Whatsapp hoje estava pensan<strong>do</strong> comigo que tenho sorte de ter te encontra<strong>do</strong> só tenho a agradecer a Deus por ter coloca<strong>do</strong> um <strong>médico</strong> tão bom na minha vida muito obriga<strong>do</strong> 13h12 obriga<strong>do</strong> você é generoso só tento fazer meu trabalho direito abraço 16h17 VV qual a chance de vc passar algo para eu tomar que colabore no meu crescimento na academia? :–) 18h14 zero 18h15 VV
Médico bem sucedi<strong>do</strong> Após estar forma<strong>do</strong> em medicina comecei a trabalhar em pronto atendimentos (PA), locais que as pessoas costumam procurar por algum desconforto agu<strong>do</strong>, porém sem maior gravidade. Preferia o PA infantil, gostava das crianças, de examiná-las, de brincar com elas quan<strong>do</strong> era possível, muitas vezes só era necessário orientar as mães para cuidarem <strong>do</strong>s resfria<strong>do</strong>s de seus filhos. Eu chegava às dezenove em ponto, ou antes. Haveria um colega mais experiente para fazer dupla comigo. Seria bom contar com um <strong>médico</strong> com maior vivência. Para casos mais graves é bom ter com quem dividir as dúvidas e as condutas. Quinze pras oito chegou meu parceiro. O mesmo de outros plantões. Era José qualquer outra coisa, não lembro. Chamava-lhe Zezão. Obeso sem pescoço, poucos cabelos, to<strong>do</strong>s brancos, tinha cinquenta anos, parecia ter vinte a mais, um tanto bonachão. Gostava de falar de futebol e amenidades, era agradável acorda<strong>do</strong>. Dormin<strong>do</strong> era das piores companhias: no quarto <strong>do</strong> plantonista quan<strong>do</strong> ele encostava à cama, beliche de madeira das mais simples, com um colchão mole usa<strong>do</strong> há anos, já <strong>do</strong>rmia. Eu na cama de cima presenciava um terremoto. A cama vibrava, parecia que funcionava uma serralheria no quarto, meu colega roncava, roncava, roncava, tinha pausas respiratórias tão prolongadas que não teve um plantão em que não pensei que ia ter que reanimá-lo. E se ele tivesse uma parada cardiorrespiratória no meio <strong>do</strong> expediente? Zezão estava sempre cansa<strong>do</strong>. Já tinha passa<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>is empregos e pelo consultório quan<strong>do</strong> chegou atrasa<strong>do</strong> ao PA. Esbafori<strong>do</strong>, creditava ao trânsito da cidade o seu atraso, xingava o prefeito que só sabia cobrar impostos. Ia para sua sala começar os atendimentos. Dia sim, dia não estava de plantão. Eram muitas as despesas. Naquela noite tinha jogo <strong>do</strong> Brasil, o PA estava anormalmente vazio. Conseguimos jantar juntos, ele fez questão de pedir pizza. Aceitei. Acho que há tempos não encontrava um amigo, então servia eu mesmo. Primeiro contou de suas façanhas. Graças a ter da<strong>do</strong> tantos plantões, já tinha compra<strong>do</strong> <strong>do</strong>is apartamentos, mas cada um estava com uma ex-mulher. Seus relacionamentos não duravam. Mas tinha lhe resta<strong>do</strong> uma bela casa de praia. Fazia <strong>do</strong>is anos que não conseguia ir lá, mas era sua! Qualquer dia nós poderíamos ir lá, qualquer dia. Nos próximos seria difícil. Estava em crise com sua mulher atual. Não sabia bem por quê, mas o relacionamento estava esfrian<strong>do</strong>, ela não queria saber mais dele. O jeito era passar numa casa de acompanhantes. Fazer o quê? Lá naquele lugar, havia mulheres lindas, discretas, sempre elogiavam seu desempenho! Quan<strong>do</strong> não tivesse de plantão passaria lá. Chegou mensagem <strong>do</strong> filho no celular. Esse aí só procura para pedir dinheiro. Tanto trabalho, ele teve tu<strong>do</strong>: viajou, fez intercâmbio e estu<strong>do</strong>u línguas. Está na faculdade. Foram muitos plantões pra dar tu<strong>do</strong> a ele. Só manda mensagem pedin<strong>do</strong> dinheiro. Perguntou o que eu queria fazer de especialidade.
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