02.04.2017 Views

Curso de Direito Constitucional

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>de</strong>vido processo legal atua, nesses casos, com dupla função:<br />

a <strong>de</strong> proibição <strong>de</strong> provas ilícitas e a <strong>de</strong> garantia da ampla <strong>de</strong>fesa<br />

do acusado. Na solução dos casos concretos, há que se estar<br />

atento, portanto, para a pon<strong>de</strong>ração entre ambas as garantias constitucionais.<br />

A regra da inadmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> provas ilícitas não<br />

<strong>de</strong>ve prepon<strong>de</strong>rar quando possa suprimir o exercício da ampla <strong>de</strong>fesa<br />

pelo acusado, sob pena <strong>de</strong> se produzir um verda<strong>de</strong>iro paradoxo:<br />

a violação ao <strong>de</strong>vido processo legal (ampla <strong>de</strong>fesa) com o<br />

fundamento <strong>de</strong> proteção do próprio <strong>de</strong>vido processo legal (inadmissibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> provas ilícitas).<br />

Ressalte-se, nesse contexto, que, em alguns casos, a prova<br />

ilícita po<strong>de</strong>rá ser produzida pelo próprio interessado, como único<br />

meio <strong>de</strong> sustentar sua inocência, configurando, <strong>de</strong>ssa forma, o estado<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, que exclui a ilicitu<strong>de</strong> do ato.<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral tem admitido a prova, que em<br />

princípio seria ilícita, produzida pelo réu em estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>,<br />

ou legítima <strong>de</strong>fesa, causas exclu<strong>de</strong>ntes da antijuridicida<strong>de</strong> da<br />

conduta 403 .<br />

Nesse contexto, a doutrina tem feito uma diferenciação<br />

entre a prova ilícita produzida pelo Estado e aquela produzida<br />

pelo particular, para afirmar que apenas no primeiro caso incidiria<br />

a regra do art. 5º, LVI. O fundamento, encontrado na jurisprudência<br />

norte-americana, é que apenas o Estado (produtor da prova)<br />

seria o sujeito passivo do direito fundamental à não produção no<br />

processo da prova obtida por meios ilícitos 404 . A teleologia da<br />

norma constitucional, além da garantia <strong>de</strong> um substrato ético ao<br />

processo (fair trial), é o efeito dissuasório da ativida<strong>de</strong> persecutória<br />

das autorida<strong>de</strong>s públicas, <strong>de</strong> modo que, na hipótese <strong>de</strong> inexistência<br />

<strong>de</strong> qualquer participação <strong>de</strong>stas, a prova obtida pelo<br />

particular <strong>de</strong>veria ser prima facie admitida 405 .<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, porém, não tem dado relevância<br />

a essa distinção 406 , mesmo porque atualmente o Tribunal tem<br />

aceitado a tese <strong>de</strong> que os direitos fundamentais não vinculam<br />

apenas o Estado, mas também os particulares 407 .<br />

Assim, a prova ilícita não <strong>de</strong>ve constar do processo ou <strong>de</strong>le<br />

há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sentranhada 408 . A con<strong>de</strong>nação com base exclusivamente<br />

em prova ilícita será nula. O habeas corpus é instrumento<br />

755/2051

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!