de<br />

meio-dia no restaurante. Sua ducha era tudo o que ela tinha esperado,<br />

excitante e embriagadora. Mal podia suportar quando ele a beijou<br />

profundamente e seus dedos fizeram coisas que quase a fizeram explodir.<br />

Então, ele a colocou contra a parede do banheiro e colocou suas pernas ao<br />

redor da sua cintura ansiosamente. Diminuiu no início e a olhou nos olhos<br />

com aquele olhar intenso e de luxúria que tinha quando estavam juntos


desta maneira. Tomou tão lentamente no início que a estava deixando<br />

louca.<br />

— Este Leo está certo. — Disse, beijando e chupando seus lábios<br />

quando a levantava um pouco mais alto. — Minha garota... — A penetrou<br />

tão profundo que ela gemeu alto, deixando sua cabeça cair para trás. Angel<br />

tomou como um convite aberto para chupar seu pescoço forte, enquanto<br />

continuava penetrando mais rápido e inclusive mais duro. — Minha garota<br />

é linda. — Mordendo seu pescoço com seus dentes, penetrou uma última<br />

vez enquanto Sarah gritava em êxtase. — Tão malditamente linda.<br />

Apesar de terem tempo no início do banho, ele durou um pouco mais<br />

do que tinham previsto e quase chegaram tarde no trabalho. Ambos<br />

estavam ainda na parte de trás do restaurante, colocando seus aventais,<br />

quando Alex entrou correndo e parou friamente quando viu Sarah.<br />

Sarah sorriu, esperando que a estranha expressão em seu rosto não<br />

fosse porque estava histérico por te chegado tarde.<br />

— Vou em seguida. — Disse ela, apressando para terminar de amarrar<br />

seu avental.<br />

— Pensei que estava livre hoje — Disse, caminhando para o calendário<br />

na parede.<br />

— Não. — Sarah desacelerou, perguntando se confundiu seus dias de<br />

folga.<br />

Angel apareceu por cima do ombro do Alex.<br />

— Esse é o horário de amanhã, burro. — Riu, olhando para trás,<br />

Sarah balançou a cabeça.<br />

— Pronto?


Alex murmurou algo que Sarah não pode decifrar, seguiu Angel para<br />

frente do restaurante sem dizer nada. Angel foi para o bar enquanto Sarah<br />

ia diretamente para frente permitindo que a maitrê, Melanie, soubesse que<br />

sua seção estava aberta para se sentar agora. Duas garotas eram as únicas<br />

esperando na frente e Sarah agarrou dois menus e acertos da mesa.<br />

— Posso levá-las. — Disse para a maitrê. — São só as duas?<br />

— Não, não estão esperando por uma mesa — Disse Melanie, depois<br />

sorriu, olhando para as garotas. — Estão esperando por Alex.<br />

Os olhos de Sarah se arregalaram e começou a deixar os menus<br />

enquanto virou para as garotas com indiferença. Ambas eram de altura<br />

média, cabelos escuros e vestidas informalmente com shorts curtos e<br />

regatas, mas agora que Sarah tinha uma visão melhor delas, viu que ambas<br />

eram muito voluptuosas e seus shorts curtos deixavam pouco à<br />

imaginação. Para não mencionar, que ambas eram muito volumosas na<br />

parte superior e a regata que cada uma escolheram usar mostravam muito<br />

bem seus atributos. Inclusive, se pareciam e Sarah se perguntou se eram<br />

irmãs. Tão informais como pareciam uns momentos atrás, sabia que se<br />

Valéria tivesse algo a dizer a respeito delas, provavelmente diria que<br />

pareciam raposas.<br />

Alex saiu e encontrou com elas e se Sarah não o conhecesse bem,<br />

pensaria que estava evitando o contato visual com ela.<br />

— Enrique acabou de enviar uma mensagem. — Disse olhando<br />

exclusivamente para Melanie.<br />

— Ele está perto. Vai chegar tarde, mas estará aqui para me cobrir o<br />

dia todo.<br />

Finalmente ele olhou para Sarah, que tentou, mas levantou uma<br />

sobrancelha em pergunta. Sabia melhor do que ninguém que nem ele nem


Valéria fizeram nenhuma promessa. Mas julgando pelo olhar em seu rosto,<br />

estava pensando o mesmo que Sarah já sabia, Valéria ficaria furiosa sobre<br />

isto. Queria o dia livre para sair não com uma, mas duas garotas, depois de<br />

ter ignorado ela durante uma semana?<br />

Para sua surpresa, Alex deu um passo para mais perto dela e falou em<br />

voz baixa.<br />

— Não é... — E olhou para longe, um pouco frustrado e agora sabia o<br />

que era o murmúrio no quarto de atrás. Não tinha previsto ter que explicar<br />

isto a ninguém. — Não é o que parece, está bem?<br />

Ele olhou o lugar e depois olhou para uma das garotas. Ele deu de<br />

ombros e olhou.<br />

— Pegou o dia de folga para passar com elas?<br />

— Sim, mas...<br />

Ambos viraram quando Angel saiu da sala para a pequena entrada.<br />

— Estamos ocupados? — Perguntou, olhando para as garotas<br />

esperando. Nesse momento, um grupo de pessoas entrou e outro por de<br />

trás deles.<br />

Sarah começou a pegar os menus de novo.<br />

— A multidão do almoço vai começar. — Disse.<br />

Franzindo a testa, Alex virou sem terminar sua explicação sobre as<br />

garotas e fugiu com elas.<br />

— Não era o turno dele hoje? — Perguntou Angel para Melanie.<br />

— Trocou com o Enrique. — Disse Sarah levantando uma sobrancelha.<br />

— Eu acho que tinha outras coisas para resolver hoje. — Ela virou para<br />

Melanie.<br />

— Quantos?


— Seis — informou Melanie, apontando para o grupo de clientes.<br />

Sarah virou para eles com um sorriso pegando seis menus e os talheres.<br />

— Por aqui — Disse, com seus olhos encontrando com os de Angel<br />

expressando sua irritação.<br />

De maneira alguma Sarah estava irritada com Angel pelas ações de<br />

Alex. Seu maravilhoso namorado havia mais que demonstrado ser em nada<br />

parecido com seu irmão quando o assunto era compromisso. Mesmo assim,<br />

apesar de nunca ter dito abertamente, Angel culpava Alex que talvez Sarah<br />

secretamente pensasse que ele era como seu irmão. Ela tinha certeza de<br />

que ele estava pensando isso, vendo coisas como essa, Alex saindo não com<br />

uma, mas duas garotas, não ajudava.<br />

A relação de Sarah e Angel, embora parecesse perfeita até agora, não<br />

significava que era um passeio pelo parque. Eles tiveram sua quota de<br />

drama, incluindo as garotas mais velhas da universidade que estavam<br />

esperando a chegada do irmão mais novo de Alex no campus. Sarah pensou<br />

que Dana era arrogante, mas a garota não era como as garotas mais velhas<br />

que literalmente tentaram seduzir o irmão mais novo dos Morenos, menos<br />

experiente e mais de uma vez. Isto, sabendo muito bem que ele estava em<br />

um compromisso sério.<br />

Não ajudava que algumas dessas cadelas eram também líderes de<br />

torcida como Dana. A diferença que Dana estava perto dele durante os jogos<br />

anuais. Elas estavam ali em cada partida, em casa ou fora. Em suas<br />

partidas como visitante, Angel passava o tempo com Alex e o resto da<br />

equipe depois. Sarah fazia o possível para ter fé que Angel nunca cairia na<br />

tentação de alguma dessas cadelas. Então, Valéria disse para ela, que não<br />

eram somente as festas da fraternidade que era uma loucura. As festas<br />

depois das partidas também ficavam bastante loucas com garotas bêbadas


mostrando seus seios, fazendo um show para os garotos que ficava entre<br />

elas e logo, basicamente, se oferecendo para eles às vezes, um trio.<br />

— Sei que confia em Angel. — Havia dito Valéria mais de uma vez. —<br />

Mas penso que, inclusive um santo ficaria tentado por algumas das coisas<br />

que estas putas oferecem tão facilmente. Sério, quantos garotos podem<br />

desperdiçar uma garota esfregando seus seios em seu rosto e oferecendo<br />

chupá-los como uma estrela pornô?<br />

Valéria também disse que era uma boa coisa que Angel estava de<br />

acordo que nem ele nem Sarah frequentariam essas festas sozinhos. A<br />

exceção parecia ser em partidas como visitantes.<br />

A equipe inteira passava o tempo em algum lugar depois da partida,<br />

que indevidamente se converteria no que Angel e Alex se referiam como<br />

"passar o tempo", não uma festa. Mas tinha toda a preparação de uma festa<br />

pelas fotos que Valéria mostrou que estavam publicando na Internet:<br />

bebida, música e o eterno desfile de garotas bêbadas mostrando seus bens.<br />

A defesa de Angel era a de sempre: "Não começou dessa forma, estávamos<br />

somente passando o tempo e mais e mais pessoas começaram a aparecer".<br />

Ele segue com sua declaração com, "Foi aí que as coisas começaram a ficar<br />

loucas".<br />

Uma hora depois do início do turno de Sarah ter começado, enquanto<br />

fazia uma pausa na parte de atrás, bebendo seu suco de fruta e verduras<br />

diretamente da garrafa plástica, Angel entrou abraçando ela por atrás.<br />

Confirmou o que sabia, que ele poderia estar perturbado ou preocupado.<br />

— Só para você saber. — Disse, acariciando um lado do seu rosto —<br />

Independentemente do acordo que Alex e Val têm, nunca aprovaria que<br />

brincasse com ela. Seria uma coisa se fizesse estas coisas abertamente e<br />

não se importando quem irá saber. Obviamente, ele pensou que não estaria<br />

aqui hoje, eu tenho certeza que se soubesse, não traria essas garotas.


— Ele começou a dizer para mim que não era o que parecia. — Disse<br />

Sarah, virando para encará-lo de volta, ele baixou a cabeça. — Pode crer<br />

que se fizer isso, se preocupa em ficar com Valéria?<br />

Angel franziu a testa, balançado a cabeça.<br />

— Não sei. Poderia perguntar para ele se quiser.<br />

— Não. — Sarah balançou a cabeça rapidamente. — Não é da minha<br />

conta. Mas tem que saber que ela irá saber sobre isso.<br />

Angel assentiu enquanto tomava o último gole que ficava do seu suco e<br />

deixava cair à garrafa no cesto de lixo. Tirou sua mão antes dele aproximar<br />

e apoiá-la no balcão.<br />

— Que conste para você, se ele escapou no passado, é que realmente<br />

se preocupa com ela. Só tem muitas coisas acontecendo neste momento.<br />

Evitando revirar os olhos, Sarah deixou que Angel a beijasse antes de<br />

afastar suavemente. Estava preocupada com seu pai hoje e já tinham se<br />

beijado muitas vezes.<br />

— Sim, posso ver que ele tem as mãos cheias.<br />

— Isso não é o eu que eu quis dizer. — Angel sorriu.<br />

Sarah se afastou dele para colocar sua bolsa no armário. Angel foi<br />

verificar algo no computador e ela aproveitou o momento para ver seu<br />

telefone rapidamente, para averiguar se tinha ligação ou mensagens<br />

perdidas. Tinha outro e-mail de Leonardo, por isso abriu ele com<br />

curiosidade e leu ele.<br />

Sarah,<br />

Acredito que eu me gabei disso o suficiente durante todo o verão com<br />

todos os outros. Bem, poderia presumir, minha irmãzinha. Agarrei esse peixe


grande no Havasu no mês passado. Nem fui lá para pescar. Só estava ali<br />

para ir nas festas e aproveitar o momento com meus amigos, mas alguém me<br />

deu uma vara de pescar e a atirei na água. Foi a minha primeira vez na<br />

história pescando e meu primeiro peixe pego na história. Eu gostaria de<br />

pensar que esse ano é a minha primeira vez para um montão de coisas para<br />

mim, como falar com minha irmã e logo conhecê-la pela primeira vez. =)<br />

Seu irmão,<br />

Leo<br />

Sarah sorriu, abrindo o anexo que enviou. Abriu uma foto dele sem<br />

camisa em um traje de banho, orgulhosamente sustentando um peixe.<br />

Estava de óculos escuros e boné de beisebol, mas não pode evitar ver o<br />

músculo duro em seu peito nu e todo o caminho até os músculos em V,<br />

porque seu traje de banho estava de modo alarmantemente baixo. Graças a<br />

Valéria, sabia como se chamavam esses músculos quase obscenos. Angel<br />

então esclareceu mais tarde como se chamavam em realidade, quando<br />

Sarah passou seus dedos por ele, dizendo incrivelmente que a acendiam.<br />

Embora Valéria gostasse de se referir como linhas sexuais de Alex, linhas<br />

que ela disse que adorava beijar todo o caminho até seu...<br />

Estremeceu quando Angel abriu o armário ao lado do dela, de repente,<br />

Sarah virou para ele enquanto sorria ironicamente.<br />

— Assustei você? — Perguntou olhando para seu telefone, ela virou a<br />

tela um pouco fora da sua visão.<br />

— Não. — Disse ela. — Estava distraída, lendo outro e-mail que<br />

Leonardo enviou.<br />

As sobrancelhas de Angel se uniram um pouco.


— Outro?<br />

— Sim — Disse ela casualmente, pondo a tela do seu celular em preto.<br />

— Ele só queria mostrar para mim uma foto de um peixe que ele pegou<br />

durante o verão. Ele disse que era sua primeira vez.<br />

Angel ergue as sobrancelhas com curiosidade agora.<br />

— Oh sim? Vamos ver.<br />

Por mais que estivesse tentando se convencer que era uma bobagem<br />

pensar que a foto era algo inapropriado, sabia que Angel sem dúvida<br />

questionaria também. Realmente estava mostrando o peixe ou algo mais?<br />

Este era seu irmão!<br />

Mais cedo, antes de seu desempenho no chuveiro, realmente pensou<br />

que Angel poderia deixar passar que seu irmão referiu a ela como bonita<br />

mais de uma vez. Ela estava muito acesa no momento para prestar muita<br />

atenção em suas investidas, mas agora que ela pensou melhor, poderia ser<br />

um sinal de que Sydney já tinha suas dúvidas sobre Leonardo.<br />

Não confio em ninguém.<br />

Sarah engoliu sua saliva, clicando em seu telefone entregando para ele<br />

com indiferença, nem olhou em sua direção enquanto arrumava sua bolsa<br />

no armário. Ele ficou em silêncio por um momento enquanto olhava a foto,<br />

até que finalmente voltou a olhar para ela.<br />

— Genial né? — Perguntou, se sentindo tola, mas desejando<br />

desesperadamente que ele não tivesse notado nada incomum na foto que<br />

Leonardo decidiu enviar para ela.<br />

Os olhos de Angel passaram da tela até seus olhos e logo para baixo de<br />

novo.<br />

— Sim, genial.


Foi tudo que tinha para dizer, mas ela não perdeu o endurecimento da<br />

sua mandíbula. Pegou seu telefone, o devolveu sem dizer mais nada a<br />

respeito. Era uma foto inocente do seu irmão, uma foto que provavelmente<br />

faria Valéria babar, que poderia passar especialmente depois de que se<br />

inteirou da Coisa Um e Coisa Dois, para quem Alex tirou o dia livre para<br />

passar o tempo.<br />

Angel devolveu seu telefone e Sarah se surpreendeu um pouco de que<br />

ele não disse mais nada.<br />

— É hora de voltar para o trabalho. — Disse com um sorriso forçado<br />

se inclinando para beijá-la rapidamente.<br />

Na primeira oportunidade que tivesse, iria passar a foto para Sydney e<br />

pedir sua opinião. O que gostava mais em Sydney era o quão objetivo podia<br />

ser, nas várias vezes que inclusive pensava que Angel estava exagerando,<br />

Sydney julgou sendo advogado do diabo ficando do lado de Angel, ajudando<br />

ela ver que ele não estava sendo um imbecil. De alguma forma, teve a<br />

sensação de que esse seria um desses momentos.


CAPÍTULO<br />

NOVE<br />

Só uma semana para seu primeiro jogo e o semestre de outono estaria<br />

começando na segunda-feira seguinte. Angel estava aliviado de que Sarah<br />

estivesse certa de que Syd não tentaria voltar a vê-la. Ela mencionou que<br />

ele conseguiu um trabalho e se assegurou de enfatizar que sua nova<br />

companheira de quarto era uma garota e que disse que era "genial". Angel<br />

entendeu que Sarah estava esperando que isso pudesse aliviar suas<br />

dúvidas sobre seu amigo, de que ele tivesse sentimentos por ela que fossem<br />

mais que somente amizade.<br />

Não o fazia.<br />

Mas ele estava farto da atitude negativa. Por sorte, Sarah deixou de<br />

falar com Syd e o bate-papo deles se tornou mínimo, sendo que ele só era<br />

mencionado uma ou duas vezes por semana, quando se punham em<br />

contato por uma mensagem de texto ou com uma rápida chamada<br />

telefônica. Entre Sydney e Leonardo, Angel tinha que ser cuidadoso para<br />

não se tornar o namorado cheio de suspeitas, aquele que questiona tudo<br />

sobre os amigos de sua namorada ou sobre seu recém-encontrado irmão.<br />

Mas merda, como se não tivesse suficientes preocupações com Syd, agora<br />

chegava Leonardo com suas adulações e a foto seminua que mandou. Era<br />

tão difícil não sentir qualquer suspeita.


Até agora, pelo pouco que Angel descobriu, Alex não questionou a<br />

validade da história sobre o pai e o irmão de Sarah. Mas não havia nada<br />

que fizesse Angel contar sobre essa foto. Alex não duvidaria em dizer sua<br />

opinião, tão claro como água. Angel duvidava que Leonardo estivesse se<br />

vangloriando sobre sua pesca ao mandar essa foto com seus shorts baixos,<br />

pois qualquer homem presumiria que ele era gay. A menos que ele tivesse<br />

planejado especificamente mandar essa foto a uma garota, o que seria a<br />

única razão de fazer uma foto como essa. Tinha certeza de que Alex estaria<br />

de acordo, assim guardou para si. A última coisa que precisava era que Alex<br />

alimentasse suas suspeitas.<br />

Talvez fosse a melhor ou a única foto que tinha de si mesmo com o<br />

estúpido peixe e não pensou bem antes de mandar para sua irmã. Talvez o<br />

cara simplesmente fosse um idiota. Quem sabe? Mas estava farto de<br />

escutar Alex e Romero. Nenhum dos dois havia se aproximado de ter o que<br />

ele e Sarah tinham. Como poderiam dar conselhos? De agora em diante,<br />

Angel se acalmaria e manteria seus pensamentos só para si. Em vez disso,<br />

concentrou-se em ser o namorado compreensivo de que Sarah precisava.<br />

Agarrou outro pedaço de pizza da ilha da cozinha e foi ao cômodo<br />

principal de Romero, onde seus tios estavam sentados para o concurso de<br />

mímica que estavam jogando. Era o aniversário de seu tio Max e era assim<br />

que ele escolheu comemorar. O homem era o dono de um clube de<br />

strippers, era solteiro e estava em seus trinta anos e era isto o que queria<br />

fazer num sábado à noite para comemorar seu aniversário? O pior de tudo<br />

era que, com a mãe de Sarah fora todo o fim de semana, havia coisas que<br />

Angel preferiria estar fazendo em sua casa nesse momento. Em lugar disso,<br />

Sarah foi muito insistente em que tinham que estar aqui. Dado que Romero<br />

nunca perdeu nenhuma das festas ou reuniões que eles deram, era o<br />

correto passarem por lá e ficarem ao menos por um tempo. Pelo menos,


Angel conseguiu a promessa de Sarah de que ficariam por apenas algumas<br />

horas.<br />

Sorriu enquanto se sentava junto de Sarah.<br />

— Está bem, comecemos esta merda, porque tenho que ir a outro<br />

lugar depois. — Disse Romero levantando. — Equipes? — Ele olhou para o<br />

Angel e Sarah. — Não me digam. Vocês dois formam uma.<br />

Havia alguns meninos lá, do bar de Manny e Max e Romero os colocou<br />

todos na mesma equipe.<br />

— Sof e Eric têm cinco minutos para chegar ou vão perder a primeira<br />

rodada. — Disse Romero à Angel e logo virou para Alex. — Alex, você e eu?<br />

A cara de Alex expressava seu desgosto para essa pergunta.<br />

— Max, tem certeza de que não quer que nos unamos contra Manny e<br />

Moe? — Perguntou Alex.<br />

— De maneira nenhuma — Disse Max, estirando e fazendo estalar os<br />

dedos como se de algum jeito a força física fosse necessária no jogo. —<br />

Manny e eu somos a equipe dos sonhos no que se refere à mímica.<br />

Alex voltou a olhar para Romero, sua cara mais escura que nunca,<br />

mas logo fez uma careta e rodou os olhos.<br />

— Suponho que estou grudado com você.<br />

— Está brincando? — Disse Romero de forma brincalhona. — Sou o rei<br />

da mímica. Fica comigo e seremos a nova equipe dos sonhos.<br />

— Claro. — Alex começou a rir. — Tenho certeza de que isso deixará as<br />

garotas loucas. — Angel riu, surpreso de que Alex estivesse ali. Ele pensou<br />

que ele ainda estaria ocupado com as garotas do restaurante ou pelo menos<br />

teria melhores coisas para fazer em um sábado à noite, do que estar aqui,<br />

jogando mímica com os tios de Romero.


A porta principal se abriu e todo mundo se virou para ver Eric e Sof<br />

entrar. Atrás deles estava Valéria e depois dela, algum cara. De maneira<br />

nenhuma ela seria suficientemente estúpida para trazer outro homem aqui,<br />

especialmente depois da reação de Romero na pizzaria. Ela sabia<br />

perfeitamente que era provável que Alex estivesse aqui esta noite. Se não,<br />

ela saberia que Romero não seria tão amável com qualquer homem com<br />

quem ela aparecesse. Angel se virou para Alex, que já estava de pé, o riso<br />

completamente apagado de seu rosto. Angel deixou com Sarah o prato com<br />

pizza que estava em suas mãos e se levantou como precaução.<br />

Ele viu Alex e Valéria trocarem olhares, mesmo através do longo<br />

corredor onde Valéria estava de pé no final. Então, Alex se focou no menino<br />

que tinha se inclinado para o ouvido dela e sussurrado algo.<br />

— Quem é ele? — Perguntou Romero, notando a repentina agitação de<br />

Alex.<br />

— Vamos averiguar. — Alex deixou sua cerveja e foi para eles<br />

lentamente.<br />

Justo nesse momento, outras duas garotas entraram pela porta.<br />

Alguém foi diretamente para o menino, que envolveu seu braço ao redor da<br />

cintura da garota e a outra foi para Valéria.<br />

— Trouxe alguns amigos. — Disse para Romero enquanto caminhava<br />

até ele.<br />

— Você disse que não havia problema, certo?<br />

Romero olhou fixamente o menino que entrou atrás dela e que agora<br />

estava todo carinhoso com a garota risonha que entrou depois de Valéria e<br />

sorriu entre dentes.


— Claro. — Virou para Alex. — Não há problema, certo? — Alex<br />

assentiu para Valéria, cuja sobrancelha se elevou enquanto ele se<br />

aproximava. Angel andou até Sarah.<br />

— Isso foi perto. — Disse enquanto se sentava.<br />

— Ela sabe das duas garotas de hoje. — Informou Sarah enquanto<br />

mordia um dos pedaços de pizza.<br />

Angel virou para ela com surpresa, porque eles vieram diretamente do<br />

restaurante. Quando contou à Valéria?<br />

Como se lesse sua mente, Sarah encolheu os ombros.<br />

— Já tinha decidido que era melhor não dizer nada. Assim ia fazer<br />

isso, a menos que ela me perguntasse diretamente. Ela me mandou uma<br />

mensagem de texto hoje para perguntar se ele ia vir esta noite e se falei com<br />

ele ultimamente, ou se o vi — Ela franziu a testa e deu uma respiração<br />

profunda. — Não podia mentir.<br />

O que era surpreendente era que Alex trocou umas poucas palavras<br />

com Valéria quando ela para o outro lado da sala e se sentou com o casal e<br />

a outra garota. O humor de Alex mudou por completo enquanto ficou ali<br />

parado, incapaz de digerir o que quer que ela disse e falhando<br />

miseravelmente em não olhá-la. De repente, o porquê dele estar aqui e não<br />

em qualquer outro lugar passou a ter muito sentido. Ele veio para tentar<br />

explicar o que Sarah disse a Valéria.<br />

Romero rapidamente confirmou que o casal com Valéria era uma<br />

equipe, enquanto que Valéria formava outra com a garota que entrou com<br />

eles. A primeira e penosa rodada de mímica começou com o aniversariante e<br />

Manny sendo os primeiros. Prepararam-se para um mau começo quando o<br />

temporizador acabou e Manny não foi capaz de averiguar o que Max estava<br />

tratando de descrever.


— Que demônios era isso? — Perguntou Manny enquanto Max tirava<br />

um lenço para limpar o suor.<br />

— J.F.K! — Disse Max. — Todo mundo sabe que sua cabeça caiu para<br />

trás assim, não para frente como esses bastardos conspiradores que o<br />

assassinaram querem que pense. Bom, possivelmente não tinha muito<br />

sentido...<br />

— Muito? — Manny virtualmente gritou. — Sua cabeça caiu para trás<br />

uma vez. Não teve convulsões de merda como você estava fazendo!<br />

— Está bem. Está bem. — Romero se aproximou.<br />

— Um grande zero para vocês dois. — Levantou a mão em forma de<br />

círculo.<br />

— Agora sentem e olhem como se faz. Vamos Alex. Eu farei a mímica.<br />

— Agarrou uma carta, leu e sorriu. — Muito fácil. Muito bem, está<br />

preparado? — Alex assentiu. — São duas palavras, mas muita atenção<br />

porque o que vou fazer não tem nada a ver com o título.<br />

Pôs a carta de barriga para baixo, colocou ambas as mãos atrás de sua<br />

cabeça e logo fez seu famoso e agressivo impulso pélvico. Imediatamente<br />

todo mundo na sala estava rindo. Todo mundo salvo Alex, que parecia mais<br />

aborrecido do que divertido.<br />

— Que diabos é isso?<br />

— Sobe a música, Max — Disse Romero, logo deu a volta, agachando e<br />

pondo uma mão no chão enquanto sua bunda começou a fazer twerking 3 .<br />

— Está tirando sarro? — Perguntou Alex. — Não quero ver essa merda!<br />

3 é um tipo de dança na qual uma pessoa, geralmente uma mulher, dança de maneira<br />

sexualmente provocadora, o que implica realizar movimentos de quadril e uma posição de<br />

descida dos quadris


Sarah mal podia respirar de tanto rir. Assim como Valéria, seus<br />

amigos e todos outros, de fato estavam rindo. Manny e Max riram também,<br />

embora Manny tenha afirmado que sabia exatamente de qual filme era a<br />

mímica de Romero.<br />

Alex virou para o Manny irritado.<br />

— Você sabe o que é? — Antes que Manny pudesse responder, virou<br />

para o Romero, que agora estava sobre o chão, empurrando sua metade<br />

superior para cima.<br />

— Está bem, vai parar? Me rendo, de acordo? — Negou com a cabeça<br />

quando Romero continuou. — Disse que me rendo!<br />

— Nem quer tentar adivinhar? — Perguntou Romero, ficando de pé. —<br />

Pelo menos tenta. — Pôs as mãos atrás de sua cabeça outra vez.<br />

— Está bem, tentarei adivinhar — Disse Alex sustentando uma mão.<br />

— Só não comece com essa merda de novo. — Pensou por um momento e<br />

logo sorriu como se tivesse resolvido a xarada. — Napoleon Dynamite.<br />

— O quê? — Perguntou Romero enquanto Sarah voltou a cair no sofá e<br />

começou a rir novamente.<br />

— Há essa cena ao final, onde dança no cenário. — Explicou Alex.<br />

— Não! Era Magic Mike, homem! — Disse Romero sacudindo a cabeça,<br />

aborrecido. — Napoleon Dynamite? — Murmurou enquanto sentava ao lado<br />

do Alex.<br />

— Sabia. — Disse Manny com um grande sorriso de suficiência. —<br />

Homem, por que não tiramos essa?<br />

Agora, Angel começou a rir. Poderia ter sido Manny ali fazendo<br />

twerking em vez do Romero. Estremeceu ante a ideia.


Enquanto a noite continuou, não houve escassez de risada. Seguiram<br />

sentados durante a interpretação do Manny de “Homens Brancos não<br />

Sabem Enterrar” 4 quando quase deslocou um tornozelo, logo riram ainda<br />

mais devido a cada um dos filmes de Romero. No momento em que Romero<br />

começou a fazer seu giro pela quarta vez, Alex atirou o guardanapo ao chão<br />

como se estivesse arremessando uma bola.<br />

— Isto é uma merda!<br />

— Não, olhe, olhe, olhe! — Disse Romero, então passou dois dedos<br />

abertos sobre sua cara levando cada mão para os lados sobre seus olhos<br />

enquanto seguia girando em câmara lenta.<br />

O rosto aborrecido do Alex relaxou:<br />

— Pulp fiction.<br />

— Sim! — Romero saltou no ar e logo aplaudiu.<br />

— Até que enfim. — Todos ficaram chocados quando Alex acertou.<br />

— Cara, chupa essa!<br />

— Chupa essa? — Alex o olhou com incredulidade. — Como queria<br />

que eu acertasse Rocky antes, com você dando saltos por aí?<br />

— Estava correndo na sala, me balançando e ziguezagueando!<br />

No momento em que o jogo terminou, Sarah disse que sua bochecha<br />

doía de tanto rir. Outro resultado nada surpreendente foi que Alex e Valéria<br />

agora estavam em um balcão da cozinha, falando em voz baixa. Apesar dela<br />

ainda parecer um pouco incomodada, seus rostos estavam muito perto para<br />

que seu protesto fosse levado muito a sério. Já que seus amigos se foram<br />

sem ela, era óbvio quem a levaria casa.<br />

— Esses dois. — Romero negou enquanto bebia sua cerveja.<br />

4 é um filme dramático e cômico protagonizado pelo Woody Harrelson, Wesley Snipes e Rosie<br />

Perez


— Nada mais sobre esses, Moe — advertiu Manny — ou sua bunda<br />

não deixará esta casa esta noite.<br />

Sarah foi para Angel vindo do banheiro. Quase tropeçou com Max já<br />

que estava muito ocupado lendo algo em seu telefone. Seus olhos se<br />

encontraram quando levantou o olhar de repente sorriu. Angel não podia<br />

esperar para chegar em casa. No momento em que chegou até ele, estava<br />

lendo de novo.<br />

— Está pronta para ir? — Perguntou.<br />

Levantou o olhar e assentiu com um movimento de cabeça:<br />

— Sim. — Disse ela e logo voltou a olhar a seu telefone.<br />

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Angel odiando aquela<br />

sensação de que poderia ser qualquer coisa nesses dias: Leonardo, Syd, seu<br />

pai.<br />

— Não. — Olhou para ele de novo, sorrindo genuinamente, o mesmo<br />

sorriso doce que adorava ver em seu rosto antes, quando ria tão<br />

carinhosamente.<br />

— Recebi a confirmação da UCSD de que trocaram a matéria que eu<br />

queria mudar.<br />

Angel casualmente deixou escapar um suspiro de alívio. Tudo o que<br />

queria era uma noite sem drama, uma noite em que simplesmente pudesse<br />

desfrutar de sua garota sem terceiros se intrometendo, queria que ficassem<br />

a sós e sem preocupações. Se despediram e Angel tinha toda a intenção de<br />

fazer precisamente isso naquela noite: desfrutar de cada centímetro de<br />

Sarah toda para ele sem interrupções ou outros pensamentos aborrecidos.


Ontem à noite, Sarah decidiu guardar a opinião de Sydney a respeito<br />

da foto de Leonardo para si mesma. Não tinha como evitar, já que reenviou<br />

o e-mail ontem do telefone. Ele não respondeu a festa de Max. Sua resposta<br />

inicial foram três letras maiúsculas.<br />

WTF?<br />

Mais tarde explicou com detalhes, em um comprido e-mail, de que não<br />

tinha dúvida de que Angel teria algumas objeções a respeito da foto. Sarah<br />

pediu a resposta mais sincera de Sydney, assim não mencionou no primeiro<br />

correio o que pensou da foto ou que Angel a tinha visto. Somente a enviou<br />

como algo genérico, do tipo “dê uma olhada neste peixe que Leonardo<br />

capturou”, para ver se Sydney inclusive iria mencionar algo. Como<br />

esperava, sua reação foi completamente sincera, o que Sarah temia. Ele<br />

também suspeitava de Leonardo agora. Embora Angel, na realidade, não<br />

tivesse se expressado dessa maneira, viu a mesma reação em seu rosto.<br />

Estava lendo o e-mail de Sydney quando Angel perguntou se algo estava<br />

errado. Na realidade, não mentira sobre a confirmação de que suas classes<br />

foram alteradas. Esta era a mensagem antes da de Sydney, em respeito à<br />

foto. Somente não quis arruinar o que foi uma noite muito divertida.<br />

Quando voltaram para seu lugar, ficou contente de não o haver feito,<br />

porque tiveram outra noite incrivelmente exaustiva.<br />

Esta manhã, entretanto, diferentemente de ontem, Angel teve que<br />

partir cedo. Estava abrindo o restaurante. Sarah tinha o dia livre e estava<br />

planejando fazer um bom jantar para ela e sua mãe, quando ela chegasse<br />

em casa. Também queria mostrar a discutível foto, para decidir se iria


conhecê-lo logo mais ou se cortava relações agora. Ela mandou um e-mail<br />

esta manhã, avisando Leonardo que seu dia estava mais ou menos<br />

disponível, caso quisesse conversar por telefone.<br />

Sua resposta, mais uma vez, foi quase que imediata. Marcaram uma<br />

hora e agora estava a poucos minutos do momento marcado para se<br />

falarem. Pela primeira vez, desde que tudo isto começou, não disse nada a<br />

ninguém. Estava suficientemente nervosa, assim imaginou que faria isto<br />

por si só e logo compartilharia as informações com Angel, Sydney, Valéria e<br />

inclusive sua mãe.<br />

Sentou frente a seu laptop, esperando que o indicador piscasse.<br />

Quando o fez, abriu e apareceu na tela a imagem de um sorridente<br />

Leonardo.<br />

— Olá. — Disse, com um sorriso ainda maior.<br />

A primeira coisa que Sarah notou foi a voz baixa. Era como esperava<br />

que fosse, mas foi tão ressonante sua voz clara, que teve medo que pudesse<br />

ranger.<br />

— Olá. — Sorriu, voltando a tirar um fio de cabelo atrás de sua orelha,<br />

numa reação nervosa.<br />

Fez todo o possível para não olhar as tatuagens ou seus músculos que<br />

se sobressaíam de sua camiseta. Sabia por experiência que Angel e Alex<br />

somente ficavam assim quando acabavam de trabalhar os músculos. Isto<br />

fez se perguntar se ele terminou de malhar e, se assim fosse, se havia uma<br />

razão para isto.<br />

As cicatrizes eram outra coisa que observou. Não podia ter certeza,<br />

porque estavam no lado da luz, mas ele tinha algumas debaixo da linha do<br />

cabelo na parte da frente. Tratando fortemente de relaxar, fez todo o


possível para desfrutar da emoção, que muito provavelmente, tinha um<br />

irmão.<br />

— Eu precisava dizer isso, Sarah. Você é tudo que pensei ultimamente.<br />

É tão louco que tenha uma irmã. Não acredito que isto não me deixe 100%<br />

satisfeito e provavelmente não fique até que nos encontremos, mas isto é<br />

perto. — Seus dedos tocaram a mesa em frente a ele e logo riu. — Merda.<br />

Não pensei que ia estar tão nervoso.<br />

— Bem. Não está sozinho nisso. — Admitiu, limpando sua garganta de<br />

novo. — Estava bastante nervosa sobre isto.<br />

Seu sorriso passou de grande e brilhante a suave e doce.<br />

— Não esteja. Sou a pessoa menos intimidante que encontrará.<br />

Prometo. — Mal podia acreditar que uma pessoa que se parecesse como ele<br />

pudesse se sentar e dizer algo assim com a cara séria. Mas se sentou, se<br />

endireitando um pouco sem rir, como ela esperava.<br />

— Assim, como está? Tem o dia livre hoje?<br />

— Um pouco. — Sorriu. — Estou livre hoje. Meu namorado está<br />

trabalhando e minha mãe está em Las Vegas, portanto tenho o lugar para<br />

mim e mais ou menos nada mais que fazer.<br />

— Ouça, sonho com o momento em que vou poder te conhecer, irmã.<br />

— Sorriu de novo, se recostando e cruzando seus braços. — Quanto tempo<br />

está com seu namorado?<br />

Ficou um pouco surpresa por ser essa a sua primeira pergunta, mas<br />

não refletiu sobre isto. Só respondeu, tão casualmente como ele perguntou.<br />

— Quase três anos.<br />

— Sério?<br />

— Sim.


Tomando sua réplica, ela atirou de volta.<br />

— E você? Tem uma namorada?<br />

— Nah — Sacudiu sua cabeça, logo se incorporou de novo, apoiando<br />

seus braços sobre a mesa na frente dele.<br />

Não estava mentindo quando disse que estava nervoso. Parecia<br />

realmente inquieto.<br />

— Tive uma a pouco mais de um ano, mas rompemos faz alguns<br />

meses. Mas estou bem. — Adicionou com um encolhimento de ombros. —<br />

Já que estou considerando seriamente me mudar para Califórnia com<br />

Omar, isto poderia não funcionar. As coisas já estavam instáveis entre nós.<br />

Oh, ouça, isso me fez lembrar. Está na área de San Diego, correto? Quão<br />

longe está da Praia Hansen?<br />

— Perto, cerca de uma hora. — Disse, pensando a respeito disto. —<br />

Sim, penso que é como meio caminho daqui até Los Angeles.<br />

— Genial. Vamos estar bastante perto um do outro.<br />

— Sim. — Sorriu, tratando de soar tão emocionada como ele o fez,<br />

embora não estivesse segura se isto a fazia estar mais nervosa do que<br />

emocionada.<br />

Assim a conversa continuou, Sarah relaxou, inclusive rindo de alguma<br />

das histórias que contou a respeito de sua infância. Seus amigos em<br />

Phoenix soavam muito parecidos com os amigos de Angel. Conhecia eles por<br />

toda a vida e ainda eram próximos.<br />

— Não vai sentir saudades deles quando se mudar para longe?<br />

— Uh... — Ele pareceu estar considerando isto por um segundo. —<br />

Bom, um deles pode vir aqui comigo. Meu amigo mais próximo, Alonzo. E os<br />

outros disseram que poderiam nos visitar. Além disso, poderei voltar muitas


vezes. Recentemente, comprei um jet-ski. Era usado, mas ainda está em<br />

boas condições, tivemos uma farra aqui em Havasu este verão. Estivemos<br />

fora daqui cada fim de semana. Meu plano de viagem é retornar um monte<br />

de vezes.<br />

Sarah pensou na primeira foto que ele enviou sobre o lago, logo a<br />

segunda e como estava em seu traje de banho. Quanto mais falava, mais se<br />

sentia como se possivelmente ele fosse autêntico. Nenhuma só vez<br />

paquerou ou disse que era bonita. Era tão sensato, inclusive lembrava um<br />

pouco o Romero, pela maneira em que deixou algumas bombas caírem aqui<br />

e lá, mas se desculpou rapidamente.<br />

— Assim, teve a oportunidade de falar com o Omar referente ao<br />

passado? A respeito de seu tempo na prisão ou sobre o resto da família?<br />

Sabe algo a respeito de seus irmãos e irmãs?<br />

— Não. — Sarah sacudiu sua cabeça. Inclusive, sua mãe não sabia<br />

muito sobre a família de seu pai, exceto que todos eram problema, de<br />

acordo com o pouco que disse, mas guardou essa informação para si. —<br />

Realmente não falei com ele e minha mãe não sabia muito a respeito de sua<br />

família. Não estiveram muito juntos e quando ficou grávida ele foi para a<br />

prisão pela primeira vez. — Explicou. — Logo quando saiu de novo e se<br />

mudaram, ela disse que não a deixou ao redor de sua família e realmente<br />

não falou a respeito deles.<br />

— Portanto, não sabe ainda quantos tios, ou tias temos? Temos<br />

primos também, Sarah. Muitos deles. Não sabe nada deles?<br />

— Não. Nada.<br />

Com tudo isto pesando, sobre ter um pai e um irmão real em sua vida<br />

agora, Sarah nem pensou além e sobre o fato de que podia ter primos.<br />

Muitos deles?


— Conhece alguns deles? — Perguntou com curiosidade. Ele sacudiu<br />

sua cabeça.<br />

— Não, uh, Omar disse que não mantém contato com eles exceto com<br />

a irmã, com a qual morou por um tempo. Mas disse que podia conseguir<br />

informação sobre essas coisas, para assim poder contatá-los. Assim que<br />

soube que tinha uma irmã lhe disse: as primeiras coisas primeiro. Preciso<br />

encontrar Sarah antes de qualquer um.<br />

Isso fez Sarah sorrir. Levou seus braços para cima, colocando suas<br />

mãos atrás de sua cabeça enquanto se sentava, dando uma excelente vista<br />

de seus bíceps e tríceps flexionados e uma vista curiosa de suas tatuagens.<br />

— Assim, quando posso me encontrar com você pessoalmente?<br />

Isso a pegou de surpresa. Inclusive, com as tatuagens e numerosas<br />

cicatrizes, conforme continuava a conversa, ela se dava conta de mais.<br />

Ainda parecia inofensivo, mas estava esperando para falar com ele mais um<br />

par de vezes pelo computador, antes de fazer planos para conhecê-lo.<br />

— Um, eu, uh...<br />

— Sinto muito. Não quero ser insistente. — Levou seus braços diante<br />

dele, se apoiando neles novamente.<br />

— Omar disse que quer as coisas com calma. Isto só foi tão fácil e sem<br />

dor que simplesmente me ocorreu. Posso esperar todo o tempo que precise.<br />

— Não é isso. — Se deteve, sem saber como dizer que ainda não tinha<br />

aceitado plenamente que isto estava realmente acontecendo. — Tudo<br />

aconteceu tão rápido. Só quero fazer isto lentamente.<br />

— Entendo. — Disse rapidamente. — É genial. Já te disse que não sou<br />

muito paciente, mas vou tratar de ser. Prometo. Podemos fazer só isto até<br />

que esteja preparada. Por mais tempo que leve.


Era uma sensação estranha ouvir dizer isso. Sabia que estava falando<br />

a respeito de se conhecerem como irmão e irmã, mas se sentia diferente.<br />

Parecia como se estivesse falando de outra coisa, o que era uma loucura,<br />

tirou isso da cabeça e agradeceu pelo bate-papo ter ido tão bem que quase<br />

não podia acreditar quando mencionou que conversaram mais de duas<br />

horas.<br />

Imediatamente, olhou na borda de seu monitor para confirmar que<br />

não se equivocou.<br />

— Oh sim. O tempo passou voando.<br />

— Sim, sim — Sorriu<br />

— Não significa que tenhamos que desligar, a menos que queira.<br />

Estranhamente, não o fez. Antes que pudesse reagir a esse último<br />

comentário, fez uma pergunta que a perturbou por completo.<br />

— Ao crescer, dizia as pessoas que seu pai estava na prisão, ou só<br />

dizia que não o conhecia?<br />

Sarah o olhou fixamente por um momento, com um nó se formando<br />

em sua garganta.<br />

— Não o fiz. — Sussurrou logo que esclareceu garganta. — Não sabia<br />

nada dele até recentemente, quando veio me procurar. Minha mãe o<br />

manteve longe de mim. Para me proteger. — Acrescentou rapidamente. —<br />

Tudo o que me disse ao crescer era que ele não queria ter nada a ver<br />

conosco. Realmente não perguntei muito.<br />

Ele ficou calado por mais tempo do que ficou em toda conversa e<br />

finalmente voltou a falar, mudando de assunto falou de sua meio-irmã.<br />

Apesar de ela ser uma meia-irmã, ainda tinha alguma classe de irmão<br />

durante alguns anos. Sem razão, isso fez Sarah ficar com ciúmes. Ela<br />

cresceu sozinha, ao menos, ele teve uma irmã, mesmo que não fosse de seu


sangue. Isso a fez pensar na segunda melhor coisa que ela tinha e falou de<br />

Sydney. Curiosamente, isto o interessou um pouco e fez muitas perguntas.<br />

Conversaram por quase quatro horas e disse a ele tanto que quando<br />

desligou, não tinha certeza se devia estar feliz ou preocupada.<br />

Então lembrou. Durante o tempo que estava falando com ele, esqueceu<br />

completamente de seu telefone. Sua mãe deveria estar em casa agora e não<br />

estava. Andou por sua casa, tentando não entrar em pânico, sua mãe podia<br />

ter telefonado para dizer que algo tinha acontecido e perdeu as ligações.<br />

Pegando o telefone na sua bolsa, viu imediatamente todas as chamadas e as<br />

mensagens de textos perdidos.<br />

— Merda. — Murmurou, olhando através de seus registros de<br />

chamadas perdidas.<br />

Tinha várias de Angel e uma de Valéria, mas nenhuma de sua mãe.<br />

Percorreu os seus textos e viu que tinha uma de sua mãe, por isso clicou<br />

imediatamente.<br />

Chegarei tarde. Um montão de tráfego. Parada no Cajon Pass. Não me<br />

espere acordada, querida. Vou telefonar em um par de horas.<br />

Foi enviada há mais de uma hora. Franziu a testa, mas ao mesmo<br />

tempo, se sentiu aliviada. O bate-papo durou tanto tempo que se esqueceu<br />

por completo do jantar que planejou fazer. Passou pelo resto de seus textos<br />

de forma rápida. Valéria queria conversar. Angel perguntava por que não<br />

respondia e se tudo estava bem. Clicou num atalho, sabendo que ele<br />

acharia estranho que estivesse conversando com o Leonardo a mais de<br />

quatro horas. Não tinha remédio, se não dizer a verdade. Não ia começar a


mentir a respeito disto. E era lógico que tinham muito que falar para<br />

ficarem em dia.<br />

Ainda estava esperando que respondesse quando o telefone tocou. Foi<br />

para a sala e escutou um telefone soando da porta e logo Angel respondeu:<br />

— Espera. — Disse ela, aparecendo pela janela dianteira. — Oh, é<br />

você. — Disse, movendo a porta aberta para Angel, que estava de pé no<br />

alpendre com o telefone na orelha.<br />

Ambos desligaram, pondo seus telefones para baixo enquanto abria a<br />

porta de metal.<br />

— Estava preocupado. — Disse. — Sabia que estava sozinha hoje e<br />

depois de te ligar várias vezes, sozinha...<br />

Ela o abraçou antes que pudesse terminar.<br />

— Sinto muito. — Disse ela em seu ombro. — Só agora me dei conta<br />

de que meu telefone estava na minha bolsa todo este tempo.<br />

— Ficou dormindo ou algo assim? — Perguntou, olhando para baixo<br />

em seu shorts e camiseta, que estava sem sutiã.<br />

Ela balançou a cabeça, pensando sobre o que poderia acontecer. Logo<br />

que fechou a porta de metal e a de madeira, Angel olhou a seu redor.<br />

— Sua mãe está em casa?<br />

— Não.<br />

Imediatamente, as mãos do Angel estavam sob sua camiseta,<br />

acariciando seus seios nus e a beijou. Sem dar um momento para falar, ou<br />

pensar, levantou sua camiseta, pegou seu peito e chupou.<br />

— Tive uma ereção o dia todo pensando na noite passada. — Disse<br />

sem fôlego em meio a sucção. — Quanto tempo até que sua mãe esteja em<br />

casa?


— Ela disse que não a esperasse acordada. — Disse Sarah sem fôlego,<br />

já completamente excitada.<br />

Imediatamente, ele a levantou e ela envolveu suas pernas ao redor<br />

dele, já com uma sensação de formigamento em todos os lugares corretos.<br />

— Fiquei preocupado, garota má. — Disse, apertando sua bunda. —<br />

Me deve isso.<br />

— Com muito prazer. — Disse, segurando seu rosto e devorando sua<br />

boca até seu quarto. — Está zangado comigo? — Perguntou entre beijos.<br />

— Nunca. — Sussurrou.<br />

Ele a abaixou de forma branda e seguiu a beijando meigamente, a<br />

segurou com força contra ele como somente fazia quando sentia algo muito<br />

intenso e ela soube então que ele realmente ficou preocupado.<br />

— Para sempre e sempre? — Perguntou ela, sorrindo contra seus<br />

lábios, suas mãos ainda cavando seu rosto.<br />

— Sou teu. — Respondeu. Ela sabia o que ia a seguir, quando ele<br />

acrescentou: — Você é minha.<br />

— Para sempre e sempre — ela assegurou, o beijando ainda mais<br />

profundo.<br />

Era algo que começaram a fazer há mais de um ano, como uma<br />

brincadeira, mas de algum jeito se transformou e cada um sabia<br />

exatamente como responder quando um deles o trazia à tona.<br />

A beijando uma última vez enquanto estavam juntos em sua cama, ele<br />

se separou, olhando com o intenso olhar que ela sabia que significava uma<br />

só coisa. No instante seguinte, deu a volta e a seguir, tirou os shorts dela.<br />

Ela deu um passo, abrindo as pernas e se inclinou para ele, sorrindo<br />

quando ele gemeu em voz alta em resposta. Nos poucos segundos


seguintes, ouviu o som familiar dele baixando o zíper e logo a agarrou pela<br />

cintura e se enterrou em seu interior.<br />

Deixando sair um gemido descarado pela bonita sensação de o ter tão<br />

profundamente dentro dela, ela moveu sua bunda mais para cima, para que<br />

pudesse ir ainda mais profundo. Não o esperava esta noite. Inclusive,<br />

depois da noite anterior, ela levantou seu joelho sobre a cama, necessitando<br />

dele ainda mais profundo. Ele se moveu, golpeando o mais profundo<br />

possível.<br />

Falar sobre o bate-papo épico com Leonardo definitivamente ia ter que<br />

esperar outro momento. Poderiam passar horas antes que sua mãe<br />

chegasse em casa e não queria arruinar o que parecia que poderia ser outra<br />

incrível maratona de deixá-lo tomá-la de todas as maneiras que quisesse.


CAPÍTULO<br />

DEZ<br />

— Quatro horas?<br />

Angel mordeu sua língua, agarrando fortemente o telefone e escutou<br />

Sarah enquanto seguia com emoção, falando da maravilhosa vídeochamada<br />

que teve ontem à noite com Leonardo, sendo que também disse<br />

que queria ter contado sobre isso ontem à noite, mas as coisas<br />

esquentaram. Disse que ficou esperando um momento para contar entre<br />

todas as coisas que fizerem, mas não houve nenhum. Sabia que, uma vez<br />

que sua mãe voltasse para casa, demoraria um tempo até que pudessem<br />

desfrutar de seu quarto novamente. Disse que ligaria outra vez, quando<br />

pudesse, mas mesmo assim, quatro horas fodidas? E por isso ignorou todas<br />

suas chamadas e mensagens?<br />

— Esqueci de perguntar se tem insônia tanto quanto eu. — Disse em<br />

meio ao bate-papo animado. — Já que minha mãe nunca teve problemas<br />

para dormir, sempre assumi que seria algo que herdei de meu pai. Estive<br />

escrevendo outras coisas que esqueci de perguntar e farei quando falarmos<br />

esta noite por que...<br />

— Esta noite? — Disse finalmente Angel. — Vai falar de novo com ele<br />

esta noite?


— Sim, bom, quando me perguntou qual era o melhor momento para<br />

conversar, disse que de noite, quando chegava em casa do colégio. Após<br />

fazer minhas tarefas ou passar um tempo com você, assim ligaria de novo<br />

esta noite.<br />

É seu irmão, lembrou Angel, respirando profundamente e tentando<br />

não pensar na foto praticamente nu que este quase desconhecido mandou<br />

para Sarah.<br />

— Não vão falar por outras quatro horas, não?<br />

— Não. — Sarah riu docemente. — Admito que foi um pouco ridículo.<br />

Suponho que nos deixamos levar, porque ambos tínhamos muitas<br />

perguntas, perguntas que nem sabia de que precisava de respostas até que<br />

falei com ele e suponho que ele se sentiu da mesma forma.<br />

Angel tinha muitas perguntas próprias. Isto ia ser algo de todas as<br />

noites? Que mais tinha Leonardo a dizer para demonstrar que era seu<br />

irmão de verdade, ou se a chamaria de linda novamente ou estaria sem<br />

camiseta durante o chat? Mas se absteve. Disse que ia ser positivo e<br />

embora se preocupasse que Sarah estivesse muito emocionada com isto,<br />

confiava que utilizaria a cabeça se o menino fizesse outra coisa<br />

questionável.<br />

A temporada de futebol estava a ponto de começar e logo o colégio. Por<br />

uma vez, Angel se alegrava de que o verão estivesse terminando. Agradecia<br />

a distração do novo ano escolar. O último mês foi muito louco. Precisava<br />

relaxar e por sua atenção em outras coisas. Quase estava zangado consigo<br />

mesmo por deixar que isto incomodasse tanto. Confiava em Sarah e isso era<br />

a única coisa que deveria importar. Infelizmente, estava se perdendo na sua<br />

quase obsessiva necessidade de proteger seus entes queridos. Não pensava<br />

que ela necessitasse de proteção contra Sydney. Essa era outra<br />

preocupação e, curiosamente, uma que preferia. Por fim, aceitou que outros


meninos se apaixonariam por Sarah, sobre tudo, aqueles que a conheciam<br />

tanto como Syd, era inevitável. Enquanto confiasse que não te faria mal,<br />

jamais teria que lutar com seus admiradores. Estava determinado a,<br />

enquanto não ultrapassassem a linha ou fizessem nada que a zangasse,<br />

faria o que fosse para estar bem.<br />

Tentou não se alterar pela crescente relação de Sarah com Leonardo,<br />

mas a conhecia muito bem. Não pedia, mas durante as semanas seguintes,<br />

mantinha os detalhes das conversas com o menino ao mínimo, contando só<br />

o que precisava saber. Estar ocupado com o colégio, o treinamento, os jogos<br />

e o trabalho, ajudou.<br />

Então, três semanas depois de ter esse bate-papo maravilhoso com<br />

seu irmão e alguns com seu pai, Sarah anunciou o inevitável.<br />

— Acredito que estou preparada para conhecer Leo pessoalmente. —<br />

Estavam sentados no restaurante depois de seu turno, jantando. Angel<br />

ficou olhando por um momento, curioso de que não tivesse mencionado<br />

também seu pai.<br />

— Só a Leonardo? O que acontece com seu pai?<br />

Ela encolheu os ombros, movendo sua comida sobre seu prato.<br />

— Não sei. Não tive notícias dele faz um bom tempo.<br />

Não foi até esse momento que ocorreu a Angel que não mencionou seu<br />

pai na última semana ou nas anteriores. Só a Leonardo.<br />

— Por quê? Aconteceu algo?<br />

Os olhos dela subiram e se encontraram com os dele.<br />

— Não. — Meneou a cabeça rapidamente. — Tivemos algumas<br />

chamadas compartilhadas e falei em privado com meu pai duas vezes. As<br />

conversações com ele nunca foram tão cômodas como quando falo com


Leonardo. Não sei. Era estranho, como se estivesse mais interessado em<br />

fazer perguntas sobre minha mãe que sobre mim.<br />

— Sua mãe?<br />

— Sim. — Assentiu. — Perguntou muitas coisas que não recordo.<br />

Como onde vivíamos quando eu era muito jovem e se alguma vez vivemos<br />

com outra pessoa. Queria saber se sempre fomos só nós duas ou se havia<br />

alguém mais nos ajudando economicamente. Coisas assim. Não sei se<br />

sentia culpado por não estar aí e precisava de alguma confirmação de que<br />

não sofremos muito. Mas todo o tempo dava para notar que minhas<br />

respostas não o satisfaziam. Honestamente, embora tenha tentado, não<br />

recordo tanto.<br />

— Ele não pode esperar que o faça, Sarah.<br />

Inalando profundamente, continuou:<br />

— Mencionou algumas joias que esperava que minha mãe tivesse<br />

guardado e que pudesse me dar e pergunto se era assim, mas não. A<br />

segunda vez que falei com ele, trouxe o tema novamente. Suponho que<br />

pensou que perguntaria à minha mãe, mas não o fiz. — Franziu a testa. —<br />

Sei que as coisas foram difíceis para nós e algumas vezes, ela mencionou a<br />

necessidade de empenhar coisas para seguir adiante. Se teve que empenhar<br />

as joias, que assim seja. Não vou fazer com que se sinta culpada por fazer o<br />

que fez. Assim, por que mencionar? Se ainda tivesse as joias, acredito que<br />

teria mencionado. De todas as maneiras, — encolheu os ombros. — Já se<br />

passaram quase duas semanas desde a última vez que falei com ele. Sem e-<br />

mails. Nada. Quando perguntei a Leonardo sobre isso, disse que não tinha<br />

certeza sobre o que estava acontecendo e sabia apenas que estava<br />

trabalhando muito ultimamente.


