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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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O roteiro seriado: a estilística<br />

intermidiática no piloto de Mad Men<br />

Marcel Vieira Barreto Silva 48<br />

Introdução à intermidialidade do roteiro<br />

Olhar para uma série televisiva e pensar a sua estética não<br />

precisamente na análise expressiva dos programas ou na qualidade<br />

singular das emissões, e sim no movimento pendular entre o texto escrito<br />

no roteiro e a forma audiovisual empregada em imagens/sons, configura<br />

um desafio de pesquisa. Em primeiro lugar, é preciso observar o roteiro,<br />

esse documento de pré-produção a um só tempo fundamental para a<br />

prática e desprezado pela academia, sem incorrer em assertivas genéricas<br />

que apenas iluminem a sua evidente importância para o processo criativo<br />

em geral. Além disso, é necessário ter habilidade para identificar, no texto<br />

escrito, elementos de linguagem capazes iluminar a leitura do programa<br />

televisivo em sua mais vasta teia de significados? Isso implica que a análise<br />

do roteiro não se sustenta apenas como mais um índice da bisbilhotice<br />

espectatorial sobre o processo criativo - no limite mesmo em que a crítica<br />

genética evita se imiscuir em fofoca de bastidores. Estudar um roteiro,<br />

ainda por cima de um episódio piloto de uma série dramática, é perceber<br />

como o texto não apenas abre, mas também sintetiza, uma boa parte dos<br />

elementos que serão replicados durante os anos seguintes do programa.<br />

O fato é que o roteiro é uma peça do passado, uma lembrança caduca,<br />

um mobiliário empoeirado que decora com perfeição uma casa que a<br />

gente só consegue ver por fora. Ninguém, para além dos profissionais<br />

interessados no fazer prático ou dos fãs com a sua curiosidade insaciável,<br />

faz da leitura de roteiros um hábito enraizado de sua formação cultural.<br />

Isso é uma evidência que põe em xeque a capacidade que o texto<br />

dramático construído no roteiro possuiria de carregar consigo um potência<br />

estética imanente – visto que sua função originária é ser uma peça de<br />

48<br />

Professor do Curso de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade<br />

Federal da Paraíba.<br />

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