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OPINIÃO<br />
Nova diretriz no setor de energia<br />
O Brasil está diante de uma grande oportunidade, e aproveitá-la requer<br />
competência, espírito público, bom senso e muito diálogo<br />
PLÍNIO NASTARI (*)<br />
Na área de energia, o<br />
Brasil está diante de<br />
uma grande oportunidade,<br />
e aproveitá-la requer<br />
competência, espírito público,<br />
bom senso e diálogo. O governo<br />
militar construiu uma infraestrutura<br />
que não existia. As<br />
circunstâncias políticas levaram<br />
a um ato grau de dirigismo, houve<br />
erros e acertos, mas é inegável<br />
que ocorreram avanços na<br />
infraestrutura de telecomunicações,<br />
rodovias, geração e transmissão<br />
de energia elétrica, expansão<br />
da exploração, produção<br />
e refino de petróleo e desenvolvimento<br />
dos biocombustíveis.<br />
Com a liberação política veio<br />
gradual liberação, eliminação ou<br />
destravamento, de instrumentos<br />
de intervenção. Mas, na área de<br />
energia o modelo continuou<br />
com elevado grau de dependência<br />
de um regime de monopólio,<br />
ou condições de mercado com<br />
baixo grau de concorrência. Isso<br />
vigorou até recentemente, e se<br />
tornou pior quando associado a<br />
voluntarismo.<br />
Há hoje um visível esforço de<br />
distanciamento do antigo modelo,<br />
na direção do reconhecimento<br />
do papel que agentes<br />
privados podem desempenhar<br />
visando a materialização dos investimentos<br />
requeridos para que<br />
o País volte a crescer nos setores<br />
envolvidos com a produção,<br />
geração e distribuição das diversas<br />
fontes de energia.<br />
Administrar o mercado a partir<br />
de monopólios é mais simples,<br />
mas menos eficiente. A missão<br />
da administração federal tem<br />
sido de construir a regulação, o<br />
arcabouço legal e institucional,<br />
que estimule investimentos privados<br />
para atingir as metas fixadas<br />
pela política pública. O time<br />
atual é de competência reconhecida<br />
e a liderança do Ministro de<br />
Minas e Energia, Fernando Coelho<br />
Filho, tem sido na direção<br />
correta.<br />
Energia é a base do desenvolvimento<br />
econômico. Mas não<br />
basta gerar energia em quantidade,<br />
ela precisa ser gerada de<br />
forma eficiente, disponibilizada<br />
de forma acessível, regular e<br />
confiável, e ter um custo baixo,<br />
para não onerar os consumidores<br />
e os diferentes elos da cadeia<br />
produtiva.<br />
Precisa ter boa origem, ser eficiente<br />
e barata. Se for gerada<br />
com baixo impacto ambiental,<br />
gerar emprego e renda local,<br />
melhor ainda, mas isso nem<br />
sempre é reconhecido por falhas<br />
de mercado. A regulação<br />
pode ajudar a tornar essas vantagens<br />
visíveis.<br />
O atual governo será bem sucedido<br />
se criar as condições de<br />
regulação capazes de estimular<br />
os agentes privados para atingir<br />
os objetivos da política energética,<br />
de meio ambiente, desenvolvimento<br />
econômico e industrial<br />
e integração regional, todos<br />
definidos de forma coordenada,<br />
harmônica e consistente.<br />
O Brasil é abundante em recursos<br />
naturais no setor mineral,<br />
na sua capacidade de transformar<br />
energia renovável em formas<br />
de energia mais facilmente<br />
absorvíveis e armazenáveis. O<br />
aproveitamento destas potencialidades<br />
deveria ocorrer evitando<br />
O governo tem pouco tempo para<br />
aperfeiçoar o arcabouço legal e<br />
institucional nas áreas de petróleo,<br />
gás, eletricidade e biocombustíveis.<br />
distorções ou ineficiências.<br />
A regulação deve ser mínima,<br />
coerente e as ações dos diferentes<br />
órgãos envolvidos deve, além<br />
de ser consistente, evitar a duplicidade<br />
de funções e orientações<br />
divergentes. Deve buscar previsibilidade<br />
e confiabilidade.<br />
Há questões fundamentais a<br />
serem resolvidas na exploração<br />
e produção de petróleo e gás, no<br />
desatar dos nós gerados pelo<br />
governo anterior no setor elétrico,<br />
e na definição de metas, e<br />
de como atingi-las, na área de<br />
biocombustíveis e de energias<br />
renováveis em geral.<br />
No caso dos biocombustíveis,<br />
existe a oportunidade de se criar<br />
uma regulação que reconheça<br />
capacidade de cada um contribuir<br />
para atingir a meta de descarbonização,<br />
definida pelo Brasil<br />
no Acordo do Clima. Esta regulação<br />
deve ser aplicável ao<br />
bioetanol, biodiesel, biogás/biometano,<br />
e ao bioquerosene, de<br />
todas as origens. Aí será criado<br />
um farol que indicará o tamanho<br />
do mercado a ser perseguido.<br />
O Brasil atingiu uma escala<br />
impressionante de produção e<br />
consumo de biocombustíveis,<br />
através do bioetanol e do biodiesel.<br />
Pode consolidá-la e expandir<br />
estas duas fontes, assim como<br />
o biogás/biometano e o bioquerosene.<br />
Mas é preciso criar uma<br />
meta crível e executável, com o<br />
apoio de instrumentos modernos<br />
de precificação e de alocação<br />
de risco.<br />
Poderemos ter o desenvolvimento<br />
de mercados futuros<br />
com liquidez, e de incentivos<br />
para que sejam incorporadas<br />
tecnologias que permitam um<br />
melhor aproveitamento dos<br />
combustíveis.<br />
O atual governo tem pouco<br />
tempo para aperfeiçoar o arcabouço<br />
legal e institucional do<br />
setor de energia nas áreas de<br />
petróleo, gás, eletricidade e biocombustíveis.<br />
O mesmo ocorre<br />
na geração distribuída de energia<br />
elétrica, que tem um enorme potencial<br />
através do seu aproveitamento<br />
em residências e prédios<br />
inteligentes. É um desafio considerável,<br />
para o qual a sociedade<br />
civil e a academia podem<br />
oferecer sua contribuição.<br />
(*) Presidente da Datagro,<br />
doutor em Economia.<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
SAFRA<br />
Coopcana é a primeira a colher<br />
Usinas do <strong>Paraná</strong> retomam atividade,<br />
mas a expectativa é de que a maior<br />
parte comece o trabalho mais tarde<br />
este ano, na primeira quinzena de abril<br />
MARLY AIRES<br />
As chuvas constantes<br />
em janeiro e fevereiro<br />
fizeram as usinas<br />
paranaenses reverem<br />
suas estratégias, postergando<br />
a retomada da colheita,<br />
segundo o presidente<br />
da Alcopar, Miguel Tranin.<br />
Normalmente, no início de fevereiro<br />
já tem usina colhendo<br />
cana-de-açúcar e até a primeira<br />
quinzena de março, a<br />
maior parte das unidades industriais<br />
do Estado já está<br />
em operação.<br />
Este ano, entretanto, a primeira<br />
unidade a colocar as<br />
máquinas no campo foi a<br />
Coopcana, de Paraíso do<br />
Norte, que iniciou dia 20 de<br />
fevereiro e a perspectivas é<br />
que a maior parte só esteja<br />
em operação na primeira<br />
quinzena de abril.<br />
O atraso na retomada do<br />
trabalho é justificada ainda<br />
pela necessidade de as usinas<br />
corrigirem o ciclo do canavial,<br />
comenta Tranin. Devido<br />
às geadas e às irregularidades<br />
climáticas, cortou-se<br />
cana-de-açúcar fora da idade<br />
ideal, acentuado a redução<br />
na produtividade, já significativa<br />
devido ao baixo índice de<br />
renovação do canavial. Também<br />
não sobrou cana de um<br />
ano para o outro no campo, a<br />
chamada cana bisada, a qual<br />
muitas usinas usam para iniciar<br />
a safra mais cedo.<br />
Também, as chuvas mais<br />
intensas, um maior período<br />
de insolação e as temperaturas<br />
mais altas favoreceram a<br />
vegetação da cana-de-açúcar,<br />
mas, diminui a concentração<br />
de açúcar neste momento.<br />
Isso, entretanto, não<br />
significará, necessariamente,<br />
aumento de produtividade<br />
porque os canaviais estão<br />
muito envelhecidos, afirma o<br />
presidente da Alcopar.<br />
Historicamente a colheita de cana-de-açúcar<br />
na Coopcana, de Paraíso do Norte, inicia-se preferencialmente<br />
na primeira dezena de março.<br />
Este ano, entretanto, a cooperativa foi a primeira<br />
usina a colocar as máquinas no campo no <strong>Paraná</strong>,<br />
no dia 20 de fevereiro.<br />
A decisão de antecipar os trabalhos teve como<br />
objetivo aproveitar os preços atrativos de venda<br />
do etanol e regularizar o cronograma de corte do<br />
canavial, visando iniciar a safra de forma antecipada<br />
nos próximos anos.<br />
Além de as usinas terem<br />
concentrado o uso de seus<br />
recursos na redução da dívida,<br />
as estiagens prolongadas<br />
e chuvas em excesso e<br />
até as geadas, ocorridas no<br />
ano passado, atrapalharam a<br />
renovação dos canaviais resultado<br />
num dos mais baixos<br />
níveis de renovação no Estado,<br />
7%, bem aquém do planejado<br />
inicialmente, aumentando<br />
a idade e reduzindo a<br />
produtividade.<br />
Até a primeira quinzena de<br />
fevereiro tinham sido esmagados<br />
39,265 milhões de toneladas<br />
de cana. Com o que<br />
deve ser colhido no Estado<br />
até o dia 1 de abril, data oficial<br />
de início de safra, devese<br />
atingir o volume revisto<br />
Produção menor<br />
Em 2016, por conta de uma quebra de safra,<br />
os trabalhos encerraram mais cedo, no dia 13<br />
de novembro, possibilitando antecipar a manutenção.<br />
Foram esmagados 3,3 milhões de toneladas<br />
de cana e produzidos 134,45 mil toneladas<br />
de açúcar, 168,99 milhões de litros de etanol e<br />
151.340 MW de energia elétrica fornecida à<br />
rede.<br />
Este ano, apesar da tecnologia agrícola aplicada<br />
e aos investimentos feitos no plantio e cultivo<br />
da cana, a expectativa é de novamente ter<br />
para a safra 2016/17: 40,268<br />
milhões de toneladas, 6,6% a<br />
menos que os 42,789 milhões<br />
de toneladas esmagados<br />
na safra anterior.<br />
Com isso devem ser produzidos<br />
3,042 milhões de toneladas<br />
de açúcar, 6,9% a<br />
mais que na safra anterior,<br />
que encerrou com 2,845 milhões.<br />
E 1,376 bilhão de litros<br />