Isso ainda parecia estranho. Quase duas semanas? Primeiro, dirigiu<br />

até Flagstaff para encontrá-la e quando encontrou, desapareceu sem mais<br />

explicações? Não é que Angel se importasse de seu pai desaparecer<br />

novamente. Angel ainda pensava que ele não merecia fazer parte da vida de<br />

Sarah, mas odiava sentir sua decepção. Isto era exatamente o que temia<br />

quando ela contou pela primeira vez que seu pai estava procurando.<br />

Embora não confiasse completamente em Leonardo, ao menos, seu<br />

interesse em conhecê-la não desapareceu.<br />

— E quando quer se encontrar com Leonardo?<br />

— Não sei. Estamos muito ocupados. Falarei com ele sobre isso esta<br />

noite. Estava pensando que possivelmente, poderíamos nos encontrar na<br />

metade do caminho, em algum lugar para que seja justo para ambos. —<br />

Continuou. — Mas disse que estaria disposto a conduzir até aqui para me<br />

conhecer.<br />

Angel mastigou lentamente, pensando em sua agenda apertada. Sarah<br />

escolheu o momento mais ocupado do ano para fazer isso. Mas seria um<br />

maldito se fosse deixar que ela fizesse essa viagem sem ele. Precisava<br />

encontrar ele mesmo com o menino.<br />

— Pois fale com ele esta noite e façam um plano, só me dê um pouco<br />

de tempo para que possa fazê-lo funcionar.<br />

— Oh, sim, sei. — Disse ela, deixando seu garfo no prato. — Minha<br />

agenda está bastante apertada também. E agora, estou me preparando para<br />

arrasar nessa maratona.<br />

— Verifique minha agenda de partidas quando decidirem. Meu<br />

calendário de trabalho é bastante flexível, mas as partidas e treinamentos<br />

não, quero estar nessa com você, querida.<br />

Sarah se aproximou e tocou sua mão.


— Disse ultimamente quanto te amo?<br />

Gratamente surpreso pela repentina mudança de tema, Angel sorriu.<br />

— Jamais me cansarei de ouvi-la dizer, mas sim, acredito que sim.<br />

— Bom, me deixe dizer novamente, porque não acredito que se dê<br />

conta do muito emocionante que é ter a alguém tão incrivelmente especial<br />

em minha vida — Ela apertou sua mão e sorriu, mas seus olhos se<br />

fecharam e seu lábio começou a tremer enquanto seus olhos se umedeciam.<br />

— O que aconteceu, baby? — Perguntou Angel, se erguendo e sentindo<br />

que o alívio que começou a sentir, estava indo embora de novo.<br />

Negou com a cabeça rapidamente, embora pôde ver que lutava por não<br />

chorar:<br />

— Tudo foi tão triste — limpou uma lágrima e alcançou um<br />

guardanapo. — Tudo o que aconteceu ultimamente foi tão surreal. Cada<br />

conversa que tive com Leonardo e meu pai. Sei que não foi fácil para você.<br />

Sei que é difícil confiar e compreendo porque está tão cético e, entretanto,<br />

foi tão solidário e paciente. Te conheço, meu amor. — Deu de ombros,<br />

respirando fundo com um sorriso choroso, mas muito genuíno. — Vi em<br />

seus olhos e senti suas mudanças de humor. Não está contente com tudo<br />

isto, mas se esforça para permanecer com a mente aberta por mim.<br />

Inclusive hoje, estava preocupada de que pensasse que é muito cedo, que<br />

poderíamos discutir, mas, em troca, você foi tão maravilhoso como sempre.<br />

Ela levantou repentinamente para logo rodear a mesa e envolver seus<br />

braços ao redor de seu pescoço.<br />

— Não sei como cheguei a ter a sorte de te encontrar.<br />

Angel rodeou sua cintura com seus braços, agradecido de não dizer<br />

que era muito cedo como ficou tentado a dizer.


— Eu sou o afortunado. — Disse, beijando sua bochecha. — Mas tem<br />

razão. Estou feliz por você. De verdade estou. Só que me preocupa. Sempre<br />

me preocuparei.<br />

Ela não percebeu que, logo depois de ver o quão emocionada ela estava<br />

por todo este assunto, seu nível de preocupação subiu uns cem por cento.<br />

— Sei que o faz. — Disse, secando as lágrimas e Angel alcançou outro<br />

guardanapo, estendendo a ela, que o pegou e limpou o nariz. — E é por isso<br />

que quero me assegurar de que esteja lá quando me encontrar com ele.<br />

Poderia levar a mãe ou Sydney, ou inclusive Valéria ou a meus tios, mas<br />

quero você lá. Quero te dar essa paz mental que tanto precisa. Assim,<br />

prometo que considerarei sua agenda, embora isso signifique aguardar.<br />

Posso esperar.<br />

Angel a rodeou com seus braços, inalando profundamente. Ela disse<br />

exatamente o que precisava escutar.<br />

Ela estava acostumada a fazer isso.<br />

Não se importava em estar tão perdidamente apaixonado por ela.<br />

**********<br />

Finalmente passaram algumas semanas sem a menção de conhecer<br />

seu irmão e pai também, sem nenhuma revelação irritante sobre Syd. Angel<br />

estava desfrutando de uma atípica tarde de domingo despreocupado,<br />

olhando futebol com os meninos quando seu telefone tocou. Sarah foi às<br />

compras com sua mãe e mandou uma mensagem mais cedo, dizendo que<br />

foram ver um filme.<br />

Olhou a hora em seu telefone antes de responder. Era mais ou menos<br />

a hora em que esperava ter notícias dela.


— Olá, baby — respondeu.<br />

— Continua assistindo futebol?<br />

Angel saiu da sala, onde os meninos estavam fazendo muito ruído e<br />

entrou na cozinha.<br />

— Sim, sigo vendo — Disse, abrindo a geladeira.<br />

— Oh, está bem, bom, me chame quando acabar.<br />

Terminou de tomar um gole de leite diretamente da jarra e o devolveu<br />

à geladeira.<br />

— Posso ir te buscar se quiser.<br />

— Não, se está vendo o futebol. Sabe que as únicas partidas que gosto<br />

de ver são as tuas. Além disso, não podemos falar enquanto seus amigos<br />

estiverem presentes. Ligue depois que forem. Não importa se for tarde.<br />

Agora, estou em casa e provavelmente vou trabalhar nesse ensaio que tenho<br />

que terminar.<br />

— Posso falar agora. — Disse Angel, sentindo que algo aconteceu. Saiu<br />

para o pátio. — O jogo dos Chargers terminou. A única razão pela que<br />

seguimos assistindo é porque Romero apostou neste jogo e nós gostamos de<br />

vê-lo perder.<br />

— Está certo disso?<br />

Sentou-se numa das cadeiras do pátio e se acomodou.<br />

— Sim, o que aconteceu?<br />

— Bom, em primeiro lugar — Disse ela, com suas palavras ficando um<br />

pouco entusiasmadas como se tivesse algo suculento que compartilhar. —<br />

Adivinha o que descobri hoje?<br />

— O quê? — Perguntou Angel, contente de que isto não parecesse<br />

sério.


— Houve um roubo de joias no filme que vimos e os ladrões fugiram<br />

com milhões. Depois, quando fomos comer, falamos do filme e mãe disse<br />

que nunca acreditou que as joias pudessem valer tanto, mas que entre as<br />

coisas que meu pai deixou, nas bolsas com o dinheiro que encontrou<br />

quando eu era um bebê, havia algumas joias. Disse que meu pai nunca<br />

mencionou as joias, nem a ela nem à avó, que era a quem estava<br />

acostumado a passar as mensagens. Guardou a bolsa por anos, mas<br />

quando o dinheiro começou a acabar, fez exatamente o que imaginei que<br />

faria e começou a empenhar as joias peça por peça. Um dia pegou uma, que<br />

era a maior, para ser avaliada. Pensou que se tratava de prata, mas<br />

resultou ser de platina e a pedra incrustada era um estranho diamante<br />

azul. — O telefone ficou um pouco baixo, como se estivesse sussurrando. —<br />

Foi avaliada em mais de um milhão de dólares, mas devido ao fato de não<br />

poder explicar como conseguiu e que muito provavelmente era roubada,<br />

ofereceram menos de um quarto de milhão. É obvio, ela aceitou. Esse foi o<br />

ano em que me disse que nós íamos ficar em Flagstaff para sempre.<br />

— É uma loucura — Disse Angel, as rodas em sua cabeça girando.<br />

— Sei. Ou seja, finalmente conseguira um trabalho estável, mas foi<br />

isto, em última instância, o que deu a coragem de ficar fixa num lugar.<br />

Disse que se sentia mal por terem se mudado tanto durante todos esses<br />

anos.<br />

Secretamente, Angel sempre se perguntou por quanto tempo sua mãe<br />

estava furtando dinheiro de seu chefe. Agora, parecia que poderia ser por<br />

muito tempo, se teve tanto dinheiro antes. E então compreendeu. Era por<br />

isso que seu pai apareceu? Mas, por que agora? Por que esperou todo este<br />

tempo? E, seu irmão estava metido em tudo isto também?<br />

— Quando foi a última vez que falou com seu pai?


— O quê? — Perguntou. Obviamente não esperava essa pergunta<br />

nesse momento. Então ficou em silêncio.<br />

— Sarah, baby, não estou dizendo que...<br />

— Não, não. — Disse ela com rapidez. — O pensamento cruzou por<br />

minha mente. Era sobre essas joias das que estava falando? Poderia ser,<br />

suponho, mas ele disse que pediu a minha mãe que as guardasse para mim<br />

e ela me disse que ele nunca mencionou nada sobre estas joias.<br />

Ele não diria nada, mas as palavras de sua mãe não tinham muita<br />

credibilidade, no que diz respeito a Angel. Luna demonstrou tomar más<br />

decisões quando estava desesperada, não é que pensasse que vender as<br />

joias foi uma má decisão. Esteve de acordo com Sarah, que fez o necessário<br />

como uma mãe solteira sem recursos. Mas poderia ver algum sentido em<br />

negar que as joias eram destinadas à Sarah.<br />

— Vai dizer a seu pai ou a Leonardo?<br />

— Não. — Ficou calada por um momento para logo dizer: — Do que<br />

serviria? Mamãe disse que o dinheiro acabou. — Voltou a ficar calada para<br />

logo voltar a falar, soando um pouco sombria. — É por isso que começou a<br />

furtar o dinheiro de seu chefe. Os primeiros vinte mil que encontrou nas<br />

bolsas acabaram rapidamente, temia que logo estaria na mesma situação.<br />

Quando seu colega de trabalho mostrou o quão fácil era desviar cem em seu<br />

bolso em cada semana e que ninguém se daria conta, foi muito tentador e<br />

pouco a pouco, começou a pegar mais.<br />

Angel não comentou nada. Sabia que este era um tema delicado para<br />

Sarah, sabia que seguia sentindo que as pessoas julgavam sua mãe e não<br />

queria que pensasse que a estava julgando agora.<br />

— Não importa — Disse com convicção renovada. — Se isso for o que<br />

Omar procurava, acabou. Ela fez durar por muito tempo, mas então,


quando se meteu em problemas, uma grande parte do que restava foi usado<br />

para pagar os honorários dos advogados. Conseguiu ficar com o resto e<br />

usou para o pagamento inicial deste apartamento. Além disso... — Exalou<br />

brandamente.<br />

Angel não passou por cima do fato de que ela voltou a chamar seu pai<br />

de Omar, só que desta vez, ele não a encorajou a se referir ao idiota como<br />

pai.<br />

— Não escutei nada sobre Omar desde a última vez que nos falamos,<br />

há cerca de duas semanas e tenho a sensação de que Leonardo está bravo<br />

com ele. Não tenho certeza da razão, mas é bastante frio e direto cada vez<br />

que pergunto se falou com ele. Não sei — adicionou: — Provavelmente,<br />

perguntarei a Leonardo. Nas últimas vezes que nos falamos, nossas<br />

conversas se tornaram mais pessoais.<br />

Angel se sentou rígido, esticando-se instantaneamente.<br />

— Pessoal? — Fechou seus olhos, respirando profundamente.<br />

— Sim.<br />

— Como?<br />

— Me perguntou a respeito de quando me mudei para cá. Já havia dito<br />

a respeito da repentina mudança para a Califórnia em meu último ano do<br />

secundário, mas nunca disse os detalhes do porquê. Então, decidi dizer. A<br />

conversa continuou até que cheguei à parte do treinador Rudy. Queria<br />

saber mais sobre isso, mais sobre como isso me afetou emocionalmente e<br />

quanto tempo demorei para superar.<br />

— Por quê? — Perguntou Angel, sentando lentamente.<br />

— Ele disse que sua meia-irmã recentemente passou por algo similar,<br />

só que no seu caso, o assédio ocorreu numa entrevista. Como em minha<br />

situação, era alguém em quem confiava, mas logo ele se aproveitou dela e


ela não contou nada a ninguém por vários meses. Disse que me senti<br />

estúpida por confiar no treinador Rudy e por me pôr em perigo depois de<br />

todos me advertirem sobre isso e ele ficou ainda mais aborrecido. Disse que<br />

não deveria me sentir estúpida, porque os tipos como o treinador e o que<br />

assediou sua irmã, são bons em ganhar confiança. E pessoas como eu e<br />

sua irmã, com bons corações, eram suscetíveis a serem presas fáceis. — Fez<br />

uma pausa por um momento. — Em outras palavras, tolas.<br />

— Disse isso? — Perguntou Angel, seu tom um pouco menos tenso.<br />

— Não, não. — Assegurou. — Isso foi o que eu pensei. Agora, estava<br />

me perguntando, dado o que aconteceu com sua irmã e o que aconteceu<br />

comigo no passado, se talvez Omar só estivesse interessado em descobrir<br />

sobre o anel. Leonardo diz que não sabia nada sobre ele até pouco tempo.<br />

Talvez Omar tenha mencionado a Leonardo que seu único interesse era o<br />

anel e por isso ele estivesse zangado. Quando tudo isto começou, Leonardo<br />

parecia tão emocionado por ter Omar em sua vida, como estava de me<br />

conhecer. Agora, em qualquer ocasião que menciono Omar, ele troca de<br />

assunto rapidamente, sem interesse de saber o que está acontecendo com<br />

ele e por que não temos notícias.<br />

Se esse fosse o caso, se Leonardo estivesse só uma fração de tão<br />

zangado quanto Angel estava começando a sentir a respeito de seu pai,<br />

então o cara talvez tivesse acabado de ganhar alguns pontos com ele.<br />

— Então, devo perguntar?<br />

— A quem? Omar? Não — Disse Angel um pouco forte demais. — Nem<br />

mesmo ligaria para esse mald... — se recompôs e clareou a garganta. —<br />

Espere que ele te ligue ou escreva. Depois disso, depende de você. Eu não<br />

diria. Sobre Leonardo. Vai perguntar se Omar mencionou sobre o anel?


Permaneceu calada por um longo tempo, o que fez Angel apertar os<br />

dentes, de aborrecido consigo mesmo, que quase os rachou.<br />

— Não sei. Por agora, esperarei. Se o tempo for oportuno para<br />

conhecer Leonardo e ainda não souber nada de Omar, então perguntarei.<br />

— A respeito disso — Disse Angel, se levantando. — Fez alguma<br />

menção de quando ele poderia vir para te conhecer?<br />

Seu interesse em conhecer Leonardo acabou de aumentar cerca de dez<br />

vezes. Ficou receoso sobre isso desde o primeiro momento em que Sarah<br />

contou. Independentemente do que Omar tentasse fazer, Angel tinha<br />

certeza de uma coisa agora, era essa a única razão por traz de seu súbito<br />

interesse em conhecê-la. Talvez, quando se desse conta de que não ia tirar<br />

nada dela, o deixaria ir, deixaria ela ir. Talvez retornasse ao mesmo<br />

desinteresse que teve por toda a vida de Sarah. Que vá à merda.<br />

Mas Leonardo ainda estava falando com Sarah diariamente e Angel<br />

ainda não estava convencido por completo. Tinha que assegurar que o tipo,<br />

irmão ou não, não estivesse confabulando com seu pai de maneira alguma.<br />

Sentou, se sentindo um pouco ofendido e pensou a respeito de quão<br />

insignificantes pareciam suas preocupações por Sydney agora. Ao menos<br />

sabia que Sydney, nunca faria nada para feri-la. Ironicamente, nesse<br />

momento, se sentiu mais cômodo com Sarah ao redor de Syd, o tipo a que<br />

amava como um irmão, do que com Leonardo, o tipo que poderia ser em<br />

realidade seu verdadeiro irmão.<br />

Talvez Leo fosse um bom cara. Talvez não soubesse o que seu pai<br />

estava planejando desde o começo e quando se deu conta que Omar estava<br />

interessado em conhecer sua irmã por suas próprias razões egoístas,<br />

abandonou o imbecil, como merecia ser abandonado. Se tudo isto era<br />

verdade, talvez fosse algo bom.


Angel não poderia estar sempre perto para protegê-la, então, saber que<br />

ela tinha um irmão que não aguentaria nada de ninguém que tentasse ferila,<br />

fosse algo malditamente bom. Mas até que tivesse certeza Angel<br />

manteria sua guarda alta. Não confiava em ninguém.


CAPÍTULO<br />

ONZE<br />

Só passaram três semanas, três partidas desde que começou a<br />

temporada e Alex esteve fora do jogo durante duas delas. Angel falou com<br />

Sarah sobre como seu irmão estava cada vez mais amargurado por isso com<br />

cada treino em que não o permitiam participar. Felizmente, era a primeira<br />

lesão de tornozelo do Alex de sua vida. Não estava quebrado, só uma lesão<br />

bastante ruim, mas os médicos só foram dar luz verde para às práticas e<br />

jogar a partida desta semana contra o Havaí.<br />

Tão mal como Valéria se sentia por Alex, Sarah sabia que adoraria que<br />

ele estivesse fora ao menos uma semana mais. Agora viajaria ao Havaí e não<br />

saberíamos como ia celebrar por lá, já que estava de novo em forma para<br />

jogar.<br />

Sarah e Angel não falaram de Dana outra vez desde o dia em que<br />

Sarah mencionou as coisas que ela publicou em seu blog. Não queria se<br />

preocupar com Dana, porque ela era muito insignificante, mas não pôde<br />

evitar de se perguntar, quão estúpida seria Dana a respeito disto.<br />

Ficando menos de uma hora de seu turno no restaurante, Sarah<br />

deixou de lado qualquer pensamento de Dana e começou a se preparar<br />

mentalmente para o primeiro encontro dessa noite com Leonardo. Angel ia


pegar ela ali no restaurante depois de sua prática e iriam ao porto esportivo<br />

se encontrar com Leonardo. Havia um festival de frutos do mar no porto e<br />

todos estavam de acordo que seria um lugar agradável e informal para se<br />

reunir e dar uma volta. Leonardo tinha um amigo que vivia em San Diego.<br />

Ficaria com ele a noite para retornar a Phoenix pela manhã.<br />

Sarah estava um pouco nervosa, mas contente por ter esperado. Os<br />

muitos bate-papos que tiveram até agora a fizeram sentir como se já o<br />

conhecesse. Já entendia que era seu costume chamá-la de bonita.<br />

Frequentemente, se referia a sua meia-irmã e a sua mãe dessa mesma<br />

maneira doce, inclusive chamava a sua mãe de sua rainha. Assim como<br />

Angel e todos seus irmãos frequentemente chamavam Sofie com carinho,<br />

alguns meninos eram simplesmente assim. Não admitiria a Angel, mas<br />

gostava. Com muita frequência, sentia um pouco de ciúme de Sofie e de<br />

alguns outros amigos cujos irmãos eram tão próximos. Não esperava ser tão<br />

próxima de Leonardo tão rápido, mas este era um bom começo.<br />

O dia que decidiram se encontrar, Sarah levantou a possibilidade de<br />

que Omar estivesse ali também. Leonardo admitiu ter ligado e mandado<br />

algumas mensagens a Omar, nenhum dos quais recebeu resposta. Logo<br />

disse algo que Angel diria.<br />

— Que se foda. Se assim que vai ser, então não precisamos desse<br />

estúpido. — Continuou dizendo que não ia esperar e planejaram seu<br />

encontro, só os dois. E Angel, é obvio.<br />

— Não! — Sarah saiu de seus pensamentos com o som da voz forte de<br />

um homem algumas mesas além da que ela estava atendendo. — Pedi chá<br />

quente, não gelado.<br />

Cindy, a garçonete mais nova que servia sua mesa, se desculpou,<br />

tomando o copo de chá gelado que estava empurrando para ela.


— O serviço aqui sempre é tão ruim? — Perguntou em voz alta<br />

enquanto seu envergonhado encontro ou esposa se escondia atrás do menu.<br />

— Volte a ler meu pedido — exigiu. — Quero me assegurar de que o anotou<br />

corretamente.<br />

Cindy começou e ele imediatamente a interrompeu com brutalidade.<br />

— Não é assim! — Disse. — É tão difícil entender? Te disse que quero o<br />

pico de lado, mas a guacamole e a nata azeda quero nos tacos.<br />

Escrevendo e pedindo desculpas de novo, a pobre Cindy finalmente<br />

terminou de anotar seu pedido e se afastou correndo.<br />

Sarah terminou de entregar os pratos de sua mesa e perguntou se<br />

havia algo que precisavam quando olhou em direção ao escritório traseiro.<br />

Alex estava aqui esta noite já que ainda não estava liberado para treinar.<br />

Correu para a cozinha, onde Cindy estava se assegurando de que os<br />

cozinheiros fizessem o pedido de forma correta.<br />

— Que idiota. — Disse Sarah enquanto se aproximava, enganchando<br />

outra comanda para os cozinheiros.<br />

Cindy negou com a cabeça, pondo os olhos em branco.<br />

— Preciso dessas saladas o mais rápido possível, Raul. — acrescentou<br />

em voz alta.<br />

— Por quê? — Alex apareceu na cozinha por trás de Raul, jogando um<br />

olhar mais de perto na comanda de Cindy. — Quanto tempo estão<br />

esperando?<br />

— Não muito. — Disse Cindy. — Tenho outros clientes esperando a<br />

mais tempo. Não é mais que um autêntico idiota e prefiro não o incomodar.<br />

— Há outras pessoas esperando mais tempo? — Alex franziu as<br />

sobrancelhas.


— Bom, não muito mais tempo — explicou.<br />

— Acabam de chegar — esclareceu Sarah pela Cindy. — Não é mais<br />

que um desses idiotas de boca grande que gostam de menosprezar as<br />

garçonetes.<br />

Alex olhou para o balcão.<br />

— Mesa oito?<br />

— Sim. — Disse Cindy enquanto servia o chá quente em uma taça. —<br />

E sei que disse chá gelado não quente, mas me devolveu. Talvez quisesse<br />

dizer quente, mas o pediu gelado.<br />

— Ele pode esperar. — Disse Alex ainda olhando o cara. — Tome<br />

cuidado com as comandas no pedido que façam. — Disse a Raul e logo<br />

virou para Cindy e Sarah. — Me deixem saber se ele voltar a ser<br />

desrespeitoso.<br />

Cindy se afastou correndo com o chá quente e Sarah partiu atrás dela.<br />

Nos pouco mais de dois anos que estiveram trabalhando no restaurante, viu<br />

algumas pessoas serem expulsas. Cada uma das vezes, foi Alex que<br />

expulsou, mas ambas as vezes, foram bêbados no bar que ficaram ruidosos<br />

e ofensivos. Nunca tiveram que pedir a um cliente do restaurante que saísse<br />

ou tiveram alguns grosseiros. Desta vez, Sarah tinha um mau<br />

pressentimento pela forma em que Alex foi cuidadoso com o cara. O Moreno<br />

pai insistia que o cliente sempre tinha razão, mas Alex insistia em respaldar<br />

seus empregados, especialmente os mais doces e de voz suave como Cindy.<br />

Sarah recolheu seu pedido de bebidas para a outra mesa que estava<br />

servindo e foi até ela.<br />

— Poderia ser mais lenta? — Disse o homem grosseiro a Cindy<br />

enquanto entregava uma cesta com envelopes de açúcar.<br />

Sorrindo a seus clientes, Sarah começou a repartir suas bebidas.


— Que cara idiota. — Disse uma das garotas mais jovens na mesa.<br />

— Quanto tempo mais vão demorar nossas saladas? — Perguntou o<br />

homem desrespeitoso.<br />

— Irei ver. — Disse Cindy se afastando.<br />

A mulher que estava sentada com o homem sussurrou e rapidamente<br />

respondeu com brutalidade.<br />

— Não me importa! É seu trabalho. Não precisa de muito cérebro para<br />

servir mesas. Se quiser gorjeta, melhor que mova sua bunda.<br />

A mulher maior da mesa de Sarah se virou e deu um olhar assassino.<br />

Sarah terminou com as bebidas e foi correndo para verificar sua outra<br />

mesa.<br />

— Ouça, olhos verdes... — O tipo estalou os dedos para Sarah. — Pode<br />

ir revisar nosso pedido? Nossa garçonete vai a passos de tartaruga.<br />

— Sim, senhor. — Sarah assentiu, mas foi à outra mesa primeiro.<br />

— A cozinha é por ali — Estalou os dedos outra vez, fazendo um gesto<br />

para a cozinha.<br />

Sarah assentiu, mas não fez caso e continuou em sua mesa. O homem<br />

continuou resmungando algo que Sarah ignorou e verificou os clientes que<br />

servia antes.<br />

— Quer que eu diga algo? — Perguntou um homem em sua mesa<br />

olhando ao tipo grosseiro.<br />

— Não. — Sarah sorriu. — Está bem. Peço perdão se está perturbando<br />

seu jantar.<br />

— Não, não. — O homem rapidamente agitou sua mão no ar. — Não se<br />

desculpe por nada. Idiotas como esse deveriam ficar em casa e comer lá.


Sorrindo nervosamente, Sarah se afastou enquanto Cindy caminhava<br />

de volta à mesa do homem mal-educado, sustentando uma taça de chá.<br />

Alex estava apoiado na barra agora, com os braços cruzados, os olhos fixos<br />

na direção de Cindy justo quando o homem começou de novo.<br />

— Bom, quanto tempo leva para fazer uma salada? Isto é ridículo.<br />

Esses cozinheiros devem ser tão lentos quanto você.<br />

Cindy disse algo que Sarah não pôde escutar de onde se encontrava,<br />

mas o homem respondeu ainda mais forte.<br />

— Não, não quero mais! Se a comida aqui for tão ruim como o chá e o<br />

serviço, não pagarei por esta merda.<br />

Alex se ergueu quando o zumbido de todos outros clientes falando de<br />

uma vez, a respeito da cena que o homem estava fazendo, ficou mais forte.<br />

— Você bruxa, coloque-se em seu lugar — Disse o homem à mesma<br />

mulher que o fulminou com o olhar antes. Agora, estava dizendo algo mais,<br />

só que não tão alto como o homem, por isso, Sarah não podia distinguir o<br />

que era.<br />

O outro homem, que se ofereceu a dizer algo antes, agora disse algo<br />

também. Alex foi até a besta desrespeitosa enquanto sua boca seguia<br />

tremendo. Sarah deu a volta e ficou onde Alex estava de pé antes para<br />

poder escutar melhor.<br />

— Há algum problema, senhor? — Perguntou Alex quando chegou até<br />

ele, estendendo a mão para deter o homem da outra mesa que começou a<br />

caminhar para lá. — Sou Alex, o gerente.<br />

— Não necessito de seus cuidados. — Disse o homem zangado da<br />

mesa de Sarah para Alex. — Disse que não vai pagar, então...<br />

— Não, se a comida é uma merda igual ao serviço e este chá.


— Cancele seu pedido. — Disse Alex a Cindy com calma e ela se<br />

afastou correndo.<br />

Todo o restaurante se calou e estava observando agora. Inclusive os<br />

cozinheiros na cozinha reduziram a velocidade para olhar.<br />

— Vou ter que pedir que se retire — Disse Alex com uma calma que fez<br />

com que Sarah estivesse orgulhosa dele.<br />

Sabia que Alex teve que utilizar cada pingo de moderação para não<br />

explodir com o idiota. O homem se burlou inclusive quando seu encontro<br />

começou a sair de sua cabine.<br />

— Não vou a nenhuma parte. — Disse. — Sou um cliente como<br />

qualquer outro e me atenderá...<br />

— Ninguém vai te servir neste restaurante. — Disse Alex, a calma em<br />

seu tom diminuindo um pouco. — Nunca, porque aqui não será bem-vindo<br />

de novo.<br />

— Bridgett — O homem falou para seu encontro quando ela já esteva<br />

de pé — Traga a porra da sua bunda de volta à cabine agora antes de que...<br />

Alex agarrou ao homem pela camisa e o pôs de pé.<br />

— Talvez fale com ela dessa maneira em sua casa, mas não em meu<br />

restaurante. Ouviu imbecil?<br />

O rosto do homem ficou quase púrpura e seus olhos arregalados<br />

enquanto fazia uma fraca tentativa de diminuir o agarre de morte do Alex<br />

na sua camisa.<br />

Sarah levou a mão à boca, perguntando se isto chegaria mais longe.<br />

Teriam que chamar à polícia? Alex quase fez parecer que isso não deu<br />

trabalho pela forma em que atirou o homem em direção à porta principal.


Os outros clientes já estavam aplaudindo, inclusive antes que chegassem à<br />

porta principal.<br />

— Não retorne. — Disse Alex enquanto o jogava, logo sustentou a<br />

porta para a senhora que havia saído correndo atrás dele.<br />

Ele ficou de pé na porta, vendo como os dois se afastavam. De onde<br />

Sarah estava parada, viu o homem girar e dizer algo mais a Alex, logo<br />

agarrou a sua esposa fortemente pelo braço. Alex saiu pela porta.<br />

— Oh, meu Deus — ofegou Sarah, correndo para a porta principal.<br />

Felizmente, no momento em que Sarah chegou à frente do restaurante, Alex<br />

já vinha de volta. — Está bem? — Perguntou enquanto ele entrava de novo.<br />

Ele assentiu, mas poderia ver o movimento de sua mandíbula apertada. —<br />

Fez bem, Alex — ofereceu um sorriso. — Nem deu um murro nem nada.<br />

— Sim, bom, tenho muita certeza que se sente assim, me deixe te dizer<br />

— Cindy se aproximou deles e Alex se virou para ela. — Nunca aguente um<br />

cliente como esse, de acordo? Não me importa de que os clientes sempre<br />

têm razão. Chutarei seus traseiros para fora antes de deixar que tratem<br />

meus empregados dessa forma.<br />

Cindy assentiu, sorrindo.<br />

— Obrigada, Alex.<br />

A porta principal se abriu e uma senhora muito assustada se apressou<br />

para dentro.<br />

— Há dois homens brigando no estacionamento.<br />

Sarah saiu correndo atrás de Alex, enquanto ele rapidamente corria<br />

para o estacionamento. Em tudo o que podia pensar quando seu coração<br />

pulsava em seu peito, era que Angel chegaria ali logo. Perguntou se talvez<br />

tivesse chegado cedo e se poderia ser ele brigando com o idiota que Alex<br />

acabava de jogar. Para seu alívio, não era Angel, mas sim o idiota grosseiro


que estava apanhado contra um carro. O tipo muito maior lutando com ele,<br />

ou melhor, tinha seu cotovelo contra sua garganta. A mulher que estava no<br />

restaurante com o tipo, estava de pé ao lado, chorando.<br />

— Quero você preso! — Ofegou o animal grosseiro, cuspindo sangue.<br />

Foi só quando o menino o sustentando contra o carro riu que Sarah fez a<br />

conexão.<br />

Leonardo.<br />

— Por quê? — Perguntou Leonardo. — Por não te deixar bater na sua<br />

garota? — Leonardo afastou seu braço da garganta do homem.<br />

— Covarde de merda!<br />

— O único que vai conseguir ser detido é você, idiota — Disse Alex,<br />

assinalando ao homem sobre o carro. — Por invadir minha propriedade<br />

depois que o mandei embora. Vamos. — Disse Alex para Leonardo.<br />

Leonardo o levantou e logo o empurrou longe. O homem cambaleou<br />

um pouco, limpando o sangue de seu rosto. Alex levantou o pulso e olhou<br />

seu relógio.<br />

— Tem dois minutos para sair de minha propriedade.<br />

O homem levou seu tempo caminhando para seu carro. Ele e seu<br />

encontro entraram e acelerou até sair derrapando para fora dali como um<br />

louco.<br />

Leonardo, que era quase tão grande como Alex, virou para ele.<br />

— Sinto muito, cara, não tinha a intenção de causar nenhum<br />

problema. Simplesmente conduzi até aqui quando o vi empurrar a sua<br />

garota. Saí de meu carro e pedi amavelmente que parasse. Não o fez,<br />

assim... — Encolheu os ombros com um sorriso. — Fui devagar com ele e só<br />

dei um soco.


Leonardo flexionou seus dedos com uma careta.<br />

— Nah — Disse Alex. — Não se preocupe. Fico feliz que tenha feito.<br />

Isso é o que um imbecil como ele merece. — Alex estendeu a mão e<br />

Leonardo a estreitou. — Obrigado por não o deixar fazer isso em meu<br />

estacionamento. Essa é a última coisa que quero que os clientes vejam<br />

enquanto dirigem.<br />

Alex explicou que o homem acabava de ser colocado para fora por ser<br />

um idiota grosseiro. Sarah ainda estava olhando para Leonardo, seu irmão.<br />

Assentindo e sorrindo, Leonardo mudou o olhar de Alex para Sarah.<br />

— Sarah, é ainda mais bonita pessoalmente.<br />

— O quê? — Alex se deteve a meio passo, fazendo com que Sarah<br />

afastasse o olhar de Leonardo.<br />

Ela viu esse resplendor de dureza no Alex muitas vezes, assim que<br />

explicou rapidamente.<br />

— Este é Leonardo. — Disse. — Meu irmão. Angel comentou que te<br />

falou dele. — Os olhos de Alex se aumentaram e seu olhar se suavizou.<br />

— Sim — Virou para o Leonardo com um sorriso meticuloso. — Sim,<br />

fez. Assim, é seu irmão perdido por muito tempo, né?<br />

Leonardo sorriu com um estranho e pequeno sorriso e assentiu.<br />

— Ia me encontrar com ele depois de meu turno — explicou Sarah.<br />

Virou para Leonardo um pouco confusa. — Pensei que nos encontraríamos<br />

depois? Perdi uma mensagem de texto ou algo assim?<br />

— Não. — Disse ele, parecendo um pouco envergonhado de repente. —<br />

Simplesmente cheguei aqui muito antes do que pensei. Meu amigo, com o<br />

que vou ficar esta noite, ainda está no trabalho. — Encolheu os ombros. —


Sabia que estava trabalhando, assim pensei que podia passar por aqui e ver<br />

o restaurante de que tanto fala.<br />

— Vamos entrar. — Disse Alex, começando a caminhar para a entrada,<br />

logo virou para Sarah. — Sarah, pode sair agora se quiser.<br />

Ela ficou tentada, mas conhecia Angel.<br />

— Na verdade, Angel vai me encontrar aqui. Ele vem conosco.<br />

— Ah — Assentiu Alex.<br />

— Bom, então entrem e tomem uma cerveja enquanto esperam Angel.<br />

Entra e termina, Sarah, assim pode se sentar e esperar com ele até que<br />

Angel chegue aqui.<br />

Claramente, Angel ainda não compartilhara as dúvidas que<br />

obviamente tinha sobre Leonardo com Alex, do contrário, tinha certeza de<br />

que ele não estaria tão disposto a dar tempo a sós aos dois. Ele<br />

provavelmente não disse a Alex que ela nunca viu Leonardo pessoalmente.<br />

Sabia que Alex teria suspeitado ou, pelo menos, seria cauteloso, entretanto,<br />

rapidamente liberou para sair com Leonardo, a sós.<br />

Leonardo sentou no bar enquanto Sarah terminava suas últimas duas<br />

mesas e logo tirou seu avental e pegou suas coisas na parte de trás. Alex<br />

pediu ao pessoal da cozinha para oferecer um mini bufê de sobremesas da<br />

casa para compensar a confusão que todos testemunharam.<br />

Antes de ir ao bar para sentar com Leonardo, Sarah parou e agarrou<br />

um par de churros quentes da mesa de sobremesas. Cindy e Lilly, outra das<br />

garçonetes de guarda, a pararam.<br />

— Não sabia que tinha um irmão — Disse Cindy com um enorme<br />

sorriso.


— O que ela realmente quer dizer — Disse Lilly, sorrindo ainda mais.<br />

— É que não tínhamos ideia de que tinha um irmão que se parecesse como<br />

ele — Sua boca caiu aberta com incredulidade. — Oh. Meu. Deus. Como é<br />

que esta é a primeira vez que ouvimos falar dele?<br />

Sarah sorriu.<br />

— É uma longa história. Contarei em outra ocasião.<br />

Se afastou antes que pudessem fazer milhões de perguntas, já podia<br />

ver os seus olhares dançando. Os olhos de Leonardo a percorreram de<br />

acima a baixo de maneira casual enquanto se aproximava dele e ele sorriu<br />

quando seus olhos se encontraram.<br />

— Terminou? — Perguntou.<br />

— Sim. — Disse ela, sentando com ele no bar.<br />

— Agora só esperarmos por Angel. Deve estar aqui muito em breve.<br />

Seu treino terminou faz mais de vinte minutos. Virá diretamente para cá.<br />

Leonardo a olhou por um momento sem dizer nada e logo sorriu.<br />

— Ainda não posso superar o quanto seus olhos e os de Omar se<br />

parecem. É obvio, os dele não são tão incríveis como os teus, mas, mesmo<br />

assim, você definitivamente tem seus olhos.<br />

Sorrindo nervosamente, ela virou para Jaime, o garçom que se<br />

aproximou deles do outro lado. Leonardo tinha uma cerveja quase cheia<br />

diante dele, assim Jaime assinalou Sarah.<br />

— Posso te trazer algo?<br />

— Só água, Jaime. Obrigada. — Disse, logo virou para Leonardo, que<br />

seguia olhando.<br />

— Como todas as vezes que te vi foi online, é estranho realmente estar<br />

com você pessoalmente.


A conversa pareceu um pouco estranha a princípio, mas em questão<br />

de minutos, estava se sentindo mais relaxada e ele até a fez rir um par de<br />

vezes. Jogando uma olhada pela janela, viu o carro do Angel entrando no<br />

estacionamento, sabia que ele entraria pela parte de atrás. Pensando que<br />

poderia estranhar que ela já estivesse com Leonardo tão cedo, se desculpou<br />

por um momento. Encontrou com Angel na porta traseira justo enquanto<br />

ele entrava. Levava uma rosa na mão e a deu, logo levou sua mão ao redor<br />

de seu pescoço e a beijou.<br />

Ela deixou que o beijo fosse um pouco mais profundo do que<br />

normalmente deixaria no restaurante durante o horário de trabalho,<br />

quando todos estavam aqui. Mas pensou que estavam na parte de trás.<br />

Quando finalmente se separou, ela sorriu e logo levou a rosa para seu nariz<br />

e a cheirou.<br />

— Por que isto?<br />

— Um homem estava vendendo em uma esquina. — Beijou a ponta do<br />

seu nariz com doçura e sorriu, seus olhos apanharam essas profundas<br />

covinhas que se formavam em suas bochechas e ela suspirou. Depois de<br />

todos estes anos, nunca teria o suficiente dele. — Me dei conta que não dei<br />

flores a meu amor em um tempo. Por que não?<br />

Sorrindo mais amplamente, o beijou de novo, agradecendo por ser tão<br />

doce e então, recordou e seu estômago ficou um pouco tenso. Segurando<br />

sua mão, deu a volta e começou a andar para o restaurante.<br />

— Tivemos um pouco de emoção aqui hoje. — Disse, voltando a olhar<br />

seu rosto curioso. — Tanto que seu irmão considerou adequado dar uma<br />

sobremesa grátis a todos os clientes.<br />

— O quê? — Perguntou, soltando sua mão.


— Um idiota estava causando alguns problemas a Cindy. Ele elevou a<br />

voz e ficou desagradável, assim Alex pediu que fosse embora. O tipo se<br />

negou e logo começou a amaldiçoar sua namorada e Alex teve que tira-lo<br />

usando a força física.<br />

— Está brincando? — Perguntou Angel com um sorriso muito<br />

divertido.<br />

Entrou no escritório, com Sarah a seu lado.<br />

— Jogou alguém pra fora? — Perguntou ao Alex, que estava sentado<br />

no escritório.<br />

Alex deu a volta e sorriu.<br />

— Fiquei surpreso por ninguém te enviar uma mensagem antes para<br />

te contar isso.<br />

Sarah começou a rir.<br />

— Estive ocupada. — Disse ela. — Do contrário, provavelmente teria<br />

feito.<br />

— Isso é certo — Disse Alex, ficando de pé. — Estava entretendo seu<br />

acompanhante. Aonde ele foi?<br />

Angel virou para Sarah, com um sorriso não tão divertido como estava<br />

a alguns momentos.<br />

— Quem é seu acompanhante?<br />

— Leonardo está aqui. — Disse com indiferença.<br />

Angel inclinou a cabeça, franzindo a frente, mas não disse nada.<br />

— Por quê?<br />

— Ele deu uma surra nesse idiota que joguei pra fora — informou Alex<br />

enquanto passava por Sarah e Angel.


De repente a expressão amarga de Angel se tornou um pouco<br />

assassina.<br />

— O quê? — Virou para Sarah. — Por quê? Esse cara te fez algo?<br />

— Não. — Assegurou rapidamente. — Ele foi grosseiro com Cindy.<br />

Estava em sua mesa.<br />

— Ele era um desses imbecis que gosta de esbofetear as mulheres por<br />

aí — Alex se deteve na porta e explicou. — É por isso que tive que usar a<br />

força física para tirar sua bunda daqui. Eu não gostei do jeito que ele falava<br />

com sua garota. Suponho que, quando o irmão de Sarah chegou ao<br />

estacionamento, o cara estava sendo mais desrespeitoso com ela,<br />

empurrando ou algo assim. — Alex riu entre dentes enquanto começava a<br />

afastar-se. — Dar um soco no cara foi bom.<br />

Angel virou de novo para Sarah, que assentiu em confirmação, mas ela<br />

viu o olhar em seus olhos, o qual conhecia muito bem.<br />

— Então, quanto tempo ele esteve aqui? — Perguntou. — Pensei que<br />

tínhamos combinado que nos encontraríamos com ele mais tarde.


CAPÍTULO<br />

DOZE<br />

Um pequeno, quase indetectável movimento de sua sobrancelha, mas<br />

Angel o viu. O também aparentemente insignificante levantamento de seu<br />

queixo o confirmava. Sarah já estava a ponto de ficar na defensiva, na<br />

defensiva por um menino que acabava de conhecer: Leonardo, seu irmão.<br />

— Chegou aqui antes do que ele esperava. — Disse ela, caminhando<br />

para o gabinete para deixar ali a rosa que ele deu. — Então — virou para<br />

Angel depois de fechar o armário. — Dado que não tinha nenhum outro<br />

lugar para estar e que seu único amigo por aqui ainda estava trabalhando,<br />

decidiu aparecer por aqui. Falei tanto do restaurante que já sabia como se<br />

chamava. Mas somente esteve aqui durante quinze minutos.<br />

A expressão defensiva que Angel definitivamente foi notada, logo<br />

relaxou e ela sorriu.<br />

— Não é como se tivesse me encontrando com ele em algum lugar<br />

isolado ou perigoso. Alex esteve aqui todo o tempo e embora Alex me<br />

dissesse que podia ir cedo, não iria até você chegar. — Ela passou por ele,<br />

caminhando para a porta, mas levantou sua mão. — Vamos, me deixe<br />

apresentá-lo, quer muito te conhecer.


Tentando não franzir a testa, Angel segurou sua mão e a seguiu<br />

através do corredor principal para o bar. O garçom acabava de pôr uma<br />

nova cerveja em frente a Leonardo e estava retirando sua garrafa vazia. Ele<br />

se levantou quando viu Sarah e Angel chegando. Era maior do que Angel<br />

esperava.<br />

Sarah fez as apresentações e ambos os moços sacudiram suas mãos,<br />

sorrindo de forma cortês.<br />

— Escutei tanto sobre você. Sinto que já te conheço. — Disse Leonardo<br />

enquanto voltava a sentar no seu banco. — Futebol universitário, né? Não<br />

estive seguindo. Qual é seu recorde até agora?<br />

— Três e Zero. — Disse Angel. — O último esteve perto. Nossa linha<br />

defensiva teve alguns espaços em branco ultimamente, devido a certas<br />

lesões, mas meu irmão retorna esta semana, assim isso é algo bom. A<br />

equipe que jogamos contra esta semana também é três e Zero, assim,<br />

depois deste sábado, só um de nós será o perdedor.<br />

Os olhos de Leo se abriram amplamente no que parecia ser<br />

entusiasmo genuíno.<br />

— Essa será a partida para assistir este fim de semana então. Estarei<br />

atento.<br />

Angel assentiu, sentando no banco atrás de Sarah e puxando para<br />

perto dela para que suas pernas a envolvessem. Levou sua mão ao redor<br />

dela e a deixou descansar sobre sua coxa.<br />

— Assim, como se sente finalmente conhecendo sua irmã? — Leo<br />

sorriu, inclusive mais amplamente e voltou sua atenção a Sarah.<br />

— Estava contando que é tudo no que pude pensar durante semanas.<br />

A ânsia de conhecê-la pessoalmente simplesmente crescia com cada


conversa que tínhamos — Ele devolveu seu olhar para Angel enquanto<br />

levava sua garrafa de cerveja até seus lábios. — Você não tem ideia.<br />

Leo olhou com atenção Angel enquanto tomava um gole de sua cerveja<br />

— Não, não tenho — Disse Angel, se negando a ler algo mais nesse<br />

último comentário.<br />

Ele tomou a decisão consciente, do momento em que eles estiveram de<br />

acordo em ter um encontro, de ter uma mente aberta. Angel estava dando<br />

ao menino o benefício da dúvida, além do que seu instinto dissesse.<br />

— Só posso imaginá-lo — Disse Angel tão indiferentemente como pôde.<br />

— Descobrir que tenho um irmão por aí, da mesma idade.<br />

Eles falaram um pouco mais até que Leo terminou sua cerveja e logo<br />

se desculpou para ir ao banheiro antes de irem para o porto esportivo.<br />

Sarah olhou Angel quando Leo se afastou o suficiente.<br />

— Assim, o que você pensou até agora?<br />

Angel fez o melhor que pôde para soar otimista, embora não se<br />

sentisse dessa maneira.<br />

— Parece ser alguém agradável. Eu gosto do que fez por essa garota no<br />

estacionamento. Sempre diz muito de um menino que defende alguém que<br />

nem conhece, só porque sabe que é o correto.<br />

Realmente o fazia. Angel sabia que Alex estava impressionado por isso<br />

também, provavelmente esse era o porquê que decidiu tão rapidamente que<br />

Sarah poderia sair mais cedo para ficar com Leo. Mas então, ele não tinha<br />

nenhuma forma de saber que esta era a primeira vez que eles se<br />

encontravam.<br />

O telefone de Sarah vibrou no balcão do bar e o alcançou enquanto<br />

contava a Angel como não reconheceu Leo a princípio e como teve medo


quando contaram que havia meninos brigando lá fora, que poderia ter sido<br />

Angel e o imbecil que Alex expulsou.<br />

Ela leu sua mensagem, fez uma careta e logo respondeu.<br />

— Suponho que você não gostaria que eu acompanhasse Valéria e sua<br />

amiga ao Havasu este fim de semana para uma coisa tipo Oktoberfest —<br />

Ela continuou escrevendo sem olhar para cima. — Ela queria ir lá todo o<br />

verão e nunca pôde, assim está fazendo acertos para ir agora — Sarah<br />

lançou uma olhada atrás dela e logo o olhou, levantando uma sobrancelha<br />

brincalhona. — Ela não disse, mas tenho certeza de que tem tudo a ver com<br />

o Alex indo para o Havaí todo o fim de semana. Sei que esteve preocupada<br />

por isso. Tenho certeza de que é sua forma de manter sua mente ocupada e<br />

não conduzir a si mesma até a loucura todo o fim de semana.<br />

Angel segurou sua mão, feliz de que Sarah não parecesse estar<br />

considerando. Ele recordava que Sarah detectou essa estúpida mentira<br />

sobre ele não ter visto ou falado com Dana em anos.<br />

— Você não está preocupada com meu fim de semana no Havaí, certo?<br />

— Claro que não — Ela o olhou um pouco divertidamente. — Não<br />

deveria estar. Certo?<br />

— Claro que não — Disse ele apertando sua mão. — Sarah, eu te<br />

disse...<br />

— Então, não estou — Disse ela rapidamente, se inclinando para ele.<br />

— Em absoluto. Prometo isso.<br />

Angel envolveu seus braços nela e logo fez algo que não fazia muito<br />

frequentemente no restaurante, porque ele sabia que faria com que Sarah<br />

se sentisse incômoda por ser tão descarada, a beijou brandamente a<br />

princípio e logo começou a levar as coisas um pouco mais longe.


— Os dois estão preparados? — A voz forte de Leo fez com que Angel<br />

se movesse nervosamente e retrocedesse.<br />

Sarah olhou para Leo e Angel não pode dizer se ela estava<br />

envergonhada ou nervosa, provavelmente ambos.<br />

— Sim — Disse ela, sua cara um pouco vermelha, confirmando para<br />

Angel que estava um pouco envergonhada. — Estamos preparados — Disse,<br />

agarrando sua bolsa do banco.<br />

Os olhos de Angel se encontraram com os de Leo por um segundo e o<br />

menino sorriu brandamente, mas não ofereceu nenhuma desculpa por<br />

obviamente tê-los assustado. Sem dizer outra palavra, foram para fora.<br />

Uma vez no estacionamento, para alívio de Angel, Leo informou que<br />

simplesmente os seguiria.<br />

— Meu amigo vive perto do porto esportivo, assim simplesmente posso<br />

ir direto para casa dele. Mas antes — Disse enquanto levantava seu braço<br />

ante Angel e Sarah, antes que eles passassem diante de sua caminhonete<br />

para o automóvel de Angel — Tenho algo para você Sarah.<br />

Eles ficaram parados atrás do automóvel de Leo, um modelo velho de<br />

uma caminhonete pick-up. Ele abriu a porta do passageiro e tirou um ramo<br />

de rosas. As mãos de Sarah estavam imediatamente sobre sua boca.<br />

— Perguntei a minha mãe e a minha irmã — Disse ele, baixando seu<br />

queixo enquanto caminhava para eles — que, de todas as coisas, devia te<br />

trazer e ambas estiveram de acordo em que nunca poderia me enganar com<br />

as flores.<br />

Alguma vez podia se enganar?<br />

Ele as entregou para Sarah e ela as pegou, sorrindo muito.


— São bonitas. Obrigada — Disse e logo se inclinou para Leo, levando<br />

seu braço livre sobre os ombros dele. — Não tinha que me trazer nada.<br />

Leo rapidamente envolveu ambos os braços ao redor das costas dela e<br />

a apertou.<br />

— Queria fazer. Estou tão feliz de te conhecer finalmente, Sarah. —<br />

Angel ficou ali pelo que sabia ser uma quantidade razoável de tempo, mas<br />

ainda sentia que era muito longo. Quando finalmente terminou, Sarah e<br />

Angel partiram e Leo pegou sua caminhonete. Angel não disse uma palavra,<br />

inclusive, quando colocaram as rosas no porta-malas do carro e<br />

caminharam a seus respectivos lados do carro. Entraram e Angel pôs o<br />

carro em movimento em silêncio.<br />

— O quê? — Perguntou.<br />

Olhando fixamente à frente e logo a seu espelho retrovisor, Angel<br />

sacudiu a cabeça.<br />

— Nada.<br />

— Está estranho.<br />

Angel teve que rir. O que outra coisa podia fazer? Nunca em um<br />

milhão de anos pensou que estaria fazendo o que estava fazendo esta noite:<br />

sair com Sarah e um cara que conheceu há apenas um mês atrás, um<br />

menino que acabou de confirmar que ela é tudo o que ele pensou<br />

ultimamente. Dirigiu centenas de quilômetros para vê-la e trouxe flores.<br />

Mas o que disse antes sobre Leo era certo. Ele realmente não tinha nem<br />

ideia de como se sentiria se descobrisse que tinha outro irmão por aí. Não<br />

só isso, era diferente para Sarah e Leo. Nenhum deles tinha outros irmãos<br />

de sangue. Sarah falou sobre a meia-irmã dele, a qual Leo conhecia a uns<br />

anos, e não era a mesma coisa.<br />

Mente aberta.


Isso é o que Angel estava decidido a manter, pelo bem de Sarah. Virou<br />

para ela com um sorriso.<br />

— Esta situação é completamente estranha, querida. Só vou precisar<br />

de um pouco de tempo para me acostumar. Isso é tudo.<br />

Ela esticou o braço e colocou sua mão em sua coxa e sorriu:<br />

— Minha mãe esteve um pouco estranha por isso também. Suponho<br />

que as circunstâncias são estranhas para todos, incluindo a mim.<br />

Isso fez com que Angel se sentisse um pouco melhor. Realmente,<br />

estava tentado fazer todo o possível para se controlar. Chegaram ao porto<br />

esportivo, o qual se transformou em um festival ao ar livre com todos os<br />

restaurantes de frutos do mar locais, os de dentro e fora do porto esportivo<br />

ficando fora na entrada sob lojas que oferecem amostras e especiais em<br />

seus jantares de frutos do mar. O lugar estava mais abarrotado do que<br />

Angel esperava em uma noite de semana. Isso o fez pensar que talvez<br />

deveria falar com seu pai sobre considerar jantares de frutos do mar e<br />

lagostas por um tempo limitado só para esta festa.<br />

Provaram várias das amostras e caminharam ao redor por um tempo<br />

antes de decidir em qual restaurante iriam jantar. Angel tomou notas<br />

mentais por que preferiu um restaurante de mantimentos que outros.<br />

Felizmente, Leo não fez outra coisa além de irritar Angel quando viu as<br />

flores que trouxe. É obvio que isto ocorreria na mesma noite de merda que<br />

Angel decidiu dar uma rosa insignificante. Não importava. As rosas eram<br />

um doce gesto de seu irmão, enquanto que uma, a única, era do romântico<br />

de seu noivo, completamente diferente.<br />

Angel finalmente cedeu às necessidades de sua bexiga e se desculpou<br />

indo ao banheiro dos homens, deixando Sarah e Leo a sós pela primeira vez<br />

em toda a noite. Terminou e estava lavando as mãos quando seu telefone


tocou em sua cintura. Havia duas mensagens de textos de Romero. Clicou<br />

no envelope e as leu em ordem.<br />

Olá, onde você está?<br />

Sabe que tem menino todo íntimo com Sarah no porto esportivo? Retorne<br />

essa mensagem de texto e me diga o que quer que eu faça, se não me<br />

encarrego disto à minha maneira.<br />

Angel enviou uma mensagem rápida que dizia que ele estava ali com<br />

eles e que o menino era irmão dela, mas logo acrescentou algo quando saía<br />

do banheiro.<br />

O que quer dizer com todo íntimo?<br />

Virou na esquina rapidamente, conhecendo Romero, poderia<br />

interpretar mal e exagerar as coisas. Às vezes, Angel se perguntava se<br />

Romero não só estava procurando uma razão para golpear alguém. Tão<br />

divertido como o menino poderia ser, todos sabiam que ele tinha sérios<br />

problemas com seu temperamento. Dar uma surra em seus merecidos<br />

traseiros parecia ser sua maneira de desencadear um pouco dessa ira<br />

contida.<br />

Imediatamente, os olhos de Angel estavam fixos em Sarah e Leo.<br />

Quando saiu, os deixou sentados um frente ao outro na mesa-banco. Agora,<br />

eles estavam sentados lado a lado, com Leo se apoiando nela. Estava<br />

mostrando algo em seu telefone e estavam rindo. Angel pôde ver como


Romero poderia interpretar mal isto. Seu telefone zumbiu em sua mão de<br />

novo e clicou na mensagem de texto do Romero.<br />

Sarah tem um irmão?<br />

Angel não se preocupou respondendo. Não disse nada a Romero sobre<br />

Leo e não o planejava até que absolutamente tivesse que fazê-lo. A última<br />

coisa que precisava era ouvir a opinião de Romero sobre isto. Se seu amigo<br />

ainda estava vendo Sarah, Leo e Angel o conhecia suficientemente bem para<br />

saber onde estava, ele veria Angel com eles muito em breve. Logo que<br />

chegou à mesa, Leo se moveu de novo à frente de Sarah e Angel se sentou<br />

no assento ao lado dela.<br />

Sarah ainda estava rindo quando ele se sentou.<br />

— Estava dizendo a Leo sobre a festa de mímica dos tios de Romero —<br />

Disse, assinalando à tela onde o vídeo de Romero. — Valéria gravou todas<br />

as coisas histéricas e me enviou isso — Ela olhou Angel e imediatamente<br />

logo atrás dele. — Oh. — Sorriu inclusive maior. — Falando do diabo.<br />

Angel virou para ver Romero sustentando sacolas plásticas com<br />

embalagens de comida para levar.<br />

— Navegando pelo festival? — Perguntou Angel com um sorriso.<br />

Romero fez uma careta.<br />

— Não, não estou nesta merda — Disse sustentando as sacolas. —<br />

Estou aqui pelo Manny e Max. Precisei de carona para este fim de semana,<br />

meu carro está na oficina e já conhece esses dois. Já estão cobrando os<br />

favores por pedir emprestado um de seus carros todo o fim de semana. Não<br />

podiam me pedir para pegar um hambúrguer no caminho de casa, é óbvio<br />

— Ele negou com a cabeça. — Me fizeram vir aqui. Queriam lagosta e bolo<br />

de caranguejo e os queria quente.


