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Freud

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três antíteses, a segunda, amar-ser amado, corresponde inteiramente à conversão<br />

de atividade em passividade, e pode ser remetida a uma situação fundamental,<br />

como o instinto de olhar. Esta situação se chama: amar a si mesmo, o<br />

que para nós é a característica do narcisismo. Conforme o objeto ou o sujeito<br />

seja trocado por um exterior, ocorre a tendência ativa a uma meta, amar, ou a<br />

passiva, ser amado, das quais a última permanece mais próxima do narcisismo.<br />

Talvez nos aproximemos de uma compreensão das múltiplas oposições do<br />

amar, se lembrarmos que a vida psíquica é dominada por três polaridades, que<br />

são as antíteses de:<br />

Sujeito (Eu)–Objeto (mundo externo).<br />

Prazer–Desprazer.<br />

Ativo–Passivo.<br />

A antítese Eu-Não Eu (Fora), (Sujeito-Objeto), é imposta bem cedo ao indivíduo,<br />

pela experiência de que pode silenciar estímulos externos pela ação<br />

muscular, mas é indefeso contra estímulos instintuais. Ela continua soberana<br />

principalmente na atividade intelectual e cria a situação fundamental da<br />

pesquisa, que não pode ser mudada por nenhum esforço. A polaridade prazerdesprazer<br />

é ligada a uma escala de sensações, cuja insuperável importância<br />

para a determinação de nossos atos (vontade) já foi sublinhada. A oposição<br />

ativo-passivo não deve ser confundida com a de Eu-sujeito–Fora-objeto. O Eu<br />

se comporta passivamente face ao mundo externo, enquanto recebe estímulos<br />

dele, e ativamente, ao reagir a ele. É impelido por seus instintos a uma atividade<br />

bem particular frente ao mundo exterior, de modo que, destacando o essencial,<br />

poderíamos dizer que o Eu-sujeito é passivo diante dos estímulos externos,<br />

e ativo em virtude dos próprios instintos. A oposição ativo-passivo se<br />

funde depois com a masculino-feminino, que não tem importância psicológica<br />

até que isso aconteça. A fusão de atividade e masculinidade, passividade e feminilidade<br />

nos aparece como um fato biológico; mas de modo nenhum ela é tão<br />

regularmente taxativa e exclusiva como nos inclinamos a crer.<br />

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