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Esta ação se torna apropriada na medida em que subtrai a substância estimulada<br />
à influência do estímulo, afasta-a do raio de ação dele.<br />
Mas qual a relação entre o “instinto” e o “estímulo”? Nada nos impede de<br />
incluir o conceito de instinto naquele de estímulo: o instinto seria um estímulo<br />
para a psique. Mas logo somos advertidos para não equiparar instinto e estímulo<br />
psíquico. Evidentemente existem, para a psique, outros estímulos além<br />
dos instintuais, aqueles que se comportam de maneira bem mais semelhante à<br />
dos estímulos fisiológicos. Quando uma luz forte bate no olho, por exemplo,<br />
não se trata de um estímulo instintual; mas tal é o caso quando se nota um<br />
ressecamento da mucosa da faringe, ou uma irritação da mucosa do estômago. 1<br />
Agora adquirimos material para a distinção entre estímulo instintual e um<br />
outro estímulo (fisiológico), que age sobre a psique. Primeiro, o estímulo instintual<br />
não provém do mundo exterior, mas do interior do próprio organismo.<br />
Por isso atua de modo diferente sobre a psique e requer outras ações<br />
para ser eliminado. Além disso, tudo de essencial no estímulo está na suposição<br />
de que ele age como um impacto único; então pode ser liquidado também com<br />
uma única ação apropriada, cujo exemplo típico está na fuga motora diante da<br />
fonte de estímulo. Naturalmente esses impactos podem se repetir e se acumular,<br />
mas isso nada muda na concepção do processo e nas condições para a abolição<br />
do estímulo. O instinto, por sua vez, não atua jamais como uma força momentânea<br />
de impacto, mas sempre como uma força constante. Desde que não<br />
ataca de fora, mas do interior do corpo, nenhuma fuga pode servir contra ele.<br />
Uma denominação melhor para o estímulo instintual é “necessidade”; o que<br />
suprime essa necessidade é a “satisfação”. Ela pode ser alcançada por meio de<br />
uma modificação pertinente (adequada) da fonte interior de estímulo.<br />
Coloquemo-nos no lugar de um ser quase totalmente desamparado, ainda<br />
desorientado no mundo, que acolhe estímulos no seu tecido nervoso. Esse ser<br />
vivo logo será capaz de fazer a primeira diferenciação e adquirir a primeira orientação.<br />
Por um lado ele sentirá estímulos a que pode se subtrair mediante<br />
uma ação muscular (fuga), estímulos esses que atribui a um mundo externo;<br />
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