— Então é melhor que os consiga rapidamente. — Angel riu.<br />

— Sim, sei — Romero assentiu e logo olhou para Leo curiosamente e a<br />

Sarah. — Não sabia que tinha um irmão.<br />

— Nem eu até umas semanas atrás — Sarah sorriu, virando para Leo.<br />

— Leo, esse é Romero, amigo de Angel. Romero, este é meu irmão, Leo.<br />

Romero fez sua elevação habitual de seu queixo, saudando Leo.<br />

— Tudo bem, cara? — Logo virou para Sarah. — Não sabia até umas<br />

poucas semanas atrás?<br />

— Sim — Disse ela, trocando olhadas com Leo. — É uma longa<br />

história. Angel pode contar isso em outra ocasião ou a comida de seus tios<br />

esfriará.<br />

Angel não perdeu o olhar de suspeita ou confusão no rosto de Romero<br />

quando levantou o queixo para Leo uma última vez antes de dizer que tinha<br />

que ir. Mas antes de fazer, virou para Angel.<br />

— Você e Alex estarão no Havaí este fim de semana, correto?<br />

Angel confirmou com uma inclinação de cabeça quando o garçom do<br />

lugar que eles ordenaram trouxe suas enormes bandejas de lagosta e patas<br />

de caranguejo. Ele falou com Romero um pouco antes de voltar sua atenção<br />

totalmente de novo para Sarah e Leo.<br />

— O jogo é no Havaí? — Perguntou Leo enquanto tirava a casca de<br />

uma lagosta.<br />

Angel assentiu outra vez, tratando de alcançar um caranguejo e o<br />

maço de madeira que o garçom tinha deixado.<br />

— Isto é muito sujo — avisou Sarah a Leo.<br />

— Você também irá? — Perguntou Leo, olhando para Sarah, mas logo<br />

voltou a brigar com sua lagosta.


— Não — Disse Sarah, mordendo sua lagosta e logo alcançando um<br />

guardanapo. — Infelizmente, não posso ir ao Havaí com ele. Ainda —<br />

acrescentou, sorrindo para Angel. — Irei algum dia.<br />

— Sim, irá — Angel se inclinou e a beijou, desejando ter pensado nisso<br />

antes e de algum jeito, ter armado para que Sarah fosse com ele.<br />

No sábado era o dia do jogo e não estariam voltando até a noite da<br />

segunda-feira. Teriam que descansar o resto do dia de sábado, todo o<br />

domingo e inclusive parte da segunda-feira para fazer um pouco de turismo.<br />

O desastre do jantar com eles tendo que cortar as lagostas e romper as<br />

carapaças do caranguejo e lagostas os mantiveram ocupados e a conversa<br />

fluiu a pequenos bate-papos enquanto os três ingeriam a comida. No<br />

momento em que terminaram e se sentaram ali satisfeitos, estava muito<br />

tarde. A maioria dos vendedores estava começando a guardar e fechar.<br />

— Assim, é um fim de semana de três dias para ti, correto? —<br />

Perguntou Leo enquanto caminhava com uma bandeja vazia até uma lixeira<br />

próxima.<br />

— Dia de Colombo na segunda-feira?<br />

Sarah assentiu, empilhava seus guardanapos sujos na bandeja que<br />

Angel sustentava para ela.<br />

— Algum plano?<br />

Angel olhou para Leo, que reuniu o resto do lixo sobre a mesa e<br />

começou a se afastar para a lixeira de novo.<br />

— Não — Disse Sarah. — Tenho um ensaio no qual preciso trabalhar.<br />

Possivelmente passe um tempo com minha prima — Virou para Angel — Oh<br />

espera. Valéria estará fora da cidade este fim de semana também. Esqueci<br />

do Havasu.


Leo se deteve repentinamente para olhá-la<br />

— Sua prima vai ao Havasu pelo fim de semana? Vai para a coisa do<br />

Oktoberfest no London Bridge?<br />

— Sim. — Sorriu Sarah. — Acredito que isso é o que disse.<br />

— Por que não vai também? — Leo olhou para Angel por um momento,<br />

mas rapidamente devolveu o olhar para Sarah. — Estive ali algumas vezes<br />

para isso. Sempre se passa um bom momento lá.<br />

Sarah enrugou seu nariz.<br />

— Esse tipo de coisas não é para mim. Me imagino como uma coisa<br />

tipo de férias da primavera onde todos ficam loucos. Muita bebida e garotas<br />

ficando loucas — Riu brandamente, enganchando seu braço dentro do de<br />

Angel — Não é meu estilo, não sem Angel de todos os modos — Virou para<br />

Angel e sorriu. Esses formosos olhos brilhando uma vez mais. Não só era<br />

bonita, sabia sempre exatamente o que dizer no momento em que<br />

precisasse ser dito. — Prefiro ficar em casa com um bom livro.<br />

Esperando um minuto, Leo parecia refletir algo antes de continuar<br />

caminhando com sua bandeja para a lixeira. Angel tinha a sensação de que<br />

queria dizer algo mais, mas não o fez.<br />

Apesar de ter que suportar Leo abraçando Sarah outra vez quando<br />

disse adeus, Angel estava feliz de que a noite finalmente estivesse<br />

terminada e a primeira reunião oficial de Sarah com seu irmão acabou.<br />

Angel não podia dizer que tinha ido mal, mas não podia dizer que sua<br />

desconfiança a respeito de Leo estava completamente apagada. O fato que<br />

seu pai somente apareceu e desapareceu ainda não o convencia. Apesar de<br />

que, de maneira nenhuma falaria para Sarah tentar contato novamente,<br />

ainda era uma bandeira vermelha.


Chegaram a seu apartamento e Angel podia ver a luz da televisão<br />

piscando no interior, assim sabia que sua mãe ainda estava acordada.<br />

Sarah rodeou o carro e ele se recostou nele, atraindo para si com uma mão<br />

ao redor de sua cintura e afastando uma mecha de cabelo atrás de sua<br />

orelha com a outra.<br />

— Assim, o que acha? — Perguntou, inclinando sua cabeça para o<br />

lado.<br />

— Acredito que deu uma muito boa primeira impressão — Sorriu,<br />

olhando-a nos olhos. — Inclusive Alex acha que ele é genial.<br />

Sua expressão repentinamente foi de sorridente a uma de adorável<br />

confusão.<br />

— Só estava pensando em algo. Se Romero não sabia que tinha um<br />

irmão, como sabia quem era Leo?<br />

Angel riu entre dentes, a beijando.<br />

— Ele me enviou uma mensagem quando estava no banheiro para me<br />

dizer que você estava muito íntima com um cara. Tive que explicar quem<br />

era Leo antes que fosse para lá e ficasse todo Romero com Leo.<br />

A boca de Sarah caiu aberta ligeiramente e logo sorriu.<br />

— Ah, está bem. Sem problema — Logo franziu a testa. — De verdade<br />

ele pensa que faria isso? Escapar e ficar com outro cara? — Antes que Angel<br />

pudesse responder a isso, sorriu divertidamente. — Quero dizer, se alguma<br />

vez o fizesse, certamente não o faria em um lugar público onde sei que você<br />

e seus amigos frequentam.<br />

Angel apertou sua mão freando sua irritação até que ela riu:<br />

— Não é engraçado — Disse, mas logo adicionou em caso que ela<br />

estivesse ofendida. — Conhece Romero. Está preparado para saltar ao


primeiro sinal de drama. Sempre foi assim. Chuta traseiros primeiro,<br />

pergunta depois.<br />

Ela levantou ligeiramente uma sobrancelha, mas seu lábio se curvou,<br />

assim pôde ver que não estava tão ofendida.<br />

— Bom, fico feliz que você e Alex tenham um bom amigo que vela por<br />

vocês, mas a gente pensaria que depois de todo este tempo, ele saberia que<br />

as coisas são um pouco diferentes para você e para mim do que são para<br />

Valéria e Alex.<br />

— Ele sabe — Disse Angel, a abraçando fortemente, sabendo que ela<br />

tinha que ir. — Sabe disso. Esse é somente Romero. Mas me enviou uma<br />

mensagem antes de fazer algo, algo que tenho certeza de que não faria se<br />

fosse Valéria — Afastou e sorriu encolhendo os ombros. — Aí está a<br />

diferença. Eu acho — Riu. Logo o tom de seu sorriso sumiu um pouco.<br />

— Tem tudo preparado e empacotado para o Havaí?<br />

Angel assentiu, mas não disse nada. Se deu conta, que esta seria a<br />

primeira vez em um longo tempo que estaria longe de Sarah por mais de<br />

uma noite só como todos seus outros jogos fora da cidade.<br />

— Está animado? — Seus olhos brilharam um pouco no que podia<br />

assumir como uma tentativa de parecer animada por ele.<br />

Outra vez não disse nada, mas negou.<br />

— Por quê? — Pergunto confusa. — Estamos falando do Havaí! Será<br />

emocionante!<br />

Levantando lentamente uma sobrancelha, Angel a observou.<br />

— Você estaria realmente animada? Inclusive, se fosse sem mim?<br />

Seu grande sorriso se desvaneceu e fez uma careta.<br />

— Provavelmente não, mas deveria tentar tirar o melhor disso.


— Tentarei — Disse, a beijando brandamente.<br />

— Só sei que não importa com tudo o que veja ou faça lá. Estarei<br />

desejando que estivesse com você.<br />

— Também é um grande jogo — Disse ela.<br />

— Sim — assentiu. — E é o que mais estou esperando, não o voo de<br />

cinco horas de ida e volta. Não estar em uma afastada e incrível ilha<br />

romântica... com meu irmão.<br />

Sarah riu.<br />

— Bom, tenho certeza que ele vai fazer a maior parte da ilha<br />

romântica. — Isso fez que a testa de Angel franzisse.<br />

— Isso não é nem aqui nem lá, Sarah. Sabe que tudo o que estarei<br />

pensando é a respeito de você todo o tempo.<br />

Reitero essa última declaração de maneira não verbal, usando seus<br />

lábios por alguns minutos antes de finalmente a deixar ir. Amanhã era seu<br />

último dia aqui e logo iria para um fim de semana longo. Estava feliz que<br />

deixaram fora em seu caminho o primeiro encontro com Leo e foi bastante<br />

singelo. Já começava a se sentir um pouco melhor a respeito de todo o<br />

assunto.


CAPÍTULO<br />

TREZE<br />

— Tem certeza? — Perguntou Valéria a Sarah pela terceira vez.<br />

Sarah assentiu enquanto caminhavam de volta ao seu estacionamento<br />

da universidade onde os ônibus estavam levando a equipe ao aeroporto.<br />

Para sua surpresa, Valéria, apareceu para se despedir de Alex da maneira<br />

que Sarah fazia com Angel. Valéria e Alex estavam tendo uma de suas<br />

semanas amigáveis juntos, mas tinha certeza que Valéria não estava<br />

alimentando suas esperanças de que não escutaria nenhum rumor de como<br />

ou com quem ele estaria no Havaí neste fim de semana. Esta era a razão<br />

pela qual ainda tinha planos para ir ao Havasu para o fim de semana e<br />

estava tentando convencer Sarah ir com ela.<br />

Sarah estava tão agradecida de não ter que se preocupar com esse tipo<br />

de coisa com Angel. Nunca admitiria, mas uma pequena parte se<br />

preocupava em escutar alguma coisa. Mesmo que fosse apenas Dana<br />

tentando atrapalhar sua relação com Angel. Ela sempre tentava fazer<br />

alguma coisa irritante, isso ainda a incomodaria mesmo sem querer dar<br />

esse prazer para Dana. Ainda, haviam as outras animadoras, que também<br />

estariam no Havaí esta semana. Algumas delas tentaram várias vezes<br />

seduzir Angel. Afastando os pensamentos inquietantes, virou de novo para<br />

Valéria.


— Tenho um trabalho que realmente preciso fazer — recordou Sarah.<br />

Se tratasse de qualquer outra pessoa, também poderia acrescentar que não<br />

ia para não deixar Angel chateado. Quando mencionou o convite de Valéria,<br />

Angel não disse que não se importava que fosse, mas também não disse que<br />

estava de acordo. Além disso, o conhecia muito bem. Todos sabiam que<br />

seria uma grande festa de universitários bêbados e foi honesta quando<br />

disse a Leo que esse tipo de coisa não era para ela, se Angel não fosse junto.<br />

Mas se dissesse isso para sua prima, se sentiria esfregando no seu nariz o<br />

fato de que Alex e Valéria têm o mesmo que ela e Angel. Então, deu a<br />

desculpa de que tinha trabalhos para escrever, o que não era uma mentira.<br />

Depois de se separar de Valéria, Sarah foi à praia onde se encontrou<br />

com Sofie para correr. Correram alguns quilômetros e depois pararam no<br />

final do cais e beberam um pouco de água. Se inclinado sobre um lado e<br />

recuperando a respiração. Levantou os olhos e viu Sofie perdida em seus<br />

pensamentos.<br />

Sarah olhou na direção em que Sofie estava olhando e observou um<br />

enorme casco de navio de guerra. No início daquele verão, Sofie e Eric<br />

terminaram pouco depois que Sofie permitiu que um antigo vizinho a<br />

beijasse, um bonito infante da marinha americana que retornou para casa<br />

de licença. Apesar de ela e Eric superarem e arrumarem as coisas depois,<br />

Sarah sabia que Sofie ainda lutava com a culpa. Sofie confessou a Sarah<br />

que se sentia confusa no momento em que ocorreu, porque nunca imaginou<br />

ferir Eric. Sarah se perguntou se Sofie poderia estar pensando nisso agora.<br />

— Tudo está bem entre você e Eric? — Perguntou Sarah, tomando<br />

outro gole de sua água.<br />

Sofie saiu de seu estupor e olhou para Sarah com uma inclinação de<br />

cabeça.


— Sim — Disse, mas não foi muito convincente. — Estamos bem. É só<br />

que... — Respirou fundo e olhou para outro lado.<br />

— Só que, o que? — Perguntou Sarah.<br />

Sarah sabia que era provavelmente a única que Sofie compartilhou<br />

detalhes íntimos do que realmente aconteceu com esse beijo. Estava<br />

bastante segura de que Sofie não falou com ninguém mais a respeito disto.<br />

— Simplesmente não consigo me livrar da culpa — Disse Sofia,<br />

respirando profundamente. — Continuo me perguntando por que fiz isso.<br />

Por que permiti que me beijasse quando amo tanto Eric? Por que escolheria<br />

ferir e possivelmente perder Eric assim? A única coisa que posso pensar é<br />

que nem me dava conta, mas suponho que meu corpo... meu coração<br />

estava curioso e inclusive entusiasmado por algo diferente, embora fosse<br />

uma só vez — virou para Sarah com uma expressão solene. — Nunca direi<br />

nada a Angel. Prometo. Isto ficará completamente entre você e eu, mas,<br />

alguma vez você já se sentiu assim? Você e Angel estão juntos há anos e ele<br />

é praticamente seu primeiro amor, seu primeiro tudo, certo?<br />

Assentindo, Sarah confirmou que Angel era seu primeiro tudo. No que<br />

ela se referia, os poucos beijos, ou inclusive as poucas vezes que ela teve<br />

um caso com alguém mais antes dele, eram insignificantes em comparação<br />

com o que tinha com Angel. Certamente nunca sentiu esse tipo de emoção<br />

que só Angel era capaz de fazê-la sentir.<br />

— Então, alguma vez teve outra experiência com outros meninos?<br />

— Não, não tenho nada remotamente próximo ao que experimentei<br />

com Angel.<br />

— Está bem. — Disse Sofie. — Não estou tentando fazer me sentir<br />

melhor aqui nem nada. Só estou tentando entender como deixei isso<br />

acontecer. Você acha que alguma vez teria um momento de paixão com


alguém mais? Inclusive por curiosidade? — Sofie levantou as sobrancelhas<br />

de uma maneira esperançosa. — Ainda mais, se o cara for extremamente<br />

atraente e seja apenas um beijo inocente?<br />

Sarah deu um olhar de cumplicidade.<br />

— Em primeiro lugar, você e eu sabemos que sem importar quais<br />

sejam as circunstâncias, eu dando um beijo em outro menino nunca seria<br />

considerado inocente por seu irmão. — Sorriu para tentar aliviar a culpa<br />

óbvia de Sofia. — As coisas são diferentes com Angel e comigo, Sof. Você e<br />

Eric estavam praticamente apaixonados desde que eram crianças. Seu<br />

coração nunca teve a oportunidade de considerar a possibilidade de que<br />

alguém mais poderia te entusiasmar. Não só é diferente para mim e para<br />

Angel, mas estraguei tudo no começo e isso nos colocou em uma situação<br />

estranha. Já sei o que ele sente, eu o feri mesmo sem intenção. Vi a mágoa<br />

e a dor pelo que o fiz passar e como você, Sof, nunca faria isso outra vez.<br />

Somos humanos. Cometemos enganos. Minha mãe sempre diz: "Uma vida<br />

sem erro é uma vida sem experiências". Sem estas experiências, Sof, talvez<br />

sua curiosidade se manifestasse um pouco ainda mais forte, algo que seria<br />

muito mais destrutivo para sua relação. Fique feliz de que foi apenas um<br />

beijo inofensivo, o que te deu uma ideia de como seria perdê-lo. Pare de se<br />

culpar. Contanto que tenha aprendido isso e Eric tenha te perdoado, deixe<br />

ir.<br />

Sorrindo, deu um tapinha no ombro de Sofia. Sarah sabia de primeira<br />

mão tudo sobre a culpabilidade. Apesar de nunca querer magoar Angel da<br />

forma que o fez há anos, ainda se sentia horrível. Durante muito tempo, foi<br />

perseguida pela dor em seus olhos daquela horrível noite em que a verdade<br />

sobre Sydney apareceu da pior maneira imaginável. Como Sofie, também<br />

conhecia muito bem a dor de quase perder o homem que amava. Foram<br />

poucas semanas, mas foram as semanas em que mais sofreu na vida.


No momento em que terminaram de falar, Sofie disse que se sentia<br />

melhor. Terminaram de correr e Sarah foi para casa. Seu telefone tocou<br />

quando entrava no estacionamento de seu apartamento. Respondeu com<br />

um sorriso.<br />

— Olá, Syd.<br />

— Simplesmente estava pensando em você — Disse ele, esmagando<br />

algo.<br />

— Verdade, por quê?<br />

— Estava trocando os canais e vi alguns dos destaques dos jogos<br />

universitários de amanhã. Mencionaram o jogo de San Diego-Havaí. Isso me<br />

fez pensar nessas imagens de Dana e Angel. — Ela ficou em silêncio por um<br />

momento. — Sei que disse que não te incomodava, mas vamos lá, Sarah,<br />

sou eu aqui. Não teria nem mencionado se elas não o fizessem. Só queria<br />

ver como está lidando com isso. Ele foi, certo?<br />

— Sim, foi esta manhã — Disse Sarah, indo para a porta principal.<br />

Sua mãe estava no chão fazendo ioga em frente à televisão. Nem abriu os<br />

olhos e Sarah sabia que tinha que ficar em silêncio. — Espere — sussurrou<br />

e correu para seu quarto. Depois de explicar sobre a ioga de sua mãe,<br />

respondeu a seus comentários. — Na verdade, não me incomoda. Sei que<br />

posso confiar em Angel. É nela em que não confio e então, não posso evitar<br />

de me perguntar se quaisquer dessas outras cadelas da equipe que ainda<br />

paqueram ele descaradamente, tentarão algo ardiloso neste fim de semana.<br />

Simplesmente não quero voltar para aquela universidade de merda com<br />

todos os rumores.<br />

— Então não escute nada disso. Quero dizer, inferno, como poderia<br />

saber, sem procurar? Simplesmente não procure.


— Não vou — explicou. — Mas Valéria sempre parece encontrar essas<br />

coisas.<br />

Deixou de fora que sabia por quê. Valéria procurava coisas sobre Alex<br />

e acabava encontrado essas coisas sobre Angel. Sarah sabia que seria fácil<br />

pedir a sua prima para não contar sobre as coisas que ler sobre Dana e<br />

suas fotos, mas em seu coração, Sarah não queria baixar a guarda. Assim,<br />

enquanto não estivesse farejando nada, se Valéria encontrasse algo, queria<br />

saber o que era.<br />

Para surpresa dela, Sydney mudou de assunto abruptamente.<br />

— Então, esse cara, Leonardo, que comentou tantas fotos suas no<br />

Facebook hoje, é o Leo?<br />

— O quê? — Perguntou confusa. Além de seu irmão, não recordava de<br />

ter nenhum amigo no Facebook chamado Leonardo.<br />

— Não, Leonardo não tem Facebook.<br />

— Ortiz, certo?<br />

— Sim, é ele. — Disse, sentando e abrindo seu laptop. — Ele comentou<br />

minhas fotos? Disse que não gostava muito das redes sociais.<br />

— Bom, seu perfil parece bastante recente, apenas alguns amigos e<br />

quase nenhuma foto. Não tinha certeza se era ele, porque as fotos que tem<br />

são de logotipos de equipes de futebol, automóveis e algumas fotos de um<br />

lago distante, nada dele em primeiro plano, assim não tinha certeza. Só<br />

notei porque comentou em algumas que estou marcado, então recebi a<br />

notificação.<br />

Sarah acessou sua conta. Tinha um montão de notificações e uma<br />

solicitação de amizade de Leonardo Ortiz. Aceitou sem pensar e então, foi<br />

olhar seus comentários. Eram muitos.


— Hmm, deve ter acabado de fazer. De certo modo, ri dele por ser<br />

antiquado e não ter um.<br />

Sydney ficou calado por um momento, enquanto ela continuava<br />

pressionando as teclas em seu laptop. Chegou ao primeiro comentário, que<br />

estava em uma foto dela, correndo pela linha de chegada de uma corrida de<br />

revezamento que ganhou no ano passado.<br />

Seu comentário era "Superstar! Eu adoro! Tanto orgulho!". Para<br />

muitas de suas fotos de perfil ou fotos dela sozinha, comentou apenas com<br />

uma palavra: "Linda".<br />

Então, estavam essas dela e Sydney no ensino médio, fazia muito<br />

tempo, quando ela estava participando do Flagstaff. Em uma delas, Sydney<br />

e ela estavam parados na linha lateral em uma de suas reuniões de<br />

atletismo e Syd tinha seu braço ao redor dela. O título dizia: "Sydney.<br />

Minha rocha". O comentário de Leo era: "Preciso conhecer esse cara".<br />

Notavelmente, não comentou nenhuma das fotos dela e Angel,<br />

incluindo sua foto de perfil, onde ela estava encostando sua cabeça no peito<br />

de Angel e ele estava beijando sua testa. As fotos dela e Angel constituíam a<br />

maioria de suas fotos do Facebook, mas também tinha muitas nas que saía<br />

com Valéria, sua mãe e a família de Angel.<br />

Havia uma foto dela e Sydney, também daqueles tempos antes da<br />

mudança para a Califórnia. Estavam sentados em um tronco de carvalho<br />

gigante que havia no quintal de Sydney, saudando sua mãe, que tirou a<br />

foto. O título dizia: "Meu irmão favorito" com uma carinha piscando os olhos<br />

depois disso. Era uma foto que Sarah publicou há muitos anos, junto com o<br />

título tolo. A carinha piscando os olhos, porque obviamente Sydney era a<br />

única pessoa que podia ser um irmão para ela. O comentário de Leonardo<br />

nessa foto era "Umm, não".


Depois de clicar em alguns comentários semelhantes ou corações que<br />

comentou em suas fotos sozinha, ela viu o comentário que ele fez em uma<br />

foto de Angel e ela. Tiraram há mais de um ano. Era um selfie que tiraram<br />

deitados no sofá dos pais dele. Ela se lembrava de Angel segurando o<br />

telefone no alto enquanto ela pressionava um lençol contra seu peito,<br />

obviamente não mostrava muita coisa. Não era indecente e ambos estavam<br />

muito felizes. Era um fim de semana pouco comum e tinham a casa só para<br />

eles e o título dizia "Brincando em casa neste belo dia de chuva".<br />

O comentário de Leo era: "Concordo com sua mãe”<br />

Confusa, Sarah pensou nisso por um momento. Sua mãe? Clicou nos<br />

comentários anteriores e para seu horror, viu o comentário que sua mãe<br />

deixou há quase um ano também.<br />

"Sarah Lynn, espero que esse não seja meu sofá! Realmente penso que<br />

não deveriam estar publicando fotos como esta. Sim, espero que continue<br />

no controle de natalidade".<br />

Tinha vários "curtiu", incluindo vários comentários “LOL". Valéria<br />

inclusive compartilhou a publicação com o comentário "porque os pais não<br />

deveriam ser permitidos no Facebook". Sarah sentiu seu rosto ruborizar.<br />

Não podia acreditar que não viu isso.<br />

Sydney finalmente voltou a falar:<br />

— Lynn?<br />

Inclusive segurando o telefone contra sua orelha, quase esqueceu que<br />

Sydney continuava na outra linha.<br />

— Sim — Disse, sacudindo seu rosto ainda quente e se sentindo tola,<br />

sem mencionar a grosseria. Ficou tão presa nos comentários de Leonardo<br />

que ficou sem lembrar de Sydney todo esse tempo. — Estou aqui. Sinto<br />

muito. Estava apenas olhando os comentários.


— É ele?<br />

— Sim, é ele — Disse, sem adicionar nada mais.<br />

— Tem bolas, não?<br />

— Mm — Disse. — Bem, eu brinquei com ele por não ter uma página<br />

no Facebook, então acredito que esta é sua maneira de tentar ficar em dia<br />

rapidamente.<br />

Não sabia por que estava tentando justificar as ações de Leonardo.<br />

Simplesmente se sentia tão bem depois de conhecê-lo e de contar a Sydney<br />

a respeito, que talvez, sua relação com seu irmão finalmente começaria a<br />

ser como algo normal. Inclusive, sua mãe parecia satisfeita quando Sarah<br />

contou como foram as coisas. Não queria que a falta de criatividade de<br />

Leonardo, ou sua "abundância de bolas", ao comentar suas fotos arruinasse<br />

a confiança que Angel e Sydney estavam começando a ter.<br />

— Sim, mas...<br />

— As redes sociais são aparentemente novas para ele — Disse Sarah,<br />

um pouco arrogante, então suavizou o tom. — Obviamente não conhece as<br />

normas de etiqueta. Talvez nem saiba que todo mundo pode ver seus<br />

comentários, ou algo assim.<br />

Está bem, talvez isso fosse um pouco forçado, mas não seria inédito.<br />

Sua mãe era o exemplo perfeito e Valéria tinha razão. Deus sabe que se<br />

arrependia de ter criado uma página do Facebook para sua mãe no ano<br />

passado. Sarah agora removeria esse comentário, um que obviamente pulou<br />

quando estava fazendo uma limpeza no ano passado. A mulher comentou<br />

cada uma de suas fotos. Inclusive, tinha algo a dizer sobre as piadas<br />

internas que Sarah publicava em seu status.<br />

Sydney ficou calado por um momento e ela desejou não conhecê-lo tão<br />

bem, porque sabia que ele não acreditava.


— Está bem — admitiu, enquanto excluía o comentário de sua mãe e<br />

passava por suas fotos para ver se tinha algum outro comentário<br />

embaraçoso de sua mãe. — Talvez devesse dar uma lição rápida e suja do<br />

que se faz e não se faz nas redes sociais, como tenho que fazer com minha<br />

mãe. O que comentou não estava tão mal. — Disse, inclusive enquanto<br />

escondia alguns dos comentários de "linda" que Leo postou e esse, que<br />

estava de acordo com sua mãe.<br />

Angel nem entenderia este ponto, uma vez que ela excluiu o<br />

comentário de sua mãe. E inclusive se o notasse, o que era muito<br />

improvável, Angel não era um grande fanático do Facebook. Por mais que<br />

tivesse zombado de Leonardo, Angel era igualmente ruim nas redes sociais.<br />

Mas pelo menos, Angel tem uma conta há mais de um ano. Simplesmente<br />

não a usava muito. Entretanto, queria evitar um conflito desnecessário.<br />

Nesse momento uma mensagem instantânea saltou em sua tela.<br />

Leonardo: Eu gostaria que nós tivéssemos tirado fotos. Poderia ter adicionado<br />

na minha página do Facebook. A próxima vez que te ver, temos que tirar<br />

algumas.<br />

Merda!<br />

Seria como sua mãe. A coisa era, mesmo que Angel não olhasse seu<br />

Facebook frequentemente, muitas vezes, ela deixava sua página aberta em<br />

seu computador quando Angel estava perto. Não tinha nada para esconder<br />

e ainda não tinha, exceto possivelmente alguns inocentes comentários que<br />

poderiam ser interpretados como inapropriados. Não querendo começar<br />

com maus hábitos e tendo Leonardo pensando que teria que responder<br />

suas mensagens do Facebook imediatamente, decidiu que não o faria até<br />

mais tarde essa noite.


Sydney estava de acordo que devia dar um aviso, a respeito de como<br />

qualquer um poderia ver o que comentou e que as pessoas marcadas<br />

automaticamente recebem uma notificação, que era uma boa ideia.<br />

Ela e Sydney falaram por outra meia hora, com Sydney falando a<br />

respeito de sua nova companheira de quarto, seu trabalho e algumas das<br />

outras pessoas que conheceu até agora em Los Angeles. Sarah estava feliz,<br />

mas não surpresa de que Sydney se virasse tão bem. O que surpreendia era<br />

o término com Carina, que realmente foi definitivo. Não perguntou há um<br />

tempo, então decidiu fazer agora.<br />

— Sydney, então, as coisas estão terminadas de verdade entre Carina<br />

e você? Nem conversaram ou enviou alguma mensagem?<br />

— Nop — Disse Sydney friamente. — Liguei uma vez, porque soube<br />

que ela trancou um semestre. Estava preocupado. Me assegurou que estava<br />

bem, que precisava apenas ter uma pausa de tudo, então deixaria o<br />

semestre livre, mas que voltaria em janeiro.<br />

Sarah não podia nem imaginar a angústia que Carina deveria estar<br />

sentindo. Bem, podia. Viveu essa realidade quando terminou com Angel,<br />

mas eles estavam juntos há menos de seis meses na época. Depois de todos<br />

esses anos juntos, estaria devastada se terminassem.<br />

— E de qualquer maneira, me diria a verdade se estivesse chateado a<br />

respeito disto, certo? Tudo bem em sentir saudades, sabe. Estiveram juntos<br />

por um longo tempo.<br />

— Tenho saudades, Lynn — Disse para sua surpresa. — Tenho muita<br />

saudade. Mas não saudades das discussões. A constante tensão e o<br />

estresse de todas as brigas. Sério, mesmo com saudade, estou muito mais<br />

em paz agora. Estou bem; não se preocupe.


Depois de desligar, tomou uma ducha e ficou trabalhando em seus<br />

ensaios por um tempo. Estava feliz que depois de algumas horas, conseguiu<br />

um avanço. Seu telefone tocou enquanto ia para a cozinha.<br />

— É claro — murmurou, voltando para seu quarto. Pegou bem a<br />

tempo e estava aliviada que fosse Angel. — Olá, baby — Disse com um<br />

grande sorriso voltando para a cozinha.<br />

Era uma coisa estranha. Em um dia qualquer, quando ele não estava<br />

ao redor, porque estava no trabalho ou treinando ou qualquer momento que<br />

não o via o dia todo, não se sentia tão mal. Agora, sabendo que estava<br />

muito longe e estaria por dias, sentia saudades depois de apenas algumas<br />

horas.<br />

— Olá — Disse e podia escutar muitas vozes no fundo. — Acabamos<br />

de chegar ao hotel e agora estamos pelos arredores esperando nossos<br />

quartos e chaves. Havaí não é o que esperava.<br />

— Por quê?<br />

Explicou que seu hotel estava no centro de Waikiki, o que não era<br />

muito turístico e nem tão próximo a praia como imaginaram. Havia<br />

multidões, altos preços e muito trânsito. Angel estava esperando isoladas<br />

praias e árvores de palmeira.<br />

— Acredito que essas sejam as ilhas menos concorridas, baby. Escutei<br />

que Maui é linda.<br />

— Bem, quando te trouxer aqui é pra lá que vamos. — Disse. Ficaram<br />

conversando por um momento mais até que disse que conseguiu a chave do<br />

quarto e iria desfazer as malas e descansar um pouco. — Alguns vão fazer<br />

um pouco de turismo e possivelmente passar um momento na praia e<br />

então, conseguir algo para comer e retornar. Devemos nos levantar cedo<br />

amanhã de manhã. O jogo não começa até a tarde — explicou. — O


treinador nos quer na universidade às oito para fazer um pouco de<br />

alongamentos e aquecimentos antes de colocarmos os uniformes, então o<br />

ônibus estará aqui às sete — Fez uma pausa por um segundo. — Deus,<br />

queria que você estivesse aqui.<br />

Não podia deixar de sorrir e se sentir toda quente e confortável, o<br />

incentivou a aproveitar a viagem, apesar de esperar internamente que não<br />

aproveitasse muito. Disse que voltaria a ligar quando fosse para cama. Sua<br />

mãe escutou o final da conversa quando estava desligando.<br />

— Como é o Havaí? — Perguntou sua mãe, abrindo o refrigerador que<br />

Sarah acabara de fechar.<br />

— Diferente do que esperava — explicou o que Angel descreveu.<br />

— Sonho típico da grande cidade — Disse sua mãe, tirando as<br />

salsichas e maionese. — E vai sair esta noite?<br />

Sarah se virou para olhar sua mãe, um pouco irritada.<br />

— Não — Disse, falhando na intenção de não soar na defensiva. Sabia<br />

que sua mãe adorava Angel, mas nunca esqueceu uma conversa a respeito<br />

de Sydney e Angel, que tiveram apenas alguns meses depois que saiu da<br />

prisão, então continuou: — Ele e alguns outros jogadores só irão fazer um<br />

pouco de turismo e em seguida, pegar algo para comer — virou para sua<br />

mãe, que estava fazendo um sanduiche agora, sem ter certeza se estava<br />

evitando olhá-la de propósito. — Disse para aproveitar — adicionou de bom<br />

agrado apenas para demonstrar que não estava preocupada com o que<br />

estiver fazendo esta noite ou o resto do fim de semana.<br />

Sua mãe finalmente a olhou e sorriu.<br />

— Escutei casualmente algo esta manhã quando estavam falando<br />

sobre o jogo de amanhã. Acredito que é um jogo importante.


Sarah exalou feliz de que sua mãe mudasse o tema de Angel saindo,<br />

para o jogo. Falou com ela um pouco mais antes de voltar ao seu quarto<br />

para terminar seu ensaio. Se sentindo um pouco culpada pela maneira que<br />

falou com sua mãe depois do simples comentário, pensou em como ficou<br />

chocada depois que sua mãe saiu da prisão e fez outra confissão.<br />

Ela sentou com Sarah e admitiu que se sentia terrivelmente culpada<br />

de tê-la separado de Sydney. Disse que vê-los juntos enquanto cresciam<br />

mais e mais próximos, tinha certeza de que Sarah terminaria com Sydney.<br />

Era o porquê de ter recusado a deixar Sarah ficar com ele e sua família<br />

enquanto estava na prisão. Tinha medo de Sarah repetir o ciclo e engravidar<br />

no tempo que estivesse presa. Claramente, sua mãe estava equivocada a<br />

respeito do tipo de amor que Sarah tinha por Sydney. Mais de uma vez<br />

perguntou a Sarah se tinha certeza que não estava apaixonada por Sydney<br />

e possivelmente cometendo um engano que mais tarde lamentaria ao ficar<br />

com Angel.<br />

Quando Sarah disse a sua mãe a respeito de Sydney terminando com<br />

Carina e o porquê, sua mãe não parecia surpresa, mas não disse o que<br />

obviamente estava pensando. A mesma coisa que Angel pensou, que Sydney<br />

estava e sempre esteve apaixonado por ela. Esta era a única coisa que<br />

Sarah nunca compartilhou com ninguém.<br />

Nem com Angel.<br />

Nem com Valéria.<br />

E certamente não com Sydney.<br />

Por que não com Sydney? Seu melhor amigo com quem podia<br />

compartilhar tudo? Porque bem no íntimo, Sarah tinha medo de admitir<br />

que já se perguntou que sua mãe pudesse ter razão a respeito dos<br />

sentimentos de Sydney por ela.


Sarah nunca perguntaria porque conhecia Sydney. Se ele estivesse<br />

apaixonado por ela, ele nunca admitiria enquanto ela está com Angel. A não<br />

ser que perguntasse francamente. E se esse fosse o caso, Sarah não saberia<br />

como ficariam as coisas entre eles, especialmente depois que jurou nunca<br />

manter segredo de algo assim de Angel. Então, há muito tempo, decidiu que<br />

nunca perguntaria a Sydney.


CAPÍTULO<br />

QUATORZE<br />

As coisas foram de mal a pior em questão de horas. O hotel ofereceu<br />

alguns ônibus de cortesia para passear ao redor com alguns dos membros<br />

da equipe, ir ao centro de Waikiki e algumas das atrações turísticas<br />

próximas. Alguns dos meninos começaram a falar de uma festa em um dos<br />

hotéis próximos. O motorista foi legal com eles, passeando por ali, mas<br />

advertiu que não podia esperar muito. Angel já disse a Alex que estava fora.<br />

Não tinha nenhuma intenção de ir à festa esta noite, especialmente sabendo<br />

o quão cedo tinham que acordar e que se alguém perdesse o ônibus<br />

amanhã, seria um inferno com seus treinadores. Angel não estava a ponto<br />

de ser um deles. Sabia que se um fodia, todos eles estariam pagando por<br />

isso, mas ele estaria condenado se fosse o único culpado. Foram<br />

devidamente advertidos na viagem de ônibus do aeroporto a seu hotel por<br />

seu treinador.<br />

— Não sejam idiotas! Vão conseguir algo para comer! Guardem toda<br />

sua energia para amanhã e coloquem seus traseiros na cama cedo. Se<br />

ganharem amanhã, terão amanhã e domingo de noite para celebrar. Mas<br />

esta noite, as luzes serão apagadas antes das dez horas.<br />

Angel estava ainda cansado pelo longo voo e acordaram tão cedo nessa<br />

manhã. Ir para o quarto, tomar uma ducha e falar com Sarah no telefone


seria ideal. Ao contrário, aqui estava, na festa do hotel, zangado consigo<br />

mesmo por não ter andando de volta para o hotel. Justo quando pensou<br />

que nada podia irrita-lo mais do que já estava, ouviu o mesmo chiado agudo<br />

que ouviu antes, só que esta vez, foi seguido por seu nome.<br />

— Angel!<br />

Logo que foi capaz de captar quem era que quase o derrubou, atirando<br />

seus braços ao redor de seu pescoço. Dana se afastou, chiando enquanto<br />

seus amigos estavam de pé ali dando grandes sorrisos e tirando fotos. Ela<br />

apertou de novo, mas ele aprendeu a lição há muito tempo. A sutileza não<br />

funcionava com Dana. Nem a cortesia.<br />

— Fora — Disse, a tirando de cima dele.<br />

Se ela estava envergonhada por sua recusa, fingiu que não, movendo<br />

seu chiado a Alex. Alex estava, como sempre, um pouco mais tranquilo<br />

quando se tratava deste tipo de merda. Angel praticamente podia sentir o<br />

calor aumentando em seus ombros e pescoço enquanto explicou que seus<br />

amigos e ela eram os anfitriões desta festa. Não só ia ter que explicar a<br />

Sarah que sua bunda idiota estava em uma festa de hotel, mas também,<br />

Dana era parte dela. Com todos os flashes das câmeras, sabia que as fotos<br />

estariam por aí também.<br />

Porra!<br />

Quando ela foi descaradamente se esfregando sobre Alex, Dana olhou<br />

para Angel, mordendo o lábio inferior provocativamente. Então, se virou<br />

para seus amigos e os apresentou a Angel e os outros caras. Tudo o que<br />

Angel podia pensar em fazer era uma corrida louca para fora dali e<br />

conseguir um telefone para falar com Sarah, assim poderia explicar antes<br />

que escutasse isto de qualquer outra pessoa.


Teve que esperar até depois que Alex se plantou com duas garotas em<br />

seu colo para ter sua atenção. Assim que a teve, ele fez sinal que estava<br />

fora. Alex franziu a testa, mas assentiu, indicando que o veria mais tarde.<br />

No corredor da porta, sentiu um puxão em sua mão e se virou justo quando<br />

Dana tentou segurar sua mão.<br />

Se sentindo além de zangado, Angel se deteve, puxando sua mão para<br />

trás e longe da dela. Não importava se era mal-educado ou não. Era Dana.<br />

Tinha que ser grosso para ela entender, como na escola secundária, que era<br />

como uma dor na bunda e aparentemente, as coisas não mudaram. Os<br />

olhos de Dana se abriram amplos como se não segurar sua mão fosse um<br />

choque para ela.<br />

— Só ia perguntar aonde você vai — Disse, sacudindo sua cabeça,<br />

confusa por sua reação. — Está louco?<br />

— Não, estou apenas...<br />

— Isto é porque abracei o seu irmão?<br />

— O quê? — Se não estivesse tão fodidamente irritado, poderia ter rido<br />

disso.<br />

— Espero que não pense que estava paquerando ele nem nada<br />

porque...<br />

— Dana, não me importa... — respirou profundamente antes de ficar<br />

muito histérico. — Não me importa o que faz com meu irmão nem ninguém,<br />

certo? Estou com pressa para sair daqui, porque estou ansioso para falar<br />

com Sarah — Simplesmente dizer em voz alta, o deixou mais ansioso. — Se<br />

lembra, certo? Minha namorada?<br />

A mudança em sua expressão foi imediata e Angel quase desejava que<br />

dissesse alguma coisa negativa a respeito de Sarah para que pudesse sair<br />

dali. Ele estava falando de forma agradável.


Uma forte comoção atraiu sua atenção e virou para ver uma briga e<br />

um monte de corpos sendo empurrados ao redor de onde Alex esteve, mas<br />

não viu Alex. Talvez fosse ele um dos caras que estava no meio de tudo isso.<br />

— Merda! — Murmurou, entrando na multidão. Não estava<br />

preocupado que Alex acabasse ferido, mas a última coisa que seu irmão<br />

precisava era terminar na cadeia na noite antes do jogo. Quando conseguiu<br />

chegar, havia coisas no caminho e tantos gritos que os seguranças<br />

chegaram.<br />

Alex não estava no confronto, mas era um dos caras tentando conter<br />

seu companheiro de equipe. Havia muita gritaria, mas pelo que Angel podia<br />

entender, uma das estúpidas amigas de Dana estava roçando totalmente<br />

sem vergonha em Alex e seus amigos e seu ex-namorado, um dos jogadores<br />

do Havaí, não viu isso com bons olhos. Discutiram, os empurrões<br />

começaram e indevidamente os punhos voaram.<br />

Quanto mais Angel pensava, inclusive quando chegou o segurança,<br />

mais ridículo era eles estarem aqui desde o início. Todos estavam de acordo<br />

em ir a uma festa onde os membros da equipe adversária com certeza<br />

estariam. Acrescente álcool à mistura e nenhum deles pensou que algo<br />

assim poderia acontecer? Quão estúpidos eram?<br />

Vendo que tinha uma chamada perdida de Sarah acrescentou mais<br />

frustração a sua enorme montanha. De algum jeito, Dana andou entre a<br />

multidão e ainda estava tentando falar com Angel, inclusive enquanto os<br />

policiais estavam prendendo às pessoas.<br />

— Tire uma foto comigo?<br />

— Não — Disse imediatamente, se afastando dela.<br />

— Só uma rápida — Disse ela. — Só quero...


— Sei o que quer — Disse Angel e virou para enfrenta-la. Sabia que<br />

usaria cada grama de controle nele para não se zangar com ela. Satisfeito<br />

que ainda fosse tão forte o barulho se inclinou em seu ouvido. — Não vou te<br />

mandar a merda, só porque não estamos na escola secundária, mas eu<br />

gostaria de pensar que amadureci um pouco. Mas me deixe te advertir,<br />

Dana. Sei o que está fazendo. É a mesma merda que fez na escola<br />

secundária. A diferença é que não tenho paciência agora. Se soubesse que<br />

estaria aqui, nunca teria vindo. — Ele viu lágrimas brotando de seus olhos<br />

e era de verdade. — Oh, pelo amor de Deus!<br />

Saiu irado e rezou para que a rainha do drama não viesse atrás dele.<br />

Por sorte, seria a única coisa boa que aconteceu essa noite. Mas a noite não<br />

terminou.<br />

Passava da meia-noite, ele e todos os outros idiotas que decidiram ir a<br />

essa estúpida festa estavam esperando que seu treinador os buscasse no<br />

lobby do hotel. Ou todos seriam levados à delegacia, como muitos que não<br />

eram jogadores de futebol, foram encarcerados ou foram liberados por seu<br />

treinador. Alex disse aos policiais que sabiam exatamente o que estavam<br />

fazendo. A viagem de volta ao hotel com seu furioso treinador seria pior que<br />

passar algumas horas na prisão. E levantar às sete? Esqueça.<br />

Provavelmente esperariam estar no ônibus às cinco a partir de agora.<br />

Amanhã ia ser um maldito longo dia.<br />

O treinador chegou com a testa franzida. Agradeceu aos policiais por<br />

não os prender e se desculpou com o pessoal do hotel.<br />

Surpreendentemente, mas ainda mais temível, o treinador mal disse uma<br />

palavra na volta a seus quartos do hotel. Outra surpresa foi que seu ônibus<br />

às sete da manhã ainda continuava de pé. Alex e Angel só podiam pensar<br />

que não os queria mais cansados do que já estavam para o jogo de amanhã,<br />

mas depois os golpeou com algo que doeu mais.


— Espero que esta noite tenha valido a pena — Olhou em volta,<br />

observando a cada um deles enquanto ficava de pé quando chegaram ao<br />

hotel. — Espero que tenham feito sexo esta noite, porque depois do jogo de<br />

amanhã, ganhando ou perdendo, vocês são meus. Não tomem banho. Não<br />

se dirijam ao ônibus. Peguem algo para comer da máquina de venda<br />

automática ou o que possam conseguir no estádio e então, se encontrem<br />

comigo no campo quando a multidão se for. Vamos fazer exercícios até que<br />

estejam todos vomitando seus malditos pulmões. Depois, no domingo de<br />

manhã, voltamos a fazer novamente. No domingo à tarde... de novo.<br />

Golpeou suas mãos contra o teto do ônibus, depois desceu. Todos os<br />

jogadores ficaram ali sentados, esperando ser dispensados, mas<br />

observaram enquanto o treinador entrava no hotel e não saía. O condutor<br />

ficou de pé e os enfrentou com uma expressão desaprovadora, mas<br />

compassiva.<br />

— Acredito que é melhor vocês irem para cama agora.<br />

Todos ficaram de pé com lentidão e saíram do ônibus com o rabo entre<br />

as pernas. Angel estava tão zangado que quase podia rugir, mas não tinha<br />

sentido. Todo este fim de semana estava fodido agora. Mas inclusive, ele<br />

estava feliz com os dois treinos de domingo. Nada disso era pior que ter que<br />

explicar esta noite a Sarah. Angel tinha que conseguir chegar a ela antes<br />

que alguém mais o fizesse. Entenderia que não teve outra opção quando<br />

todos os meninos no ônibus começaram a gritar "Festa! Festa! Festa!".<br />

Supunha que deveriam votar se eles iriam à festa ou se voltariam ao seu<br />

hotel. Então, quando chegaram, não pôde ficar sentado ali no ônibus e se<br />

recusando a ir à festa. De verdade, considerou ficar no ônibus e tirar um<br />

cochilo. Pensou que se os meninos levassem muito tempo, o motorista não<br />

os esperaria e seria levado de volta ao hotel. Isso foi até que os meninos<br />

começaram a incomodá-lo. Inclusive Alex disse para não ser um covarde.


Agora, era quase uma da madrugada, tentando entrar em seu<br />

Facebook usando seu telefone com a bateria a ponto de morrer e falhando<br />

miseravelmente. Nem podia lembrar quando foi a última vez que se<br />

conectou, tentar lembrar sua senha era inútil.<br />

— O que está fazendo? — Perguntou Alex quando saiu do banho, sem<br />

camiseta e preparado para ir para cama. — Não me diga que está ligando<br />

para Sarah. São duas horas de diferença, você sabe? Então é perto das três<br />

lá.<br />

Angel sabia. É por isso que não ligou ou mandou mensagem. Sua<br />

única esperança era essa, inclusive, se Dana e suas malditas amigas<br />

postaram idiotices, teria umas poucas horas antes de Sarah acordar para<br />

ver. Pelo que sabia, Dana não era amiga de Sarah no Facebook. Sua única<br />

preocupação agora era Valéria. Foi ela quem disse a Sarah toda a merda<br />

que Dana publicou antes e se visse as fotos de Alex, iria ficar com raiva.<br />

Diferente de Angel, Alex não tinha escrúpulos em se atirar às mulheres<br />

entusiasmadas por ele e posar corpo a corpo como o centro das atenções<br />

que gostava de ser.<br />

— Não estou tentando ligar — Disse Angel, tirando o carregador de sua<br />

bolsa. — Estava tentando ver meu Facebook, ver se por acaso já tem fotos<br />

da festa.<br />

— Oh sim — Alex riu entre dentes. — Sarah vai amar especialmente<br />

aquelas com a Dana se agarrando em você.<br />

— Empurrei ela — murmurou Angel, apertando a mandíbula,<br />

chateado que obviamente Alex não estivesse preocupado com Valéria vendo<br />

as fotos dele e essas outras garotas presas a ele e as outras em seu colo. —<br />

Não se preocupa que Valéria veja?


Levantou os olhos bem a tempo para ver o rosto de seu irmão<br />

endurecer.<br />

— Não faço perguntas sobre o que faz quando não estou perto.<br />

— O que isso significa? — Perguntou Angel. — Porque estou<br />

completamente seguro de que se incomoda muito quando ela está com<br />

outros caras.<br />

Alex não disse nada; só ficou na cama, se cobrindo com as mantas e<br />

encolhendo os ombros. Angel não o entendia. Nunca seria capaz de<br />

considerar a possibilidade de que Sarah saísse com outros caras quando ele<br />

não estava por perto e nem que ela paquerasse como Valéria. Assim não<br />

podia entender como seu irmão aceitava isso.<br />

— Não te incomoda que ela possa estar com alguém mais quando não<br />

está...?<br />

— Não pergunto, porque não quero saber, está bem? — Espetou Alex<br />

repentinamente, soando oficialmente tão irritado como Angel se sentia<br />

agitado. — Agora, apaga as luzes e coloca sua bunda na cama. Amanhã vai<br />

ser um dia bastante longo.<br />

A tela no telefone de Angel ficou negra e se sentou na cama. Sarah<br />

enviou uma mensagem há uma hora para dizer boa noite. Nem ligou como<br />

prometeu. Durante toda a maldita festa, repetiu que esperaria até estar na<br />

tranquilidade de seu quarto de hotel, de maneira nenhuma ia ligar da festa,<br />

mas nunca teve a oportunidade.<br />

Dando voltas por um tempo, Angel pensou em tudo que enfrentaria no<br />

dia seguinte: tentaria ligar para Sarah de manhã antes de tudo, o grande<br />

jogo e os exercícios até que vomitassem. Se perguntou se poderia dormir.


**********<br />

— Vamos!<br />

Toda a cama sacudiu violentamente quando os olhos de Angel se<br />

abriram. Alex chutou a cama enquanto passava correndo para o banheiro.<br />

— Perdemos a hora — Disse. — O ônibus sai em quinze minutos.<br />

Angel deu um salto da cama. Alex saiu correndo do banheiro e Angel<br />

entrou logo depois dele. Escovaram os dentes, agarraram suas coisas e<br />

saíram correndo do quarto. Nem esperaram o elevador. Como estavam no<br />

terceiro andar, desceram correndo as escadas. Não foi até chegar no saguão<br />

com o resto da equipe sonolenta que Angel se deu conta que deixou o<br />

telefone ligado no carregador na mesa de cabeceira.<br />

Apertando os dentes, virou para Alex.<br />

— Trouxe seu telefone?<br />

Alex apalpou o bolso de sua camisa e revistou a bolsa, franzindo a<br />

testa.<br />

— Deixei no quarto.<br />

Maldição!<br />

— Acha que tenho tempo para subir e procurar o meu?<br />

O treinador entrou no saguão, sustentando uma xicara de café em<br />

uma mão e uma prancheta na outra. Apontou à porta com a prancheta.<br />

— Suas bundas já deveriam estar no ônibus. Vamos.<br />

Todos o seguiram e Angel só podia imaginar o quanto teria que<br />

implorar a Sarah quando finalmente retornasse a seu quarto depois de não<br />

ligar para Sarah ontem à noite, para então, deixa-la sem notícias durante


todo o dia. Finalmente seria capaz de explicar sobre ontem à noite. Ela não<br />

era do tipo que o faria rastejar, mas tinha toda a intenção de fazer.<br />

A torrada que a mãe de Sarah preparou rapidamente essa manhã<br />

antes estava boa. Era exatamente como se lembrava de quando era criança.<br />

Apreciava uma das comidas favoritas de sua mãe, mas algo aconteceu. A<br />

única coisa que Sarah pensava era que esta não era a torrada que Angel<br />

preparou com tanto carinho e amor.<br />

Ainda tinha essa sensação desagradável em seu estômago também e<br />

não tinha nada a ver com isso. Enviou uma mensagem de boa noite para<br />

Angel na noite passada quando não teve notícias dele e estava preparada<br />

para ir dormir. Esperou uma hora, lendo na cama esperando ouvir seu<br />

telefone com uma mensagem dele, mas nada.<br />

Depois do café da manhã insatisfatório, voltou para seu quarto,<br />

determinada a não olhar seu telefone o dia todo. Tinha uma grande partida<br />

hoje e provavelmente havia um monte de coisas que o manteria ocupado a<br />

maior parte do dia.<br />

Seu coração deu um pequeno tombo quando viu a luz piscando em<br />

seu telefone de qualquer maneira. Olhou só para ver que era uma<br />

solicitação do FaceTime de Leonardo. Olhou a hora e viu que enviou fazia<br />

menos de cinco minutos. Já que seu laptop estava aberto, abriu e viu que<br />

estava conectado. Respondeu à solicitação e a tela apareceu mostrando<br />

através de seu telefone.<br />

— Olá! — Disse ela e então riu quando a cabeça dele sacudiu com<br />

surpresa.


