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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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nas redes sociais, outros formatos de ficção (como as webséries, por<br />

exemplo), estratégias para celular e estratégias offline (LOPES E GÓMEZ,<br />

2014).<br />

O gênero como unidade de referência: o thriller em<br />

evidência<br />

A partir de uma perspectiva mais cultural, o gênero pode ser<br />

compreendido como uma chave para a análise de textos massivos<br />

televisivos, como aponta Jesús Martín-Barbero (2013). Para este autor, é<br />

por meio dos gêneros que atua a dinâmica cultural da televisão. O gênero<br />

é “a unidade mínima do conteúdo da comunicação de massa (pelo menos<br />

no nível da ficção, mas não apenas)”, e a “demanda de mercados por<br />

parte do público (e do meio) aos produtores se faz no nível de gênero”<br />

(MARTÍN-BARBERO, 2013: 300). Essa compreensão de gênero contribui<br />

para refletir de que modo as especificidades dos produtos em destaque<br />

neste estudo deixam entrever novas dinâmicas textuais televisivas, como a<br />

própria criação de materiais narrativos capazes de trazer “inovações” para<br />

o público a partir de algo já conhecido (uma trama policial, porém numa<br />

atmosfera carnavalesca, por exemplo); ou ainda a articulação de diferentes<br />

plataformas de consumo de um mesmo produto, proporcionando novas<br />

ritualidades no processo de fruição da obra.<br />

O gênero funciona como uma estratégia de comunicabilidade, um<br />

dispositivo que ativa a competência cultural do público, dando conta<br />

das diferenças sociais a ela inerentes. Desse modo, estabelece-se a<br />

mediação fundamental entre as lógicas do sistema produtivo e as do<br />

sistema de consumo, entre a lógica do formato e a lógica dos modos<br />

de ler, dos usos. As regras dos gêneros configuram os formatos, e<br />

nestes se ancora o reconhecimento cultural dos grupos. Considerando<br />

que “cada gênero se define tanto por sua arquitetura interna quanto<br />

por seu lugar na programação” (MARTÍN-BARBERO, 2013: 304), e que<br />

articula narrativamente diferentes serialidades, este conceito funciona<br />

como chave para a análise dos textos massivos, em especial dos<br />

televisivos.<br />

Para Esquenazi (2011: 83), o gênero é a “ligação entre um esquema<br />

narrativo e um universo cultural”. Segundo o autor, essa aliança<br />

se efetiva pela “repetição de uma orientação” como, por exemplo,<br />

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