de etanol, 9,8% a menos que<br />
o ano anterior, que foi de<br />
1,526 bilhão. De um modo<br />
Um dos motivos<br />
do atraso é a<br />
necessidade de<br />
as indústrias<br />
corrigirem o<br />
ciclo do canavial<br />
geral, o rendimento industrial<br />
da cana foi melhor, devendo<br />
fechar a safra com 137,87 kg<br />
de ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />
por tonelada de<br />
cana.<br />
uma quebra de safra. Além de ainda estar sob o<br />
efeito das condições climáticas adversas que<br />
atingiram as lavouras de cana em 2015, onde<br />
grande parte dos canaviais foi castigada pelo excesso<br />
de chuvas, houve a seca no final de 2016,<br />
que prejudicou a rebrota da cana.<br />
A Coopcana tem trabalhado com a expectativa<br />
de colher 2,902 milhões de toneladas de cana e<br />
produzir 137 mil toneladas de açúcar, 133 milhões<br />
e litros de etanol e 144.375 MW de energia<br />
elétrica.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
PROFISSIONALIZAÇÃO<br />
Nova Produtiva oferece Bolsa de Qualificação<br />
A adesão ao programa minimizou a necessidade de demissão de 190<br />
empregados na entressafra e possibilitou melhor formação profissional<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
ACooperativa Agroindustrial<br />
Nova Produtiva,<br />
com sede em Astorga<br />
(PR), aderiu ao<br />
Programa de Bolsa de Qualificação<br />
Profissional. Com apoio<br />
do Sescoop PR, implantou o<br />
programa para capacitação de<br />
190 empregados durante o período<br />
de entressafra da canade-açúcar.<br />
A adesão ao programa minimizou<br />
a necessidade de demissão<br />
dos empregados durante a<br />
entressafra e possibilitou a<br />
busca por cursos de formação<br />
profissional, preparando melhor<br />
o trabalhador para o exercício<br />
de sua atividade, segundo<br />
os diretores da Nova Produtiva.<br />
Estão sendo ofertados os<br />
cursos de Eletricista de Veículos<br />
Leves e Pesados, Operador<br />
Mantenedor Agrícola, de Qualificação<br />
Administrativa e de Motoristas,<br />
distribuídos em um<br />
total de 324 horas aula, num<br />
período de três meses. Os cursos<br />
são ministrados nas localidades<br />
onde os trabalhadores<br />
moram. Ao final, os participantes<br />
receberão o Certificado de<br />
Conclusão do Programa e estarão<br />
aptos a desempenhar suas<br />
atividades com qualidade.<br />
Todos os cursos priorizam a<br />
formação do empregado, sem<br />
esquecer aspectos como Saúde<br />
e Segurança no Trabalho,<br />
com conteúdos específicos sobre<br />
o assunto e as Normas Regulamentadoras.<br />
A palestra de abertura foi no<br />
dia 4 de janeiro. O instrutor Eliseu<br />
Hoffmann, da Ame Treinamento<br />
e Desenvolvimento, falou<br />
sobre “Despertando e Motivando<br />
para Novos Tempos”,<br />
incentivando os participantes a<br />
se dedicarem aos estudos e<br />
buscarem nesta oportunidade<br />
uma chance de se tornarem<br />
não apenas profissionais melhores,<br />
mas também, pessoas<br />
melhores.<br />
Na oportunidade, o gerente<br />
Agrícola, Ângelo Borazio destacou<br />
que só o fato de a cooperativa<br />
não ter que demitir<br />
empregados já é bom, mas ter<br />
a oportunidade de qualificálos,<br />
é melhor ainda. “Esperamos<br />
colher bons frutos. Com<br />
a colaboração e dedicação<br />
dos envolvidos, o sucesso será<br />
de todos: Nova Produtiva,<br />
empregados e comunidade”,<br />
finalizou.<br />
Mais informações:<br />
portalfat.mte.gov.br<br />
O que é<br />
Instituída pelo governo federal<br />
em 2001, a bolsa é concedida<br />
ao trabalhador com<br />
contrato de trabalho suspenso,<br />
que estiver devidamente<br />
matriculado em curso<br />
ou programa de qualificação<br />
profissional oferecido pelo<br />
empregador, conforme convenção<br />
ou acordo coletivo.<br />
COMBUSTÍVEL<br />
Usinas podem ser autossuficientes<br />
O biometano obtido da geração e purificação do biogás, resultante da<br />
biodigestão da vinhaça, poderá substituir o diesel em parte da frota agrícola<br />
Autossustentáveis em energia<br />
elétrica por meio do aproveitamento<br />
do bagaço de cana,<br />
empresas do setor sucroenergético<br />
enxergam a possibilidade<br />
de também se tornarem<br />
menos dependentes do<br />
óleo diesel nas operações de<br />
campo. E isso pode se tornar<br />
realidade com a produção de<br />
biometano, biocombustível<br />
obtido da geração e purificação<br />
do biogás. Este é obtido<br />
com a biodigestão da vinhaça<br />
e de outros subprodutos da<br />
cana e que poderá substituir o<br />
uso do concorrente fóssil em<br />
parte do maquinário agrícola<br />
das usinas.<br />
Para o consultor de Emissões<br />
e Tecnologia da União da<br />
Indústria de Cana-de-Açúcar<br />
(Unica), Alfred Szwarc, a independência<br />
do produtor em<br />
relação ao derivado do petróleo,<br />
com redução significativa<br />
do custo de produção e menor<br />
emissão de poluentes, é<br />
um fator que joga cada vez<br />
mais a favor do novo biocombustível<br />
no Brasil.<br />
“Apesar de conhecer o<br />
processo de conversão da<br />
vinhaça em biometano há<br />
tempos, o segmento canavieiro<br />
passou a considerar<br />
essa alternativa energética<br />
com mais interesse somente<br />
há poucos anos, inicialmente<br />
como complemento energético<br />
para os processos<br />
industriais. Atualmente, vislumbra<br />
a possibilidade de<br />
que se viabilize o seu uso<br />
como carburante em máquinas<br />
agrícolas e veículos pesados<br />
com motor diesel”,<br />
explica o executivo. Afinal,<br />
acrescenta Alfred, nos últimos<br />
tempos o assunto vem<br />
merecendo cada vez mais a<br />
atenção da indústria automotiva,<br />
principalmente após<br />
o anúncio, por parte do governo<br />
federal, de medidas<br />
que visam garantir a expansão<br />
das energias renováveis<br />
na matriz energética País,<br />
em especial no segmento de<br />
transportes.<br />
“Muito se deve à regulamentação<br />
divulgada em 2015<br />
pela Agência Nacional de Petróleo,<br />
Gás Natural e Biocombustíveis<br />
(ANP) autorizando o<br />
uso de biometano em modelos<br />
nacionais, e ao lançamento,<br />
no final de 2016, do<br />
programa RenovaBio, criado<br />
para incentivar a produção de<br />
biocombustíveis. Pode-se,<br />
em consequência, mitigar<br />
emissões domésticas de gases<br />
de efeito estufa até 2030,<br />
conforme o compromisso<br />
assumido pelo Brasil no<br />
Acordo de Paris”, explica o<br />
executivo.<br />
4<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CAPACITAÇÃO<br />
Alcopar promove palestras a diretores<br />
Roberto Camanho discutiu sobre como tomar as melhores decisões,<br />
e Miguel Ivan Lacerda, do MME, falará sobre o RenovaBio<br />
MARLY AIRES<br />
Dentro de seu objetivo de<br />
capacitação constante<br />
e de sempre informar<br />
seus associados quanto às<br />
mudanças e discussões políticas<br />
e técnicas nas diversas<br />
áreas que afetam o setor, para<br />
este início de ano a Alcopar<br />
programou duas palestras.<br />
A primeira foi com o consultor,<br />
pesquisador e palestrante<br />
em decisões estratégicas, Roberto<br />
Camanho, dia 23 de fevereiro,<br />
antecedendo a Reunião<br />
do Conselho de Administração<br />
da Alcopar, na sede da<br />
associação, em Maringá.<br />
Camanho, que é escritor<br />
premiado e professor de Análise<br />
das Decisões na ESPM/<br />
SP, instrutor no módulo de Tomada<br />
de Decisão do IBGC e<br />
pesquisador no Núcleo Decide<br />
da FEA/USP, falou a diretoria<br />
das 25 usinas paranaenses<br />
sobre como tomar as melhores<br />
decisões, ponto fundamental<br />
para qualquer empresa.<br />
Já a segunda palestra, dia<br />
30 de março, será uma oportunidade<br />
de os diretores das<br />
usinas obterem informações e<br />
tirarem dúvidas sobre o RenovaBio,<br />
se posicionarem quanto<br />
às propostas e assumirem<br />
compromissos recíprocos<br />
com o governo federal. O palestrante<br />
convidado é o diretor<br />
de Biocombustíveis do Ministério<br />
de Minas e Energia<br />
(MME), Miguel Ivan Lacerda.<br />
Encontro do Ministério das Minas e Energia, que aconteceu dia 15, sobre as diretrizes do programa<br />
Ainda em fase de elaboração<br />
pelo Ministério das Minas<br />
e Energia, o RenovaBio<br />
é um programa do governo<br />
federal. Até 2030, o objetivo<br />
é permitir ao Brasil cumprir<br />
suas metas de redução de<br />
43% das emissões de gases<br />
do efeito estufa, tendo por<br />
base 2005. Lideranças do<br />
setor sucroenergético têm<br />
discutido políticas econômicas<br />
e tributárias para o setor<br />
de biocombustíveis, dentro<br />
do RenovaBio, com compromissos<br />
sendo assumidos<br />
tanto do lado do governo<br />
como dos produtores de<br />
biocombustíveis.<br />
Projeto vai à consulta pública<br />
Entre as premissas consideradas<br />
pelo programa estão<br />
quatro pontos principais:<br />
definição do papel dos biocombustíveis<br />
dentro da matriz<br />
energética, dando uma<br />
visão de médio e longo<br />
prazo para os empresários;<br />
de quais são as regras de<br />
comercialização desses produtos;<br />
a sustentabilidade<br />
ambiental; e o desenvol- vimento<br />
de novos biocombustíveis.<br />
A meta é definir as<br />
bases do RenovaBio até<br />
março.<br />
O RenovaBio foi colocado<br />
em consulta pública no último<br />
dia 15/2, no site do Ministério<br />
de Minas e Energia e<br />
estará aberto a "sugestões e<br />
críticas motivadas" até 20 de<br />
março. O governo apresentou<br />
aos representantes do<br />
setor as principais diretrizes<br />
do programa RenovaBio, que<br />
tem como objetivo aumentar<br />
a produção de biocombustíveis<br />
no país. O projeto envolveu<br />
discussões dos segmentos<br />
produtores de biodiesel,<br />
biogás, biometano, bioquerosene<br />
e etanol de 1ª e 2ª<br />
gerações.<br />
Conforme o documento,<br />
"após a consulta pública e a<br />
consolidação de suas contribuições,<br />
a proposta inicial<br />