— Olá, baby! — Disse, rindo e mantendo sua mão no peito. — Por um<br />

segundo, esqueci que liguei para alguém.<br />

Era a primeira vez que a chamava assim e embora fosse estranho, não<br />

sabia como responder a isso, então não o fez. No lugar disso, perguntou:<br />

— Qual o problema?<br />

— Está linda — Disse, sorrindo amplamente e não foi até quando se<br />

deu conta que estava com a camiseta do pijama e seu cabelo estava<br />

alvoroçado de ter levantado da cama não faz muito tempo.<br />

Penteou o cabelo um pouco e tentou dar uma resposta inteligente<br />

quando seu telefone apitou. Franziu a testa quando viu que era uma<br />

mensagem de Valéria.<br />

Tenho curiosidade. Qual é sua explicação? Porque não vou segurar<br />

minha respiração para ter notícias de Alex até que retorne. Se tiver sorte.<br />

Duvido que vá dar mais explicações e eu não perguntarei.<br />

Confusa, mas um pouco nervosa, porque ainda tinha essa má<br />

sensação em seu estômago, Sarah começou a responder. Não queria se<br />

meter no drama de Alex e Valéria, então respondeu com nada mais que com<br />

um sinal de interrogação.<br />

— É Angel? — Perguntou Leonardo.<br />

— Não — Balançou a cabeça, sorrindo e olhando de novo à tela. — É<br />

minha prima, Valéria.<br />

— A que ia ao Havasu este fim de semana? Já está lá? — Sarah<br />

pensou nisso. Boa pergunta. Valéria não disse quando ia.


lá.<br />

— Não sei. Não me disse, mas estou segura de que irá se já não estiver<br />

Só então o telefone tocou de novo, fazendo com que seu estômago se<br />

encolhesse um pouco.<br />

Não falou com Angel? Então não sabe sobre ontem à noite?<br />

Oh, Deus! Sarah franziu a testa. Fosse o que fosse, não ia deixar que<br />

Valéria contasse. Sarah sabia em seu coração que Angel jamais faria nada<br />

que a incomodasse. Mesmo assim, não podia evitar de se perguntar por que<br />

não teve nenhuma notícia dele ontem à noite e nem essa manhã.<br />

Respondeu com três palavras.<br />

Não e não.<br />

Ao invés de responder, Valéria estava ligando. Sarah perguntou a<br />

Leonardo se queria esperar ou se preferiria ligar mais tarde, mas tinha que<br />

aceitar a chamada. Ele optou por esperar, então respondeu ao telefone e se<br />

afastou da escrivaninha.<br />

— O que está acontecendo? — Perguntou com cautela, tentando não<br />

parecer preocupada.<br />

— Tudo bem, por isso ouça, toda a equipe está em uma merda<br />

profunda agora mesmo — começou Valéria sem cumprimentar. — Acho que<br />

tinham que deitar cedo ontem à noite, mas no lugar disso, todos decidiram<br />

ir a uma festa em um hotel preparado por alguém da equipe do Havaí. Em


primeiro lugar, o quão estúpido é isso? Como se não fosse haver uma briga<br />

inevitável?<br />

— Houve uma briga? — Perguntou Sarah, se sentindo alarmada.<br />

— É obvio! — Se zangou Valéria. — Não sei quem brigou nem nada. A<br />

única coisa que sei, é que chamaram à polícia e os meninos da equipe<br />

foram liberados pelo treinador para que não prendessem ninguém, mas<br />

você está pronta para isto?<br />

Sarah abraçou a si mesma.<br />

— O que?<br />

— A festa foi organizada por ninguém menos que Dana e suas<br />

estúpidas amigas e antes que pergunte, há fotos dela, Alex e Angel e um<br />

monte de outros caras da equipe no Facebook dela e de seus amigos, mas é<br />

claro, as dela e Angel foram as primeiras a aparecerem — Sarah podia ouvir<br />

o veneno nas palavras de Valéria, mas não podia culpá-la. Sarah começou a<br />

ficar um pouco irritada. Angel não se incomodou em ligar nem enviar uma<br />

mensagem ontem à noite.<br />

— Também há algumas fotos de Alex com duas putas no colo e parece<br />

estar se divertindo. Juro, Sarah... — Sua voz finalmente se rompeu e Sarah<br />

teve pena dela.<br />

Sarah nem viu as fotografias e já doía que Angel tivesse posado,<br />

sabendo bem o que pensava de Dana. Valéria viu as fotos de Alex com<br />

garotas em seu colo.<br />

— Valéria, querida... — começou.<br />

Ela ouviu Valéria inalar fortemente e limpou a garganta.<br />

— Não. Terminei Sarah. Provavelmente esteja por aí se atirando em<br />

uma dessas putas que tão alegremente abriu suas pernas para ele. Sabe o


que me disse ontem quando fui me despedir? — Fez uma pausa, mas não<br />

esperou que Sarah perguntasse. Já sabia o que Valéria ia falar. — Disse<br />

que já sentia minha falta e que queria que fosse com ele. Desde a festa de<br />

Max, foi um encanto. Acreditei de verdade. Sou tão estúpida — Sua voz se<br />

rompeu de novo, mas se conteve. — De qualquer maneira, ainda irei ao<br />

Havasu com Mônica. Ela está cuidando de seu irmão mais velho enquanto<br />

sua mãe dorme mais algumas horas. Ontem à noite trabalhou e seu irmão é<br />

autista. Não pode ficar sozinho, mas assim que sua mãe acordar, nós<br />

vamos. Você ainda vai ficar em casa com sua papelada?<br />

Um milhão de perguntas passavam pela cabeça de Sarah de uma vez.<br />

Por que Angel não ligou nem enviou nenhuma mensagem ontem à noite?<br />

Por que não ligou esta manhã? Havia fotos doentias dele e Dana ou de<br />

qualquer uma dessas putas? Sairia de novo com elas hoje e amanhã? Tudo<br />

se reduzia a uma coisa, a única que a acalmava: Angel não faria isso. O<br />

conhecia muito bem.<br />

Sabendo que Valéria estava a ponto de chorar e que não tinha como<br />

negar as fotos de Alex não com uma, mas com duas garotas em seu colo,<br />

não diria a Valéria o que pensava. Estava certa que Angel tinha uma boa<br />

explicação para estar na festa de Dana e não se incomodou em ligar.<br />

Embora começassem a se formar borbulhas em seu estômago, Angel<br />

merecia o benefício da dúvida.<br />

— Havasu soa divertido — Disse, tentando soar como se de verdade<br />

estivesse considerando — mas sim, ainda tenho que trabalhar nesse ensaio.<br />

Valéria esteve calada por muito tempo e Sarah se perguntou se estava<br />

chorando ou talvez chateada com ela por não querer ir.<br />

— Val?<br />

— Hmm?


— Está bem?<br />

— Sim — Disse, mas soava distraída.<br />

— Escutou o que eu disse?<br />

— A respeito de seu ensaio? Sim, escutei. Só estou... Ugh!! — Disse de<br />

repente. — Deveria apenas deixar de se esconder. Quanto mais fotos dele eu<br />

vejo, mais quero jogar este maldito iPad na parede.<br />

— Bom, então pare — Disse Sarah firmemente. — Não deixe que essas<br />

putas façam com que quebre seu iPad.<br />

— Estou fazendo — Disse Valéria. — Vou parar agora e não quero que<br />

fique louca, mas há mais de Angel e Dana desta vez. É como a cadela se<br />

desse conta que deveria ter tirado mais fotos no ano passado, então<br />

planejou desta vez. Mas se for um consolo, não parece presunçoso e<br />

confortável, não está desfrutando cada momento como Alex — Exalou<br />

dramaticamente de novo. — Isso é tudo. Já cansei de ver, especialmente<br />

porque, tudo que estou lendo foi antes da festa. A verdadeira festa começa<br />

esta noite. Não verei minha página do Facebook até que termine o fim de<br />

semana — riu de repente e então adicionou: — A quem estou enganando,<br />

certo? Mas ao menos, vou estar festejando por mim mesma. Vou entrar no<br />

banho agora e me arrumar. Se mudar de opinião, nós iremos daqui<br />

algumas horas, então me deixe saber.<br />

— Bem, obrigada — Disse Sarah, sabendo perfeitamente que não o<br />

faria.<br />

Quando voltou a ver seu computador, Leonardo ainda estava sentado<br />

ali, revisando seu telefone.<br />

— Me desculpe por isso — Disse ela e ele levantou os olhos.<br />

— Está tudo bem — Sorriu. — Então, sua prima ainda vai ao Havasu?<br />

— Sarah assentiu, jogando seu cabelo para trás e arrumando com uma


presilha. — Se Angel estará fora todo o fim de semana, por que não vai com<br />

ela?<br />

— Porque — Disse, reduzindo o tamanho da janela da conversa e<br />

abrindo outra para o Facebook, — tenho um ensaio que preciso terminar.<br />

Não mencionaria que, como Angel não ligou ontem à noite,<br />

praticamente já terminou. Tinha apenas que finalizar para ter certeza que<br />

esteva perfeito. Mesmo assim, não ia começar a jogar da maneira que Alex e<br />

Valéria jogavam. Não queria levar sua relação com Angel dessa forma.<br />

— Sua prima vai vir por um dia ou todo o fim de semana?<br />

— Acredito que todo o fim de semana — Disse Sarah sem ver a janela<br />

em que ele estava.<br />

Seus olhos já estavam concentrados em alguns dos comentários que<br />

as pessoas de sua escola secundária estavam falando. Havia um jornal local<br />

do Waikiki falando a respeito do tumulto dos meninos universitários. Sarah<br />

olhou a história, mas não mencionavam nomes. Entretanto, dizia que foi<br />

quase à uma da manhã quando as coisas finalmente se acalmaram e os<br />

jogadores de futebol puderam seguir seu caminho com o treinador.<br />

Então clicou em outro link que alguém postou da festa. Estavam<br />

dizendo sobre os motivos da confusão.<br />

Então boom. Aí estava: o implacável golpe. Ouvir sobre as fotos de<br />

Angel com Dana era uma coisa, mas as ver a deixou doente. Só o sorriso na<br />

cara de Dana era repugnante, mas ver seus braços fortemente ao redor de<br />

Angel fez com que sua pele se retorcesse. Clicou no resto e viu foto por foto<br />

da festa. As de Dana e Angel pareciam ser iguais, com apenas pequenas<br />

diferenças, como se alguém tivesse tirado as fotos enquanto ela se envolvia<br />

ao redor dele. Valéria tinha razão, não parecia nada feliz como alguns dos<br />

outros caras nas fotos, escutar a respeito das fotos e as ver eram duas


coisas diferentes. Sabia exatamente ao que Valéria se referia, querendo<br />

jogar a maldita coisa na parede.<br />

— Aconteceu algo?<br />

De maneira nenhuma ia ser capaz de se concentrar até que soubesse<br />

de Angel. Pegou seu telefone para verificar se perdeu alguma ligação ou<br />

mensagem. Então, pegou e verificou as mensagens dele, esperando que<br />

tivesse mandado alguma.<br />

Nada.<br />

— Baby.<br />

Sarah levantou os olhos finalmente. O termo carinhoso parecia<br />

estranho ainda, mais nesse momento, se sentia muito aflita para dar<br />

alguma atenção.<br />

— O que aconteceu? — Perguntou Leonardo, o olhar em seu rosto<br />

estava genuinamente preocupado. — Parece chateada...<br />

— Não estou.<br />

— Sério? — Disse ele, a fazendo se sentir um pouco estúpida, porque<br />

claramente estava.<br />

Seus olhos estavam de volta nas fotos e pensou a respeito da<br />

verdadeira festa desta noite. A maneira que as duas garotas estavam<br />

sentadas no colo de Alex a lembrou de algo que Valéria disse uma vez.<br />

Como Angel tinha que ser um santo para ignorar as cadelas que se<br />

ofereciam tão facilmente, que chupavam como estrelas pornô. Se perguntou<br />

se por acaso, Alex convidou estas duas garotas para seu quarto... um<br />

quarto que estava compartilhando com Angel.<br />

Levantando abruptamente, Sarah negou com a cabeça. Não faria isto.<br />

Angel nunca a trairia dessa maneira. Disso tinha certeza.


— Ouça.<br />

Sarah negou com a cabeça de novo, tentando em vão sacudir a<br />

desagradável sensação de apenas pensar na possibilidade de que Angel<br />

esteve tão ocupado ontem à noite, que nem teve tempo para mandar uma<br />

mensagem. Fechou a janela do Facebook.<br />

— Não vou mais olhar — murmurou através de seus dentes.<br />

— O quê?<br />

De repente, apareceu a outra metade, se deu conta que Leonardo<br />

ainda estava na tela, a olhando fixamente.<br />

— Sinto muito — Disse, levando a mão a sua boca.<br />

— O que aconteceu? O que está acontecendo?<br />

— Nada — assegurou. — É só... tenho que fazer outra ligação. Não<br />

quero te fazer esperar. Te ligo de volta, ok?<br />

Apenas deu a oportunidade de assentir antes de fechar a janela e<br />

agarrar seu telefone. Havia uma diferença de duas horas entre La Jolla e<br />

Waikiki, o que significava que lá era um pouco depois das sete da manhã.<br />

Ainda havia uma boa chance de que pudesse estar no ônibus ou ao menos<br />

nos vestiários colocando o uniforme para ir aquecer. Apertou a discagem<br />

rápida, mas foi para o correio de voz.<br />

Respirou fundo antes de enviar uma mensagem, sabia que uma vez<br />

que enviasse, não poderia voltar atrás. Então, não queria enviar nada que<br />

se arrependesse, mas certamente não estava com humor para ser doce.<br />

Escreveu as duas palavras que queria dizer e a enviou:<br />

Precisamos conversar.


Com seu coração palpitando, voltou a apertar a discagem rápida.<br />

Assim que Sydney respondeu, começou a falar a quilômetros por hora.<br />

Precisava fazer para que se acalmasse para que se assegurasse que estava<br />

apenas tirando péssimas conclusões, para se lembrar que Angel nunca faria<br />

nenhuma das coisas que estava imaginando.<br />

— Está tudo bem, Lynni — Disse Sydney. — Primeiro de tudo, se<br />

acalme. Entendi a maioria do que disse, mas algumas partes não. Então,<br />

Angel foi a uma festa ontem à noite com Dana. Nunca te ligou ou enviou<br />

uma mensagem. Tirou várias fotos com ela e agora quer ir na festa de<br />

Havasu com a Valéria?<br />

Só então Sarah foi arrancada de seu humor próximo ao desespero e<br />

riu, se sentindo a rainha do drama.<br />

— Não! — Riu ainda pensando a respeito de como deveria ter soado<br />

para Sydney. Tomou uma respiração profunda, tentou de novo, só que<br />

desta vez mais calma<br />

— Foi a uma festa ontem à noite. Uma que Dana deu em um hotel.<br />

Não com ela. Mas agora, há todo tipo de fotos dele com ela na internet.<br />

Como ele não me ligou ou me enviou uma mensagem ontem à noite como<br />

disse que faria, estou ficando louca. E, não, não quero ir à festa de Havasu<br />

devido a isto. Sabe que isso não é para mim. É que isto já está me deixando<br />

louca e sei que não terei notícias dele pelo menos até esta tarde, quando<br />

seu jogo terminar. Vou perder a cabeça, então estava pensando, como meu<br />

ensaio está quase pronto, possivelmente deveria sair. Esfriar a cabeça. É o<br />

que Valéria está fazendo.<br />

— Deveria — Disse simplesmente. — Inclusive, se ele foi à uma festa e<br />

tirado fotos com Dana. Por que você não pode? É um fim de semana longo.<br />

Vá se divertir.


— Mas, não acha que depois de tudo que aconteceu, poderia pensar<br />

que estou sendo mesquinha, tentando dar o troco?<br />

— Pode ser que ache — Disse Sydney e então riu mordazmente. — Na<br />

verdade, acho que ele vai pensar exatamente isso, mas ele foi à festa de<br />

Dana, passou um momento com ela mesmo sabendo como você se sente a<br />

respeito disso e nem mesmo ligou. Então ele não pode discutir. Além disso,<br />

sabemos que ele não tem nada com que se preocupar. Não é como se você<br />

fosse ficar louca.<br />

Sorrindo fracamente, Sarah ainda decidia se devia sair ou não.<br />

Realmente, não queria que Angel pensasse que estava jogando, porque não<br />

era disso. Estava apenas assustada de como perdeu a calma e quase<br />

perdeu o controle. Sabia que se ficasse sentada o dia todo, acabaria vendo<br />

mais fotos, e se sentiria pior. Ficaria maluca se não se distraísse.<br />

Assim que desligou o telefone com Sydney, ligou para Valéria e disse<br />

que estava dentro. Valéria estava além de extasiada. Felizmente, não<br />

mencionou nada mais a respeito do Havaí. Sarah realmente não queria<br />

ouvir mais nada. Não de Valéria ou mais ninguém, além de Angel. O que<br />

ouvisse de qualquer outro, seriam rumores e só serviriam para chateá-la.<br />

Tirou sua bolsa de viagem e começou a jogar dentro algumas coisas.<br />

Se concentrou no que precisava. O frio já estava começando a aparecer<br />

aqui, mas perto da praia, Valéria disse que fazia uns trinta e sete graus no<br />

Havasu. Inclusive, disse que levasse traje de banho.<br />

Algumas horas depois, tomou banho, se vestiu e estava esperando por<br />

Valéria. Ainda não tinha notícias de Angel, mas imaginou que estava,<br />

provavelmente, na metade dos treinos de aquecimento para o jogo.<br />

Passariam ao menos algumas horas antes que escutasse algo dele. Estaria<br />

então, na metade do caminho para Havasu.


Repentinamente se recordou de como foi rude com Leonardo. Não<br />

querendo ligar seu computador, decidiu enviar uma mensagem.<br />

Sinto muito por esta manhã. Aconteceram algumas coisas, mas foi<br />

realmente rude de minha parte. De qualquer forma, decidi ir para Havasu.<br />

Agora estou esperando que minha prima venha me buscar. =)<br />

Diferente das outras vezes, não respondeu imediatamente e se<br />

perguntou se ficou chateado.<br />

Valéria e Mônica chegaram para pegá-la. Sua mãe retornou das<br />

compras com sua tia e a levou para fora, fazendo todas as usuais perguntas<br />

de mãe. Onde ficariam? Tinha dinheiro suficiente? Pegou roupa suficiente?<br />

E então, deu todas as usuais advertências sobre não beber e dirigir e<br />

cuidados com os loucos, etc. Finalmente, alguns minutos depois, estavam a<br />

caminho.<br />

— Ouça — Disse Valéria e Sarah procurou seu telefone no assento<br />

traseiro.<br />

— Mmmh?<br />

— Regras de viagem em estrada — Suas sobrancelhas se elevaram<br />

antes voltar sua atenção à estrada. — Nada de verificar Facebook. Nada de<br />

falar a respeito desses dois irmãos a menos que qualquer um deles ligue ou<br />

nos enviem uma mensagem diretamente. E nenhum mau humor todo o fim<br />

de semana, não importa o que aconteça. Vamos sair para nos divertir. Sei<br />

que não está solteira e não espero que atue como se estivesse. Mas sim,<br />

espero que se divirta, tudo bem? Nada de ser uma velhinha mal-humorada.<br />

Não foi para isso que te convidei.


Sarah franziu a testa, contente de que Valéria estivesse olhando<br />

diretamente para frente e não através do espelho retrovisor. Não importava<br />

que sua prima colocasse Angel na mesma categoria que Alex, porque estava<br />

longe disso. Mas a última foto que viu dele com Dana no Facebook era<br />

malditamente irritante. Jogou seu telefone em sua bolsa e olhou pela janela.<br />

— De acordo — Disse. — Nada de Facebook, nada de falar dos Moreno<br />

e nada de velhinha mal-humorada. Vou me divertir. Prometo.<br />

— Bom — Disse Valéria, aumentando à música e levantou o punho em<br />

triunfo. Tomando uma respiração profunda, Sarah teve um repentino<br />

pensamento. Ela e Angel foram inseparáveis por tanto tempo. O tempo todo<br />

que esteve com ele, nunca foi a uma festa sozinha. Não só estava indo<br />

agora, mas sim, estava indo para fora do Estado em uma grande e<br />

concorrida festa universitária e por todo o fim de semana. Antes que<br />

pudesse começar a se sentir mal e deixar que o mal-estar em seu estômago<br />

se manifestasse, se recordou que Angel estava no Havaí sem ela. Estaria<br />

fora todo o fim de semana e não esperou para se divertir. Na sua primeira<br />

noite foi a festa de Dana. A lembrança foi suficiente para apagar toda culpa<br />

que começou a sentir a respeito de fazer isto.


CAPÍTULO<br />

QUINZE<br />

Seis horas depois, chegaram em Lake Havasu e o hotel estava bem ao<br />

lado da ponte de Londres. Já eram as seis da tarde ali e Sarah não pôde<br />

evitar de fazer os cálculos, isso seria justo depois das três no Hawai. Ainda<br />

era muito cedo para que Angel ligasse ou enviasse uma mensagem, o jogo<br />

provavelmente nem terminou. E se fosse assim, ainda tinha, pelo menos,<br />

uma hora de conversa nos vestiários repassando a estratégia de jogo.<br />

Antes que Valéria pudesse notar que estava verificando seu telefone,<br />

Sarah o jogou na bolsa. Valéria saiu do banho, usando uma minissaia<br />

branca justíssima, a parte superior do biquíni jeans e saltos<br />

insuportavelmente altos azuis.<br />

— Oh! Esse é o conjunto mais bonito — Disse Mônica.<br />

Valéria virou olhando Mônica com um sorriso de satisfação.<br />

— Obrigada, mas queria que fosse sexy.<br />

— Bom, também é sexy — Mônica riu, tirando um vinho doce da<br />

pequena caixa térmica que trouxeram para o quarto do hotel. — Acredito<br />

que nenhum garoto vá reclamar.<br />

Mônica, que era a mais alta das três, tirou um biquíni laranja<br />

brilhante da bolsa.


— Vou usar este com minha canga preta.<br />

— É lindo! — Disse Valéria.<br />

Sarah tragou saliva, pensando no que trouxe.<br />

— Vamos entrar na água esta noite?<br />

Mônica se encolheu de ombros, olhando para Sarah.<br />

— Não importa. Viu como estão vestidas todas as garotas lá fora? Faz<br />

calor.<br />

Sarah viu enquanto caminhavam pela avenida de badalação dos<br />

universitários e já estava se arrependendo, mas aceitou não ser antiquada,<br />

então, tirou o seu de dentro da bolsa. Já estava usando uma saia curta, era<br />

uma coisa de camuflagem verde militar para o verão, tirou uma blusa preta<br />

recortada, que pegou no último minuto e foi ao banheiro trocar pela<br />

camiseta sem mangas que estava usando. Não mostraria tanta pele como<br />

Valéria e a maioria das outras garotas, mas sua barriga agora estava<br />

descoberta, deixando à mostra o piercing no umbigo que Angel dizia que o<br />

deixava louco.<br />

Depois de terminarem várias cervejas e vinhos doces, retocaram a<br />

maquiagem, os cabelos e deixaram o quarto. Estar ali fora na multidão de<br />

solteiros, todos procurando se conectar, era uma sensação totalmente<br />

estranha. Sarah teve que lembrar que aceitou se divertir. Falar ou até<br />

mesmo sorrir para alguns meninos, não significava que estava fazendo algo<br />

de errado. Não poderia dizer a eles que na verdade estava em uma relação<br />

séria. Seria uma tolice, assim fez todo o possível para participar das<br />

brincadeiras e em dar voltas com o dedo nas mechas de seu cabelo, como<br />

Valéria e Mônica faziam. Houve momentos em que se preocupou, quando<br />

quatro meninos decidiram ficar com elas por algum tempo e se ofereceram<br />

para tirar as fotos quando notaram que Valéria fazia selfies em grupo das


três. Depois, um dos meninos tirou fotos de todo o grupo. Os outros três<br />

meninos posaram imediatamente com eles e parecíamos três casais. Sarah<br />

se inclinou para Valéria enquanto ela via as fotos sobre seu ombro.<br />

— Por favor, não publique essa foto.<br />

Valéria piscou, mas mesmo assim, Sarah ficou nervosa. Já era muito<br />

tarde e Angel continuou sem dar notícias. Era tão diferente dele, que Sarah<br />

estava começando a se preocupar. Algo estava errado ou ele estava com<br />

medo de falar com ela. Ambos os cenários faziam seu estômago revirar. A<br />

primeira hipótese era sua maior preocupação, porque no fundo de seu<br />

coração, não queria acreditar na última hipótese. Se apegou a sua regra<br />

mental secreta de manter o controle e revisar possíveis chamadas perdidas<br />

ou mensagens a cada meia hora, não mais que isso.<br />

O enorme relógio na ponte serviria para esse propósito. Não podia usar<br />

a desculpa de ter que ver a hora olhando seu telefone várias vezes, mas<br />

agora era o momento, assim que pegou o telefone.<br />

Nada de Angel.<br />

A decepção era entristecedora, mas ao mesmo tempo, se sentia um<br />

pouco mimada. Valéria suportou isto todo o tempo com o Alex, ele<br />

desaparecia por dias, algumas vezes por semanas. Angel não sumiu nem<br />

por um dia completo e Sarah se sentia a ponto de chorar. Respirou<br />

profundamente e olhou novamente, tinha uma mensagem de Leonardo.<br />

Quase se sentiu mal por ficar tão preocupada para saber algo de Angel que<br />

nem lembrava que Leonardo não respondeu sua mensagem. Recebeu há<br />

quase vinte minutos.<br />

Onde está?<br />

Respondeu simplesmente com a palavra “Havasu”, depois colocou o<br />

telefone no bolso. Essa primeira noite em Havasu passou bastante rápido e


sem problemas. A única inquietação verdadeira que sentiu em toda a noite,<br />

era que a cada momento, revisava seu telefone e não encontrava mensagens<br />

de Angel.<br />

Compraram uma pizza e foram para o quarto. Valéria pensou que seria<br />

melhor ter uma noite calma, já que ela estava cansada pela longa viagem e<br />

porque na manhã seguinte, iam ao lago logo cedo e estariam fora o dia todo.<br />

O coração de Sarah gemeu quando revisou seu telefone ao entrar no quarto<br />

do hotel e ver a chamada perdida de Angel e uma mensagem de texto. A<br />

onda de calor em seu estômago era irreal, se sentia quase como na primeira<br />

vez que começou a sair com ele ou recebeu uma ligação sua. Clicou no texto<br />

e seu coração quase se deteve.<br />

SINTO MUITO. Por favor, me ligue.<br />

Sua expressão deve ter ficado péssima ao ver essas duas palavras em<br />

maiúsculas, porque Valéria perguntou o que estava acontecendo.<br />

— É algo de Angel? — Perguntou, então deu um olhar de reprovação.<br />

— Ou está revisando o Facebook?<br />

Sarah negou, sentindo já um nó irracional em sua garganta. Ele só<br />

podia estar arrependido por não ligar o dia todo, mas por que não ligou?<br />

— É uma mensagem de Angel — Murmurou.<br />

A expressão de Valéria relaxou, ela também estava preocupada.<br />

— O que disse?<br />

— Que sente muito e que te ligue — Disse Sarah, já indo para a porta,<br />

pois tinha um mau pressentimento de que seria uma ligação que não<br />

deveria fazer na frente de Valéria ou Mônica.


— Como você está?<br />

— Não sei — Respondeu enquanto saía pela porta com o telefone já no<br />

ouvido. — O que você fez? — Perguntou no momento em que escutou sua<br />

voz.<br />

— Nada — Disse ele imediatamente: — Bom, além de ir a uma festa<br />

estúpida. Mas não tinha ideia de que era a festa de Dana e então, alguns<br />

idiotas começaram a brigar e chamaram a segurança.<br />

Ele explicou sobre o treinador prendendo os jogadores depois do jogo e<br />

fazendo eles correrem até que metade da equipe estava vomitando. Disse<br />

que ele e Alex esqueceram seus telefones no quarto, porque se levantaram<br />

tarde e tiveram que sair correndo. Seu coração e seus nervos se acalmaram<br />

com cada palavra que ia dizendo, mas ainda permanecia um fato que a<br />

chateava.<br />

— Por que você teve que sair em primeiro lugar? Pensei que havia dito<br />

que me ligaria ontem mais cedo e por que não ligou, ou pelo menos, me<br />

enviou uma mensagem? Esqueceu seu telefone outra vez?<br />

Ela o escutou exalar em voz alta.<br />

— Olhe, baby, não vou culpar mais ninguém. Pensei sobre isso a noite<br />

toda e hoje o dia todo. Recapitulando, poderia ter retornado ao hotel e<br />

mesmo assim, não teria me livrado de todo esse inferno que o treinador nos<br />

fez passar hoje, porque inclusive os meninos que não estiveram ontem à<br />

noite estão pagando pela nossa cagada. Mas pelo menos, não teria me<br />

preocupado com o que você pensaria — Inalou e Sarah podia escutar em<br />

sua voz que estava sinceramente chateado consigo mesmo. — Sinto muito,<br />

baby. Na verdade, todos estávamos no transporte do hotel e alguns dos<br />

meninos decidiram que queriam parar na festa. Juro que não tinha ideia de


que Dana ia estar lá. Não passei nenhum momento a sós com ela,<br />

absolutamente.<br />

Sarah sorriu quando seu coração começou a se acalmar. Seu coração<br />

nunca acreditou, nem por um momento, que ele a tivesse traído.<br />

— Estava muito preocupada — Sussurrou.<br />

— Sei que pegou mal toda essa história e nem tive a oportunidade de<br />

ver toda a merda que estão publicando hoje. Mas me informaram no<br />

ônibus. Escutei que inclusive publicaram em um jornal, mas você me<br />

conhece, Sarah. Espero que não passe o dia todo se preocupando e<br />

prestando atenção a todas essas notícias. Nunca faria nada que arriscasse<br />

te perder. Jamais.<br />

O nó que havia se formado em sua garganta foi repentinamente<br />

substituído por uma sensação de temor. Agora era sua vez de se justificar<br />

sobre onde estava e por quanto tempo estaria ali. Era um lugar para<br />

paquerar e sabia que Angel sabia. Era um lugar onde pessoas de sua idade<br />

estavam por dois grandes motivos: para festejar como loucos e esperar se<br />

dar bem. Não havia meio termo, era o que era. Ele nunca esteve em um<br />

desses fins de semana louco, mas Alex e muitos de seus amigos sim e ele<br />

sabia como funcionava.<br />

— Principalmente estava preocupada pensando que poderia ter<br />

acontecido algo com você. Ainda mais depois de ficar o dia todo sem<br />

notícias. — Acrescentou, pois ele ainda não explicou essa parte, todavia,<br />

continuou: — Porque independentemente do que aconteceu hoje, não soube<br />

nada de você ontem à noite. Isso é o que mais me incomodou.<br />

— Sei — Disse ele um pouco derrotado. — Foi mal, foi uma cagada.<br />

— Como? — Agarrou o telefone, sem gostar nada de como soava<br />

aquele comentário.


— Quero dizer. Não quis te ligar na festa, havia muito barulho. Pensei<br />

que estaríamos fora dali mais cedo, porque foi o que combinamos. Iria ligar<br />

quando tivesse de volta ao quarto, mas logo começou a briga. Os policiais<br />

nos prenderam até a chegada do treinador e então, o treinador teve que<br />

localizar o motorista do ônibus. Foi tudo um desastre e logo havia a<br />

diferença de horário, não podia te ligar às três da manhã.<br />

Mordendo o lábio, tratou de pensar na melhor maneira de soltar de<br />

uma vez por todas o que tinha que dizer, houve um silêncio durante algum<br />

tempo, assim que ele voltou a falar:<br />

— Não está zangada comigo, verdade?<br />

— Não — Disse rapidamente.<br />

— Bem, porque...<br />

— Estou em Havasu — Disse rapidamente. — Não queria estar de<br />

braços cruzados pensando nisso o dia todo. Já estava ficando louca e....<br />

— Está em Havasu? — Sua voz perdeu um pouco da doçura. — Com<br />

quem?<br />

— Com a Valéria e sua amiga Mônica — Disse, fechando os olhos. —<br />

Mas não quero que pense que...<br />

— Está aí porque estava zangada comigo?<br />

— Não quero que pense isto, porque não estou — Disse com convicção.<br />

— Precisava me distrair, Angel. Se tivesse ficado em casa durante o dia de<br />

hoje, ficaria louca, esperando saber algo de você.<br />

— Então, quanto tempo você estará por aí?<br />

— Até na segunda-feira — Disse.<br />

Ele não respondeu Sarah não tinha certeza agora do que era pior:<br />

passar o dia seguinte se perguntando porque não teve notícias dele ou


passar da forma que suspeitava que passaria a partir de agora. Ele sabia<br />

que estava ali, caminhando de biquíni no meio de um mar de garotos com<br />

olhares lascivos, como os que viu esta noite. Essa mesma noite, no caminho<br />

de volta ao hotel, Valéria e Mônica já estavam planejando como seriam<br />

convidadas a um desses barcos de festa. Como conseguiriam entrar sem<br />

precisar desfilar em seus pequenos biquínis e bater insistentemente os<br />

cílios? Se Valéria publicasse qualquer uma das fotos e se Angel visse Valéria<br />

paquerando algum garoto em um desses barcos, saberia no instante que<br />

Sarah não estaria muito longe de sua amiga.<br />

— Muito bem. Nos veremos depois — Disse Angel abruptamente. — Se<br />

cuida.<br />

— Não, espera — Disse, agarrando o telefone. — Não fique chateado<br />

comigo. Juro que não vim aqui para me vingar de você.<br />

— Está bem, entendo. Tenho que ir.<br />

— Não, não...<br />

— Sim, de verdade. Tive um dia de merda e agora estou com dor de<br />

cabeça. Preciso me deitar.<br />

— Te amo — Disse com esse maldito nó de novo em sua garganta.<br />

— Sim. Também te amo. Tchau.<br />

Ele desligou e embora dissesse que a amava, teve a impressão de que<br />

acabara de desligar na sua cara, algo que nunca fez, em todos esses anos<br />

que estiveram juntos.<br />

No momento em que retornou ao quarto, Valéria entrava correndo do<br />

balcão onde ela e Mônica estavam tomando vinho doce e paquerando com<br />

alguns garotos. Sarah explicou sobre a festa no Havaí e por que não teve<br />

notícias. Valéria obviamente se deu conta de que, apesar do alívio que<br />

Sarah sentia de finalmente saber algo dele e ter a explicação que precisava,


ainda não se sentia bem sobre o assunto. Sarah comentou o fato dele ficar<br />

chateado por estar em Havasu.<br />

— Não é como se você fosse fazer uma loucura, Sarah. Ele sabe — Riu<br />

bobamente. — Você não é igual a mim.<br />

Geralmente, Sarah riria do comentário, mas só de pensar em como<br />

terminou a chamada, não estava de bom humor. Mesmo assim, Valéria<br />

acabou a convencendo a tomar o vinho doce e relaxar. Algumas horas mais<br />

tarde, estava se sentindo um pouco risonha. Mudaram a pequena festa<br />

para o quarto, pois alguns dos garotos de baixo sugeriram que os<br />

convidassem a subir e estavam se tornando um pouco insistentes sobre o<br />

assunto, embora Valéria saísse de vez em quando ao balcão.<br />

Justo quando Sarah começou a relaxar sob os lençóis, seu telefone<br />

tocou. Vendo que era Angel, limpou a garganta e fez seu melhor esforço<br />

para não soar entusiasmada, mas respondeu antes que pudesse tocar pela<br />

segunda vez.<br />

— Olá?<br />

— Olá, querida — Soava atordoado. — Ainda está acordada?<br />

— Sim — Disse, jogando o lençol e manta sobre sua cabeça.<br />

Franzindo a testa, desejou ter pedido a Valéria que baixasse a música<br />

que seguia saindo fortemente de seu iPad e ainda ouvia as altas risadas de<br />

Valéria e Mônica.<br />

— Mas estou me preparando para terminar a noite — Disse, tratando<br />

de amortecer o ruído. — Como se sente?<br />

— Melhor — Disse ele. — Precisava de um cochilo. Escuta, — Disse,<br />

limpando a garganta para que sua voz não soasse atordoada. — Sinto muito<br />

por ser um imbecil antes. Só estava...


— Não, Angel — Disse rapidamente. — Não se desculpe. Entendo por<br />

que ficou chateado, ok? Sei que parece que vim aqui para te chatear, mas<br />

antes de mais nada, não foi assim. Segundo, você me conhece, eu te<br />

conheço, nunca faria nada para arriscar a te perder. Sabe disso, certo?<br />

— Sei — Disse, sua voz um pouco mais baixa. — Só tome cuidado,<br />

ouvi que as coisas por aí podem se tornar um pouco descontroladas.<br />

— Terei cuidado — Disse ela, justo quando alguém bateu à porta do<br />

quarto. Sarah saltou da cama e foi para o banheiro enquanto Valéria e<br />

Mônica entraram rindo e especulando com qual meninos ficariam.<br />

Bloqueou a porta logo que entrou no banheiro, fechando os olhos<br />

apertadamente. Se Angel escutou algo não fez nenhum comentário.<br />

— O que, uh...? — Começou a perguntar, rezando para que Valéria e<br />

Mônica não fossem bastante estúpidas para deixar entrar qualquer um dos<br />

meninos em seu quarto. — O que você vai fazer amanhã?<br />

Angel explicou a respeito dos dois treinamentos que teriam no dia<br />

seguinte e como poderiam ser, provavelmente, mais brutais que o normal.<br />

Então disse que, ganharam a partida de hoje e o treinador colocou um<br />

treinamento a mais na segunda-feira de manhã, o dia em que partiriam,<br />

assim não teriam tempo para desfrutar a ilha.<br />

— Não facilitará a nossa vida. Fizemos merda e está nos fazendo<br />

pagar.<br />

As risadas e o ruído fora do banheiro diminuíram, mas Sarah ainda<br />

não se atrevia a abrir a porta. Em seu lugar, encostou contra a porta até<br />

que seu traseiro golpeou o chão, sé sentia mal sabendo que Angel estava<br />

passando uns dias duros no Havaí e aqui estava ela, festejando com sua<br />

prima e sua amiga, ambas loucas.<br />

— Odeio isso — Disse Angel de repente.


— Odeia, o quê?<br />

— Odeio estar longe de você. Queria que estivesse deitada aqui comigo<br />

— Gemeu ou se queixou, não podia entendê-lo. — Dormiria muito melhor<br />

se fosse assim, sinto sua falta, amor.<br />

Ela sorriu, se sentindo sem palavras.<br />

— Também sinto saudades — De repente, mal podia esperar para<br />

voltar a vê-lo. — Para sempre e sempre.<br />

— Sou seu — Disse Angel, fazendo seu sorriso aumentar. — Você é<br />

minha.<br />

— Para sempre e sempre — Afirmando, como sempre fazia. Muito<br />

tempo depois de encerrar a ligação, Sarah permaneceu sentada no chão,<br />

refletindo, como fazia com frequência, depois de passar um dia, ou uma<br />

noite incrível, ou apenas conversando um momento com Angel por telefone,<br />

se perguntando como era possível ser abençoada com um namorado como<br />

ele, se sentia quase envergonhada por ter cogitado que ele fizera algo.<br />

Lição aprendida. De agora adiante, sempre confiaria em seus instintos<br />

de que Angel nunca arriscaria o que eles tinham. Sem importar as<br />

circunstâncias, esperaria pacientemente até que ele tivesse a oportunidade<br />

de explicar.


CAPÍTULO<br />

DEZESSEIS<br />

Na noite anterior, quando Sarah finalmente saiu do banheiro, se<br />

surpreendeu ao ver Mônica praticamente desmaiada na cama. Seu<br />

estômago se encolheu um pouco quando escutou que Valéria seguia no<br />

pátio, mas logo se sentiu aliviada ao se dar conta que estava ao telefone<br />

com Alex. Sarah tratou de não escutar às escondidas, mas pelo pouco que<br />

escutou, sua conversa não foi tão doce e satisfatória como foi a sua com<br />

Angel. Valéria soava um pouco histérica. Mesmo assim, quando Valéria<br />

entrou no quarto e fechou a porta do pátio, Sarah pôde ver que estava<br />

sorrindo. O que Alex disse a fez sorrir. De alguma forma, Sarah sabia que<br />

passaria um longo tempo, se é que alguma vez acontecesse, para que<br />

Valéria perdesse a fé no garoto.<br />

Querendo que as palavras de Angel fossem o último que estivesse<br />

pensando ao ir para cama, Sarah fingiu um sono profundo quando Valéria<br />

subiu à cama junto a ela.<br />

Na manhã seguinte, Sarah despertou com uma mensagem de Angel.<br />

Para sempre e sempre, baby. Te amo.<br />

Tome cuidado hoje!


Falarei com você esta noite.<br />

Essa simples mensagem apagou seu medo por ter ido a Havasu.<br />

Ajudou a espantar o que restava da culpa que sentiu ao ir para a cama à<br />

noite. Respondeu com uma mensagem igual e doce, dizendo o quanto sentia<br />

sua falta e que o amava, logo suspirou com alívio, porque já não parecia<br />

estar furioso.<br />

Ela e as garotas se levantaram, tomaram banho e foram tomar o café<br />

da manhã. O lago já estava abarrotado de motos aquáticas e barcos de<br />

todos os tamanhos e formas. A maioria com garotas de biquínis tomando<br />

sol ou dançando e balançando taças no ar, taças cheias de álcool.<br />

Valéria mencionou durante o café da manhã, o que ela chamava de<br />

uma merda de desculpa de Alex para as fotos com garotas sobre seu colo.<br />

Era a mesma de todas as outras vezes que perguntou.<br />

Não são homens. Não posso simplesmente empurra-las para longe de<br />

mim a força.<br />

— Em outras palavras — Disse. — Não tem controle sobre estas<br />

garotas que insistem em se sentar sobre ele ou envolver seus corpos a seu<br />

redor. É curioso como meninos como Angel e alguns outros da equipe, que<br />

estão em um relacionamento sério, não parecem ter problemas para manter<br />

essas garotas afastadas.<br />

— Mas vocês não estão em relacionamento sério — Recordou Sarah. —<br />

E você, Valéria, continua dizendo que assim está bom. Lembra?<br />

Valéria encheu a boca de panqueca e a conversa terminou.


**********<br />

Agora estavam passeando pela borda do lago, onde havia mais e mais<br />

barcos ancorados no lago.<br />

— Temos que encontrar uma maneira de subir em um desses barcos<br />

— Disse Monica.<br />

— Não sei — Disse Valéria olhando para o lago cheio de gente. —<br />

Talvez devêssemos simplesmente encontrar um lugar para deitar e nos<br />

bronzear.<br />

Sim!<br />

Qualquer outra coisa que Alex disse a Valéria na noite passada ou esta<br />

manhã, quando estava lendo suas mensagens e sorrindo como um pavão,<br />

fez com que mudasse de ideia sobre ir às festas ou ficar louca, pois antes de<br />

Valéria falar com ele na noite anterior, estava completamente a favor de sair<br />

e aproveitar ao máximo seu fim de semana. Sarah estava na sua, tranquila<br />

e não faria nada que pudesse incomodar Angel, mas também estava<br />

consciente da promessa que fez de não ser um problema.<br />

— Apoio trabalhar em nossos bronzeados — Disse casualmente<br />

procurando a seu redor um espaço aberto onde pudessem deitar.<br />

Valéria virou para ela e olhou com a testa franzida.<br />

— Como pretende fazer isso se está toda coberta?<br />

Sarah baixou o olhar para seu tankini, que cobria todo seu ventre.<br />

Levou outro biquíni mais revelador, mas decidiu essa manhã que não se<br />

sentia bem usando, dado ao mercado de carne que era este lugar. Também<br />

enrolou uma enorme canga ao redor de sua cintura que chegava ao<br />

tornozelo em uma perna. Mas continuava sexy, porque o outro lado revelava<br />

toda sua perna até o final de seu tankini.


— Não estou toda tampada — Respondeu — Tirarei a canga e posso<br />

subir um pouco o top para pegar um pouco de sol na cintura.<br />

Sua parte superior era bastante decotada.<br />

— Cuidado! — Gritou alguém atrás delas e Sarah instintivamente<br />

levantou os braços para cobrir a cabeça.<br />

Valéria se escondeu atrás de Sarah quando uma bola de futebol<br />

passou voando, desviando por pouco do rosto de Mônica; e caiu perto de<br />

Valéria. Um cara sem camiseta com um fabuloso bronzeado e com um<br />

tanquinho impressionantes correu até elas pedindo desculpas.<br />

— Sinto muito — Disse primeiro a Mônica e logo se virou para Valéria<br />

e Sarah. — Estão bem, garotas? Nenhuma foi atingida?<br />

Outros dois meninos se aproximaram.<br />

— Culpa minha — Disse com um grande sorriso um dos meninos mais<br />

altos com abdominais iguais e impressionantes. — Dou a este menino<br />

muito crédito. Não deveria ter confiado tanto.<br />

Sarah fez o que pôde para sorrir com tanta naturalidade como Valéria,<br />

mas se negou a sorrir tão abertamente como Mônica.<br />

— Passou bem próximo da minha cabeça — Disse Mônica, comentário<br />

seguido por batidas de cílios.<br />

— Sinto muito — Disse o alto e logo acrescentou: — Sou Paul, a<br />

propósito.<br />

— Eu sou Graham — Disse o menino que se aproximou primeiro e<br />

agora brincava com a bola na mão.<br />

— Sou Edmund — Disse sorrindo o terceiro menino e o único que<br />

sustentava uma taça e que logo deu uma piscadinha a Sarah enquanto


tomava um gole de seja lá o que estava bebendo. — Aonde vão hoje,<br />

senhoras?<br />

— Não tenho certeza — Disse Mônica rapidamente — É nosso primeiro<br />

dia completo aqui, mas também o último, assim, nós gostaríamos de<br />

aproveitar — virou para o lago, protegendo os olhos do sol com a mão. —<br />

Seria agradável ir para a água, mas não temos barco, nem jet-ski. — Os três<br />

meninos sorriram imediatamente.<br />

— Estão com sorte, damas — Disse Edmund. — Porque temos ambos.<br />

— Mônica sorriu abertamente, olhando primeiro para Valéria e depois a<br />

Sarah.<br />

Sarah agarrou nervosamente a correia de sua bolsa de praia.<br />

— Veem essa plataforma ali? — Apontou Edmund para um enorme<br />

barco de festa azul parecido com muitos outros no lago. Havia outras<br />

pessoas que já estavam nele, incluindo garotas dançando em pequenos<br />

biquínis. — Esse é o barco deste menino — Disse, apontando Paul. —<br />

Estamos indo para lá agora mesmo. São bem-vindas a vir. Temos um<br />

montão de comida e bebida.<br />

Valéria virou para Sarah e encolheu os ombros com um sorriso. Era<br />

óbvio que Mônica já estava gritando por dentro. Sarah ficou feliz de levar<br />

seus óculos de sol ou eles veriam o terror absoluto que estava sentindo.<br />

Como diabos ia sair desta? Edmund já estava sorrindo muito<br />

amigavelmente para seu gosto.<br />

— Claro, soa divertido — Disse Valéria e todos começaram a andar<br />

pouco a pouco através da multidão para a festa que acontecia no barco. —<br />

Vocês vão permanecer fora todo o dia?<br />

— O dia todo — Disse Edmund de novo, olhando para Sarah com um<br />

sorriso de lobo mal. — Vamos partir, depois vamos parar em uma das baías


e simplesmente vamos curtir o momento. Tão longe, que vocês garotas,<br />

podem pegar sol de topless, ou menos, se quiserem — Sarah e Valéria<br />

trocaram olhares enquanto o estômago de Sarah remexia outra vez. —<br />

Levamos os jet-skis conosco para que todos se alternem ou formem casal<br />

com alguém para sair na água.<br />

Sarah nem se deu conta de que estava puxando sua bolsa de praia até<br />

que Edmund virou para ela e estendeu a mão.<br />

— Me deixe levar isso por você, doçura — Disse. — Está ficando<br />

pesado?<br />

— Não — Disse, assentindo e agarrando sua bolsa um pouco mais<br />

forte. Com nervosismo, levantou seus óculos. Lamentou imediatamente<br />

quando viu os olhos do Edmund aumentarem e sua boca abrir em um<br />

amplo sorriso.<br />

— Uau, esses olhos! — Disse, a olhando fixamente.<br />

Os outros dois meninos viraram para olhar incluindo Valéria. Como<br />

uma idiota, deixou cair os óculos sobre seus olhos, não querendo que ele<br />

pensasse que levantou de propósito.<br />

— É — Disse, sentindo suas bochechas quentes.<br />

— Não, espera, espera. — Edmund estirou a mão. — Levanta — Virou<br />

para seus amigos. — Paul, veja esses olhos.<br />

Para horror de Sarah, todos pararam de andar e esperavam que ela<br />

levantasse seus óculos. Inclusive alguns dos meninos que estavam por ali, e<br />

escutaram Edmund fazer tanto alvoroço, pareciam estar esperando. Sarah<br />

levantou rapidamente e viu o sorriso de Paul simplesmente cair.<br />

Sentindo seu rosto em chamas agora, deixou cair os óculos de novo,<br />

desejando que cobrissem toda sua cara. Sua mente se apressou a pensar<br />

em uma maneira de evitar subir nesse barco, sobre tudo agora que tanto


Edmund como Paul estavam a olhando de uma forma que não a agradava.<br />

No segundo em que Paul deu a volta, Edmund se inclinou e sussurrou:<br />

— A ex-namorada dele tem olhos como os seus — Riu entre dentes —<br />

Só que os teus ressaltam mais porque teu cabelo e seus cílios são escuros.<br />

Não é comum ver olhos como estes em uma morena.<br />

Ele seguiu falando um pouco mais de seus olhos, mas Sarah se<br />

desconectou. Observou como Valéria e Mônica começaram a tirar seus<br />

shorts e a saída de banho, porque era o momento de subir na enorme<br />

embarcação com a música a todo volume. Sarah levantou os óculos para a<br />

parte superior de sua cabeça de novo, se perguntando se simplesmente<br />

deveria guardar em sua bolsa, não queria que se perdessem ou caíssem na<br />

água.<br />

— Tira essa canga, Sarah — Disse Valéria enquanto empurrava a sua<br />

em sua bolsa. — Vamos entrar na água no momento em que o barco sair.<br />

Olhando a seu redor, Sarah tragou saliva. Tinha sua chave do hotel.<br />

Mas não se sentia bem em voltar sozinha.<br />

— Sim, tire isso — Sorriu Edmund.<br />

Com o estômago feito uma bola, tomou seu tempo, colocando os<br />

óculos em sua bolsa e logo lentamente começou a desatar o nó de sua<br />

canga.<br />

De repente, sentiu dois grandes braços ao redor de sua cintura por<br />

atrás e ficou sem fôlego, quase perdendo o equilíbrio.<br />

— Olá, baby, estive te procurando.<br />

Deu a volta para ver Leonardo sorrindo. Tirou um de seus braços, mas<br />

manteve uma mão sobre sua cintura. Se inclinando para seu ouvido,<br />

sussurrou:


— Aconteceu alguma coisa? Parece incomodada.<br />

Assentiu, mas seguiu trabalhando no nó, não querendo olhar Valéria.<br />

Se Leonardo percebeu seu comportamento inquieto, sem dúvida sua prima<br />

também.<br />

Leonardo a puxou mais perto. Sarah pensava que os olhares de Angel<br />

eram intensos, mas a observação de Sofie sobre seu irmão acabava de<br />

golpear seu nariz, o olhar do Leonardo era quase mortífero.<br />

— O que está acontecendo? Estes meninos estão incomodando?<br />

— Não, não — Disse ela rapidamente, sentindo a necessidade de tocar<br />

seu braço. — Nada disso. Acabamos de conhecê-los — Sussurrou, dando as<br />

costas a Valéria, Mônica e aos outros meninos. — Parecem bastante<br />

agradáveis. É só que... não acredito que Angel estaria bem comigo subindo<br />

nesse barco com eles e ...<br />

— Então não suba — Disse, tomando sua bolsa com autoridade, logo<br />

levantou o olhar atrás dela. — Vamos alcançá-los. Tenho um jet-ski.<br />

— Sarah, tem certeza? — Perguntou Valéria, elevando a voz.<br />

Obviamente, ela não reconheceu Leo da fotografia que mostrou<br />

semanas atrás. Sarah virou para enfrentar a sua prima, sentindo um<br />

enorme alívio repentino, porque não ia subir ao barco.<br />

— Sim, este é Leonardo.<br />

A expressão de Valéria se aliviou imediatamente.<br />

— Oh — Disse, logo sorriu e foi até Leonardo — Tem certeza de que<br />

será capaz de encontrar o barco?<br />

Leonardo assegurou que sim, embora Sarah não se importasse se<br />

encontrariam ou não. De fato, preferia que não o fizessem. Não tinha<br />

vontade de estar nessa festa, se sentar em uma baía deserta em algum


lugar e sair de jet-ski com um desses meninos. No pior dos casos, se<br />

encontrariam com Valéria e Mônica no hotel mais tarde essa noite. Mas<br />

dizer a Angel que passou o dia com seu irmão era melhor que dizer que<br />

estava em um barco cheio de álcool e meninos que acabaram de conhecer.<br />

Passar o momento com seu irmão definitivamente seria mais fácil para<br />

explicar a Angel essa noite.<br />

— Sabe — Disse Leonardo, colocando sua bolsa sem esforço sobre seu<br />

enorme ombro enquanto se afastavam da borda. — É a única que me<br />

chama de Leonardo. Todos me chamam de Leo.<br />

— Mas Leonardo soa muito melhor. — Disse ela. — Eu gosto. — O<br />

olhar assassino foi substituída por um suave sorriso, o mesmo que viu nele<br />

durante seus bate-papos em mais de uma ocasião. Era um sorriso doce<br />

muito diferente do que se esperaria ver em um menino de aspecto tão feroz.<br />

— Eu gosto de te ouvir dizer.


CAPÍTULO<br />

DEZESSETE<br />

— Isto é uma merda — Disse Alex empurrando a última peça de sushi<br />

em sua boca. — Estamos em Havaí e isto é tudo o que chegamos a ver do<br />

lugar fora nosso hotel e essa merda de campo de futebol?<br />

— Ao menos a comida está boa — Argumentou Angel, se recostando e<br />

olhando para à multidão caminhando na praia. — E, não é como se fosse<br />

umas férias que viraram em um pesadelo. Só penso como sendo a semana<br />

infernal no Havaí.<br />

Estavam no intervalo dos dois torturantes treinos programadas para<br />

esse dia. O treinador liberou todos para voltarem ao hotel por umas poucas<br />

horas para descansarem e pegarem algo para comer. Logo retornariam ao<br />

campo para o treino número dois. Este era o primeiro momento que tiveram<br />

para sair e ver um pouco da praia próxima, desde a primeira noite que<br />

fizeram merda.<br />

Os exercícios que os treinadores estavam aplicando não eram os<br />

regulares. Eram totalmente implacáveis. Sem dúvida estava esperando<br />

cansar todos até o ponto em que nenhum considerasse sair e festejar esta<br />

noite quando tudo terminasse. Tudo o que Angel e Alex poderiam pensar<br />

era voltar para o quarto do hotel e desmaiarem.


— Falou com a Sarah hoje? — Perguntou Alex, franzindo a testa à tela<br />

de seu telefone.<br />

— Não — Disse Angel, tirando seu próprio telefone do bolso<br />

— Enviei uma mensagem esta manhã e me respondeu, mas isto é<br />

tudo.<br />

— Viu o que Valéria publicou?<br />

Angel não pôde evitar franzir a testa.<br />

— Publicou onde? Não pude entrar no Facebook em semanas — Não<br />

que ligasse. Sempre pensou que Facebook era uma perda de tempo e algo<br />

em que não se envolveria realmente.<br />

— Humm — Disse Alex, assentindo — Então não viu.<br />

Esperou que Alex explicasse um pouco mais, porque realmente não<br />

queria perguntar. Estava quase temeroso. Sabia que Alex nem mencionaria<br />

a menos que isto tivesse algo a ver com Sarah. Angel olhou seu irmão<br />

enquanto Alex continuava olhando seu telefone. Esteve a ponto de perfurar<br />

um buraco através da grande cabeça de tijolo de Alex, mas ele não disse<br />

nada.<br />

— O que ela publicou, Alex? — Perguntou Angel finalmente com os<br />

dentes apertados.<br />

Alex olhou.<br />

— Fotos de Havasu. Fiquei surpreso quando Valéria mencionou que<br />

Sarah estava com ela, mas logo... — Riu entre dentes olhando para baixo no<br />

seu telefone. — Suponho que depois que Sarah soube sobre a noite da<br />

sexta-feira, posso ver por que foi.<br />

— Essa não é a razão pela qual ela está lá — Disse Angel, não muito<br />

seguro do porquê precisava esclarecer o fato.


