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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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A ideia de que saúde e doença são assuntos de responsabilidade<br />

individual, no entanto, não é nova. Suas raízes estão incorporadas às<br />

noções de doença e pecado que permeou (e ainda permeia) culturas ao<br />

longo dos anos. A doença e a saúde como responsabilidade individual na<br />

contemporaneidade, no entanto, assume características relacionadas ao<br />

indivíduo empreendedor, isto é, o indivíduo é livre para fazer escolhas e,<br />

se fizer escolhas corretas, poderá ter uma vida saudável (GALVIN, 2002:<br />

118; ROY, 2008: 465).<br />

Os pesquisadores que concordam com a máxima de que os<br />

indivíduos são responsáveis pela sua doença acreditam que o sujeito<br />

fica mais empoderado e que esta é a saída para os altos custos da saúde<br />

(CASTIEL, GUILAM, FERREIRA , 2010; GALVIN, 2002). Por outro lado,<br />

Rosa Galvin (2002: 117) enumera, citando trabalhos de outros estudiosos,<br />

diversos aspectos negligenciados por essa perspectiva: os que defendem<br />

a responsabilidade individual pela saúde se esquecem da origem social<br />

da doença; negam a pobreza enquanto causa de doenças; baseiam-se em<br />

análises de fatores simples ao invés de levar em conta a complexidade<br />

de doenças crônicas; contestam o valor da saúde como direito; usam<br />

como justificativa para cortar custos nos sistemas de saúde, entre outros<br />

aspectos.<br />

Saúde tornou-se, na sociedade contemporânea, sinônimo de felicidade,<br />

se adotarmos o paralelo de antropólogos que inseriram a doença sob<br />

a rubrica da infelicidade (MOULIN, 2008: 21). E, na empreitada para<br />

alertar sobre os riscos, os especialistas da área da ciência, medicina e das<br />

disciplinas “psi”, como psicólogos e psiquiatras, são centrais (LUPTON,<br />

2013: 46). Os médicos, cujo papel há muito ultrapassa a doença e sua<br />

cura, são considerados os experts em estilo de vida (ROSE, 2013: 47). Para<br />

verificar como eles constroem sua relação com a audiência do Bem Estar,<br />

apresentamos, abaixo, como modos de endereçamento e estilo televisivo<br />

vão nos guiar.<br />

Estilo televisivo como modo de endereçamento<br />

Nascido no cinema, o conceito modos de endereçamento foi ampliado<br />

para outros campos por Elisabeth Ellsworth (2001) que elaborou um<br />

método que reconhece o papel da produção no caminho até o produto<br />

midiático chegar ao telespectador.<br />

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