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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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afirmações sobre a existência desse fenômeno social e cultural tão<br />

heterogêneo começaram a ganhar força no interior e entre algumas<br />

disciplinas acadêmicas e áreas culturais, na filosofia, na arquitetura, nos<br />

estudos sobre cinema e assuntos literários (CONNOR, 1993: 13).<br />

Foi, no entanto, o texto de Jean-François Lyotard, A Condição Pós-<br />

Moderna, de 1979, que inaugurou um espaço polêmico sobre a temática,<br />

principalmente, quando Jürgen Habermas respondeu a ele dizendo que<br />

o pós-moderno corresponderia a uma forma de neoconservadorismo. De<br />

acordo com Eduardo Campos Coelho, a discussão profunda e acirrada<br />

entre franceses e alemães seguiu até:<br />

Albrecht Wellmer, em 1985, distinguir entre um pós-modernismo conservador<br />

e um pós-modernismo libertador e acaba por propor uma espécie de síntese<br />

não necessariamente dialética entre o espírito da modernidade e o sentido<br />

afirmativo pluralista da pós-modernidade. (COELHO, 1989: 5)<br />

Os anos 1980 fizeram, então, a passagem de um pós-moderno ligado<br />

a lances específicos da cultura contemporânea para um debate chamado<br />

de pós-moderno filosófico. O centro do debate estava na crítica da falência<br />

do projeto moderno constituído, segundo Sébastien Charles,<br />

com base em grandes narrativas, as metanarrativas (sociedade sem<br />

classes, felicidade universal, realização do espírito, emancipação dos<br />

indivíduos) que não funcionam mais e cujo esvaziamento gerou a<br />

crise de uma História concebida como um caminho único e universal<br />

(CHARLES, 2009: 19-20).<br />

Embora a polêmica tenha contado com diferentes pensadores<br />

que orientaram os debates referentes à pós-modernidade nos seus<br />

aspectos políticos, econômicos e sociais, como Fredric Jameson<br />

e Jean Baudrillard, além do próprio Lyotard, muitos outros autores<br />

participaram das polêmicas até o momento em que, conforme aponta<br />

Coelho (1989: 5), as discussões e usos do conceito entraram numa<br />

“espécie de cansaço ou impaciência” por volta de 1986, quando o<br />

próprio Lyotard passou a ter maior precaução no uso do termo no texto<br />

A pós-modernidade explicada às crianças, para acabar por recusar o<br />

próprio vocábulo em O inumano (1997). A partir de 1989, propunhase<br />

o abandono puro e simples da palavra em função dos excessivos<br />

equívocos. De acordo com Eduardo Prado Coelho (1989), quem aponta<br />

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