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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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constituindo o que alguns autores chama de edutainment (SOLIER, 2005:<br />

470).<br />

Como toda aula, a tarefa de atrair o telespectador para o interior<br />

do programa é desafiante. Verificamos que a TV Globo utiliza-se dos<br />

recursos tecnológicos mais avançados disponíveis (mesa de holografia,<br />

por exemplo), como é característico do “padrão Globo de qualidade”,<br />

e alterna-os com outros recursos mais simples (maquetes de caixas de<br />

remédios, sem rótulo, por exemplo) ou outros experimentos (a bexiga e<br />

a urina, Figs. 6 e 7) como estratégias visuais para buscar a identificação da<br />

audiência com o assunto e mantê-la no interior do programa.<br />

Fig. 6 e Fig. 7: Experimento para demonstrar o funcionamento da bexiga<br />

Algumas considerações<br />

A televisão, enquanto tecnologia cultural (OUELLETTE E HAY, 2008),<br />

cria cidadãos que governam a si próprios, que se aperfeiçoam e que<br />

cuidam de si mesmos. Ela se junta a instituições sociais dispersas que, a<br />

distancia, ajudam os cidadãos a serem autoempreendedores e a assumirem<br />

todas as responsabilidades pela própria saúde (LEWIS, 2012; OUELLETTE<br />

E HAY, 2008). Como apontou Nikolas Rose (2001), profissionais de áreas<br />

diversas, exemplificados pelos especialistas do Bem Estar, operam como<br />

tecnologias difusas de governo indireto tentando influenciar a conduta<br />

de indivíduos e hábitos em diversas arenas especializadas incluindo a da<br />

saúde.<br />

A reputação dos médicos do Bem Estar, construída fora da televisão,<br />

empresta credibilidade ao Programa, mesmo que o currículo do profissional<br />

nem sempre esteja claro aos telespectadores. A autoridade do especialista<br />

é assegurada pelo discurso técnico, com alusão a pesquisas indicando<br />

atualidade e esperanças ao telespectador. Nesse aspecto, ainda guarda algumas<br />

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