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Freud

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Aprendemos, com a psicanálise, que a essência do processo de repressão não<br />

consiste em eliminar, anular a ideia que representa o instinto, * mas em impedir<br />

que ela se torne consciente. Dizemos então que se acha em estado de “inconsciente”,<br />

e podemos oferecer boas provas de que também inconscientemente<br />

ela pode produzir efeitos, inclusive aqueles que afinal atingem a consciência.<br />

Tudo que é reprimido tem de permanecer inconsciente, mas constatemos logo<br />

de início que o reprimido não cobre tudo que é inconsciente. O inconsciente<br />

tem o âmbito maior; o reprimido é uma parte do inconsciente.<br />

De que forma podemos chegar ao conhecimento do inconsciente? É claro<br />

que o conhecemos apenas enquanto consciente, depois que experimentou uma<br />

transposição ou tradução em algo consciente. Diariamente o trabalho psicanalítico<br />

nos traz a experiência de que é possível uma tal tradução. Isso requer<br />

que o analisando supere determinadas resistências, as mesmas que outrora,<br />

rejeitando-o do consciente, transformaram um dado material em reprimido.<br />

I. JUSTIFICAÇÃO<br />

DO INCONSCIENTE<br />

O direito de supor uma psique inconsciente e de trabalhar cientificamente com<br />

essa hipótese nos é contestado de muitos lados. A isso podemos replicar que a<br />

suposição do inconsciente é necessária e legítima, e que possuímos várias provas<br />

da existência do inconsciente. Ela é necessária porque os dados da consciência<br />

têm muitas lacunas; tanto em pessoas sadias como em doentes verificam-se<br />

com frequência atos psíquicos que pressupõem, para sua explicação, outros<br />

atos, de que a consciência não dá testemunho. Esses atos não são apenas as<br />

ações falhas e os sonhos dos indivíduos sadios, e tudo o que é chamado de sintomas<br />

e fenômenos obsessivos na psique dos doentes — nossa experiência cotidiana<br />

mais pessoal nos familiariza com pensamentos espontâneos cuja origem<br />

não conhecemos, e com resultados intelectuais cuja elaboração permanece

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