das diretrizes estratégicas<br />
poderá ser aperfeiçoada". "A<br />
partir disso, deverá ser buscado<br />
o instrumento adequado<br />
para a formalização dessas<br />
diretrizes, importantes<br />
para nortear as políticas públicas<br />
de Estado para os biocombustíveis".<br />
Entre as premissas consideradas<br />
pelo programa estão<br />
quatro pontos principais: definição<br />
do papel dos biocombustíveis<br />
dentro da matriz<br />
energética, dando uma visão<br />
de médio e longo prazo para<br />
os empresários; busca de<br />
competitividade na produção<br />
e comercialização e no uso<br />
de biocombustíveis, com estímulo<br />
à concorrência entre<br />
os biocombustíveis e os de<br />
origem fóssil, com ênfase na<br />
segurança do abastecimento,<br />
no combate a práticas anticompetitivas<br />
e na proteção<br />
dos interesses dos consumidores<br />
quanto a preço, qualidade<br />
e oferta; a sustentabilidade<br />
ambiental; e o desenvolvimento<br />
de novos biocombustíveis.<br />
Além disso, sugere-se o estímulo<br />
à eficiência da indústria<br />
de biocombustíveis, com foco<br />
no diálogo com o Estado e na<br />
sustentabilidade econômica,<br />
social e ambiental.<br />
Segundo o diretor-superintendente<br />
da União Brasileira<br />
do Biodiesel e Bioquerosene<br />
(Ubrabio), Donizete Tokarski,<br />
que participou da reunião,<br />
uma das demandas do setor<br />
é a antecipação do aumento<br />
do percentual de biodiesel na<br />
mistura com o diesel. Atualmente,<br />
esse percentual está<br />
em 7% (B7) e deverá passar<br />
para 8% (B8) em março deste<br />
ano, e para 9% (B9) em<br />
março do ano que vem. O<br />
objetivo é antecipar a entrada<br />
do B9 no mercado para julho<br />
deste ano.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
BIODIESEL<br />
B8 vale a partir de março<br />
Com mudança, setor previa<br />
recuperação neste ano, revertendo<br />
a retração do ano passado,<br />
mas perspectiva pode ser frustada<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
A partir de 23 de março de<br />
<strong>2017</strong>, o percentual de mistura<br />
de biodiesel ao diesel vendido<br />
ao consumidor deve aumentar<br />
de 7% (B7) para 8% (B8),<br />
conforme determina lei aprovada<br />
em 2016 que estabelece<br />
um marco regulatório para o<br />
setor. Com isso, a expectativa,<br />
segundo a Aprobio (Associação<br />
dos Produtores de<br />
Biodiesel do Brasil), é de reverter<br />
a retração de consumo<br />
no ano passado. Em 2016, a<br />
queda de consumo é projetada<br />
em cerca de 4%, indicam<br />
dados da ANP (agência<br />
reguladora).<br />
Projeções<br />
Recentemente, o setor entregou<br />
ao governo federal as<br />
perspectivas do segmento<br />
até 2030 mostrando que o<br />
Brasil tem plenas condições<br />
de implementar pelo menos<br />
o B20 em 2030, o que corresponde<br />
a uma produção<br />
de 18 bilhões de litros de<br />
biodiesel. Mas, segundo relatório<br />
do Greenpeace, País<br />
pode chegar ao B100 em<br />
2050.<br />
A previsão inicial era de que<br />
a produção deveria subir<br />
cerca de 8%, segundo<br />
Erasmo Battistella, presidente<br />
da associação e da produtora<br />
BSBIOS. E que com uma retomada<br />
da economia, a alta<br />
poderia chegar a até 12%.<br />
Mas, as perspectivas otimistas<br />
da indústria brasileira de<br />
biodiesel em relação à demanda<br />
pelo produto no país<br />
em <strong>2017</strong> podem ser frustradas.<br />
Dia 10 de fevereiro foi feito<br />
o primeiro leilão do biocombustível<br />
no ano, com entregas<br />
previstas para março e<br />
abril, quando a mistura obrigatória<br />
no diesel fóssil já terá<br />
sido elevada de 7% para 8%.<br />
Foram comercializados 620,3<br />
mil metros cúbicos, segundo<br />
a ANP. A projeção mais pessimista<br />
apontava para vendas<br />
ao redor de 700 mil metros<br />
cúbicos.<br />
Com isso, em 2030, a participação<br />
do biodiesel na matriz<br />
energética brasileira saltaria<br />
dos atuais 1,2% para<br />
3,31%. Isso significa que<br />
aproximadamente 34 milhões<br />
de toneladas de CO 2<br />
equivalente deixariam de ser<br />
emitidas por ano, o que corresponde<br />
a 250 milhões de<br />
árvores plantadas anualmente.<br />
O segmento já está discutindo<br />
com o Ministério de<br />
Minas e Energia a antecipação,<br />
para este ano, do incremento<br />
da mistura de biodiesel<br />
no diesel para 9%. O percentual<br />
está previsto para março<br />
de 2018, chegando a 10%<br />
em 2019. A norma ainda autoriza<br />
o Conselho Nacional de<br />
Política Energética (CNPE) a<br />
elevar a mistura obrigatória<br />
para 15%, caso testes validem<br />
a utilização dessa mistura<br />
em veículos e motores. A<br />
mistura de biodiesel ao diesel<br />
ainda pode ser feita na proporção<br />
de 20% (B20) para<br />
ônibus e caminhões e 30%<br />
(B30) para máquinas agrícolas.<br />
"Neste ano, o problema da<br />
ociosidade não será solucionado,<br />
mas deverá diminuir<br />
em 15%", diz o executivo.<br />
Atualmente, existem no Brasil<br />
51 usinas de biodiesel instaladas<br />
com capacidade para<br />
produzir 7,2 bilhões de litros<br />
por ano, quase o dobro do<br />
volume registrado nos últimos<br />
anos. O que significa<br />
Para atingir essa meta,<br />
serão necessárias 48 novas<br />
unidades de processamento<br />
de soja e 59 usinas de biodiesel<br />
com capacidade média<br />
de produção de 4 mil<br />
t/dia e 700 m³/dia, respectivamente,<br />
e investimentos de<br />
R$ 22 bilhões no período.<br />
Considerando a expectativa<br />
de produção de 165 milhões<br />
de toneladas de soja<br />
em 2030 e o processamento<br />
interno de 65% de da safra,<br />
seriam produzidos 84,7 milhões<br />
de toneladas de farelo<br />
e 19,9 milhões de toneladas<br />
de óleo de soja. O biodiesel<br />
absorveria 62% do óleo de<br />
soja produzido.<br />
que a ociosidade do setor é<br />
hoje de cerca de 40%.<br />
No caso da BSBIOS, que<br />
em 2016 teve a maior participação<br />
nas entregas do combustível,<br />
a taxa está abaixo<br />
dos 10%, segundo Battistella.<br />
Os investimentos da empresa,<br />
porém, não deverão<br />
ser retomados em <strong>2017</strong>.<br />
"Vamos aguardar o mercado<br />
dar sinais de retomada para<br />
voltar a expandir", comenta.<br />
Existem no Brasil<br />
51 usinas de<br />
biodiesel<br />
instaladas com<br />
capacidade para<br />
produzir 7,2<br />
bilhões de<br />
litros por ano<br />
Externalidades positivas<br />
• O biodiesel reduz as emissões de gases de<br />
efeito estufa e a dependência do diesel importado,<br />
diversificando a matriz energética.<br />
• Gera 113% mais emprego do que o diesel fóssil<br />
e renda nas regiões produtoras, otimiza a produção<br />
agropecuária e fomenta a agricultura familiar.<br />
Crescer 20%<br />
Para a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene<br />
(Ubrabio), a produção brasileira de biodiesel deveria<br />
crescer quase 20% em <strong>2017</strong> ante o ano anterior, com o<br />
aumento da mistura no diesel comum e uma esperada<br />
recuperação econômica do país.<br />
A expectativa era produzir 4,5 bilhões de litros este<br />
ano, ante os 3,8 bilhões produzidos em 2016, recuo de<br />
2,6%, primeira queda anual da produção de biodiesel,<br />
devido à desaceleração econômica.<br />
6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
REUNIÃO<br />
Tecnologias para maximizar a produtividade<br />
Consultor mostrou produtos e manejos<br />
que ajudam a produzir mais na mesma<br />
área, com excelente custo benefício<br />
Citando o difícil momento<br />
pelo qual passou<br />
o setor sucroenergético<br />
e a resultante<br />
queda de produtividade<br />
nos últimos anos, tanto devido<br />
a problemas climáticos como<br />
envelhecimento dos canaviais<br />
e redução nos investimentos<br />
em tecnologia e manejo, o<br />
Consultor de Desenvolvimento<br />
de Mercado da Arysta Life<br />
Science, Carlos Peres, ressaltou<br />
em sua palestra, dia 16 de<br />
fevereiro, em Maringá, que o<br />
momento é de retomada de investimentos,<br />
saindo da estagnação<br />
pela qual o setor<br />
passou. E para isso, mostrou<br />
de que forma as tecnologias e<br />
portfólio de produtos da empresa<br />
podem auxiliar no aumento<br />
de produtividade e<br />
qualidade do canavial.<br />
O primeiro a ser apresentado<br />
foi o bioativador Biozyme, produto<br />
de origem natural que<br />
contém nutrientes que participam<br />
e promovem a produção<br />
dos principais hormônios de<br />
crescimento vegetal (citocininas,<br />
auxicinas e giberilina).<br />
Este explora o melhor das sinergias<br />
entre os nutrientes e<br />
extratos vegetais bioativadores<br />
que promovem crescimento<br />
radicular e o perfilhamento, levando<br />
um melhor arranque e<br />
desenvolvimento da planta, redução<br />
de falhas e outros benefícios.<br />
“É uma estratégia para maximizar<br />
os resultados, com<br />
melhor aproveitamento de insumos<br />
e água, maior qualidade<br />
do plantio e produtividade,<br />
além de redução de custos<br />
por tonelada”, afirmou<br />
Peres, ressaltando que a cada<br />
R$ 1 investido, há o retorno de<br />
R$ 10. “Graças à resposta que<br />
o produto tem dado, apesar de<br />
ter sido lançado em 2009, já<br />
conquistou 28% do mercado e<br />
vem crescendo cada vez<br />
mais”.<br />
Desde seu lançamento, o<br />
Biozyme vem sendo posicionado<br />
no sulco do plantio em<br />
cana planta de ano e de ano e<br />
meio. Os diversos experimentos<br />
realizados nas usinas sucroenergéticas,<br />
em várias regiões<br />
produtoras de cana no<br />
Brasil, mostram que o bioativador<br />
ajuda no estabelecimento<br />
da planta e melhora o desenvolvimento<br />
inicial, gerando resultados<br />
no primeiro corte. E,<br />
devido à qualidade do plantio,<br />
os benefícios se prolongam<br />
nos demais cortes, mesmo<br />
quando a aplicação é feita só<br />
no primeiro ano. “No primeiro<br />
corte chegou a dar mais de 22<br />
