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mesmas percepções e vivências que os mais execrados por eles, e que originalmente<br />
eles se diferenciem uns dos outros apenas por mudanças mínimas. Pode<br />
mesmo ocorrer, como vimos na gênese do fetiche, que a representante original<br />
do instinto se decomponha em duas partes, das quais uma sucumbe à<br />
repressão, e a restante, precisamente devido a esse íntimo enlace, tem o destino<br />
da idealização.<br />
Aquilo que resulta de uma deformação maior ou menor pode também ser<br />
alcançado na outra ponta do aparelho, por assim dizer, através de uma modificação<br />
nas condições da produção de prazer-desprazer. Técnicas especiais foram<br />
desenvolvidas, com o propósito de efetuar mudanças tais no jogo das<br />
forças psíquicas, que o que normalmente produz desprazer será também portador<br />
de prazer, e, sempre que tal recurso entrar em ação, será suspensa a<br />
repressão de uma representante instintual que normalmente seria rechaçada.<br />
Até agora, essas técnicas foram estudadas com maior detalhe apenas nas piadas.<br />
Via de regra a suspensão da repressão é apenas provisória; logo é<br />
restabelecida.<br />
Mas observações desse tipo nos levam a atentar para outras características<br />
da repressão. Ela é não só, como acabamos de ver, individual, mas também extremamente<br />
móvel. Não se deve imaginar o processo de repressão como algo<br />
acontecido uma única vez e que tem resultado duradouro, mais ou menos<br />
como quando se abate algo vivo, que passa a estar morto; a repressão exige,<br />
isto sim, um constante gasto de energia, cuja cessação colocaria em perigo o<br />
seu êxito, de modo que um novo ato de repressão se tornaria necessário. É lícito<br />
imaginar que o reprimido exerce uma contínua pressão na direção do consciente,<br />
a qual tem de ser compensada por uma ininterrupta contrapressão.<br />
Portanto, manter uma repressão pressupõe um permanente dispêndio de energia,<br />
e a sua eliminação significa, economicamente, uma poupança. A mobilidade<br />
da repressão, aliás, também acha expressão nas características psíquicas do<br />
sono, o único estado que torna possível a formação do sonho. Com o<br />
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