— Oh... sim? — Perguntou Alex, soando pouco convincente sem<br />

levantar a vista de seu telefone. — Pois, que bom que não foi por isso,<br />

porque o lugar está igual me lembro. Todo mundo conseguindo alegrias de<br />

uma noite.<br />

Angel levantou a vista e fez sinais com a mão para a garçonete. Não ia<br />

ter esta conversa com Alex. Escutou algo do que ele e Valéria conversaram<br />

ontem à noite. Pelo que pôde entender, Valéria não estava convencida de<br />

que Alex realmente foi para seu quarto sozinho na noite da sexta-feira.<br />

Assim, não se surpreendeu de que ele pensasse o mesmo a respeito dela.<br />

Mas Angel sabia. Nem considerou que Sarah pudesse fazer isso.<br />

A jovem garçonete se aproximou e Angel pediu a conta. Ela estava<br />

prestes a perguntar se queriam sobremesa, quando Angel já estava dizendo<br />

que não, quando escutou Alex dizer algo a respeito de Leo e Sarah. A moça<br />

inclinou a cabeça, deixando a conta na mesa e se afastou. Angel estreitou<br />

seus olhos em Alex, que mostrava algo em seu telefone.<br />

— Ao menos, com seu irmão ali, tem alguém a vigiando. — Disse Alex.<br />

Angel tomou o telefone de Alex. Valéria publicou algumas fotos com o<br />

título "No Calor de Havasu".<br />

Entre elas tinha um montão de garotas de biquínis sobre um barco<br />

rodeado por garotos sem camisa, flexionando seus braços e levantando o<br />

que quer que estivessem tomando. Procurou por Sarah ou mesmo Leo na<br />

multidão, mas não os viu.<br />

Encarou Alex um pouco chateado por ele ter mentido.<br />

— Onde?<br />

— Na água — Disse Alex<br />

— Está aí em alguma parte sobre um jet-ski.


Como Alex disse, Angel congelou, olhando a foto, via Sarah sentada<br />

atrás de Leo, sobre um jet-ski. Exceto pelo colete salva-vidas que levava,<br />

Leo parecia estar sem camisa, como os outros meninos que se divertiam<br />

junto a eles. Igual a foto que foi enviada a Sarah semanas atrás. Angel foi<br />

passando as fotos, que pareciam ter sido tiradas consecutivamente, dando<br />

a impressão que Leo e Sarah faziam um giro formando uma onda na água.<br />

Os braços de Sarah abraçando fortemente Leo, com o corpo totalmente<br />

grudado nas costas do garoto como se necessitasse do esforço para salvar<br />

sua vida, fazendo uma pequena careta, mas ainda assim sorrindo.<br />

Angel conversou com seu coração já palpitante, tentando explicar que<br />

este era seu irmão. Estabeleceram que era um bom menino, então, por que<br />

não mencionou que ele estava lá? Ela o convidou? Talvez, pensou que ele<br />

estaria zangado e decidiu não mencionar?<br />

Ela não faria isso, não depois de tudo o que passaram no passado a<br />

respeito de omitir a verdade por causa de uma desavença. Passou as fotos,<br />

procurando por mais alguma, seu coração se preparando para vê-la<br />

inclusive em uma foto com um cara qualquer com o olhar um pouco mais<br />

amistoso ou demasiado perto dela. Agora, entendia como ela se sentiu ao<br />

ver as fotos dele, Dana e alguma das prepotentes garotas dependuras ao<br />

seu redor, porque se ele visse alguma remotamente parecida dela e outro<br />

menino, ia explodir como um fusível. Diabos, as dela e seu irmão já o<br />

fizeram ver tudo vermelho, mesmo quando sabia que não deveria. Depois de<br />

passar um pouco mais, Angel viu que as únicas outras fotos de Sarah, além<br />

das fotos no jet-ski com Leo, pareciam ter sido tiradas em outro momento,<br />

possivelmente na noite anterior, porque estava mais escuro e as três<br />

garotas estavam secas e vestidas, obviamente, de maneira diferente.<br />

Embora ainda tivesse algumas de Valéria e essa outra garota com outros


meninos, Sarah não estava em nenhuma. Evidentemente, ela não era tão<br />

estúpida como ele, se deixando fotografar em situações comprometedoras.<br />

— Creio que já viu bastante — Disse Alex, enquanto ficava de pé.<br />

Angel levantou a vista para ver a conta na mesa. Esteve tão absorto<br />

olhando as fotos que nem se deu conta de que a garçonete veio e levou o<br />

cartão de crédito de Alex.<br />

Levantando, entregou a Alex o telefone e marcou a discagem rápida no<br />

seu enquanto saíam juntos. Não se surpreendeu que o telefone de Sarah<br />

estava na caixa postal. Pensou em deixar uma mensagem.<br />

— Sarah, sou eu. Estou no intervalo do treino — Fez uma pausa por<br />

um momento, pensando se só devia dizer que a amava e que estava<br />

esperando falar com ela, mas decidiu perguntar o que na verdade queria<br />

saber. — Por que não me disse que Leo estava em Havasu com você? Acabei<br />

de ver as fotos. Me ligue ou me envie um texto quando puder. Tenho mais<br />

uma hora livre.<br />

— Ela não te disse que seu irmão ia? — Perguntou Alex enquanto<br />

esperavam para atravessar.<br />

— Não me disse que ela ia — Confessou Angel. — Ontem à noite<br />

quando falei com ela, depois do treino.<br />

Olhou para frente, Angel não queria ver a expressão de Alex. Nunca<br />

tinha certeza do que Alex ia dizer. Seria o crítico de oposição ou diria algo<br />

útil? Não é que Angel sentisse que precisava de ajuda, só queria desabafar.<br />

Ver Sarah abraçada com Leo mexeu com ele, embora soubesse que era<br />

inaceitável estar zangado. A conclusão é que Sarah sabia que, ela só viu<br />

uma vez esse garoto. Seu pai seguia sendo um mistério que, provavelmente,<br />

Leo tinha as respostas e que ainda não caía bem a Angel.


— Então não foi a Havasu pelo que aconteceu na sexta-feira à noite?<br />

— Perguntou Alex, embora já não estivesse em sua habitual maneira<br />

divertida.<br />

Agora, Angel estava se lamentando por ter dito algo.<br />

— Sim, mas não para me chatear. Disse que depois de tanto ouvir<br />

sobre o que aconteceu e ver todas as fotos, precisava se distrair — Agora,<br />

Alex ria.<br />

— Bom, com certeza ela conseguiu. Duvido que esteja pensando<br />

nessas fotos neste momento.<br />

O semáforo ficou verde e começaram a atravessar a rua. Angel não<br />

queria aprofundar a conversa, assim que não respondeu.<br />

— E o que? — Perguntou Alex. — Pensei que ficaria contente por Leo<br />

estar com ela.<br />

— Ele não é como nós com Sof, Alex — Disse Angel, tratando não soar<br />

tão irritado pensando no assunto: — Ele apareceu no restaurante outro dia,<br />

acabou de conhecer esse cara.<br />

Alex parou quando pisaram no meio-fio e olhou Angel de olhos muito<br />

abertos.<br />

— Essa foi a primeira vez que ela o viu?<br />

— Sim — Angel fez um movimento ao dramatismo idiota de Alex para<br />

que continuasse andando — Ela esteve no Skype com ele e toda essa merda<br />

por semanas e trocando e-mails antes disso, mas conhecê-lo pessoalmente?<br />

Sim, essa foi a primeira vez.<br />

Chegaram à entrada do hotel, mas não entraram. Angel ainda não<br />

tinha vontade de voltar ao quarto, então foi à área de descanso no exterior.


Alex já estava com o telefone novamente e antes que Angel pudesse sentar,<br />

Alex se burlou, agitando a cabeça.<br />

— Está bem, já vejo o que está dizendo — Disse ele, passando um<br />

dedo sobre a tela do aparelho incansavelmente. — Esse cara é tecnicamente<br />

o irmão de Sarah, mas ele só a conheceu há poucos dias e agora está em<br />

Havasu com suas mãos por todo seu corpo molhado.<br />

— O quê? — Os olhos do Angel se abriram imediatamente para ver o<br />

telefone de Alex.<br />

Alex entregou o telefone e Angel pegou, quase arrancando de sua mão.<br />

Sentiu vontade de dar um empurrão em Alex por quase causar um ataque<br />

cardíaco. As fotos eram de Sarah e Leo novamente na moto aquática, só que<br />

desta vez, ela estava conduzindo e ele estava sentado atrás dela. Sim, suas<br />

mãos estavam ao redor de sua cintura e em uma delas parecia que pararam<br />

para posar para a foto, ele colocou a mão em sua coxa, algo que poderia ter<br />

feito Angel ficar louco, se não fosse o exagero de Alex. Deveria saber que<br />

Alex ia achar o gesto de Leo exagerado.<br />

A foto desapareceu quando o indicador de chamada cintilou na tela do<br />

telefone de Alex com o nome de Pam, Angel devolveu a Alex, pensando que<br />

possivelmente ele deixaria cair na caixa postal, mas em seu lugar, franziu a<br />

testa.<br />

— Tenho que atender.<br />

Levantou e se afastou, deixando Angel com os seus pensamentos em<br />

Sarah e Leo. Já poderia dizer que Alex ia estar de acordo com todo o<br />

assunto de não confiar em Leo, mas infelizmente, escutar Alex dizer que<br />

Angel não estava sendo completamente irracional ou excessivamente<br />

possessivo, não era uma confirmação suficiente. Poderia pedir opinião a<br />

Romero.


Se apoiando mais no banco, deixou cair a cabeça com irritação. Não<br />

estava louco. Sabia isso. Com os anos, conseguiu ser melhor em dominar<br />

essa parte dele, a parte que gostaria de golpear qualquer cara por olhar<br />

Sarah de uma forma equivocada. Mas isto era diferente. Possivelmente,<br />

como Alex sugeriu que ele tivesse uma conversa de homem para homem<br />

com Syd, Angel também deveria pensar em ter uma com Leo. Como ele não<br />

queria ferir os sentimentos de Sarah sobre o desaparecimento de seu pai da<br />

face da terra, no momento em que não conseguiu o que procurava, não<br />

queria tocar no assunto com ela outra vez. Mas talvez, pudesse perguntar<br />

em privado a Leo e deixar claro que ainda tinha suas dúvidas, não só sobre<br />

seu pai, mas também sobre ele.


CAPÍTULO<br />

DEZOITO<br />

A última vez que Sarah e Leonardo saíram para a ponte de tábua,<br />

Valéria fazia um comentário sobre terminar e estar pronta pra sair. Mônica<br />

ficou com Paul e eles saíram há tempo no seu Jet-Ski. Havia muitas áreas<br />

remotas ao redor do lago onde Sarah viu estacionado os Jet-Ski. Mônica se<br />

perguntou se na verdade, podia fazer mais com Paul do que só desfrutar<br />

das ondas.<br />

Sarah perguntou a Valéria se queria descer do barco. Podia voltar com<br />

ela e com Leo, já que Leo e seus igualmente tatuados amigos tinham um<br />

toldo na costa e montaram um churrasco, música e comida. Foi uma<br />

loucura, porque normalmente, Leo e seus amigos, que pareciam tão<br />

intimidantes como assustadores, eram o último tipo de meninos com que<br />

Sarah se sentiria cômoda saindo. Sarah se sentiu muito mais confortável<br />

passando um momento ali do que no barco, aonde não tinha colocado um<br />

pé ainda. Isso só chegou a demonstrar que nunca deveria julgar as pessoas<br />

unicamente por suas aparências. Tão impressionantes como Leonardo e<br />

seus amigos se pareciam, até agora, todos eles foram muito doces.<br />

Valéria esperaria meia hora por Mônica para retornar e se não<br />

retornasse, deixaria uma mensagem sobre onde podiam se encontrar.<br />

Leonardo e Sarah estavam de pé em volta da churrasqueira, à espera dos


hambúrgueres ficarem prontos. Dois de seus amigos, Alonzo e Bruno,<br />

estavam ali com eles. Bruno estava encarregado do churrasco enquanto<br />

Alonzo trocava as músicas no iPod. Tinham um alto-falante ridiculamente<br />

grande e estavam basicamente proporcionando a música para todos na<br />

proximidade. Sarah teve razão a respeito dos amigos de Leonardo,<br />

recordava os amigos de Angel de uma forma diferente. Ao contrário dos<br />

meninos raspados que mostravam seus abdominais com o aspecto enorme<br />

e o cara do pontão que parecia um pouco presunçoso, Leo e seus amigos<br />

estavam muito mais focados na terra. Leonardo ainda estava chateado,<br />

porque ela contou que Edmund sugeriu que ela tomasse banho de sol de<br />

topless se quisesse, por isso ela omitiu a parte de "ou até menos".<br />

Ela ganhou a vibe protetora de Leonardo. A mesma vibe que Angel,<br />

seus irmãos e amigos exalavam. Quando ele apareceu e, literalmente, a<br />

salvou de ter que ir para aquele barco, ele admitiu que estava observando a<br />

alguns metros de distância. Quando percebeu que ela parecia incomodada,<br />

não pôde ficar afastado e só olhar. Então depois, quando o amigo mais<br />

charmoso de Leonardo, Marcello, que estava nesse momento no Jet-Ski,<br />

deu um olhar para Sarah, o olhar que ela deu a Leonardo foi o suficiente<br />

para fazer com que Marcello levantasse suas mãos pra cima e recuasse.<br />

Sentada debaixo do toldo, agora com um hambúrguer nas mãos e um<br />

refrigerante na outra, Sarah sentia que Leonardo foi um enviado do céu, por<br />

aparecer naquele momento. Se ela estivesse naquele barco durante todo<br />

esse tempo, estava certa de que odiaria sua vida e temeria ter que dizer a<br />

Angel sobre isto mais tarde. Leonardo se sentou em seu lado e ela olhou<br />

para ele com um sorriso.<br />

— Está pronta para ir embora? — Perguntou enquanto mordia seu<br />

hambúrguer.


Sarah enrugou o nariz, mastigando sua comida e depois engolindo um<br />

pouco surpresa de como se sentia confortável com ele. Podia realmente ver<br />

Leonardo e seus amigos se dando bem com Angel e seus irmãos.<br />

— É tão bonitinho quando você faz isso — Disse Leonardo.<br />

Quando me chama de baby, ouvindo dizer coisas como essa e<br />

especialmente ver como me olhava quando falava, era tudo que podia<br />

arruinar a comodidade que sentia ao seu redor. Se perguntava, por acaso,<br />

se ele a chamar assim, tinha algo haver com o fato de que seu pai a<br />

chamava assim quando era um bebê. Talvez ele mencionou para o<br />

Leonardo.<br />

Terminou de mastigar e decidiu ignorar seu comentário bonitinho.<br />

— Podemos esperar um pouco? Assim damos um pouco de tempo a<br />

Mônica para retornar ao barco. Acredito que Valéria vai querer voltar<br />

conosco.<br />

— Isso é ótimo — Disse Leonardo com um grande sorriso. — Podemos<br />

leva-la de volta.<br />

Ela assentiu, olhando para o lago cheio de gente.<br />

— Não, eu já mencionei faz um tempo — Disse ela, jogando seu pé na<br />

água, depois olhando para ele — Ainda está tentando passar no exame do<br />

departamento de polícia de Los Angeles?<br />

Quando ela virou, flagrou ele olhando para ela. Seu sorriso<br />

desapareceu em reação a sua pergunta e afastou o olhar.<br />

— Não sei.<br />

— Por quê? — Perguntou — Pensei que era isso o que você queria. —<br />

Ele tomou um grande gole de sua cerveja, tão grande que a esvaziou e<br />

estava mais que meio cheio. Por um segundo, Sarah se perguntou se


deveria estar preocupada sobre ele bebendo e conduzindo o Jet-Ski. Os<br />

acidentes de bêbados na água não eram desconhecidos, mas ainda parecia<br />

estar bem.<br />

Jogando sua garrafa vazia na sacola de lixo negra que tinham<br />

amarrado ao toldo, olhou para ela, lambendo os lábios.<br />

— Tudo bem.<br />

Ela inclinou a cabeça, perguntando sobre o que.<br />

— Está tudo bem, fale.<br />

O ruído do Jet-Ski entrando chamou sua atenção. Leo olhou para<br />

Sarah e viu seu hambúrguer pela metade.<br />

Balançando a cabeça, olhou ao redor para ver onde podia se livrar do<br />

resto de seu hambúrguer. Ela antes comeu um cachorro quente e agora se<br />

sentia muito cheia.<br />

— Você não vai terminar isso?<br />

Negou e ele abriu sua boca. Se sentia estranha, mas de todas as<br />

formas, o pôs em sua boca e ele se levantou estendendo sua mão para ela.<br />

Ela pegou e imediatamente ele entrelaçou os dedos nos seus, a fazendo<br />

revirar em seu interior, mas não no bom sentido.<br />

— Temos que conversar. — Leonardo agarrou o colete extra de onde<br />

estava pendurado dentro do toldo.<br />

— Vocês dois vão sair de novo? — Perguntou Marcello enquanto se<br />

aproximava da água onde ancorou o Jet-Ski.<br />

Sarah não deixou de notar a maneira em que ambos, tanto ele como<br />

Bruno, olharam para ela e Leonardo de mãos dadas, mas uma parte dela se<br />

sentiu estranha e puxou sua mão. Para seu alívio, ele soltou sua mão para<br />

ajudá-la a colocar o colete salva-vidas, só que ficou muito perto dela. Queria


dizer que sabia colocar seu próprio colete salva-vidas, mas uma parte dela<br />

sentia como se estivesse paranoica sem nenhum motivo.<br />

Em vez disso, se concentrou em uma de suas tatuagens. Uma delas<br />

em particular chamou sua atenção antes, porque à primeira vista, pensou<br />

que era seu sobrenome, mas olhando mais de perto viu que dizia "Fera".<br />

Sabia o que significava, mas ainda sentia curiosidade.<br />

— O que significa isso para você? — Perguntou, apontando.<br />

Ele a olhou fixamente, ainda apertando as correias de seu colete salvavidas.<br />

— É só um apelido — Disse, como se estivesse procurando a reação<br />

em seus olhos — É como todos os meninos me chamam.<br />

— Besta selvagem? —Perguntou.<br />

Ele assentiu, sem deixar de olhar dessa maneira intensa, assim<br />

afastou o olhar. Seus olhos se fixaram em outra tatuagem: duplo L escrito<br />

com caligrafia em seus bíceps.<br />

— O que significa esse duplo L? — Perguntou.<br />

Levantou a vista para vê-lo a olhando agora de uma maneira estranha.<br />

— Vamos conversar.<br />

No momento em que grampeou todas as travas de seu colete, sua mão<br />

estava de volta na sua enquanto caminhavam para o Jet-Ski. Seu coração<br />

se acelerou de novo, sabendo perfeitamente bem que Angel estaria mais do<br />

que desconfiado sobre o comportamento de Leonardo. Ele bebeu mais<br />

rápido do que ela notou?<br />

Chegaram ao Jet-Ski e ele a ajudou a subir. Ela subiu desengonçada.<br />

Não havia uma maneira elegante de subir na maldita coisa. Subiu<br />

escarranchada no assento e esperou que ele subisse atrás dela. Ele se


sentou, pressionando seu corpo contra o dela por trás e trouxe<br />

comodamente seu braço ao redor da parte dianteira de sua barriga.<br />

— Vamos para um lugar privado — Sussurrou em seu ouvido e ela<br />

imediatamente ficou rígida. Sentiu ele afrouxar o agarre a seu redor e<br />

inclusive, se afastar um pouco — Assim poderemos conversar, baby.<br />

Ela virou seu rosto para ele, sem deixá-lo ir desta vez.<br />

— Por que me chama assim?<br />

Para sua surpresa, em vez de ficar alarmado que perguntasse isso, ele<br />

sorriu com superioridade, limpando uma manchinha de areia de sua cara,<br />

perto de seus lábios, por isso agora estava a olhando fixamente.<br />

— Porque é tão pequena e delicada ao meu lado. É o que me faz<br />

pensar assim sobre você.<br />

Engolindo em seco, se separou dele e ligou o Jet-Ski. Em questão de<br />

minutos, estavam fora da zona de limite de velocidade de oito quilômetros e<br />

acelerou.<br />

— Vamos nessa direção — Disse ele em voz alta contra sua cara,<br />

assim podia escutá-lo sobre o motor.<br />

Ela foi para a área isolada, onde ele apontou, mas quanto mais perto<br />

estavam, começava a sentir seu peito mais apertado e reduziu a velocidade.<br />

— O que está acontecendo? — Perguntou ele.<br />

Sarah negou com a cabeça, tentando desesperadamente sacudir a<br />

sensação completa de pavor que se apoderou dela, essa sensação de que<br />

estava sendo tão estúpida e ingênua como quando estava no colégio com o<br />

treinador Rudy. Mas antes que se desse conta, sentiu completamente um<br />

nó na garganta e se assustou. Tudo no que podia pensar era em Angel.


Deus, só queria estar com ele, ou ao menos, estar em algum lugar onde<br />

pudesse escrever uma mensagem ou ligar.<br />

— O que está acontecendo? — Perguntou Leonardo de novo, soando<br />

um pouco mais preocupado e virou lentamente o Jet-Ski.<br />

— Não sei — Gritou, se sentindo estúpida. — Estou me sentindo mal.<br />

Algo está errado. Eu não deveria estar aqui. Não é você — Olhou para ele. —<br />

Eu só... depois do que aconteceu com o treinador no colégio...<br />

— Oh, demônios não, Sarah! — Disse Leonardo, se afastando, assim<br />

seu corpo não tocava o dela absolutamente. — Eu nunca...<br />

— Sei! Sei! — Disse agora se sentindo completamente ridícula. — Sinto<br />

muito. Só me assustei. Não é você; é...<br />

— Pare o Jet-Ski — Disse. — Pare agora mesmo.<br />

— O quê? — Perguntou confusa, olhando atrás para ele. Estavam no<br />

meio do lago.<br />

— Desliga o motor. — Ordenou.<br />

Assim, ela o fez.<br />

No momento em que reduziu a velocidade o suficiente, saltou.<br />

— Leonardo! — Olhou para ele e logo olhou ao redor do Jet-Ski. — O<br />

que está fazendo?<br />

— Tenho que falar com você — Gritou de onde estava flutuando. —<br />

Mas preciso que se sinta segura. Agora estou longe. Pode ir quando<br />

desejar... Ou necessite.<br />

— O quê? — Disse se sentindo incrivelmente estúpida sem mencionar<br />

culpada. Ele não foi nada mais que um amor com ela o dia todo. — Isto é<br />

uma loucura. Suba! Podemos conversar dessa maneira, de todos os modos.<br />

É perigoso. Leonardo; por favor, suba!


— Nunca te machucaria, baby! — Gritou.<br />

— Está bem, acredito em você — Gritou — Só suba antes que se<br />

machuque.<br />

Ele vacilou, mas então começou a nadar para o Jet-Ski. Subiu e se<br />

sentou de novo atrás dela, com o corpo frio se sentindo bem contra o traje<br />

de banho dela, agora seco e quente.<br />

— Esquece o lugar privado — Disse ele contra seu ouvido. — Falarei<br />

isso no caminho até Valéria.<br />

— Sinto muito...<br />

— Não sinta — Disse ele imediatamente. — Nunca se arrependa de se<br />

sentir desconfiada.<br />

Ela assentiu, se sentindo como uma completa idiota, até que ele<br />

respirou profundamente e voltou a falar.<br />

— Menti para você.


CAPÍTULO<br />

DEZENOVE<br />

— Não foi assim por nada — Disse Angel, se sentindo estúpido pela<br />

sexta-feira à noite outra vez.<br />

— Ninguém foi detido, mas agora fomos todos castigados em um<br />

treinamento infernal. O treinador não vai deixar isso passar facilmente.<br />

Sal perguntou a Angel sobre Sarah. Aparentemente, ele viu algumas<br />

das fotos publicadas, incluindo a sequência de alguns jogos de bebidas que<br />

Angel não viu e que por sorte não participou. Angel explicou brevemente<br />

que ela estava um pouco preocupada, mas que agora estavam bem.<br />

Contente que Alex saiu do quarto, Angel aproveitou o momento a sós<br />

para falar com Sal sobre Leo, especialmente agora que Sal trouxe Sarah no<br />

assunto. Sal poderia ajudá-lo a validar seu pressentimento de que algo não<br />

estava bem por alguma boa razão, não só porque os instintos iniciais de<br />

Alex e Romero sempre foram de rachar seus punhos e pressentir o pior. Seu<br />

irmão mais velho não duvidaria em dizer para Angel para ser ciumento e<br />

simplesmente aceitasse que este menino podia ser verdadeiro e que<br />

possivelmente Angel estava se sentindo estranho por ter que compartilhar o<br />

afeto de Sarah com outro homem.


Tirou rapidamente o tema de seu pai e Leo, falou sem deixar nada de<br />

fora. Contou tudo: as flores, a foto quase nu que Leo enviou, o quão<br />

frequentemente se falavam por telefone e como seu pai desapareceu de<br />

repente. Inclusive, contou a Sal sobre Leo arrebentando o lábio do sujeito<br />

no estacionamento do restaurante. É obvio, Sal estava mais preocupado<br />

que Alex fizesse uma cena no restaurante, mas o deixou passar.<br />

— Então, o que seu irmão quis dizer sobre o desaparecimento de seu<br />

pai? — Perguntou Sal, voltando para o Leo.<br />

— Não acha estranho?<br />

— Acredito que não. Sarah diz que parece chateado com isso. De fato,<br />

disse que contou que seu pai podia ir para o inferno. Não falou muito sobre<br />

isso.<br />

Sal ficou calado por um momento e Angel seguiu, chegando ao tema<br />

sobre o que de verdade queria falar.<br />

— O assunto é o seguinte, Sal. Tenho um mau pressentimento a<br />

respeito do seu irmão. Não sei a que se deve, mas algo me diz que não é de<br />

confiança. E agora, ele está no Havasu com ela. Simplesmente não posso<br />

tirar a sensação de que algo vai acontecer.<br />

— Era esse o valentão das fotos? — Perguntou Sal, sua voz subindo de<br />

tom — Que estava nas fotos que Valéria publicou? Me perguntava se devia<br />

mencioná-lo, porque não sabia se tinha visto. É o que tem várias<br />

tatuagens?<br />

— Sim, é ele — Angel franziu a testa — O que quer dizer com isso, de<br />

que estava se perguntando se deveria mencioná-lo? Por que não falaria?<br />

— Porque pensei que ficaria louco e o que eu faria com você no Havaí?<br />

Mas não importa — Disse Sal, desprezando a moléstia do Angel — Como<br />

diabos este sujeito está relacionado com uma doçura como Sarah? Tem


problema escrito por todo seu corpo e não se parece em nada com ela.<br />

Como sabe que é seu irmão?<br />

— Finalmente! Isso é o que estou dizendo! — Disse Angel, ficando de<br />

pé, porque de repente, estava muito ansioso para ficar sentado. — Além da<br />

palavra de seu desprezível pai que este cara é familiar dela, não temos nada<br />

mais. Mas, o que se supõe que faça? Sarah parece bastante certa de que ele<br />

é seu irmão. E ainda pior, está emocionada por ter um irmão. Não pediu<br />

nada ou que faça algo louco, assim estou de mãos atadas.<br />

— Não, não está — Disse Sal imediatamente. — Está fazendo sua<br />

parte, cara. Tem que haver uma maneira de averiguar se é realmente quem<br />

diz ser. Mas se prepare no caso dele realmente ser seu irmão, Angel. Talvez,<br />

igual a mim, a primeira impressão dele te impactou. Pensei que era um<br />

valentão com todas essas tatuagens de merda, mas essa impressão não se<br />

encaixa com o que acaba de me contar. Além da foto que você diz que foi<br />

inapropriada, não parece haver nada mais louco sobre ele.<br />

— Em primeiro lugar — Disse Angel, se sentindo irritado que Sal<br />

insinuasse que Angel estava exagerando com a foto. — Foi inapropriada. Se<br />

os shorts estivessem alguns centímetros mais abaixo, seria pornografia.<br />

Sal começou a rir antes que Angel pudesse terminar.<br />

— Muito bem, que seja — Disse — Meu ponto é que vi as armas do<br />

cara. Inclusive, se suas cuecas tivessem nessa foto, eu não teria gostado. Só<br />

digo que possivelmente ele não seja o mais brilhante. Não deixe que isso<br />

mude seu julgamento. Se seu pressentimento estiver certo, então te<br />

parabenizo por não baixar a guarda, mas se ele for legítimo, não seja um<br />

idiota teimoso. Sarah merece ter uma relação com seu irmão<br />

independentemente de sua primeira impressão dele.


A conversa com o mais sensato de seus irmãos não aconteceu como<br />

Angel esperava: justificativa por se sentir tão desconfiado sobre Leo como<br />

ele. Sarah ainda não respondeu seu correio de voz.<br />

Estava a ponto de revisar um texto do treinador quando escutou a voz<br />

de Alex e alguns dos outros meninos da equipe gritando e vociferando.<br />

Angel levantou o olhar para ver um sorridente Alex caminhando para ele.<br />

— Vamos dá uma olhada na ilha — Disse Alex.<br />

— O quê? — Perguntou Angel, confuso enquanto alguns dos outros<br />

meninos batiam as palmas entre si atrás do Alex.<br />

— Não recebeu a mensagem do treinador? — Perguntou Alex.<br />

— O treino de amanhã de manhã está de pé, mas o desta noite foi<br />

cancelado. Somos livres para fazermos o que quisermos esta noite — Deu a<br />

volta para olhar os meninos atrás dele e baixou a voz. — Estes idiotas estão<br />

falando em ir para a festa — Angel deu um salto de onde estava,<br />

repentinamente se sentindo animado, mas principalmente aliviado de que<br />

seu segundo treino exaustivo fora cancelado.<br />

— Vamos pegar um táxi para visitar os lugares interessantes.<br />

— Para a merda o táxi — O rosto do Alex se retorceu enquanto saíam<br />

do hotel. — Temos muito tempo para compensar. Alugamos um helicóptero.<br />

**********<br />

Logo depois de passar a tarde fora em Waikiki com seu irmão, Angel<br />

foi finalmente capaz de ligar para Sarah, que é óbvio ligou quando estavam<br />

no helicóptero e não teve como atender. Logo depois disso, não esteve o<br />

suficientemente longe de Alex para ter a conversa que sabia que teriam uma


vez que atendesse. Mas agora, estavam de volta e Alex saiu, fez exatamente<br />

o que Angel queria fazer: uma chamada privada longe dele.<br />

Marcou o número e se recostou na cama. A última coisa que queria<br />

fazer era discutir. Mas seguia curioso de por que não disse que Leo estava<br />

ali. Ela não deixou uma mensagem, só disse que ligasse quando tivesse<br />

oportunidade. Somete escutar sua voz quando ela atendeu provocou um<br />

sorriso de foto instantânea.<br />

— Ouça, baby — Disse e se sentou — Estava no helicóptero quando<br />

me ligou mais cedo.<br />

Ela ficou em silêncio por um momento antes de responder.<br />

— Helicóptero? Pensei que hoje teria dois treinos.<br />

— Sim, mas cancelaram o segundo.<br />

— Quem estava com você?<br />

— Alex — Respondeu simplesmente.<br />

— Somente vocês dois?<br />

— Sim — Sorriu — Foi romântico como uma merda. Seguramos mãos<br />

e tudo.<br />

Ela deu gargalhadas e seu sorriso se alargou.<br />

— Deus, você é estranho. Eu também sinto saudades. Amanhã<br />

sairemos bem cedo, assim estaremos lá no aeroporto para busca-los. Não<br />

posso esperar.<br />

— Não precisa fazer isso, baby — Disse. Pensar que amanhã a veria o<br />

emocionava — Não quero que vá rápido para casa. É um longo caminho.<br />

Ela garantiu que não correriam. Tinham tempo para ir devagar se<br />

despertassem cedo. Angel odiava interromper sua vaga conversa, mas devia<br />

parar antes que ficasse louco.


— Então, por que não me disse que Leo estava com você?<br />

— Eu nem sabia que ele viria. Comentou que estaria por aqui e hoje<br />

ele simplesmente apareceu.<br />

— Vi as fotos de vocês de Jet-Ski.<br />

— Sim — Respondeu quase soprando — Não sabia que Valéria<br />

postaria tantas fotos.<br />

Angel cerrou os dentes outra vez tentando ver o lado positivo. Com um<br />

menino como Leo levando a Sarah em seu Jet-Ski, era virtualmente<br />

improvável que outros meninos se metessem com ela. Não como Valéria e as<br />

outras garotas que foram com eles, as únicas fotos nas que Sarah aparecia<br />

com meninos eram com Leo.<br />

— Se divertiu?<br />

— Hummm — Pareceu vacilar e logo continuou — Foi um dia<br />

interessante.<br />

Ele esperou que continuasse falando, mas ela parou.<br />

— Então?<br />

Sarah suspirou quase dramaticamente, deixando Angel nervoso.<br />

— Primeiro, me convidaram para esse barco que certamente viu nas<br />

fotos — Ela parou, mas ele não comentou nada, porque não queria<br />

perguntar quem diabos havia convidado.<br />

Fazia uma ideia, pessoas completamente estranhas que acabavam de<br />

conhecer. Se perguntasse, estaria certo, não seria capaz de se conter de<br />

dizer sua opinião a respeito e não queria que a conversa azedasse tão<br />

rápido. Havia algo no tom de Sarah que dizia que ele não gostaria da<br />

resposta.<br />

— Então. Continue.


— Leonardo apareceu inesperadamente e para ser honesta, foi uma<br />

bênção. Não queria estar naquele barco, assim, ele me salvou.<br />

— Não foi no barco?<br />

— Não.<br />

Bem, talvez essa teoria de que era melhor que Leo estivesse ali<br />

estivesse vindo abaixo.<br />

— O que mais?<br />

Ela bocejou e ouviu que movia coisas.<br />

— Estou muito cansada, Angel. Melhor continuar com isso amanhã. É<br />

muita coisa. Tudo o que sei é que nunca voltarei a fazer algo assim outra<br />

vez. Foi muito estressante estar com todos esses homens bêbados e as<br />

garotas e as brigas...<br />

— Brigas? Quem brigou?<br />

— Todos — Murmurou, mas mesmo assim, notou a mudança em sua<br />

voz. Ela soava triste e isso o fez se endireitar.<br />

— O que aconteceu de ruim?<br />

— Nada — Respondeu, mas definitivamente algo estava errado.<br />

— Sarah, baby, não minta para mim.<br />

— É só... — Respirou fundo — É que nunca devia ter vindo aqui sem<br />

você.<br />

— Pode me dizer o porquê?<br />

— Senti meu estômago dar nó o dia todo — Sua voz soava um pouco<br />

menos cansada agora, o que fez com que Angel se sentisse melhor, mas ela<br />

permaneceu enigmática.


Baixou a voz e contou o resto. A outra garota que foi com eles, Mônica,<br />

ficou realmente bêbada. Assim, em vez de deixá-la a sós no barco com todos<br />

os meninos, os quatro não caberiam no Jet-Ski de Leo quando passou para<br />

buscar Valéria, deixou Sarah na costa com seus amigos e foi sozinho.<br />

Trouxe a Valéria e a Mônica a salvo, mas um par de minutos depois, os<br />

meninos bêbados foram atrás deles com seus Jet-Ski e o Leo e seus amigos<br />

ficaram na defensiva.<br />

— Leonardo bateu em uns dos meninos e o deixou muito mal. —<br />

Sussurrou e Angel pôde notar que começou a chorar — Pensei que o<br />

mataria. Foi tão assustador. Foi uma face dele que não esperava. Isso foi<br />

tudo. Lembrei que quase não o conheço.<br />

Uma parte de Angel estava feliz de que Sarah tivesse um pouco de<br />

medo de Leo, mas a outra estava preocupada com seu irmão. Pelo que ela<br />

disse, o menino era imprevisível, perigoso.<br />

— Há algo mais ou só está muito cansada?<br />

Tentava ser consciente. Mas sentia que aconteceu algo mais que a<br />

briga.<br />

— Há algo mais — Respondeu voltando a bocejar — Mas realmente<br />

preciso dormir um pouco, Angel. Valéria e eu revezaremos em turnos para<br />

dirigir amanhã. Se começo esse assunto com você agora... — Inalou e<br />

exalou — Estaremos aqui até de manhã.<br />

Genial. Agora realmente queria saber.<br />

— Algo tão ruim? — Perguntou, fechando os olhos e deixando apoiar a<br />

nuca na cabeceira.<br />

— Não — Respondeu bocejando. — Somente longo. Contarei tudo<br />

amanhã de manhã, está bem? Prometo.


Desligaram e vinte minutos depois, quase dormiu olhando a televisão,<br />

até que Alex entrou e o despertou.<br />

— Falou com a Sarah? — Perguntou Alex, tirando a camisa pela<br />

cabeça e atirando na cadeira.<br />

— Sim — Assentiu Angel, desligando a televisão e pedindo para que<br />

Alex não a religasse.<br />

O homem foi para o banho e Angel o pôde ouvir escovando seus<br />

dentes. Quando fechou a torneira, Alex perguntou:<br />

— Então, já sabe de alguma coisa?<br />

— Que coisa? A briga?<br />

— Quer dizer, brigas? — Alex riu entre dentes, saindo do banheiro e se<br />

sentou em sua cama. — Isso que Valéria me disse, Leo é pior que Romero —<br />

Alex desamarrou seus sapatos e os tirou com os seus pés e logo começou a<br />

tirar suas meias três-quartos. — E disse que não era como nós com a Sof,<br />

mas me parece que é sim. Em primeiro lugar, mandou a merda esse<br />

menino. Valéria disse que estava bastante certa que se tivessem deixado a<br />

sua amiga com ele, se aproveitariam dela. Leo se assegurou de deixar a<br />

garota no barco, mas mais tarde, esse mesmo menino voltou para Sarah e<br />

disse que a outra garota estava muito bêbada para ser divertida, mas que<br />

ela serviria — Alex voltou a rir, sacudindo sua cabeça —Val me disse que o<br />

Leo golpeou o cara até que este apenas se movia.<br />

— Ela me contou dessa briga — Disse Angel, apoiando em seu<br />

cotovelo, surpreso de que Sarah não tivesse mencionado os detalhes. —<br />

Houve alguma outra?<br />

Alex o olhou enquanto se levantava e abria a braguilha da calça.<br />

— Bom, não foi como uma briga, só Leo discutindo com alguém. Não<br />

te falou sobre isso?


Angel sacudiu sua cabeça, mas tinha um mau pressentimento.<br />

— Estava cansada. Disse que me diria o resto amanhã.<br />

— De volta para o quarto, um par de idiotas bêbados estavam<br />

esperando — Disse Alex, deitando sob seus lençóis — Disseram que<br />

estavam esperando ser convidados para seu quarto, outra vez.<br />

— Outra vez? — Perguntou Angel, instintivamente olhando para seu<br />

telefone, preparado para ligar de volta, se precisasse.<br />

— Sim, isso foi o que disseram — Alex franziu a testa. — Suponho que<br />

ontem de noite, as garotas estavam tendo um momento no balcão, olhando<br />

as pessoas e estes dois meninos começaram a puxar papo, assim decidiram<br />

se convidar para seu quarto. Segundo Valéria, os meninos bateram na sua<br />

porta, mas não os deixaram entrar. De todos os modos — Alex bocejou. —<br />

Leo esteve tranquilo, até que um deles disse algo a Sarah e o pôs em seu<br />

lugar com um só golpe.<br />

— O que disse o menino? — Perguntou Angel, se perguntando o que<br />

chatearia tanto a Leo ou se o menino era tão selvagem como parecia.<br />

— Sei lá — Disse Alex, rodando — Algo estúpido, mas Valéria disse<br />

que nenhum deles o viu novamente, muito menos o menino bêbado. Num<br />

segundo, seu cu bêbado estava difamando Sarah e no seguinte, estava no<br />

chão.<br />

Olhando fixamente seu irmão já dormindo, Angel pensou sobre isso.<br />

Sarah descreveu um Leo muito assustador.<br />

Pensei que ia mata-lo.<br />

O dia de amanhã não podia chegar rápido o suficiente. Angel precisava<br />

saber agora tudo a respeito deste cara. Angel sabia a respeito dos<br />

temperamentos explosivos. Sarah não era alheia ao dele. Por muito que<br />

esteve ao redor dele e de seus irmãos e inclusive de Romero, que era o pior


de todos, nunca usou a palavra assustador para descrever a qualquer um<br />

deles. Irmão ou não, um tipo imprevisível e possivelmente perigoso não era<br />

alguém que Angel quisesse que se aproximasse de Sarah.<br />

Em toda viagem de volta à La Jolla, Sarah pensou sobre tudo que<br />

tinha que dizer a Angel. Essa, possivelmente, poderia ter sido a viagem mais<br />

longa de sua vida. Teve um bom tempo para pensar a respeito do que diria e<br />

sabia que Angel já desconfiava de Leo. Tão incômodo como foi ter visto esse<br />

lado do Leonardo, ao menos, foi aberto e honesto sobre isso.<br />

Não tinha que ter dito e o certo era que em ambos os casos, quando<br />

reagiu, fez para defendê-la. Não haveria possibilidade de que Angel<br />

sustentaria isso contra ele.<br />

Depois de passar todo o dia com o Leonardo, conheceu seu lado<br />

vulnerável. Embora dissesse coisas que a fizeram ficar incomodada,<br />

incluindo que nunca sentiu o que ela o fazia sentir. Não era a pessoa mais<br />

tagarela que conheceu. Era cru e amaldiçoava muito, mas tinha um lado<br />

suave.<br />

Era algo que notou desde o começo. Entendeu quando foi o momento<br />

de dizer coisas boas, coisas doces, que era difícil de dizer. Era como se não<br />

estivesse acostumado a dizer essas coisas a ninguém. Talvez por isso sua<br />

escolha de palavras era equivocada. Ou igual quando a chamou de baby.<br />

Tratou de pensar na teoria de que pensava como seu pai, mas se sentia mal<br />

e já que Angel não podia suportar ouvir Sydney chamá-la de Lynni, tinha<br />

certeza que se oporia a isto. Entretanto, não se atreveria a dizer a Leonardo<br />

que não a chamasse assim. Outra coisa que confirmou este fim de semana.


Independentemente das incertezas que ainda tinha sobre ele, seus instintos<br />

disseram que ele não ia machucá-la. Ficou ainda mais claro isso este fim de<br />

semana. Se quisesse, poderia ter feito facilmente. Em troca, a protegeu,<br />

mesmo de forma grosseira. Com exceção desse momento, quando começou<br />

a entrar em pânico no Jet-Ski, nenhuma única vez se sentiu insegura a seu<br />

redor. Não ia baixar a guarda sobre Leonardo. Aprendeu a lição. Ainda<br />

havia algo estranho quando estava próxima a ele, mas a única coisa de que<br />

tinha certeza, era que nunca faria mal. Tinha certeza, entretanto, Angel não<br />

o entenderia, porque inclusive ela não podia explicar por que estava tão<br />

segura. Assim, decidiu que por agora, guardaria essa parte para si.<br />

Deixaram primeiro Mônica e depois, Valéria deixou Sarah, porque<br />

ambas queriam encontrar os meninos em seus carros separados. Sarah e<br />

Angel conseguiriam uma casa. Ela esteve fora todo o fim de semana e não<br />

tinha nenhuma pressa em voltar para casa, não quando a alternativa era<br />

dormir toda a noite e logo despertar nos braços de Angel. Ela já estava<br />

louca de ansiedade.<br />

Valéria se encontrou com Sarah na recepção da bagagem, embora nem<br />

Angel nem Alex estivessem esperando por elas. Eles combinaram que esse<br />

era um bom lugar para se encontrarem. Haviam muitas outras famílias,<br />

namoradas e inclusive alguns meninos esperando pela equipe. A<br />

aterrissagem de seu avião foi anunciada e Sarah não podia acreditar como<br />

estava ansiosa em vê-lo. Era quase tolo. Ele só se foi por um fim de semana,<br />

mas com tudo o que aconteceu, sentia que estiveram longe por meses.<br />

Olhou enquanto alguns dos jogadores começavam a descer as escadas.<br />

Alguns usavam seus uniformes, outros usavam camisas da escola. Depois o<br />

viu. Ambos, ele e Alex, usavam jeans e suéteres, só que Angel usava uma<br />

camisa de manga longa debaixo enquanto Alex usava uma de manga curta.<br />

— Aí estão — Disse Valéria, quase dançando junto a ela.


No instante em que ambos os irmãos as viram, esboçaram sorrisos<br />

enormes. Jesus, ambos eram tão perfeitos, mas o olhar de Angel tirou seu<br />

fôlego e a deixou sem fala. Valéria e ela correram para eles e pularam em<br />

seus braços quando chegaram perto o suficiente. Angel enterrou o rosto em<br />

seu pescoço, a abraçando fortemente.<br />

— Deus, senti saudades — Disse, inalando profundamente — Senti<br />

que isso durou mais de três dias.<br />

Ela se afastou para olhá-lo no rosto.<br />

— Foi mesmo, não é? Não sou a única pateticamente doente de amor?<br />

— Angel riu.<br />

— Bom, espero que esteja, porque estou completamente. — Sorriu<br />

— Foi muito tempo. A próxima vez planejaremos com antecipação,<br />

porque isso não acontecerá de novo.<br />

Se separaram de Alex e de Valéria e foram para uma casa perto da<br />

praia. Sarah pensou que talvez ele quisesse dar um passeio pela praia ou<br />

comer algo em um dos restaurantes na orla, mas Angel disse que tudo que<br />

queria fazer era ir para casa, comprar algo para comer e desfrutar de seu<br />

tempo juntos. Ele não disse e Sarah estava certa de que era porque, não<br />

queria arruinar o estado de ânimo em que se encontravam, mas sabia que<br />

estava ansioso para escutar tudo o que tinha para contar a respeito de Leo.<br />

Estava acostumada de Angel não ser capaz de tirar as mãos de cima<br />

dela, mas hoje era diferente, a maneira como a tocava e a acariciava,<br />

inclusive quando a escutava falar. Contou sobre sua longa viagem desde o<br />

Havasu e sobre como quase ficaram sem combustível, porque nem ela nem<br />

Valéria se deram conta do pouco que tinham até que estiveram a<br />

quilômetros de distância em ambas as direções de um posto de gasolina.


— Mônica dormiu durante quase toda a viagem; tinha uma grande<br />

ressaca — Disse Sarah, tocando os lábios dentro do elevador que os levaria<br />

a seu apartamento.<br />

Enquanto esperava que o recepcionista entregasse suas chaves no<br />

lobby, Angel a manteve próxima, escutando cada uma de suas palavras.<br />

Doente de amor era a palavra exata que ela estava acostumada a usar para<br />

descrever a forma em que ele a olhava e a amava, porque era exatamente<br />

como se sentia quando o olhava.<br />

— Irreal — Sussurrou, passando os dedos por seu cabelo.<br />

— O quê? — Ela sorriu, olhando seus lábios e de volta a seus olhos.<br />

— A maneira que me faz sentir — Sussurrou, acariciando seus lábios<br />

com os dedos, a olhando enquanto ela se inundava mais em seus olhos. —<br />

É como se tudo o que senti este fim de semana, toda a angústia, todas as<br />

preocupações, toda a ansiedade por estar ao seu lado de novo, valesse a<br />

pena. Inclusive, faria de novo, reviveria a tortura a que o treinador nos<br />

submeteu centenas de vezes, por este momento. — Sussurrou, a beijando<br />

brandamente e depois se afastando para olhá-la nos olhos dessa maneira<br />

que amolecia seus joelhos.<br />

— Isso faz com que valha a pena. Não digo o suficiente. Te amo Sarah.<br />

Sentindo as lágrimas quentes em seus olhos, o abraçou fortemente<br />

justo quando o elevador apitava e parava.<br />

— Eu também te amo.<br />

Caminharam pelo corredor, recarregando um ao outro e rindo, porque<br />

ambos sabiam que outras pessoas pensariam que seus comportamentos<br />

eram nojentos.<br />

Alex e Valéria certamente já estariam nus em algum lugar,<br />

aproveitando ao máximo de seu tempo juntos. Se Angel não fizesse nada


mais que abraçá-la e olhá-la nos olhos da forma em que fez desde que se<br />

encontraram no aeroporto, ela estaria igualmente feliz.<br />

No momento em que entrou no apartamento e com a porta fechada a<br />

suas costas, Sarah descobriu rapidamente que abraçá-la e olhá-la<br />

amorosamente nos olhos toda a noite não era o que Angel planejava. Se<br />

aproximou e a beijou mais profundamente desde que chegou.<br />

Caminhando de costas enquanto suas respirações se aceleravam com<br />

cada estocada de suas impacientes línguas na boca do outro, Angel<br />

levantou a blusa e a tirou. Tirou sua camisa e ela percorreu seus largos<br />

ombros com suas mãos, beijando enquanto se recostava na cama. Como<br />

um profissional, desabotoou o sutiã e o tirou em segundos, tudo enquanto a<br />

beijava insaciavelmente. Sugando seu lábio inferior mais e mais forte,<br />

sabendo muito bem que a teria gemendo logo, abriu a braguilha da calça.<br />

Sarah levantou os quadris para ajudá-lo a tirar junto suas calcinhas.<br />

Angel gemeu com a vista de seu corpo, agora nu, debaixo dele. Sarah<br />

nunca se cansaria da forma que ele olhava lentamente com tanta<br />

admiração, como se fosse a primeira vez que olhava cada centímetro dela.<br />

Separando as pernas, passou a mão entre elas e a acariciou gentilmente, a<br />

fazendo tremer incontrolavelmente. Talvez em outro momento estivesse<br />

disposta a esperar que ele tomasse seu tempo, mas hoje não. Se esticou<br />

para alcançar sua braguilha e começou a baixá-la até que ele se desfez por<br />

si mesmo.<br />

Uma vez que o teve fora da calça e igualmente nu, o atraiu para si,<br />

amando a forma que seu perfeitamente cinzelado corpo se sentia contra o<br />

seu.<br />

— Faça amor comigo — Sussurrou ansiosamente.


— Sim. — Ele sussurrou de volta. A olhando nos olhos com um<br />

pequeno sorriso. — Mas primeiro, vou te comer até que grite meu nome!<br />

Seus olhos brilharam enquanto se abria mais para ele.<br />

— Por favor.<br />

Piedosamente, não a fez esperar. Nesse instante, empurrou nela e<br />

começou a fazer exatamente isso.


CAPÍTULO<br />

VINTE<br />

Nada mudou, não depois de todo este tempo. E Angel sabia que nunca<br />

sentiu nada igual a fazer amor com Sarah. Podia ficar deitado abraçado<br />

durante horas e simplesmente olhar e beijar com delicadeza. Seus lábios.<br />

Seu nariz. Sua face. Desde que a conheceu, continuava a ser incapaz de<br />

manter suas mãos e lábios longe dela. Ela possuía todo seu ser e felizmente,<br />

entregara seu coração. Era algo que precisava ouvir. Precisava que ela fosse<br />

consciente disso, porque nunca a partilharia, não com Sydney e muito<br />

menos com Leo, principalmente levando em conta que poderia ser perigoso.<br />

Tanto quanto gostaria de ficar para sempre ali deitado a observando,<br />

precisavam conversar sobre a outra noite.<br />

Afastando alguns centímetros de sua frente, quase se odiou por<br />

perguntar e mudar o clima entre eles, mas tinha que fazer.<br />

— Então, como foi este fim de semana? Na outra noite me disse que<br />

teria de ficar mais tempo.<br />

Seus olhos se detiveram em seu peito e seu corpo se esticou. Angel<br />

lutou contra o impulso de trincar seus dentes e perguntar o que estava<br />

acontecendo. Talvez estivesse nervosa por dizer quão protetor Leo foi com<br />

ela, que em vez de derrubar só um oponente, derrubara dois, que na


verdade, não tentavam machuca-la. Embora estivesse agradecido pela<br />

proteção, sabia que seu irmão não o fizera por ele. O cuidado fraternal não<br />

era nada novo a Angel. Sabia tudo sobre isso, mas desta vez, sentia que era<br />

diferente e pela vibração que estava recebendo de Sarah, realmente podia<br />

dizer que assim era.<br />

— Sei que não confia em Leonardo, Angel. — Se afastou e levantou<br />

uma sobrancelha, Angel a enfrentou, determinado a manter a mente aberta.<br />

— Ele mentiu um pouco, mas não foi tão importante. — Disse com um<br />

toque de persuasão em seus olhos que mostrou a Angel que já perdoou o<br />

rapaz.<br />

— Sobre o que ele mentiu?<br />

— Ele tem um irmão. Um irmão mais velho.<br />

Angel franziu as sobrancelhas.<br />

— Por que mentiu?<br />

— Porque seu irmão está preso. Por isso não queria que soubéssemos.<br />

Temia ser julgado pelo que o irmão fez, ele pegou prisão perpétua por<br />

assassinato.<br />

— Assassinato? — Perguntou Angel, sentindo todas as reservas que já<br />

sentia por Leo, subir a um nível totalmente diferente.<br />

— Sim, mas foi condenado há anos e Leonardo também foi para a<br />

prisão, mas ficou por pouco tempo, depois jurou que mudaria de vida.<br />

— Como assim? O que Leo fez para ser preso?<br />

Ela olhou para outro lado, desta vez, levantando uma sobrancelha e<br />

ele odiava isso, porque sabia o que significava. Fosse o que fosse ela o<br />

defenderia.


— Bem, Leo não mentiu sobre estar na universidade. Mentiu a Omar<br />

sobre isso, mas se lembra do primeiro e-mail que recebi de Leonardo,<br />

escreveu que estudar não era para ele e estava fechando o semestre.<br />

— Ele realmente cursou a universidade, Sarah?<br />

Angel se esforçava para não julgar. Não importava se o cara foi ou não<br />

aceito na universidade. Um título universitário não significava nada, a<br />

menos que fizesse algo com ele e conhecia várias pessoas que nunca<br />

estudaram em uma universidade e, no entanto, tinham grandes realizações<br />

na vida. No que entendia, essa era a mentira número dois. Quantas mais<br />

haveria?<br />

— Não. — Disse ela olhando e levantando o queixo. — Não esteve. Leo<br />

teve uma vida dura e admitiu ter entrado e saído de problemas desde muito<br />

jovem. Contou tudo, inclusive coisas que não precisava me dizer, mas o fez.<br />

— Como o que? — Angel se endireitou, apoiando-se contra a cabeceira.<br />

— Algo sobre sua adolescência e que foi parte de uma gangue, ele<br />

mesmo lutou por dinheiro. Foi assim que seu irmão matou uma pessoa e<br />

terminou na prisão pelo resto de sua vida. Mas ele já não é parte disso. Seu<br />

irmão o fez prometer que deixaria essa vida e se esforçasse em ser uma<br />

pessoa melhor e ele está tentando.<br />

Angel a observou com espanto e horror. Sua linda namorada passara o<br />

fim de semana com um cara destes? Um valentão alegando que já não era<br />

parte de uma gangue? Angel nunca se envolvera com algo assim, mas sabia<br />

bastante a respeito disso. Uma vez que se entrava em uma gangue, só saia<br />

com a prisão ou em um caixão.<br />

— E acha que ele não precisava dizer tudo isso a você?<br />

— Não precisava.


— Sarah, ele tinha a obrigação de dizer tudo. — Disse Angel, tentando<br />

não levantar a voz. — Você tem o direito de saber se estiver perto dele ou de<br />

seus amigos, você tem de saber onde está se metendo. — Quase se calou,<br />

mas não pôde se conter. — Ele é perigoso.<br />

— Mas é meu irmão. — Disse imediatamente.<br />

— Ele a assustou, Sarah. Você mesma disse e agora...<br />

— Olhe — interrompeu levantando as mãos para tocar os braços<br />

tensos de Angel. — Não quero brigar sobre isto, está bem? Ele não mentiu<br />

quando disse que esperava passar nos testes da polícia de Los Angeles, mas<br />

ele sabe que não chegaria além da verificação de antecedentes, quanto mais<br />

a ser aprovado nos exames escritos. Não com seu histórico. Não vai ser<br />

como se ele morasse aqui, nem estaria o tempo todo perto de mim. Ainda<br />

assim, eu gostaria do tê-lo em minha vida, mas não se preocupe comigo e<br />

nem por seus amigos perigosos. — Ela olhou seus braços e os apertou,<br />

baixando a voz. — Sei que disse estar um pouco assustada. Ver o quão<br />

violento ele podia ser foi terrível, mas nunca me senti em perigo com ele e<br />

na única vez...<br />

— O que ele fez? — Angel ardeu em chamas imediatamente.<br />

— Não. — Rapidamente ela negou com a cabeça, se endireitando e<br />

pondo as mãos entre as suas e falou rapidamente. — Nada disso. Só tirei<br />

conclusões precipitadas quando me disse que queria falar comigo em<br />

particular. Fomos de jet-ski a um lugar tranquilo do lago e me assustei. No<br />

momento em que ele percebeu, desligou o motor e desceu dele. Disse que<br />

falaria fora da água se me fazia sentir mais segura. Mas a não ser isso,<br />

sempre me senti segura com ele.<br />

Ela começou a contar sobre a briga e como Leo reagiu, pois pensara<br />

que tinham feito algo.


