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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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Na reconfiguração desse conceito, Simone Rocha e Guilherme<br />

Sant’Ana (2010) destacam a importância que as teorizações a respeito dos<br />

modos de endereçamento dão à centralidade da audiência no processo<br />

de construção dos sentidos dos filmes. “Uma ênfase demasiadamente<br />

semiótica, centrada exclusivamente na mensagem, é incapaz de remeter<br />

ao lugar no qual os sentidos são compartilhados no cotidiano: a cultura”<br />

(ROCHA e SANT’ANA, 2010: 366).<br />

Apropriando-se desse conceito para o estudo do telejornalismo, Itânia<br />

Gomes (2011) associa aos modos de endereçamento a palavra “estilo”,<br />

na intenção de identificar o tom com o qual um determinado programa<br />

se relaciona com sua audiência e o faz ser diferente dos demais. É nessa<br />

intersecção que modos de endereçamento apontam para os recursos<br />

estilísticos como escolhas imprescindíveis as quais os realizadores<br />

procedem na busca por estabelecer marcas identitárias diferenciadoras de<br />

um programa. Por considerar o estilo como um tipo de endereçamento<br />

é que nos propomos a agregar análise estilística televisiva (BUTLER,<br />

2010) aos modos de endereçamento enquanto um procedimento que nos<br />

ajudará a captar o endereçamento do Bem Estar.<br />

Dentre os recursos estilísticos fundamentais num programa está<br />

a atuação dos apresentadores e coapresentadores. A função que eles<br />

desempenham diz muito do modo como o programa deseja dialogar com<br />

sua audiência presumida — o posicionamento das câmaras, os recursos<br />

técnicos disponíveis, formatos de apresentação das informações, recursos<br />

da linguagem televisiva, entre outros aspectos. Assim como em modos<br />

de endereçamento, na análise estilística televisiva não há indicadores<br />

fixos para o estudo — a partir da assistência ao produto é o analista<br />

quem captará quais elementos contribuem para a configuração de um<br />

determinado endereçamento. Descrever a “superfície de percepção”, ação<br />

que Jeremy Butler (2010) propõe para iniciar toda análise televisiva, é<br />

importante para buscar a essência do estilo nos detalhes da transmissão<br />

de som e de imagem da televisão. 96<br />

No Brasil, alguns pesquisadores têm-se dedicado a análises estilísticas<br />

de programas televisivos (PUCCI JR., 2014; ROCHA, ALVES e OLIVEIRA,<br />

96<br />

Em nossas discussões no grupo de pesquisa COMCULT, verificamos que a análise estilística televisiva de Butler<br />

(2010) mostrou-se um indicador interessante para compreendermos o produto televisivo em si.<br />

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