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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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Introdução<br />

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade<br />

central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica<br />

dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais?<br />

Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos<br />

nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso<br />

dos Estudos de Televisão.<br />

O universo da televisão, ou seja, tudo o que envolve não apenas o<br />

produto, mas também produção, transmissão e recepção televisiva, é tão<br />

vasto que necessita amplas operações de síntese, a propor conexões que<br />

normalmente estariam para além do olhar desavisado ou não fundado<br />

em referenciais teóricos capazes de sustentar avanços no conhecimento.<br />

Por outro lado, a multiplicidade de objetos específicos, em sua variedade<br />

infinita, exige a operação analítica, a paciência do exame meticuloso<br />

em busca de indícios reveladores e de diferenças do que, num passado<br />

nada longínquo, era visto como produção em fluxo, com produtos tão<br />

diferenciáveis entre si quanto gotas d’água a sair de uma torneira. De<br />

fato, quanto mais se pesquisa, mais fica claro que não é de hoje que a<br />

produção televisiva apresenta uma rica variedade, em todos os sentidos<br />

da palavra.<br />

Uma facilidade e uma dificuldade são criadas pelo fato de os Estudos<br />

de Cinema, ao longo de décadas, terem desenvolvido a perspectiva<br />

analítica. Por um lado, o pesquisador da televisão não precisa partir do<br />

marco zero no que diz respeito à metodologia de análise, pois muito do<br />

que é praticado pelos pesquisadores de cinema pode ser transposto para<br />

o estudo dos programas televisivos ou, pelo menos, experimentado com<br />

larga chance de sucesso. Afinal, são duas mídias audiovisuais, que operam<br />

com imagem em movimento e som, que têm como tendência relevante a<br />

produção de narrativas, ficcionais ou não. São meios afins, como em outros<br />

tempos o foram o afresco e a pintura em tela. Nos termos daquilo que<br />

o filósofo Imre Lakatos denominou heurística negativa de um programa<br />

de pesquisa científica, ou seja, as regras metodológicas que indicam<br />

os caminhos a serem evitados (1978: 47-52), a relação entre cinema e<br />

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