Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
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a ir ao ar a partir de 30 de setembro daquele mesmo ano – até ser<br />
encerrado em 10 de junho de 1991, no 30.º episódio, após perder<br />
público e entrar em declínio de audiência. 20<br />
A trama se passa na pequena cidade madeireira de Twin Peaks,<br />
próxima à fronteira com o Canadá, onde é encontrada morta, envolta<br />
por um saco plástico, a garota mais popular do lugar: a jovem Laura<br />
(Sheryl Lee, que também interpreta a prima de Laura, Maddy). 21 Um<br />
agente especial do FBI, Dale Cooper (Kyle MacLachlan), é chamado<br />
para comandar as investigações, junto com o xerife local, Harry Truman<br />
(Michael Ontkean). A partir daí, tem início um verdadeiro desenrolar<br />
de fatos inusitados e sinistros e acontecimentos fantásticos, que acabam<br />
mostrando que todos ali têm algo a esconder. Assim, para solucionar o<br />
assassinato, o agente terá que descobrir o lado oculto e os segredos dos<br />
indivíduos de Twin Peaks – e também os seus próprios, iniciando um<br />
mergulho em sua subconsciência e inconsciência, marcado formalmente<br />
pelas suas gravações em fita cassete a uma suposta (e desconhecida)<br />
Diane. Dale Cooper contará com métodos incomuns, num caso que<br />
envolverá tanto personagens vivos quanto espíritos.<br />
Para se compreender a riqueza de Twin Peaks, deve-se buscar<br />
subsídios em diversas áreas, como, por exemplo, a História da Arte,<br />
a do Cinema e a da Televisão. Além disso, é importante observar<br />
também como a série liga-se a outras obras de Lynch, o que o insere<br />
num projeto criativo e complexo muito maior, que parece propor uma<br />
espécie de quebra-cabeça audiovisual em que as peças vão sendo<br />
espalhadas aos poucos por diversas mídias diferentes. Todo esse<br />
amalgama estético, artístico e narrativo foi um dos diferenciais que<br />
fizeram da série objeto de culto e de reflexão e que acabou, inclusive,<br />
influenciando programas posteriores, como Carnivàle (2003-2005),<br />
Bates Motel (2013-), entre outros.<br />
20<br />
Uma nova temporada de Twin Peaks, a ser escrita e dirigida por David Lynch, está anunciada para 2016 pelo canal<br />
norte-americano Showtime, vinte e cinco anos após o término abrupto da série.<br />
21<br />
A entrada em cena de Madeleine “Maddy” Ferguson, prima de Laura – que já está morta –, vivida pela mesma<br />
atriz, Sheryl Lee, faz lembrar tanto a reaparição da personagem Laura, interpretada por Gene Tierney, no<br />
filme noir Laura (EUA, 1944), de Otto Preminger, quanto a entrada em cena de Judy, que antes usava o nome<br />
Madeleine, vivida por Kim Novak, em Um corpo que cai (Vertigo, EUA, 1958), de Hitchcock. A escolha de Lynch<br />
de usar o mesmo nome para sua personagem é uma espécie de homenagem a Hitchcock, um de seus cineastas<br />
de referência – vale lembrar que Ferguson era também o sobrenome de Scottie, o personagem de James Stewart,<br />
amante de Madeleine/Judy, no mesmo filme.<br />
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