Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.
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o restabelecimento da ordem no policial ou o reconhecimento da<br />
inocência no melodrama. “Uma fórmula resulta da ancoragem do<br />
gênero: certos elementos são fixados, enquanto outros permanecem<br />
variáveis” (ESQUENAZI, 2011: 83). Os gêneros, nesse sentido, se valem<br />
de fórmulas, que representam a “expressão mais imediata da negociação<br />
entre o econômico e o cultural ou, mais exatamente, uma situação<br />
econômica, social e política e a história especificamente cultural da<br />
ficção popular” (ESQUENAZI, 2011: 83). Certas características, então, são<br />
bastante particulares de cada gênero, que também podem se diferenciar<br />
entre si caso ocorra uma mistura de gêneros (drama, policial, comédia<br />
etc.) num mesmo produto.<br />
O thriller de suspense se caracteriza por ser um gênero folhetinesco<br />
de narrativa seriada, principalmente pela lógica de seu encadeamento,<br />
e muitas vezes se articula a uma narrativa policial ou criminal. Para<br />
Esquenazi (2011), qualquer narrativa policial resulta da articulação da<br />
história da investigação com a história do crime, sendo que algumas<br />
giram em torno da identificação do criminoso, como é o caso das obras<br />
aqui estudadas. Na última década pode-se observar na televisão norteamericana<br />
um aumento considerável de séries cujos temas centrais<br />
envolvam investigações policiais, crimes com vários suspeitos, e os<br />
dramas pessoais dos envolvidos.<br />
Já na América Latina, segundo Lusvarghi – em estudo que teve como<br />
objetivo examinar “de que forma se dá o diálogo entre os formatos<br />
hollywoodianos do gênero e a tradição audiovisual latina” (2013: 11) –, a<br />
partir do sucesso de filmes como Cidade de Deus (Fernando Meirelles e<br />
Kátia Lund, 2002) e Tropa de Elite 2 (José Padilha, 2011), surgiram diversas<br />
séries policiais e de ação na TV brasileira, como Força-Tarefa (Fernando<br />
Bonassi, 2009-2011), 9 MM: São Paulo (Roberto d’Avila, Newton Cannito<br />
e Carlos Amorim, 2008-2011), A Lei e o Crime (Marcílio Moraes, 2009) e<br />
Mandrake (Rubem Fonseca e José Henrique Fonseca, 2005-2007). Ainda<br />
segundo a autora, fenômeno similar ocorre em outros países latinoamericanos,<br />
com destaque para Poliladrón (Adrián Suar, 1995-1997),<br />
Epitáfios (Alberto Lecchi, 2004-2009), a franquia Hermanos y Detectives<br />
(Patrício Vega, 2006) e o mexicano Capadócia (Epigmenio Ibarra, 2008-<br />
2010). A autora sustenta que esses seriados trazem uma identidade visual<br />
própria e contribuem para “deixar de lado, definitivamente, a ideia de<br />
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