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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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No que diz respeito aos formatos seriados já consagrados na televisão<br />

brasileira, destaca-se a telenovela clássica, o formato mais extenso da<br />

TV, que em média possui 150 capítulos. Por sua extensão é, em geral,<br />

considerada uma obra aberta, passível de reformulações em função<br />

da audiência, por exemplo. A minissérie, por sua vez, é considerado<br />

o formato “mais completo do ponto de vista estrutural e o mais denso<br />

do ponto de vista dramatúrgico” (BALOGH, 2002: 96) e, no Brasil, é<br />

geralmente exibida após às 22h, pressupondo um público mais exigente.<br />

As mais longas chegam a ter mais de trinta episódios (BALOGH, 2002).<br />

Considerando que na televisão brasileira prevalecem as telenovelas e<br />

as minisséries, esses formatos já se apresentam como característicos de<br />

nossa tradição audiovisual. No contexto da TV norte-americana, contudo,<br />

o modelo que prevalece são as séries com capítulos semanais e divididas<br />

em temporadas que, se bem-sucedidas, podem durar anos 70 . Na tentativa<br />

de articular uma categorização das narrativas seriadas na TV, Esquenazi<br />

define como minisséries (na acepção americana) as ficções desenvolvidas<br />

e terminadas em poucos episódios, estando no limite do universo das<br />

séries: “o desfecho anunciado, a unidade de uma história mesmo que<br />

contada em várias histórias parecem incompatíveis com o projeto tanto<br />

cultural como econômico das séries televisivas” (ESQUENAZI, 2011: 29).<br />

É sabido que a TV norte-americana tem passado por uma nova fase,<br />

principalmente em função da renovação de suas séries ficcionais que,<br />

pelo menos desde o fim dos anos 90, trazem novas propostas estéticas,<br />

narrativas, temáticas e formais (ESQUENAZI, 2011; CARLOS, 2006;<br />

MARTIN, 2014). Tais mudanças vêm sendo protagonizadas especialmente<br />

pelos canais fechados, como a HBO, que atuam também como produtoras.<br />

A partir da década de 90, majoritariamente na indústria audiovisual norteamericana,<br />

observa-se claramente a intensificação de um fazer televisivo<br />

que incorpora experimentações e inovações, destacando-se dos modelos<br />

e tradições às quais produtores e consumidores estavam acostumados.<br />

As tramas se tornaram verdadeiros emaranhados, os arcos narrativos<br />

passaram a se desenrolar em camadas, os personagens se tornaram mais<br />

70<br />

Ainda que essa forma de consumo semanal esteja sofrendo modificações em função das novas plataformas<br />

digitais online de exibição de filmes e séries – um modo de consumo estabelecido por plataformas por demanda<br />

(video on demand – VOD), porém já iniciado pelos fãs por meio da prática dos downloads de arquivos – esse<br />

aspecto não será considerado aqui.<br />

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