toneladas a mais em comparação<br />
com a testemunha, somando<br />
mais de 35 toneladas<br />
em três cortes”, citou.<br />
No último ano, o produto teve<br />
recomendado seu uso também<br />
na cana soca em aplicação foliar,<br />
“visando potencializar ainda<br />
mais os resultados e atingir os<br />
três dígitos de produtividade”,<br />
disse o consultor. Trabalhos realizados<br />
com diversas variedades<br />
em 2014 e 2015 resultaram<br />
em um ganho médio de<br />
Maturação rápida<br />
Para Carlos Peres, o momento é de retomada<br />
de investimentos para aumentar<br />
produtividade e qualidade<br />
8% ou 7,5 toneladas de cana a<br />
mais por hectare, o que dá um<br />
lucro líquido de R$ 514,00 por<br />
hectare, ressaltou Peres.<br />
Outro produto citado foi o fisioativador<br />
Raizal que proporciona<br />
à planta maior interceptação<br />
e absorção de água e<br />
nutrientes, crescimento mais<br />
rápido e vigoroso, além do fornecimento<br />
de nitrogênio, fósforo<br />
e potássio, levando a uma<br />
maior resistência a seca e a patógenos,<br />
maior produtividade e<br />
resultados em ATR (Açúcar<br />
Total Recurável).<br />
Raizal pode ser usado via<br />
Drench, no corte de soqueira<br />
ou via aplicação foliar. Nos diversos<br />
experimentos realizados<br />
nas usinas obteve-se um aumento<br />
de até 23% no peso da<br />
cana em relação à testemunha<br />
e de 30% em relação à produção<br />
em tonelada de cana por<br />
hectare.<br />
Conhecido por sua ação<br />
mais rápida que outros produtos<br />
similares, Centurion é o<br />
maturador que potencializa<br />
os níveis de açúcar na lavoura<br />
de cana-de-açúcar e aumenta<br />
a rentabilidade, citou o<br />
Consultor de Desenvolvimento<br />
de Mercado da Arysta LifeScience,<br />
Carlos Peres.<br />
“Otimiza a industrialização<br />
da safra e permite ganhos em<br />
ATR a partir de 15 dias”,<br />
disse. Entre a aplicação e a<br />
colheita há prazo de 15 a 45<br />
dias sendo os melhores resultados<br />
são obtidos com 30<br />
dias.<br />
Peres ressalta que essa<br />
característica do produto<br />
permite ao canavial continuar<br />
crescendo por um período<br />
maior de tempo, “o<br />
que faz uma diferença considerável<br />
em produtividade<br />
no final da safra”.<br />
Além do excelente ganho<br />
de ATR, sem danos à rebrota<br />
da soqueira, resultados superiores<br />
com melhor planejamento<br />
e flexibilidade de colheita,<br />
há um excelente custo<br />
benefício, com alta taxa de<br />
retorno de investimento,<br />
mesmo em lavouras com<br />
expectativa de produtividade<br />
menor, acrescentou.<br />
8<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
REUNIÃO<br />
Arysta e Alcopar realizam simpósio em Maringá<br />
Palestras abordaram fisiologia<br />
e maturação da cana-de-açúcar<br />
e manejo de solo<br />
Em parceria com a Alcopar,<br />
a Arysta LifeScience realizou<br />
no último dia 16 de fevereiro,<br />
em Maringá, o IV Simpósio<br />
Cana Crua <strong>Paraná</strong> Arysta:<br />
Manejo em Ambiente de<br />
Transição Queimada/Crua.<br />
Participaram diretores, gerentes,<br />
técnicos, agrônomos<br />
e residentes de Agronomia<br />
das unidades associadas. O<br />
objetivo foi trazer as últimas<br />
novidades sobre o assunto,<br />
visando capacitar as equipes<br />
técnicas das usinas paranaenses<br />
e aumentar a produtividade<br />
das lavouras no Estado.<br />
A abertura foi feita pelo<br />
Consultor Técnico Comercial<br />
da Arysta Homero Moreschi.<br />
E Carlos Peres, Consultor de<br />
Desenvolvimento de Mercado<br />
da empresa também falou sobre<br />
as tecnologias, o portfólio<br />
de produtos da Arysta destinados<br />
a aumentar a produtividade<br />
das lavouras de canade-açúcar<br />
e mostrou resultados<br />
com experimentos realizados<br />
com diversas variedades<br />
em várias usinas brasileiras.<br />
A palestra também contou<br />
com a participação do<br />
engenheiro agrônomo e pesquisador<br />
da UEM, Anderson<br />
Antonio da Silva, mostrando<br />
resultados específicos da região.<br />
Dentre os palestrantes convidados,<br />
o primeiro a falar foi<br />
Carlos Alexandre Crusciol, da<br />
Unesp de Botucatu (SP), que<br />
discorreu sobre Fisiologia e<br />
Maturação da Cana-de-Açúcar<br />
colhida crua e queimada. Ele<br />
Objetivo foi trazer as últimas novidades sobre o assunto, visando<br />
capacitar as equipes técnicas das usinas paranaenses<br />
destacou a importância do<br />
manejo nutricional visando a<br />
maturação da cana-de-açúcar<br />
como forma de potencializar<br />
os resultados com o uso de<br />
maturadores.<br />
No encerramento do evento,<br />
o especialista em manejo e<br />
conservação de solos, Jairo<br />
Antonio Mazza, da Esalq/USP,<br />
falou sobre Manejo de Solos<br />
para Altas Produtividades,<br />
mostrando as melhores práticas<br />
adotadas no País.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9
DESENVOLVIMENTO<br />
Setor tem modelo de parceria<br />
entre academia e indústrias<br />
Graças a cooperação técnica não se perdeu 20 anos de<br />
pesquisa com cana e 75 variedades foram lançadas<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Fazer com que pesquisas<br />
científicas desenvolvidas<br />
nas universidades<br />
se tornem produtos<br />
e cheguem ao mercado<br />
e à população é um desafio<br />
para o Brasil, que investe pouco<br />
em inovação. Em 2013, último<br />
número atualizado, o governo<br />
federal investiu 1,24%<br />
do PIB em pesquisa e desenvolvimento<br />
(P&D), enquanto<br />
em países desenvolvidos esse<br />
volume chega a 3,5%.<br />
O Programa de Melhoramento<br />
Genético da Cana-de-<br />
Açúcar (PMGCA) realizado<br />
pela Universidade Federal do<br />
<strong>Paraná</strong> (UFPR), dentro da Rede<br />
Interuniversitária para Desenvolvimento<br />
do Setor Sucroenergético<br />
(Ridesa), em parceria<br />
com a Alcopar (representando<br />
as usinas) mostra<br />
que o diálogo e a parceria entre<br />
a academia e o mercado<br />
são possíveis.<br />
A Ridesa conta com 10 universidades<br />
federais: de Alagoas<br />
(UFAL), Piauí (UFPI),<br />
Rural de Pernambuco<br />
(UFRPE), Sergipe (UFS), Viçosa<br />
(UFV), Rural do Rio de<br />
Janeiro (UFRRJ), Mato Grosso<br />
(UFMT), Goiás (UFG), São<br />
Carlos (UFSCar) e <strong>Paraná</strong><br />
(UFPR).<br />
Depois de vários desafios<br />
superados e inúmeras conquistas<br />
ao longo de seus 26<br />
anos de história, desde a extinção<br />
do Instituto do Álcool e<br />
do Açúcar (IAA) e do Planalsucar<br />
(Programa Nacional de<br />
Melhoramento da Cana de<br />
Açúcar), em 1990, a Ridesa<br />
se consolidou não só como<br />
um importante instrumento de<br />
parceria entre a academia e o<br />
setor privado para o desenvolvimento<br />
de pesquisa, mas como<br />
o maior programa de melhoramento<br />
genético de canade-açúcar<br />
do Brasil e do mundo,<br />
afirma o coordenador Nacional<br />
da Ridesa e Coordenador<br />
do Programa de Melhoramento<br />
Genético da Cana-de-<br />
Açúcar na UFPR, Edelclaiton<br />
Daros.<br />
Foram graças à cooperação<br />
técnica, à parceria e ao trabalho<br />
das universidades federais<br />
que não se perdeu 20<br />
anos de pesquisa com cana,<br />
quando o Planalsucar foi extinto,<br />
prejuízo que seria incalculável,<br />
afirma Miguel Tranin,<br />
presidente da Alcopar.<br />
Nas últimas quatro décadas,<br />
o aumento anual de ATR/ha foi<br />
de 155,7 kg, média de 4% ao<br />
Criada há 46 anos, a variedade RB, fruto<br />
desse trabalho, já chegou a 94 lançamentos:<br />
19 na época do Planalsucar, 35 que<br />
surgiram das pesquisas iniciadas no Planalsucar<br />
e que tiveram continuidade com a Ridesa<br />
e 40 variedades do trabalho exclusivo<br />
da Rede.<br />
Só no <strong>Paraná</strong>, através da UFPR, foram 10,<br />
materiais que juntamente com outras variedades<br />
RB, hoje respondem por 84% do que<br />
ano, sendo que metade deste<br />
ganho se deve ao melhoramento<br />
genético, além de conquistar<br />
melhorias como o<br />
aumento da produtividade de<br />
cana-de-açúcar no Estado em<br />
uma tonelada por ano.<br />
Objetivo de<br />
eventos é mostrar<br />
os resultados<br />
dos trabalhos<br />
desenvolvidos<br />
e avaliar o<br />
desempenho dos<br />
clones promissores<br />
RBs somam 94 lançamentos<br />
é plantado no Estado e 70% no Brasil. Em<br />
1990 as RB respondiam por somente 10%<br />
da área colhida no Brasil.<br />
“O crescimento das variedades RB não é<br />
fruto do acaso, mas de trabalho e competência,<br />
com visão realista do processo.<br />
Buscamos nos manter fiel ao nosso compromisso<br />
de sempre liberar novos materiais<br />
que atendam às demandas das unidades<br />
conveniadas”, afirma Edelclaiton Daros.<br />
10<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
DESENVOLVIMENTO<br />
Usinas entenderam importância da pesquisa<br />
No <strong>Paraná</strong>, o financiamento do setor sucroalcooleiro custeia,<br />
em média, 70% dos gastos. O restante vem do poder público<br />
Na época da criação da Ridesa,<br />
os recursos humanos,<br />
estruturas físicas e tecnológicas<br />
do Planalsucar foram<br />
transferidas para as universidades<br />
federais. Estas, através de<br />
parceria público privada, que<br />
hoje somam 314 empresas no<br />
País, passaram a desenvolver<br />
as variedades de cana de açúcar<br />
em 79 bases de pesquisa<br />
em todo o país e duas estações<br />
de cruzamento: a Serra<br />
do Ouro, em Murici (AL) e a de<br />
Devaneio, em Amaraji (PE).<br />
No <strong>Paraná</strong>, o financiamento<br />
do setor sucroalcooleiro custeia,<br />
em média, 70% dos gastos<br />
da pesquisa. O restante<br />
vem do poder público. “Esse é<br />
um grande case de parceria<br />
público-privado positivo. Não<br />
existe algo maior que isso. Nós<br />
demoramos de 13 a 15 anos<br />
para liberar uma variedade. Então,<br />
os nossos 13 primeiros<br />
anos foram só de trabalho”,<br />
