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Freud

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mecanismos de repressão: a retração do investimento de energia (ou libido,<br />

quando lidamos com instintos sexuais).<br />

Além disso quero mostrar, limitando-me às três mais conhecidas psiconeuroses,<br />

como os conceitos aqui introduzidos têm aplicação no estudo da<br />

repressão. Para a histeria de angústia escolherei um exemplo bem analisado de<br />

zoofobia. O impulso instintual sujeito à repressão é uma atitude libidinal frente<br />

ao pai, acompanhada da angústia em relação a ele. * Depois da repressão esse<br />

impulso desapareceu da consciência, o pai já não aparece aí como objeto da libido.<br />

Como substituto, em lugar correspondente, encontra-se um animal, que<br />

se presta relativamente bem para objeto de angústia. A formação substitutiva<br />

da parte ideativa [da representante instintual] realizou-se pela via do deslocamento<br />

ao longo de uma cadeia de relações determinada de certa maneira. A<br />

parte quantitativa não desapareceu, mas sim converteu-se em angústia. O resultado<br />

é angústia diante do lobo, em vez de reivindicação do amor do pai. Naturalmente<br />

as categorias aqui aplicadas não bastam para fornecer explicação<br />

nem mesmo para o caso mais simples de psiconeurose. Há outros ângulos a<br />

serem considerados.<br />

Uma repressão como a do caso de zoofobia pode ser vista como radicalmente<br />

fracassada. O trabalho da repressão consistiu apenas em eliminar e<br />

substituir a ideia; deixou totalmente de evitar o desprazer. Por isso o trabalho<br />

da neurose também não descansa, mas prossegue numa segunda fase, para atingir<br />

sua meta mais próxima e mais importante. Forma-se uma tentativa de fuga,<br />

a autêntica fobia, uma série de escapatórias para evitar o desencadeamento<br />

da angústia. Uma investigação mais específica permitirá compreender os<br />

mecanismos pelos quais a fobia atinge sua meta.<br />

O quadro de uma verdadeira histeria de conversão nos obriga a considerar<br />

de modo bem diferente o processo de repressão. O que nela sobressai é o fato<br />

de se chegar ao desaparecimento completo do montante de afeto. O doente exibe,<br />

frente a seus sintomas, o comportamento que Charcot denominou de “la<br />

belle indifférence des hystériques”. Outras vezes tal supressão não é tão bem-<br />

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