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à satisfação frustrada. O fato de esse acontecimento estar ligado à repressão é<br />
algo que indica onde devemos buscar a verdadeira significação desta.<br />
Mas se retornamos ao aspecto contrário, constatamos não ser correto que a<br />
repressão mantenha afastados do consciente todos os derivados do reprimido<br />
primordial. Quando estes se distanciaram o suficiente da representante reprimida,<br />
seja assumindo deformações, seja pelo número de elos intermediários que<br />
se interpuseram, o acesso ao consciente se torna livre para eles. É como se a<br />
resistência que o consciente lhes opõe fosse uma função do seu distanciamento<br />
do originalmente reprimido. No exercício da técnica psicanalítica, exortamos<br />
continuamente o paciente a produzir tais derivados do reprimido, que devido a<br />
sua distância ou deformação podem passar pela censura do consciente. Não são<br />
outra coisa os pensamentos espontâneos que dele solicitamos, através da<br />
renúncia a todas as ideias intencionais * conscientes e a toda crítica, e a partir<br />
dos quais reconstituímos uma tradução consciente da representante reprimida.<br />
Nisso observamos que o paciente pode continuar tecendo uma tal cadeia de associações,<br />
até que no seu curso depara com uma formação de pensamento na<br />
qual a relação com o reprimido age com tamanha intensidade, que ele tem de<br />
repetir sua tentativa de repressão. É preciso que também os sintomas neuróticos<br />
tenham satisfeito a condição acima, pois eles são derivados do reprimido,<br />
que por meio dessas formações obteve enfim o acesso à consciência que lhe era<br />
negado.<br />
De modo geral não podemos dizer até onde tem que ir o distanciamento e<br />
deformação do reprimido para que a resistência do consciente seja removida.<br />
Aí ocorre um sutil sopesamento, cuja ação nos escapa, mas cujo efeito nos<br />
permite inferir que a questão é parar antes que o investimento do inconsciente<br />
atinja uma determinada intensidade, além da qual ele procederia rumo à satisfação.<br />
Portanto, a repressão trabalha de maneira altamente individual; cada derivado<br />
do inconsciente pode ter seu destino particular; um pouco mais ou um<br />
pouco menos de deformação altera completamente o resultado. Nisto se compreende<br />
que os objetos favoritos dos homens, seus ideais, provenham das<br />
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