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262 Parte 3 Nutrição e Ambiente<br />

relacionada com a fadiga e capacidades de desempenho reduzidas<br />

em eventos do tipo endurance de longa duração.<br />

O metabolismo do carboidrato também é importante<br />

como fonte de energia durante o exercício anaeróbio. Apenas<br />

o carboidrato na forma de glicose sanguí nea ou glicogênio<br />

muscular pode ser usado pela glicólise para produzir ATP e<br />

ácido láctico; os lipídios não podem ser usados como substrato<br />

para o metabolismo anaeróbio (ver “Glicólise”, no<br />

Capítulo 2). Pesquisas revelam que, conforme a intensidade<br />

do exercício aumenta, o mesmo acontece com seu uso e depleção<br />

dos estoques de glicogênio. O glicogênio muscular cai<br />

cerca de 72% durante as séries de sprint de 1 minuto de ciclismo<br />

em resistência igual a 140% daquela usada no consumo<br />

de oxigênio máximo. 63 O exercício resistido, devido à natureza<br />

anaeróbia, também é bastante dependente da glicólise<br />

e promove a depleção de glicogênio dos músculos que estão<br />

em trabalho. Isso é especialmente verdade ao realizar, pelo<br />

menos, um número moderadamente elevado de repetições e<br />

após realizar múltiplas séries com resistência submáxima. 64,90<br />

Em geral, as reduções do glicogênio são de 30 a 40% após o<br />

exercício resistido, com diminuição especialmente aparente<br />

nas fibras muscula res de tipo II. 113 Pesquisa determinou com<br />

clareza que o metabolismo do carboidrato, e portanto a ingestão<br />

de carboidratos, é importante para a rea li zação dos<br />

protocolos de treinamento, tanto aeróbio quanto anaeróbio<br />

de intensidade e duração mais alta (p. ex., treinamento intervalado);<br />

entretanto, para a rea li zação do treinamento resistido<br />

típico, o qual também é uma atividade anaeróbia, isso é menos<br />

importante. Nas próximas seções, discutimos diferentes estratégias<br />

dietéticas com objetivo de aumentar a disponibilidade<br />

do carboidrato para o metabolismo.<br />

Dietas de alta ingestão de carboidratos<br />

Em virtude da dependência do carboidrato como substrato de<br />

energia para a rea li zação de quase todos os tipos de atividade<br />

física, tem-se recomendado que os atletas consumam dietas<br />

que contenham os carboidratos suficientes. 1 Para a maioria<br />

dos atletas, durante o treinamento, a ingestão diá ria recomendada<br />

de carboidratos deve ser de pelo menos 50% das calorias<br />

totais consumidas. 1 No entanto, as necessidades de carboidratos<br />

podem ser maiores para alguns atletas. Por exemplo,<br />

recomenda-se que durante grandes volumes de treinamento a<br />

ingestão de carboidratos seja elevada – de 55 a 60% das calorias<br />

totais consumidas – pelos fisiculturistas e outros atletas de<br />

força. 58 Observe que esse valor está dentro da variação de 45<br />

a 65% das calorias totais normalmente recomendadas, e que a<br />

ingestão de carboidratos dos atletas de endurance pode alcançar<br />

o valor máximo dessa variação devido ao alto gasto energético<br />

com o treinamento. 114 Para todos os atletas, a ingestão<br />

insuficiente de carboidratos pode resultar em incapacidade de<br />

manutenção da intensidade e do volume de treinamento; redução<br />

da massa muscular e adaptações fisiológicas inadequadas<br />

ao treinamento. 1,40,58<br />

A ingestão de carboidratos está correlacionada com o<br />

conteú do de glicogênio muscular. Assim, as dietas que oferecem<br />

carboidratos suficientes mantêm o conteú do muscular<br />

Tempo para exaustão (min)<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

Dieta com alta ingestão de carboidratos<br />

Dieta normal<br />

Dieta de baixa ingestão de carboidratos<br />

0<br />

50 100<br />

150 200<br />

Glicogênio muscular inicial (mmol/kg músculo)<br />

FigurA 9.1 Existe correlação entre ingestão de carboidratos, conteúdo<br />

de glicogênio muscular e desempenho de endurance. Conforme a<br />

ingestão de carboidratos aumenta, o mesmo ocorre com o glicogênio<br />

muscular e o tempo para exaustão na intensidade submáxima do exercício.<br />

(Dados de Astrand PO. Diet and athletic performance. Federation<br />

Proceed. 1967; 26:1772-1777.)<br />

de glicogênio de modo que a fadiga possa ser postergada o<br />

máximo possível durante a atividade (Figura 9.1). Isso vale<br />

para esportes aeróbios, anaeróbios e intermitentes (basquetebol,<br />

voleibol e futebol). Entretanto, talvez seja mais aparente<br />

nas atividades de endurance. Estudos de 1939, 18 bem como alguns<br />

rea li zados depois disso, 5,37 mostraram que o tempo para<br />

exaustão é maior quando são ingeridas dietas ricas em carboidratos.<br />

Em um estudo, por exemplo, um grupo de pessoas<br />

seguiu determinada dieta na qual cerca de 22% das calorias<br />

totais provinham do carboidrato e outro grupo seguiu dieta<br />

que fornecia 52% das calorias na forma de carboidrato. Após<br />

3 dias dessa ingestão dietética, o tempo para exaustão no ciclismo<br />

a 68% do pico de consumo de oxigênio foi, para ambas<br />

as dietas, de cerca de 65 minutos. 37 No entanto, após perío do<br />

de repouso de 15 minutos, a exaustão na 2 a série de trabalho<br />

na mesma carga de trabalho foi de 9,5 e 65 minutos para<br />

os grupos da dieta de baixa e alta ingestão de carboidratos,<br />

respectivamente. Interessante observar que a importância da<br />

ingestão e suplementação de carboidratos para capacidades<br />

de desempenho de endurance de longa duração ou com repetição<br />

parece não estar relacionada aos efeitos ergogênicos da<br />

proteí na. 71 Devido à dependência do carboidrato como combustível<br />

metabólico nas atividades aeróbias e anaeróbias, o<br />

atleta precisa ingerir o bastante de carboidratos em sua dieta.<br />

Ainda que os carboidratos possam ser simples ou complexos<br />

na forma, a dependência dominante do atleta deve ser dos

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