02.04.2017 Views

Curso de Direito Constitucional

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r todos os seus esforços em um campo não meramente<br />

cível (como seria típico da atuação econômica <strong>de</strong>ssas empresas),<br />

mas eminentemente penal, com sérias repercussões para a dignida<strong>de</strong><br />

pessoal dos seus sócios.<br />

Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rigor e <strong>de</strong> prudência por parte<br />

daqueles que têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> iniciativa nas ações penais e<br />

daqueles que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>cidir sobre o seu curso.<br />

A fórmula i<strong>de</strong>al para uma persecução penal a<strong>de</strong>quada e<br />

legítima encontrou sua pedagógica sistematização em texto clássico<br />

<strong>de</strong> João Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Almeida Júnior. Diz João Men<strong>de</strong>s que a<br />

<strong>de</strong>núncia:<br />

646/2051<br />

“É uma exposição narrativa e <strong>de</strong>monstrativa. Narrativa, porque <strong>de</strong>ve<br />

revelar o fato com tôdas as suas circunstâncias, isto é, não só a<br />

ação transitiva, como a pessoa que a praticou (quis), os meios que<br />

empregou (quibus auxiliis), o malefício que produziu (quid), os<br />

motivos que o <strong>de</strong>terminaram a isso (cur), a maneira por que a<br />

praticou (quomodo), o lugar on<strong>de</strong> a praticou (ubi), o tempo<br />

(quando). (Segundo enumeração <strong>de</strong> Aristóteles, na Ética a<br />

Nicômaco, 1. III, as circunstâncias são resumidas pelas palavras<br />

quis, quid, ubi, quibus auxiliis, cur, quomodo, quando, assim<br />

referidas por Cícero (De Invent. I)). Demonstrativa, porque <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>screver o corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, dar as razões <strong>de</strong> convicção ou presunção<br />

e nomear as testemunhas e informantes” 162 .<br />

Quando se fazem imputações incabíveis, dando ensejo à<br />

persecução criminal injusta, portanto, viola-se, também, o princípio<br />

da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, o qual, entre nós, tem base<br />

positiva no art. 1º, III, da Constituição.<br />

Em última análise, há <strong>de</strong> se evitar que a responsabilização<br />

penal em casos como este corresponda a in<strong>de</strong>vida transposição <strong>de</strong><br />

efeitos jurídicos do campo cível ou administrativo para uma área<br />

em que as ofensas a direitos e garantias fundamentais po<strong>de</strong>m ser<br />

tragicamente potencializadas: a esfera da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção<br />

típica da seara penal.<br />

Observe-se que, em alguns casos, o Tribunal exige que a<br />

<strong>de</strong>núncia indique a presença, em tese, <strong>de</strong> elementos específicos do<br />

tipo. Assim foi <strong>de</strong>cidido no célebre “caso Collor” (<strong>de</strong>núncia contra<br />

o Presi<strong>de</strong>nte Fernando Collor <strong>de</strong> Mello), em que alegava-se a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!