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Introdução • 3<br />

novos produtos ou sistemas usando materiais existentes, e/ou para desenvolver técnicas para o<br />

processamento de materiais. A maioria dos estudantes de Engenharia de Materiais é treinada para<br />

ser tanto um cientista de materiais quanto um engenheiro de materiais.<br />

Estrutura é, a essa altura, um termo nebuloso que merece alguma explicação. De maneira<br />

sucinta, a estrutura de um material refere-se, em geral, ao arranjo dos seus constituintes internos.<br />

A estrutura subatômica envolve os elétrons nos átomos individuais e as interações com seus<br />

núcleos. Em nível atômico, a estrutura engloba a organização dos átomos ou das moléculas, uns<br />

em relação aos outros. O próximo nível estrutural na escala crescente das dimensões, que contém<br />

grandes grupos de átomos que estão normalmente conglomerados, é chamado de microscópico,<br />

e significa aquele que está sujeito a uma observação direta por meio de algum tipo de<br />

microscópio. Finalmente, os elementos estruturais que podem ser vistos a olho nu são chamados<br />

de macroscópicos.<br />

A noção de propriedade merece alguma consideração. Em serviço, todos os materiais são expostos<br />

a estímulos externos que causam algum tipo de resposta. Por exemplo, uma amostra submetida<br />

à ação de forças deformará, ou uma superfície metálica polida refletirá a luz. Propriedade é uma<br />

característica de um dado material, em termos do tipo e da magnitude da sua resposta a um estímulo<br />

específico que lhe é imposto. Geralmente, as definições das propriedades são feitas de modo a serem<br />

independentes da forma e do tamanho do material.<br />

Virtualmente, todas as propriedades importantes dos materiais sólidos podem ser agrupadas em<br />

seis categorias diferentes: mecânica, elétrica, térmica, magnética, óptica e de deterioração. Para cada<br />

categoria existe um tipo característico de estímulo que é capaz de provocar diferentes respostas. As<br />

propriedades mecânicas relacionam a deformação com uma carga ou força que é aplicada; os exemplos<br />

incluem o módulo de elasticidade (rigidez), a resistência e a tenacidade. Para as propriedades<br />

elétricas, tais como a condutividade elétrica e a constante dielétrica, o estímulo é um campo elétrico.<br />

O comportamento térmico dos sólidos pode ser representado em termos da capacidade calorífica<br />

e da condutividade térmica. As propriedades magnéticas demonstram a resposta de um material<br />

à aplicação de um campo magnético. Para as propriedades ópticas, o estímulo é a radiação eletromagnética<br />

ou a radiação luminosa; o índice de refração e a refletividade são propriedades ópticas<br />

representativas. Finalmente, as características de deterioração estão relacionadas com a reatividade<br />

química dos materiais. Os capítulos seguintes discutem propriedades que se enquadram em cada<br />

uma dessas seis classificações.<br />

Além da estrutura e das propriedades, dois outros componentes importantes estão envolvidos<br />

na Ciência e Engenharia de Materiais, que são o processamento e o desempenho. No que se refere<br />

às relações entre esses quatro componentes, a estrutura de um material dependerá de como ele é<br />

processado. Ademais, o desempenho de um material é uma função de suas propriedades. Desse<br />

modo, a inter-relação entre processamento, estrutura, propriedades e desempenho ocorre como está<br />

demonstrado na ilustração esquemática na Figura 1.1. Ao longo deste texto, chamamos a atenção<br />

para as relações que existem entre esses quatro componentes em termos de projeto, produção e<br />

utilização dos materiais.<br />

Apresentamos agora, na Figura 1.2, um exemplo desses princípios de processamento-estrutura-propriedades-desempenho:<br />

uma fotografia que apresenta três amostras com formato de discos<br />

delgados, colocadas sobre um material impresso. É óbvio que as propriedades ópticas (isto é, a<br />

transmitância da luz) de cada um dos três materiais são diferentes; o material mais à esquerda é<br />

transparente (ou seja, virtualmente, toda luz refletida passa através dele), enquanto os discos no<br />

centro e à direita são, respectivamente, translúcido e opaco. Todas essas amostras são do mesmo<br />

material, óxido de alumínio, mas aquela mais à esquerda é o que chamamos de monocristal, isto é,<br />

tem um elevado grau de perfeição, e dá origem à sua transparência. A amostra no centro é composta<br />

por um grande número de monocristais muito pequenos, todos ligados entre si; as fronteiras entre<br />

esses pequenos cristais espalham uma fração da luz refletida da página impressa, o que torna esse<br />

material opticamente translúcido. Finalmente, a amostra à direita é composta não apenas por um<br />

número muito grande de pequenos cristais interligados, mas também por inúmeros poros ou espaços<br />

vazios muito pequenos. Esses poros também espalham, de maneira efetiva, a luz refletida e tornam<br />

opaco esse material.<br />

Processamento Estrutura Propriedades Desempenho<br />

Figura 1.1 Os quatro componentes da disciplina Ciência e Engenharia de<br />

Materiais e seu inter-relacionamento.

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