afirma o coordenador Nacional<br />
da Ridesa, Edelclaiton Daros.<br />
O já tradicional Dia de Campo<br />
do Programa de Melhoramento<br />
Genético da Cana-de-<br />
Açúcar da Universidade Federal<br />
do <strong>Paraná</strong> (PMGCA/UFPR)<br />
ligada a Rede Interuniversitária<br />
para Desenvolvimento do Setor<br />
Sucroenergético (Ridesa),<br />
está programado para os dias<br />
22 e 23 de março, a partir das<br />
8 horas, na Estação Experimental<br />
de Paranavaí, localizada<br />
na Estrada Cristo Rei,<br />
km 7.<br />
Isso significa, conforme ressalta<br />
o coordenador, que houve<br />
um entendimento do setor<br />
de que a pesquisa não só é<br />
fundamental para o desenvolvimento,<br />
como demanda tempo.<br />
Tempo, aliás, que graças<br />
aos avanços da pesquisa, vem<br />
diminuindo significativamente.<br />
Hoje, com a adoção da seleção<br />
simplificada (tapetinho) como<br />
método para melhoramento<br />
genético em cana, o prazo para<br />
entrega de novas variedades é<br />
de seis a oito anos.<br />
“Nós satisfazemos ao nosso<br />
financiador, que era o setor, e ao<br />
mesmo tempo modificamos o<br />
perfil do pequeno produtor de<br />
cana com variedades cada vez<br />
mais produtivas”, lembra o<br />
coordenador Nacional da Ridesa.<br />
“Há uma demanda, independente<br />
da área do setor produtivo,<br />
que a universidade tem<br />
que dar uma resposta e ela tem<br />
competência para dar a resposta.<br />
Falta somente resolver problemas<br />
internos para dar esta<br />
agilidade, fazer esta máquina<br />
funcionar, porque é inegável a<br />
competência", ressalta.<br />
O objetivo é mostrar os resultados<br />
dos trabalhos de<br />
pesquisa e melhoramento em<br />
cana-de-açúcar desenvolvidos<br />
e avaliar o desempenho<br />
dos clones promissores das<br />
diversas séries em análise e<br />
seleção no local e nas usinas.<br />
A expectativa é de que mais<br />
de 130 profissionais participem<br />
do evento entre diretores<br />
das usinas, gerentes agrícolas,<br />
engenheiros agrônomos e<br />
técnicos que trabalham na<br />
área de desenvolvimento de<br />
variedades nas 25 unidades<br />
industriais sucroenergéticas<br />
em atividade no Estado, além<br />
de pesquisadores e professores.<br />
“Hoje a gente precisa tentar<br />
uma aproximação com o mercado<br />
não só para oferecer<br />
novas soluções, mas também<br />
para entender quais são as soluções<br />
que o mercado demanda.<br />
Esse é o nosso grande<br />
desafio. E para entender a demanda<br />
do mercado é necessário<br />
que a gente comece a trabalhar<br />
em parceria com o setor<br />
produtivo. Isso é imprescindível”,<br />
avalia o coordenador de<br />
Propriedade Intelectual e Transferência<br />
de Tecnologia da<br />
UFPR, Alexandre Donizete Lopes<br />
de Moraes.<br />
Para Edelclaiton Daros, os<br />
três principais desafios das<br />
universidades são dar continuidade<br />
ao programa, captar recursos<br />
como órgão público e<br />
estabelecer um programa nacional<br />
de pesquisa em canade-açúcar<br />
em todas as áreas e<br />
não só desenvolvimento de<br />
novas variedades.<br />
Serão apresentados diversos<br />
clones promissores já em<br />
Fase Experimental (FE) das<br />
séries RB04, RB05, RB06,<br />
RB07, RB08, do programa<br />
tradicional de melhoramento,<br />
em que um clone necessitava<br />
de doze anos para ser liberado;<br />
e os clones potenciais<br />
das séries RB10, RB11, RB12<br />
e RB13, selecionados pelo<br />
Sistema Tapetinho criado pelo<br />
PMGCA/UFPR e, que com três<br />
a seis anos, já estão em experimentação.<br />
Serão apresentados clones<br />
potenciais destinados à produção<br />
de biomassa, que vêm<br />
obtendo excelentes resultados<br />
Nos últimos anos, a parceria<br />
da Alcopar com a Universidade<br />
Federal do <strong>Paraná</strong> tem resultado<br />
não só no desenvolvimento<br />
de novas variedades,<br />
mas também em aperfeiçoamento<br />
constante dos profissionais<br />
das 25 usinas paranaenses<br />
na cultura da cana de açúcar,<br />
através de reuniões técnicas,<br />
cursos e do Programa de<br />
Residência em Engenharia<br />
Agronômica, este último também<br />
em parceria com a Universidade<br />
Federal Rural do Rio<br />
de Janeiro (UFRRJ).<br />
Dia de Campo da UFPR será em março<br />
nos experimentos, e estudos<br />
de espaçamento para estes<br />
clones. Os pesquisadores da<br />
UFPR ainda falarão sobre o<br />
comportamento de clones,<br />
variedades e espécies de<br />
cana-de-açúcar e cana-biomassa<br />
no Laboratório de Raizes<br />
(Rizotron); sobre profundidade<br />
de plantio e cobertura<br />
dos toletes; a influência da<br />
época de plantio; o estudo de<br />
modelagem da cultura para o<br />
<strong>Paraná</strong>; o uso de fungicidas<br />
no controle de doenças; e<br />
doenças que têm afetado a<br />
cultura.<br />
No final do evento haverá<br />
84% dos materiais<br />
plantados no Estado<br />
e 70% no Brasil<br />
são da Ridesa<br />
espaço para discussão, para<br />
que os responsáveis pelas atividades<br />
nas usinas comentem<br />
sobre o desempenho dos clones<br />
nos diversos ambientes e<br />
os resultados obtidos nos demais<br />
campos experimentais.<br />
O evento se encerra às 14h30<br />
com um almoço.<br />
Além das duas Estações Experimentais<br />
de Bandeirantes e<br />
Paranavaí, há mais cinco subestações,<br />
somando cerca de<br />
500 hectares para pesquisa,<br />
nas usinas de Alto Alegre,<br />
Santa Terezinha/Iguatemi/Ivaté,<br />
Bandeirantes e Melhoramentos.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11
PERSPECTIVAS<br />
Um ano de bons resultados<br />
Para Eduardo Lambiasi, quem se preparou, com controle de custos, eficiência e<br />
diversificação, pode usufruir de mercado mais favorável, mas, não será uma virada<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Aexpectativa é de mais<br />
um ano com bons<br />
resultados para as<br />
empresas do setor<br />
sucroenergético, com o preço<br />
do açúcar se mantendo em<br />
patamares elevados ao longo<br />
do ano, afirma Eduardo Lambiasi<br />
diretor Corporativo da<br />
Usina Jacarezinho, com sede<br />
no município com o mesmo<br />
nome.<br />
“Sem dúvida, a melhora dos<br />
preços do açúcar vai permitir<br />
uma melhor remuneração pelo<br />
produto e a recuperação do<br />
setor”, diz, citando que as empresas<br />
estão ajustando o mix<br />
de produção e priorizando o<br />
açúcar, aproveitando os preços.<br />
“Muitas das empresas inclusive<br />
já fixaram uma parcela<br />
importante da produção em<br />
patamares bem interessantes”.<br />
Mas isso não significará exatamente<br />
uma “virada”. “Parece-me<br />
um termo um tanto<br />
forte. Acredito que as empresas<br />
que se prepararam, com<br />
diversificação, controle de custos<br />
e eficiência em seus processos,<br />
possam usufruir melhor<br />
de um mercado mais favorável”,<br />
avalia.<br />
Para Lambiasi, a crise oferece<br />
escolhas, cujo resultado<br />
pode ser muito interessante.<br />
“Mais do que nunca é preciso<br />
enxugar custos de forma precisa<br />
e que não sacrifique a empresa<br />
no longo prazo, bem<br />
como tomar as decisões de investimento<br />
de maneira cirúrgica<br />
e racional, cuja percepção<br />
de retorno esteja claramente<br />
presente”, orienta.<br />
Segundo o diretor Corporativo<br />
da Jacarezinho, há evidentemente<br />
incertezas com relação<br />
ao clima e a produtividade<br />
dos canaviais, algo que ficará<br />
mais claro nos próximos meses.<br />
“Não imaginamos, entretanto,<br />
um <strong>2017</strong> com um volume<br />
de moagem muito diferente<br />
de 2016. A tendência é de<br />
ser menor, porém, com um mix<br />
um pouco mais açucareiro, à<br />
medida que algumas usinas fizeram<br />
investimento para incremento<br />
da capacidade de produção<br />
de açúcar”.<br />
Um ponto importante para<br />
Lambiasi é que com a melhoria<br />
dos resultados da safra atual e<br />
com a maior seletividade dos<br />
investimentos, as empresas<br />
estão diminuindo o endividamento.<br />
“Aparentemente, as<br />
empresas que estavam em<br />
condições mais delicadas e<br />
que puderem sobreviver nesses<br />
últimos anos com cenário<br />
tão desfavorável, encontraram<br />
solução para equacionar o endividamento”,<br />
complementa.<br />
O temor é que o preço pago<br />
pelo açúcar no mercado internacional<br />
suba demais, levando<br />
ao aumento exagerado da produção<br />
no mundo e a um novo<br />
ciclo de baixa. “É perigoso que<br />
o preço do açúcar negociado<br />
na Bolsa de Nova Iorque fique<br />
muito descolado de US$<br />
0,20/libra peso, pois estimula<br />
produtores a produzir mais, gerando<br />
pressão de oferta. Alguns<br />
países podem reagir<br />
rapidamente, como a União<br />
Europeia, que com o fim das<br />
quotas devem naturalmente<br />
produzir mais. Entendo que o<br />
comportamento ideal de preços<br />
poderia ser um pouco<br />
abaixo de US$ 0,20. Com uma<br />
combinação de câmbio mais<br />
favorável aqui no Brasil, quem<br />
sabe algo como R$ 3,50”, calcula.<br />
Quanto à economia brasileira,<br />
Eduardo Lambiasi diretor<br />
Corporativo da Usina Jacarezinho,<br />
acredita que esta<br />
pode surpreender em <strong>2017</strong>,<br />
na medida em que frutifiquem<br />
as decisões que estão<br />
sendo tomadas, tanto no âmbito<br />
da microeconomia quanto<br />
na macroeconomia.<br />
“Entendemos que o atual<br />
governo, apesar de toda incerteza<br />
política que ainda<br />
paira no País, já deu passos<br />
importantes no sentido de<br />
racionalizar a utilização de<br />
recursos públicos, assim<br />
O diretor da Jacarezinho diz que a crise oferece escolhas,<br />
cujo resultado pode ser muito interessante<br />
Economia pode surpreender<br />
como no sentido de um convívio<br />
mais racional e eficiente<br />
com a iniciativa privada”,<br />
afirma.<br />
Outro aspecto importante é<br />
a boa notícia da inflação contida,<br />
que, na opinião de Lambiasi,<br />
