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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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2001). Símbolo nacional para muitos britânicos, a BBC exportaria, em<br />

breve, esse tipo de programa que, para parte da audiência, foi sucesso<br />

total. Foi assim que Changing Room, em 1996, ganhou muitos países de<br />

língua inglesa, tornando-se o primeiro caso de exportação de sucesso de<br />

programa de estilo de vida. E o que é programa televisivo de estilo de<br />

vida? Segundo Jayne Raisborough, eles podem ser descritos como um<br />

subgênero de TV-realidade (reality TV):<br />

Este termo [lifestyle TV] abrange uma variedade de formatos que não só<br />

apresentam o comum/ordinário para o deleite ou horror da audiência,<br />

mas cuja tarefa principal é a sua transformação, aperfeiçoamento e<br />

gestão. (RAISBOROUGH, 2011: 7). 88<br />

Graças ao interesse dos pesquisadores dos estudos culturais, esse<br />

gênero tem sido mais estudado na televisão, mas ele está presente no<br />

rádio, no livro de autoajuda, no anúncio publicitário, na web etc. É um<br />

gênero que tem sido investigado a partir das racionalidades neoliberais<br />

(LEWIS, 2012; PALMER, 2003; OUELLETTE E HAY, 2008) e a partir da<br />

estética orientada para o consumo (BELL E HOLLOWS, 2005; TAYLOR,<br />

2002, BRUNSDON et al., 2001). <strong>Entre</strong>tanto, há autores, como Maureen<br />

Ryan (2015) e Sam Binkley (2007), que argumentam que o sujeito<br />

autogerenciado da televisão é interpelado mutuamente pelas forças<br />

interligadas das racionalidades governamentais e da estética orientada<br />

para o consumo. 89<br />

Em Better living through reality TV, Laurie Ouellette e James Hay<br />

(2008) examinam diversos programas de TV-realidade 90 exibidos<br />

nos Estados Unidos e sugerem que os programas são racionalidades<br />

neoliberais que enfatizam o governo a distância. “São técnicas<br />

práticas, altamente dispersas, para refletir, gerenciar e aperfeiçoar<br />

as múltiplas dimensões de nossa vida pessoal com os recursos<br />

disponíveis” (OUELLETTE E HAY, 2008: 2). 91 Para esses autores,<br />

88<br />

Tradução nossa para: “This term speaks to a range of formats that not only present the ordinary for an audience’s<br />

delight or horror, but whose primary task is with its transformation, betterment and management”.<br />

89<br />

O livro de Ouellette e Hay (2008) centra-se nas racionalidades neoliberais, mas também faz menção ao consumo.<br />

90<br />

Ouellette e Hay (2008) usam o conceito em sentido amplo, da mesma forma que o fazemos neste capítulo.<br />

91<br />

Tradução nossa para: “highly dispersed and practical techniques for reflecting on, managing, and improving the<br />

multiple dimensions of our personal lives with the resources available to us.”<br />

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