Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
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temas, intrigas e personagens vinculados a realidades do cotidiano dos<br />
telespectadores (SOUZA E WEBER, 2009: 92)<br />
Reconhece-se que as obras destacadas nesta pesquisa são produzidas<br />
dentro deste paradigma, ou seja, no interior da um sistema de comunicação<br />
oligopolizado e transnacional (e não por produtoras independentes, por<br />
exemplo). Contudo, verifica-se nesses produtos uma tendência em se<br />
distanciar da matriz melodramática (e também da comédia) e permitir<br />
maior liberdade de criação dos autores.<br />
Entende-se que as transformações em curso decorrem do fato de que<br />
a Globo enfrenta uma forte concorrência não somente em relação às<br />
outras grandes emissoras de TV, mas especialmente em relação aos canais<br />
fechados e à internet. Num contexto de novas espacialidades e de novas<br />
territorialidades, a experiência doméstica se articula à televisão e ao<br />
computador, exigindo das produtoras novas formas de experimentação<br />
audiovisual.<br />
O conceito de mediações proposto por Martín-Barbero se faz ainda<br />
atual para se discutir as especificidades da comunicação na América<br />
Latina. Entendendo a comunicação como interação, o autor estabelece o<br />
conceito como sendo capaz de criar nexos entre diferentes dimensões de<br />
um mesmo processo comunicacional, no qual a produção é compreendida<br />
em diálogo com as demandas sociais. As indústrias culturais buscam<br />
atender às demandas que emergem do próprio tecido cultural e que se<br />
originam de novos modos de uso e de percepção (MARTÍN-BARBERO,<br />
2013). Desse modo, a RGT (bem como outras emissoras da América<br />
Latina) estão se vendo impelidas a desenvolver, de modo permanente,<br />
conteúdo transmídia para garantir suas audiências. 76<br />
No sentido de reforçar a presença de seus produtos na web, a RGT<br />
lançou em janeiro de 2014 o portal GShow, uma plataforma interativa que<br />
76<br />
Um exemplo de como a RGT tem se preocupado em se alinhar a essas tendências internacionais foi a realização,<br />
em fevereiro de 2015, do evento “Intercâmbio de experiências”, promovido pela área de Desenvolvimento e<br />
Acompanhamento da empresa”. O evento consistiu em realizar, na sede da Emissora, palestras com profissionais<br />
consagrados no campo da televisão e do cinema – Cary Fukunaga, Steve Ince, Alexandra Clert, Barry Schkolnick<br />
e M. Night Shymalah –, que vieram ao Brasil para participar da Rio Content Market, um encontro internacional<br />
sobre televisão e mídias digitais do qual a Globo é parceira. O objetivo deste intercâmbio foi justamente possibilitar<br />
uma aproximação dos profissionais da Globo com as experiências de criação e produção de conteúdos televisivos (e<br />
também para outras telas) de repercussão mundial, o que de certo modo demonstra uma preocupação da emissora em<br />
incorporar certos “parâmetros internacionais” necessários para se garantir o desenvolvimento de produtos com potencial<br />
transnacional.<br />
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