— Não creio que ele pretendesse machucar tanto os caras. — Como<br />

Angel temera, Sarah estava defendendo Leo ferozmente. — Acho que notou<br />

que me assustou, porque esta manhã, veio se despedir e me explicou que<br />

bater era um hábito difícil de esquecer.<br />

O cara só tinha dezenove. Há quanto poderia estar nessa gangue?<br />

— O que fez para ser preso?<br />

— Não me contou. Só disse que se meteu em muitas encrencas. Ser<br />

parte da gangue o colocava em coisas ilegais. Mas agora está tentando<br />

mudar de vida.<br />

— Como?<br />

Angel não pretendia parecer pessimista, mas o cara não estudava e<br />

muito menos trabalhava, já que ele e seus amigos estavam por capricho se<br />

divertindo no fim de semana.<br />

Sarah contou que Leo estava fazendo bicos por aí, construção,<br />

mecânico, mas nada sério.<br />

— Com seus antecedentes, é difícil ser contratado, mas me disse que<br />

vai bem e que não se mete em problemas há algum tempo.<br />

— Disse algo sobre o seu pai?<br />

Ela sacudiu a cabeça, olhando sua mão sobre a dele e Angel acariciou<br />

sua pele, odiando que ela pudesse estar sofrendo com tudo isso.<br />

— Já não pergunto mais. A última vez que perguntei, me disse que<br />

não se importava se Omar estava vivo ou morto e que eu deveria esquecê-lo.<br />

— Tocou a têmpora de Angel, logo suavizou sua sobrancelha levantada. Era<br />

algo que sempre o ajudava a se acalmar.<br />

— Sabe amor, não estou sendo ingênua sobre isto. Sei que já estou o<br />

chamando de irmão, mas estou consciente de que ainda não sei realmente


se é ou não. Só por ele ter confessado seu passado, não quer dizer que seja<br />

uma boa pessoa. Está bem? Mas até que eu tenha provas de que ele não é<br />

confiável, quero continuar com isto, devagar e com precaução, com você a<br />

meu lado a cada passo do caminho.<br />

Com isso, Angel decidiu que não tinha sentido continuar discutindo. O<br />

sujeito não estava morando na cidade, por isso, Angel pensou que não<br />

precisava se preocupar muito a respeito de Sarah estar por perto quando o<br />

cara se metesse em encrencas e deixou passar. Mas definitivamente levava<br />

a sério o conselho de Sal. Ele ficaria de olho em Leo. Angel poderia apostar<br />

que havia muito mais nessa história do que revelara Sarah.<br />

**********<br />

Os meses seguintes se passaram sem incidentes. Desde que Leo<br />

voltara para o México com sua mãe, para ajudar os parentes com algum<br />

tipo de trabalho na fazenda de alguém, ficaria fora por semanas, talvez<br />

meses. Sua ausência adiou a investigação de Angel. Supôs que com Leo<br />

fora, teria tempo de investiga-lo depois.<br />

Leo disse a Sarah que não teria acesso à internet e como não tinha um<br />

plano internacional de celular, Sarah não teria notícias dele, possivelmente<br />

até princípios do ano novo. Mas não levou uma semana para conversar com<br />

ela pelo Skype do México. Angel se sentiu aliviado pelo sujeito estar longe e<br />

que a única comunicação entre eles era através da internet. Entre as<br />

partidas, treinos de futebol e suas inúmeras tarefas na universidade, a<br />

última coisa que precisava era se preocupar com Leo.<br />

Apesar de Sarah e Angel já terem celebrado seu aniversário de vinte e<br />

um anos na véspera de Ano Novo com uma festa extravagante em sua casa,


tinham uma semana livre depois de Ano Novo e Angel sairia com Sarah.<br />

Todo o grupo se encontraria no Big Bear alguns dias antes de voltarem às<br />

aulas. Só Angel chegaria um dia antes que os outros, assim ele e Sarah<br />

teriam um tempo só para eles.<br />

— Pronta? — Perguntou enquanto ela saía pela porta principal para<br />

recebê-lo. Ela sabia que tinham de estar na cabana até amanhã, mas não<br />

sabia aonde iriam hoje. Sorriu e depois mordeu o lábio inferior.<br />

— Então, para onde vamos?<br />

Passando os braços ao redor de sua cintura, a levantou do degrau<br />

superior onde estava parada para gira-la em torno de si, rindo quando ela<br />

soltou um grito antes de baixa-la diante dele.<br />

— Big Bear — Disse com um sorriso e acrescentou: — Lembra da<br />

pequena capela que vimos na última vez que estivemos lá? Vamos nos<br />

casar.<br />

O sorriso dela murchou instantaneamente quando sua boca se abriu.<br />

Engolindo em seco, mas tentando manter o comportamento brincalhão,<br />

soltou- a mão.<br />

— Bem, foi só uma brincadeira. Não precisa perecer tão horrorizada.<br />

— Não! — Ela ofegou, tentando pegar minha mão de novo. — Não é o<br />

que está imaginando. É só que... — Fez uma pausa, tentando<br />

aparentemente encontrar as palavras adequadas. — Por um momento,<br />

pensei que você falava a sério e bem... Já falamos sobre isto...<br />

— Ok. — Disse, a atraindo para si de novo e a beijando com carinho<br />

antes que a atmosfera se tornasse estranha. — Sempre sonhou com um<br />

grande casamento e o terá. Mas vamos ter o lugar só para nós esta noite.<br />

Prometo que não falaremos em casamento.


Um sorriso de alívio inundou seu rosto e devolveu o beijo, acariciando<br />

o rosto com sua mão fria.<br />

— A ideia de me casar com você jamais me horrorizaria. É só que me<br />

pegou de surpresa.<br />

Depois de um longo e apaixonado beijo que deixou Angel com vontade<br />

de mais, ela disse que a bagagem estava pronta e só precisava arrumar sua<br />

cama, Angel a seguiu para dentro. Passaram na sala para avisar sua mãe<br />

para onde iriam e Sarah fez a mesma brincadeira que Angel fez com ela.<br />

— Há uma linda capela e queremos dar uma olhada. — Sua mãe<br />

estava a ponto de levar a xícara de café à boca quando os olhou séria.<br />

Sarah e Angel trocaram olhares até Sarah explodir em gargalhadas e<br />

assegurar a mãe que estava brincando. Sarah entrou no quarto rindo e<br />

Angel estava logo atrás.<br />

— Olá, baby.<br />

A voz masculina provinha do laptop aberto de Sarah que estava na<br />

mesa. Sarah se deteve, olhou para o laptop e logo depois a Angel, com uma<br />

expressão muito estranha para decifra-la.<br />

— Pensei que tinha me abandonado. — Disse o cara outra vez.<br />

— Quem é? — Perguntou Angel, a fúria, dor e alarme revolviam suas<br />

entranhas.<br />

Sério, tinha um cara chamando a sua namorada de baby? Antes que<br />

pudesse ver quem era, Sarah correu para o laptop e disse rapidamente.<br />

— Conversamos amanhã. Angel está aqui, Leonardo. Tenho que ir.<br />

Angel olhou para confirmar, de fato, Leo estava na tela antes de Sarah<br />

fechar a janela e baixar a tela.<br />

— Por que a chamou de baby?


Nem se importou que seu tom soasse tão severo. A adrenalina<br />

bombeando por suas veias queimava e queria bater em si mesmo por não<br />

ter prosseguido investigando Leo.<br />

— Bem, ele acha natural. — Disse ela, se esticando para tocar ser<br />

rosto. — Ele me disse que me acha muito pequena perto dele.<br />

— Ele a chama assim há muito tempo?<br />

Ela assentiu, mas não disse nada mais. Ok. Ele era seu irmão. Angel<br />

ouviu coisas mais doentes e pervertidas durante sua vida. Este cara era<br />

muito estranho. Pulou do maldito jet-ski quando ela se assustou. Quem<br />

fazia isso? Até Sal achou estranho quando contou. Agora isto?<br />

Sarah o beijou meigamente e depois começou a se aproximar da sua<br />

cama, mas Angel se soltou de seu braço.<br />

— Eu não gosto. Ouvir Leo chama-la assim me revira o estômago, peça<br />

para parar com isso.<br />

Já não importava se ela pensasse que era absurdo ele ter ciúmes de<br />

seu irmão. Estava cansado de fingir que estava tudo bem, na verdade,<br />

começava a odiar o sujeito. Odiara saber que ela conversava com o cara até<br />

tarde algumas noites. Sarah disse isso abertamente e Angel engolira. Afinal,<br />

era seu irmão. Só que Angel ainda tinha um mau pressentimento a respeito<br />

do sujeito e agora apelidos.<br />

Baby?<br />

Que merda era essa?<br />

— Não é nada demais. — Disse, mas ela afastou o olhar rapidamente.<br />

Angel a puxou pelo braço, a forçando a olhar nos olhos.<br />

— Tem certeza?


Ela assentiu, mas nada disso e nem a repentina expressão vazia em<br />

seu rosto parecia sincera. O fato de não ter dito nada a respeito, era um<br />

aviso de que este não era só um mero apelido fraternal, era seu irmão e não<br />

deveria se preocupar, ela deixou bem claro. Ela entendeu, porque se alterou<br />

quando o ouviu chama-la assim. O maldito irmão dela tinha que se<br />

intrometer em suas férias e nem começaram ainda.


CAPÍTULO<br />

VINTE E UM<br />

O trajeto para Big Bear começou tranquilo, mas desconfortável. Sarah<br />

não podia evitar se sentir culpada por não dizer a Angel sobre o apelido.<br />

Soube que Angel não gostaria no momento em que ouviu pela primeira vez<br />

Leonardo usando a expressão carinhosa. Mas se sentia ainda mais culpada<br />

por acabar gostando do apelido. Considerou dizer a Leonardo que aquilo a<br />

deixava desconfortável na frente de outras pessoas e provavelmente irritaria<br />

Angel. No entanto, Leo persistia em usar o apelido na frente de seus amigos<br />

e até na presença de Valéria, quando ele abraçou Sarah para se despedir na<br />

manhã em que partiram.<br />

Curiosamente, Valéria não achou estranho. Riu e perguntou a Sarah<br />

como se sentia ter um cara mau tão sexy a chamando de uma forma tão<br />

doce. Sarah não disse a verdade, que era um tanto emocionante, pois sabia<br />

que Valéria a interpretaria da maneira errada e não queria explicar tudo<br />

sobre seu pai. Assim, de forma simples e firme, explicou a Valéria que já<br />

tinha um cara sexy esperando em casa.<br />

Mas havia algo mais que a fazia se sentir culpada.<br />

Outra coisa que nunca disse a Angel e certamente não estava<br />

planejando dizer agora, foi como se sentiu quando Leonardo contou sobre


ficar no México por alguns meses. Não queria pensar nisso, mas essa<br />

última conversa foi diferente. Era como se estivesse dizendo adeus para<br />

sempre. As palavras "Conversaremos depois do ano novo", pareceram uma<br />

despedida. Inclusive, perguntou se havia algo errado. Ele esteve frio quando<br />

falou com ela. Na verdade, sentira um nó na garganta quando se<br />

despediram. Tinha a sensação de que ouvira sua voz pela última vez, do<br />

mesmo modo que agiu seu pai, que satisfez a curiosidade de conhecê-la e<br />

agora desaparecia de sua vida também. Se sentia ferida e humilhada por ter<br />

deixado uma impressão tão insignificante naqueles homens, nenhum dos<br />

dois parecia ter algum interesse nela.<br />

Então, quando recebeu a chamada pelo Skype menos de uma semana<br />

depois, ficou muito feliz, mais do que deveria. Realmente pensou que nunca<br />

mais o veria. Mais tarde naquela noite, quando telefonara a Sydney, a única<br />

pessoa que sabia como se sentira a respeito da despedida do irmão,<br />

chamara sua atenção.<br />

— Você está me deixando preocupada, Lynni. — Disse.<br />

— Por quê?<br />

— Não deveria estar se importando com o que Leo faz ou deixa de<br />

fazer. — Insistiu. — Deveria estar aliviada por ele estar longe.<br />

— Mas ele é meu irmão.<br />

— Sei, mesmo assim. Mas se eu fosse você, esperaria Angel se acalmar<br />

um pouco antes de contar que Leo entrou em contato com você.<br />

Então, seguiu o conselho de Sydney e contara sobre as conversas pelo<br />

Skype. Como era de se esperar, Angel não gostou, por isso ficou contente<br />

por omitir o assunto antes.<br />

— Tive um sonho estranho ontem à noite. — Disse Angel, a tirando de<br />

seus pensamentos.


Ele não disse nenhuma palavra até o momento. Sarah virou para ele.<br />

Observou seu perfil, a mandíbula quadrada e a expressão ligeiramente em<br />

alerta.<br />

— Sonhei que esteve mentindo para mim.<br />

Sentindo o coração se acelerar, Sarah o olhou, mas não disse nada e<br />

esperou que continuasse.<br />

— Não era uma mentira terrível. — Continuou olhando para frente. —<br />

Os rapazes me disseram para fazer um anel de noivado em vez de comprar<br />

um. Disseram que seria mais romântico, então o fiz e ficou horroroso.<br />

Normalmente algo como isto a faria sorrir. Sarah sentiu vontade, mas<br />

ele parecia tão sério...<br />

— A pedi em casamento e dei o anel, você dizia que gostou que estava<br />

muito bonito. — Agora a olhava, sem um sinal de sorriso, nem mesmo um<br />

brilho nos olhos cravados nela e logo voltaram a olhar a estrada. — Estava<br />

mentindo para não machucar meus sentimentos, mas eu sabia. Eu sei<br />

quando você não está dizendo a verdade ou mesmo pensando em me dizer<br />

uma mentira. Como agora.<br />

— O quê?<br />

— Quando perguntei a você — Disse, agarrando o volante visivelmente<br />

um pouco mais forte. — Se havia algo mais a respeito de Leo que poderia<br />

me embrulhar o estômago, você disse "não".<br />

Não chegou a chama-la de mentirosa, mas era o que estava dizendo,<br />

ele acertou em cheio. Só que como em seu sonho, não mentiu por malícia.<br />

Só não queria irrita-lo mais do que já estava.<br />

Angel virou para ela, só que desta vez não parecia tenso ou zangado.<br />

Parecia mais... Preocupado?


— Por que está mentindo, baby?<br />

— Não estou. — Disse, alcançando sua mão, mas ele a deixou no<br />

volante.<br />

— Desde que voltou de Havasu, você mudou.<br />

— Não, sou a mesma pessoa! — Disse, começando a sentir a garganta<br />

mais seca. — Está enganado.<br />

— Não estou enganado, você está diferente. — As mãos apertavam o<br />

volante mais forte, levantou um pouco a voz, mas não estava zangado.<br />

Parecia quase em pânico. — Nunca se comportou assim antes de conhecêlo!<br />

— Isso não tem nada a ver com ele — Disse, alarmada e surpresa por<br />

ele pensar isso. — Nem sabia que Leo estaria lá. É nisso que vem pensando<br />

este tempo todo? Que fui atrás dele?<br />

Angel não respondeu e Sarah voltou a olhar à estrada.<br />

— Pare o carro. — Disse, com calma a princípio, mas logo um pouco<br />

mais forte. — Por favor, Angel. Pare o carro!<br />

Angel começou a conduzir o carro lentamente para o lado direito da<br />

estrada e ela pôde ver que sairiam na rampa seguinte.<br />

— Por que está mentindo? — Angel perguntou, desta vez mais<br />

tranquilo, enquanto paravam no estacionamento abandonado de um<br />

acampamento.<br />

Não respondeu, simplesmente ficou olhando pela janela, o pôr do sol<br />

que começava a chegar, tentando decidir o quanto ele precisava saber.<br />

— Está sentindo algo por ele?<br />

Sua cabeça virou na direção dele.<br />

— Está maluco? Como pode me perguntar isso?


— Não sei! — Disse, estacionando o carro e virando para ela disposto a<br />

dizer tudo o que sentia. — Não sei o que pensar. Tudo isto é estranho.<br />

Malditamente estranho. Manda para a irmã fotos em que está quase nu,<br />

depois manda rosas e depois ouço chama-la de baby! Não sei o que pensar,<br />

Sarah! Eu nunca chamaria minha irmã assim e a conheço toda vida. Este<br />

cara a conheceu há quanto tempo? Três meses? E mais estranho ainda é<br />

que você fala com ele até tarde todas as noites. Nem com Sydney você faz<br />

isso! — Parou por um momento e a olhou quase como se doesse pensar<br />

nisso, mas continuou. — Quero dizer, onde está a namorada deste cara? O<br />

idiota não tem uma vida social? Desde quando um cara normal prefere<br />

conversar com a irmã, com a minha garota, até altas horas da noite?<br />

Finalmente parou e respirou fundo, olhando pela sua janela.<br />

Sarah pegou sua mão. Que agora estava fora do volante e descansando<br />

sobre a coxa. Pegou e entrelaçou os dedos. Angel virou para ela, sua<br />

expressão ainda completamente irritada<br />

— Eu não estava mentindo, exatamente. — Sacudiu a cabeça, respirou<br />

fundo e decidiu que seria melhor dizer tudo.<br />

— Ele também me chama de linda. — Começou e Angel imediatamente<br />

a interrompeu e puxou a mão, mas ela a segurou com força.<br />

— Você nunca me disse isso.<br />

— Você leu o primeiro e-mail que Leo me enviou...<br />

— Ele disse que a achava linda. — Disse Angel e ela podia ver que<br />

estava fazendo todo o possível para manter a calma. — Mais de uma vez,<br />

mas não a chamou de linda, sim, pensei que era estranho, mas mesmo<br />

assim é diferente. Que mais?<br />

Sarah engoliu em seco, começando a se arrepender de dizer isto, mas<br />

estava decidida a ser o mais honesta possível.


— Às vezes, ele me chama de amor. — Disse, se preparando para a<br />

tempestade.<br />

Viu como a confusão dominou seu rosto por um momento e logo suas<br />

sobrancelhas se elevaram.<br />

— Amor? — Perguntou. — Ele a chama de Amor? Está brincando<br />

comigo? — Sarah tirou o cinto de segurança e subiu em seu assento, o<br />

surpreendendo.<br />

— Empurre um pouco o assento para trás. — Disse ela.<br />

— Sarah — Angel começou a dizer, mas levou a mão para baixo e o<br />

assento começou a se mover para trás, dando espaço para se sentar sobre o<br />

colo dele.<br />

— Sabe que estou tentando ser paciente. — Disse enquanto ela levava<br />

as mãos ao seu rosto. — Mas quando se trata de você eu...<br />

— Eu sei. — Assegurou e então se inclinou, o beijando docemente,<br />

aliviada por ele retribuir o beijo. — Entendo que é estranho, mas você<br />

mesmo já disse, Angel, ele é diferente...<br />

— Estranho! — Angel a corrigiu. — Ele é muito estranho mesmo.<br />

Ela sorriu.<br />

— Está bem, muito estranho.<br />

— E se alguma vez eu ouvi-lo a chamar desse jeito eu...<br />

— Não vai acontecer, juro. — Disse com confiança, o beijando de novo.<br />

— Tudo bem? Vou falar com ele e nunca o ouvirá me chamar de outra<br />

coisa que não seja meu nome. — Se afastou e o olhou, seu coração<br />

começando a bater um pouco mais rápido, como quando se sentou em seu<br />

colo. — Mas nunca mais questione meus sentimentos por ele ou por<br />

qualquer outra pessoa. Como pôde pensar isso?


Angel fechou os olhos e apoiou a testa contra seus seios, levando os<br />

braços ao redor dela.<br />

— Há algo errado nesse sujeito. Senti desde o primeiro dia. Eu não fui<br />

com a cara dele e agora, ouvindo como ele fala e que você permite...<br />

Ele gemeu, apertando com mais força, mas não foi um gemido excitado<br />

ou feliz. Podia sentir suas mãos apertando o volante atrás dela com força.<br />

— Ouça — Disse, afastando seu rosto dos seios longe para que a visse.<br />

— Tecnicamente, não permiti fazer nada inapropriado. Só porque sua<br />

escolha de palavras é estranha não quer dizer que seja um cara mau. Eu<br />

sabia que você ficaria irritado, mas não pensei que estaria tanto assim.<br />

— Ele a chamou de amor! — Disse, franzindo a testa<br />

ameaçadoramente. — Eu a chamo de amor. — Suas mãos seguravam sua<br />

camiseta de novo. — E estou certo de que você não gostaria de me ouvir<br />

chamar outra garota de amor.<br />

— Tem toda a razão, eu ficaria furiosa. — Se retorceu em seu colo<br />

enquanto digeriu o que acabou de ouvir.<br />

Sim, ficaria furiosa e ferida. Não se surpreendia por ele estar tão ferido<br />

quando a questionou sobre mentir.<br />

Segurando seu rosto nas mãos, o beijou profundamente.<br />

— Nunca — Disse ela, interrompendo o beijo e olhando em seus olhos.<br />

— Nunca questione meu amor e fidelidade a você, de acordo?<br />

Ele a olhou, mas não assentiu nem aliviou sua expressão como ela<br />

esperava que fizesse. Suas mãos ainda seguravam sua camiseta com força e<br />

a intensidade nos olhos escuros era tão forte como foi na primeira vez que<br />

brigaram.


— Só por curiosidade. — Disse, lançando seu pensamento em<br />

momento picante.<br />

— Sim? — Perguntou ela, olhando-o fixamente.<br />

— Sofie me disse que se rendeu nesse momento de fraqueza, porque<br />

sentiu curiosidade.<br />

Sarah sentiu seu coração apertar. Não desde a noite terrível há anos<br />

atrás quando ele realmente acreditava que ela o enganou viu essa frieza no<br />

olhar dirigido a ela.<br />

— Está dizendo que eu...?<br />

— Me pergunto por que precisei pressiona-la a me contar. — Sarah se<br />

retorceu, tentando se afastar, mas ele a abraçou com força. — Só me diga<br />

por quê? Por que não queria que soubesse que Leo fala assim?<br />

— Porque não queria que ficasse irritado. — Disse, tentando em vão se<br />

soltar de seus braços. — Sabia que você não ia gostar, mas...<br />

— Sarah, prometeu que nunca voltaria a fazer isso.<br />

— Sei disso. — Disse, finalmente, desistindo de lutar para se soltar e<br />

caiu contra seu peito, o lugar onde sentia seu coração pulsar forte. — Sinto<br />

muito.<br />

Afrouxou a mão e acariciou seus cabelos, mas a outra mão continuava<br />

segurando a camiseta.<br />

— Olhe para mim. — Exigiu, sua voz cheia de pânico, por isso ela<br />

levantou seu olhar para seus olhos igualmente cheios de temor. — Não está<br />

interessada nele?<br />

— Não! — Disse imediatamente.<br />

— Tem certeza? — Seus olhos procuraram os meus.<br />

— Sim! — Assegurou com um beijo ligeiro em seus lábios.


— Sarah, não sou como Eric.<br />

— Sei que não é. — Continuou beijando seus lábios.<br />

— Nunca esqueceria algo como isso.<br />

— Sei que não o faria. — Parou para fita-lo nos olhos, pois precisava<br />

fazê-lo entender isto. — Angel, nunca faria algo como isso. Nunca. Tem que<br />

acreditar nisso. Amo você.<br />

A olhou por um momento antes de expirar e abraça-la fortemente.<br />

— Tenho medo. — Sussurrou, beijando sua face. — Não me importa<br />

que esse cara seja seu irmão. — Disse, segurando agora seu rosto entre as<br />

mãos. — Você me entende? — Ela assentiu. — Confio em você, mas não<br />

confio nele.<br />

— Angel, eu também não confio nele. — Isto pareceu surpreendê-lo e<br />

franziu suas sobrancelhas. — Sei que não é um cara só diferente. Também<br />

sinto que há alguma coisa, está bem? Mas não é justo julga-lo, porque algo<br />

nos diz que não deveríamos confiar nele quando na verdade, não fez nada<br />

de errado. Mesmo sendo estranho o modo de me chamar, não prova nada.<br />

— Levou o dedo a seus lábios antes que ele pudesse responder a isso. —<br />

Acredite, não sou ingênua. Estou tão desconfiada quanto você e também<br />

estou questionando tudo, mas até que tenha uma verdadeira razão para<br />

não fazê-lo, eu gostaria de dar o benefício da dúvida. Não esconderei nada<br />

mais novamente. Não importa o quão pequeno seja. Está bem?<br />

Olhou por um momento com a mesma intensidade com que a amava,<br />

apesar de deixa-lo nervoso às vezes. Sem dizer uma palavra, Angel a puxou<br />

e beijou. Devolveu o beijo profundamente e muito mais longo que todo o<br />

tempo que estiveram sentados ali. Angel tirou sua camiseta da parte<br />

traseira de seu jeans enquanto sua respiração se acelerava. Ela se inclinou<br />

para trás por um momento, olhando ao redor do estacionamento deserto. A


neve caía em flocos mais grossos e sabia que precisavam chegar a sua<br />

cabana antes que escurecesse e os limpadores de neve já não estivessem<br />

funcionando. Mas no momento em que Angel levantou sua camiseta e<br />

chupou seu seio, decidiu que este seria o melhor sexo no carro.<br />

— Para sempre e sempre. — Sussurrou enquanto levava seus lábios de<br />

novo aos dela. — É minha. — Disse bruscamente enquanto mordia seu<br />

lábio inferior. Essa não era a forma mais romântica, mas dadas as<br />

circunstâncias, deixou acontecer e devorou sua língua com um gemido<br />

descontrolado.<br />

Era decepcionante.<br />

Engraçado, mas decepcionante, chegar à cabana e descobrir que Alex<br />

e Valéria tiveram a mesma ideia de passar um dia longe dos outros.<br />

Depois da viagem tensa até ali, Angel tinha toda a intenção de fazer<br />

sexo com Sarah de todas as formas imagináveis e em todos os lugares da<br />

cabana. Deveria saber que algo assim também passaria pela cabeça de Alex<br />

quando perguntou a alguns dos rapazes se poderiam substituí-lo em seu<br />

turno. Por alguma razão, desde que Angel soube que Alex viria à cabana<br />

com todos seus irmãos, Valéria e Romero, Angel pensou que talvez Alex<br />

estivesse tentando escapulir para ter um pouco de tempo com alguém.<br />

Então, os planos de Angel de se sentar em frente a lareira para ir<br />

esquentando as coisas foram arruinados. Mas ao menos tinham um quarto<br />

só para eles e aproveitariam ao máximo.<br />

Na primeira tarde, passaram jogando cartas com Alex e Valéria,<br />

escutaram música e depois viram um filme. Embora tenham custado a


escolherem o filme, finalmente se decidiram pelo Náufrago e quando<br />

terminaram, todos estavam preparados para cair na cama. Teriam um longo<br />

dia para esquiar, mas principalmente, Angel estava ansioso para colocar<br />

Sarah na cama. Esse pequeno e apressado aperitivo que tiveram no<br />

automóvel não era o suficiente para desfazer a tensão sobre Leo. De<br />

maneira nenhuma acreditaria que o sujeito estava interessado em se<br />

aproximar de Sarah só para ser fraternal. Tinha de arranjar um jeito de não<br />

deixar Sarah a sós com o cara. Mesmo Sarah estando alerta, Angel tinha o<br />

pressentimento de que teria problemas com ele. Por hora, deixaria como<br />

estava. Mas tão seguro quanto o céu, investigaria mais sobre o sujeito<br />

quando terminasse a viagem.<br />

Na manhã seguinte, depois de uma maravilhosa noite de sexo, Angel<br />

deixou Sarah dormindo pacificamente enquanto preparou café e torradas<br />

francesas.<br />

— O que está fazendo? — Perguntou Alex, tirando Angel dos<br />

pensamentos que estava tendo sobre Leo e Sarah.<br />

Deu a volta para fitar Alex, que estava entrando na cozinha de pijama,<br />

uma camiseta e sem sapatos.<br />

— Estou fazendo torradas francesas para Sarah. — Disse Angel e logo<br />

olhou os pés de Alex. — Homem, não está com frio?<br />

Alex franziu a testa quando viu a bandeja feita por Angel junto à<br />

estufa. O prato de Sarah já tinha quatro fatias de torradas francesas e havia<br />

duas xícaras de café quente na bandeja. Angel sorriu, sabendo o que seu<br />

irmão estaria pensando. E para irrita-lo mais, tirou o suco de laranja do<br />

refrigerador, serviu um pouco em dois pequenos copos e os pôs na bandeja.


— Isso é alguma piada? — Alex olhou para as escadas. — Sabe que<br />

mal isto vai me fazer? Nem sei o que Valéria prefere para tomar no café da<br />

manhã.<br />

Angel riu.<br />

— Sério? Está preocupado com isso? Estamos falando de Valéria<br />

mesmo. Essa garota come de tudo. Só se assegure de saciar todos os seus<br />

apetites.<br />

Alex grunhiu, abrindo o refrigerador e olhando dentro.<br />

— Há chouriço aí. — Ofereceu Angel. — Não há como errar com o<br />

chouriço. — Inclusive, essa declaração o fez pensar em Leo e o comentário<br />

de não se pode errar com as rosas que fez no dia que se conheceram.<br />

Irritado porque seus pensamentos fossem ali outra vez, Angel colocou a<br />

última fatia de torrada no prato que ele e Sarah partilhariam. Pegou a<br />

bandeja carregada e saiu da cozinha. — Sorte com isso. — Disse, enquanto<br />

Alex tirava o chouriço do refrigerador com a testa franzida.<br />

— Só saia daqui com seu maldito café da manhã perfeito antes que<br />

Valéria o veja.<br />

Rindo, Angel subiu as escadas para seu quarto. Ouviu o familiar<br />

gemido de satisfação enquanto se aproximava da porta. Se tivesse que<br />

adivinhar, Sarah estaria acordando e se esticando com um enorme sorriso<br />

no rosto. Ele entrou, empurrando a porta com as costas para abri-la e<br />

depois pôs a bandeja diante dela. Seus brilhantes olhos se abriram mais<br />

com a vista da bandeja cheia de comida e ele tinha razão a respeito de seu<br />

sorriso, mas seu estômago revirou instantaneamente quando viu que<br />

segurava seu telefone junto à orelha.<br />

— Com quem está falando? — Perguntou imediatamente. Ela levantou<br />

uma mão.


— Sei. Sinto muito. — Fez uma careta, meio sorrindo, depois virou<br />

para acomodar o travesseiro atrás dela para que se sentar comodamente. —<br />

Juro que tinha a intenção de ligar ontem à noite, mas esqueci<br />

completamente.<br />

Angel a olhou enquanto ela tentava ficar confortável e levantou a<br />

coberta para que ele se sentasse junto a ela, mas ele não podia se mover.<br />

Ficou ali respirando fundo, que não fizeram nada para tranquiliza-lo. De<br />

fato, esperava que estivesse se desculpando com Sydney por não ter ligado<br />

ontem à noite, qualquer pessoa menos Leo. No segundo em que ela desligou<br />

o celular e o olhou, ele deve ter mostrado seus pensamentos, porque seu<br />

sorriso se fechou.<br />

— Era minha mãe. — Disse rapidamente. — Pediu que ligasse quando<br />

chegássemos, mas esqueci.<br />

Se apressou para explicar o resto, mas tudo em que Angel podia<br />

pensar, enquanto sentia que seu corpo eliminava a tensão que o dominou<br />

instantaneamente, isto era mau. Inclusive, enquanto deixava a bandeja com<br />

o café da manhã em seu colo, que ela o beijava e agradecia, seus ouvidos<br />

ainda zumbiam. Como poderia ouvir Sarah falar com Leo sem perder a<br />

razão? Ontem, quando disse que não queria que estivesse a sós com o<br />

sujeito, não se deu conta de cada vez que Leo dizia suas breguices como<br />

aparentemente esteve fazendo por meses. Não queria estar bravo com ela.<br />

Deus, não queria que esse imbecil estragasse esta viagem, mas estava<br />

preparado para deixá-lo de lado agora que estava captando a realidade. Ela<br />

estivera na situação de aguentar esse cara a chamando de baby e amor e<br />

não tinha a menor intenção de dizer.<br />

— O que foi? — Perguntou enquanto tomava um gole de seu café.<br />

Angel levantou seu copo de suco e bebeu tudo, precisando de algo que<br />

o esfriasse por dentro. Não discutiria novamente. Talvez, quando voltassem


para casa, tocaria no assunto de novo. Tiraria mais detalhes do que falavam<br />

nas noites. Mas não estragaria a viagem.<br />

— Nada. — Disse, pondo o copo vazio sobre a bandeja.<br />

Se aproximou dela, decidindo que não diria que por um momento,<br />

pensou que ela estava se desculpando com Leo por não ter ligado. Só a ideia<br />

dela dizendo que tinha a intenção de ligar depois da discussão, o fizera<br />

trincar os dentes tão forte que provocou dor de cabeça.<br />

— Nada — sussurrou de novo contra seus lábios e logo a beijando.<br />

— Amo você.<br />

— Eu também te amo — sussurrou de volta.


CAPÍTULO<br />

VINTE E DOIS<br />

As garotas não eram tão ousadas como os meninos. Enquanto os cinco<br />

meninos decidiram experimentar as pistas mais desafiantes, Sarah, Valéria<br />

e Sofie optaram pelas mais fáceis, as menos perigosas.<br />

Angel ficou feliz que dos cinco, ele e Sal pareciam estar em níveis<br />

superiores de esqui que os outros. Eric seguia de perto, mas Angel era o<br />

que se encontrava mais próximo a Sal. Estava esperando ter um momento<br />

ou dois a sós para falar com ele enquanto esperava que os outros os<br />

alcançassem. A altura de Alex e o fato de que esquiava menos que todos<br />

eles, não o ajudava fazer bonito nas encostas. Eric fez o correto e tomou as<br />

trilhas lentamente e com tranquilidade. Romero era, como sempre, um<br />

desastre. O menino esquiava tão frequentemente como Alex, mas insistia<br />

em ir duas vezes mais rápido.<br />

— Alguém deveria conseguir um capacete deste tipo. — Disse Sal<br />

enquanto via Romero desembaraçar seus esquis do arbusto em que<br />

acabava de se enrolar. Eric se aproximou de Romero para ajudá-lo<br />

enquanto Alex os passava lentamente se balançando um pouco. Angel riu.<br />

— Esses dois realmente deveriam estar esquiando com as garotas.<br />

— Não fode! — Disse Sal.


— A última coisa que Alex precisa é danificar o tornozelo. — Angel nem<br />

pensou nisso enquanto voltava a olhar Alex. Ao menos, não era como<br />

Romero, que foi para outra direção, acenando os braços no ar e se movendo<br />

rápido demais para seu próprio bem. Alex estava tomando seu tempo sendo<br />

muito mais cauteloso, embora seu tornozelo tivesse muito a ver com isso.<br />

Quando estiveram longe o suficiente e pararam para fazer uma pausa,<br />

Angel virou para Sal, retirando seus óculos para logo desviar o olhar, sem<br />

querer olhá-lo quando perguntasse o que tinha intenção de perguntar.<br />

— Então, você acredita que um irmão chamando a sua irmã de baby,<br />

linda ou inclusive amor é assustador? — Virou para olhar Sal, que tirava a<br />

neve do cabelo com a mão. Este parou por um momento para olhar para<br />

Angel e pensou sobre isso.<br />

— Diabos, sim. Por quê?<br />

Angel deu de ombros.<br />

— É a forma como o irmão da Sarah a chama.<br />

Sal começou a colocar seus próprios óculos de novo, mas parou para<br />

olhar para Angel.<br />

— Procurou informações sobre este cara como disse que ia fazer? —<br />

Franzindo a testa, Angel olhou para se assegurar que Alex e Romero não<br />

estavam perto. Sabia o que esses dois diriam a respeito e não estava com<br />

humor para escutá-los.<br />

— Uma vez que seu irmão partiu para o México — Disse voltando a<br />

olhar para Sal. — Pensei que não havia pressa.<br />

Explicou como sabia que Leo estaria afastado por meses e, embora,<br />

nunca tenha deixado de se comunicar com Sarah desde que se foi, Angel<br />

estava ocupado com tantas coisas que pôs isso em segundo plano. A<br />

verdade era que Angel nem sabia por onde começar. Sim, pesquisou no


Google o nome do cara várias vezes, mas foi frustrante. Pelo que parece, o<br />

nome Leonardo Ortiz era bastante comum. Conseguiu muitas pistas, mas<br />

nenhuma delas tinha a ver com Leo.<br />

— Eu já disse que não a quero a sós com ele. — Disse enfaticamente.<br />

— Como planeja evitar que isso aconteça?<br />

É obvio que Sal traria à tona algo que ele não pensou.<br />

— Não o fará. — Disse se sentindo um pouco idiota. — Está vivendo<br />

fora do país. Se alguma vez ele quiser estar com ela, terão que planejar. Ela<br />

saberá que não deve planejar nada a menos que eu esteja lá.<br />

A carranca de Sal dizia tudo. Não estava impressionado com o plano<br />

pela metade de Angel.<br />

— Ele já não apareceu uma vez sem avisar? O que o impede de voltar a<br />

fazer? — Antes que Angel pudesse responder, Sal continuou e graças a<br />

Deus, porque ele não tinha nada a dizer. A ideia de que Leo pudesse<br />

aparecer em sua casa um dia e que ele não estivesse ali não tinha ocorrido.<br />

— Olha — Disse Sal negando com a cabeça. — Não estamos falando<br />

somente de um sujeito que pode estar tentando ganhar sua garota. Se<br />

tratasse disso, você me conhece, eu te diria que prestasse mais atenção e<br />

parasse de agir como Alex, porque não tem nada para se preocupar. Pode<br />

confiar em Sarah. Mas não é assim. Estamos falando de um sujeito que é<br />

conhecido por ser violento. Tem um irmão na prisão por assassinato e ele<br />

admite ter entrado e saído da prisão também. Pense nisso. Realmente<br />

acredita nessa história de que seu irmão está preso por brigar?<br />

— Ele matou um cara. — Angel lembrou.<br />

— Sim, bem, pelo que sei, é que não condenam a prisão perpétua por<br />

autodefesa. Tecnicamente, se a morte do cara foi resultado das feridas<br />

sofridas em uma briga, uma briga em que o cara morto foi um participante


voluntário, então, seu irmão poderia ter argumentado autodefesa<br />

facilmente. Não sou advogado, mas inclusive, eu teria aconselhado a fazer<br />

isso. Poderia continuar preso, mas não em prisão perpétua. — Sal balançou<br />

a cabeça novamente quando Romero os passou a toda velocidade e caiu de<br />

cara em uma pilha de neve. Riu entre os dentes antes de voltar a olhar<br />

Angel. — Por que ele foi para o México de qualquer maneira? Você tem<br />

certeza que ele não está na cadeia?<br />

Angel arregalou os olhos quando Sal o fez se sentir mais estúpido a<br />

cada minuto. Então lembrou.<br />

— Não te deixam fazer chamadas pelo Skype da cadeia. — Com a<br />

crescente incerteza na boca do estômago adicionou: — Certo?<br />

Sal terminou de colocar seus óculos e deu de ombros.<br />

— Não tenho ideia. Acredito que não, mas poderia depender do tipo de<br />

centro de detenção em que está e a razão pela qual entrou. Qual foi o<br />

motivo que ele deu para ir embora?<br />

— Trabalho de construção para a família no México.<br />

Contente pela distração de ter que colocar seus próprios óculos, Angel<br />

não olhou para seu irmão. Podia imaginar o que Sal estava pensando. Angel<br />

soava ingênuo inclusive para si mesmo. Agora que Sal abriu as portas para<br />

outro tipo de possibilidade do porquê um cara como Leo teria desaparecido<br />

por meses, todos tipos de coisa vieram à sua mente. Talvez ele estivesse<br />

fugindo. Talvez se encontrasse realmente no México, mas estava se<br />

escondendo ou denegrindo sua imagem. Quem sabia? Inclusive poderia<br />

estar fazendo tráfico ilegal de drogas. Quanto mais pensava, mais patético<br />

se sentia por não ter questionar desde o começo. Trabalho de construção<br />

em uma fazenda em pleno inverno?<br />

Estúpido. Estúpido. Estúpido.


Romero estava se aproximando deles agora. Angel terminou de pôr<br />

seus óculos, mas não olhou para Sal enquanto se preparava para pegar<br />

descer e disse em voz baixa:<br />

— Não vamos falar sobre isto na frente dele.<br />

— A que velocidade acredita que estava indo? — Perguntou Romero<br />

com um sorriso doído enquanto os alcançava, seus óculos torcidos e a<br />

metade de seu rosto coberto de neve.<br />

— Era muito rápido obviamente. — Disse Sal.<br />

— E seu nariz está sangrando, idiota. — Adicionou Angel.<br />

— Sério? — Romero tocou seu nariz.<br />

Eric e Alex os alcançaram e todos decidiram que, uma vez que<br />

baixassem, dariam por terminado o dia. Nenhum deles esquiava há muito<br />

tempo e, provavelmente, todos estariam doloridos amanhã se exagerassem.<br />

Era muito tarde para o Romero. Já estava fazendo caretas de dor quando<br />

alcançaram a parte de baixo da montanha.<br />

De volta à cabana, todos suspiraram pelo aroma do menudo 5 que Sal<br />

deixou cozinhando na panela durante todo o dia. Tiraram as capas de<br />

roupa de neve e as penduraram. Angel observou enquanto Sarah se<br />

afastava para olhar seu telefone. O que leu a fez sorrir e, imediatamente, ele<br />

ficou aborrecido. Odiava este nível de paranoia. Já era suficientemente<br />

irritante que Sydney pudesse pôr um sorriso em seu rosto ou inclusive,<br />

lágrimas em seus olhos como fez no dia em que apareceu. Mas pensar que<br />

Leo também poderia, alguém que Angel estava certo que tinha outras<br />

intenções quando se tratava de Sarah, era muito mais irritante.<br />

5 É uma sopa de tripa de vaca típica do México.


No momento em que estavam a sós, ele a puxou um pouco de lado.<br />

Eles foram os últimos na lavanderia onde todos penduraram suas luvas e<br />

gorros molhados, assim, ele fechou a porta quando ficaram sozinhos.<br />

— Você falou com ele hoje?<br />

— Quem? — Ela o olhou com curiosidade.<br />

— Leo.<br />

Sua expressão ficou em branco, mas negou com a cabeça.<br />

— Não, ele me mandou uma mensagem, mas eu não respondi.<br />

— O que ele queria? — Esta era a prova além da dúvida de que sua<br />

relação com Leo poderia chegar a ser um grave problema para Angel e<br />

Sarah. Antes de escutar o imbecil se referir a sua garota como baby e depois<br />

ter essa conversa profunda no caminho da cabana, Angel ficou bem com<br />

que enviasse mensagens e conversasse com ele, inclusive altas horas da<br />

noite. Agora, apenas a ideia do cara enviar mensagens o deixava louco. Se<br />

perguntava se ela aceitaria cortar toda comunicação com o rapaz. Angel<br />

entendia agora que não era mais com seu irmão que estavam tratando. Este<br />

era um homem indo atrás de Sarah e que não iria tê-la.<br />

— Apenas me perguntou como foi minha surpresa. Eu comentei que<br />

você me levaria a algum lugar, mas que era uma surpresa.<br />

Angel se apoiou na máquina de lavar roupa e a puxou para ele. Sabia<br />

que não deveria fazer isso agora. Não poderia apenas levá-la para sua casa<br />

como antes, quando tinham uma disputa ou desacordo e, ambos, poderiam<br />

adiá-la até dormir. Nenhum deles ia a parte nenhuma esta noite e não<br />

queria fazer com que o resto da noite fosse incômoda, nem tinha nenhuma<br />

intenção de ir para a cama zangado. Mas as coisas mudaram e estava<br />

cansado de ser deixado de lado aguentando tudo para evitar uma<br />

discussão. O que Sal disse hoje abriu seus olhos para outras coisas. As


infinitas possibilidades sobre a razão que fez Leo deixar a cidade por meses,<br />

agora, Angel questionava tudo. A única coisa que o acalmava era que ela<br />

admitiu que estava fazendo isso também.<br />

— Todas essas vezes que você e Leo conversaram até altas horas da<br />

noite, sobre o que exatamente estavam falando?<br />

— Primeiro de tudo, — Disse o olhando firmemente nos olhos. — Não<br />

foi um montão de vezes. Foi um par de vezes e não nos falamos a noite<br />

toda. Às vezes, ligava tarde, assim conversamos um pouco tarde da noite.<br />

Foi somente a primeira conversa que tivemos que falamos durante tanto<br />

tempo. — Seus lábios se contraíram para um lado em uma pequena careta<br />

enquanto passava a mão pelo cabelo. — Sei que tudo isto foi inquietante<br />

para você, mas está entendendo tudo errado, baby. Eu prometo que você<br />

não tem nada com o que se preocupar.<br />

Angel fechou os olhos, se concentrando no toque mágico de seus dedos<br />

contra seu couro cabeludo. Ela estava massageando suavemente da<br />

maneira que sabia que o acalmava. Então, respirou profundamente, mas<br />

não abriu os olhos.<br />

— Sobre o que falam?<br />

— Apenas coisas em geral. — Disse com uma voz tão calma que fez<br />

com que Angel abrisse os olhos. Ele olhou seus lindos olhos, feliz que tenha<br />

levado para este caminho em resposta às suas perguntas em vez da<br />

irritação, com medo de que pudesse acontecer.<br />

— Normalmente, ele me fala do que fez no dia. E eu conto o que fiz.<br />

Meu trabalho na escola. Seus trabalhos ocasionais. Esse tipo de coisas.<br />

— Só uma coisa — Disse com cautela. — E prometo que vou parar<br />

com isso, ok? — Ela assentiu com um sorriso assim que a beijou,<br />

agradecido de que estivesse sendo tão paciente com sua paranoia. — Além


dos nomes que te chama, ele te disse alguma vez algo que achasse estranho<br />

ou te fizesse sentir desconfortável? Qualquer outra coisa que escondeu de<br />

mim, porque não quis me perturbar?<br />

O sorriso desapareceu e quebrou o contato visual olhando para longe<br />

só por um momento, mas depois seus olhos voltaram para os seus.<br />

— Angel, ele diz um montão de coisas que acredito que sejam<br />

estranhas, não só sobre mim, sobre tudo. É apenas diferente.<br />

— Como o quê? — Angel pressionou.<br />

— Como a forma que se refere a todos seus amigos próximos como<br />

seus irmãos e o muito que os ama, apesar de não serem irmãos de sangue.<br />

Chama a sua mãe de “sua rainha” e só a forma em que chama as coisas em<br />

geral.<br />

— Isso não é o que quero dizer, Sarah. — Angel levantou uma<br />

sobrancelha. — O que mais ele te disse? — Ela rompeu o contato visual de<br />

novo e seu repentino desconforto era evidente. Desta vez, ela não o olhou<br />

quando começou a falar.<br />

— Ele tem esta forma de se expressar mais profunda que a maioria<br />

das pessoas. — Ela olhou para ele. — Acredito que, o que o faz parecer tão<br />

estranho ou raro é seu exterior firme. Quero dizer, sejamos honestos, Angel.<br />

Não é como se sua confissão sobre ter estado em uma gangue e passado um<br />

tempo na prisão fosse uma verdadeira surpresa, não é? É o que se esperaria<br />

de um cara que se pareça com ele, um cara com a palavra “fera” tatuada em<br />

seu corpo. O que não se espera é ouvi-lo dizer às coisas que diz da maneira<br />

que diz.<br />

Angel continuou olhando em silêncio, se preparando para o que ela<br />

poderia dizer a seguir, porque isso é o que sentia que ela estava fazendo: o<br />

preparando.


— Diz que sente que tem esta conexão comigo, uma que nunca sentiu<br />

com mais ninguém. — Os olhos de Sarah pareciam procurar os de Angel<br />

por uma reação enquanto continuava falando. — Diz que não pode explicar,<br />

mas que sentia isso antes mesmo de nos correspondermos por e-mail,<br />

apenas pelas fotos e os vídeos que viu de mim on-line. É por isso que estava<br />

tão ansioso em me conhecer.<br />

— E, novamente, você me escondeu tudo isso por que...<br />

— Não! — Disse e, finalmente, a irritação estava começando a se<br />

infiltrar através do comportamento tranquilo que, até então, conseguiu<br />

manter. — Não estou te escondendo nada. Não pode esperar que me<br />

lembre de tudo que me diz e depois te repasse literalmente. E ele não disse<br />

tudo de uma vez. Estou tentando pensar todas as coisas que me disse nos<br />

últimos meses que seriam estranhas, mas não necessariamente, significa<br />

que eu achasse que fossem. Talvez seja porque estou me acostumando a<br />

sua forma rara de ser franco em dizer as coisas. — Deu de ombros. — É um<br />

pensador profundo e não guarda para si mesmo o que está sentindo ou<br />

pensando. — Seus dedos acariciaram seu couro cabeludo de novo<br />

inclinando sua cabeça com um sorriso doce. — Talvez se tivesse ouvido a<br />

maneira como fala sobre as outras pessoas em sua vida, como chama a<br />

senhora mais velha, que viveu na casa de atrás de sua mãe desde antes de<br />

seu nascimento, de avó, porque essa é a conexão que sente por ela, talvez,<br />

então, as coisas que me diz não pareceriam assustadoramente estranhas<br />

para você.<br />

Angel não sabia como fazia, mas de algum jeito, ela sempre dizia a<br />

coisa perfeita no momento em que precisava ouvi-la. Apenas quando seu<br />

árbitro interno assobiava como um louco e atirava bandeiras de penalização<br />

em cada fodida direção, porque escutar que esse cara sentia uma conexão<br />

com Sarah o fez ir e acrescentar essa última parte. A puxando para ele e a


abraçando com força, manteve sua promessa de deixar esse assunto para<br />

depois da última pergunta. A verdade era que não fazia sentido discutir com<br />

Sarah sobre isso e não queria mais fazer isso. Sabia malditamente bem que,<br />

além de estar preocupado que ela passasse o tempo com alguém tão<br />

imprevisível e, possivelmente perigoso, sobre quem ainda não sabiam o<br />

suficiente, Sal estava certo. Não tinha nada para se preocupar. Inclusive se<br />

o homem se atrevesse a cruzar a linha, confiava que Sarah definiria os<br />

limites.<br />

A principal razão pela qual pediu a Sarah que falasse qualquer outra<br />

coisa que o homem poderia ter dito que fosse estranha, era para se<br />

certificar que não estava louco. Por mais que garantissem que o cara era<br />

apenas diferente, mesmo que consciente dos que os outros teriam sobre ele,<br />

o instinto de Angel sabia que havia mais. A segunda razão e uma que estava<br />

quase envergonhado de admitir para si mesmo era que ele queria uma<br />

confirmação mais profunda que podia confiar que Sarah diria toda a<br />

verdade sem se importar o quanto isso poderia o incomodar e é obvio que<br />

conseguiu.<br />

Então, depois de prometer novamente que seria menos paranoico com<br />

Leo, compensou a culpa que sentia a beijando quase violentamente. Eles<br />

pararam e ambos respiraram profundamente. Se as outras pessoas não<br />

estivessem a poucos metros de distância, ele poderia tê-la tomado sobre a<br />

máquina de lavar roupas. Em vez disso, eles foram até onde todos estavam<br />

comendo e falando sobre o quente menudo. Romero e Eric estavam<br />

discutindo sobre o filme que todos veriam.<br />

— Genial! — Disse Angel enquanto entravam na cozinha. — Inclusive<br />

mais opiniões desta vez sobre o que poderíamos ver.<br />

— Não é um filme para garotas. — Comentou Romero.


— Qual é o problema? — Eric sorriu enquanto se atirava no colchão<br />

junto a Sofie.<br />

— Não disse que não queria ver. Só estou dizendo que escolheu uma<br />

história de amor de três horas. Um filme de garotas.<br />

Romero virou para Sal que estava sentado na outra poltrona com uma<br />

bandeja na frente a ele.<br />

— Acredita que Titanic é um filme de garotas? As pessoas morrem e<br />

essas merdas. Há todo tipo de drama e não é chato. — Virou para Eric. —<br />

Nem sabia que durava três horas, porque não parece tão longo. — Sal<br />

encolheu os ombros. — Tecnicamente, é uma história romântica, mas está<br />

bem. Não me importo de assistir.<br />

Romero franziu a testa e continuou verificando o resto da lista de<br />

filmes pedidos. Um par de minutos depois, todos concordaram que veriam<br />

Titanic. Uma vez que Angel e Sarah terminaram de tomar sua sopa por<br />

volta dos primeiros quinze minutos do filme, subiram as escadas às<br />

escondidas para o quarto.<br />

Angel pensava que tentar persuadir Sarah não foi de todo mal. Não<br />

podia esperar estar debaixo dos lençóis aquecidos a abraçando. Mas<br />

manteve a outra razão para si mesmo. Titanic e qualquer outro filme de<br />

Leonardo DiCaprio estariam encabeçando a lista de filmes que nunca<br />

voltaria a ver. Cada vez que ele aparecia na tela, Angel não podia evitar<br />

pensar no maldito irmão de Sarah e a conexão que ele sentia com ela.<br />

Todo o tempo que estiveram em Big Bear, Sarah manteve o mínimo de<br />

contato com Leonardo. Não tinha como negar o quanto Angel estava


aborrecido com ele, apesar de ter dito que manteria sua promessa de não<br />

ficar obcecado ou paranoico. Desde a conversa na lavandeira, cada<br />

momento que a viu enviando mensagens ou verificando seu telefone, não<br />

perguntou por isso. Também, não parecia feliz com isso. Realmente tornou<br />

as coisas mais fáceis e parecia ter desfrutado genuinamente o restante do<br />

tempo lá depois. De qualquer maneira, esperou estar em casa para<br />

responder as mensagens de Leo.<br />

Angel estava bem desde o dia que falaram sobre seu irmão e isso já<br />

tinha duas semanas. Claro, também podia ser porque Sarah não tinha<br />

muito para relatar. Quando voltou para a cabana, finalmente tinha<br />

liberdade de conversar on-line com Leo na privacidade de seu próprio<br />

quarto, mas notou rapidamente seu humor estranho. Sem querer, de forma<br />

alguma, assumir que ignorar suas mensagens ou suas ligações enquanto<br />

estava em Big Bear tinha algo a ver com Angel, explicou que a conexão wi-fi<br />

e o menor sinal de internet não estavam funcionando lá em cima. Não era<br />

exatamente verdade, mas surgiu que estar tão alto na montanha poderia<br />

fazer valer a desculpa. Ela imaginou que, desde que Angel não estava tão<br />

preocupado com Leonardo, a última coisa que precisava era que agora<br />

ambos tivessem rancor.<br />

Ao contrário de todas as vezes que conversavam e ele a mantinha no<br />

telefone mais do que ela planejava, ele desligou rapidamente dizendo que<br />

tinha coisas para fazer. Depois, ela não soube nada dele até um par de dias<br />

quando recebeu a ligação. Era uma ligação normal apesar de tudo. Ele<br />

perguntou como foi seu dia, depois contou um pouco do dele e logo soltou<br />

as notícias.<br />

— Vou ao México. — Disse de repente. — Desta vez será por um<br />

período maior e não terei serviço de internet. Então, eu acho que isso é um<br />

adeus.


Sarah percebeu o mesmo vazio que sentiu na primeira vez que disse<br />

que ia embora. Outra vez, soava tão decisivo. A expressão que usava era<br />

também esse sorriso que, raras vezes, via.<br />

— Adeus? — Perguntou tentando não soar tão chorosa como se sentiu<br />

de repente. — Você vai voltar, certo? Por quanto tempo você vai? — Sentou<br />

e notou que estava nervosa desde o começo de sua conversa, justo como a<br />

primeira conversa que tiveram meses atrás.<br />

— Você conhece minha situação, Sarah. Aproveito cada emprego que<br />

puder e este é longo, por isso, não sei, poucos meses? Talvez mais.<br />

— Mas você, uh... — ela engoliu em seco tentando não desmoronar. Ao<br />

contrário da primeira vez, nesta se sentia ainda pior. Desta vez, ele disse,<br />

realmente, as palavras que não disse, mas sentiu na última vez: este é um<br />

adeus. Pelo tom da sua voz, assim era. — Ligará quando voltar? — Quase<br />

tinha medo de perguntar, mas queria saber agora em vez de ficar se<br />

perguntando depois, porque realmente se sentia como se este fosse o final.<br />

— Não vai ser para sempre... não é? — Cruzou os braços olhando para o<br />

nada e não disse coisa alguma por muito tempo. De repente, ela se sentou.<br />

— Nah... nah, claro que não. Eu voltarei. Mas é apenas que, você sabe,<br />

isto é algo que eu tenho que fazer.<br />

Ela acenou novamente com muito medo de falar. O que finalmente foi<br />

capaz de silenciar, depois de meses, de repente voltou para à tona e quase a<br />

sufocou: a dúvida de que Leonardo, inclusive com todas suas imperfeições,<br />

comportamento questionável e aparência, era verdadeiramente real. Era seu<br />

irmão e, ao contrário de seu pai, queria ser parte de sua vida, recuperar<br />

todos os anos que perderam. Agora, estava dizendo adeus. Isto realmente<br />

foi grande demais para ser verdade. Desta vez, não se privou de dizer o que<br />

queria, porque algo em seu instinto disse que esta era realmente a última<br />

vez que estaria falando com ele.


