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Freud

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Esta ação se torna apropriada na medida em que subtrai a substância estimulada<br />

à influência do estímulo, afasta-a do raio de ação dele.<br />

Mas qual a relação entre o “instinto” e o “estímulo”? Nada nos impede de<br />

incluir o conceito de instinto naquele de estímulo: o instinto seria um estímulo<br />

para a psique. Mas logo somos advertidos para não equiparar instinto e estímulo<br />

psíquico. Evidentemente existem, para a psique, outros estímulos além<br />

dos instintuais, aqueles que se comportam de maneira bem mais semelhante à<br />

dos estímulos fisiológicos. Quando uma luz forte bate no olho, por exemplo,<br />

não se trata de um estímulo instintual; mas tal é o caso quando se nota um<br />

ressecamento da mucosa da faringe, ou uma irritação da mucosa do estômago. 1<br />

Agora adquirimos material para a distinção entre estímulo instintual e um<br />

outro estímulo (fisiológico), que age sobre a psique. Primeiro, o estímulo instintual<br />

não provém do mundo exterior, mas do interior do próprio organismo.<br />

Por isso atua de modo diferente sobre a psique e requer outras ações<br />

para ser eliminado. Além disso, tudo de essencial no estímulo está na suposição<br />

de que ele age como um impacto único; então pode ser liquidado também com<br />

uma única ação apropriada, cujo exemplo típico está na fuga motora diante da<br />

fonte de estímulo. Naturalmente esses impactos podem se repetir e se acumular,<br />

mas isso nada muda na concepção do processo e nas condições para a abolição<br />

do estímulo. O instinto, por sua vez, não atua jamais como uma força momentânea<br />

de impacto, mas sempre como uma força constante. Desde que não<br />

ataca de fora, mas do interior do corpo, nenhuma fuga pode servir contra ele.<br />

Uma denominação melhor para o estímulo instintual é “necessidade”; o que<br />

suprime essa necessidade é a “satisfação”. Ela pode ser alcançada por meio de<br />

uma modificação pertinente (adequada) da fonte interior de estímulo.<br />

Coloquemo-nos no lugar de um ser quase totalmente desamparado, ainda<br />

desorientado no mundo, que acolhe estímulos no seu tecido nervoso. Esse ser<br />

vivo logo será capaz de fazer a primeira diferenciação e adquirir a primeira orientação.<br />

Por um lado ele sentirá estímulos a que pode se subtrair mediante<br />

uma ação muscular (fuga), estímulos esses que atribui a um mundo externo;<br />

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