01 - Nick Push

Eu sei disso porque eu estou vendo ele. Eu rapidamente
saio de trás da cortina para esconder meu sorriso. Eu parei de
morder meu polegar quando ele me pega olhando, porque ele não
se incomoda em ser observado, então eu já não sinto a
necessidade de sentir dor para me por fazer algo ruim.
― Seu pai está em casa, ― eu digo a Tommy, que está
sentado no chão de meu quarto desenhando. Eu gosto de ficar
sozinha com ele, passamos a maior parte do tempo no meu
quarto. Eu não gosto do jeito que a minha avó me olha quando
ela nos vê juntos. Eu posso dizer pelo jeito que sua testa franze e
seus lábios puxam para baixo em uma carranca, em sua cabeça,
ela está fazendo mais perguntas que inevitavelmente vão ficar
sem respostas.
Eu me ajoelho na frente de Tommy e começo a arrumar os
papéis.
Ele sussurra.
― Posso mostrar meus desenhos ao papai? ― Eu aceno
concordando e reúno todos os cinquenta pedaços de papel, a
maioria das quais têm uma única linha irregular do meio.
Do meu quarto eu ouço vozes vindo do andar de baixo e, em
seguida, passos fortes subindo as escadas. Eu sei que é Josh
porque os passos são altos e pesados. Minha avó se arrasta como
se eu fosse um animal ferido que atacasse se assustada.
Um pânico se instala ao som de seus passos e, em seguida,
se agrava quando ele bate na porta. Eu olho para Tommy, mas
tudo o que ele faz é sorrir, um sorriso idêntico ao de seu pai.
Tommy responde porque eu estou muito ocupada tentando
parecer ocupada colocando os pincéis de volta em sua caixa.
― Hey, filho, ― Josh diz a Tommy. ― Você teve um bom dia
com Becca? ― Ele usa a voz engraçada de falar com as crianças.
Meus professores foram os únicos que usaram aquela voz
comigo.