deve impulsionar o ritmo<br />
da queda da taxa de juros<br />
da SELIC, cujo patamar de<br />
dois dígitos exerce papel deletério<br />
para a economia e<br />
contas públicas.<br />
Quanto à economia mundial,<br />
diz, o crescimento não<br />
deve superar os 3%. O contexto<br />
é que precisa ser ainda<br />
interpretado, pois existem<br />
muitas variáveis que podem<br />
impactar cenário econômico,<br />
notadamente o surgimento<br />
de governos populistas conservadores<br />
como nos EUA;<br />
eleições importantes que<br />
acontecerão na Europa, com<br />
destaque para França e Alemanha,<br />
com possibilidade,<br />
principalmente na França,da<br />
eleição de um governo conservador.<br />
“É preciso compreender<br />
o impacto desse movimento<br />
político na globalização,<br />
no fluxo internacional de<br />
comércio”.<br />
12<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
PERSPECTIVAS<br />
Previsões para o etanol são complicadas<br />
A estrutura do RenovaBio e o incentivo à<br />
bioeletricidade podem estimular o investimento no setor<br />
Prever como o mercado de<br />
etanol anidro e hidratado vai<br />
se comportar em <strong>2017</strong> é<br />
uma questão complicada<br />
para Eduardo Lambiasi, diretor<br />
Corporativo da Usina Jacarezinho.<br />
“É necessário saber<br />
se a Petrobrás vai manter<br />
de forma clara a política de<br />
alinhamento com os preços<br />
internacionais, que tem como<br />
componentes duas variáveis<br />
fundamentais, câmbio e<br />
preço do petróleo”, diz.<br />
Se o preço do petróleo permanecer<br />
no patamar atual,<br />
entre US$ 50 e US$ 60 e o<br />
câmbio não apresentar variações<br />
significativas, “que é a<br />
nossa previsão, penso que<br />
teremos um ano com preços<br />
interessantes para o etanol,<br />
mesmo com um consumo<br />
menor que em 2016”.<br />
Há, entretanto, uma série<br />
de questões relacionadas ao<br />
governo, que envolve tributos<br />
principalmente, e que podem<br />
impactar esse mercado, avalia<br />
o diretor. Da mesma forma,<br />
comenta que o ritmo e o<br />
crescimento dos investimentos<br />
do setor, visando ampliar<br />
a produção de etanol, vão<br />
depender muito da definição<br />
do papel dos biocombustíveis<br />
no Brasil.<br />
A estrutura do RenovaBio,<br />
que pretende dar previsibilidade<br />
à matriz energética brasileira,<br />
e os estímulos para<br />
investimento em bioeletricidade,<br />
para citar dois pontos<br />
importantes, podem estimular<br />
o investimento no setor,<br />
avalia. “Cabe ressaltar que o<br />
País, com o ajuste que o<br />
BNDES sofreu, continuará a<br />
ter um grande desafio para<br />
disponibilizar fundos de<br />
longo prazo para fomentar<br />
esses investimentos. Esse é<br />
também um ponto de atenção”.<br />
“Entendemos que pode<br />
haver algum tipo de acomodação<br />
de empresas maiores<br />
comprando menores, porém<br />
muito longe do que fora observado<br />
há alguns anos”,<br />
avalia Eduardo Lambiasi, diretor<br />
Corporativo da Usina Jacarezinho.<br />
Na opinião do diretor, é necessário<br />
diferenciar a bioenergia,<br />
pelo grande apelo que<br />
tem por ser limpa e por poder<br />
ser gerada próxima ao mercado<br />
consumidor. “Trata-se<br />
Mas, para que isso aconteça,<br />
seja a aquisição por empresas<br />
estrangeiras ou locais,<br />
“ainda é necessária uma<br />
visão melhor do que se espera<br />
no longo prazo, principalmente<br />
do papel dos<br />
biocombustíveis no Brasil,<br />
algo que o RenovaBio, ainda<br />
em fase inicial, pode ajudar<br />
bastante”, complementa.<br />
Investir em novos produtos<br />
pode ser uma saída. “Há um<br />
Negócios<br />
normalmente de investimentos<br />
muito grandes, de retorno<br />
mais longos, algo que aumenta<br />
muito a incerteza dos<br />
donos do capital”.<br />
mundo de oportunidades<br />
para o aproveitamento máximo<br />
da energia da cana”, diz.<br />
Para o diretor, o importante é<br />
a análise cuidadosa para<br />
saber qual é a melhor alternativa<br />
para cada empresa, já<br />
que algumas são excludentes.<br />
O bagaço, por exemplo,<br />
pode gerar energia a partir da<br />
Há uma série<br />
de questões que<br />
podem impactar<br />
o mercado de<br />
biocombustíveis<br />
queima na caldeira, da biodigestão,<br />
como pode também<br />
ser peletizado e exportado<br />
como tal. A vinhaça pode ser<br />
biodigerida e gerar energia ou<br />
ser concentrada, aumentando<br />
assim sua eficiência como<br />
fertilizante. “O grande desafio<br />
é investir em novos produtos,<br />
porém escolher bem o que é<br />
mais rentável e que cabe no<br />
‘bolso’ de cada empresa”, diz.<br />
14<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
SAÚDE<br />
Adoçante pode não ser tão<br />
inerte quanto se pensava<br />
O aumento no uso causou preocupação nos cientistas,<br />
que apontam importância de estudar os efeitos<br />
do uso da substância em longo prazo<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Em uma década, cresceu<br />
o consumo de<br />
adoçantes nos EUA,<br />
onde quase 40% da<br />
população adulta são obesos.<br />
No Brasil, não existem estatísticas<br />
oficiais a respeito, mas,<br />
segundo especialistas, a tendência<br />
é a mesma. A grande<br />
escalada no uso de adoçantes<br />
e de produtos que os contêm<br />
causou preocupação nos cientistas,<br />
que agora levantam a<br />
lebre da importância de estudar<br />
os efeitos do uso da substância<br />
em longo prazo, coisa<br />
ainda desconhecida em humanos.<br />
Nutricionistas e cientistas<br />
afirmam não haver benefícios<br />
em aumento do consumo de<br />
adoçantes.<br />
Até a década de 1980, os<br />
adoçantes só eram vendidos<br />
em farmácias e indicados para<br />
pessoas com diabetes. A expansão<br />
do uso para pessoas<br />
que queriam perder peso veio<br />
no fim daquela década, explica<br />
a nutricionista Rosana Farah,<br />
professora da Universidade<br />
Mackenzie. "Virou uma alternativa<br />
para quem quer reduzir as<br />
calorias da dieta e não abre<br />
mão do sabor doce", diz.<br />
No entanto, há pesquisas<br />
Nem contra, nem a favor<br />
Se não existem evidências fortes contra o uso<br />
de adoçantes, também não há a favor. Pelo contrário:<br />
na literatura científica começam a pipocar<br />
associações (onde não há relação de causa e<br />
efeito) não favoráveis para quem se vale das<br />
substâncias artificiais.<br />
Um estudo brasileiro com quase 13 mil pessoas<br />
observou um risco maior de diabetes em<br />
pessoas de peso normal que consomem bebidas<br />
adoçadas artificialmente (mas, curiosamente,<br />
a associação não foi vista entre as<br />
pessoas acima do peso).<br />
A pesquisa americana também mostra que o<br />
uso de adoçantes é maior entre gordos. "O uso<br />
de adoçante é, no máximo, um coadjuvante em<br />
uma série de outras medidas a serem tomadas<br />
na reeducação alimentar. Seria injusto colocar a<br />
culpa da obesidade nele", argumenta Rosana<br />
Farah.<br />
Bebidas diet e light industrializadas são as os<br />
produtos artificialmente adoçados favoritos<br />
mundo afora. Seria uma alternativa barata e de<br />
sabor aceitável para economizar calorias, mas,<br />
que no final das contas, não vale a pena, afirma<br />
Sophie Deram.<br />
Para as crianças, afirma ela, os danos dos<br />
adoçantes são potencialmente maiores, por isso<br />
seria bom evitar. "A melhor opção para matar a<br />
sede e se hidratar é beber água. Se está com<br />
vontade de tomar um suco ou um refrigerante,<br />
normal ou diet, o ideal é tomar só um pouco e<br />
estando hidratado", finaliza.<br />
que indicam que as substâncias<br />
não são tão inertes quanto<br />
se pensava. Em um estudo<br />
com moscas, observou-se<br />
que a sucralose (um dos adoçantes<br />
de maior aceitação<br />
entre consumidores) provocou<br />
um aumento (reversível) na ingestão<br />
calórica de 30% em<br />
comparação com os insetos<br />
que tinham açúcar na dieta.<br />
É preciso reeducar o paladar<br />
Se o mesmo valer para humanos,<br />
será uma arapuca fisiológica:<br />
com o adoçante, o<br />
organismo se encarregaria de<br />
buscar uma compensação pelo<br />
paladar doce sem as calorias<br />
correspondentes. "Não dá<br />
para enganar o cérebro", afirma<br />
Sophie Deram, nutricionista<br />
especialista em comportamento<br />
alimentar. "Não há<br />
comprovação de que adoçantes<br />
são substâncias nocivas e<br />
não é preciso travar uma guerra<br />
contra eles, mas é saudável<br />
diminuir o paladar doce. A pessoa<br />
às vezes nem sabe quantas<br />
gotas de adoçante põe no<br />
café. Algumas colocam um<br />
jato - e adoçante não é água".<br />
Ela diz que muito do que<br />
uma boa nutrição pode oferecer<br />
é perdido quando o debate<br />
é reduzido à economia de calorias.<br />
"As pessoas têm de fazer<br />
as pazes com a comida." O<br />
raciocínio é semelhante ao de<br />
Rosana: "O trabalho necessário<br />
é reeducar o paladar, ensinar<br />
as pessoas a sentirem o<br />
sabor dos alimentos. Quando<br />
uma pessoa enche o café de<br />
açúcar ou adoçante, elas não<br />
sentem o sabor de verdade",<br />
exemplifica.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15
EVENTOS<br />
Crescimento e novidades<br />
na Agrishow <strong>2017</strong><br />
Maior feira de tecnologia agrícola da América Latina será em maio,<br />
com cerca de 800 marcas presentes e um público altamente qualificado<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Com o tema “A Rota<br />
Oficial do Agronegócio”,<br />
acontece de 1º<br />
a 5 de maio, das 8h<br />
às 18h, a Agrishow <strong>2017</strong> –<br />
24ª Feira Internacional de Tecnologia<br />
Agrícola em Ação,<br />
uma das maiores e mais completas<br />
feiras deste segmento<br />
no mundo. As principais novidades<br />
para o agronegócio no<br />
País, com foco em tecnologia<br />
e sustentabilidade, estarão em<br />
exibição no evento que ocorre<br />
na Rodovia Antônio Duarte<br />
Nogueira, Km 321, no município<br />
