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Freud

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investigação psicanalítica nos coloca frequentemente na pista do sentimento de<br />

culpa, que fez procurar o castigo. Entre os criminosos adultos devemos excetuar<br />

aqueles que cometem crimes sem experimentar culpa, que não desenvolveram<br />

inibições morais ou creem que sua luta com a sociedade justifica seus<br />

atos. Quanto à maioria dos outros criminosos, porém, aqueles para os quais<br />

realmente foram feitos os códigos penais, uma tal motivação do crime bem poderia<br />

ser considerada, poderia iluminar pontos obscuros da psicologia do criminoso<br />

e fornecer um novo fundamento psicológico para o castigo.<br />

Um amigo chamou-me a atenção para o fato de que o “criminoso por sentimento<br />

de culpa” era conhecido também por Nietzsche. No discurso de<br />

Zaratustra “Sobre o pálido criminoso” vislumbramos a preexistência do sentimento<br />

de culpa e o recurso ao ato para a sua racionalização. Deixemos que investigações<br />

futuras decidam quantos dos criminosos se incluem entre os<br />

“pálidos”.<br />

* <strong>Freud</strong> cita Shakespeare em alemão, sem indicar a tradução que utilizou (provavelmente a de<br />

Schlegel e Tieck). Citamos aqui a tradução que obtivemos em português, de Carlos de Almeida<br />

Cunha Medeiros e Oscar Mendes, na edição da obra completa da Companhia José<br />

Aguilar (1969).<br />

* Citado por <strong>Freud</strong> em alemão apenas, sem indicação da tradução utilizada (que provavelmente<br />

foi a de Schlegel e Tieck, clássica e famosa). Recorremos, aqui, à versão de Macbeth por<br />

Manuel Bandeira, citada conforme a edição da Brasiliense (São Paulo, 1989). No trecho inicial<br />

há uma discrepância entre o original inglês consultado (Oxford, 1988) e a versão de Bandeira,<br />

onde não se acham as linhas correspondentes a “Come to my woman’s breasts/ And take my milk<br />

for gall”, cuja tradução foi aqui livremente acrescentada.<br />

* Alusão a versos de A noiva de Messina, de Schiller (ato iv, cena 5).<br />

1 Cf. Macbeth, ato iii, cena 1 (trad. cit.):<br />

“Puseram sobre a minha testa<br />

Uma coroa estéril, colocaram-me<br />

Nas mãos um cetro que outras mãos de estranha<br />

Estirpe hão de arrancar-me, nenhum filho

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