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Freud

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conhecemos tão só através de suas metas. Um conhecimento mais exato das<br />

fontes instintuais não é estritamente necessário para fins de investigação<br />

psicológica. Às vezes podemos inferir com segurança as fontes do instinto, a<br />

partir de suas metas.<br />

Devemos supor que os diferentes instintos oriundos do corpo e atuantes na<br />

psique também se caracterizam por diferentes qualidades, e por isso se comportam<br />

de maneira qualitativamente diversa na vida psíquica? Tal não se justifica;<br />

basta recorrer à suposição mais simples de que os instintos são todos qualitativamente<br />

iguais, devendo o seu efeito apenas às magnitudes de excitação<br />

que conduzem, e talvez também a determinadas funções dessa quantidade. O<br />

que diferencia as operações psíquicas dos instintos entre si pode ser relacionado<br />

à variedade das fontes instintuais. No entanto, apenas num outro contexto<br />

poderá ser discutido o problema da qualidade do instinto.<br />

Quais instintos podemos estabelecer, e quantos serão? Nisso há, sem<br />

dúvida, uma boa margem para o arbítrio. Nada se pode objetar se alguém<br />

empregar o conceito de um instinto do jogo, um instinto de destruição ou um<br />

instinto social, quando o tema assim exigir e as limitações da análise psicológica<br />

o permitirem. Mas não se deixe de considerar que esses móveis instintuais,<br />

tão especializados por um lado, talvez admitam ainda uma decomposição na<br />

direção das fontes instintuais, de modo que apenas os instintos primordiais,<br />

não decomponíveis, poderiam reivindicar maior importância.<br />

Sugeri a diferenciação de dois grupos desses instintos primordiais, os instintos<br />

do Eu, ou de autoconservação, e os instintos sexuais. Mas essa proposta não<br />

tem a significação de um pressuposto necessário, como, por exemplo, a<br />

hipótese acerca da tendência biológica do aparelho psíquico (ver acima); não<br />

passa de uma construção auxiliar, que deve ser mantida apenas enquanto se<br />

revelar útil, e cuja substituição por outra não mudará muito os resultados de<br />

nosso trabalho de descrição e ordenação. O motivo para essa proposição resultou<br />

do desenvolvimento histórico da psicanálise, que teve como primeiro

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