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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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Scott Frost (FROST, 1991), as transcrições das fitas cassete do agente Dale<br />

Cooper, escritas por Scott Frost, um dos roteiristas de Twin Peaks. Essa<br />

estratégia, aliada ao fato de esse “mundo” ter sido exibido pela televisão,<br />

tornou a série justamente objeto de culto: por muitos anos foi editada<br />

uma revista sobre o programa, chamada Wrapped in Plastic – frase dita<br />

por Pete Martell (Jack Nance), no início do episódio piloto, quando ele<br />

liga para a delegacia para afirmar que encontrou o corpo de uma garota<br />

morta envolta em um saco plástico, que vem a ser Laura Palmer; são<br />

feitas convenções anuais de fãs de Twin Peaks, na cidade onde a obra<br />

foi gravada, em que atores, roteiristas e diretores da série são convidados<br />

para dar conferências; até hoje, a série é citada e/ou homenageada por<br />

vários programas televisivos, como a série Psych (2006-2014) e o desenho<br />

animado Scooby-Doo! Mystery Incorporated (2010-2013), entre outros.<br />

Essa forte relação que se criou entre a série e os fãs é justamente a<br />

questão central daquela discussão iniciada por Henry Jenkins (2008). 28<br />

Naquele texto, Jenkins relata como foi sua introdução à internet e às<br />

comunidades de fãs através da alt.tv.Twin Peaks, em 1991, e o que<br />

representou a série tanto para a televisão aberta como para a entrada<br />

da sociedade e da cultura na era da internet e os debates sobre as<br />

comunidades do conhecimento, uma nova discussão que começava na<br />

época. 29<br />

Para Jenkins, porém, Twin Peaks não era importante apenas pela<br />

formação de grupos de discussão e fãs que criavam listas e se articulavam<br />

para trocar informações pela rede. Para o autor, o importante era o fato<br />

de a lista funcionar como um espaço onde as pessoas podiam, juntas,<br />

colher as pistas e examinar as especulações sobre o gancho central da<br />

narrativa – quem matou Laura Palmer? Importante também porque Twin<br />

Peaks era a obra perfeita para uma comunidade baseada no computador,<br />

combinando a complexidade narrativa de um mistério com os complexos<br />

28<br />

Jenkins já havia discutido o caso de Twin Peaks em texto anterior, “‘Do You Enjoy Making the Rest of Us Feel<br />

Stupid?’: alt.tv.Twin Peaks, theTrickster Author, and Viewer Mastery”, publicado no livro Full of Secrets: Critical<br />

Approaches toTwin Peaks (LAVERY, 1995).<br />

29<br />

Sobre este aspecto específico, da série Twin Peaks servir como uma espécie de embrião do que mais tarde se<br />

configuraria como narrativas transmidiáticas, os autores deste paper escreveram o artigo “Para além dos episódios,<br />

diários e fitas cassetes: a (proto) transmidiação em Twin Peaks, de David Lynch e Mark Frost”, para a coletânea<br />

resultante de projeto interdisciplinar e interinstitucional financiado pelo Edital CAPES/PROMOB e FAPITEC<br />

(MAGNO E FERRARAZ, 2014).<br />

48

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