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01- Delírio

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— Ela está acordada.<br />

Jenny segura um copo de água, mas parece relutante em entrar no quarto. Fica na porta, olhando<br />

para mim.<br />

Não quero falar com Jenny, mas estou absolutamente desesperada para beber água. Minha garganta<br />

arde como se eu tivesse engolido uma lixa.<br />

— É para mim? — digo, gesticulando para o copo. Minha voz está rouca.<br />

Jenny faz que sim com a cabeça, com os lábios tensos em uma linha branca e fina. Pela primeira vez<br />

ela não tem nada a dizer. Avança de repente, coloca o copo na mesinha ao lado da cama e sai tão<br />

rapidamente quanto entrou.<br />

— Tia Carol disse que ajudaria.<br />

— Ajudaria o quê?<br />

Bebo um gole longo e revigorante, e a queimação em minha garganta e em minha cabeça parece<br />

acalmar.<br />

Jenny dá de ombros.<br />

— A infecção, eu acho.<br />

Isso explica por que ela está perto da porta e não quer se aproximar de mim. Estou doente,<br />

infectada, suja. Ela está com medo de pegar a doença.<br />

— Sabe que você não vai ficar doente só por chegar perto, não é? — digo.<br />

— Eu sei — responde ela rapidamente, na defensiva, mas permanece parada onde está, olhando-me<br />

com cautela.<br />

Sinto-me absurdamente cansada.<br />

— Que horas são? — pergunto.<br />

— Duas e meia — responde ela.<br />

Isso me surpreende. Relativamente pouco tempo se passou desde que fui encontrar Alex.<br />

— Por quanto tempo eu dormi?<br />

Ela dá de ombros novamente.<br />

— Você estava inconsciente quando eles a trouxeram para casa — diz ela, tranquilamente, como se<br />

isso fosse um acontecimento natural da vida ou algo que eu fiz, e não culpa de um bando de reguladores<br />

que marretaram minha cabeça. Essa é a ironia. Ela está me olhando como se eu fosse a louca, a perigosa.<br />

Enquanto isso, o cara lá embaixo que quase fraturou meu crânio e espalhou meu cérebro no chão é o<br />

herói.<br />

Não aguento olhar para ela, então me viro para a parede.<br />

— Onde está Grace?<br />

— Lá embaixo — diz ela. Um pouco do tom resmungão normal volta à sua voz. — Tivemos que<br />

colocar sacos de dormir na sala.<br />

É claro que querem manter Grace longe de mim: a jovem e impressionável Grace, cuidadosamente<br />

protegida da prima louca e doente. E eu me sinto doente, com ansiedade e desgosto. Penso em minha<br />

ideia de queimar a casa toda. Sorte de tia Carol eu não ter fósforos. Do contrário, talvez fizesse mesmo<br />

isso.<br />

— Então, quem foi? — A voz de Jenny se transforma em um sussurro sinuoso, como uma cobrinha<br />

colocando a língua em minha orelha. — Quem a infectou?<br />

— Jenny.<br />

Viro a cabeça, surpresa por ouvir a voz de Rachel. Ela está na porta, observando-nos com uma<br />

expressão completamente indecifrável.<br />

— Tia Carol precisa de você — diz ela para Jenny, que corre ansiosa para a porta, lançando um<br />

último olhar para mim, com uma expressão de medo e fascinação.<br />

Fico imaginando se fiquei assim há tantos anos, quando Rachel contraiu deliria e precisou ser presa

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