— Eu vou sentir sua falta. — Ela conseguiu sussurrar. Sua cabeça<br />

caiu e olhou seu escritório sem dizer nada por um momento e foi aí que<br />

soube. Era um adeus real. Queria perguntar o porquê. Por que nem queria<br />

manter contato? Pensava que seria uma tarefa muito desagradável manter<br />

uma relação com sua irmã? Não entendia o que aconteceu. Se pudesse<br />

falar, ela o perguntaria. Perguntaria por que ficou tão impaciente e ansioso<br />

em conhecê-la e agora estava terminando as coisas. Mas com um grande nó<br />

em sua garganta, não pôde.<br />

Ao fim, ele levantou o olhar com a dor refletida em seu rosto:<br />

— Também sentirei saudades, baby.<br />

Sarah não respondeu a isso e soube que não havia maneira de que<br />

não pudesse ver a dor que inundava seus olhos. Foi por isso que quando ele<br />

disse adeus uma última vez e cortou tão bruscamente, a deixando olhando<br />

a tela escura, ela sentiu como uma bofetada fria no rosto.


CAPÍTULO<br />

VINTE E TRÊS<br />

Indo pegar Sarah para o jantar do Dia dos Namorados, Angel se<br />

lembrou de seu primeiro Dia de São Valentim 6 . Foi um dia que nunca<br />

esqueceria. Ainda estavam no Ensino Médio e nenhum dos dois tinha<br />

celebrado a festividade antes. Enquanto ambos concordavam que São<br />

Valentim não era mais que uma estratégia comercial, representava algo<br />

diferente para eles. Seu primeiro São Valentim chegou no auge da relação,<br />

quando reataram. Assim, mesmo que Angel concordasse com Sarah que<br />

eles não precisavam de um dia especial do ano para demonstrar o amor um<br />

pelo outro, para ele, era um dia para celebrar, uma época do ano que<br />

sempre lembraria como o momento mais feliz de sua vida.<br />

Apesar das razões pelas quais todos os outros celebravam São<br />

Valentim, para Angel representava um novo começo em sua relação e uma<br />

nova consciência de que, sim, de fato era possível compartilhar Sarah com<br />

outro homem a certa distância.<br />

Por semanas antes daquele tempo, viveu com a dor de cabeça de<br />

acreditar que Sarah escolheu Sydney, seu amor de infância ao invés dele.<br />

Pensou que não tinha nenhuma oportunidade de competir com ele já que<br />

6 Dia dos Namorados nos EUA e em vários outros países


ela, voluntariamente, decidiu que, não importava quão séria as coisas<br />

fossem entre eles, ela iria voltar para casa e por causa de Syd.<br />

Assim que sua decisão de ficar em La Jolla por Angel e escutá-la dizer<br />

que o amava pela primeira vez, depois que estar tão atormentado que não<br />

pudesse dizer por que estava apaixonada por Syd, seria para sempre a<br />

razão que celebraria este dia. Agora, ele decidiu que era um bom momento<br />

para adicionar outra razão. Não havia dúvida de que eles se casariam<br />

depois que se graduassem. Falaram disto abertamente, mesmo na frente de<br />

outros, muitas vezes. Eles teriam um grande casamento, não só porque era<br />

o que Sarah sempre sonhou, mas sim, porque já sabia que a sua família,<br />

mais particularmente a sua mãe, gostaria assim. Não era uma questão de e<br />

se. Não foi por anos. Nem era uma questão de quando. Aconteceria no verão<br />

depois de que se formassem, mas Angel queria torná-lo oficial. E faria esta<br />

noite. Embora estivesse certo de que Sarah estaria totalmente de acordo,<br />

seu estômago ainda estava em nós enquanto se aproximava mais de sua<br />

casa. No momento em que ela abriu a porta para ele com seu telefone no<br />

ouvido, sabia que algo estava errado. Apenas o reconheceu enquanto abria<br />

a porta, o deixando entrar e retomando para a sala de estar com o telefone<br />

em seu ouvido.<br />

— O que quer dizer com mentiu? Saiu faz cinco anos foi isso que Omar<br />

disse. — Levou sua mão para seu peito e parou no meio da sala. — E está<br />

absolutamente certo disto? — Esteve em silêncio por um momento e logo<br />

voltou a falar. — Mas disse que era o mesmo homem que se apresentou em<br />

sua casa e minha mãe disse que tinha certeza que era ele. — Sarah andava<br />

pela sala passando seus dedos pelo cabelo. Angel deu um passo para detêla<br />

por um minuto.<br />

— O que está acontecendo? — Ela negou com a cabeça e se virou<br />

andando na outra direção.


— Eu sei que sim, mas isso apenas foi porque se passaram vinte anos<br />

desde a última vez que o viu. É a única razão por que disse que não poderia<br />

estar cem por cento certa. E tudo o que disse foi que olhá-lo nos olhos era<br />

como olhar os meus. Como poderia parecer tanto comigo? Isso não faz<br />

sentido!<br />

O coração de Angel já estava acelerado, mas era por uma razão<br />

completamente diferente do que veio fazer aqui. Odiava ver Sarah tão<br />

irritada e não a viu assim em um longo tempo.<br />

— Não, eu não posso, Sydney, porque ela não está aqui agora. Saiu<br />

com o Elias. — Deixou sair um pesado suspiro. — Sei. Sinto muito. Sinto<br />

muito. — Negou com a cabeça. — Não quis te atacar, mas é loucura. Não...<br />

não mesmo... — finalmente parou e olhou para Angel, balançando a cabeça<br />

e os olhos começando a encher de lágrimas. — Meu pai ainda está preso. —<br />

Angel olhou para ela sem saber se chorava ou cuspia. — Ele esteve todo<br />

este tempo. Saiu faz cinco anos como disseram, mas voltou em um ano.<br />

Tudo o que disseram, Leonardo e Omar ou que demônio seja esse homem<br />

que fingiu ser meu pai, eram porcarias.<br />

Terminou de falar com Sydney e então disse a Angel tudo o que Syd<br />

disse. Aparentemente, Angel não era o único que suspeitava de Leo. Sydney<br />

fazia algumas investigações por si mesmo. Não foi capaz de encontrar algo<br />

sobre Leo, mas procurou sobre o pai de Sarah e o encontrou. Ainda estava<br />

cumprindo sentença na penitenciária estadual do Arizona. A pergunta de<br />

um milhão de dólares agora era quem era este homem que veio à procura<br />

dela e se Leo era mesmo seu irmão. Angel não diria logo, porque ela já<br />

estava bastante alterada, mas sabia muito bem a resposta da segunda<br />

pergunta. Fazia mais de um mês desde que Sarah disse a Angel que Leo ia<br />

embora e foi justamente a mesma quantidade de tempo desde que ficou<br />

preocupado com ele, pois não escutou sobre ele depois disso. Ele sabia que


Sarah estava um pouco chateada que ele a deixou por tanto tempo.<br />

Finalmente admitiu quando ele perguntou por que estava tão malhumorada.<br />

Queria acreditar que sua decepção era sobre nada demais.<br />

Disse que tinha a sensação de, como seu pai se desligou tão bruscamente<br />

de sua vida, Leo fez o mesmo também agora.<br />

A última coisa que queria era ver Sarah magoada. Foi exatamente o<br />

que temia quando disse pela primeira vez que tinha um irmão perdido.<br />

Como Sydney, seus esforços por conseguir algo mais a respeito de Leo<br />

foram em vão. Era quase como se o homem não existisse. Além de seu perfil<br />

no Facebook que foi criado recentemente, Angel não foi capaz de encontrar<br />

uma referência a outro Leonardo ou mesmo apenas Leo Ortiz que estivesse<br />

ligado a seu irmão. Inclusive, começou a se perguntar, sobre o sobrenome<br />

dele, mas Sarah assegurou a Angel que Leo disse que seu sobrenome era<br />

Ortiz. Agora, fazia sentido. Leo, provavelmente, não era nem mesmo seu<br />

nome.<br />

Nunca disse a Sal que desistiu de pesquisar sobre Leo, porque sabia<br />

que seu irmão nunca desistiria tão facilmente e talvez pensasse que Angel<br />

se esforçou pouco. Mas Sarah parecia tão convencida de que foi a última<br />

vez que ouviu sobre Leo e, ao contrário da primeira vez que foi ao México,<br />

não escutou nem um pio dele. Angel percebeu que era seguro assumir que,<br />

se este cara não iria retornar, não teria sentido tentar remoer cada canto<br />

para encontrá-lo. Agora, se aparecesse de novo, teria que passar por Angel<br />

até mesmo para ter uma palavra com Sarah.<br />

Angel abraçou Sarah enquanto caía exausta contra seu peito. Não<br />

estava chorando, mas Angel tinha a sensação de que ela estava se<br />

segurando.<br />

— Eu me sinto tão estúpida! — Murmurou.


— Não faça isso. — Disse, se afastando para olhá-la. — Todos caímos,<br />

Sarah. Apesar de nossas reservas, nós todos demos a ele o benefício da<br />

dúvida. Não só você. Eu fiz. Sua mãe o fez. Syd também. Porque isso é o<br />

que gente honesta faz. Nós esperamos que outros sejam honestos também.<br />

Pessoas desonestas que fazem este tipo de coisas, são profissionais, ok?<br />

Eles sabem como enganar as pessoas. Talvez tenham planejando isto por<br />

um longo tempo. Eles sabiam exatamente o que dizer. — Balançou a cabeça<br />

enquanto ela o olhava, seus olhos ainda cheios com a mesma confusão que<br />

ele sentia. — Não entendo por que fizeram isso. Eles nunca te pediram<br />

nada? Dinheiro? Qualquer informação pessoal sobre sua mãe ou seu pai?<br />

— Só o que eu disse sobre o Omar... — franziu a testa pressionando<br />

seus lábios juntos.<br />

— O que esse homem perguntou sobre o passado e as joias, mas eu<br />

não acredito que algo que eu disse ajudou, porque eu não sabia muito e<br />

Leonardo... — a dor brilhou em seus olhos enquanto juntava as<br />

sobrancelhas de repente. — Nunca me pediu nada. Nada pessoal, apenas<br />

sobre mim de modo geral, mas não posso pensar em nada que valesse a<br />

pena todas as mentiras. Tudo o que me disse pareceu tão sincero... um<br />

pouco estranho, mas sincero. — Olhou para outro lado baixando a voz. —<br />

Deus, eu me sinto estúpida.<br />

— Não deveria, querida. — Ele a abraçou forte. — Como diabos, você<br />

poderia saber?<br />

— Eu sabia. — Disse olhando para ele, a dor em seus olhos se<br />

transformando em raiva. — Eu sabia que algo não estava certo desde o<br />

começo, e, claro, ignorei seus avisos, porque estava tão desesperada para<br />

acreditar que tudo era verdade. Você também sabia — ela lembrou. — Você<br />

disse que não confiava nele. Mas eu queria.


— E isso é normal. Claro que você queria acreditar nele. Sarah, você<br />

me conhece. Eu suspeito de todos. — Ergueu o queixo dela e a beijou. —<br />

Quando se trata de qualquer rapaz, homem, tentando se aproximar de você,<br />

faz com que minhas suspeitas sejam piores. Mas nós dois sabemos que isso<br />

não me faz o melhor juiz de caráter. Apenas significa que eu sou meio<br />

paranoico. Isso não é algo que você quer se tornar.<br />

Ela balançou a cabeça com firmeza:<br />

— Preferia ser paranoica que estúpida.<br />

— Para de dizer isso. Você não é estúpida. — Olhou em seus formosos<br />

e feridos olhos desejando poder fazê-la se sentir melhor magicamente e<br />

sabendo que, se esses filhos de puta voltassem a aparecer, ele os faria<br />

pagar no inferno. — Seu coração é doce e puro mesmo depois de ter<br />

passado por tudo o que aconteceu. Ainda quer acreditar no melhor das<br />

pessoas. Isso é algo bom. — Sorriu.<br />

— Sim, mas o que isso faz de mim? — Se afastou de seu aperto<br />

olhando ao redor. — Como Leonardo disse. Sua meia-irmã e eu, se é que<br />

tem uma meia-irmã realmente, somos alvos fáceis.<br />

— Você não fez nada de errado, querida. — Angel assegurou enquanto<br />

a observava pegando seu telefone. — Você deu a ele o benefício da dúvida,<br />

mas foi cuidadosa. É tudo o que poderia ter feito.<br />

Ela pressionou algo em seu telefone e logo o levou ao ouvido. Um<br />

segundo depois bufou de frustração:<br />

— Seu correio de voz ainda diz Leo. — Ela desligou e começou a<br />

escrever algo. Angel a olhou em silêncio enquanto seus dedos teclavam<br />

furiosamente. Não foi até que terminou e elevou o rosto que ele viu as<br />

lágrimas e cortou seu coração.<br />

— Querida... — começou a dizer dando um passo em direção a ela.


Seu rosto se contraiu, mas ergueu a mão para cobrir os olhos.<br />

— Eu preciso de um minuto, por favor. — Disse se apressando para o<br />

banheiro. Com seu coração sofrendo por ela enquanto batia a porta do<br />

banheiro para fechá-la, respirou fundo e focou sua atenção no telefone de<br />

Sarah. Ela o deixou no balcão da cozinha. Nunca foi daqueles que verificam<br />

as mensagens ou os e-mails, mas se sentia tão desesperado por saber as<br />

palavras certas para dizer neste momento. Ele precisava saber, exatamente,<br />

o que estava se passando pela sua cabeça. Olhando de novo para o<br />

banheiro, foi até o telefone e o pegou. Na tela, ainda estava o texto que ela<br />

mandou, então leu.<br />

Não sei por que estou tão surpresa de que seja uma completa fraude e<br />

um IMBECIL! Só não entendo como pessoas como você e esse homem astuto<br />

que se fazia passar por meu pai podem viver com vocês mesmos. Você falou<br />

sobre o tipo de pessoas que tentam abusar de pessoas inocentes como eu e<br />

sua outra suposta irmã. Bem, suponho que você sabia exatamente o que<br />

estava fazendo, porque realmente me fez querer acreditar em cada uma das<br />

palavras que me disse. Você me dá nojo!<br />

Angel colocou o telefone no lugar e foi para a porta do banheiro<br />

tentando se acalmar pelo bem de Sarah. Ele bateu de leve e esperou.<br />

— Você está bem, querida?<br />

— Uh-huh. — Sua voz parecia tensa e soube que ainda estava<br />

chorando. Era tudo o que podia fazer para evitar abrir um buraco na porta.<br />

Sabia desde o princípio, que havia uma possibilidade de que se<br />

machucasse. Mesmo que tivesse advertido que não criasse grandes<br />

expectativas a respeito, poderia ter feito muito mais. Inferno! Como não


pensou em procurar por seu pai na cadeia, confirmar se, de fato, foi solto<br />

ou não?<br />

— Escuta, Sarah. Você tem todo direito de estar decepcionada com<br />

eles, mas não com você, está bem? — Pôs uma mão na porta lutando para<br />

não esmurrar. — Pelo que sabemos, eles poderiam ter planejando isso por<br />

anos.<br />

A porta se abriu de repente e ela parou em frente a ele enquanto<br />

olhava seus olhos tristes. Apesar de estarem secos agora, ainda estavam<br />

inchados e vermelhos. Imediatamente, ele a puxou para si e a abraçou bem<br />

forte disposto a levar toda sua dor.<br />

— Eu estou bem. — Sussurrou em seu ombro. — É que por um<br />

momento, eu me senti realmente estúpida. Inclusive discuti com Sydney por<br />

estar errado.<br />

Angel se afastou suavemente para olhá-la.<br />

— Isso não é estúpido, baby. Foi uma ilusão. Eu só esperava que eu<br />

estivesse errado. Não há nada mau nisso.<br />

Franzindo a testa, balançou sua cabeça e olhou para outro lado.<br />

— Durante toda minha vida, fiquei bem em não ter irmãos. — Disse<br />

olhando para ele novamente, sua voz quase um sussurro. — Não foi até que<br />

a possibilidade de ter um irmão que a ideia começou a me entusiasmar.<br />

Então, eu acho que foi muito diferente do que eu imaginei que seria. — Deu<br />

de ombros fungando. — Suponho que esperava alguém mais normal e de<br />

aparência comum, não uma sem graça como eu.<br />

— Você não é sem graça e muito menos tem uma aparência comum —<br />

Disse Angel erguendo uma sobrancelha.<br />

— Você sabe a que me refiro. — Sorriu sem alcançar os olhos. — Não<br />

estava esperando ninguém como Leonardo. Foi realmente estúpido, mas


quando falamos pela primeira vez, tinha certeza de que teríamos pouco ou<br />

nada em comum. A nossa primeira bem longa conversa deveria ter sido<br />

meu primeiro sinal de que tudo era uma farsa. Fez tantas perguntas. — A<br />

tristeza em seus olhos era tão devastadora que Angel não pôde evitar<br />

interrompê-la com um beijo e um forte abraço até que se apartou com um<br />

leve sorriso.<br />

— Não quero que isto arruíne nossa noite. Eu estava a ponto de me<br />

trocar quando Sydney ligou. Meu cabelo e minha maquiagem. — Franziu a<br />

testa. — Do contrário, já estaria pronta. Me dê um minuto para retocar<br />

minha maquiagem.<br />

— Leve seu tempo. — Disse beijando a testa uma última vez antes de<br />

deixá-la ir para seu quarto.<br />

Minutos depois, Angel se sentou e passou aleatoriamente os canais da<br />

TV na sala da frente, pensamentos sobre no que Leo e Omar poderiam estar<br />

atrás. Por que tiveram tanto trabalho e depois só desapareceram? Sarah<br />

saiu de seu quarto em um vestido vermelho quente que abraçava seu corpo<br />

e uns saltos altos. Ele disse que a levaria a um lugar agradável para jantar<br />

e como nunca a viu nesse vestido antes, só poderia supor que o comprou<br />

para esta ocasião.<br />

Esta seria a noite perfeita para fazer o que, originalmente, planejou,<br />

mas devido às circunstâncias, não tinha certeza se seria uma boa ideia<br />

manchar sua proposta com a lembrança de que a realidade de seu quase<br />

irmão veio à luz. Angel se levantou, apreciando de cima a baixo e sorriu.<br />

— Você está linda!<br />

Justo quando ela começou a sorrir, seu telefone tocou. Viu seu<br />

telefone, então o pegou de volta e qualquer sinal de um sorriso<br />

desapareceu. Com passos, que pareciam quase calculados, Sarah foi até


seu telefone e pegou. Tocando a tela, ela leu a mensagem, mas não disse<br />

nada e Angel andou até ela lentamente.<br />

— É de Leo? — Perguntou cuidadosamente e, para sua surpresa, ela<br />

assentiu, mas seus olhos estavam ainda presos à tela. Sentindo que suas<br />

entranhas esquentavam de novo, perguntou com calma:<br />

— O que ele disse? — Estava perto o suficiente agora e quando ela<br />

inclinou a tela em sua direção, pôde ver as únicas duas palavras que Leo<br />

respondeu: Sinto muito.<br />

Angel olhou para ela e viu que os formosos olhos verdes já estavam<br />

nadando em lágrimas frescas. Rapidamente esmagou uma lágrima que<br />

escapava do canto do olho e, em seguida, começou a responder.<br />

— O que você está...? — Antes que pudesse terminar de perguntar, ela<br />

mostrou a tela com sua resposta.<br />

Foda-se.<br />

Sem hesitar, pressionou enviar e logo respirou profundamente<br />

enquanto guardava seu telefone. Ela olhou para ele com um sorriso<br />

determinado e notou que as lágrimas que começaram a encher seus olhos<br />

se foram.<br />

— Eu não sei você, mas eu poderia tomar uma bebida forte agora.<br />

Colocando sua mão na dela, Angel beijou sua testa e assentiu:<br />

— O que quiser.<br />

Sim, uma proposta romântica esta noite não ia acontecer.


Em sua quarta volta na pista ao redor da marina, Sarah refletiu a<br />

respeito dos acontecimentos dos meses anteriores. Fazia mais de uma<br />

semana desde que respondeu a mensagem de desculpa de Leonardo. Não<br />

ouviu falar dele de novo e, depois de sua resposta, não esperava isso. Nem<br />

se deu ao trabalho de entrar em contato com o homem que afirmou ser seu<br />

pai e, embora não tivesse admitido a ninguém, sim, olhou a página do<br />

Facebook de Leonardo, depois que ele sumiu todo o perfil foi excluído. Era<br />

oficial. Leonardo Ortiz não existia. Sarah não poderia se sentir como uma<br />

idiota maior, mas já se cansou de imaginar por que tudo isto aconteceu em<br />

primeiro lugar. Sua mãe ficou lívida. Culpava a seu verdadeiro pai, dizendo<br />

que ele devia ter algo a ver com isso. Mesmo assim, como todo mundo, não<br />

podia entender ou imaginar quais poderiam ser suas intenções.<br />

Sarah se sentia mal a respeito de estar tão brava com Sydney quando<br />

ele informou que seu pai ainda estava na cadeia, porque percebeu que<br />

deveria confirmar muito além de que suas descobertas estavam certas.<br />

Disse que se sentia horrível por arrebentar a bolha de Sarah de forma tão<br />

abrupta e que não se deu conta que ficaria tão chateada. Se Sarah fosse<br />

honesta consigo mesma, ela também não. Mas ela explicou como fez com<br />

Angel. A emoção de ter um irmão em sua vida foi mais do que imaginou e se<br />

permitiu ser sugada pela ideia.<br />

Havia uma coisa que guardou para si mesma, porque sabia que em<br />

lugar de ajudá-lo a entender, possivelmente só o confundiria mais e talvez<br />

fizesse Angel ficar ainda mais irritado. Ter um irmão como Leonardo era<br />

emocionante. Exceto quando estava sendo superprotetor e no seu lado<br />

assustador, ele era o completo oposto do que esperaria dele dada a sua<br />

aparência. A doce maneira, embora fosse um pouco estranha, como falou, a


tocou. Então, quando o tapete foi puxado, foi doloroso saber que alguém<br />

que parecia tão genuinamente doce mentiu tão descaradamente.<br />

Apenas estava agradecida de que aconteceu o quanto antes. Foi difícil<br />

não desmoronar tentando não deixar Angel mais irritado do que estava.<br />

Quanto mais tempo estivesse perto, mais difícil seria para ela. Uma coisa<br />

ainda a incomodava. Embora todos dissessem que não devia se sentir<br />

humilhada, não poderia evitar. Ela se sentia assim. A maioria das pessoas<br />

passavam suas vidas inteiras sem que algo assim acontecesse. Era a<br />

segunda vez em sua vida que foi traída por alguém em quem confiou,<br />

mesmo que desta vez tenha sido mais cautelosa na confiança. Realmente,<br />

Leonardo era tão bom ou ela era muito estúpida?<br />

Tentada a parar para tomar um café, Sarah decidiu que era melhor ir<br />

embora e tomar um pouco em casa. Sua aula de duas horas naquela tarde<br />

foi cancelada, assim decidiu usar o tempo para correr. Sempre foi tão<br />

terapêutico e precisava de um tempo sozinha para pensar. Angel iria buscála<br />

na mesma hora de sempre para seu turno da noite no restaurante.<br />

Ela diminuiu a velocidade até estar quase a alguns metros de onde<br />

estacionou seu automóvel. Era o estacionamento apelidado como o mais<br />

seguro por Angel e seus irmãos, porque era o mais próximo a todas as lojas<br />

e fast foods que frequentavam sempre. Onde se encontrava com Sofie e,<br />

muito frequentemente, se encontravam com conhecidos. Nesse mesmo dia,<br />

quando chegou ali, viu o pai de Eric saindo do estacionamento e uma das<br />

senhoras que viviam no mesmo lote de apartamentos que ela.<br />

Respirando lenta e profundamente e diminuindo sua velocidade de<br />

forma despreocupada, se concentrou em se acalmar antes de entrar no<br />

carro ou estaria encharcada no momento em que se sentasse. A brisa fresca<br />

em seu rosto parecia muito boa, então parou, a alguns metros de seu


automóvel, fechando os olhos e deixando entrar o ar profundamente através<br />

de suas narinas.<br />

— Sarah.<br />

Seus olhos se abriram ao som da voz do Leonardo e ficou surpresa ao<br />

vê-lo na parte da frente de seu carro. Estava usando jeans e uma camiseta<br />

preta apertada. Suas duas mãos estavam em seus bolsos dianteiros.<br />

Instintivamente, se aproximou da porta do automóvel e olhou ao redor para<br />

ver quem mais estava no estacionamento. Ainda era cedo o suficiente e<br />

havia muita gente circulando para dentro e fora do estacionamento.<br />

— Só quero falar com você. — Disse dando um passo atrás.<br />

No momento em que a mão dela agarrou a maçaneta da porta, ela<br />

ergueu o olhar para vê-lo com as mãos no ar, a expressão em seu rosto tão<br />

cheio daquele lado doce e vulnerável dele que estavam usando com ela<br />

durante meses. Instintivamente, o medo se transformou em dor e odiava<br />

que ainda se importasse em ver que este menino, o menino que não tinha<br />

nada para falar novamente, pudesse seguir a afetando.<br />

— Eu não tenho nada para te dizer. — Sarah disse abrindo a porta de<br />

seu automóvel.<br />

— Tudo bem. Você não tem que dizer nada. Eu vou falar.<br />

— Não. — Disse entrando no carro e batendo a porta e ligando o<br />

motor. Ela não pôde ouvir o que ele disse por que suas janelas estavam<br />

fechadas, mas sustentou suas mãos no alto, junto à sua boca em um gesto<br />

de súplica. Colocando o carro em marcha ré, começou a arrancar enquanto<br />

ele levantava suas mãos no ar fazendo gestos para que ela parasse. — Que<br />

colhões de ferro desse homem... — começou a murmurar quando, de<br />

repente, seu automóvel repentinamente bateu em alguma coisa. Seu<br />

coração quase parou enquanto freava e olhava pelo espelho retrovisor para


o automóvel atrás do dela e para o menino irritado nele sacudindo sua<br />

cabeça. — Merda! — Golpeando seu volante, deixou o automóvel em ponto<br />

morto e saiu.<br />

— Que diabos, homem! — Escutou dizer ao menino alto e magro do<br />

outro automóvel enquanto saía do seu para dar uma olhada nos danos do<br />

seu para-choque dianteiro.<br />

— Ouça! — Leonardo já estava indo com força sobre ele. — Foi um<br />

acidente. Cuidado com a sua maldita boca!<br />

O menino no outro automóvel parou no momento em que colocou seus<br />

olhos no Leonardo:<br />

— Tudo bem. Apenas estava dizendo... — Disse assinalando uma<br />

fenda pequena em seu para-choque dianteiro.<br />

— É um arranhão. — Disse Leonardo com uma careta.<br />

Sarah se inclinou até seu automóvel para pegar sua bolsa:<br />

— Te darei os dados de meu seguro...<br />

— O quê? Por isso? — Leonardo apontou a fenda. — Isso é merda.<br />

Posso arrumar neste momento. Não precisa envolver o seu seguro.<br />

O menino do outro automóvel, que já tinha se afastado uns passos<br />

para seu próprio carro desde que viu Leonardo indo contra ele, sacudiu sua<br />

cabeça.<br />

— Tudo bem. Não preciso dos seus dados.<br />

— Você tem certeza disso? — Perguntou Sarah tirando seu cartão do<br />

seguro de sua carteira. Ela o agitou para o rapaz. — Você não tem que<br />

escutá-lo.<br />

O menino voltou a olhar para Leonardo que ainda estava em seu modo<br />

intimidante:


— Nah, eu estou bem. — Disse entrando em seu automóvel.<br />

Em uns instantes, ele foi embora. Eles chamaram a atenção de gente o<br />

suficiente para que Sarah se sentisse segura ali com Leonardo. Então, no<br />

lugar de entrar em seu automóvel e partir imediatamente, como sabia que<br />

deveria fazer, ela ficou ali parada olhando fixamente ao Leonardo.<br />

— Como pôde ser tão insensível? — Disse sentindo um caroço irritante<br />

em sua garganta aumentando a cada respiração que tomava, mas não era<br />

somente dor que sentia agora. Ela estava furiosa.<br />

— Eu sinto muito...<br />

— Você já disse isso e minha resposta segue sendo a mesma. — Sarah<br />

engoliu em seco, com força, tentando manter a compostura, mas quanto<br />

mais o olhava, mais estúpida se sentia. — Só me diga o porquê. O que você<br />

e esse outro bastardo queriam de mim?<br />

— Nada...<br />

— Besteira! — Ela disse fazendo com que as cabeças de uns quantos<br />

pedestres se virassem para eles.<br />

— Tudo bem, ele sim queria. — Ele disse rodeando o automóvel e se<br />

aproximando dela. — Mas eu não. Eu te juro e estou aqui para te explicar<br />

isso.<br />

— Então, explique — Disse levantando a mão para que ele não desse<br />

um passo mais. Ele parou e elevou suas mãos.<br />

— É uma longa história. Vamos a algum lugar...<br />

— Não! — Disse começando a sentir como se fosse enlouquecer. — Não<br />

preciso de desculpas elaboradas! — Ela se conteve o quanto pôde, mas já<br />

estava começando a sentir as lágrimas quentes em seus olhos e ficou mais<br />

irritada.


— Só me explique por que seria suficientemente cruel para entrar em<br />

contato comigo com uma mentira descarada e fingir durante todos estes<br />

meses...<br />

— Eu nunca quis te fazer mal. — Disse ele dando mais um passo em<br />

direção a ela. Ela o fulminou com o olhar balançando a cabeça em confusão<br />

e raiva que a inundavam enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto.<br />

— O quê! O que quer dizer com isso? O que importa para você os<br />

sentimentos de alguém? Você é só uma fraude!<br />

— Não, eu não sou. — Disse soando realmente ofendido.<br />

— Claro que o é! — Ela gritou agora. — Talvez você faça isto o tempo<br />

todo. Vocês provavelmente planejaram durante meses, talvez anos. Apenas<br />

me diga o que queriam ou o que ainda querem já que voltou.<br />

— Não quero nada. — Insistiu.<br />

— Então por que está aqui? — Perguntou, suas emoções saltando de<br />

dor à raiva novamente, mas pelo menos já não estava desmoronando. A<br />

raiva ultrapassou suas outras emoções agora. — Que porra é essa que você<br />

quer de mim?<br />

— Foi ideia do Joseph, não minha.<br />

— Quem diabos é Joseph?<br />

— O homem que fingiu ser seu pai. — Disse, falando mais rápido e<br />

mais alto. — A ideia foi toda dele. Ele queria aquela joia de sua mãe. Um<br />

anel. Isso é tudo. Nem queria ter contato com você.<br />

— Mas fez isso!<br />

— Eu sei e posso explicar. — Disse dando outro passo em direção a<br />

ela. — Apenas vamos a algum lugar aonde possamos falar com calma,<br />

aonde possa...


— Não! — Gritou mais uma vez dominada pela emoção. — Só me diga<br />

por que você fez isso!<br />

— Porque me apaixonei por você, maldição!<br />

Sarah olhou para ele, seu peito sacudindo para cima e baixo, mal<br />

conseguindo entender o que Leonardo acabava de dizer.


CAPÍTULO<br />

VINTE E QUATRO<br />

Mais mentiras.<br />

O rapaz era incrível e Sarah deu o benefício da dúvida. Não era<br />

ingênua. Soube todo o tempo que havia muito mais do que se via quando se<br />

tratava do Leonardo, mas isto? Esperava que acreditasse nisto?<br />

Obviamente, o rapaz não tinha intenção de dizer toda a verdade. Ela<br />

começou a entrar em seu carro, sabendo que ficar lá escutando a merda do<br />

Leonardo por todo esse tempo faria Angel ficar furioso.<br />

— Sarah, espere — Disse Leonardo.<br />

— Provavelmente Leonardo não seja seu nome. E quão estúpida eu<br />

sou? — Perguntou, puxando a porta para fechá-la, mas ele a manteve<br />

aberta — Não me faça gritar — advertiu.<br />

— É a verdade — Disse, segurando a porta aberta — Joseph não é seu<br />

pai, mas é seu tio. Ele é o irmão de seu pai. É por isso que tem os mesmos<br />

olhos. É a cara de seu pai e pelo que sabia, poderia se passar por ele.<br />

Ele soltou a porta, mas Sarah não a fechou. Sentou ali sentindo o seu<br />

coração bater como se tivesse corrido uma maratona.<br />

— Entrou em contato meses antes que se apresentasse na casa de seu<br />

amigo no Arizona — continuou rapidamente, mas sua voz era um pouco


mais tranquila agora que não estava fugindo — Não precisou que seu amigo<br />

dissesse onde te encontrar. Já sabia, mas disse que seria mais confiável se<br />

fizesse dessa forma e você tivesse que entrar em contato com ele. Ele me<br />

disse para te vigiar e começar a fazer minha lição de casa sobre você.<br />

Sarah olhou para frente, pensando na facilidade com que permitiu dar<br />

a oportunidade de entrar em sua vida. Se sentia ainda mais estúpida, mas<br />

não se atrevia a fechar a porta e sair. Queria toda a verdade. Realmente,<br />

seu pai tinha algo a ver com isso, como sua mãe pensava?<br />

— Seu pai falou das joias e o quanto valia por anos, mas não foi até o<br />

início deste ano que mencionou que as joias ainda poderiam estar por aí,<br />

que deu à mulher que teve sua filha. Joseph disse que agora precisava do<br />

dinheiro para pagar algumas dívidas. Estava desesperado, disse que iria<br />

morrer se não pagasse. Pensou que alguém próximo a sua idade, com quem<br />

você pudesse se relacionar teria uma melhor chance de obter informação. A<br />

princípio, eu recusei. Não queria ter nada que ver com isso. Não tenho<br />

tempo para isto. Tinha minha própria merda acontecendo. Mas então, uma<br />

noite... — Ele fez uma pausa e Sarah finalmente olhou para ele — uma<br />

noite, por curiosidade, te vi. Fui pego olhando através de todas suas fotos e<br />

vídeos, mas mesmo assim, não ia fazer. Ele ofereceu uma parte do que as<br />

joias valessem se ajudasse a conseguir e ainda assim recusei, mas então já<br />

estava viciado olhando suas fotos — ficou agachado, por isso estava mais<br />

perto de seu rosto, ao lado do carro, agarrado à porta — Não menti a<br />

respeito de meu irmão e não menti a respeito de meu primeiro nome. Meu<br />

irmão Felipe está na prisão e realmente meu nome é Leonardo.<br />

Ele explicou sobre Felipe estando nas mesmas instalações que seu pai<br />

e como e quando ele foi espancado quase até a morte na prisão. Seu pai,<br />

que estava lá dentro por muito mais tempo, tinha conexões e influências<br />

que poderiam proteger o seu irmão lá. Joseph se ofereceu para falar com o


verdadeiro Omar para ajudar a proteger Felipe, mas mesmo assim,<br />

Leonardo disse que não queria se meter nisso. Então, mais tarde ele ouviu<br />

na rua que Joseph estava procurando contratar alguém para se passar por<br />

seu irmão e eram caras implacáveis e perigosos. Como Felipe ainda estaria<br />

tanto tempo na prisão, Leonardo decidiu fazer. Impediria Joseph de enviar<br />

outra pessoa atrás de Sarah e poderia fazer chegar um pouco de proteção<br />

para seu irmão na cadeia.<br />

— Outra coisa que não menti para você foi quando te falei que sentia<br />

uma conexão com você, mesmo antes de te conhecer. Eu realmente fiz. Juro<br />

que alguns dos vídeos que tinha, especialmente aqueles em que você estava<br />

correndo, devo os ter visto umas vinte ou trinta vezes. Havia algo em você<br />

que me tocou tão profundamente.<br />

— Pare — sussurrou, sacudindo a cabeça.<br />

— Até mesmo os que você está com Angel, eu os vi uma e outra vez.<br />

— Pare.<br />

— Depois de meses te observando, sentia que eu precisava te<br />

conhecer.<br />

— Chega, Leonardo — Disse, saindo do carro, já não sendo capaz de<br />

sentar.<br />

— Eu preciso que entenda por que fiz isso — Disse, seguindo à parte<br />

traseira de seu carro.<br />

— Não quero escutar isso — Disse, sacudindo a cabeça e levando as<br />

mãos a sua testa — Tudo é mentira. É o que você faz. Você não...<br />

— Sim, eu fiz! — Disse, cara a cara com ela — Me apaixonei por você.<br />

— Disse com tanta convicção que quase acreditou, mas não conseguiu. Já<br />

foi bastante estúpida. Quem se apaixona por alguém antes de conhecê-lo?


— Você está mentindo!<br />

— Não, não estou! — Deu um passo mais perto dela — Eu estou,<br />

Sarah. Só que não sabia até começar a falar com você. Supus que isto não<br />

ia durar muito tempo. Quando era óbvio que não sabia nada das joias, que<br />

não era de nenhuma ajuda, disse a Joseph que terminou. Tínhamos<br />

terminado. Isso é o que deveria ter feito. Era para ter terminado logo. Eu<br />

ameacei que se continuasse em contato com você, viria para ele, mas então,<br />

não pude me afastar. Disse que se ficasse com você só uma vez, tiraria do<br />

meu sistema e então me afastaria, mas passei um tempo com você no<br />

Havasu, então quando tentei... — Ele tomou uma profunda respiração e<br />

depois bufou, balançando a cabeça — quando me despedi àquela primeira<br />

vez, era para sempre, mas não consegui.<br />

Sarah olhou fixamente para ele, se lembrando de todos os doces<br />

nomes de que ele a chamou, a forma que cuidou dela no Havasu e até<br />

mesmo a forma em que falava as coisas quando conversavam online. Se o<br />

que estava dizendo agora era verdade, Angel tinha razão.<br />

Leonardo deu mais um passo para ela e ela se inclinou em seu carro,<br />

seus olhos baixando para ver seus braços, esses grandes braços tatuados<br />

que a fascinaram a primeira vez que viu sua foto. Ela levantou o olhar e se<br />

deu conta de que ele estava a olhando e os olhos dele olharam o lugar que<br />

ela observava: a tatuagem dos dois L que aparecia por debaixo da manga de<br />

sua camisa. A tatuagem que o fez mudar de assunto tão abruptamente no<br />

Havasu. Sarah levantou a manga da camisa para ter uma melhor visão<br />

enquanto a realidade de quão ingênua foi se encaixava nela.<br />

— Essas são seus iniciais?<br />

— Sim — Disse suavemente — Ledesma é meu sobrenome. Quase<br />

disse isso em Havasu. Eu juro que fui com toda a intenção de contar tudo.<br />

Pensei em te dizer a verdade sobre meu irmão primeiro para ver como


eagia. Mas você começou a se alterar antes que te dissesse qualquer coisa,<br />

por isso, quando disse isso, você já estava tão nervosa que decidi que não<br />

poderia. Depois da minha primeira tentativa de cortar todos meus laços<br />

com você e não poder decidi que só te diria a verdade — Sacudiu a cabeça,<br />

olhando para outro lado com a testa franzida e depois voltou a olhar para<br />

ela — Pensei que no pior dos casos, me diria que fosse para o inferno e que<br />

isso seria o fim de tudo, mas uma pequena parte de mim pensou que tinha<br />

visto algo em seus olhos. Talvez, só talvez entendesse e me perdoaria. Talvez<br />

pudesse inclusive fazer que se apaixonasse por mim também. Segui<br />

inventando desculpas para adiar dizer isso. Não queria arruinar suas férias<br />

e então, não queria arruinar seu aniversário, mas eu realmente ia te dizer<br />

depois do ano Novo. Depois, você saiu e não soube de você por dias e<br />

comecei a ficar um pouco louco. E depois vi as fotos do que fez esses dias<br />

na neve, os dias que me disse que a internet era tão ruim que não podia me<br />

ligar ou escrever, mas foi capaz de colocar essas fotos online sem nenhum<br />

problema.<br />

Olhou para ela por um momento, completamente aturdido. Esta era a<br />

razão de ter ficado estranho todo esse tempo. De verdade pensava que podia<br />

fazer com que se apaixonasse por ele? Esse era o motivo, por isso usava<br />

essas frases tão profundas e estranhas quando falava com ela. Todos esses<br />

nomes carinhosos que agora sabia, não só eram estranhos a não ser<br />

asquerosamente inapropriados e Angel tinha toda a razão em odiá-los.<br />

— Depois de ver suas fotos e vídeos com Angel, eu percebi que estava<br />

em negação. A conexão que senti com você antes de te conhecer foi pura<br />

fantasia, uma fantasia que, mesmo depois de decidir que me afastaria ainda<br />

segue viva — Seus olhos baixaram para seus lábios — A fantasia de que<br />

algum dia poderia te beijar embora fosse só uma vez.


Sem fôlego no momento, Sarah percebeu que a forma que ele a estava<br />

olhando todo o tempo era a mesma forma que a olhou quando estava em<br />

Havasu, a mesma forma em que olhou quando disse adeus na última<br />

manhã que ela estava lá. Não sabia como acreditou que a olhava assim,<br />

porque ele era diferente e profundo. Se o que acabou de contar era verdade.<br />

Estava apaixonado por ela. Ao menos ele acreditava que estava. E agora,<br />

estava de pé tão perto dela, virtualmente dizendo que queria beijá-la, só<br />

uma vez. Por um instante, a conversa que teve com Sofie veio a sua mente,<br />

quando perguntou a Sarah se alguma vez esteve tentada a beijar um cara<br />

atraente só por curiosidade. Seus olhos olharam para seus lábios por um<br />

momento enquanto ele os lambia e só uma palavra gritou em sua mente.<br />

Nunca!<br />

Os olhos dele viajaram de seus lábios para seus olhos, surpreendidos e<br />

isso a deixou mais zangada. De verdade acreditava que era tão estúpida?<br />

— Jamais, nem em um milhão de anos — Disse com a fúria correndo<br />

por suas veias — Como é que pôde pensar... — Sacudiu sua cabeça, em<br />

desgosto — Como é que em algum lugar dessa suja e retorcida mente que<br />

tem pôde existir a ideia de que poderia te incluir na minha vida, sendo um<br />

completo estranho e simplesmente fazer com que me apaixonasse por você e<br />

que deixasse tudo com Angel.<br />

— Só pensei que talvez...<br />

— O que viu em meus olhos, Leonardo, foi esperança — Disse, quase<br />

através dos dentes — Esperança, porque tinha razão. As pessoas como eu,<br />

como sua irmã, se é que tem uma, não podemos entender sua retorcida<br />

mentalidade. Confiei em você, porque de verdade, estava animada por ter<br />

um irmão e você tirou vantagem disso por suas próprias razões egoístas.<br />

Você me deixa enjoada.


O som da buzina de um carro próximo assustou a ambos e se viraram<br />

para ver o Romero estacionando seu carro atrás do dela. Não foi até esse<br />

momento que se deu conta do quão perto esteve o seu rosto do Leonardo.<br />

Romero tirou uma câmera, fez uma foto e sorriu, levantando uma<br />

sobrancelha.<br />

— Isso é tecnologia — Disse, olhando ao Leonardo de cima abaixo da<br />

mesma maneira suspeita que fez a primeira vez que se encontraram no<br />

porto. Depois olhou a Sarah — Estou testando antes de decidir se quero<br />

gastar todo esse dinheiro com isso ou devolvê-la — Tirou outra foto deles<br />

antes de acrescentar — Esta tem uma tecnologia inovadora. Posso fazer<br />

aproximações de quilômetros de distância, Sarah — O carro atrás dele<br />

buzinou e fez gestos para ela em torno dele e depois olhou para Sarah de<br />

novo — Então, onde está Angel?<br />

— Na escola — Disse, seu coração pulsando a mil por hora, mas<br />

agradecida de que Romero não soubesse a verdade sobre Leonardo e seu<br />

suposto pai.<br />

Pelo menos, Angel não mencionou que contou. Sabia que se Romero<br />

soubesse, já teria saído de seu carro e estaria sobre o rosto do Leonardo,<br />

não ficaria sentado aí só nos observando.<br />

— Você não tem aulas hoje?<br />

Sacudindo sua cabeça, se afastou de Leonardo, sabendo muito bem<br />

que Romero não estava nem aí para mostrar sua câmera.<br />

— Minhas aulas foram canceladas, por isso vim correr.<br />

Olhando Leonardo uma última vez, Romero baixou a câmera,<br />

assentindo.<br />

— Bom. Deveria voltar para o trabalho — Disse aparentemente<br />

indiferente — Diga a Angel para me ligar.


Ele se afastou e Sarah soube que tinha que sair dali, precisava chegar<br />

a Angel antes que Romero o fizesse, porque esse último comentário a<br />

respeito de pedir a Angel que ligasse era pura merda, como se Romero não<br />

pudesse ligar ele mesmo para Angel e dizer, "Me ligue. Tenho algumas fotos<br />

que quero te mostrar". Como se Sarah não soubesse que Romero<br />

provavelmente já tinha tentado falar com Angel e possivelmente, não foi<br />

capaz de fazer.<br />

Posso fazer aproximações desde quilômetros de distância, Sarah.<br />

O coração de Sarah acelerou de novo. Romero não era nada mais do<br />

que óbvio.<br />

— Tenho que ir — Disse, se afastando de Leonardo.<br />

— Sarah, espera — Disse a segurando pelo braço.<br />

— Tire suas mãos de mim! — Sarah puxou sua mão fora e o<br />

empurrou.<br />

A nevoa de fúria que tinha antes que Romero chegasse, de repente,<br />

piorou dentro dela, deu a volta e o empurrou com ambas as mãos. Logo, fez<br />

algo que nunca fez antes, deu uma tapa... forte.<br />

— Confiava em você — Disse, elevando a voz — Queria tanto acreditar<br />

que você era meu irmão e sabendo disso, usou isso contra mim, bastardo!<br />

Eu te odeio!<br />

Se manteve firme sem se mover, mas não levantou uma mão para<br />

bloquear qualquer outra coisa que ela pudesse lançar.<br />

— Sinto muito — Disse — de verdade. Eu só...<br />

— Vá para o inferno! — Disse ela, se afastando de novo.<br />

Precisava sair dali antes de gastar outra grama de sua energia nele.<br />

Não merecia. Nunca mereceu.


— Eu realmente lamento tudo — insistiu Leo, levantando sua voz, mas<br />

sem segui-la — Nunca quis acontecesse isso. Eu juro. Mas há algo mais que<br />

acho que você precisa saber. É por isso que estou aqui.<br />

Sarah nem se incomodou em olhá-lo. Não queria saber a respeito de<br />

como este louco pensava que estava apaixonado por ela. Por que pensou<br />

que era uma razão suficientemente boa para vir e virar sua vida ao avesso,<br />

jogar com suas emoções e logo só se afastar e deixá-la pendurada quando<br />

se deu conta que seu plano demente não ia funcionar, não tinha nem ideia.<br />

Já tinha terminado de escutá-lo e de choramingar internamente a respeito<br />

da outra família que fantasiava tanto. Por anos foram só ela e sua mãe e<br />

estava bem com isso. Por que no mundo pensou que de repente precisava<br />

de mais era apenas egoísta. Muitos outros tinham menos.<br />

— É a respeito de seu pai, Sarah — Disse, a fazendo parar na porta de<br />

seu carro, mas se negou a olhá-lo — Seu verdadeiro pai.<br />

Saindo rapidamente do estacionamento da escola, Angel leu a<br />

mensagem que Sarah enviou mais cedo. Sua aula da tarde foi cancelada e<br />

foi correr na marina. Tinha outras três mensagens, todas de Romero. Podia<br />

ver que a última tinha arquivos anexos. Não importa quantas vezes disse a<br />

Romero que não podia responder o cara mandava mensagens e muitas<br />

vezes, quando ainda estava sentado na sala de aula. Normalmente, o<br />

segundo e o terceiro soavam chateados, porque não tinha respondido ao<br />

primeiro. Angel franziu a testa, lendo a primeira das mensagens do Romero.<br />

Me ligue logo que puder. Preciso te contar algo.


Angel desceu para ler a segunda mensagem antes de ver qualquer das<br />

estúpidas fotos que poderia ter enviado no terceiro.<br />

O irmão de Sarah.<br />

Era tudo o que Angel pôde ler do segundo, porque a tela se iluminou<br />

com uma chamada de ninguém menos que Romero. Angel revirou seus<br />

olhos, sabendo que o burro impaciente de Romero provavelmente estaria<br />

irritado que passou mais de quarenta minutos desde que enviou a primeira<br />

mensagem e Angel ainda não tinha respondido. Então respondeu,<br />

preparado para escutar a boca do Romero.<br />

— O que?<br />

— Ouça homem — Romero começou sem demora — Não me importa o<br />

que diga do irmão de Sarah. O tipo é suspeito. Eu não gostei de sua<br />

aparência no primeiro dia e não estou falando de suas tatuagens e outras<br />

coisas. Falo da maneira em que estava no rosto dela até que você chegou e<br />

foi sentar com eles.<br />

Angel queria ir e perguntar ao Romero o que havia falado naquele dia<br />

quando disse que estavam sendo amigáveis, mas esqueceu a respeito disso.<br />

Agora, odiava dizer a Romero as duas palavras que raramente dizia, mas<br />

não tinha opção.<br />

— Tem razão — Disse, entrando em seu carro e atirando os livros no<br />

assento do passageiro. — Ele era suspeito.<br />

— Por que diz que era?


— Digo que acabou por não ser seu irmão depois de tudo. Era tudo<br />

pura merda, mas se foi agora.<br />

— Foi aonde?<br />

— Fora de sua vida. — Angel ligou seu carro — Não se falam agora.<br />

— Sabia! Então o que aconteceu hoje?<br />

— O que você quer dizer? — Angel perguntou confuso.<br />

— Não viu as fotos que te enviei? Estiveram juntos na marina — Angel<br />

congelou por um momento, enquanto se preparava para pôr o carro em<br />

movimento<br />

— Não é para estar com raiva nem nada, mas se viam malditamente<br />

amigáveis de novo. Certo que exagero tudo o que quero, mas as fotos não<br />

mentem e tenho mais se precisar ver mais. Sabe que pensei que esse<br />

maldito se parecia muito...<br />

Angel afastou o telefone de seu ouvido e revisou as mensagens, logo<br />

abriu as fotos que Romero mandou. O fio de esperança que tinha que talvez<br />

Romero estivesse errado a respeito disso, foi esmagada no momento no que<br />

viu a primeira foto. Era de Sarah, de pé perto de seu carro, falando com<br />

Leo.<br />

Com seu primeiro pensamento sendo que talvez estivesse em perigo,<br />

falou para o celular:<br />

— Ainda está lá com ele?<br />

Ele ouviu Romero dizer que ela se foi, então passou a seguinte foto.<br />

Leo estava agachado junto à porta de seu carro, falando com ela e parecia<br />

que Sarah estava tentando fechar sua porta. O alívio o alagou, afogando a<br />

irritação que começou a sentir dela se relacionando com o tipo, mas foi<br />

momentâneo. Nas duas fotos seguintes estava fora de seu carro, apoiada


contra a parte traseira e Leo estava de pé muito perto dela. As revisando<br />

mais rapidamente agora, seus olhos estavam fixos nas expressões de Sarah.<br />

Primeiro, estava olhando o seu braço e logo a outra quase o deixou sem ar<br />

em seus pulmões. Estava tocando seu braço, levantando sua camiseta e<br />

olhando uma de suas tatuagens e Leo estava o suficientemente perto para<br />

beijá-la.<br />

— Ele a beijou? — Perguntou Angel, querendo um aviso antes de<br />

passar a próxima foto.<br />

Levou o celular a seu ouvido, porque seu coração precisava de uma<br />

pausa. Não poderia suportar mais fotos se ficassem piores.<br />

— Não, mas certo como o inferno que parecia que ia acontecer. —<br />

Romero falou — Por isso é que te mandei todas essas, porque sabia que<br />

diria que estava exagerando. Sabe que se soubesse que estava cheio de<br />

merda, eu teria dito alguma coisa. Eu estava lá! E me importa uma merda a<br />

respeito de quão grande ele é. Você me conhece. Ele teria um galo na<br />

cabeça com uma maldita chave se tivesse que fazer. Só não fiz...<br />

Angel baixou o celular, a ponto de passar através das fotos de novo,<br />

enquanto Romeo seguia destrambelhando, quando o indicador de uma<br />

segunda chamada entrante piscou.<br />

— Te ligo, mais tarde — Disse ao Romero<br />

— É Sarah na outra linha.<br />

— Tenho mais fotografias. Quer que te envie mais?<br />

— Me envie todas — Disse enquanto tirava as chaves da ignição. Saiu<br />

de seu carro e levou todo o tempo necessário para encher seus pulmões de<br />

ar, tentando desesperadamente apagar a imagem de Sarah tocando o braço<br />

do cara. Sem importar quanto esforço fizesse no pouco tempo que tinha,<br />

não podia e isso só o enfureceu mais. Sabia que isso ia afetar a forma que


lidaria com isto. Por um segundo, considerou deixá-la ir para caixa postal<br />

até que se acalmasse, porque já sentia que ia se descontrolar. Mas indo<br />

contra seu melhor julgamento, respondeu de todos os modos.<br />

— Sarah, o que aconteceu? — Perguntou, andando e respirando<br />

profundamente.<br />

— Onde está? — Perguntou.<br />

— Na escola ainda. O que aconteceu?<br />

Só o fato de que ela não mencionasse Leo em primeiro lugar já o<br />

deixou nervoso. Nunca deveria ter atendido.<br />

— Com o que? Eu só...<br />

— O que quer dizer com o que? — Espetou — Com Leo, Sarah. Esteve<br />

com ele no porto. Quer me falar sobre isso?<br />

— Sim, ia fazer. Quer vir me buscar?<br />

— Não. Diga agora — Disse enquanto a maldita imagem o assombrava<br />

uma e outra vez — Quero saber agora.<br />

— Ele estava ali quando terminei de correr. Queria me explicar isso<br />

tudo. O porquê que mentiu.<br />

— E por que o fez?<br />

— É uma longa história...<br />

— É sério? — Perguntou, com seu estômago revirando agora — Você<br />

esteve por lá por um tempo com ele?<br />

— Não muito tempo.<br />

Então, levou tudo o que ele tinha para não amaldiçoar.


