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Se comunicamos a um paciente uma ideia que ele reprimiu num dado momento<br />
e que descobrimos, num primeiro instante isso nada muda em seu estado<br />
psíquico. Principalmente, não suprime a repressão nem desfaz suas consequências,<br />
como talvez se esperasse do fato de a ideia antes inconsciente<br />
haver se tornado consciente. Pelo contrário, de início obteremos tão só uma<br />
nova rejeição da ideia reprimida. Mas agora o paciente tem de fato a mesma<br />
ideia em dupla forma, em lugares diferentes de seu aparelho psíquico: primeiro<br />
tem a lembrança consciente do traço auditivo da ideia, através da comunicação;<br />
e também traz consigo, como sabemos com certeza, a memória inconsciente<br />
do vivido, em sua forma anterior. Na realidade, a repressão não é<br />
suprimida enquanto a ideia consciente, após a superação das resistências, não<br />
entrou em ligação com o traço de memória inconsciente. Apenas tornando<br />
consciente esta última se alcança o êxito. Assim pareceria demonstrado, para a<br />
consideração superficial, que ideias conscientes e inconscientes são registros<br />
diferentes, topograficamente separados, do mesmo conteúdo. Mas uma reflexão<br />
posterior mostra que é apenas aparente a identidade entre a comunicação<br />
e a lembrança reprimida do paciente. Ter ouvido e ter vivido são<br />
coisas bem diversas em sua natureza psicológica, mesmo quando têm o mesmo<br />
conteúdo.<br />
Portanto, no momento não somos capazes de decidir entre as duas possibilidades<br />
discutidas. Talvez ainda encontremos fatores que façam pender a balança<br />
para uma delas. Talvez nos aguarde a descoberta de que nossa colocação<br />
do problema foi insatisfatória, e que a distinção entre a ideia consciente e a inconsciente<br />
deve ser determinada de modo inteiramente diverso.<br />
III. SENTIMENTOS<br />
INCONSCIENTES