de Ribeirão Preto, no interior<br />
de São Paulo.<br />
A feira deste ano será denominada<br />
“A rota do agronegócio”,<br />
porque oferecerá aos<br />
visitantes uma rota de visitação<br />
de acordo com a atividade<br />
agrícola que eles desenvolvem.<br />
O evento também<br />
terá uma apresentação de<br />
drones para produtores rurais<br />
e as demonstrações de campo<br />
ganharão a Arena do Campo,<br />
que terá uma arquibancada<br />
estruturada. Também<br />
será montada a Arena do<br />
Conhecimento, um auditório<br />
de 250 lugares que terá demonstrações<br />
da utilização de<br />
nanotecnologia no campo e<br />
as inovações da agricultura<br />
de precisão.<br />
São esperadas 800 marcas<br />
nacionais e internacionais que<br />
atuam em diversas áreas, como<br />
máquinas, equipamentos<br />
e implementos agrícolas, agricultura<br />
de precisão, irrigação,<br />
armazenagem, pecuária, sementes,<br />
corretivos, fertilizantes,<br />
defensivos agrícolas, sacarias,<br />
embalagens, tecnologia<br />
em software e hardware,<br />
agricultura familiar, financiamento,<br />
seguro, peças, autopeças,<br />
pneus, válvulas, bombas,<br />
motores e transportes.<br />
Considerada a vitrine tecnológica<br />
do agronegócio brasileiro,<br />
a Agrishow atrai um<br />
público altamente qualificado,<br />
muito interessado em conhecer<br />
inovações e lançamentos<br />
voltados a atender todas as<br />
demandas do campo, em termos<br />
de produtividade, eficiência,<br />
integração, aplicabilidade,<br />
otimização de recursos, rentabilidade<br />
e competitividade.<br />
Segundo José Danghesi, diretor da Agrishow <strong>2017</strong>, a<br />
Agrishow <strong>2017</strong> terá um papel fundamental neste ano, com<br />
a expectativa de uma retomada de investimentos e do cenário<br />
econômico-financeiro. “Por isso, pretendemos reunir toda a<br />
cadeia produtiva em um ambiente ideal para disseminação<br />
de conhecimento e demonstração do avanço tecnológico do<br />
agronegócio no País. E mostrar como essa evolução tem<br />
contribuído para o protagonismo do setor na economia nacional<br />
e, também, na produção de alimentos no mundo”.<br />
De acordo com os organizadores<br />
do evento, a expectativa<br />
é receber mais de 150 mil visitantes<br />
do Brasil e do exterior,<br />
composto em sua maioria por<br />
produtores rurais, empresários<br />
e executivos, além de<br />
acadêmicos, pesquisadores,<br />
consultores, representantes<br />
de autarquias de todas as esferas<br />
de governo e de entidades<br />
setoriais.<br />
Mais informações:<br />
www.agrishow.com.br<br />
Retomada de investimentos<br />
Tema será “Rota<br />
do Agronegócio”,<br />
oferecendo a cada<br />
pessoa um programa<br />
de visitação de<br />
acordo com a<br />
atividade agrícola<br />
desenvolvida<br />
O evento é uma iniciativa das principais entidades do agronegócio<br />
no País: Abag – Associação Brasileira do Agronegócio,<br />
Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de<br />
Máquinas e Equipamentos, Anda – Associação Nacional para<br />
Difusão de Adubos, Faesp – Federação da Agricultura e da<br />
Pecuária do Estado de São Paulo e SRB - Sociedade Rural<br />
Brasileira. É organizado pela Informa Exhibitions, integrante<br />
do Grupo Informa, um dos maiores promotores de feiras,<br />
conferências e treinamento do mundo com capital aberto.<br />
16<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
EVENTOS<br />
Fenasucro comemora<br />
25 anos com setor em alta<br />
Edição histórica da mais importante<br />
feira do mundo da cadeia produtiva<br />
da cana-de-açúcar acontece de 22 a<br />
25 de agosto em Sertãozinho (SP)<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Realizada em um dos principais<br />
polos produtores de canade-açúcar<br />
no País, a Fenasucro<br />
& Agrocana chega em<br />
<strong>2017</strong> à sua 25ª edição. Passando<br />
pelos diversos momentos<br />
políticos e econômicos que<br />
acometeram o segmento sucroenergético<br />
ao longo desses<br />
anos, o evento comemora a<br />
anunciada retomada do setor<br />
com expectativas positivas de<br />
geração de negócios e reforçando<br />
seu papel de propagador<br />
de conhecimento e novas<br />
tecnologias.<br />
Serão quatro dias de feira –<br />
de 22 a 25 de agosto – com a<br />
participação prevista de 1000<br />
marcas expositoras, além de<br />
uma vasta grade de eventos de<br />
conteúdo. A expectativa é que<br />
aproximadamente 35 mil visitantes/compradores,<br />
vindos de<br />
todo o Brasil e de mais 46 países,<br />
passem pelo evento que<br />
deve movimentar cerca de R$<br />
2,8 bilhões.<br />
A edição de 25 anos da Fenasucro<br />
& Agrocana também evidenciará a<br />
adaptação do evento aos moldes<br />
das principais feiras europeias. “A<br />
cada ano, estamos incorporando<br />
mudanças de layout e adaptando o<br />
formato, tendo como referência as<br />
feiras europeias. As próprias empresas<br />
já estão adaptando a forma<br />
como expõem serviços e produtos<br />
e a feira está acompanhando esta<br />
tendência mundial”, informa Paulo<br />
Montabone.<br />
Na prática, o gerente explica que as<br />
De acordo com o gerente<br />
geral da Fenasucro & Agrocana,<br />
Paulo Montabone, além<br />
dos bons números, a edição<br />
deve ser histórica. “Teremos<br />
uma importante agenda de homenagens<br />
àqueles que estão<br />
ligados ao desenvolvimento do<br />
setor e eventos especiais que<br />
ressaltam o papel essencial e<br />
a força que este segmento tem<br />
no desenvolvimento do Brasil”,<br />
explica Montabone.<br />
Outro destaque será a ampliação<br />
da grade de eventos de<br />
conteúdo – em 2016 foram<br />
mais de 200 horas de palestras<br />
e workshops – trazendo<br />
as mais atuais informações<br />
sobre mercado, tecnologia e<br />
gestão, o que permitiu a troca<br />
de experiências entre os participantes.<br />
Também estão confirmadas<br />
as rodadas de<br />
negócios nacionais e internacionais.<br />
Para o presidente do Ceise<br />
Br, Aparecido Luiz, a edição de<br />
<strong>2017</strong> representa um marco<br />
histórico da feira. São 25 anos<br />
feiras estão apostando muito mais<br />
em informação de qualidade para o<br />
visitante/comprador e foco nos produtos<br />
e soluções, com estandes com<br />
layouts mais funcionais, além de oferecer<br />
ferramentas que fomentem as<br />
negociações.<br />
“Já apostamos há algum tempo<br />
nas rodadas de negócios e nos eventos<br />
de conteúdo como um forte viés<br />
dessa tendência mundial de feiras.<br />
Os estandes estão, cada vez mais,<br />
priorizando as negociações em si, de<br />
maneira funcional”, continua.<br />
de sucesso de um evento que<br />
nasceu pela necessidade dos<br />
empresários de Sertãozinho<br />
em mostrar seus produtos e<br />
serviços aos fabricantes de<br />
açúcar e etanol. Ele cita que,<br />
reforçando o otimismo com o<br />
bom ano para o setor, o evento<br />
já tem 85% dos espaços disponíveis<br />
comercializados.<br />
Modelo europeu<br />
“A feira só cresceu, tornando-se<br />
a maior do setor do<br />
mundo, agregando tecnologia<br />
de ponta, soluções e inovações<br />
de todos os elos da cadeia<br />
produtiva da cana, apresentando,<br />
principalmente, uma<br />
indústria de máquinas e equipamentos<br />
brasileira de alta<br />
qualidade e competitiva”,<br />
afirma Luiz.<br />
O presidente do Ceise Br<br />
ressalta que a feira “sagrou-se<br />
Meca para os negócios, porque<br />
reúne ideais em torno da<br />
promoção de uma economia<br />
cada vez mais sustentável, a<br />
qual vem atraindo interesses<br />
globalmente”.<br />
O gerente também destaca que são<br />
desenvolvidas diversas ferramentas<br />
com foco no objetivo principal do visitante,<br />
cruzando dados que apontem<br />
seus interesses e oferecendo as melhores<br />
oportunidades para uma visita<br />
objetiva e com resultados efetivos.<br />
Com isso, é possível gerar negócios<br />
antes do evento, durante os dias<br />
de feira e até 6 meses depois. O aplicativo<br />
do evento, por exemplo, facilita<br />
as negociações, trazendo a lista<br />
completa de expositores e produtos<br />
disponíveis com especificações, que<br />
São previstos<br />
35 mil visitantes/<br />
compradores, mais<br />
de 1000 marcas<br />
expositoras e uma<br />
vasta grade de<br />
eventos de<br />
conteúdo<br />
podem ser marcados como favoritos,<br />
além da possibilidade de marcar<br />
reuniões, entre outras funcionalidades.<br />
A Fenasucro & Agrocana é uma realização<br />
do Ceise Br (Centro Nacional<br />
das Indústrias do Setor Sucroenergético<br />
e Biocombustíveis) e organizada<br />
pela Reed Exhibitions Alcantara Machado.<br />
Mais informações:<br />
www.fenasucro.com.br<br />
Facebook: /Fenasucro<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17
Etanol<br />
DOIS<br />
A Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA adiou<br />
para 21 de março a entrada em vigor dos novos volumes<br />
obrigatórios de uso de combustíveis renováveis para este<br />
ano no país, que passaria a valer a partir de 10 de fevereiro.<br />
Embora a suspensão temporária de novas medidas<br />
seja comum em transições de governo nos EUA, o anúncio<br />
gerou incertezas e desvalorização no mercado de créditos<br />
de etanol no país.<br />
Pela regra, as refinarias<br />
deveriam usar neste ano 15<br />
bilhões de galões de biocombustível<br />
convencional<br />
(etanol de milho) e de 4,28<br />
bilhões de galões de biocombustíveis<br />
avançados<br />
(etanol de cana). O Brasil é<br />
Brasil<br />
Isobutanol<br />
O Sindicato da Indústria do Açúcar<br />
e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE),<br />
em parceria com a Copergás<br />
e a Secretaria de Ciência, Tecnologia<br />
e Meio Ambiente, está estudando<br />
a implantação de uma plataforma<br />
de biocombustíveis no Complexo<br />
de Suape. Um dos objetivos é<br />
a produção do isobutanol, um álcool<br />
de quatro carbonos, combustível<br />