— Então, o que foi que ele disse? Por que mentiu? Me dê a versão<br />

curta. Pode me dizer o resto depois. Quero saber qual foi sua desculpa de<br />

merda.<br />

— Ele disse...<br />

Escutou-a respirar, mas a paciência se acabou.<br />

— Ele disse o quê, Sarah?<br />

— Disse que se apaixonou por mim — Ela fez uma pausa por um<br />

momento, mas pela primeira vez desde que ele atendeu, Angel ficou sem<br />

fala. — O que me disse antes a respeito de sentir uma conexão comigo<br />

antes que nós tivéssemos nos conhecidos? Disse que tudo era verdade, só<br />

que se tratava de uma conexão mais íntima da que admitiu no início. Logo,<br />

depois que começamos a conversar, seus sentimentos por mim<br />

simplesmente cresceram ainda mais. E se tratava das joias.<br />

Angel escutou em silêncio à medida que ela falava o resto. Como ela<br />

não queria nem escutá-lo em primeiro lugar.<br />

Mas então o fez.<br />

Explicou por que Joseph se parecia tanto com ela e o seu pai e como Leo<br />

originalmente não queria participar do golpe, mas em seguida, o fez soar como<br />

se o fizesse por seu bem, para protegê-la de outro pedaço de merda<br />

potencialmente perigoso que Joseph poderia ter contratado em seu lugar.<br />

Todo o tempo, Angel não conseguia superar a ideia de que ela poderia,<br />

na realidade ter acreditado na merda de Leo. A única razão que fez Leo<br />

seguir com isso, era por seus sentimentos por ela, sentimentos que sentia<br />

antes que inclusive a conhecesse. Como temeu por sua segurança e como<br />

ameaçou Joseph sobre não ficar em contato com ela, depois que<br />

descobriram que não tinha essas joias. Mas a pior parte ainda estava<br />

gritando em sua cabeça e por mais que tentasse se acalmar permanecendo


em silêncio sem interrompê-la, simplesmente se fazia mais forte com cada<br />

palavra que dizia, soava como uma justificativa para as ações de Leo.<br />

— Deixa eu ver se entendi, Sarah. Este imbecil, mentiu durante meses<br />

sobre algo fodidamente importante como sua identidade, apareceu hoje e<br />

explicou que está apaixonado por você?<br />

— Não — Disse ela rapidamente — Isso não é o que...<br />

— E então — Disse Angel, completamente consciente de que estava<br />

elevando a voz até o ponto de que poderia começar a gritar, mas já não<br />

importava uma merda porque estava furioso — E logo depois que ele<br />

explicou tudo isto, decidiu ficar por aí e deixar que se aproximasse o<br />

suficiente para te beijar?<br />

— O que? Quem disse...?<br />

— Vi fotografias! — Explodiu — De você e ele contra seu carro. Seu<br />

rosto perto o suficiente para tocar o seu e você tocou nele. Admita Sarah. Se<br />

sente atraída pelo homem e o fato de que diz que fez isto, é porque está<br />

apaixonado por você faz tudo melhor!<br />

— Não! É obvio que não! Eu...<br />

— O quê? Vocês dois vão ser amigos agora?<br />

— Angel, fique calmo, por....<br />

— Vão, Sarah? Agora está colecionando melhores amigos que estão<br />

apaixonados por você?<br />

Ela não disse nada e ele sabia que estava sendo um idiota agora, mas<br />

não podia evitar. O ciúme o estava comendo vivo. Ficou e permitiu a este<br />

homem, que não merecia nem um minuto de seu tempo, permanecer assim<br />

perto dela. Um homem que admitiu estar apaixonado por ela. Ficou ali e<br />

admirou seus braços e suas tatuagens e depois malditamente o tocou!


— Tenho que ir! — Disse, clicando no botão de finalizar a chamada de<br />

seu celular antes que esmagasse a maldita coisa em sua mão.<br />

Ele ficou ali parado, balançando de um lado para o outro em uma<br />

tentativa desesperada de se tranquilizar, mas não conseguiu. O celular em<br />

sua mão tocou e ele o silenciou, depois o jogou pela janela aberta de seu<br />

carro. Desta vez, sabia que era melhor não atender. Passando ambas as<br />

mãos por seu cabelo, se apoiou em seu carro e fechou os olhos.<br />

— Dia difícil?<br />

Angel abriu os olhos para ver um rosto familiar sorridente. Bruxa, uma<br />

garota da equipe de torcida, de pé atrás de seu carro estacionado no espaço<br />

junto ao dele e abrindo o porta-malas. Ela lançou sua mochila dentro do portamalas<br />

e o fechou, logo fez um beicinho de brincadeira para ele.<br />

— Parece que você poderia tomar uma bebida.<br />

— Na verdade sim — Disse ele.<br />

Suas sobrancelhas se elevaram pela surpresa, provavelmente, porque<br />

era uma das várias garotas da equipe de torcida que o paqueraram muito<br />

forte no início de seu primeiro ano apesar de saber bastante bem que ele<br />

estava em uma relação. Ela foi bastante descarada sobre flertar com ele,<br />

inclusive quando sabia que Sarah estava perto ou nos degraus observando.<br />

— Bom, vamos — Ele sorriu maliciosamente — Vou pagar a primeira<br />

rodada. — Angel a olhou de acima a abaixo. Era o que Romero muitas vezes<br />

se referia como "definitivamente digna de ser fodida". Se perguntou se era<br />

assim que Alex tinha um acordo com Valéria. Estar com alguém mais,<br />

embora só temporário e sem sentido, realmente ajudava a diminuir a dor? A<br />

mesma dor que estava sentindo agora ao saber que sua Sarah na realidade<br />

poderia estar sentindo algo por Leo?


CAPÍTULO<br />

VINTE E CINCO<br />

Angel nunca se apresentou para seu turno no restaurante. Alex teve<br />

que cobri-lo e não estava muito feliz por isso. Tudo o que ele disse foi que<br />

Angel ligou no último minuto para dizer que não chegaria a tempo, porque<br />

aconteceu algo e que explicaria mais tarde. Ambos, Alex e Sofie estavam<br />

surpreendidos de que Sarah não soubesse onde estava, mas não explicou a<br />

respeito de sua briga. Não queria falar com ninguém sobre isso até que<br />

falasse com ele em primeiro lugar, apesar de ter ligado para Sydney entre<br />

lágrimas antes de seu turno. Tentou localizar Angel e enviou várias<br />

mensagens até que finalmente desistiu, mas estava começando a se<br />

preocupar agora.<br />

Era a hora de fechar e ninguém ouviu falar dele ainda.<br />

— Ainda não falou com Angel? — Perguntou Alex, entrando no quarto<br />

traseiro — Vocês dois tiveram uma briga ou algo assim?<br />

— Não, não falei — Disse Sarah fechando o armário onde acabava de<br />

colocar seu avental, logo virou para Alex que estava inclinado sobre o<br />

balcão comprovando algo no computador — E algo assim — finalmente<br />

admitiu.


Alex olhou para trás onde ela estava e ficou olhando durante um<br />

momento; então seu rosto azedou.<br />

— É disso que se trata tudo isto?<br />

— Eu não sei — Disse se arrependendo rapidamente, porque<br />

inadvertidamente podia ter deixado Angel com a corda no pescoço —<br />

Tivemos uma discussão por telefone, mas não sei por que não está aqui ou<br />

onde está.<br />

A pedra que começou a se formar em seu estômago no momento que<br />

discou o número de Angel hoje, era agora uma rocha insuportável.<br />

Esqueceu quão intenso podia ser quando estava zangado.<br />

Alex começou a dizer algo quando seu telefone tocou no escritório o<br />

distraindo. Uns segundos mais tarde, seu próprio telefone tocou em sua<br />

bolsa e ela escavou pegando rapidamente. Era uma mensagem de Angel e<br />

exalou com alívio enquanto abria. Era uma foto, a foto que Romero,<br />

aparentemente, tirou dela e de Leo no momento em que ela tocou na sua<br />

tatuagem. Deste ângulo, pareciam estar de pé muito perto e seu estômago<br />

revirou ainda mais. Chegou outra mensagem de Angel e logo outra e outra<br />

até que teve ao redor cerca de seis com a mesma maldita foto.<br />

Com seus olhos começando a turvar, respondeu com calma.<br />

Onde está? Temos que conversar.<br />

— É Angel? — Perguntou Alex.<br />

Ela assentiu, mas não quis levantar a vista para que não visse seus<br />

olhos cheios de lágrimas.<br />

— Não dê bola. Está bêbado.


Agora, ela elevou o olhar, mas Alex estava olhando suas mensagens de<br />

seu telefone.<br />

— Está enviando mensagens para você também?<br />

— Não, Romero — Disse sem levantar a vista — Vou ter que recolher a<br />

sua bunda bêbada e o levar para minha casa. Minha mãe se assustará se o<br />

vir tão bêbado como Romero diz que está.<br />

Seu telefone tocou com outra mensagem de Angel e a abriu, esperando<br />

ver outra estúpida imagem de novo, mas era um texto.<br />

O ama também?<br />

Angel.<br />

Levou sua mão à boca quando a emoção a invadiu.<br />

— Vou com você — Disse a Alex enquanto respondia à mensagem de<br />

Amo você.<br />

Limpando as lágrimas de seus olhos, olhou para Alex, que franziu a<br />

testa.<br />

— Pedi que ignorasse, querida. Não quer estar ao seu redor neste<br />

momento. Confie em mim. Romero diz que está irritante — Sorriu,<br />

colocando seu telefone no bolso — E se Romero disse isso, só posso<br />

imaginar quão estúpido está.<br />

— Mesmo assim quero ir — Disse. — Por favor? — Alex apertou os<br />

lábios, mas assentiu.


— Ok, mas se te disser algo estúpido, eu vou ter que chutar seu<br />

traseiro. — Sarah se deu conta do tamanho disto enquanto recolhia suas<br />

coisas.<br />

Angel estava tão zangado com ela que precisava de um tempo longe<br />

dela hoje. E se estava, inclusive, mais zangado do que pensou no princípio?<br />

Nunca fez nada como isto antes, não aparecer para seu turno porque estava<br />

zangado com ela e logo ficar tão bêbado que alguém tivesse que ir buscá-lo.<br />

E se precisasse de mais que um dia longe dela? E se ele pedisse um tempo,<br />

porque não podia suportar estar ao redor dela? Vendo a foto<br />

comprometedora, agora entendia por que estava tão chateado.<br />

Provavelmente, ficou obcecado com isso durante o dia todo como ela<br />

sabia que teria feito se fosse ele e outra garota. E se precisasse de mais que<br />

uma pausa? Nunca superaria algo assim.<br />

Engolindo os pensamentos assustadores todo o tempo enquanto Alex<br />

fechava tudo às pressas, o seguiu até seu carro com um enorme nó na<br />

garganta.<br />

— Então, isto foi uma grande briga ou o quê? — Perguntou Alex<br />

enquanto saíam à rua.<br />

— Sim — sussurrou, olhando pela janela, mas não ofereceu nada<br />

mais. Em retrospecto, agora entendia perfeitamente por que Angel ficou tão<br />

chateado.<br />

Agora, estava envergonhada por não ter dito a Leonardo simplesmente<br />

para ir para ao inferno. Então, recordou que sim, tentou isso.<br />

Mesmo assim.<br />

Devia ter partido no momento que bateu no outro carro, se afastou.<br />

Por que ficou? Por que precisava saber por que fez isso? Valia tão pouco a<br />

pena.


Felizmente, Alex não a pressionou por mais. Tinha certeza de que as<br />

lágrimas escorrendo pelo seu rosto tinham muito a ver com isso. Chegaram<br />

à casa de Romero. Como Alex, Romero havia se mudado recentemente para<br />

o seu apartamento de solteiro.<br />

Romero abriu a porta com um sorriso. A música estava alta e Sarah<br />

acreditou ouvir Angel cantando. Romero ria, mas no momento em que viu<br />

Sarah, deixou de sorrir.<br />

— Amigo — Disse a Alex — Não é boa ideia, homem.<br />

Alex se virou para Sarah com um olhar de preocupação e, em seguida,<br />

virou para Romero.<br />

— Está assim tão ruim?<br />

— Sim!<br />

Angel cantava junto com a música que estava tocando e tanto Romero<br />

como Alex se olharam durante um sério momento e logo em seguida,<br />

começaram a rir. Sarah também poderia ter rido se suas entranhas não<br />

estivessem completamente agitadas. Nunca viu Angel tão bêbado. Entender<br />

as letras que ele estava destroçando só a fazia se sentir pior. Ele só fez uma<br />

parte bem, mas foi suficiente.<br />

— Causar este momento poderia significar o adeus!<br />

Romero riu de novo, mas depois ficou todo sério quando Alex começou<br />

a andar com Sarah ao lado dele.<br />

— Estou dizendo a você, homem, ele vai perder a cabeça quando a vir.<br />

— Não, ele não vai — Disse Alex, andando.<br />

Tendo dúvidas a respeito de estar lá, Sarah permaneceu na porta.<br />

Angel debruçado sobre o balcão de Romero se virou assim que viu Alex<br />

e sorriu. Logo viu Sarah e seu sorriso se apagou imediatamente.


— Por que ela está aqui? — Perguntou a Alex, logo se virou para Sarah<br />

e perguntou ainda mais forte — Por que está aqui?<br />

— Porque... — Começou a dizer, mas antes de dizer algo, exigiu ainda<br />

mais forte, voltando o olhar para Alex.<br />

— Não sei o que ela procura aqui.<br />

— Cala a boca! — Disse Alex, o empurrando.<br />

— Não a quero aqui — Angel repetiu as palavras ofensivas e logo virou<br />

para Sarah — Me escutou? Não quero vê-la agora!<br />

— Sim, bom este não é seu lugar — espetou Alex de volta — E Romero<br />

não quer seu traseiro bêbado aqui. Pegue suas merdas e vamos.<br />

Sarah pegou seu telefone, se sentindo como uma idiota por ter<br />

insistido em vir com Alex... Claramente Angel não estava em condições de<br />

falar. Este era um lado dele que nunca viu e sentiu o coração dilacerado ao<br />

escuta-lo falar desta maneira. Não tinha como ir no mesmo carro com ele.<br />

Se afastou da porta para ligar para Valéria.<br />

— Onde ela vai? — Ouviu Angel perguntar ruidosamente.<br />

— Você disse que não a quer aqui, imbecil — Disse Alex.<br />

Ela ligou de novo, mas o ignorou e continuou andando.<br />

— Sarah — chamou Angel novamente um pouco mais forte e ela virou<br />

para a porta para vê-lo. — Para quem você está ligando?<br />

— Valéria — Disse, secando as lágrimas de seu rosto.<br />

— Por quê?<br />

— Assim ela pode vir me buscar.<br />

Ele correu em direção a ela e Alex saiu do apartamento atrás dele.


Sarah colocou seu telefone para baixo antes de discar para Valéria,<br />

esperando por ele, mas não sabia o que esperar. A expressão rígida de Angel<br />

se suavizou ao chegar perto o suficiente para vê-la melhor no escuro.<br />

— Por que está chorando?<br />

— Porque você acha? — Disse, tratando de não soar muito zangada,<br />

mas era só o que estava sentindo.<br />

Ele deu um passo adiante.<br />

— Por que veio aqui?<br />

— Porque quero falar com você, mas...<br />

— A respeito do quê? A respeito dele? — Perguntou Angel, mas não<br />

soava tão zangado como estava antes no telefone ou quando disse que não a<br />

queria ali. Soava temeroso agora.<br />

— Não, sobre nós. — Ela engoliu em seco por trás da emoção, feliz que<br />

Alex ficou para trás com Romero e estava dando um momento a eles.<br />

— Quanto a nós, o que acontece? — Perguntou Angel, com seus olhos<br />

um pouco selvagens.<br />

— O que está dizendo?<br />

— Nada mal. — Disse, estendendo a mão para tocar seu rosto e<br />

imediatamente a atraiu para ele, a abraçando tão forte e beijando o lado de<br />

sua cabeça. — Você me ama? — Perguntou freneticamente.<br />

— Sim! — Disse — É obvio que amo.<br />

— Você tem sentimentos por ele?<br />

— Não! — Se afastou, assim poderia olhá-lo aos olhos quando<br />

afirmasse isso — Não, não, não.


Queria perguntar como poderia pensar isto, mas sabia por que e não<br />

queria lembrar das imagens. Este poderia ser o pior momento para tratar<br />

sobre o tema.<br />

Olhou para ela por um momento, logo a abraçou de novo fortemente.<br />

— Não ligue para Valéria — sussurrou contra seu ouvido — Retorne a<br />

casa de Alex e passe a noite comigo.<br />

— Tudo bem. — Disse Alex atrás deles — Tudo melhor. Vamos... Não<br />

tenho a noite toda. Sarah, querida, você precisa de uma carona de volta<br />

para o restaurante para pegar seu carro ou ...?<br />

— Não — Disse Angel, virando para encará-lo. — Ela vai comigo para<br />

sua casa. — Ele se virou para Sarah. — Correto?<br />

Alex riu entre dentes quando abriu a porta de sua caminhonete<br />

— Sério? Porque o que disse...<br />

— Cala a boca. — Disse Angel, mas mantendo seus olhos em Sarah.<br />

Este era o Angel que conhecia e amava e não pôde evitar sorrir, um<br />

pouco aliviada e logo assentiu com a cabeça.<br />

Ver o grande sorriso em seu rosto e sentir seus grandes braços ao seu<br />

redor de novo a fez se sentir melhor, mas sabia que ainda tinham muito o<br />

que conversar. O álcool obviamente afetou sua reação impulsiva ao vê-la e<br />

logo não queria sair do seu lado. Amanhã de manhã, quando ele estivesse<br />

pensando claramente, seria quando seus sentimentos reais e tudo o que ela<br />

sabia que o álcool camuflou agora, sairia.<br />

Sarah estava certa sobre eles não conseguirem falar algo produtivo<br />

ontem à noite. Para começar, ele desmaiou no meio do caminho de volta<br />

para a casa de Alex. Logo o acordaram para que saísse da caminhonete<br />

para entrar no apartamento e estando ali, a olhou com desconfiança como


se soubesse que estava zangado com ela, mas não podia lembrar porque,<br />

para dizer quanto a amava logo repetindo: Vou mata-lo, uma e outra vez,<br />

mas ela não se atreveu a responder. Ele se manteve assim até que<br />

finalmente desmaiou pelo resto da noite.<br />

Ela passou a maior parte da noite dando voltas no futon, até que<br />

finalmente o esgotamento a venceu.<br />

Ambos tinham apenas uma classe na sexta-feira e estava bastante<br />

segura que não iriam hoje. Acordou cedo e escapuliu da cama, deixando<br />

uma nota que estava saindo com Alex para o restaurante, assim podia<br />

pegar seu carro e voltar para ele. Ela parou ao longo do caminho para pegar<br />

o café da manhã, sanduíches e café, porque Alex avisou que ele ainda não<br />

tinha uma máquina de café.<br />

Quando retornou à casa de Alex, o futon estava na vertical e as<br />

mantas que foram utilizadas estavam cuidadosamente dobradas. Angel<br />

estava no chuveiro. Imediatamente, seu estômago era um nó de novo. Tão<br />

bêbado como estava a noite anterior, em certo modo esperava que esta<br />

manhã estivesse fora muito mais tempo.<br />

Sustentando o pequeno sanduiche enquanto permanecia na cozinha,<br />

pensando em sua conversa iminente com Angel, Sarah se perguntou por<br />

que se incomodou em comprar comida. Tinha zero apetite e o<br />

pressentimento de que o estômago de Angel não estaria se sentindo melhor.<br />

A água da ducha fechou fazia um momento e ouviu a porta se abrir.<br />

Em segundos, Angel estava na cozinha atrás dela, envolvendo seus braços<br />

ao redor de sua cintura e se apoiando em seu pescoço, mas não disse nada.<br />

Sarah respirou fundo e esperou.


— Sinto se fui um idiota ou algo assim ontem à noite. Não lembro de<br />

muito, mas Alex me enviou uma mensagem me dizendo que deveria me<br />

desculpar.<br />

Ela negou com a cabeça.<br />

— Não há necessidade. Alex me disse que provavelmente não era uma<br />

boa ideia que fosse com ele, sabendo o muito que bebeu.<br />

— Não acredito que alguma vez fiquei tão bêbado — Disse, se<br />

encolhendo. — Minha cabeça está me matando.<br />

— Deveria ter ficado na cama. — Virou para olha-lo de frente, tocando<br />

ligeiramente sua têmpora — Pode ter aspirinas em minha bolsa.<br />

Angel negou.<br />

— Já tomei duas. — Pegou o copo de café do balcão, se afastando dela.<br />

— Ouça, nós precisamos conversar.<br />

— Sei — Disse, surpreendida pela rapidez com que ele tocou no<br />

assunto. — Eu tenho que explicar...<br />

— Fui tomar uma bebida com a Bruxa ontem depois de falar ao<br />

telefone com você.<br />

A boca de Sarah se abriu e deu um passo longe dele.<br />

— Bruxa?<br />

— Sim — Disse, estendendo a mão para ela, mas ela se afastou. — Foi<br />

estúpido. Estava com raiva e precisava de uma bebida. Ela...<br />

— A puta que disse à amiga de Valéria que foderia vocês, em qualquer<br />

lugar, a qualquer hora, com uma namorada ou não?<br />

— Enviei uma mensagem a Romero — Disse rapidamente, ignorando<br />

seu comentário e deu outro passo em direção a ela, mas ela levantou a mão<br />

com um olhar assassino, por isso se deteve — Enviei uma mensagem para


que fosse me buscar antes de chegar ao bar. Tomei uma bebida com ela<br />

antes dele chegar e então eu fui. Sinto muito, tudo bem? Não estava<br />

pensando bem, mas não tinha intenção de fazer nada com ela. Juro.<br />

Só a ideia de saber que Angel, obviamente, pulou no carro dessa<br />

cadela dado que Romero teve que ir busca-lo, deixou Sarah se sentindo<br />

doente. Mas entendeu. Acreditava que não estava pensando com claridade.<br />

Ontem, a dor de sua voz foi algo que pôde sentir, inclusive através do<br />

telefone. Era por isso que esteve tão assustada pensando que talvez pediria<br />

um tempo ou algo mais.<br />

Com seu estômago se revirando e desejando que isto não ficasse pior,<br />

Sarah decidiu que não ia parar e poderia também terminar com isto agora.<br />

— Essa foto que viu — Disse e o pânico em seu rosto foi substituído<br />

imediatamente por um olhar duro — em que eu estou tocando seu braço<br />

não é o que está pensando.<br />

Angel olhou para outro lado, pondo ambas as mãos em sua cabeça e<br />

começou a andar. Isso é o que o fez ficar ontem como um macaco de merda<br />

e precisava se explicar.<br />

— Vi a foto, Sarah. Você levantou a camisa dele e tocou seu maldito...<br />

— Quando estava no Havasu — Disse em voz alta antes que se<br />

zangasse muito — Perguntei sobre a tatuagem em seu braço. Duas letras L.<br />

Disse que tinha algo a ver com a gangue em que estava há muito tempo.<br />

Ontem, quando me disse a verdade sobre tudo, fiquei chocada. Por incrível<br />

que pareça, também me senti realmente estúpida. Estúpida por ter<br />

acreditado tão facilmente em tudo o que me disse. Ontem, quando eu vi a<br />

tatuagem em seu braço novamente, percebi que não tinha nada a ver com<br />

uma gangue. De repente, ficou claro para mim e tive que dar uma olhada<br />

mais de perto, porque eu não podia acreditar que nunca percebi de que


eram suas iniciais. — Essa é a primeira coisa que qualquer um pensaria se<br />

visse duas letras como aquelas tatuadas em qualquer pessoa, mas não eu, é<br />

óbvio, isso significaria que seu sobrenome não era Ortiz. Eu só... — Sacudiu<br />

sua cabeça, olhando para longe se sentindo novamente zangada com ela<br />

mesma — Acreditei em tudo que me disse com tanta facilidade. Mas agora<br />

sei por que fiz isso. Queria acreditar. Se não o fizesse, então estaria<br />

admitindo que talvez não fosse verdade. Nem sei por que desejava tanto. A<br />

ideia de ter mais família apenas cresceu em mim tão rápido e quando Omar<br />

desapareceu, estava querendo que Leonardo não sumisse também.<br />

Deu um passo cauteloso para frente, temendo que ele a afastasse. Não<br />

o fez, assim que se aproximou o suficiente para alcançar sua mão a pegou.<br />

Deixou cair sua mão e logo envolveu seus braços ao redor de seu pescoço<br />

tão rápido que a sobressaltou, mas envolveu seus braços ao redor dele e<br />

devolveu o abraço com tanta emoção.<br />

Acabou. Não queria brigar nunca mais, pelo fato de não ter um irmão<br />

e que seu pai realmente não veio procurá-la, ou inclusive, passar outro<br />

minuto especulando sobre quais eram as verdadeiras intenções de Angel<br />

quando decidiu tomar uma bebida com a Bruxa no momento que estava tão<br />

consumido por sentimentos de ira e dor. Só importava que não fez e que<br />

Sarah agora poderia apreciar completamente o que tinha e teve por anos.<br />

Algo que muitas pessoas no mundo não tinham. Tinha Angel e todo seu<br />

amor por ela.<br />

— Sinto que isto tenha acabado dessa forma — Disse, beijando o<br />

flanco de sua cabeça — Realmente sinto. Não importa quem acabou por ser<br />

Leo... ou por que realmente queria estar perto de você, eu realmente sinto<br />

que isto não terminou conforme o esperado. — Se inclinou para trás para<br />

olhar para ela, movendo uma mecha do cabelo para retira-lo do seu rosto —<br />

Inclusive, quando estava me incomodando, nem uma vez desejei que as


coisas terminassem desta maneira. Se fosse seu irmão, apesar do estranho<br />

que seria, teria lidado com isso. Você sabe disso, certo? A última coisa que<br />

queria é vê-la machucada.<br />

Ela sorriu, vendo empatia genuína em seus olhos que só a alguns<br />

instantes tinham um brilho tão feroz como pareciam ontem.<br />

— Estou bem com isso agora — assegurou — Para ser honesta, nem<br />

sei o que estava esperando. Que ele, Omar e eu estaríamos tirando retratos<br />

de Natal juntos ou fazendo algo ridículo? Não sei. Falou de mim tendo<br />

outros tios e tias e primos e isso me emocionou. Suponho que eu apenas<br />

pensei que depois de ser apenas minha mãe e eu toda a minha vida, isso<br />

seria uma coisa boa.<br />

Angel assentiu, mas esse olhar de empatia que viu em seus olhos faz<br />

apenas um segundo, se foi de repente e essa intensidade familiar estava de<br />

volta.<br />

— Entendo, de acordo? E não menti quando disse que aceitaria Leo se<br />

fosse seu irmão. Mas me deixe te perguntar algo — parou e mordeu o lábio<br />

inferior quase como se quisesse ter certeza sobre o que ia perguntar — Não<br />

está pensando em permanecer em contato com Leo, ou está?<br />

Imediatamente, negou com a cabeça.<br />

— Não — Disse e viu o alívio imediato em seus olhos e o sentiu exalar.<br />

— Bom — Disse, mas a intensidade ainda seguia ali — Não quero que<br />

isto seja um problema no futuro, assim quero que fique claro agora, Sarah.<br />

Aceitarei Syd. — A intensidade suavizada por um momento fugaz enquanto<br />

puxava o canto de seu lábio — Bem, vamos tentar isso com ele, estou<br />

disposto a tentar. Mas Leo... — seus olhos se abriram com força de novo —<br />

Isso nem está em discussão. Se souber que está respondendo a suas<br />

mensagens ou seus e-mails...


— Não o farei — Disse, tocando seu peito, porque a ruga entre suas<br />

sobrancelhas se aprofundava com cada palavra que dizia e não queria que<br />

se zangasse sem motivo.<br />

— O bloquearei se for necessário. Já pus a maioria de minhas coisas<br />

on-line como privadas — encolheu seus ombros. — Fiz isso depois que<br />

Leonardo me disse que viu todas as minhas fotos e viu a maioria dos meus<br />

vídeos várias vezes antes mesmo de entrar em contato comigo. Foi algo<br />

arrepiante saber que qualquer estranho poderia vê-los. Mas depois de<br />

ontem — Ela inclinou o rosto contra seu peito e escutou o ritmo acelerado<br />

de seu coração — Nada valeria o suficiente para voltar a passar por isso de<br />

novo.<br />

Este não era o momento para começar um debate, então não o faria,<br />

mas isto era completamente diferente da sua relação com Sydney. Inclusive<br />

Sydney a advertiu ontem, quando disse que sua despedida com Leo<br />

terminou com ele dizendo que não era um estranho e que escrevesse se<br />

alguma vez precisasse conversar, que se ela ligasse seria desastroso. Agora,<br />

Angel não deixava dúvidas de que sim, seria.<br />

Angel fez uma careta, tocando sua têmpora com a testa franzida e em<br />

princípio, Sarah pensou que talvez não acreditasse nela. Mas logo se deu<br />

conta que estava fazendo uma careta de dor.<br />

— Ainda dói muito a cabeça? — Ele assentiu, sustentando suas mãos<br />

em cada lado da têmpora — Não tinha que levantar tão cedo.<br />

— Não podia dormir, sabendo que tínhamos que conversar.<br />

— Bem, nós já conversamos bastante por agora — Disse ela, o levando<br />

pela mão para o sofá, mas deu um puxão. — Alex estará fora o dia todo —<br />

Disse. — Acredito que não se incomodará se usarmos sua cama se a<br />

arrumarmos depois — o seguiu, pegando sua mão — e lavarmos os lençóis.


— De maneira nenhuma — ofegou, puxando sua mão.<br />

Virou para olhar para ela, enquanto iam para o quarto de Alex e pela<br />

primeira vez nesse dia, suas covinhas apareceram. Mas não foi por muito<br />

tempo, porque instantaneamente franziu a testa como se sorrir fizesse com<br />

que doesse a cabeça.<br />

— Só nos deitaremos um momento, mas na realidade preciso liberar<br />

todo este estresse acumulado — Sorriu enquanto levantava a colcha da<br />

cama de Alex.<br />

Sarah tirou os sapatos mas não se deitou, porque uma foto em um<br />

quadro de cortiça que Alex tinha em seu dormitório escassamente mobiliado<br />

chamou sua atenção. Tinha só mais algumas coisas no quadro, mas esta<br />

estava bem no meio.<br />

Era uma foto dele e Valéria na praia com sua jaqueta de atleta. Ainda<br />

a tinha em sua posse.<br />

— Isso foi no secundário?<br />

Angel a olhou, entortando os olhos.<br />

— Essa é Valéria?<br />

Sarah inclinou sua cabeça, o fulminando com o olhar.<br />

— Sim, é ela.<br />

ele.<br />

Sorrindo, Angel fez uma expressão exagerada de dor e a deitou com<br />

— É esta dor de cabeça — Disse, a beijando brandamente — Acredito<br />

que está afetando minha visão.<br />

Sarah ficou com olhos brancos, mas envolveu seus braços ao seu<br />

redor, feliz que tivessem superado o incômodo tema Leonardo, mas ainda


queria adicionar uma última coisa esperando que isto fechasse este tema de<br />

uma vez por todas.<br />

— Meu pai está morrendo — Disse, fazendo com que Angel congelasse<br />

e a olhasse fixamente. — Ao menos isso foi o que me disse Leonardo. Disse<br />

que Joseph disse que estava em uma etapa avançada de câncer de próstata<br />

e não queria que fosse tratado, por isso não viverá muito tempo.<br />

— Sinto muito — Disse Angel e ela podia ver que ele não sabia de que<br />

maneira responder a isso.<br />

— Foi o homem que me gerou, Angel. Isso não o faz meu pai e embora<br />

sinta por que esteja doente, não estou triste a respeito disto. Por anos nem<br />

tive certeza que ainda estivesse vivo — encolheu os ombros — De qualquer<br />

forma, Leonardo pensou que poderia gostar de saber. Que talvez eu<br />

quisesse conhecê-lo antes de morrer ou talvez para ir ao funeral. Talvez<br />

poderia conhecer algum dos outros familiares. Mas não quero. Eu não<br />

tenho a menor vontade de conhecê-lo.<br />

— Tem certeza? — Perguntou Angel.<br />

Assentiu, tocando o colar ao redor de seu pescoço que ganhou há<br />

muito tempo. Raramente o tirava.<br />

— Depois de pensar o dia todo ontem, decidi que não preciso procurar<br />

por parentes que me conhecem desde que nasci, mas não me procuraram<br />

nem uma vez. Por que ia querer conhecer um homem que não me importa?<br />

Tenho tudo que preciso na minha vida agora e realmente sinto que sou a<br />

garota mais sortuda do mundo.<br />

— Bom, se mudar de opinião...<br />

— Não mudarei — Disse com um sorriso — Fui uma idiota ao pensar<br />

que precisava de mais.<br />

— Te amo — ele sussurrou e beijou sua mão — Sempre e para sempre.


— Sempre e para sempre — sussurrou de volta.<br />

Como a intuição de Angel estava certa a respeito de Leo, tinha certeza<br />

que também estava certo a respeito de Sydney, só que desta vez, estava<br />

determinado a não falar nada por enquanto. Desta vez, estaria preparado.<br />

Continuava dizendo que precisava enfrenta-lo, de homem para homem e<br />

agora que superaram todo o pesadelo do falso irmão de Sarah, Angel queria<br />

que os problemas com o seu "quase-irmão" também fossem resolvidos.<br />

Depois que Sarah mencionou uma vez que ficou acordada até tarde<br />

falando com o Syd sobre alguns problemas com sua ex e sua nova vida em<br />

Los Angeles, Angel decidiu que era suficiente. Podia aguentar que Sarah<br />

estava aí para seu bom amigo como ela explicou que frequentemente ele<br />

esteve por ela... enquanto não tivesse que se preocupar que houvessem<br />

outras razões por trás das chamadas irritantes e frequentes de Sydney.<br />

Ele e Sarah ficaram ao telefone até tarde da noite quando, novamente,<br />

Syd ligou na outra linha. Sem querer soar muito irritado, Angel desligou,<br />

mas disse para enviar uma mensagem quando terminasse com o<br />

telefonema. Quase quarenta minutos mais tarde, finalmente recebeu a<br />

mensagem dela dizendo que terminou a ligação e para dizer boa noite.<br />

Angel pegou o telefone e discou. Chega de enrolar. Ia terminar com<br />

isso esta noite. Sydney atendeu depois do primeiro toque.<br />

— Angel, o que aconteceu?<br />

Sabia que Sydney devia estar se perguntando por que ligou tão tarde.<br />

— Tenho que falar com você.


— Sim, sim — Disse, parecendo preocupado — Está tudo bem?<br />

— Tudo está bem... eu acho — Disse Angel, logo fez uma pausa — Sei<br />

que você e eu conversamos sobre isto há anos, na vez que veio ao<br />

restaurante e me assegurou que não tinha nada com que me preocupar no<br />

que se referia a você e a Sarah. Disse que sua relação com Sarah sempre foi<br />

platônica. E embora a quisesse, é diferente de estar apaixonado por ela.<br />

Angel esperou uma resposta em vão. O fato de Sydney não falar nada o<br />

deixava nervoso. Pensou que, possivelmente a esta altura, já teria<br />

interrompido e dito algo para reafirmar o que disse da outra vez. Mas não o<br />

fez, por isso Angel continuou.<br />

— Tenho que te dizer cara, estou sendo honesto, eu nunca engoli essa<br />

merda nem por um segundo. Assim, quando ela me contou que você deixou<br />

sua garota por ela, você sabe o que eu pensei, certo?<br />

— Sim — Disse finalmente Syd e Angel esperou, mas Sydney não disse<br />

mais nada.<br />

— Tenho razão?<br />

Não houve um imediato "não" de Syd e Angel se levantou de onde<br />

estava sentado. Sabia. Porra!<br />

— Olhe Angel — Disse Syd, exalando — Vou ser honesto com você<br />

agora. Depende se você quer saber. Pessoalmente, eu não acho que seja<br />

uma boa ideia, mas vou deixar em suas mãos. Está bem?<br />

Syd esperou, como se esperasse uma resposta de Angel, assim<br />

balançou a cabeça em confusão.<br />

— Está bem?!<br />

— Homem, claro que estava apaixonado por Sarah. Como podia não<br />

estar? — Angel congelou, completamente sem palavras — Quando se


mudou para La Jolla, tinha a intenção de esperar que retornasse para<br />

contar. Estava passando por tanta merda que não queria acrescentar mais<br />

complicações na sua vida, porque era muito insistente de que éramos irmão<br />

e irmã. Inclusive, no início, admiti a Carina que estava apaixonado por<br />

Sarah, mas quando ela começou a sair com você, pude ouvir na sua voz<br />

como a fazia se sentir. Disse que a pior época de sua vida passou a ser a<br />

melhor devido a você, nesse momento, descobri que esperei demais. Ou<br />

dizia que estava apaixonado por ela e que não podia suportar vê-la com<br />

outra pessoa e perder o que tínhamos durante tantos anos ou mantinha<br />

minha boca fechada e aceitava. Aceitar que jamais seria minha e manter a<br />

melhor amiga do mundo.<br />

— Então, ainda está apaixonada por ela? — Angel quase se<br />

arrependeu de perguntar. Jamais considerou a possibilidade de que Sydney<br />

admitisse — É por isso que você terminou com Carina?<br />

— Não, cara, eu amo Sarah sim, mas Sarah é apaixonada por você,<br />

nunca desejei que algo desse errado entre vocês, porque sei que ficaria<br />

miserável e jamais iria querer isso para ela. Admitir para Carina antes de<br />

ficar sério com ela, que estava apaixonado por Sarah, foi meu maior erro.<br />

Ela nunca superou. Olhe — Disse, de repente soando sério — não desejo<br />

nada, salvo a felicidade de Sarah e de verdade, espero que fiquem juntos<br />

para sempre, porque sei que é o que ela quer. Mas me deixe ser claro em<br />

uma coisa, Angel. Não vou a lugar nenhum. Assim, depende de você contar<br />

tudo que acabo de te dizer e abrir uma lata de vermes ou simplesmente<br />

acreditar em mim quando digo que não tem nada com que se preocupar.<br />

Sarah te pertence, homem. É sua desde o primeiro dia e sempre será. Não<br />

tenho ilusões de pensar que isso vai mudar.<br />

Angel ficou de pé, mudo. Estava zangado? Estava preocupado? Não<br />

tinha certeza de como se sentia a respeito.


— Huh — Disse, porque era a única coisa que podia pensar em dizer.<br />

Sydney riu.<br />

— Sempre soube que teríamos esta conversa algum dia e sempre<br />

imaginei que teria algo a dizer a respeito — ria — Mas vejo que não é assim.<br />

Angel sentou na cama, sentindo como se precisasse fazer alguma<br />

ameaça, advertir Sydney que se alguma vez mudasse de ideia, iria atrás<br />

dele, mas com Sydney parecia desnecessário.<br />

—Sarah me contou sobre você, então acredito que está tentando<br />

decidir se deveria me matar ou não — Sydney riu — Direi uma coisa. Por<br />

que não fala com seu travesseiro? Tenha isto na mente enquanto tenta se<br />

decidir. Mesmo que terminem amanhã, não sonharia tentar nada mais com<br />

ela do que tenho agora e não é por medo de arruinar nossa amizade.<br />

Pensando bem, talvez tivesse uma oportunidade antes que te conhecesse,<br />

embora arriscasse nossa amizade. Mas agora não o faria. Sabe por quê?<br />

— Por quê? — Perguntou Angel, ainda sem ter certeza de como se<br />

sentia a respeito.<br />

— Porque, quando te conheceu e se apaixonou por você, soube que<br />

nunca poderia competir. Não se compete com o amor da vida de outra<br />

pessoa e você é seu amor. Acredite em mim quando digo que conheço<br />

Sarah. Está bem? Jamais te esquecerá. Se visse tão claramente como eu<br />

vejo, saberia. Ela pertence a você, homem. Toda sua. Para sempre.<br />

Angel levantou, se sentindo quase aturdido. Sabia durante anos que<br />

Sarah era o amor de sua vida e nunca a esqueceria. Não importa quantas<br />

vezes disse, parecia impossível acreditar que pudesse sentir por ele tudo o<br />

que ele sentia por ela. Não esperava que outra pessoa dissesse que sem<br />

dúvida era assim. Muito menos Sydney.


Para sua surpresa, quando se olhou no espelho, tinha um sorriso<br />

torto.<br />

— Para sempre minha — Disse sem pensar.<br />

— Sim — Disse Syd soltando um suspiro de derrota ou possivelmente,<br />

de satisfação — para sempre sua.


CAPÍTULO<br />

VINTE E SEIS<br />

A turma decidiu fazer uma última viagem para Big Bear antes que a<br />

temporada de inverno acabasse. Passaram o dia nas pistas e logo<br />

percorreram os arredores da aldeia pitoresca, fazendo algumas compras e<br />

bebendo chocolate quente.<br />

No caminho de volta à cabana depois de um exaustivo, mas<br />

satisfatório dia, Romero insistiu que conduzissem pelos arredores para ver<br />

se conseguiam dar uma olhada no complexo de treinamento de Félix<br />

Sánchez, o atual campeão peso leve de boxe.<br />

— Não vai ser capaz de ver merda nenhuma — Disse Alex enquanto<br />

virava na estrada que Romero pediu para entrar — Provavelmente será uma<br />

estrada longa e seu complexo está no topo da montanha.<br />

— Nunca saberá. Escutei que sua propriedade se estende por<br />

hectares. Alguma parte pode ser visível. Também escutei que treina no<br />

inverno. Pode ser que esteja por aqui agora.<br />

— E o que? — Perguntou Eric do assento do meio da abarrotada<br />

caminhonete — Realmente pensa que vai vê-lo?<br />

— Ei — Romero golpeou o assento diante dele — O que há com essa<br />

negatividade? — Disse — Nunca se sabe!<br />

Sarah estava sentada no colo de Angel no banco de trás e estava<br />

surpresa de como ele convertia cada pequeno beijo que dava em um longo<br />

beijo sem fim que a fazia estremecer no veículo lotado.


— Pare — ela sussurrou contra seus lábios tão baixo quanto podia,<br />

porque Romero estava bem ao lado deles. Se inclinando no seu ouvido, ele<br />

sussurrou:<br />

rir.<br />

— Está me excitando. — Se retorceu e lambeu seu pescoço a fazendo<br />

— Hey — Romero finalmente parou de discutir com Alex e Eric tempo<br />

suficiente para notar Sarah e Angel. — Vocês dois estão embaçando os<br />

vidros.<br />

Sofie, que estava sentada na frente deles, começou a rir em voz alta.<br />

— Vejam vocês mesmos — Disse Romero, limpando uma das janelas e<br />

apontando.<br />

— Que dia....? — Disse Alex, baixando a velocidade devido ao<br />

repentino tráfego. Havia equipes de televisão e vans de notícias alinhadas<br />

ao longo da estrada. Alguns carros foram deixados de lado para obter uma<br />

foto em frente a porta de entrada.<br />

— Eu disse que ele estava por aqui — Disse Romero — Provavelmente<br />

estão acampando aqui fora, tentando conseguir uma foto dele. Tem uma<br />

grande luta se aproximando.<br />

Finalmente puderam atravessar o desastre do tráfego com Alex<br />

murmurando todo o tempo a respeito da ideia estúpida de Romero de ir ver<br />

o complexo. Eric e Romero debateram todo o caminho a respeito que se<br />

alguém como Sánchez apreciava esse tipo de atenção ou não.<br />

Eric achou que era horrível não ser capaz de sair e fazer uma refeição<br />

sem ser assediado. Romero dizia que vinha com o pacote e insistiu que por<br />

todas as fotos e filmagens que ele viu, o cara parecia gostar de estar no olho<br />

do público.


Quando finalmente chegaram à cabana, Sarah esperava escapulir para<br />

o quarto e terminar o que Angel iniciou na caminhonete, mas Sal recordou<br />

que era sua vez de cozinharem.<br />

— Deixa que eu faço, baby — Disse Angel já tirando as coisas do<br />

refrigerador.<br />

— Não, posso ajudar — Disse, se sentindo inútil já que Angel era<br />

melhor cozinheiro.<br />

— Está tudo bem. — Disse, pegando as sobras do frango grelhado que<br />

Alex e Valéria fizeram na noite anterior, algumas tortilhas e um grande saco<br />

de queijo — Pegue os abacates da geladeira e faça um guacamole.<br />

Sarah sorriu agradecida, porque ele deu uma tarefa fácil.<br />

Beijou sua bochecha e logo tirou os abacates do refrigerador. No tempo<br />

que levou para cortar os abacates, cortar em cubos e misturar, Angel já<br />

tinha preparado rapidamente para todos queijadinhas de frango. Colocaram<br />

tudo em cima da mesa e todos atacaram.<br />

Quando todos estavam satisfeitos, Sarah pensou que talvez pudesse<br />

escapar por um momento, mas então, Sal anunciou que encontrou alguns<br />

vídeos antigos e pensou que todos gostariam de uma viagem ao passado,<br />

assim se reuniram em torno da TV e olharam o vídeo começar com os três<br />

irmãos quando eram muito jovens olhando para um berço. Angel era o<br />

menor na ponta dos pés, tentando dar uma olhada melhor.<br />

— Aw — Disse Sarah, sorrindo amplamente — Que lindo, sendo todo<br />

curioso!<br />

— Sim — Valéria riu — Inclusive nesse tempo já estavam todos<br />

metidos nos assuntos de Sofie.<br />

Havia mais imagens dos três irmãos tonteando por ali e logo Sofie<br />

como a pequena princesa, dançando em seu disfarce de princesa da Disney.


Estavam todos rindo enquanto os vídeos mostravam várias etapas da vida<br />

dos irmãos. Sarah não podia acreditar o quanto os três meninos se<br />

pareciam com seu jovem pai.<br />

Também havia filmagens de Romero quando era muito mais jovem e<br />

todos estavam em suas bicicletas saltando de uma rampa em seu pátio<br />

dianteiro. Romero acelerou frente à câmera várias vezes.<br />

— Lembram isso? — Perguntou Sal, mostrando a rampa. — Não<br />

acredito que tivemos uma rampa que você não caiu.<br />

— Ou quebrou — Disse Alex com uma careta.<br />

O vídeo mostrava os anos se passando: os treinos de sua pequena liga<br />

de futebol e inclusive, um vídeo de Eric e Sofie passando um tempo à<br />

margem enquanto as crianças jogavam no parque na Páscoa. Sarah riu<br />

internamente como os irmãos foram ignorantes a respeito de Sofie e Eric se<br />

apaixonando inclusive naquele tempo.<br />

Logo havia um vídeo de Sarah em sua primeira Ação de Graças com os<br />

Moreno.<br />

— Oh!! — Levou sua mão a boca — Nem lembrava de alguém<br />

gravando.<br />

Trocou olhares com Angel, lembrando que naquela noite, foi a sua<br />

primeira vez.<br />

Tinha cenas dela e Sofie correndo em vários de seus campeonatos na<br />

escola em seu último ano. Alguns deles fizeram Sarah corar, porque ganhou<br />

em vários e todos estavam torcendo agora como se tivesse acabado de<br />

acontecer. Todos eles estavam igualmente emocionados de como estavam<br />

no vídeo naquele tempo. Logo estava a graduação seguido pela festa no<br />

restaurante. Tinha um montão de pequenos vídeos de todos em seu


estaurante, no Andolini's, no beco de boliches, na praia e muitas de suas<br />

fogueiras...<br />

Os vídeos pareciam intermináveis, mas trouxe consigo muitas<br />

lembranças: algumas delas inclusive a deixaram atordoada. Os vídeos<br />

avançaram para aqueles do Facebook e Instagram, alguns que Leonardo<br />

disse que viu: Sarah e Valéria brincando na frente da webcam, em seguida,<br />

Sarah e Valéria tonteando frente à câmera. Logo, Sarah e Angel fazendo um<br />

tola Tag de namorados no Youtube na qual Sarah estava rindo alto e corou.<br />

Sarah não percebeu que havia música tocando ao fundo. Ela estava<br />

tão ocupada e encantada com todas as velhas memórias que não notou a<br />

estranha escolha de música para os vídeos dos velhos tempos com os<br />

amigos "My Girl" do The Temptations. Ficou um pouco mais forte com cada<br />

página e vídeos que foram mostrados e notou que muitos deles eram<br />

apenas dela ou dela e Angel sendo carinhoso e se beijando.<br />

Virou para olhar para Angel, querendo saber agora se ele montou o<br />

vídeo e um pouco envergonhada por ter feito a todos se sentarem e<br />

assistirem, o que tinha certeza que todos pensavam, pois os vídeos e slides<br />

eram enjoativos. Finalmente, acabou e se sentiu um pouco aliviada, apesar<br />

de que com certeza pediria uma cópia.<br />

— Quem armou isso? — Perguntou.<br />

— Tem mais — Disse Sal, golpeando algumas teclas no tablet<br />

conectado à TV. Um vídeo mais recente de todos eles começou a se<br />

reproduzir, incluindo a Ação de Graças e o Natal, logo a grande festa de<br />

aniversário de Sarah e Angel com toda sua família. Inclusive os que viviam<br />

fora da cidade estavam presentes. O vídeo tinha Sofie e Sal na frente de<br />

uma webcam, recordando a sua grande família. Como todos eles tinham<br />

suas peculiaridades, mas nunca trocariam nada disso. Logo se reproduziu<br />

um vídeo das mímicas de Romero e todos eles quase caíram de seus


assentos de tanto rir. Quando sua parte terminou, foi para um curto dele<br />

falando com sua escova de dentes na boca e olhando para a câmera.<br />

— Só queria dizer que apesar de ter crescido como filho único nunca<br />

me senti dessa maneira. Cresci com meus irmãos e irmã, os Morenos e meu<br />

menino Eric. Estou loucamente apaixonado por todos vocês.<br />

Sarah virou para o Romero, que tinha um grande sorriso, obviamente<br />

contente com sua imagem no vídeo, logo notou Sofie secando uma lágrima.<br />

O próximo foi um vídeo deles na última vez que foram esquiar faz só<br />

umas semanas e a música começou de novo. "We Are Family" misturado<br />

com algo mais, mas quem fez a mescla não fez um grande trabalho, porque<br />

havia dois tempos totalmente diferentes até que "We Are The Family" foi<br />

desvanecendo e tudo o que ficou foi a outra canção. "Marry You" do Bruno<br />

Mars era a única tocando agora e o vídeo mostrou os pais de Angel sorrindo<br />

e apontando para a câmara.<br />

— Menina linda — Sua mãe mandou um beijo com a mão e depois seu<br />

pai sorriu e disse:<br />

— Diga que sim.<br />

Aí foi quando uma mescla de confusão e nervosismo começou a revirar<br />

o estômago de Sarah e olhou ao redor, mas estranhamente, todos estavam<br />

olhando diretamente para a televisão.<br />

Os seguintes foram Sofie e Eric na webcam novamente:<br />

— Sempre sonhei em ter uma irmã. E você é um sonho transformado<br />

em realidade — disse, agarrando o coração com um grande sorriso — Então<br />

diga sim!<br />

Sarah sorriu e instantaneamente se surpreendeu. Logo estavam Alex,<br />

Romero e Valéria no restaurante, parados atrás da barra, sustentando uma<br />

taça com um grande sorriso.


— Diga sim — Disseram todos simultaneamente enquanto a música se<br />

tornava ainda mais forte.<br />

O golpe final foi ver o rosto de Sydney na tela na frente de sua webcam<br />

e agora Sarah agarrou seu coração, reprimindo as emoções.<br />

— Sabe que jamais iria guia-la para uma cilada, Lynni. Sempre soube<br />

como me sinto a respeito de você sendo feliz. Então diga sim.<br />

Sarah apertou os lábios trêmulos juntos, enquanto o próximo<br />

começou. Era Sal, o Sr. Seriedade, em frente da webcam do que parecia ser<br />

a sala dos fundos do restaurante. Ele sorriu, mostrando suas covinhas.<br />

— Preciso de outra irmã mais nova, querida. A que eu tenho está<br />

ficando muito mal-humorada. Diga sim.<br />

Sarah era um desastre agora, inclusive enquanto ria, afastando as<br />

lágrimas. O rosto de sua mãe na tela fez ser impossível conter o pranto.<br />

— Oh meu Deus — ofegou Sarah, trazendo ambas as mãos para sua<br />

boca.<br />

— Olá querida. — Sua mãe tentou sorrir — Tentamos isso muitas<br />

vezes e arruinei cada uma das tomadas com minhas lágrimas, então isso é<br />

o melhor que você vai conseguir — Soluçou e começou outra vez, sua voz<br />

voltou a quebrar. — Não há dúvidas em minha mente que será muito feliz e<br />

isso é tudo o que sempre quis para você. — Ela parou e tratou de se<br />

recompor e então, conseguiu cuspir a última parte. — Então diga que sim.<br />

A última tomada tinha todos nela, não só sua família completa a não<br />

ser seus pais, sua mãe, tia, tio, inclusive Manny e Max e toda a família<br />

acrescentada, a turma do restaurante, sentados e parados ao redor de uma<br />

mesa no restaurante.


Sarah afastou as lágrimas que estavam nublando sua visão, porque<br />

não queria perder um segundo disso. A câmara focou em todos saudando e<br />

lançando beijos. Logo Angel apareceu na imagem.<br />

— Só se lembre, baby. Se disser que sim, está dizendo sim a.... — Seus<br />

olhos se abriram amplamente enquanto a câmara focava a multidão a sua<br />

volta — todos nós! — Gritaram em uníssono. — Então, diga que sim!<br />

A televisão se apagou e Sarah ficou feliz de ver que não era o único<br />

desastre choramingando. Sofie e Valéria estavam em prantos enquanto<br />

todos se viravam para ver Angel ficar de joelhos em frente a ela,<br />

sustentando um anel.<br />

— Agora que foi amavelmente advertida, faria minha vida completa e<br />

se tornaria parte desta louca família? — Sarah mal podia ver o anel, sua<br />

visão estava imprecisa. — Você quer se casar comigo, Sarah?<br />

Assentindo como uma louca para corrigir o fato de que não podia falar,<br />

observou quando colocou o diamante em seu dedo e logo envolveu seus<br />

braços em seu pescoço quase o nocauteando.<br />

— Rebobina para a parte onde eu estou — Disse Romero — Estou<br />

muito bem. Acho que estou no negócio errado.<br />

Sarah riu, finalmente sendo capaz de se recompor para dizer o que<br />

queria dizer.<br />

— Sim, sim! Um milhão de vezes sim! — Virou para o resto deles —<br />

Para todos vocês. Muito obrigada! — Olhou ao redor e virou para Angel e<br />

quase se quebrou novamente — Obrigada — sussurrou, sabendo<br />

exatamente por que agiu desta maneira e fez assim. — Não acreditava que<br />

fosse possível te amar mais do que já o faço. Muito obrigada.


Depois de ser rasgada e quase sufocada por Valéria, Sofie e logo<br />

abraçar o resto dos membros de sua família, genuinamente felizes, estava<br />

finalmente livre para abraçar seu noivo novamente.<br />

Caíram de novo no sofá rindo e se beijando.<br />

Angel a segurou fortemente por um longo tempo e em seguida inalou<br />

profundamente.<br />

— Obrigado por dizer sim — sussurrou em seu ouvido. — O dia que<br />

você se casar comigo minha vida estará completa.<br />

Sarah o segurou, nunca querendo deixa-lo ir, mas finalmente teve que<br />

se afastar.<br />

— Agora nós podemos escapar? — Sussurrou.<br />

Angel saltou, pegando sua mão e apressaram seus passos em direção<br />

as escadas.<br />

— Falando a respeito de ser discreto — Disse Sal em tom de<br />

brincadeira enquanto se apressavam e passavam por ele.<br />

Angel olhou para trás, rindo.<br />

— Desde quando alguém desta família é discreto?<br />

— Sim — Sarah riu — E foram vocês meninos, que insistiram que eu<br />

dissesse sim. Possivelmente, Angel esqueceu de mencionar que posso ser<br />

tão odiosamente indiscreta como o resto de vocês, mas é muito tarde. Estão<br />

presos comigo agora.<br />

Dobraram a esquina e podiam escutar Romero rir.<br />

— Caso você não tenha notado, Manny e Max também estavam nesse<br />

vídeo. Há! Agora, quem está rindo?


A risada de Sarah parou na metade das escadas para beijar Angel.<br />

Esteve tão preocupada em ter uma família maior e por anos, teve uma o<br />

tempo todo. E amava a todos e cada um deles. Inclusive Manny e Max.<br />

Fim ...


SOBRE A<br />

AUTORA<br />

A respeito de mim? Bom, nasci e cresci e continuei vivendo no<br />

ensolarado sul da Califórnia. Estou casada e tenho dois maravilhosos<br />

adolescentes. Meu amor pela escrita começou quando eu era só uma<br />

menina, entretanto, nunca tive realmente algum sonho ou aspirações de<br />

fazer isto para viver. Então chegou a época dos eReaders e vi a<br />

oportunidade de escrever para o mundo que lê sem saltar através de aros e<br />

ir além da burocracia de tratar de ser publicado tradicionalmente. A série<br />

Moreno Brothers mudou literalmente minha vida. Agora me levanto para ir<br />

trabalhar a poucos metros de minha cama. 5th Street é minha segunda<br />

série com 2 livros de Noah e Gio e dois mais por vir. Atualmente estou<br />

tomando um descanso de 5th Street para trabalhar em minha próxima série<br />

Fate, um spin-off da série Moreno Brothers.<br />

O primeiro da série Fate (Vince e história de Fazer You Mine de Rose)<br />

será lançado este ano.<br />

Eu adoro escutar os meus leitores e trato sempre de responder logo<br />

que me é possível, mas se houver uma pergunta que se faz uma e outra vez,<br />

em vez de responder vinte vezes a vou publicar em minha página de<br />

perguntas frequentes a fim de comprová-la frequentemente! O Final deste<br />

ano será uma loucura para mim entre me manter em dia com a resposta ao<br />

MYM e me preparando para o tour do meu blog, estarei muito ocupada<br />

assim por favor tenham paciência comigo se não ser rápida em responder a<br />

suas mensagens/comentários.

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