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Freud

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O amor deriva da capacidade do Eu para satisfazer autoeroticamente, pela<br />

obtenção de prazer de órgão, uma parte de seus impulsos instintuais. * Ele é originalmente<br />

narcísico, depois passa para os objetos que foram incorporados ao<br />

Eu ampliado, e exprime a procura motora do Eu por esses objetos, enquanto<br />

fontes de prazer. Liga-se intimamente à atividade dos futuros instintos sexuais,<br />

e coincide, quando a síntese desses é completada, com a totalidade da procura<br />

sexual. Estágios preliminares do amor se revelam como metas sexuais temporárias,<br />

enquanto os instintos sexuais perfazem a sua complexa evolução. O<br />

primeiro desses estágios divisamos no incorporar ou devorar, um tipo de amor<br />

compatível com a abolição da existência separada do objeto, e que portanto<br />

pode ser designado como ambivalente. No mais elevado estágio da<br />

organização sádico-anal pré-genital surge a procura pelo objeto, sob a forma<br />

de impulso de apoderamento, ao qual não importa se o objeto é danificado ou<br />

aniquilado. Essa forma e fase preliminar do amor mal se distingue do ódio, em<br />

seu comportamento para com o objeto. Apenas com o estabelecimento da organização<br />

genital o amor se torna o contrário do ódio.<br />

Enquanto relação com o objeto, o ódio é mais antigo que o amor, surge da<br />

primordial rejeição do mundo externo dispensador de estímulos, por parte do<br />

Eu narcísico. Como expressão da reação de desprazer provocada por objetos,<br />

sempre permanece em íntima relação com os instintos de conservação do Eu,<br />

de modo que instintos do Eu e instintos sexuais podem facilmente constituir<br />

uma oposição que repete a de ódio e amor. Quando os instintos do Eu dominam<br />

a função sexual, como sucede no estágio da organização sádico-anal, eles<br />

conferem também à meta sexual as características do ódio.<br />

A história da origem e das relações do amor nos torna mais compreensível<br />

o fato de tão frequentemente ele aparecer como “ambivalente”, isto é, em<br />

companhia de impulsos de ódio contra o mesmo objeto. O ódio mesclado ao<br />

amor procede em parte dos estágios preliminares do amor, não superados inteiramente,<br />

e de outra parte se fundamenta nas reações de rejeição dos instintos<br />

do Eu, que nos frequentes conflitos entre interesses do Eu e do amor<br />

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