mais avançado e com melhor eficiência<br />
energética que pode substituir a<br />
gasolina em veículos e ser usado<br />
como combustível de aviação. A tecnologia<br />
já está em uso nos EUA e o<br />
Brasil tem interesse em replicar.<br />
o principal fornecedor do<br />
biocombustível aos EUA. No<br />
cálculo da EPA, dentro do<br />
mandato para <strong>2017</strong>, o Brasil<br />
teria capacidade de vender<br />
cerca de 200 milhões de<br />
galões (750 milhões de litros)<br />
ao país.<br />
PONTOS<br />
Oportunidade<br />
A saída dos EUA do<br />
Acordo de Parceria Transpacífico,<br />
bloco comercial formado<br />
por 12 países da<br />
América, Ásia e Oceania,<br />
que negociaria seus produtos<br />
com benefícios tarifários<br />
dentro do grupo, pode abrir<br />
uma janela de oportunidade<br />
para as exportações do<br />
agronegócio brasileiro. Mas,<br />
na análise da Confederação<br />
Açúcar<br />
As usinas brasileiras fixaram<br />
até 31 de dezembro os<br />
preços futuros de 10,7 milhões<br />
de toneladas de açúcar<br />
da safra <strong>2017</strong>/18, que se inicia<br />
em abril, 40,6% da exportação<br />
estimada para o ciclo,<br />
a um preço médio de 17,38<br />
centavos de dólar por librapeso,<br />
segundo a Archer Consulting.<br />
Em anos anteriores,<br />
o porcentual máximo de fixação<br />
acumulada até dezembro<br />
foi de 36,28% em 2014/15.<br />
O preço médio do açúcar na<br />
Bolsa de Nova York deve alcançar<br />
19,48 centavos de<br />
dólar por libra-peso em janeiro,<br />
19,75 em fevereiro e<br />
18,78 em março.<br />
Nacional da Agricultura, o<br />
impacto positivo dessa mudança<br />
não será imediato<br />
nem líquido e certo, se o<br />
País não agir rápido para<br />
atingir esse objetivo. A receita<br />
dos principais produtos<br />
agropecuários exportados<br />
para o bloco entre 2012 e<br />
2014 somou, em média,<br />
US$ 13,1 bilhões, segundo a<br />
entidade.<br />
Aviões<br />
Os aviões são responsáveis<br />
por 2% das emissões<br />
mundiais. Se nada for feito, o<br />
crescimento da aviação internacional<br />
poderá fazer esse<br />
percentual explodir nos próximos<br />
anos. A produção do<br />
isobutanol abre uma boa<br />
oportunidade de mercado<br />
para o etanol de cana e de<br />
milho, além contribuir para<br />
reduzir as emissões de gases<br />
do efeito estufa na aviação.<br />
Hoje o setor consome cerca<br />
de 300 bilhões de litros de<br />
combustível por ano.<br />
Ásia<br />
O andamento da produção<br />
de açúcar na Ásia tem<br />
decepcionado quem esperava<br />
uma recuperação<br />
após a quebra na última<br />
temporada, provocada pelo<br />
El Niño. Na Índia e na Tailândia,<br />
segundo e terceiro<br />
maiores produtores, a produção<br />
tem ficado abaixo da<br />
safra passada, sustentando<br />
os preços internacionais da<br />
commodity. Na Índia, maior<br />
consumidor de açúcar do<br />
mundo, a produção pode<br />
cair para 21,3 milhões de<br />
toneladas na safra de<br />
2016/17, o menor nível em<br />
sete anos e 9% menor do<br />
que o previsto anteriormente.<br />
A seca reduziu a<br />
oferta de cana nos principais<br />
Estados produtores.<br />
Importação<br />
Com a menor produção<br />
de etanol nesta safra, o<br />
Brasil acabou recorrendo à<br />
abundante oferta de etanol<br />
dos EUA. Em novembro, o<br />
País foi o destino de 42%<br />
dos embarques de etanol,<br />
superando o Canadá como<br />
principal destino do biocombustível<br />
norte-americano.<br />
De janeiro a novembro,<br />
o Brasil, com 694,6<br />
milhões de litros de etanol,<br />
foi o destino de 23,2%<br />
das exportações americanas<br />
de etanol, enquanto o<br />
Canadá representou<br />
24,9%, totalizando 747,1<br />
milhões de litros de etanol.<br />
18<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
A produção de açúcar<br />
2016/17 na Tailândia, segundo<br />
maior exportador global<br />
do adoçante, deverá cair<br />
3,1% devido a uma seca que<br />
atingiu o país no último ano<br />
e forçou produtores de cana<br />
a mudar de cultura. Para<br />
2016/17, deve ter entre 9,3<br />
milhões e 9,4 milhões de toneladas<br />
de açúcar, menor<br />
Tailândia<br />
que 2015/16, quando produziu<br />
9,7 milhões de toneladas.<br />
Quanto à China, a produção<br />
deve crescer 1 milhão de toneladas,<br />
para 10,5 milhões<br />
de toneladas, mas o consumo<br />
também segue em ascensão,<br />
com a estimativa de<br />
acrescentar 400 mil toneladas<br />
ao patamar da safra passada.<br />
Hidrogênio<br />
Treze grandes grupos europeus e asiáticos (BMW,<br />
Daimler, Honda, Hyundai, Kawasaki, Shell, Air Liquide,<br />
Alstom, Engie, AngloAmerican, Linde, Total e Toyota) unirão<br />
esforços para promover o hidrogênio como fonte de<br />
energia limpa com o objetivo de reduzir as emissões de<br />
gases de efeito estufa. Concretamente, as 13 companhias<br />
compartilharão dados e pesquisas para fomentar o uso<br />
do hidrogênio em nível global, uma energia que não emite<br />
CO 2 quando é consumida. Já se domina a tecnologia,<br />
mas o desafio é desenvolver seu uso de maneira maciça.<br />
Crescimento<br />
Para o Banco Mundial, o<br />
crescimento global deve acelerar<br />
levemente, já que a recuperação<br />
dos preços do<br />
petróleo e das commodities<br />
alivia as pressões sobre os<br />
mercados emergentes exportadores<br />
de commodities e as<br />
recessões no Brasil e na Rússia<br />
devem chegar ao fim. A<br />
expectativa é de que o Produto<br />
Interno Bruto mundial<br />
tenha em <strong>2017</strong> um crescimento<br />
real de 2,7%, ante 2,3<br />
% no ano passado. O crescimento<br />
nas economias avançadas<br />
deverá acelerar para<br />
1,8%, ante 1,6% em 2016,<br />
enquanto o crescimento das<br />
economias emergentes e em<br />
desenvolvimento deve subir<br />
para 4,2 % este ano, ante 3,4<br />
% no anterior. O Banco Mundial<br />
projeta que o Brasil voltará<br />
a crescer este ano, com<br />
uma expansão de 0,5%, e a<br />
América Latina e Caribe, de<br />
1,2 %.<br />
Exportação<br />
A açúcar chama a atenção<br />
da balança comercial do agronegócio<br />
no acumulado de<br />
2016, sendo responsável por<br />
quase todo o montante do<br />
complexo sucroalcooleiro,<br />
com 92% do valor em vendas<br />
do setor (US$ 10,44 bilhões).<br />
Em comparação com 2015,<br />
houve crescimento de 36,6%<br />
em valor, em função do aumento<br />
da quantidade: de<br />
24,01 para o recorde anual de<br />
28,93 milhões de toneladas<br />
(+20,5%), dados do Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento. As exportações<br />
de álcool passaram de<br />
US$ 880,48 milhões em 2015<br />
para US$ 896,34 milhões em<br />
2016 (+1,8%). Houve queda<br />
na quantidade (-3,7%), mas<br />
aumento no preço do produto<br />
(+5,7%), o que levou ao crescimento<br />
das vendas em valor.<br />
As exportações do complexo<br />
sucroalcooleiro alcançaram<br />
US$ 11,34 bilhões em 2016,<br />
um incremento de 32,9% em<br />
comparação ao ano anterior.<br />
Calor<br />
As usinas de açúcar e álcool<br />
devem encerrar a atual<br />
safra 2016/17 devendo um<br />
faturamento do setor,<br />
estimado em cerca de<br />
R$ 100 bilhões, segundo<br />
dados da União<br />
da Indústria da Canade-Açúcar.<br />
Embora o<br />
valor seja considerado<br />
alto, o endividamento total<br />
do setor já foi bem maior.<br />
Nada que não já fosse esperado:<br />
2016 é o ano mais<br />
quente já registrado. É o terceiro<br />
ano consecutivo em<br />
que o recorde global de temperatura<br />
é quebrado, segundo<br />
a agência americana<br />
responsável por monitorar<br />
atmosfera e oceanos, a<br />
Noaa. A média da temperatura<br />
da Terra ficou em<br />
0,94°C acima da média do<br />
século 20. O atual segundo<br />
colocado, o ano de 2015,<br />
teve uma temperatura de<br />
0,9°C acima. Nos 16 primeiros<br />
anos do século 21,<br />
houve quebras de recorde<br />
em 2005, 2010, 2014, 2015<br />
e 2016. E, entre os dez anos<br />
Estrangeiros<br />
Dívida<br />
Conglomerados de países<br />
emergentes e fundos de investimento<br />
estão sondando<br />
usinas sucroalcooleiras<br />
com problemas financeiros<br />
no Brasil interessados em<br />
fazer eventuais aquisições.<br />
A expectativa é de que alguns<br />
desses negócios<br />
saiam neste ano, segundo<br />
fontes ligadas às negociações.<br />
Os fundos avaliam<br />
uma incursão de curto<br />
prazo no segmento, mas há<br />
grandes grupos com atuação<br />
em outros setores que<br />
estão mirando investimentos<br />
de longo prazo diante do<br />
cenário de capacidade restrita<br />
de produção de açúcar<br />
pelos próximos anos no<br />
mundo.<br />
Nas últimas duas safras, as<br />
indústrias sucroalcooleiras<br />
iniciaram seus ciclos devendo<br />
cerca de 110%<br />
da receita total do<br />
setor. A redução do<br />
endividamento reflete<br />
a melhora dos preços<br />
do açúcar. No ano<br />
passado, importantes<br />
grupos fizeram reestruturações<br />
de suas dívidas.<br />
mais quentes já registrados,<br />
só o de 1998 não é deste século<br />
– foi um ano com El<br />
Niño especialmente forte.<br />
Simpósio<br />
O Simpósio de Agricultura<br />
de Precisão e Mecanização<br />
em Cana-de-açúcar será<br />
realizado nos dias 11 e 12<br />
de maio de <strong>2017</strong>, no Centro<br />
de Convenções da UNESP,<br />
em Jaboticabal, SP. O evento<br />
será focado no aprimoramento<br />
das técnicas que envolvem<br />
as operações mecanizadas<br />
na cana, voltadas<br />
para a Agricultura de Precisão.<br />
Mais informações:<br />
www.spmec.com.br - comissaospmec<strong>2017</strong>@gmail.<br />
com - (16) 3209-7283<br />
ANP<br />
A Agência Nacional do<br />
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />
prevê para o<br />
início da próxima década a<br />
autossuficiência do País em<br />
petróleo, tornando-se exportador.<br />
Mas a autonomia<br />
em combustíveis vai demorar<br />
mais tempo a ser alcançada.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 19