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encontra mais ligada à função do cérebro do que a qualquer outro órgão. Um<br />
pouco adiante — não se sabe quanto — leva-nos à descoberta da importância<br />
desigual das partes do cérebro e suas relações especiais com determinadas<br />
partes do corpo e atividades espirituais. Mas fracassaram radicalmente todas as<br />
tentativas de a partir disso encontrar uma localização para os processos anímicos,<br />
todos os esforços de pensar nas ideias como se fossem armazenadas em<br />
células nervosas e nas excitações como se vagassem pelas fibras dos nervos. O<br />
mesmo destino estaria reservado para uma teoria que, digamos, acreditasse reconhecer<br />
no córtex cerebral o lugar anatômico do sistema Cs, da atividade<br />
psíquica consciente, e quisesse localizar os processos inconscientes nas zonas<br />
subcorticais do cérebro. Aqui se abre uma lacuna que no momento não pode<br />
ser preenchida; e tampouco é tarefa da psicologia preenchê-la. Provisoriamente,<br />
nossa topologia psíquica nada tem a ver com a anatomia; ela se refere a regiões<br />
do aparelho psíquico, onde quer que se situem no corpo, e não a locais<br />
anatômicos.<br />
Neste aspecto nosso trabalho é livre, então, e pode proceder de acordo com<br />
suas próprias necessidades. Também será útil lembrar que nossas hipóteses<br />
reivindicam apenas, em princípio, o valor de ilustrações. A primeira das duas<br />
possibilidades consideradas, a de que a fase Cs da ideia significa um novo registro<br />
da mesma, encontrável em outro lugar, é indubitavelmente a mais grosseira<br />
delas, mas também a mais cômoda. A segunda hipótese, de uma mudança<br />
de estado apenas funcional, é de antemão a mais provável, mas é menos<br />
plástica, mais difícil de manipular. Ligada à primeira, à hipótese topográfica,<br />
acha-se aquela de uma separação topográfica dos sistemas Ics e Cs, e a possibilidade<br />
de uma ideia existir simultaneamente em dois lugares do aparelho<br />
psíquico, e mesmo de que, não sendo inibida pela censura, avance regularmente<br />
de um lugar para o outro, eventualmente sem perder o seu primeiro assento<br />
ou registro. Isso talvez pareça estranho, mas pode se apoiar em impressões<br />
da prática psicanalítica.<br />
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