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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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isso é Guy Scarpetta, em L’impureté, posteriormente corroborado por<br />

Omar Calabrese (1999), em A idade neobarroca, para quem havia pelo<br />

menos três acepções, assim resumidas: o pós-moderno como retorno ao<br />

passado na modalidade paródia ou pastiche; o pós-moderno como fim<br />

das grandes narrativas da história; o pós-moderno como revolta contra<br />

o Modernismo (e seu funcionalismo e racionalismo). É claro que cada<br />

uma dessas acepções comportava uma infinidade de outros debates,<br />

sendo um deles a necessidade de rever os excessos, as contradições e<br />

as fragilidades conceituais da pós-modernidade como, por exemplo,<br />

a do desaparecimento das grandes narrativas que bastava aos pósmodernos<br />

para falarem da liquidação do projeto moderno e que não<br />

levava em conta toda a complexidade da sociedade contemporânea.<br />

Ou o da marca representativa da modernidade, ou seja, a cultura da<br />

novidade e da mudança, que perdeu seu atrativo inicial:<br />

o culto que dedicaram os modernistas à arte praticamente não encontra<br />

mais adeptos, a fórmula “fazer da sua vida uma obra de arte” perdeu<br />

seu charme, os combates vanguardistas de hoje empolgam somente os<br />

especialistas da arte contemporânea (CHARLES, 2009: 20).<br />

Nesse quadro quase de combate entre defensores e opositores do<br />

conceito de pós-modernidade, muitas vozes surgiram e se impuseram<br />

nos debates não pela oposição ou alinhamento, mas porque entenderam<br />

a pós-modernidade numa outra perspectiva. Um deles foi o crítico<br />

literário Ihab Hassan, cuja posição particular na discussão sobre a<br />

pós-modernidade foi fundamental para a compreensão do conceito.<br />

Segundo Connor:<br />

um dos problemas mais evidentes para quem quiser tentar extrair da<br />

obra de Hassan uma definição do que o pós-modernismo poderia<br />

ser é a sua resoluta insistência em que o “espírito pós-moderno<br />

está enrodilhado no grande corpo do modernismo” (CONNOR,<br />

1993: 93-94).<br />

Nesse pós-moderno “enrodilhado no grande corpo do modernismo”,<br />

é que podemos pensar o conjunto das obras de David Lynch e,<br />

particularmente, pensar a contemporaneidade de Twin Peaks no contexto<br />

da pós-modernidade.<br />

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