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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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alguns produtos audiovisuais se diferenciam justamente por provocar um<br />

incômodo e propiciar a oportunidade do público dar asas à imaginação.<br />

Por outro lado, o riso cômico, conforme Bergson teoriza (1983), diz<br />

respeito às atitudes, gestos e movimentos do corpo humano, bem como<br />

às ações e situações do cotidiano. A comicidade está no terreno do que<br />

é propriamente humano, sendo a emoção o seu maior inimigo. Por isso,<br />

para que o riso cômico se efetive, não podemos ter piedade ou afeição e<br />

não podemos refletir sobre a situação. O cômico é casual e permanece,<br />

por assim dizer, na superfície da pessoa. Bergson (1983: 11) ressalta<br />

que “quando certo efeito cômico derivar de certa causa, quanto mais<br />

natural a julgarmos tanto maior nos parecerá o efeito cômico. De fato,<br />

rimos do desvio que nos é apresentado como simples fato”. O riso é<br />

gerado se ações e situações cômicas são construídas de tal modo que nos<br />

transmitam a ilusão da vida e a sensação de uma montagem mecânica,<br />

seja por meio da repetição, da inversão ou da interferência de duas séries<br />

de fatos independentes (BERGSON, 1983: 36, 48). A comicidade surgirá<br />

assim a partir daquele aspecto da pessoa, pelo qual ela parece uma coisa,<br />

ou dos acontecimentos humanos, que imita o mecanismo puro e simples,<br />

o automatismo, enfim, o movimento sem a vida (BERGSON, 1983: 43).<br />

Para definir a amostra de produtos audiovisuais relevantes para o nosso<br />

estudo e operacionalizarmos a análise, categorizamos o gênero humorístico<br />

no audiovisual em humor-jornalismo e humor-ficção. O humor-jornalismo<br />

se caracteriza pela reprodução de fatos reais e de interesse público de<br />

forma bem humorada (valendo-se de traços do humor, como a ironia, o<br />

grotesco ou a sátira); pela apropriação da estética jornalística, seja com o<br />

intuito de desconstruir o discurso jornalístico ou de aproveitar a forma de<br />

levar “fatos reais” culturalmente conhecidos pela sociedade para mostrar<br />

suas idiossincrasias através de relatos fictícios. O humor-ficção requer<br />

a criação de situações ou cenas ficcionais. São narrativas que possuem<br />

um enredo com um conjunto de personagens principais que têm um<br />

desenvolvimento ao longo da trama. São normalmente verossímeis, como<br />

os sitcons, com situações bem humoradas do dia a dia. Essas situações<br />

podem tanto ser de comédia quanto de humor, uma vez que podem<br />

provocar o riso imediato e despreocupado (uma queda, algum ocorrido<br />

inusitado), ou podem apresentar caricaturas e paródias, gerando um riso<br />

ambíguo e a reflexão sobre a realidade.<br />

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