01 - Nick Push

Veja, minha mãe tinha dominado a arte de fingir. Fingindo
tudo. Ela vivia duas vidas; a mãe solteira trabalhadora, amorosa
que se gabava para qualquer um que ouvisse sobre como ela
estava orgulhosa de mim. E quando as pessoas com quem falava
lhe diziam que ela deveria ser, que eu era uma criança doce ou
qualquer outra forma de cumprimenta-la, ela sorria e concordava
em sua frente. Mas quando chegássemos em casa que eu iria vêla,
quem ela realmente era: ciumenta, amarga, odiosa e violenta.
Eu diria que ela era uma bêbada, mas ela não era. Ela controlava
a sua bebida, apenas às vezes não tanto, quando eu à irritava.
Eu apenas a irritava muito... até por respirar.
Ela me odiava tanto.
Quase tanto quanto ela odiava o meu pai.
Um homem que eu nunca sequer conheci.
Ela divagava por vezes, me dizia que eu arruinei sua vida.
Que ela havia sido estuprada e por isso eu nasci. Mas ela mentia,
porque às vezes, quando ela ficava realmente bêbada, enquanto
seu joelho apertava contra o meu peito e suas mãos estavam no
meu pescoço enquanto eu estava deitada no chão, ofegando por
uma respiração, ela chorou. Ela me disse que ela deveria ter sido
suficiente para ele. Que ele deveria ter ficado com ela. Que ela o
amava e por que diabos ele não a ama de volta.
Ela pedia desculpas após cada - episódio - como gostava de
chamá-los. E sempre eram muitos. Ela dizia que não quis dizer
isso. Que ela só ficou irritada e que ele a abandonou, mas ela me
amava. Ela me amava tanto. Eu era tudo para ela e ela não podia
perder-me.
Ela era a minha mãe.
A única coisa que eu tive na minha vida.
Então é claro que eu acreditava nela.
É claro que eu a amava.