03.03.2017 Views

Freud

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

64/225<br />

permanece ligado a ela. Isso acontece devido às propriedades dos processos inconscientes<br />

que discutiremos depois.<br />

O segundo estágio da repressão, a repressão propriamente dita, afeta os derivados<br />

psíquicos da representante reprimida ou as cadeias de pensamentos<br />

que, originando-se de outra parte, entraram em vínculo associativo com ela.<br />

Graças a essa relação, tais representações sofrem o mesmo destino que o que<br />

foi reprimido primordialmente. A repressão propriamente dita é, portanto,<br />

uma “pós-repressão”. ** Aliás, é um erro destacar apenas a repulsa que, a partir<br />

do consciente, age sobre o que há de ser reprimido. Deve-se ter em conta, em<br />

igual medida, a atração que o primordialmente reprimido exerce sobre tudo<br />

aquilo com que pode estabelecer contato. Provavelmente a tendência para a<br />

repressão não alcançaria seu propósito se essas forças não atuassem juntas, se<br />

não houvesse algo reprimido anteriormente, disposto a acolher o que é repelido<br />

pelo consciente.<br />

Influenciados pelo estudo das psiconeuroses, que nos faz ver o significativo<br />

efeito da repressão, somos inclinados a superestimar o seu conteúdo psicológico,<br />

e esquecemos com facilidade que a repressão não impede a representante<br />

do instinto de prosseguir existindo no inconsciente, de continuar se organizando,<br />

formando derivados e estabelecendo conexões. Na realidade, a repressão<br />

perturba apenas a relação com um sistema psíquico, o do consciente.<br />

A psicanálise pode nos mostrar ainda outras coisas significativas para o entendimento<br />

dos efeitos da repressão nas psiconeuroses. Por exemplo, que a<br />

representante do instinto se desenvolve de modo mais desimpedido e mais<br />

substancial quando é subtraída à influência consciente mediante a repressão.<br />

Ela prolifera como que no escuro, e acha formas de manifestação extremas,<br />

que, ao serem traduzidas e exibidas para o neurótico, não só lhe parecem inevitavelmente<br />

estranhas, mas também o assustam com a imagem de uma extraordinária<br />

e perigosa força instintual. Essa ilusória intensidade do instinto é<br />

produto de uma desinibida expansão da fantasia e de um represamento devido

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!