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Propriedades das soluções CAPÍTULO 3<br />
desvio negativo da Lei de Raoult. Assim, p 1 , p 2 e, portanto,<br />
P são menores do que o esperado e a 1 < x 1 e a 2 < x 2 .<br />
São exemplos de sistemas que apresentam este tipo de<br />
comportamento clorofórmio + acetona, piridina + ácido<br />
acético e água + ácido nítrico.<br />
Embora a maior parte dos sistemas não seja ideal e<br />
desvie positiva ou negativamente da Lei de Raoult,<br />
esses desvios são pequenos quando a solução é diluída.<br />
Isso ocorre porque o efeito que uma pequena quantidade<br />
de soluto tem sobre as interações entre as moléculas<br />
de solvente é mínimo. Assim, soluções diluídas<br />
tendem a exibir comportamento ideal e as atividades<br />
dos seus componentes aproximam-se de suas frações<br />
molares, ou seja, a 1 é aproximadamente igual a x 1 e a 2<br />
é aproximadamente igual a x 2 . Por outro lado, grandes<br />
desvios podem ser observados quando a concentração<br />
da solução é alta.<br />
Conhecer as consequências de tamanhos desvios é<br />
particularmente importante no que diz respeito à<br />
destilação de misturas líquidas. Por exemplo, a separação<br />
completa dos componentes de uma mistura por<br />
destilação fracionada pode não ser conseguida se<br />
grandes desvios positivos ou negativos da Lei de<br />
Raoult causarem a formação das chamadas misturas<br />
azeotrópicas com pontos de ebulição mínimo ou<br />
máximo, respectivamente.<br />
Ionização de solutos<br />
Vários solutos dissociam-se em íons se a constante dielétrica<br />
do solvente for alta o bastante para causar separação<br />
suficiente entre íons de carga oposta. Esses solutos<br />
são denominados eletrólitos e sua ionização (ou dissociação)<br />
tem várias consequências, que costumam ser<br />
importantes na prática farmacêutica. Algumas dessas<br />
consequências estão indicadas a seguir.<br />
Concentração do íon hidrogênio e pH<br />
A dissociação da água pode ser representada pela<br />
Equação 3.5:<br />
+ −<br />
HO 2 ↔ H + OH<br />
(3.5)<br />
Deve dar-se conta de que esta é uma representação simplificada,<br />
pois os íons hidrogênio e hidroxila não existem<br />
em estado livre, mas combinados com moléculas de água<br />
não dissociadas para formar íons mais complexos, como<br />
H 3 O + e H 7 O 4 − .<br />
Na água pura, as concentrações dos íons H + e OH −<br />
são iguais e a 25 °C – ambas têm o valor de 1 × 10 −7<br />
mol L −1 . A teoria de Brönsted-Lowry de ácidos e bases<br />
define um ácido como uma substância que doa um próton<br />
(ou íon hidrogênio). Portanto, a adição de um soluto<br />
ácido à água resultará em uma concentração de íon hidrogênio<br />
que excede aquela da água pura. Por outro lado, a<br />
adição de uma base, definida como uma substância aceptora<br />
de prótons, reduzirá a concentração de íons hidrogênio<br />
na solução. A faixa de concentração de íon<br />
hidrogênio decresce desde 1 mol L −1 para um ácido forte<br />
até 1 × 10 −14 mol L −1 para uma base forte.<br />
A fim de evitar o uso frequente de números inconvenientes<br />
que surgem dessa faixa tão ampla, o conceito<br />
de pH foi introduzido como uma medida mais<br />
conveniente da concentração de íons de hidrogênio.<br />
Define-se pH como o logaritmo negativo da concentração<br />
de íons hidrogênio [H + ], conforme mostrado<br />
na Equação 3.6:<br />
+<br />
pH =− log [ H ]<br />
10<br />
(3.6)<br />
Desse modo, o pH de uma solução neutra, como da água<br />
pura, é 7. Isso ocorre porque, conforme mencionado<br />
anteriormente, a concentração de íons H + (e, portanto,<br />
de íons OH − ) na água pura é de 1 × 10 −7 mol L −1 .<br />
O pH de soluções ácidas é menor do que 7 e o pH de<br />
soluções alcalinas é maior do que 7.<br />
O pH tem várias implicações importantes na prática<br />
farmacêutica, tendo efeito sobre:<br />
• O grau de ionização de fármacos que sejam ácidos<br />
ou bases fracas.<br />
• A solubilidade de fármacos que sejam ácidos ou<br />
bases fracas.<br />
• A facilidade de absorção de fármacos do trato<br />
gastrintestinal para o sangue. Por exemplo, muitos<br />
fármacos (cerca de 75%) são bases fracas ou sais<br />
destas. Esses fármacos dissolvem-se mais.<br />
rapidamente no pH baixo do estômago ácido.<br />
Entretanto, haverá pouca ou nenhuma absorção do<br />
fármaco nesse local, pois ele está muito ionizado.<br />
A absorção do fármaco normalmente deverá esperar<br />
até o intestino, mais alcalino, no qual a ionização da<br />
base fraca dissolvida é reduzida.<br />
• A estabilidade de muitos fármacos.<br />
• Tecidos corporais (ambos os extremos de pH são<br />
danosos).<br />
Essas implicações têm grande consequência durante a<br />
administração de fármacos por via oral, uma vez que o<br />
pH a que o fármaco é exposto pode variar de pH 1 a<br />
8, à medida que ele atravessa o trato gastrintestinal. A<br />
inter-relação entre o grau de ionização, a solubilidade e<br />
o pH serão discutidos a seguir neste capítulo. As consequências<br />
biofarmacêuticas serão discutidas no Capítulo<br />
20.<br />
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