02.04.2017 Views

Curso de Direito Constitucional

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sieyès enfatiza que a Constituição é produto do po<strong>de</strong>r constituinte<br />

originário, que gera e organiza os po<strong>de</strong>res do Estado (os<br />

po<strong>de</strong>res constituídos), sendo, até por isso, superior a eles. Sieyès<br />

se propunha a superar o modo <strong>de</strong> legitimação do po<strong>de</strong>r que vigia,<br />

baseado na tradição, pelo po<strong>de</strong>r político <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão originária,<br />

não vinculada ao direito preexistente, mas à nação, como<br />

força que cria a or<strong>de</strong>m primeira da socieda<strong>de</strong> 3 . Distancia-se, assim,<br />

da legitimação dinástica do po<strong>de</strong>r, assentada na vinculação<br />

<strong>de</strong> uma família ao Estado, pela noção <strong>de</strong> Estado como “a unida<strong>de</strong><br />

política do povo” 4 . Para isso, cercou o conceito do po<strong>de</strong>r constituinte<br />

originário <strong>de</strong> predicados colhidos da teologia, ressaltando a<br />

sua <strong>de</strong>svinculação a normas anteriores e realçando a sua onipotência,<br />

capaz <strong>de</strong> criar do nada e dispor <strong>de</strong> tudo ao seu talante. Entendia<br />

que o povo é soberano para or<strong>de</strong>nar o seu próprio <strong>de</strong>stino e o<br />

da sua socieda<strong>de</strong>, expressando-se por meio da Constituição.<br />

O povo, titular do po<strong>de</strong>r constituinte originário, apresentase<br />

não apenas como o conjunto <strong>de</strong> pessoas vinculadas por sua origem<br />

étnica ou pela cultura comum, mas, além disso, como “um<br />

grupo <strong>de</strong> homens que se <strong>de</strong>limita e se reúne politicamente, que é<br />

consciente <strong>de</strong> si mesmo como magnitu<strong>de</strong> política e que entra na<br />

história atuando como tal” 5 .<br />

É possível, em todo caso, que um segmento do povo aja<br />

como representante do povo, <strong>de</strong>le obtenha o reconhecimento, e<br />

atue como po<strong>de</strong>r constituinte originário — o que correspondia à<br />

pretensão da burguesia na Revolução Francesa.<br />

Essas noções sobre o po<strong>de</strong>r constituinte originário chegam<br />

até nós e inspiram os atributos que se colam a esse ente. Dizem os<br />

autores que se trata <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r que tem na insubordinação a<br />

qualquer outro a sua própria natureza; <strong>de</strong>le se diz ser absolutamente<br />

livre, capaz <strong>de</strong> se expressar pela forma que melhor lhe convier,<br />

um po<strong>de</strong>r que se funda sobre si mesmo, onímodo e incontrolável,<br />

justamente por ser anterior a toda normação e que abarca<br />

todos os <strong>de</strong>mais po<strong>de</strong>res; um po<strong>de</strong>r permanente e inalienável; um<br />

po<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas da sua eficácia 6 .<br />

Em suma, po<strong>de</strong>mos apontar três características básicas que<br />

se reconhecem ao po<strong>de</strong>r constituinte originário. Ele é inicial,<br />

ilimitado (ou autônomo) e incondicionado.<br />

157/2051

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!